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Deltas Morfodinâmica Costeira Profª Débora Machado Rio Mississipi Introdução Historiador grego Herodutus em 450 A.C., aplicou o termo para os depósitos aluviais na foz do rio Nilo. Aluvial: Originam do intemperismo - deposição de sedimento transportado pelo rio Introdução Ambientes deltaicos abrangem uma variedade de regiões: Regiões de micromaré com inexpressiva ação de ondas; Ambientes de macromaré; Ambientes tropicais úmidos onde a vegetação é abundante e os processos biológicos e químicos são de primeira importância; Ambientes árticos, onde a atividade biológica é secundária. Introdução Apesar desta “variedade de ambientes”, deltas se formam quando: “Um rio fornece sedimentos para a costa e plataforma interna mais rapidamente do que estes possam ser removidos por processos marinhos”, ou seja, os sedimento se acumulam ao entrar na bacia oceânica. Enorme quantidade de sedimento para a costa; 1% das costas mundiais. Definição “Acumulações costeiras, subaquosas e subaéreas de sedimento derivados de rios adjacentes ou muito próximos a fonte, incluindo depósitos que têm sido moldados por ondas, correntes e marés”. Englobam quase todas as formas de acumulações costeiras: Barra de foz de rios; Baías abertas e confinadas; Planícies de maré; Canais distributários; Praias; Dunas; Pântanos.... Rio Burdekin – Austrália Rio Ganges - Brahmaputra Ocorrência Ocorrem quando uma corrente entra em uma bacia receptora, que pode ser: Oceano; Golfo; Bacia; Estuário; Lagoa. Precisa ter uma vasta bacia de drenagem Ocorrência Pré requisitos para ocorrência Precisa ter uma vasta bacia de drenagem Necessidade de uma grande área de coleta: A média da área das bacias dos maiores rios é um pouco inferior do que 106 Km2; A bacia do Mississipi cobre 41% da área continental dos EUA (3.3x106 Km2). Sistema de rios que carregue quantidades substanciais de sedimentos clásticos Depende da natureza da bacia de drenagem (clima, geologia, relevo e área são determinantes); Não estar próximo a divisores de drenagem Clásticos: fragmentos de rochas que foram erodidos pelo intemperismo Ocorrência Ocorrência De acordo com Inman e Nordstron (1971) dos 58 maiores rios (área de drenagem maior que 106 Km2): 46,6% ocorrem ao longo de margens passivas americanas; 34,5% ao longo de costas marinhas marginais (protegidos por arcos de ilhas Ex.: Vietnã, Sul da China e Coréia); 8,6% ao longo de margens passivas africanas (baixo potencial de erosão Ex.: costa Atlântica da África e costa da Índia); Ocorrência 1,7% rifts (fendas) como o Mar Vermelho e Golfo da Califórnia; Somente 8,6% entram no mar ao longo de costas de colisão onde: a atividade tectônica é alta e divisores de drenagem estão caracteristicamente próximos ao mar. Ocorrência Maiores Deltas no mundo Características gerais Delta subaquoso Planície deltaica: Sedimento mais grosso. Pró-delta (parte mais distal marinha do delta subaquoso): Sedimento mais fino; Feições dependem da dinâmica dominante. Avança para o oceano a medida que o delta prograda. Características gerais Delta subaéreo Bifurcações em canais distributários: Quanto menor a declividade, mais bifurcações Planície superior Acima da maré cheia; Depósitos de sedimentos aluviais: Maré meterológicas; Cheias do rio; Diques naturais; Ilhas e lagoas. Planície Inferior: Praias, dunas, barreiras: dependem da dinâmica costeira. Características gerais Processos Deltaicos Padrões deposicionais e morfologia deltaica são produzidos pela interação de fatores dinâmicos como: Difusão na foz de rios; Processos de desaceleração do fluxo; Processos de transporte associado à maré; Processos ondulatórios e suas modificações próximo a costa; Correntes costeiras; Fatores geológicos, climatológicos e biológicos. Processos de Foz de Rio Um sistema de foz de rio consiste em: Uma saída onde o rio abandona o canal confinado; Depósito de barra associada