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O Pedagogo Capítulo 1

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O PEDAGOGO E A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA 
 CAPÍTULO 1 - QUAL O PAPEL SOCIAL DA ESCOLA? 
Tatiana Gomes dos Santos Peterle 
 
Introdução 
 O pedagogo e a função social da escola são os temas centrais deste capítulo. Aqui você estudará os 
aspectos que englobam a diversidade cultural, a promoção da cidadania e a educação integral, 
considerados como domínios da formação do pedagogo. Refletirá tambémsobre a função social da 
escola a partir de outros espaços educativos na perspectiva histórica e cultural, considerando as 
relações entre as concepções epistemológicas e os modelos pedagógicos presentes em seu 
cotidiano, tendo emvista as representações de educadores e alunos acerca do ensinar e do aprender 
que refletem sobre as possibilidades de transformação da escola. Vale destacar que a disciplina tem 
por objetivo oportunizar a você a compreensão de como se dá a construção da postura acadêmica 
investigativa e problematizadora da realidade educacional. 
Para iniciar seus estudos, é importante refletir sobre algumas questões norteadoras para a 
compreensão do papel do pedagogo e da função social da escola. Como promover a cidadania 
observando as políticas e as diversidades culturais? O que é educação integral,considerando os 
domínios essenciais da atuação do pedagogo dentro desse contexto? Como explorar a função social 
da escola, tendo por base os subsídios teóricos a partir do cotidiano escolar? E qual a importância da 
pesquisa-ação no cotidiano escolar para a problematização do ensino? 
A partir dessas reflexões, você terá a oportunidade de conhecer e aprender como, no cotidiano 
escolar, as questões que compreendem o papel do pedagogo e a função social da escola podem 
colaborar para a construção e formação cidadã,com vistas à emancipação social e o pleno exercício 
da cidadania. 
Bom estudo! 
1.1 A construção acadêmica investigativa e problematizadora da realidade educacional 
Na escola contemporânea, muitos são os desafios cotidianos que nos levam a refletir sobre a 
importância da postura investigativa e da pesquisa para as questões que envolvem o ensino. Você já 
ouviu falar em pesquisa-ação? Ou como a pesquisa-ação pode favorecer tanto a formação docente 
quanto o ensino-aprendizagem? Ou, ainda, como o profissional pode discutir sobre as práticas do 
ensino? A partir dessas reflexões vamos mostrar como a pesquisa, inserida na prática docente pode 
favorecer o ensino. Portanto, ao estudar os pressupostos que subsidiam uma prática investigativa, 
você compreenderá como o pedagogo e a escola podem desenvolver o papel de mediadores do 
processo de aprendizagem, de modo a garantir qualidade no ensino além de uma formação cidadã. 
1.1.1 A importância da pesquisa-ação no cotidiano escolar 
Muitos são os desafios da escola contemporânea, tendo em vista a busca pela formação integral e 
transformação social. Esses desafios atravessam questões que colocam em evidência a prática 
docente e a necessidade de o professor assumir uma prática investigativa que favoreça o processo 
de ensino-aprendizagem. 
Diante desse contexto, é importante que o docente desenvolva competências,com vistas à 
aprendizagem significativa, e se torne um mediador na relação entre o conhecimento e o aluno. Mas 
o grande questionamento é: como isso poderá ocorrer? O que é necessário para que o docente exerça 
sua função com sucesso? 
O professor, ao organizar sua prática docente, elabora objetivos que precisam ser planejados sob a 
intencionalidade da aprendizagem futura do aluno. Para tanto, as questões metodológicas são 
fundamentais, pois além de direcionar o trabalho do educador, oportunizam também a formação 
docente. Uma alternativa metodológica com essas características é a pesquisa-ação, uma vez que 
permite, conforme Franco (2012, p. 180), “[...] um esclarecimento das teorias implícitas na prática e 
favorecimento aos sujeitos da prática melhor apropriação crítica de algumas teorias educacionais.” 
Desse modo, também leva o docente a “[...] produzir a transformação de suas concepções sobre o 
fazer pedagógico e, emdecorrência, transformações em suas práticas” (FRANCO, 2012, p. 180). 
De acordo com Thiollent (2008, p. 16), pesquisa-ação é definida como: 
 [...] um tipo de pesquisa social com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com 
uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes 
representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. 
Portanto, quando o docente opta por desenvolver seu trabalho na perspectiva da pesquisa-ação, ele 
investe indiretamente na sua própria formação enquanto pesquisador. E mais:investe na formação do 
aluno, que constrói seu conhecimento a partir da relação entre sujeitos envolvidos no estudo-
pesquisa. 
Figura 1 - Pesquisa-ação e prática docente. Fonte: Poznyakov, Shutterstock, 2018. 
É importante compreendermos que a pesquisa-ação é um instrumento que necessita de planejamento, 
contudo é muito flexível, o que o difere de outros tipos de pesquisa, pois não possui uma forma rígida. 
