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INTRODUÇÃO À VENTILAÇÃO MECÂNICA 1 .............................................................................................. 1 História da Ventilação Mecânica Definição e Objetivos da Ventilação Mecânica Estratégia de Tratamento Indicações para o Uso de VM Concluindo Fisiologia da Ventilação Mecânica Constante de Tempo Interação Cardio Pulmonar Concluindo Considerações Finais Referências Bibliográficas 2 História da Ventilação Mecânica 1ª Geração Para falarmos da Ventilação Mecânica é preciso entender a sua evolução na assistência a saúde. Conta- se que em 1887, Fell O'Dwayer desenvolveu um equipamento de intubação laríngea para possibilitar suporte ventilatório aos pacientes com difteria. No século passado a poliomielite era um problema de ordem pública, em diversos países, por isso, as pesquisas buscavam adequar a assistência prestada aos pacientes diagnosticados com tal doença. Em 1926, Philip Drinker desenvolveu o Pulmão de Aço ou Iron Lung que realizava VM por meio de pressão negativa. Ele foi usado pela primeira vez em 1928, em Boston com uma paciente portadora de poliomielite. Durante a Segunda Guerra Mundial, devido a necessidade da aviação de guerra em criar um equipamento que permitisse respirar em altas altitudes, longe do alcance das metralhadoras antiaéreas da Alemanha, surgiram os primeiros estudos para criar os ventiladores mecânicos com pressão positiva. Foi somente em meados de 1970, que houve o desenvolvimento do ventilador mecânico Bird Mark 7, primeiro ventilador ciclado à pressão, com o auxílio de Forrest Mark Bird (Instrutor e piloto de caça da Segunda Guerra Mundial), onde desenvolveu a tecnologia junto à empresas médicas. 3 2ª Geração Passado os anos e com o objetivo de suprir as deficiências tecnológicas e garantir um volume pulmonar adequado aos pacientes, surgem no mercado os ventiladores mecânicos de 2ª geração, enquanto estratégia ventilatória à Síndrome da Angústia Respiratória Aguda, buscando suprir as necessidades principalmente do seu tratamento. 3ª Geração No início dos anos 1980, a tecnologia possibilitou por meio da utilização de microprocessadores um amplo avanço no uso dos ventiladores mecânicos, dando origem aos ventiladores de 3ª geração no mercado. No decorrer da história do desenvolvimento dos ventiladores, inúmeros modos de ventilação artificiais surgiram no mercado, com vantagens e desvantagens quanto ao uso na assistência do paciente. Logo, os mais diversos grupos de pesquisadores espalhados pelo mundo têm-se apresentado favoráveis ao uso de diferentes estratégias para tratamento com a VM. Uma das principais razões da admissão de pacientes em Unidades de Terapia Intensiva é a necessidade de receber suporte ventilatório, com a finalidade de auxiliar ou substituir a ventilação espontânea. Por isso, com o passar novas tecnologias surgiram como possibilidade de estratégia de ventilação mecânica aos pacientes. Abaixo apresentamos por meio de imagens esta evolução dos equipamentos utilizados. 4 Embora a ventilação mecânica tenha se tornado uma aliada ao tratamento dos pacientes, se utilizada de forma incorreta ou incoerente a clínica do paciente, pode tornar-se uma estratégia de tratamento altamente prejudicial. Diferentes diagnósticos necessitam de diferentes formas de ventilação, desta forma, é necessário uma equipe com habilidade e expertise na manipulação dos parâmetros ventilatórios e equipamentos. Definição e Objetivos da Ventilação Mecânica O Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica (VM) define-a da seguinte maneira: "Método de Suporte Ventilatório para o tratamento de pacientes com Insuficiência Respiratória Aguda ou crônica agudizada". Tendo como principais objetivos: Manter e otimizar a troca gasosa; Reduzir