Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Aula 10 – Compl01-Aula 10 Envolto´rias - Soluc¸o˜es Singulares As equac¸o˜es de Clairaut e D’Alembert/Lagrange Envolto´rias - Soluc¸o˜es Singulares Introduc¸a˜o Em 1692, apenas oito anos apo´s sua pri- meira publicac¸a˜o a respeito do Ca´lculo Diferencial, Leibniz publicou um pequeno artigo na Acta Eruditorum (um perio´dico especializado da e´poca, com o t´ıtulo in- teressante de “Ac¸o˜es dos Eruditos”). O artigo prometia uma nova aplicac¸a˜o e uso da ana´lise do infinito (leia-se do Ca´lculo Diferencial). Dois anos mais tarde ele deu sequ¨eˆncia a`quele artigo commais uma “nova aplicac¸a˜o e uso do ca´lculo diferen- cial”. Os dois artigos eram devotados ao mesmo problema, a saber: obter um algo- ritmo para calcular a curva que em cada um de seus pontos tangenciava uma das curvas de uma dada famı´lia: a assim cha- mada envolto´ria. Na˜o era a primeira vez que as envolto´rias apareciam. O conceito ja´ tinha se manifestado pelo menos desde 1644 nos estudos de Torri- celli a respeito de bal´ıstica. Torricelli ti- nha demonstrado que todas as para´bolas bal´ısticas que sa˜o as trajeto´rias de ba- las de canha˜o atiradas segundo diferentes aˆngulos de elevac¸a˜o com a mesma veloci- adade inicial e segundo um mesmo plano vertical) tangenciavam uma para´bola fixa. Essa para´bola e´ a “para´bola de segu- ranc¸a”, pois ela define o alcance do canha˜o. Trata-se da envolto´ria da famı´lia de para´bolas bal´ısticas. Tambe´m Huyghens, em sua teoria da luz, tinha feito uso extensivo das envolto´rias. Assim, o conceito na˜o era realmente novo. O que era novidade era o emprego do Ca´lculo Di- ferencial (o “algoritmo de Leibniz”) nesse problema a respeito de famı´lias de curvas. Gottfried Leibniz 1646 - 1716 Gottfried vin p estudo come¸ quando miss˜ estadia conceb resp careira principalmen alcance fundamen quan - nenh 1 CEDERJ EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Compl01-Aula 10 As equac¸o˜es de Clairaut e D’Alembert/Lagrange Nota: Esta sec¸a˜o pode ser omitida numa primeira leitura. Seu conteu´do na˜o sera´ cobrado nas verificac¸o˜es. Problema: Um segmento de comprimento unita´rio, situado inicialmente no primeiro quadrante, se move (sem escorregar) apoiado nos eixos coordenados. Obtenha a equac¸a˜o da ( ou equac¸o˜es parame´tricas para a) curva que e´ tangente ao segmento em cada instante. Soluc¸a˜o: Suponhamos que a curva e´ um gra´fico, e portanto tem equac¸a˜o da forma y = f(x) Baseados na figura , calculemos a equac¸a˜o da reta tangente a y = f(x) num ponto (x0, y0) . Claro que essa tangente vai conter um dos segmentos da famı´lia dada. A equac¸a˜o da tangente e´: Y − y0 = f ′(x0)(X − x0) As intersec¸o˜es dessa reta com os eixos coordenados sa˜o os pontos A = (XA, 0) e B = (0, YB): A : Y = 0 −y0 = f ′(x0)(XA − x0) XA = x0f ′(x0)− y0 f ′(x0) B : X = 0 Y = f(x0) + f ′(x0)(−x0) YB = y0 − x0f ′(x0) Agora acrescentamos a informac¸a˜o de que d(A,B) = 1: (x0f ′(x0)− y0 f ′(x0) )2 + ( y0 − x0f ′(x0) )2 = 1 CEDERJ 2 Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Efetuando as contas: (y0 − x0f ′(x0))2 ( 1 f ′(x0)2 + 1 ) = 1 (y0 − x0f ′(x0))2 = f ′(x0) 2 1 + f ′(x0)2 y0 − x0f ′(x0) = √ f ′(x0) 2 1 + f ′(x0)2 Assim y0 = x0f ′(x0) + √ f ′(x0) 2 1 + f ′(x0)2 Essa e´ uma relac¸a˜o que deve ser satisfeita em cada ponto de tangeˆncia (x0, y0) pelas cordenadas do ponto e pelo coeficiente angular da tangente da curva y = f(x) naquele ponto.Podemos abandonar o ı´ndice inferior “0”. A pergunta o´bvia e´: Quais sa˜o as curvas y = f(x) que satisfazem a` relac¸a˜o acima? Podemos encarar a questa˜o como a de saber quais as curvas y = f(x) que sa˜o soluc¸o˜es da equac¸a˜o diferencial y = xf ′(x) + √ f ′(x)2 1 + f ′(x)2 A equac¸a˜o acima e´ a equac¸a˜o do modelo matema´tico do problema. Para resolveˆ-la, fac¸amos y′ = p e definamos a func¸a˜o g(p) = √ p2 1 + p2 . A equac¸a˜o se escreve y = xp+ g(p) (∗) Comenta´rio: Acabamos de inventar, por meio de uma substituic¸a˜o, uma famı´lia de curvas a um paraˆmetro, associada a` equac¸a˜o diferencial do problema dado. Derivando em relac¸a˜o a x: y′ = p+ xp′ + g′(p) p′ (p=y’) p = p+ xp′ + g′(p) p′ de onde 0 = p′(x+ g′(p)) Claramente temos duas possibilidades: Ou p′ = 0 , e p e´ constante com relac¸a˜o a x, ou x+ g′(p) = 0 - Na primeira hipo´tese , p = C, constante, a equac¸a˜o (*) fica y = c x+ k com k = g(c) 3 CEDERJ EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Compl01-Aula 10 que e´ justamente a equac¸a˜o do segmento de reta que tem inclinac¸a˜o p = c Isso e´ perfeitamente razoa´vel. Estamos verificando que os segmentos sa˜o curvas que em cada ponto teˆm a mesma inclinac¸a˜o que eles mesmos. - A outra possibilidade e´ x = −g′(p) mas enta˜o, substituindo na equac¸a˜o y = xp+ g(p) obtemos y = −pg′(p) + g(p) Agora observamos que as duas u´ltimas equac¸o˜es constituem um par de equac¸o˜es pa- rame´tricas, de paraˆmetro p, para a curva procurada. Ou seja{ x = −g′(p) y = −pg′(p) + g(p) sa˜o as equac¸o˜es parame´tricas de uma outra curva que tem a propriedade de em cada ponto ser tangente a um dos segmentos da famı´lia de segmentos dada; e que certamente na˜o e´ um dos segmentos da famı´lia , pois se fosse necessariamente p′ = 0. Analisando a soluc¸a˜o apresentada 1) Foi montada uma equac¸a˜o diferencial para o problema. 2) Em cada instante, um dos segmentos da famı´lia satisfazia a` equac¸a˜o (Na verdade a equac¸a˜o diferencial do exerc´ıcioanterior foi constru´ıda exatamente a partir da equac¸a˜o que caracterizava os segmentos da famı´lia dada.Era portanto uma equac¸a˜o que era satisfeita pelos segmentos da famı´lia, por construc¸a˜o .) 3) Ale´m dos segmentos da famı´lia obtivemos uma outra soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial do modelo. 4)Essa u´ltima na˜o foi obtida particularizando um valor para a constante que surgiu na parte da soluc¸a˜o correspondente a` famı´lia de segmentos. Era uma soluc¸a˜o singular. Com relac¸a˜o ao problema dos segmentos, vimos que, se p = for constante, a equac¸a˜o obtida admite como soluc¸o˜es y = px+ g(p) No outro caso a soluc¸a˜o e´ a curva, cujas equac¸o˜es parame´tricas sa˜o{ x = −g′(p) y = −pg′(p) + g(p) com g(p) = √ p2 1 + p2 . Portanto as equac¸o˜es parame´tricas da envolto´ria sa˜o: { x = −(1 + p2)−3/2 y = p(1 + p2)−3/2 + p(1 + p2)−1/2 CEDERJ 4 Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Definic¸a˜o 10.1 Uma equac¸a˜o diferencial de primeira ordem da forma y = xy′ + g(y′) em que g e´ uma func¸a˜o deriva´vel em um intervalo I, e´ chamada equac¸a˜o de Clairaut. A equac¸a˜o de Lagrange A equac¸a˜o de Clairaut e´ um caso particular de uma outra mais geral, conhecida como Equac¸o˜es de d’Alembert-Lagrange. Definic¸a˜o 10.2 Sejam f, g : R −→ R func¸o˜es deriva´veis.Equac¸o˜es do tipo y = xf(y′) + g(y′) (∗) sa˜o conhecidas como equac¸o˜es de d’Alembert-Lagrange. Consideremos uma equac¸a˜o de d’Alembert-Lagrange, e fac¸amos p = y′. Enta˜o: a) Se p0 = f(p0) para algum p0 ∈ R, enta˜o y = p0x+ g(p0) e´ soluc¸a˜o da equac¸a˜o. ( De fato, se y = p0x+ g(p0) enta˜o p0 = y ′ = p). Da´ı, y = p0x+ g(p0) = f(p0)x+ g(p0) = f(p)x+ g(p) = f(y ′)x+ g(y′). Isto e´ y = f(y′)x+ g(y′), mostrando que y e´ soluc¸a˜o.) b) Se f(p) 6= p, para todo p ∈ R, derivando a equac¸a˜o com relac¸a˜o a x e obtemos a equac¸a˜o linear dx dp − f ′(p) p− f(p)x = g′(p) p− f(p) ; A soluc¸a˜o de (*) e´ expressa na forma parame´trica (x(p), y(p)), onde x(p) e´ soluc¸a˜o da linear acima e y(p) e´ obtido a partir de p = y′. ( De fato, partindo de y = f(y′)x+ g(y′), derivando com relac¸a˜o a x (e lembrandoque p = y′): y′ = p = f(p) + xf ′(p) dp dx + g′(p) dp dx . 5 CEDERJ EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Compl01-Aula 10 Ou seja dp dx (xf ′(p) + g′(p)) = p− f(p) dp dx = p− f(p) xf ′(p) + g′(p) ; e como estamos supondo que p 6= f(p) enta˜o dp/dx 6= 0. Mas enta˜o Teorema da Func¸a˜o Inversa garante que podemos definir x como func¸a˜o de p , e que essa inversa e´ deriva´vel, com derivada dada por dx dp = 1/(dp/dx) = f ′(p) p− f(p)x+ g′(p) p− f(p)), uma equac¸a˜o linear para x em termos de p, como quer´ıamos mostrar. Exemplo 10.1 y = x ( 1 + dy dx ) + ( dy dx )2 Soluc¸a˜o: Seja dy dx = p. A equac¸a˜o apresentada e´ uma equac¸a˜o de Lagrange com f(p) = 1+ p e g(p) = p2. Temos p− f(p) = p− 1− p = 1 6= 0. Conforme visto anteriormente, x = x(p) satisfaz a` equac¸a˜o dx dp = f ′(p) p− f(p)x+ g′(p) p− f(p) , isto e´ dx dp = −1 · x− 2p Uma soluc¸a˜o desta equac¸a˜o diferencial linear e´ x(p) = ce−p − 2p + 2. Para calcular y em func¸a˜o de p basta substituir a expresssa˜o de x(p) acima na equac¸a˜o y = x(1 + p) + p2, o que nos da´ y(p) = (ce−p − 2p+ 2)(1 + p) + p2 Assim, a(s) soluc¸a˜o(o˜es) da equac¸a˜o apresentada e´(sa˜o) definida(s) pela curva pa- rametrizada por { x(p) = ce−p − 2p + 2 y(p) = (ce−p − 2p+ 2)(1 + p) + p2 Exemplo 10.2 .Calcule as soluc¸o˜es de y = (y′)2(e(y′)y′ + 1)− 1 CEDERJ 6 Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Soluc¸a˜o: Aplicaremos a mesma te´cnica usada nas equac¸o˜es de Clairaut e de La- grange (substituic¸o˜es e derivac¸o˜es). Observe que, sendo p = y′, a equac¸a˜o ja´ nos da´ a forma parame´trica de y, a saber: y = p2(ep + 1)− 1 Derivando em relac¸a˜o a x: p = 2pp′(ep + 1) + p2epp′ (I) Se p = 0, enta˜o substituindo na equac¸a˜o dada obtemos a soluc¸a˜o constante y = −1. Se p 6= 0, enta˜o dividindo (I) por p: 1 = p′[2(ep + 1) + pep] (II) Certamente dp dx = p′ 6= 0, pois caso contra´rio olado direito de (II) seria nulo (e na˜o poderia ser igual ao lado esquerdo: 1) Ora, dp dx 6= 0 acarreta (pelo Teorema da Func¸a˜o Inversa) que x pode ser expressado em func¸a˜o de p e que a derivada dx dp e´ a inversa da derivada dp dx . Da relac¸a˜o (II) tiramos facilmente que dx dp = 2(ep + 1) + pep Uma simples integrac¸a˜o nos da´ x(p) = (p+ 1)ep + 2p Assim, a(s) soluc¸a˜o(o˜es) da equac¸a˜o apresentada e´(sa˜o) definida(s) pela curva pa- rametrizada por { x(p) = p+ 1)ep + 2p y(p) = (p2(ep + 1)− 1 e mais a soluc¸a˜o constante y = −1. Observac¸a˜o: A equac¸a˜o de Clairaut y = xy′ + g(y′) nada mais e´ do que o caso particular da equac¸a˜o de d’Alembert-Lagrange com f ≡ Id. Exerc´ıcios Exerc´ıcio 10.1 Resolva a equac¸a˜o y = x(y′)2 + 1 7 CEDERJ EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Compl01-Aula 10 Resposta: Exerc´ıcio 10.2 Calcule as soluc¸o˜es da equac¸a˜o x(y′)3 − y(y′)2 + 1 = 0 Resposta: y = cx+ 1 c2 ; 4y3 − 27x2 = 0 Exerc´ıcio 10.3 Resolva a equac¸a˜o diferencial dy dx ( x dy dx − y + 5 ) + 4 = 0 Resposta: c(5 − y + cx) + 4 = 0; (y − 5)2 = 16x Exerc´ıcio 10.4 Determine as soluc¸o˜es das equac¸o˜es (a) y = (y′)3 + xy′ (b) y = x(y′ + 1) + (y′)2 Respostas: (a) y = c3 + cx, 4x3 + 27y2 = 0 (b) x = −2p+ ce−p + 2, y = x(1 + p)p2 Exerc´ıcio 10.5 Determine as soluc¸o˜es de y = xy′ + √ 1 + (y′)2 Respostas: y = c x+ √ 1 + c2; y = √ 1− x2 CEDERJ 8 Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Equac¸o˜es de Clairaut e de Lagrange Obtenc¸a˜o de Soluc¸o˜es Introduc¸a˜o A questa˜o da determinac¸a˜o de todas as soluc¸o˜es de equac¸o˜es diferenciais de primeira ordem ainda na˜o esta´ esgotada. Vimos que nem sempre existe uma expressa˜o envolvendo a varia´vel independente x, a varia´vel dependente y e uma constante arbitra´ria c, que defina expl´ıcita ou implicitamente todas as soluc¸o˜es de uma equac¸a˜o diferencial. Vamos um pouco mais adiante. Sera´ que podemos acrescentar as soluc¸o˜es que faltavam e - agora sim - ter uma descric¸a˜o completa de todas as soluc¸o˜es de qualquer equac¸a˜o diferencial de ordem um? Bem, nada melhor do que comec¸ar examinando a natureza das soluc¸o˜es “especiais” que encontramos num exemplo da aula 10. Vamos lembrar? Esta´vamos com a equac¸a˜o (y′)2 = 1− y2 y2 , y 6= 0, e vimos que ela admitia como soluc¸o˜es gerais famı´lias de semi-c´ırculos definidos como restric¸o˜es dos c´ırculas da famı´lia (x+ c)2 + y2 = 1, e tambe´m retas y = −1 e y = −1 . Na busca de uma caracterizac¸a˜o dessas soluc¸o˜es especiais, vamos, como sem- pre temos feito, procurar um apoio nas informac¸o˜es geome´tricas que pudermos ex- trair da(s) soluc¸a˜o(o˜es). No caso, quem vai nos dar uma ma˜ozinha e´ um problema bem famoso, dos primo´rdios do Ca´lculo e das EDO’s, o problema determinar as envolto´rias de famı´lias de curvas planas. Envolto´rias de famı´lias de curvas • Voceˆ com certeza ja´ percebeu a semelhanc¸a de comportamento entre a para´bola de seguranc¸a do Torriceli e as retas y = ±1 soluc¸o˜es da equac¸a˜o (y′)2 = 1−y 2 y2 . Confere? 9 CEDERJ EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Compl01-Aula 10 Envolto´rias de famı´lias de curvas planas Dada uma famı´lia de curvas indexada por um paraˆmetro p G(x, y, p) = 0, intutitivamente uma envolto´ria dessa famı´lia e´ uma curva que e´ tangente a cada uma das curvas da famı´lia. A figura mostra uma famı´lia de retas e sua envolto´ria (a para´bola) y = x2 2 . Pode ser que uma famı´lia na˜o possua nenhuma envolto´ria. Pense na famı´lia de c´ırculos de centro na origem e raio r. Tambe´m pode acontecer de os pro´prios elementos da famı´lia serem envolto´rias da famı´lia. Quer ver? Cada c´ırculo da famı´lia (x − p)2 + y2 = p2, p ∈ (0,+∞) tangencia todos os demais c´ırculos no ponto (0, 0) e - sendo assim - e´ uma envolto´ria da famı´lia. Ale´m dos pro´prios c´ırculos famı´lia, que sa˜o - por assim dizer - envolto´rias triviais, temos mais uma envolto´ria na˜o trivial, a reta vertical x = 0. Fac¸a um desenho com algumas elipses da famı´lia (x− p)2 4 + y2 3 = 1, p ∈ (0, 1] e verifique que esta famı´lia possui apenas duas envolto´rias, as retas y = ±√2. Quando uma famı´lia possui uma envolto´ria, diz-se tambe´m que suas curvas sa˜o envolvidas. Digressa˜o: O problema que se apresenta de maneira natural e´ saber se existe algum crite´rio que permita decidir se uma famı´lia tem ou na˜o envolto´ria(s), sem precisar desenhar as curvas da famı´lia e verificar visualmente1. Mais ainda, como fazer obter a(s) equac¸a˜o(o˜es) da(s) envolto´ria(s)? Designemos por ep a curva envolvida correspon- dente ao valor p do paraˆmetro. Seja E a envolto´ria. Excetuando possivelmente casos como os das envolto´rias triviais (dadas pelos membros da pro´ria famı´lia) as coordenadas (xT , yT ) do ponto de tangeˆncia de ep com E evidentemente variam a` medida que p varia: xT = x(p), yT = (y(p)). 