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4. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NCPC

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4. INOVAÇÕES DOS RECURSOS (NOVO CPC) – EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Embargos de declaração: continuam cabíveis quando a decisão judicial contiver obscuridade, contradição ou omissão. O CPC de 2015, ainda, acrescenta a hipótese de cabimento para correção de erro material. Nesse último caso, os embargos, embora admissíveis, nem serão necessários, já que o art. 494, inc. I, estabelece que, publicada a sentença, o juiz poderá alterá-la para corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais ou erros de cálculo. O prazo de interposição continua sendo de 05 dias, devendo o juiz intimar o embargado para contrarrazões apenas quando o eventual acolhimento dos embargos implique modificação da decisão embargada. No mais, o processamento continua igual ao do CPC de 1973. A interposição dos embargos interrompe o prazo de interposição de outros recursos, o que passa a valer também para o Juizado Especial Cível, em que os embargos apenas suspendiam o prazo de outros recursos (art. 1.065).
EMBARGOS DE DECLARAÇÃO
Os embargos de declaração são o recurso (art. 1022 do NCPC), que tem por finalidade aclarar ou integrar qualquer tipo de decisão judicial, que padeça dos vícios de omissão, obscuridade, contradição ou correção de erro material. 
No CPC de 2015, além dos vícios da obscuridade, omissão ou contradição, os embargos de declaração podem ser opostos contra decisão que padecer de erro material, com a finalidade de corrigi-la. Nesse caso, embora caibam embargos, a correção pode ser feita mesmo sem eles, a qualquer tempo e até mesmo de ofício, pelo juiz.
Mas mesmo nessas situações, não há óbice a que a parte interessada possa valer-se dos embargos de declaração para que se façam as correções necessárias.
Sua função precípua é sanar esses vícios da decisão. Não se trata de recurso que tenha por fim reforma-la ou anulá-la (embora o acolhimento dos embargos possa eventualmente resultar na sua modificação), mas aclará-la e sanar as suas contradições ou omissões.
Cabimento
Cabem embargos de declaração contra todo tipo de decisão judicial: interlocutórias, sentenças e acórdãos, proferidos em qualquer grau de jurisdição.
Cabem ainda em todo tipo de processo, de conhecimento, execução, cautelar, de jurisdição contenciosa ou voluntária.
Podem dizer respeito à conclusão, ou aos fundamentos da decisão judicial, uma vez que todas elas devem ser fundamentadas (art. 93, IX, da CF).
O cabimento dos embargos está condicionado a que decisão padeça de um ou mais dos vícios previstos no art.1022, do NCPC: obscuridade, contradição, omissão ou correção de erro material.
“Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para:
I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição;
II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento;
III - corrigir erro material.
Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:
I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento;
II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1o.”
Ao apresentar o recurso, o embargante deverá apontar em que consiste o vício que ele queira ver corrigido. Mas não haverá problema se ele errar na classificação, chamando, por exemplo, de obscuridade o que é contradição, até porque inexistem lindes precisos entre um vício e outro.
Se a parte não opuser embargos de declaração, mas outro recurso, agravo ou apelação, por exemplo, o órgão ad quem, se não puder sanar o vício, terá de anular a decisão ou a sentença, determinando que o órgão a quo profira outra, sem os vícios da primeira.
Obscuridade - É a falta de clareza do ato. As decisões judiciais devem ser tais que permitam a quem as lê compreender o que ficou decidido, a decisão e os seus fundamentos.
Contradição - É a falta de coerência da decisão. Pode manifestar-se de várias maneiras: pela incompatibilidade entre duas ou mais partes do dispositivo, duas ou mais partes da fundamentação, ou entre esta e aquele. O juiz exprime, na mesma decisão, ideias que não são compatíveis, conciliáveis entre si. De certa forma, a contradição leva também à obscuridade.
Omissão - Haverá omissão se o juiz deixar de se pronunciar sobre um ponto que exigia a sua manifestação. A decisão padece de uma lacuna, uma falta. Não constitui omissão a falta de pronunciamento sobre questão irrelevante ou que não tenha relação com o processo. O juiz é obrigado a examinar todos os pedidos formulados pelo autor, na petição inicial, e pelo réu, em reconvenção ou em pedido contraposto.
Inexatidões materiais - são erros de grafia, de nome, de valor etc.; por exemplo, trocar o nome do réu pelo do autor, ou dizer que julga a demanda ‘improcedente’ para condenar o réu conforme pedido na inicial, ou acrescer inadvertidamente um zero no valor da condenação, ou identificar de modo equivocado o imóvel sobre o qual as partes litigam etc. ‘Erros de cálculo’ são equívocos aritméticos que levam o juiz a concluir por valores mais elevados ou mais baixos; não há erro de cálculo, mas de critério, na escolha de um índice de correção monetária em vez de outro (‘error in judicando’).