o trabalho da musculatura respiratória; Prevenir ou solucionar a fadiga dos músculos respiratórios; Reduzir o consumo de O2; Minimizar o desconforto respiratório. Estratégia de Tratamento Unidades de Terapia Intensiva e ventilação mecânica invasiva complementam-se no tratamento dos pacientes com quadros clínicos de alta complexidade. Pulmão de Aço O primeiro e mais importante equipamento de ventilação chamava-se Pulmão de aço ou "Iron Lung". Foi projetado em 1926 por Philip Drinker no laboratório de Harvard e usado pela primeira vez em 1928 em uma paciente com poliomielite. 5 Ventilador Mecânico Em 1950 houve o desenvolvimento do ventilador mecânico Bird Mark 7. Ventiladores de 3ª geração No início dos anos 1980, a tecnologia possibilitou o surgimento dos ventiladores de 3ª geração. VM invasiva e VM não invasiva Duas são as formas para aplicar o suporte ventilatório nos pacientes --> VM Invasiva e VM Não Invasiva. Ambas as formas utilizam-se da pressão positiva aplicada à via aérea do paciente para realizar o suporte ventilatório. No Suporte Invasivo há necessidade do uso de uma prótese ventilatória - tubo orotraqueal ou cânula de traqueostomia, e para o Suporte Não Invasivo há necessidade de uma interface paciente ventilador, como máscara oronasal, prong nasal ou facial total entre outros. Indicações para o Uso de VM A literatura elucida que a depender do objetivo a ser utilizada a ventilação mecânica, haverá sua indicação. Conforme o Consenso de VM - 2007: segue alguns parâmetros que sugerem a necessidade de suporte com VM. Conheça quais são os parâmetros necessários para indicação de VM: 6 Após serem verificados os parâmetros essenciais, as indicações para uso da ventilação mecânica, serão: Parada Cardiorrespiratória (PCR); Estados de Hipoventilação e Apneia Aguda ou Crônica; Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA) - (alteração de ventilação/perfusão); Falha Mecânica do Aparelho Respiratório; Prevenção de Complicações Respiratórias; Diminuição do Trabalho Muscular Respiratório; Proteção de VAS - Rebaixamento do Nível de Consciência. Valores de Hemoglobina (Hb), Débito Cardíaco (DC), Conteúdo Arterial de Oxigênio (CaO2) e variações do pH sanguíneo são o produto final, onde temos o Estado de Oxigenação Arterial e por consequência a oxigenação dos tecidos. Concluindo A evolução histórica do uso ventilação mecânica influenciou decisivamente no desenvolvimento dos seus equipamentos, disto posto, nesta seção você conferiu a definição mais utilizada para VM bem como os objetivos que lhes são pertinentes, com isso é possível compreender que os “ estudos vieram para definir” e aprimorar as “indicações para o seu uso”, haja vista que se tornou “uma estratégia de tratamento primordial no ambiente de terapia intensiva”. Parâmetros Normal Considerar VM Frequência respiratória Volume corrente (mL/kg) Capacidade Vital (mL/kg) Volume minuto (L/min) Pressão inspiratória máxima (cmH2O) Pressão expiratória máxima (cmH2O) Espaço morto (0%) PaCO2 (mmHg) PaO2 (mmHg) (FIO2 = 0,21) P(A-a)O (FIO2 = 1,0) PaO2 / FIO2 12-20 5-8 65-75 5-6 80-120 80-100 25-40 35-45 >75 25-80 >300 >35 <5 <50 >10 >-25 <+25 >60 >50 <50 >350 <200 7 Fisiologia da Ventilação Mecânica Quando pensamos em ventilação mecânica e fisiologia, não podemos deixar de citar a EQUAÇÃO DO MOVIMENTO. Para o entendimento desta equação, é de fundamental importância a compreensão dos conceitosde resistência e complacência do sistema respiratório, como mostrado na interação abaixo. Resistência do Sistema Respiratório 1. Resistência das Vias Aéreas: pode-se entender como a diferença de pressão entre os alvéolos e a cavidade oral por unidade de deslocamento de fluxo aéreo, o atrito do ar (fluxo de ar) com as estruturas resulta na pressão de resistência (cerca de 80% da resistência do sistema). 