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Dunas Morfodinâmica Costeira Profª Débora Machado Introdução Dunas costeiras ocorrem em costas arenosas por todo mundo, desde que estas regiões possuam suprimento sedimentar suficiente, taxas de precipitação acima de 400 mm, necessárias para o desenvolvimento de plantas, e tenham vento suficiente para transportar partículas sedimentares; Costas progradacionais são ideais: acresção Funções Proteção Costeira Cassino – 04/09/2006 Elaine Goulart Funções Habitat Elaine Goulart Localização Limite da maré alta até 10 km em direção ao continente; Elaine Goulart Tamanho Altura - 1m até 30 m; Geralmente a face voltada para o vento – barlavento - menos inclinada e a face protegida do vento – sotavento, mais abrupta. Elaine Goulart Crescimento de Dunas Condições necessárias: Ventos em direção ao continente; Suprimento sedimentar abundante; Vegetação. Interação Vento x Areia Velocidade do vento (u*); Atrito com a superfície; Diminui exponencialmente; Irregularidade superficial efetiva: Z0 – altitude onde u* = 0 Irregul. superf. Efetiva: Z0 Perfil de veloc. acima da superfície de areia e o mesmo perfil plotado em escala logarítmica Irregul. Superf. Efetiva: Z0 Praia lisa, sem movimento da areia: Z0 = 1/30 do diâmetro médio do grão; d = 1mm Z0 = 0,003mm Irregul. Superf. Efetiva: Z0 Papel da vegetação: Fixação da areia. Irregul. Superf. Efetiva: Z0 Perfil logarítmico da veloc. do vento, em várias superfícies (grama, duna, areia desprotegida, concha), mostrando as mudanças na rugosidade e altura de Z0 O movimento do grão de areia u*critico: velocidade mínima para transportar sedimento; u*critico ~ raiz do diâmetro do grão; u* >= u*crítico Grãos acima de Z0 começam a se mover. O movimento do grão de areia Saltação: A camada superior (da superfície da praia) tem grãos de diferentes diâmetros que se projetam para cima, através da fina camada z0, para o perfil de velocidade; Quando uma certa velocidade crítica de cisalhamento é atingida, estes grãos, cujo diâmetro estão no limite ou abaixo do tamanho crítico para o início do movimento, começarão a se mover; A medida que se movem, encontram outros grãos maiores, imóveis. O impacto ejeta os menores para cima (verticalmente). Esse evento menor, dispara o gatilho para o mecanismo de saltação. O movimento do grão de areia Saltação: O movimento do grão de areia Saltação: VIDEO O movimento do grão de areia Ondulações de areia (sand ripples) Comprimentos de onda entre 2 e 12 cm; Altura entre 1 e 2 cm; Padrão ondulado aumenta com a velocidade do vento; Vento muito forte tende a desaparecer. O movimento do grão de areia O processo de saltação dá origem ao início de formação das dunas O movimento do grão de areia Arrasto Superficial: Grãos muito grandes; até 6 vezes maiores do que o grão de saltação; podem sofrer um empurrão para a frente nesse processo. A quantidade de areia movida no processo é relativamente pequena (1/4 da areia total). (3/4 do total move-se por saltação). Suspensão: Grãos muito pequenos (<0.2mm); Veloc. queda menor que as velocs. dos redemoinhos turbulentos do escoamento do ar; Ficam em suspensão pelas correntes de ar/água. Trasporte de areia (q) A quantidade de areia transportada por unidade de largura de praia por unidade de tempo, está relacionada com o cubo da velocidade de cisalhamento. Onde: q= peso de areia movida por unidade de tempo; C= constante (1,5 - areia bem selecionada; 1,8 – areia moderadamente selec; 2,8 – pobremente selec.); D= diâmetro médio do grão e u*= velocidade de cisalhamento durante a saltação. 3 ** *q C d u Trasporte de areia (q) u* = 50 km/h q = 0,5 ton/m/h; u* = 58 km/h q = 1 ton/m/h; aumento de 16% em u* 100% em q. Isto mostra quão sensível é o transporte de areia à mínima variação da velocidade do vento. 