As trocas de experiências e os diálogos constantes entre docentes e alunos colaboram para decisões a 
serem tomadas no processo de investigação. 
 
Você sabia? 
 
 Além de uma excelente metodologia para a educação, a pesquisa-ação é uma prática muito utilizada no 
contexto empresarial, pois é compreendida como uma estrutura que oferece interação entre 
clientes/pesquisadores.Dessa forma, demonstra que, assim como na educação,é um método que colabora 
para o diagnóstico dos possíveis problemas, auxilia na elaboração do planejamento sempre apontando 
caminhos e ações – além de promover uma aprendizagem pautada na experiência e na relação com o 
outro. 
 
Enfim, a pesquisa-ação é uma forma de investigação na qual o processo compreende o investigador 
e o objeto a ser estudado (o aluno e seu processo de aprendizagem), porém de forma participativa, 
todos implicados a elucidar a realidade na qual estão inseridos seus problemas, experimentando, 
coletivamente, a produção e o uso do conhecimento. 
1.1.2 Práticas problematizadoras do ensino 
A produção do conhecimento está diretamente relacionada à capacidade dos indivíduos solucionarem 
os problemas que surgem em seu cotidiano e na sociedade de modo geral. Na educação, a busca 
pela solução de problemas ocorre com maior intensidade, o que faz com que essa área mereça 
atenção especial, pois o tempo todo é importante resolver os conflitos entre teoria e prática, e entre o 
ensino e a realidade dos educandos. 
Nesse sentido, essa relação nos mostra que o conhecimento, assim como o próprio ensino, não é 
algo pronto; ambos são produzidos coletivamente, advindos do processo ensino-aprendizagem. 
Assim, experimentando a resolução de problemas no cotidiano escolar, é que adquirimos os 
conteúdos necessários para a compreensão de mundo em que vivemos e a necessidade de 
transformação da realidade. 
 
Figura 2 - A construção do conhecimento na história da educação representa a importância do 
saber para a mudança da realidade. Fonte: ESB Professional, Shutterstock, 2018. 
Contudo, para que a prática problematizadora ocorra, é importante compreender o contexto em que 
ela se dá, pois sustenta-se na dialogicidade da relação entre o professor e o aluno, de modo que todo 
o processo de aprendizagem contribua para uma visão mais integradora e crítica do mundo que cerca 
os envolvidos, que a partir do conhecimento os liberta e os permite superar o individualismo 
alienante.Desse modo, sobre a dialogicidade,Freire (1980, p. 42) afirma: 
O diálogo é o encontro entre os homens, mediatizados pelo mundo, para designá-lo. Se ao dizer suas 
palavras, ao chamar ao mundo, os homens o transformam, o diálogo impõe-se como o caminho pelo qual 
os homensencontram seu significado enquanto homens; o diálogo é, pois, uma necessidade existencial. 
Dessa maneira, entendemos que a educação inserida na concepção problematizadora do ensino 
exige maior dedicação e conhecimento do professor, sendo ele responsável por motivar o aluno, 
assim como instigar suas inquietações e curiosidades, de modo que a reflexão e acrítica façam parte 
do cotidiano do estudante e, também, da escola. “Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende, 
ensina ao aprender. Quem ensina, ensina alguma coisa a alguém” (FREIRE, 1996, p. 23). Quando a 
escola assume uma postura problematizadora em relação ao ensino, propicia ao seu aluno uma 
formação crítica e reflexiva na qual cada sujeito nela inserido seja autônomo para buscar sua 
emancipação social e promovê-la na sociedade. 
 
Você o conhece? 
Paulo Freire (1921-1997) foi o mais importante educador brasileiro, reconhecido internacionalmente. 
Sua maior contribuição para a educação está na sua proposta metodológica de alfabetização de 
adultos, que possui um caráter pedagógico assumidamente político. Para Freira, o maior objetivo da 
educação é conscientizar o aluno, em especial aqueles que pertencem à parcela menos favorecida 
da sociedade, tendo em vista liberá-los da situação de opressão que o capitalismo os coloca. O 
principal livro de Freire, Pedagogia do Oprimido (2011), traz conceitos que o revelam um grande 
educador. 
As práticas problematizadoras são caminhos para assegurar um bom processo de aprendizagem, 
além de favorecer uma aprendizagem mais crítica e humanizadora. Na sequência, você conhecerá 
alguns aspectos da pesquisa no contexto profissional, que também é fundamental para a escola 
desempenhar seu papel com sucesso. 
1.1.3 A pesquisa no contexto profissional 
Agora que você já compreendeu a importância da pesquisa-ação e da prática problematizadora para 
o processo de ensino-aprendizagem, irá refletir sobre a relevância da pesquisa no contexto 
profissional. Você pode estar se perguntando: qual a relação da pesquisa com a minha atuação 
profissional? 