1O que, alia´s, e´ um procedimento muito preca´rio, altamente sujeito a falhas, e portanto inaceita´vel como demonstrac¸a˜o de existeˆncia. CEDERJ 10 Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Para cada ponto de tangeˆncia, as coordenadas (x(p), y(p)) sa˜o coordenadas um ponto da curva ep e tambe´m da envolto´ria E. Como (x(p), y(p)) sa˜o coorde- nadas de um ponto de ep, enta˜o G(x(p), y(p)) = 0. (10.1) Nota: Estamos escrevendo G(x(p), y(p)) = 0 em vez de G(x, y, p) = 0. Observemos tambe´m que, para cada p, a curva ep e a envolto´ria E possuem a mesma reta tangente no ponto (x(p), y(p)). Pensando no ponto de tangeˆncia como pertencente a ep, sabemos que um vetor perpendicular a` reta tangeˆncia e´ o gradiente de G(x(p), y(p)) naquele ponto: ∇G(x(p), y(p)) = ( ∂G ∂x , ∂G ∂y ) (x(p),y(p)). Pensando agora no ponto de tangeˆncia como pertencente a` envolto´ria E, sabemos que o vetor paralelo a` reta tangente e´ (x′(p), y′(p)). Enta˜o, como esses dois vetores sa˜o perpendiculares em cada ponto de tangeˆncia, e´ claro que devemos ter, para cada p, (x′(p), y′(p)) · ∇G(x(p), y(p)) = 0, isto e´, x′(p) ∂G ∂x + y′(p) ∂G ∂y = 0 ou ainda ∂G ∂p = 0. (10.2) A equac¸a˜o (??) fornece uma segunda condic¸a˜o que deve ser satisfeita por todos os pontos de tangeˆncia. E isto nos basta. As condic¸o˜es (7.1) e (7.2) conjuntamente podem ser ado- tadas como uma definic¸a˜o da envolto´ria de uma famı´lia de curvas. O sistema formado pelas equac¸o˜es (7.1) e (7.2) G(x(p), y(p)) = 0 x′(p) ∂G ∂x + y′(p) ∂G ∂y = ∂G ∂p = 0, (10.3) tem duas equac¸o˜es e treˆs inco´gnitas x, y e p. Se pudermos expressar as duas pri- meiras em termos de p teremos exatamente um sistema de equac¸o˜es parame´tricas para a envolto´ria E. Enta˜o ja´ sabemos o que fazer para determinar, caso seja poss´ıvel, a envolto´ria de uma famı´lia. Resta examinar sob que condic¸o˜es e´ poss´ıvel expressar x e y em termos de p no sistema (7.3). 11 CEDERJ EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Compl01-Aula 10 E quem nos da´ garantias nessa parte da histo´ria e´ o Teorema das Func¸o˜es Impl´ıcitas: poderemos expressar x e y em termos de p no sistema (7.3) se o deter- minante de derivadas parciais ∣∣∣∣∣ Gx GyGpx Gpy ∣∣∣∣∣ for diferente de zero. Resumindo: Dada a famı´lia de curvas (deriva´veis) G(x, y, p) = 0, se Gx · Gpy − Gy ·Gpx 6= 0 para todos x, y, p, enta˜o a famı´lia possui envolto´ria(s) e o sistema G(x(p), y(p)) = 0 ∂G ∂p = 0 permite calcular as equac¸o˜es parame´tricas (x(p), y(p) das envolto´rias. Voltemos ainda uma vez ai problema das soluc¸o˜es da equac¸a˜o (y′)2 = 1− y2 y2 , y 6= 0. Vimos que G(x, y, c) = (x+ c)2 + y2 − 1 era a equac¸a˜o de uma famı´lia de c´ırculos que satisfaziam a` equac¸a˜o (aqui o paraˆmetro e´ representado por c). Temos Gx = 2(x+ c), Gy = 2y, Gcx = 2 e Gcy = 0. Portanto, (GxGcx −GyGcy = 2(x+ c) · 0− 2 · 2y = 4y 6= 0. Enta˜o a famı´lia possui envolto´rias, cujas equac¸o˜es sa˜o dadas pelo sistema (x+ c)2 + y2 − 1 = 0 ∂ ∂c [(x+ c)2 + y2 − 1] = 0, isto e´, { (x+ c)2 + y2 − 1 = 0 2(x+ c) = 0. Enta˜o, (x+ c)2 = 0 e, portanto, (substituindo na primeira equac¸a˜o) y2 − 1 = 0. Obtemos, enta˜o, as duas envolto´rias y = 1 e y = −1, concordando per- feitamente com os resultados obtidos anteriormente. Como ja´ vimos antes, as envolto´rias sa˜o soluc¸o˜es da equac¸a˜o dada, mas na˜o sa˜o obtidas da soluc¸a˜o geral (x+ c)2 + y2 − 1 = 0. Elas sera˜o chamadas de soluc¸o˜es singulares. Determine