3 ** *q C d u Relação Spray salino e Vegetação Determinadas espécies vegetais conseguem tolerar maior quantidade de spray salino; O tipo de arrebentação está diretamente relacionado a este processo, ou seja, ao estágio praial (dissipativo, intermediário e reflectivo); Costa et al. (1996) encontraram como espécies dominantes em dunas costeiras do litoral sul do Rio Grande do Sul: Panicum racemosum, Blutaparon portulacoides, Paspalum vaginatum, Spartina ciliata e Hydrocotyle bonariensis. Formação de dunas Processos Físicos: Dunas se formam da areia marinha transportada para praia das zonas de antepraia e surf; Short e Hesp (1982) mostraram que o processo de desenvolvimento das dunas é mais intenso em estirâncios dissipativos; A amplitude de maré é importante, por expor uma área intermareal, que quando seca, servirá de fonte. Classificação das dunas cost. Hesp (2000): Dunas Embrionárias; Dunas Frontais; Corredores de Deflação (blowouts); Dunas Parabólicas; Campos de Dunas. OBS: Deflação: Erosão pelo vento com a retirada de material mais fino, superficial. Classificação das dunas cost. Dunas Embrionárias: São formadas quando os sedimentos, que estão em transporte por saltação, encontram algum obstáculo e ocorre a deposição. Estão na porção superior do pós-praia, sendo representadas por montículos. Classificação das dunas cost. Dunas Embrionárias: Vegetação típica de dunas embrionárias, possuindo tolerância ao spray salino na zona de pós-praia; Aumenta o Z0 e a deposição; Primeiro estágio de formação de dunas frontais. Blutaparon Classificação das dunas cost. Dunas Embrionárias: Classificação das dunas cost. Dunas Frontais: Formam-se a medida que as dunas embrionárias crescem verticalmente e lateralmente; Ocorre mudança na vegetação; Principais causas da mudança de vegetação: as pioneiras não conseguem atingir o lençol freático a medida que a duna ganha altura e as novas espécies suportam condições mais áridas; Dunas embrionárias e frontais existem como unidades separadas; Classificação das dunas cost. Dunas Frontais: Com o crescimento da vegetação, os grãos de sedimentos que saem da superfície necessitam atingir alturas mais elevadas para atingir o perfil de vento. Panicum Racemosum Classificação das dunas cost. Dunas Frontais: Cordões paralelos à praia; Porção superior do pós praia Exemplos de dunas frontais: Litoral norte do RS 2,5m 5 m Classificação das dunas cost. Dunas Frontais: Litoral norte – ao sul de Cidreira. Dunas Altas. Mar Grosso – São José do Norte Classificação das dunas cost. Estágio 1 - Duna frontal estável bem vegetada; Estágio 2 - Caracterizado pela menor cobertura vegetal (75 - 90%), variação lateral na densidade vegetal (alternância de locais com e sem vegetação, formando canais ou aberturasao longo do cordão) e presença de escarpas erosivas na base das dunas; Dunas Frontais: Classificação das dunas cost. Estágio 3 - Duna frontal estável, tipo cristas; Estágio 4 - Caracterizado por cordões parcialmente vegetados (20 - 45%) e uma maior variabilidade topográfica em relação ao estágio 3, com médios a grandes blowouts (corredores de deflação) além de planícies de areia e bacias de deflação; Estágio 5- Dunas altamente erosivas. Dunas Frontais: Elaine Goulart Interação Onda - Praia - Duna Perfil Subaéreo da Praia (Pós-Praia) Praias dissipativas: A morfologia do trecho subaéreo é caracterizada por um pós-praia e face praial larga, plana ou levemente inclinada. Mínimos distúrbios no fluxo do vento ocorrem através desta praia e o transporte pelos ventos onshore são máximos, principalmente durante a maré baixa. Perfil Subaéreo da Praia (Pós-Praia) Praias intermediárias: A face da praia é relativamente inclinada em praias moderadamente refletivas e baixa em praias moderadamente dissipativas; Além disso, as variações ao longo da costa podem ser visíveis (praias refletivas megacúspides); O pós-praia pode ser relativamente plano, embora estejam frequentemente presentes canais; Com o aumento da dissipação das ondas, o gradiente subaéreo aumenta em largura e diminui em inclinação, causando distúrbios nos perfis de vento. Perfil Subaéreo da Praia (Pós-Praia) Praias refletivas: A morfologia subaérea é caracterizada por uma berma e/ou cúspides íngremes (crista de berma) e a parte posterior da berma, plana ou levemente inclinada e normalmente estreita. A velocidade aumente rapidamente acima da face da berma e um jato forte de vento existe na crista da mesma. Após a crista, os ventos são reduzidos acima do canal. Perfil Subaéreo da Praia (Pós-Praia) Onda-Praia-Duna: Classificação Foram