Para encontrar a resposta, comece partindo da compreensão de que quanto maior o interesse do 
aluno, maior sua disposição para o ensino. Assim também não é diferente com o docente, quanto 
maior seu interesse por novas práticas e metodologias, melhor será seu desempenho profissional, 
pois “[...] a prática docente crítica implicante do pensar certo, envolve o movimento dinâmico, dialético, 
entre o fazer e o pensar sobre o fazer.” (FREIRE, 1996, p. 38). Nesse contexto, é importante 
compreender que: 
Um saber escolar transformado em instrução não cumpre a sua finalidade essencial que é de sugerir 
procedimento e, o que é pior, induz a uma memorização puramente mecânica, enquanto que o 
professor que usa a informação com a finalidade de “ensinar” sugere o confronto dessa informação 
com a realidade, capacitando o aluno a refletir experiências pessoais em face de instrução contida no 
texto (ANTUNES, 2014, p.31). 
Daí a importância da pesquisa para a formação docente e discente, pois é por meio da pesquisa que 
construímos novos conceitos e os relacionamos com os conhecimentos já instituídos socialmente. 
Essas relações, trocas e produções de novos saberes apresentam ligação direta com as práticas 
problematizadoras, pois levam aluno e docente a refletir, discutir, explicar, relatar; enfim, a produzir 
seu “[...] próprio conhecimento por meio da interação entre o pensar, sentir e fazer.” (AZEVEDO, 2004, 
p. 22). Desse modo cabe ao educador realizar uma reflexão crítica de sua prática o que implicará na 
contribuição para o desenvolvimento de todos na escola e sociedade. 
1.2 Diversidade cultural e a promoção da cidadania 
Antes de iniciar o estudo deste tópico, reflita sobre a questão: o que você entende por diversidade 
cultural? 
O processo de globalização facilitou – e muito – a integração dos povos e suas culturas no último 
século por meio da dinâmica da comunicação; contudo, não conseguiu produzir uma sociedade 
homogênea. 
Devido à imensa dimensão territorial do Brasil, a intenção de minimizar as diferenças entre os povos 
não surtiu muito efeito, pois diversas comunidades, apesar do acesso à informação, continuam a 
seguir com seus costumes e tradições. Nas cinco regiões do país – Sul, Sudeste, Norte, Nordeste e 
Centro-Oeste –, muitas são as influências recebidas e praticadas, que vieram principalmente com as 
imigrações e que hoje são abordadas no currículo escolar. 
Evidentemente, toda a diversidade cultural que hoje é abordada na escola não ganhou seu espaço de 
maneira simples, pois muitos debates foram postos para uma reflexão mais aprofundada desse tema. 
Isso, além da institucionalização de políticas públicas que visassem garantir o respeito às diversas 
culturas, pois “[...] ensinar é diferente de instruir, pois instruir significa apenas dar informações sobre 
algo ou do que se deve fazer, por exemplo, uma receita, um manual de instrução entre outros.” 
(ANTUNES, 2014, p. 30). 
Em seguida, você compreenderá o papel da escola diante a diversidade cultural, tendo em vista a 
promoção da cidadania. 
 As diferenças fazem parte de um processo social e cultural e que não são para explicar que homens e 
mulheres negros e brancos distinguem entre si, é antes entender que ao longo do processo histórico, as 
diferenças foram produzidas e usadas socialmente como critérios de classificação, seleção, inclusão e 
exclusão. 
Assim, a compreensão do que é diversidade é elementar na vida escolar dos educandos, para que o 
respeito às diferenças e suas complexidades ganhem espaço no cotidiano de todos. Sabemos que, 
na escola, a diversidade cultural se faz presente diariamente, por isso a importância de se atentar 
para esse tema nas aulas. E uma excelente forma de colocar em pauta esse debate no ambiente 
escolar é propor uma apropriação política a respeito de toda a produção científica da cultura dos 
povos, tendo em vista que todo conhecimento está para além de uma simples informação técnica, 
constituindo uma construção coletiva de saberes. 
Portanto, a escola precisa propiciar aos seus estudantes um espaço em que se priorize e estimule o 
respeito às diferenças, o respeito ao outro e a si mesmo. Vejamos agora como podemos trabalhar 
com a diversidade cultural na escola. 
1.2.2 Como trabalhar diversidade cultural na escola 
Sabemos que a escola possui um papel elementar na abordagem das diversas culturas do país, pois 
ao abordar a diversidade cultural o professor precisa estar preparado para realizar um trabalho que 
busque romper as barreiras do preconceito tendo em vista mostrar que não existe uma cultura melhor 
que a outra, e que há a necessidade de ampliar o conhecimento acerca dessa diversidade para todos 
os estudantes. 
 Mas como podemos trabalhar a diversidade cultural tendo em vista a promoção da cidadania nas 
escolas? Observe o exemplo descrito no caso a seguir. 