2. Resistência Tecidual: que é o atrito da expansão da caixa torácica, parênquima pulmonar e componente abdominal e diafragma frente ao fluxo aéreo (cerca de 20% da resistência do sistema). Resistência= P. pico – P. platô / Fluxo Complacência do Sistema Respiratório Durante a fase inspiratória há o aumento do volume pulmonar, expandindo os pulmões e a parede torácica -› ocasionando a distensão das estruturas elásticas do pulmão. Com a expansão da estrutura elástica, é gerado no sistema respiratório uma força contrária à deformação das fibras, que distribuída pela superfície do pulmão resultará em uma pressão intrapulmonar positiva. Quando temos o volume inspirado em relação à variação de pressão dentro dos pulmões, temos por consequência a complacência do sistema respiratório. Csr= V / Pel Csr: Complacência do sistema respiratório V: Volume pulmonar Pel: Pressão elástica 8 Diferença entre Complacência Estática e Dinâmica Neste momento vamos ressaltar a diferença entre complacência estática (Cst) e dinâmica (Cdin) do sistema respiratório. Quando falamos em Cst nos referimos a variação de volume pela pressão platô, e em relação à Cdin esta variação ocorre pela variação do volume pulmonar pela pressão de pico inspiratório. Por isso, a complacência dinâmica por ser obtida pela divisão entre o volume corrente e a diferença entre a pressão de pico com a PEEP, levando em consideração a resistência das vias aéreas em conjunto com a elasticidade pulmonar. Logo, a Cdin reflete a dificuldade que o fluxo inspiratório tem para entrar no sistema respiratório. Cdin= volume corrente / P. pico – PEEP Já ao utilizarmos a complacência estática através de uma pausa inspiratória, onde o fluxo inspiratório permanece em zero, o volume corrente é redistribuído em todo o pulmão levando a redução da pressão. Essa pressão por sua vez é determinada como pressão de platôe reflete a pressão alveolar. Nessa situação não é levada em consideração o componente resistivo pulmonar, mas apenas o componente elástico. Cst = volume corrente / P. platô – PEEP Em tempo real e à beira leito o ventilador mecânico nos fornece a Cdin, a fim de estimar a resistência e a complacência do sistema respiratório. Por isso, o paciente sob ventilação mecânica deve estar sedado e paralisado, sem atividade muscular, sob ventilação controlada a volume, com fluxo constante e pausa inspiratória. Complacência do Sistema de Ventilação Mecânica Ventilador e circuito ventilatório com acessórios como filtro de barreira, possuem complacência intrínseca que influenciam na ventilação do paciente, podendo por vezes interferir no volume pulmonar gerado. Por isso, deve-se realizar o teste para calibração dos ventiladores antes do seu uso, visto que há a identificação de vazamentos e adequação do fluxo de base do ventilador frente à complacência do circuito. Sabe-se que pressões entre 5 – 7 cmH2O são suficientes para se vencer esta complacência e possível resistência do circuito do ventilador mecânico. Para identificar complacência e resistência durante a ventilação mecânica invasiva, os equipamentos disponibilizam recursos como a pausa inspiratória, que possibilita o retardo da abertura da válvula de exalação em relação ao fechamento da válvula de fluxo. Vale dizer que na pausa inspiratória o fluxo na via aérea é igual a 0 refletindo enquanto pressão na via aérea a própria pressão intrapulmonar. 9 De posse dos conceitos de resistência e complacência do sistema respiratório, é possível entender e correlacionar a fisiologia respiratória com as alterações decorrentes da ventilação mecânica. 