a(s) envolto´ria(s) da famı´lia de c´ırculos centrados no eixo dos x, definida por G(x, y, p) = (x− p)2 + y2 − p 2 2 . CEDERJ 12 Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Pelo que vimos acima, basta eliminar o paraˆmetro no sistema (x− p)2 + y2 = p 2 2 ∂ ∂p (x− p)2 + y2 − p 2 2 = 0. A segunda equac¸a˜o nos da´ −2(x− p)− p = 0, de onde p = 2x. Substituindo na primeira equac¸a˜o (x− 2x)2 + y2 = 2x2. De onde tiramos y2 = x2, que identificamos imediatamente como o par de retas y = ±x. Desenhe, no espac¸o abaixo, algumas curvas da famı´lia G(x, y, p) = (x−p)2+ y2 − p 2 2 , juntamente com suas envolto´rias. Comenta´rio: Agora, dispondo de um esquema para calcular as soluc¸o˜es singula- res, tudo indica que sabemos calcular todas as soluc¸o˜es de uma equac¸a˜o qualquer: Dada uma equac¸a˜o de primeira ordem F (x, y, y′) = 0, 1. Primeiro, calculamos uma soluc¸a˜o geral, que e´ definida por uma famı´lia de curvas planas a um paraˆmetro; 2. A seguir, determinamos, caso exista(m), a(s) envolto´ria(s) dessa famı´lia. 3. E pronto! Temos a´ı todas as soluc¸o˜es poss´ıveis da equac¸a˜o: • Uma soluc¸a˜o geral; • As soluc¸o˜es particulares, deduzidas a partir da soluc¸a˜o geral. 13 CEDERJ EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Compl01-Aula 10 • A(s) soluc¸a˜o(c¸o˜es) singular(es). Mas · · · Infelizmente, nem tudo sa˜o flores. A`s vezes na˜o conseguimos (ou na˜o sabemos) calcular explicitamente uma soluc¸a˜o geral, de modo que na˜o conseguimos obter uma expressa˜o a partir da qual com- putar as eventuais soluc¸o˜es singulares. Depois, sera´ que todas as soluc¸o˜es gerais (isto e´, famı´lias de curvas a um paraˆmetro arbitra´rio) constru´ıdas a partir de uma equac¸a˜o produzem todas as poss´ıveis soluc¸o˜es singulares da dita equac¸a˜o? Conclusa˜o: O tema “calcular todas as soluc¸o˜es poss´ıveis” ainda na˜o esta´ esgo- tado. Ainda voltaremos a ele. As equac¸o˜es de Clairaut e de D’Alembert-Lagrange Alguns problemas (equac¸o˜es) podem ser resolvidos atrave´s da associac¸a˜o (invenc¸a˜o ) de uma famı´lia de curvas a um paraˆmetro e obtenc¸a˜o da(s) sua(s) en- volto´ria(s) (soluc¸a˜o(c¸o˜es) singular(es) da equac¸a˜o diferencial associada a` famı´lia). Exemplo 1 Problema: Um segmento de comprimento unita´rio, situado inicialmente no pri- meiro quadrante, se move (sem escorregar) apoiado nos eixos coordenados. Ob- tenha a equac¸a˜o da (ou equac¸o˜es parame´tricas para a) curva que e´ tangente ao segmento em cada instante. Suponhamos que a curva e´ um gra´fico, e portanto tem equac¸a˜o da forma y = f(x). Baseados na figura acima, calculemos a equac¸a˜o da reta tangente a y = f(x) num ponto (x0, y0). Claro que essa tangente vai conter um dos segmentos da famı´lia dada. A equac¸a˜o da tangente e´: Y − y0 = f ′(x0)(X − x0). As intersec¸o˜es dessa reta com os eixos coordenados sa˜o os pontos A = (XA, 0) e B = (0, YB): A : Y = 0 −y0 = f ′(x0)(XA − x0) XA = x0f ′(x0)− y0 f ′(x0) , B : X = 0 Y = f(x0) + f ′(x0)(−x0) YB = y0 − x0f ′(x0). A seguir acrescentamos a informac¸a˜o de que d(A,B) = 1:( x0f ′(x0)− y0 f ′(x0) )2 + ( y0 − x0f ′(x0) )2 = 1. CEDERJ 14 Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Efetuando as contas: (y0 − x0f ′(x0))2 ( 1 f ′(x0)2 + 1 ) = 1 (y0 − x0f ′(x0))2 = f ′(x0) 2 1 + f ′(x0)2 y0 − x0f ′(x0) = √ f ′(x0)2 1 + f ′(x0)2 Assim, y0 = x0f ′(x0) + √ f ′(x0)2 1 + f ′(x0)2 . Essa e´ uma relac¸a˜o que deve ser satisfeita em cada ponto de tangeˆncia (x0, y0) pe- las cordenadas do ponto e pelo coeficiente angular da tangente da curva y = f(x) naquele ponto. Podemos