Erro! O nome de arquivo não foi especificado. 
Um exemplo de como trabalhar a diversidade cultural é partir do conhecimento dos próprios estudantes. O 
professor, sempre com apoio do pedagogo da escola, deve inicialmente questionar os alunos sobre os 
aspectos culturais do Brasil, e de onde vêm. Logo, o professor poderá dividir a turma em grupos, de modo 
que cada grupo fique com uma região – sobre a qual será realizada uma pesquisa. A pesquisa poderá contar 
com estudos sobre as danças populares, culinárias, religião ou outras manifestações culturais, sempre 
oportunizando explorar ao máximo tanto o potencial do grupo quanto o individual. Por fim, o ideal é que 
promovam debates, apresentações, seminários etc., colocando em evidência as principais manifestações 
culturais de cada região. A culminância poderá contar com uma belíssima e organizada mostra cultural, na 
qual cada grupo terá a oportunidade de mostrar suas descobertas para toda a comunidadeescolar. 
Quando a escola realiza um trabalho pautado na necessidade de abordar toda a diversidade cultural 
que se encontra no Brasil, possibilita que professores e alunos conheçam um pouco mais sobre o 
conceito de diversidade, além de aprenderem a conviver em harmonia e com respeito às diferenças. 
A escola que zela pela promoção da cultura e valorização das diferenças tende a realizar com maior 
qualidade sua função de mediadora do conhecimento, promovendo, assim, a cidadania. 
1.2.3 Cultura, política e cidadania 
A diversidade cultural não é um tema que deve ser apenas discutido nas escolas, pois envolve 
questões que são de interesse de toda uma sociedade. Por se tratar de um assunto de tamanha 
abrangência, também ganhou espaço nas pautas das políticas públicas. A respeito do conceito de 
política cultural, Certeau (1995, p. 195) afirma que é “[...]um conjunto mais ou menos coerente de 
objetivos, de meios e de ações que visam à modificação de comportamentos, segundo critérios ou 
princípios explícitos.” 
A verdadeira democracia deve assegurar a todos o direito de preservar e/ou criar novas culturas.E as 
políticas culturais direcionam o país a lidar, de maneira democrática, com os diversos paradigmas e 
ações culturais de modo a romper com todo o processo discriminatório causados pelas visões 
tradicionais e elitistas que envolvem a arte e a cultura. 
Desse modo, as políticas culturais vêm para fomentar e garantir a liberdade cultural de cada povo. 
Nestas políticas, os conceitos de diversidade cultural e de cidadania representam os esforços de toda 
a sociedade. 
Nesse sentido, podemos afirmar que a não só a escola, mas todas as entidades governamentais e a 
sociedade devem primar pelas questões que envolvem a diversidade cultural, pois a ação conjunta 
de todos é uma possibilidade de garantir a efetivação da cidadania. A escola, ao assumir para si o 
debate da diversidade cultural, encontra uma forma de realizar a sua função social. 
Você sabia? 
Na educação nacional, há uma modalidade de ensino que contempla a educação 
integral, pois aborda – além dos conteúdos do currículo básico – uma parte 
direcionada à educação profissional. Dessa maneira, oferece formação técnica 
profissional de nível médio. Esse tipo de informação encontra-se na Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), Lei 9.394/1996), capítulo sobre 
Educação Profissional (BRASIL, 1996). 
A partir do que estudou até o momento, você pôde compreender o quanto a diversidade cultural é 
elementar para a prática pedagógica na educação emancipadora. A seguir, você conhecerá alguns 
aspectos da educação integral e da formação do pedagogo, e entenderá como interferem na formação 
cidadã. 
1.3 Educação integral, domínios da formação do pedagogo 
Desde o final do ano 2000, mas principalmente ao longo da década de 2010, a educação integral vem 
sendo debatida com maior intensidade, pois para que ocorra a transformação social que todos 
desejam, os sujeitos precisam estar nutridos de uma formação que os tornem competentes não 
somente para o trabalho, mas para também para a vida. Nesse sentido, o que você compreende como 
formação integral e como se relaciona à formação do pedagogo? Para esclarecer esta e outras 
questões, este tópico abordará a educação integral no contexto político-social brasileiro como 
possibilidade de transformação e emancipação social. 
Sabemos que a sociedade e a comunidade escolar exigem uma escola de tempo integral, além de 
profissional preparado para os desafios desse novo modelo de escola, o que faz desses pontos pré-
requisitos para que a educação integral ocorra. Desse modo, nossa discussão atravessará não só a 
temática da educação integral, mas também suas implicações para a melhoria da qualidade do ensino, 
entendendo os ranços e avanços dessa modalidade, além de pesquisar domínios essenciais de 
atuação para o pedagogo dentro do contexto da educação integral. 