10 Constante de Tempo Neste momento, abordaremos o conceito de Constante de Tempo encontrado na literatura. Interação Cardio Pulmonar Vamos agora, iniciar a apresentação da Interação Cardio Pulmonar, para tanto, é importante salientar que a literatura clássica nos traz dois grupos de efeitos. O primeiro grupo consiste em: I. Interação Hemodinâmica e do Sistema Cardiovascular com a Ventilação Mecânica. O sistema cardiovascular, quando alterado, interfere no funcionamento do sistema respiratório em três áreas, são elas: Conforme Carvalho, 2007: À medida que ocorre o esvaziamento dos pulmões, diminui a pressão elástica e consequentemente o fluxo expiratório. O tempo necessário para que o pulmão exale todo o volume, irá depender dos valores da complacência e resistência do paciente. 11 1) alteração da troca gasosa – com elevação do débito cardíaco (DC) por hipervolemia ou diminuição de PEEP, acompanhados por aumento do “shunt” pulmonar e consequente diminuição do efeito espaço morto; 2) influência sob a mecânica pulmonar - gerando aumento da resistência e diminuição da complacência pulmonar; assim como sobre os músculos respiratórios; 3) aumento do consumo de oxigênio - pelo aumento do trabalho muscular respiratório. Já o segundo grupo de efeitos de acordo com a literatura clássica, é: II. Efeitos da Ventilação Mecânica e das Trocas Gasosas sobre a Hemodinâmica. Observamos com certa frequência o incremento da pressão pulmonar no decorrer da ventilação mecânica devido a cenários de hipoxemia e acidose respiratória, onde o organismo irá buscar formas de compensação para encontrar o seu equilíbrio. Desta forma, a utilização da pressão positiva expiratória final (PEEP) auxilia no aumento da oxigenação arterial e na manutenção dos cuidados enquanto assistência em saúde aos pacientes sob ventilação artificial. Aumento da PEEP Não é incomum associar o aumento da PEEP com a alteração da resistência pulmonar, contudo em alguns diagnósticos, como a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo, este aumento de PEEP integra uma estratégia de tratamento, ocasionando melhora da hipoxemia, por ação direta ocasionando aumento da capacidade residual funcional, devido à abertura de alvéolos colapsados. 12 Aplicação da PEEP Ressaltando, a aplicação da PEEP tem como objetivo manter o pulmão pressurizado por toda a fase expiratória – início ao fim. A PEEP ocasiona resistência ao fluxo expiratório durante o ciclo respiratório, e sua efetividade dependerá do nível de PEEP ajustado frente ao processo fisiopatológico causador do comprometimento da função pulmonar. Estudos demonstram que o uso da PEEP auxilia na resolução da hipoxemia, muito devido ao aumento do fluxo inspiratório alcançado pelo recrutamento das áreas ventiladas. Ocasionando aumento do volume e da complacência pulmonar, otimizando a função pulmonar com aumento da ventilação alveolar e tendência para minimizar o shunt intrapulmonar. Efeito da PEEP no Sistema Vascular Pulmonar Decorrente do Aumento da Pressão Intratorácica Imagem esquemática referente ao aumento do volume pulmonar e seu impacto na resistência vascular pulmonar. Legenda: RVP – Resistência Vascular Pulmonar. Primeiramente tem-se um alvéolo colapsado, devido ao colapso e hipoxemia resultante o organismo libera vasoconstritores afim de realizar vasoconstrição nos locais onde não haja ventilação direcionando o fluxosanguíneo para regiões mais ventiladas (vasoconstrição hipóxica – aumento da resistência pulmonar). Ao ajustar a PEEP de maneira adequado os alvéolos voltam a ventilar e reduz a hipoxemia, consequentemente o fluxo sanguíneo naquela região é reestabelecido reduzindo a resistência vascular pulmonar. No entanto caso a PEEP escolhida seja excessiva ao paciente tem-se o efeito inverso, devido a hiperinsuflação pulmonar os capilares pulmonares são comprimidos resultando em aumento da resistência vascular pulmonar. 