abandonar o ı´ndice inferior “0”. A pergunta o´bvia e´: Quais sa˜o as curvas y = f(x) que satisfazem a` relac¸a˜o acima? Podemos encarar a questa˜o como a de saber quais as curvas y = f(x) que sa˜o soluc¸o˜es da equac¸a˜o diferencial y = xf ′(x) + √ f ′(x)2 1 + f ′(x)2 . A equac¸a˜o acima e´ a equac¸a˜o do modelo matema´tico do problema. Para resolveˆ-la, fac¸amos y′ = p e definamos a func¸a˜o g(p) = √ p2 1 + p2 . A equac¸a˜o se escreve y = xp+ g(p). (10.4) Comenta´rio: Acabamos de inventar, por meio de uma substituic¸a˜o, uma famı´lia de curvas a um paraˆmetro, associada a` equac¸a˜o diferencial do problema dado. Derivando em relac¸a˜o a x: y′ = p+ xp′ + g′(p)p′. Fazendo p = y′, p = p+ xp′ + g′(p)p′, de onde 0 = p′(x+ g′(p)). 15 CEDERJ EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Compl01-Aula 10 Claramente temos duas possibilidades: ou p′ = 0, e p e´ constante com relac¸a˜o a x ou x+ g′(p) = 0. a. Na primeira hipo´tese, p = C, constante, a equac¸a˜o (7.4) fica y = Cx+K com K = g(C), que outra coisa na˜o e´ sena˜o a equac¸a˜o do segmento de reta que tem inclinac¸a˜o p = C. Isso e´ perfeitamente razoa´vel. Estamos verificando que os segmentos sa˜o curvas que em cada ponto teˆm a mesma inclinac¸a˜o que eles mesmos. b. A outra possibilidade e´ x = −g′(p) mas enta˜o, substituindo na equac¸a˜o y = xp+ g(p), obtemos y = −pg′(p)+ g(p). Agora, observamos que as duas u´ltimas equac¸o˜es constituem um par de equac¸o˜es parame´tricas, de paraˆmetro p, para a curva procurada. Ou seja,{ x = −g′(p) y = −pg′(p) + g(p) sa˜o as equac¸o˜es parame´tricas de uma outra curva que tem a propriedade de que em cada ponto ser tangente a um dos segmentos da famı´lia de segmentos dada; e que certamente na˜o e´ um dos segmentos da famı´lia, pois se fosse necessariamente p′ = 0. Analisando a soluc¸a˜o apresentada: 1. Foi montada uma equac¸a˜o diferencial para o problema; 2. Em cada instante, um dos segmentos da famı´lia satisfazia a` equac¸a˜o (na verdade, a equac¸a˜o diferencial do exerc´ıcio anterior foi constru´ıda exata- mente a partir da equac¸a˜o que caracterizava os segmentos da famı´lia dada. Era, portanto, uma equac¸a˜o que era satisfeita pelos segmentos da famı´lia, por construc¸a˜o.) 3. Ale´m dos segmentos da famı´lia, obtivemos uma outra soluc¸a˜o da equac¸a˜o diferencial do modelo. 4. Essa u´ltima na˜o foi obtida particularizando um valor para a constante que surgiu na parte da soluc¸a˜o correspondente a` famı´lia de segmentos. Era uma soluc¸a˜o singular. CEDERJ 16 Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Com relac¸a˜o ao problema dos segmentos, vimos que, se p = for constante, a equac¸a˜o obtida admite como soluc¸o˜es y = px+ g(p). No outro caso, a soluc¸a˜o e´ a curva, cujas equac¸o˜es parame´tricas sa˜o{ x = −g′(p) y = −pg′(p) + g(p), com g(p) = √ p2 1+p2 . Portanto, as equac¸o˜es parame´tricas da envolto´ria sa˜o { x = −(1 + p2)−3/2 y = p(1 + p2)−3/2 + p(1 + p2)−1/2 Uma equac¸a˜o diferencial de primeira ordem da forma y = xy′ + g(y′) em que g e´ uma func¸a˜o deriva´vel em um intervalo I, e´ chamada equac¸a˜o de Clairaut A equac¸a˜o de Lagrange A equac¸a˜o de Clairaut e´ um caso particular de uma outra mais geral, conhe- cida como Equac¸a˜o de d’Alembert-Lagrange. Sejam f, g : R→ R func¸o˜es deriva´veis. Equac¸o˜es da forma y = xf(y′) + g(y′) (10.5) sa˜o conhecidas como equc¸o˜es de d’Alembert-Lagrange. Consideremos uma tal equac¸a˜o e fac¸amos p = y′. Enta˜o a) Se p0 = f(p0) para algum p0 ∈ R, enta˜o y = p0x+ g(p0) e´ soluc¸a˜o da equac¸a˜o. De fato, se y = p0x + g(p0), enta˜o p0 = y ′ = p. Da´ı, y = p0x + g(p0) = f(p0)x+ g(p0) = f(p)x+ g(p) = f(y ′)x+ g(y′). Isto e´, y = f(y′)x+ g(y′), mostrando que y e´ soluc¸a˜o. 17 CEDERJ EQUAC¸O˜ES DIFERENCIAIS Compl01-Aula 10 b) Se f(p) 6= p, para todo p ∈ R, derivando a equac¸a˜o com relac¸a˜o a x e obtemos a equac¸a˜o linear dx dp − f ′(p) p− f(p)x = g′(p) p− f(p) . A soluc¸a˜o de (7.5) e´ expressa na forma parame´trica (x(p), y(p)), onde x(p) e´ soluc¸a˜o da linear acima e y(p) e´ obtida a partir de p = y′. De fato, partindo de y = f(y′)x + g(y′), derivando com relac¸a˜o a x (e lem- brando que p = y′): y′ = p = f(p) + xf ′(p) dp dx + g′(p) dp dx . Ou seja, dp dx (xf ′(p) + g′(p)) = p− f(p) dp dx = p− f(p) xf ′(p) + g′(p) . E como estamos supondo que p 6= f(p) enta˜o dp dx 6= 0. Mas enta˜o Teorema da Func¸a˜o Inversa garante que podemos definir x como func¸a˜o de p, e que essa inversa e´ deriva´vel, com derivada dada por dx dp = 1 dp dx = f ′(p) p− f(p)x+ g′(p) p− f(p)), uma equac¸a˜o linear para x em termos de p, como quer´ıamos mostrar. y = x ( 1 + dy dx ) + ( dy dx )2 solucaoSeja dy dx = p. A equac¸a˜o apresentada e´ uma equac¸a˜o de Lagrange com f(p) = 1 + p e g(p) = p2. Temos p− f(p) = p− 1− p = 1 6= 0. Conforme visto acima, x = x(p) satisfaz a equac¸a˜o dx dp = f ′(p) p− f(p)x+ g′(p) p− f(p) , isto e´, dx dp = −1 · x− 2p. Uma soluc¸a˜o desta linear e´ x(p) = ce−p − 2p + 2. CEDERJ 18 Compl01-Aula 10 MO´DULO 1 - AULA 10 Para calcular y em func¸a˜o de p, basta substituir a expresssa˜o de x(p) acima na equac¸a˜o y = x(1 + p) + p2, o que nos da´ y(p) = (ce−p − 2p + 2)(1 + p) + p2. Assim, a(s) soluc¸a˜o(o˜es) da equac¸a˜o apresentada e´(sa˜o) definida(s) pela curva pa- rametrizada por { x(p) = ce−p − 2p + 2 y(p) = (ce−p − 2p+ 2)(1 + p) + p2 Calcule as soluc¸o˜es de y = (y′)2(e(y′)y′ + 1)− 1. solucaoAplicaremos a mesma te´cnica usada nas equac¸o˜es de Clairaut e de Lagrange (substituic¸o˜es e derivac¸o˜es). Observe que, sendo p = y′, a equac¸a˜o ja´ nos da´ a forma parame´trica de y, a saber: y = p2(ep + 1)− 1. Derivando em relac¸a˜o a x, p = 2pp′(ep + 1) + p2epp′. (10.6) Se p = 0, enta˜o substituindo na equac¸a˜o dada obtemos a soluc¸a˜o constante y = −1. Se p 6= 0, enta˜o dividindo (7.6) por p, 1 = p′ [2(ep + 1) + pep] . (10.7) Certamente, dp dx = p′ 6= 0, pois, caso contra´rio, o lado direito de (7.7) seria nulo (e na˜o poderia ser igual ao lado esquerdo). Ora, dp dx 6= 0 acarreta (pelo Teorema da Func¸a˜o Inversa) que x pode ser expressado em func¸a˜o de p e que a derivada dx dp e´ a inversa da derivada dp dx . Da relac¸a˜o (7.7), tiramos facilmente que dx dp = 2(ep + 1) + pep Uma simples integrac¸a˜o nos da´, x(p) = (p+ 1)ep + 2p. Assim, a(s) soluc¸a˜o(o˜es) da equac¸a˜o apresentada e´(sa˜o) definida(s) pela curva pa- rametrizada por { x(p) = (p+ 1)ep + 2p y(p) = p2(ep + 1)− 1 e mais a soluc¸a˜o constante y = −1. 19 CEDERJ Compl01-Aula 10 MO´DULO 2 - AULA 14 • A equac¸a˜o de Clairaut y = xy′ + g(y′) nada mais e´ do que o caso particular da equac¸a˜o de d’Alembert-Lagrange com f ≡ Id. Exerc´ıcios Resolva a equac¸a˜o y = xp2 + 1. Calcule as soluc¸o˜es da equac¸a˜o x(y′)3 − y(y′)2 + 1 = 0. y = cx+ 1 c2 , 4y3 − 27x2 = 0. Resolva a equac¸a˜o diferencial dy dx ( x dy dx − y + 5 ) + 4 = 0. C (5− y + Cx) + 4 = 0, (y − 5)2 = 16x. Determine as soluc¸o˜es das equac¸o˜es: a) y = (y′)3 + xy′ b) y = x(y′ + 1) + (y′) respostaa) y = c3+cx, 4x3+27y2 = 0, b)x = −2p+ce−p+2, y = x(1+p)+p2. exercicio Determine as soluc¸o˜es de y = xy′ + √ 1 + (y′)2. respostay = Cx+ √ 1 + C2, y = √ 1− x2. 1 CEDERJ
Compartilhar