1.3.1 Educação integral e a história da educação 
A educação brasileira, ao longo de sua história, experimentou diversas abordagens teóricas, 
metodológicas e filosóficas influenciadas por perspectivas diversas. Essas tantas experiências fizeram 
com que a educação nacional adquirisse peculiaridades que determinam uma maneira própria de 
assegurar a educação para todos, assim como a formação dos profissionais docentes. 
Dessa maneira, o grande desafio da educação e da escola contemporânea é o de desenvolver nos 
sujeitos as habilidades e as competências que permitam a eles um comprometimento com a 
sociedade democrática, uma vez que “[...] ensinar quer dizer ajudar e apoiar os alunos a confrontar 
uma informação significativa e relevante no âmbito da relação que estabelecem com uma realidade, 
capacitando-os para construir os significados atribuídos a essa realidade e a essa relação.” 
(ANTUNES, 2014, p. 30). Outro grande desafio está em oportunizar a todos as mesmas condições de 
acesso, permanência, formação (humana e profissional). E esses entraves merecem discussão, pois 
não fogem da realidade de alunos e professores. 
Nesse contexto de diversidade de experiências, além da forma de pensar e fazer, a educação nacional 
se ancora a concepção de educação integral. A educação integral que discutimos aqui é aquela que, 
além das concepções de formação humana, omnilateral (formação que integra o homem social e o 
trabalho), não só para o mercado de trabalho, mas principalmente para a vida em sociedade, mas que 
também conta com a ampliação dos tempos e espaços escolares, pautadas em um ensino de 
qualidade que promova a diversificação dos conhecimentos por meio das culturas, dos esportes, da 
arte e do lazer. 
Você quer ler? 
A Resolução CNE/CEB nº 01/2016 foiaprovada em27 de janeiro de 2016. Define diretrizes 
operacionais para o credenciamento institucional e a oferta de cursos e programas de Ensino Médio, 
de Educação Profissional Técnica de Nível Médio e de Educação de Jovens e Adultos. Também nas 
etapas do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, na Modalidade de Educação a Distância, em 
regime de colaboração entre os Sistemas de Ensino, com fundamento no Parecer CNE/CEB nº 
13/2015. O documento na íntegra está disponível no endereço: 
<http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=33201-cne-ceb-
parecer-n01-2016-pdf&category_slug=fevereiro-2016-pdf&Itemid=30192>. 
Na história da educação brasileira, podemos perceber que a humanidade produziu e socializou 
conhecimento de forma diversificada por meio da educação, e essa diversidade se resume em toda a 
construção histórica dos saberes acumulados. Contudo, toda a produção do conhecimento atravessou 
desafios – e são justamente esses avanços e entraves que vamos discutir a seguir. 
1.3.2 Educação integral, seus avanços e entraves 
O anterior Plano Nacional de Educação (BRASIL, 2001) já preconizava a educação integral no Brasil. 
Já o novo PNE (BRASIL, 2014), previsto para vigorar até 2024, prevê em sua meta 03 a ampliação 
significativa do número de escolas em tempo integral. 
De imediato, o país precisaria dobrar o seu número de escolas para atender a todos. Sabemos que 
num contexto de crises políticas e econômicas isso está distante de ocorrer, principalmente em um 
país que ainda não adotou uma reforma educacional que atenda de fato as necessidades do mundo 
industrial e globalizado. Entre os colaboradores das grandes reformasda educação brasileira no 
século XX, Anísio Teixeira foi o pioneiro na idealização e implantação de escolas públicas e gratuitas 
para todos – na época do manifesto dos pioneiros, já dizia que a escola deve fazer bem aquilo que 
ela pretende fazer, portanto o fato de assinar uma legislação educacional não garante que os 
problemas com a qualidade da educação serão resolvidos. 
Quanto à educação em tempo integral, a ampliação do período de atendimento ainda é uma 
possibilidade distante da realidadeque vivemos, considerando que em muitas regiões ainda faltam 
escolas comuns. Diante disso, precisamos ter um olhar crítico para entender o que vem acontecendo 
a respeito da educação integral, pois: 
Na impossibilidade de ampliar o atendimento em horário integral – até hoje considerado um privilégio 
pelo investimento que envolve – muitas redes municipais vêm oferecendo atividades extraclasses que 
representam algumas horas a mais na escola. Em algumas redes, permite-se que alunos do ensino 
fundamental frequentemos dois turnos escolares, numa forma precária e improvisada de oferta de horário 
integral (FARIA, 2002, p. 85). 
Se esse é o verdadeiro contexto da educação integral no Brasil, por outro lado, é a educação integral 
que pressupõe a construção de conhecimentos, de possibilidades de interação entre os sujeitos, tendo 
em vista o desenvolvimento da formação integral. 