13 Legenda: VR (Volume Residual), CRF (Capacidade Residual Funcional), CPT (Capacidade Pulmonar Total). A seguir será apresentado como a pressão intratorácica, as patologias e a alteração dos níveis de PEEP podem atuar na interação cardio pulmonar. De imediato, é necessário ressaltar que durante o processo de ventilação é possível observar o aumento da pressão na região do mediastino, e consequentemente da pressão intratorácica, ocasionando a diminuição da Resistência Vascular Sistêmica (RVS), Compressão das Veias Cavas Superior e Inferior, Diminuição do Enchimento Ventricular e do Átrio Esquerdo (AE) levando, por fim, à Diminuição do Débito Cardíaco (DC). Clique nos links abaixo para conhecer cada um dos três componentes mencionados anteriormente. Pressão Intratorácica A pressão intratorácica elevada e o DC diminuído, refletem na diminuição da pressão arterial média (PAM) que acrescida do cenário de distensão pulmonar, é possível observar o aumento da pressão externa justa cardíaca resultando em aumento das pressões intracavitárias, isso pelo fato da complacência miocárdica e do retorno venoso (RV) estarem diminuídos. 14 A literatura relata possíveis efeitos humorais da VM sobre o sistema cardiovascular que levam a alteração da pressão arterial sistêmica (PAS). Efeitos estes como inibição do fator atrial natriurético e liberação do hormônio antidiurético. Contudo, até o momento a literatura ainda é escassa a fim de elucidar o real papel de interferência destes fatores durante o uso da VM. Vale ressaltar como seria o raciocínio a fim de entender esta afirmação: Aplicação da PEEP durante a ventilação mecânica diminui o RV devido ao aumento da pressão intratorácica. Por meio da resposta neuro-humoral Patologias Desencadeiam em diminuição da complacência pulmonar, o cenário final aguardado é o aumento do trabalho respiratório e do consumo de oxigênio, a fim de garantir adequada troca gasosa. Alterações nos Níveis de PEEP Influenciam diretamente nos valores de capacidade residual funcional (CRF) e na complacência pulmonar -> o nível de aplicação de PEEP é proporcional a resultante do volume alveolar e da pressão transpulmonar, principalmente, no 1/3 inferior dos pulmões. Ocasionando ao final uma maior pressão intra- alveolar que será a resultante do nível da PEEP aplicada, ao final da expiração. 15 reflexa, o fluxo renal diminui levando à retenção de fluidos, promovendo queda do débito urinário e na eliminação de sódio pela urina. Segundo Tkacova R. et al, "A diminuição da diurese relacionada à diminuição da dispensabilidade atrial ocorre devido aos miócitos atriais, que em resposta ao aumento da tensão e distensão atrial, secretam o fator natriurético atrial, que age nos rins com a finalidade de aumentar o fluxo urinário, a excreção de sódio e aumentar o fluxo sanguíneo renal elevando a taxa de filtração glomerular". Com a distensão atrial limitada, ocorre um feedback negativo a este mecanismo, diminuindo o fluxo urinário na tentativa de aumentar o RV. Seguindo o raciocínio, a pressão positiva nas vias aéreas, a concentração no plasma sanguíneo do fator natriurético atrial irá diminuir. Isto é devido ao aumento da pressão intratorácica que interfere no pericárdio, diminuindo a pressão de enchimento diastólico final do VE. Por conseguinte, o átrio se apresentará distendido, informando através dos mecanorreceptores, o sistema nervoso central ocasionando a inibição o hormônio antidiurético (ADH). Com perda extrema de volume do organismo, o rim inicia a síntese, armazenamento e liberação do hormônio renina. Ao identificar a renina na circulação sanguínea, o organismo irá produzir angiotensina I, que por meio da enzima conversora de angiotensina (ACE), transforma em angiotensina II (vasoconstrição sistêmica e o aumento da pressão arterial, devido à constrição dos vasos sistêmicos). Como produto final, vamos