apontados três modelos de praia: dissipativas, intermediárias e refletivas (alta energia de onda, moderada e baixa, respectivamente); Cada estágio praial é caracterizado por uma combinação particular da morfologia e dinâmica; As praias analisadas por Short e Hesp (1982) mostraram evidências sobre a relação entre modelo da zona de surf / morfologia da praia, morfologia da duna frontal e volume da duna. Onda-Praia-Duna: Classificação Praias dissipativas: São caracterizadas por alta energia de ondas; Zona de surf larga com bancos e cava paralelos; Baixo gradiente; Baixa mobilidade; Mínimo distúrbio no fluxo de vento; Alto potencial no transporte de areia e, portanto potencial elevado na formação de dunas frontais altas; Com o passar do tempo (centenas de anos) o alto potencial das ondas no transporte de areia fornece grande volume de sedimentos para a formação das dunas. Onda-Praia-Duna: Classificação Praias intermediárias: São caracterizadas por energia de ondas moderadas; Zona de surf complexa, consistindo ritmicidades tridimensionais incluindo bancos e cavas crescentes e, variando em escala, há presença de correntes de retorno; A morfologia de uma praia intermediária oscila entre dissipativa e refletiva; A mobilidade tende de moderada para alta com o declínio da energia de ondas. Distúrbios no fluxo do vento aumentam com o aumento do gradiente da praia. Onda-Praia-Duna: Classificação O transporte de areia e o tamanho da duna frontal diminuem com tendência a praias intermediárias; Com o passar do tempo, a diminuição da dissipatividade da praia reduz o potencial no transporte de areia pelas ondas e pelo vento. Praias refletivas: São caracterizadas por baixa energia de ondas, mínima zona de surf, um alto gradiente, estreita, baixa mobilidade na parte subaérea da praia; alto distúrbio no fluxo do vento, baixíssimo potencial de transporte de areia pelas ondas e vento e dunas frontais baixas. A formação de cordões de dunas é limitado a inexistente. Blowouts (corredores de deflação) Blowouts são estruturas erosicionais em dunas costeiras; Blowouts (corredores de deflação) Caracterizam-se por uma bacia de deflação funda com erosão lateral e um lobo de deposição na direção onshore. Todo material erodido é depositado imediatamente na direção do vento em forma de lobos deposicionais (Hesp e Hyde, 1996); Saucer blowout (pires): semi-circular com concavidade rasa, desenvolvendo-se em planícies com baixa inclinação e em cristas de dunas; Trough blowout (depressão): são mais alongados, com depressão mais profunda e com sua bacia e laterais mais erodidas e mais inclinadas. Blowouts (corredores de deflação) Saucer blowout (pires) Trough blowout (depressão) Blowouts (corredores de deflação) Forma de Pires (Saucer) Depressão Início do Blowouts Erosão por ondas seguido de aceleração do fluxo do vento e deflação; Aceleração topográfica do fluxo de ar. Regiões baixas das dunas; Mudanças no clima e períodos de estiagem prolongada; Alta velocidade de vento; Mudanças na vegetação ou variação na densidade; Erosão por água e Atividades humanas. Função da cobertura vegetal A formação dos corredores de deflação está diretamente relacionada a cobertura vegetal. Caso haja redução da vegetação e subsequente erosão, ocorre os primeiros estágios de formação de um blowout; Causas da redução da vegetação: Tempestades; Animais; Atividade humana (trafegabilidade). Dunas parabólicas Dunas em forma de U ou V Dunas parabólicas Tipicamente se desenvolvem a partir de um blowout; Lobo deposicional migra na direção do vento. Campos de dunas transgressivas Formam-se em costas com grande input de sedimentos; Ventos fortes; Desestabilização das dunas frontais. Campos de dunas transgressivas Migram onshore / alongshore; Vegetados, parcialmente vegetados ou não vegetados. Forma dos campos de dunas Barcanas: Sedimento não tão abundante; Ausência de vegetação; Direção do vento cte. Forma dos campos de dunas Transversais: Sedimento abundante; Ausência de vegetação; Direção do vento cte; Aumento do sedimento: Barcanas transversais Forma dos campos de dunas Estrela: Sedimento abundante; Vento muito variável.
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