Para que a educação seja ofertada em tempo integral, também é importante oferecer condições para 
a formação plena do educando.Dessa maneira, o espaço educativo precisa ser valorizado, assim 
como as práticas que compreendem a pesquisa, que promovem o prazer nos estudos – além do 
ensino com qualidade. Todas essas questões dependem de uma escola pautada nos princípios 
democráticose comprometida com as expectativas da comunidade escolar, sempre em prol do 
sucesso do processo de ensino-aprendizagem. 
Nesse contexto, Faria (2002) colabora ao dizer que o perfil dos docentes ganha outro rumo, pois 
devem apresentar – como proposta de trabalho – competências e habilidades de pesquisadores, de 
mediadores da aprendizagem e de críticos reflexivos diante das práticas pedagógicas. 
Enfim, a educação integral ainda precisará de muito investimento e boa vontade para que saia 
efetivamente do papel. E cabe à escola, aos professores e pedagogos, à comunidade e à sociedade 
exigir que o direito a uma formação integral em tempo integral se concretize. 
1.3.3 O pedagogo e a educação integral 
Como você viu anteriormente, a educação integral exige um trabalho diferenciado de professores e 
da escola. Assim, nesse contexto, o pedagogo ganha um papel fundamental – oportunizar formação 
não só para os alunos, mas também para os professores. 
Podemos dizer que a identidade do pedagogo da escola de educação integral precisa apresentar 
alguns aspectos: a própria formação inicial e continuada, desejo pela carreira profissional, boa relação 
com as rotinas escolares e processos de avaliação do seu papel na escola. Todos esses aspectos 
colaboram para que o papel do pedagogo seja realizado tendo em vista a qualidade do ensino. 
É evidente que o pedagogo que atua na escola de educação integral não possui as mesmas 
atribuições que outro que atue em escolas regulares, pois a escola de tempo integral, hoje, ainda não 
consegue efetivar seus objetivos e, portanto, necessita de muita orientação e adequações. Para dar 
conta de superar tantos desafios, o pedagogo dessa escola precisará estar ligado a todos os debates 
sobre formação integral. 
De imediato, a educação integral propõe para o estudante a integralidade em vários aspectosem sua 
formação, como cognitivos, culturais, políticos, sociais e afetivos. E para que isso aconteça, caberá 
ao pedagogo e ao gestor escolar o papel de mediar todas as questões que compreendam a formação 
em tempo integral. 
Por fim, entendemos que o maior desafio do pedagogo nesse contexto é o de tornar-se um 
profissional capaz de instigar professores, alunos e comunidade escolar ao interesse pelo 
conhecimento, tendo como prioridade o desenvolvimento pleno do ser humano. Somente quando a 
educação passar a ser significativa para o aluno (consonância entre disciplinas, conteúdos e 
atividades extras), ultrapassando os muros da escola e sendo reconhecida no cotidiano de todos– 
seja em espaços públicos ou não – é que a formação de uma sociedade mais justa, autônoma e 
democrática será realidade. 
1.4 A função social da escola 
Comece este estudo refletindo sobre as questões: qual é a função da escola? Para que serve a escola 
na contemporaneidade? Para saber as respostas, é preciso conhecer o contexto que levou à criação 
da escola e o papel atribuído a essa instituição, entre outros aspectos que serão abordados neste 
tópico. 
Durante os processos de transformação da natureza, entre os quais o processo de industrialização, o 
ser humano elaborou as leis que regem sua convivência em sociedade. 
Nesse contexto, a escola, que também é uma invenção humana, só se legitima e se justifica quando 
consegue desempenhar o seu papel. Sendo assim, qual é – de fato – o papel da escola? A escola foi 
criada para quê? 
O principal papel da escola é o de formadora de sujeitos, em um ambiente que possibilite o acesso 
aos conhecimentos socialmente constituídos, além da produção de novos saberes. Assim, pensar na 
função da escola implica em problematizar todo o processo de aprendizagem, pois ao refletirmos que 
tipo escola precisaremos para um futuro próximo, também nos questionamos sobre qual o papel da 
escola. 
1.4.1 A escola e seu papel na sociedade 
Na história da educação, a escola passou por grandes reformas que, de algum modo, acompanharam 
também as mudanças na sociedade. Todavia, muitas dessas reformas, como as que ocorrem na 
atualidade – a exemplo da reforma do Ensino Médio – revela o descompasso entre a função da escola 
e o que vive a sociedade; ambas caminham em sentidos opostos. Essa disparidade ocorre porque a 
sociedade evolui de maneira acelerada, enquanto a escola ainda conserva práticas do século 
passado. 
Mesmo diante dessa discrepância no ritmo das transformações, a função social da escola não pode 
– e não deve – perder o seu foco principal, que é o de assegurar ao aluno todo o conhecimento 
sistematizado ao longo da história humana, saberes que atuam como norteadores da sociedade, 
garantindo o bom convívio social. De acordo com Saviani (1991, p. 21), a educação precisa ser “[...] 
o ato de produzir direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida 
histórica e coletivamente pelo conjunto de homens.” Dessa maneira, é importante que o profissional 
da educação possua uma formação comprometida com o trabalho, tendo em vista propiciar 
conhecimento sistematizado e relacioná-lo à realidade dos alunos. 