observar o aumento do retorno venoso e da resistência vascular sistêmica, evoluindo com o aumento proporcional da contração cardíaca e da fração de ejeção do VE. Podemos citar como principais efeitos cardiovasculares em pacientes submetidos a VM (Barbas CSV): 16 Por fim, a interação cardio pulmonar apresenta relações intrincadas, note a seguir como as mesmas são estabelecidas. Concluindo Pode-se concluir que a PEEP gera aumento na pressão intratorácica com provável diminuição do DC, assim como a diminuição do fluxo pulmonar, aumentando por sua vez a RVP, interferindo no Retorno Venoso Sistêmico (diminuindo), acarretando a diminuição do enchimento ventricular visto a diminuição importante do DC para o AE. A diminuição do RV, a pressão do átrio direito (AD) aumenta causando diminuição da pressão transmural sistólica do VE, reduzindo seu gradiente pressórico refletindo na diminuição do enchimento do VD e do volume sistólico do mesmo. Como consequência a este cenário (aumento da pressão intratorácica), observa-se aumento da pós-carga do VD, redução da RV para a câmara direita do coração, podendo comprimir as veias cava inferior e superior, aumentando a RVP. Assim a VM é uma estratégia de tratamento, aplicada em diversas situações clínicas apresentadas pelo paciente que encontra-se incapaz de manter sua função pulmonar. Segundo Barbas e cols., “o oxigênio arterial ocasiona vasodilatação o que resulta na diminuição da Resistência Vascular Pulmonar (RVP) e por consequência no aumento considerável do DC. Efeitos estes que podem interferir diretamente na fração de ejeção do VE". 17 Considerações Finais Você finalizou a Unidade 1 e com isso foi possível aprender que o desenvolvimento da VM por meio dos seus equipamentos e do manejo cada vez mais preciso no ambiente de terapia intensiva, exige do profissional cada vez mais aprimoramento. Além disso, foi possível iniciar o raciocínio clínico frente as possíveis alterações fisiológicas decorrentes da Ventilação Mecânica a fim de compreender a interação cardio pulmonar. Referências Bibliográficas 1 III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. J Bras Pneumol. 2007;33(Supl 2):S 54-S 70. 2 Carvalho C. R. R, editor. Ventilação Mecânica volume I – básico. São Paulo: Atheneu; 2003. 3 Barbas CSV e cols.Interação cardiopulmonar durante a ventilação mecânica. Rev Soc Cardiol Estado de São Paulo Vol 8 No 3 Mai/Jun 1998. 4 Cordioli et al. Nonconventional ventilation techniques. Curr Opin Crit Care 2013, 19:31–37. 5 Faustino E A. Mecânica pulmonar de pacientes em suporte ventilatório na unidade de terapia intensiva. Conceitos e monitorização. Revista Brasileira de Terapia Intensiva Vol. 19 No 2, Abril-Junho, 2007. 18 6 Porto, Elias Ferrreira; Matos de Castro, Antônio Adolfo; Leite, José Renato de Oliveira; Miranda, Saul Vitoriano; Lancauth, Auristela; Kumpel, Claúdia. Análise comparativa da complacência do sistema respiratório em três diferentes posições no leito (lateral,sentada e dorsal) em pacientes submetidos à ventilação mecânica invasiva prolongada. Revista Brasileira de Terapia Intensiva, 20(3):213-219, 2008. 7 Tkacova R, Liu PP, Naughton MT, Bradley TD. Effect of continuous positive airway pressure on mitral regurgitant fraction and atrial natriuretic peptide in patients with heart failure. J Am Coll Cardiol. 1997; 30: 739-45. 8 Barros AF; Barros LC; Sangean MC; Veja JM. Análise das alterações ventilatórias e hemodinâmicas com utilização de ventilação mecânica não-invasiva com binível pressórico em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva. Arq. Bras. Cardiol. v.88 n.1 São Paulo jan. 2007. 9 Alessandro D Angieri. Histórico da ventilação mecânica. In princípios e práticas de ventilação mecânica. Sarmento 2009.
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