Requisitos de admissibilidade
Os embargos de declaração serão opostos no prazo de cinco dias, por qualquer dos legitimados, a contar da data em que as partes são intimadas da decisão. Não há recolhimento de preparo.
A sua apresentação interrompe o prazo para apresentação de outros recursos, tanto para quem os interpôs como para os demais litigantes, ainda que o recurso não seja admitido. Mas, se forem interpostos de má-fé, o embargante ficará sujeito à multa, que será de 1% do valor da causa, podendo elevar-se a 10% em caso de reiteração.
A interposição de qualquer outro recurso fica condicionada ao recolhimento da multa. Mas a Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu que isso só ocorrerá em caso de embargos reiteradamente protelatórios.
O CPC de 2015 altera o art. 50 da Lei dos Juizados, para que também nos Juizados Especiais a interposição de embargos de declaração interrompa o prazo para outros recursos (art. 1.065) e não apenas suspendam.
Processamento dos embargos
São apresentados por petição, perante o juízo ou tribunal que prolatou a decisão. No Juizado Especial, poderão ser opostos oralmente ou por escrito (art. 49, da Lei n. 9.099/95).
O embargante deverá fundamentá-los, indicando qual o vício de que a decisão padece.
O juiz fará um juízo de admissibilidade; se não preenchidos os requisitos, não conhecerá do recurso. Se o conhecer, passará a julgar o mérito, dando-lhe ou negando-lhe provimento, conforme constate ou não a existência dos vícios apontados. Ao dar provimento aos embargos de declaração, o juiz deve afastar os vícios de que a decisão padece: se há contradição ou obscuridade, prestará os esclarecimentos necessários; se há omissão, deve saná-la, examinando o que não fora apreciado antes, se há erro material, corrigí-lo.
Não há óbice a que, contra a decisão prolatada nos embargos sejam opostos novos embargos de declaração, para apontar qualquer dos vícios mencionados pela lei.
Discute-se sobre a necessidade de dar vista ao embargado, para que ele apresente contrarrazões. Predomina o entendimento de que isso não é necessário, salvo se, com os embargos forem juntados novos documentos, ou se do seu acolhimento, puder resultar modificação do que ficou decidido.
Apresentados os embargos, e colhidas as contrarrazões quando necessário, o juiz terá prazo de cinco dias para julgá-los.
Efeitos dos embargos de declaração
Eles têm efeito devolutivo, porque devolvem ao conhecimento do juízo ou tribunal prolator da decisão o conhecimento daquilo que é objeto do recurso.
No CPC de 2015, eles não têm efeito suspensivo, que poderá ser deferido excepcionalmente pelo juiz ou relator se demonstrada a probabilidade de provimento do recurso, ou, sendo relevante a fundamentação, houver risco de dano grave ou de difícil reparação.Os embargos de declaração têm efeito translativo. Ao examiná-los, o julgador poderá conhecer de ofício de matérias de ordem pública, ainda que estas não sejam objeto dos embargos.
Embargos de declaração com efeito modificativo (também chamado de efeito infringente)
Excepcionalmente, poderão ter efeito infringente, para corrigir erros materiais, detectáveis de plano.
A finalidade dos embargos de declaração é sanar obscuridades, contradições, omissões ou erros materiais de que a decisão padeça. Ao acolhê-los, o juiz afastará os vícios, sanando-os. Pode ocorrer que haja alteração do conteúdo da sentença, como consequência natural da solução do vício.
Por exemplo, pode ocorrer que o juiz tenha sido omisso ao examinar uma das causas de pedir ou dos fundamentos de defesa e que, ao apreciá­-los, nos embargos, decorra alteração no que ficou decidido.
Prevalece amplamente o entendimento de que os embargos de declaração não têm essa função. Eles não podem ser utilizados para que o juiz reconsidere ou reforme a sua decisão. Podem, se acolhidos, implicar na alteração do julgado, desde que isso advenha do afastamento dos vícios apontados, mas não por mudança de convicção.
Excepcionalmente, porém, tem-se admitido que eles possam ter efeito modificativo (também chamado efeito infringente) exclusivamente quando a decisão contiver erro material ou erro de fato, verificável de plano.
São exemplos: o tribunal deixou de conhecer recurso de apelação, por intempestividade, sem observar que havia um feriado forense, na cidade em que foi apresentado; a sentença extinguiu o processo sem julgamento de mérito por inércia do autor, quando ele tinha peticionado, tomando as providências necessárias para dar-lhe andamento, mas o cartório, por equívoco, não havia juntado aos autos a petição.

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