Nesse sentido, atualmente a escola conta com um recurso disponível para o bem do ensino: o Projeto 
Político Pedagógico (PPP), um documento no qual se encontra toda a fundamentação teórica e 
metodológica da instituição educacional, além das suas projeções em curto, médio e longo prazo. Por 
ser um documento flexível e de grande abrangência escolar, tem o poder de direcionar o trabalho de 
todos os sujeitos que compreendem o processo educacional. 
Além das inúmeras informações contidas no PPP, nele também se encontra o currículo, que, segundo 
Saviani (1991, p.23), “[...] é o conjunto das atividades nucleares desenvolvidas pela escola”. É 
essencial que a escola também defina, dentro de sua função, o que é elementar para ser estudado 
na escola, determinando quais são os conteúdos primordiais, de modo a buscar harmonia entre os 
conteúdos básicos, as necessidades e aspirações dos alunos e tornar a aprendizagem significativa 
para os estudantes. É importante lembrar que, ao definir o planejamento do que será estudado, deve-
se respeitar a diversidade cultural que se encontra na escola. 
Você quer ler? 
A revista “Pensar a Prática” publica entrevista com o Dr. José Carlos Libâneo, na qual o professor 
explicita sua compreensão sobre a educação situada nesse momento de crise. Eleensina, ainda, de 
que modo a escola pode superar a crise da educação no mundo contemporâneo. Leia a entrevista na 
íntegra, disponível no endereço: <https://www.revistas.ufg.br/fef/article/view/8/2613>. 
Nesse processo, cabe ao pedagogo acompanhar e zelar para que a função da escolacumpra com 
seus objetivos, assegurando a qualidade da educação e o direito social para todos. 
1.4.2 A escola que temos e a escola que queremos 
Temos observado no Brasil uma exposição de teóricos que afirmam que a escola brasileira ainda 
encontra-se situada no século passado, pois ainda apresenta comportamentos e posturas de escolas 
tradicionais como o enfileiramento das carteiras, quadros de giz etc., o que dificulta a formação dos 
estudantes para atender as demandas do século XXI. Atualmente, nossos alunos apresentam maior 
prazer em ficar nas redes sociais em vez de aprender algo novo – ou simplesmente ler um livro. 
Também é comum encontrarmos profissionais que não possuem conhecimento apropriado, sem 
sequer conseguir elaborar argumentos que sustentem as tentativas de melhorias da escola, pois 
apresentam críticas superficiais e distantes do cotidiano escolar. 
Nas escolas públicas, encontramos um sucateamento dos espaços físicos e uma enorme 
desvalorização do trabalho docente. Segundo Kohle Oliveira (2014), a realidade das escolas públicas, 
em maioria, não é a mesma das escolas privadas, o que promove um distanciamento da qualidade 
do serviço público comparado ao privado. Não podemos ignorar que espaços inadequados para a 
aprendizagem, vidros quebrados, falta de refeitórios, ausência de lâmpadas nas salas de aula, falta 
de ventilador, inexistência de recursos tecnológicos modernos nas escolas causa ineficiência, além 
de provocar desânimo em ensinar e aprender. 
Ao discutirmos educação, precisamos refletir sobre qual é o real papel da escola para a sociedade, 
e devemos nos perguntar: qual é a escola que queremos? Será que em todos os lugares do mundo 
a educação se encontra como a do Brasil? Qual é o tipo de profissional que precisamos para atuar 
numa sociedade globalizada? Quando nos questionamos e questionamos os outros sobre essas 
questões, encontramos diferentes respostas, contudo dificilmente encontramos a indicação de um 
caminho a seguir. 
Diante da diversidade tecnológica disponível a grande parte dos estudantes, além do sedentarismo 
provocado pelas facilidades impostas pela modernidade, pensar em como a escola pode contribuir 
para uma mudança de atitude já é um enorme desafio. Da mesma maneira que pensar sobre como 
tornar a vida mais produtiva e o futuro melhor. 
É possível afirmar que algumas habilidades continuarão fazendo parte dos requisitos essenciais para 
a vida em sociedade nos próximos séculos, como a capacidade de conviver com as diferenças, ler, 
escrever, interpretar, possuir criticidade, possuir bom raciocínio lógico e sempre fazer e aprender para 
além do que está sendo colocado como essencial, pois quem não alcançar o dinamismo da 
modernidade não passará por ela, ficará inerte vendo o mundo acontecer. 
Não podemos nos esquecer que os avanços de uma nação partem da sua capacidade de leitura e 
escrita, além da sua produção de valores – o que não requer muitos investimentos. Todavia, a 
qualidade do ensino e o potencial produtivo precisam de força e investimentos políticos para que 
consigam executar com primor sua proposta. Aí é que entra a necessidade de reformas educacionais 
que estejam em consonância com a sociedade. Se houvesse investimento com qualidade nas 
necessidades elementares da educação, como a escola pública de formação básica, com certeza o 
desempenho do país seria outro. 
Você quer ver? 
Em entrevista ao grupo editorial da Record, a professora Viviane Mosé relata os principais desafios 
da escola na contemporaneidade, apontando ainda sobre a escola que temos e a escola que 
queremos ter. A docente aborda também temas que abrangem o uso das tecnologias por professores 
e alunos, além da necessidade de a escola acompanhar as transformações da sociedade. Disponível 
em: <https://www.youtube.com/watch?v=0lsJSsKbH7g>. 
Por isso é tão importante definir que tipo de escola queremos. Por exemplo, instalar um equipamento 
tecnológico, sem que haja a capacidade operá-lo, não apresenta funcionalidade para a sociedade. Ou 
seja, o investimento em novas tecnologias nas escolas só terá resultado a instituição investir também 
na formação docente, na capacitação para aplicar esses recursos tecnológicos com eficácia. 
Ter consciência da escola que temos e da escola que queremos é o primeiro passo para buscar 
alternativas que nos permitam romper com os entraves e seguirmos em frente, acompanhando os 
avanços. São desafios da escola contemporânea, como o da ação-reflexão-ação, que você verá a 
seguir. 
1.4.3 Ação-reflexão-ação 
De acordo com o que você estudou, os desafios da escola contemporânea são muitos. Dentre tantos, 
destacaremos aqui a importância da ação-reflexão-ação nas práticas escolares. Professores, 
pedagogos e escola precisam desenvolver a prática de avaliação institucional e, ainda, uma prática 
de avaliação individual. Realizar críticas no exercício da docência é necessário para a própria 
valorização da profissão docente, assim como da melhoria dos saberes já consolidados e, ainda, da 
própria escola enquanto espaço de formação. 
A reflexão da práxis pedagógica favorece o trabalho do professor como investigador e produtor de 
conhecimento, pois ele próprio poderá refletir sobre suas metodologias de ensino e resultados 
encontrados em sala de aula. Repensar e problematizar a ação educativa tendo em vista a formação 
continuada exige revisitar os saberes, técnicas, metodologias e estratégias interativas para que de 
fato ocorra a formação continuada. 
A ação-reflexão-ação, que pode ser compreendida como um método que garante uma prática mais 
reflexiva e crítica do professor, compreende os saberes presentes nas ações profissionais e 
demonstra o potencial técnico e de solução de problemas que cada profissional possui ao planejar 
suas ações. Segundo Alarcão (1996), é preciso acreditar no potencial do “paradigma da formação do 
professor reflexivo”, pois esse perfil de profissional produz novos conhecimentos, portanto: 
O professor tem de assumir uma postura de empenhamento autoformativo e autonomizante, tem de 
descobrir em si as potencialidades que detém, tem de conseguir ir buscar ao seu passado aquilo que já 
sabe e que já é e, sobre isso, construir o seu presente e o seu futuro, tem de ser capaz de interpretar o que 
vê fazer, de imitar sem copiar, de recriar, de transformar. Só o conseguirá se refletir sobre o que faz e sobre 
o que vê fazer (ALARCÃO, 1996, p. 18). 
Considerando o autor citado, é possível concluir que o profissional reflexivo possui maior clareza de 
seu trabalho, de suas limitações e potencialidades, além de estar sempre disposto a mudar para 
alcançar seus objetivos. Porque, se essa não for sua principal intenção ao realizar um trabalho 
reflexivo, ele não será necessário. Nesse sentido, a prática reflexiva mediante a disponibilidade da 
ação faz com que escola, professores e alunos saiam vitoriosos no processo de desenvolvimento do 
ensino-aprendizagem. 
Síntese 
Concluímos a primeira etapa dessa disciplina, que abordou o papel do pedagogo e a função social da 
escola. 
Neste capítulo, você teve a oportunidade de: 
• estudar os aspectos que englobam a diversidade cultural, a promoção da cidadania e a educação 
integral; 
• entender a importância das políticas culturais; 
• compreenderos domínios da formação do pedagogo no contexto das práticas problematizadoras 
do ensino; 
• refletir sobre a função social da escola na perspectiva histórica e cultural, considerando entender 
como a prática investigativa pode colaborar para a formação docente. 
• conhecer melhor a educação integral, seus desafios na sociedade atual e a atuação do pedagogo 
nesse contexto; 
• explorar a função social da escola, relacionando-a com o cotidiano escolar e as práticas datríade 
ação-reflexão-ação. 
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Editorial Record, 7 out. 2013, vídeo, 02min 09s. Disponível em: 
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