à foz. O sistema morfodinâmico é determinada por: Características do fluxo do rio; Contrastes de densidade entre os efluentes e o meio receptor; Profundidade da lâmina d’água; Declividade do fundo na porção marinha; Amplitude da maré; Ondas. Processos de Foz de Rio A difusão dos efluentes e os padrões de dispersão dos sedimentos depende de três forças principais: Inércia da água do rio e a difusão turbulenta associada; Fricção entre o efluente e o fundo (logo após a saída); Flutuabilidade (função dos contrastes de densidade); O significado relativo de cada um desses fatores depende: Velocidade do fluxo; Estratificação de densidade; Geometria da saída. Processos de Foz de Rio Fluxos de rios podem ser: HIPOPICNAL Densidade do efluente < densidade da bacia receptora; HOMOPICNAL Densidade do efluente = densidade da bacia receptora; HIPERPICNAL Densidade do efluente > densidade da bacia receptora. Processos de Foz de Rio HIPOPICNAL: Ex.: Rio com quantida- des relativamente pe- quenas de material em suspensão entrando no mar. Processos de Foz de Rio HOMOPICNAL: Ex.: Rio com pouco sedimento entrando num lago. Inércia domina; jato turbulento; Sedimento grosso depositado radialmente próximo a foz do rio como barras-não muito comum em deltas marinhos; Somente em períodos de alta descarga. Processos de Foz de Rio HIPERPICNAL: Ex.: Rio com carga elevada de sedimentos em suspensão, ou saída de lagoas hiper- salinas. Águas carregadas de sedimento deslizam no fundo como correntes de turbidez — cheias repentinas ou Fluxos de gravidade. Processos de Foz de Rio 3 tipos de Jato: JATO TURBULENTO AXIAL (Profundidade da bacia receptora permite desenvolvimento vertical e horizontal do jato) Alta velocidade da água; Profundidades relativamente elevadas na foz dos rios; Mínimos contrastes de densidade; As forças de inércia dominam e o efluente se espalha e difunde-se como jato turbulento. Processos de Foz de Rio JATO TURBULENTO PLANO (o fundo da bacia receptora restringe a expansão vertical – expande mais horizontalmente) Profundidade rasa A difusão turbulenta fica restrita a horizontal; Fricção com o fundo desempenha o papel principal na desaceleração e expansão do efluente. JATO FLUTUANTE Estratificação de densidade A flutuabilidade do rio torna-se dominante e os efeitos da fricção ficam minimizados. Processos de Foz de Rio O tipo de jato depende da razão Ho/Hb Jatos turbulentos axial x plano Ho/Hb Onde: Ho= prof. do canal; Hb= prof. da bacia receptora. Ho/Hb << 1 Jato axial Processos de Foz de Rio Jatos Turbulentos Axiais Redemoinhos turbulentos são gerados nos limites dos efluentes: Sistema bilateral de troca de momentum entre efluente e água do ambiente; A região de turbulência aumenta em direção ao mar; Momentum Velocidade do fluxo de saída capacidade de transporte Deposição do sedimento Processos de Foz de Rio O jato consiste em: Zona de estabelecimento de fluxo: Núcleo de velocidade constante até o ponto onde a fricção alcança o ponto central do efluente; Zona de fluxo estabelecido: Transversalmente ao efluente a velocidade de fluxo de saída tem valor máximo na linha central e zero nos limites dos efluentes; O perfil de velocidade segue uma distribuição de Gauss. Processos de Foz de Rio Alpertson e outros (1950): Xe: comprimento da zona de estabelecimento de fluxo; Xe = 6,2 x diâmetro da saída b0 (jato axial) Xe = 5,2 x b0 (jato plano); No ambiente, a fricção com o fundo diminui Xe, podendo chegar a 4 x b0 (jatos planos). Processos de Foz de Rio Morfologia do depósito (Jatos axiais) Velocidade do fluxo de saída capacidade de transporte Deposição do sedimento Sedimentos em suspensão são depositados radialmente a maiores distâncias do núcleo de velocidades constantes; Carga grosseira é depositada a um ângulo logo após o ponto onde a expansão do efluente começa. Processos de Foz de Rio Processos de Foz de Rio Jatos Turbulentos Planos (e o efeito da fricção com o fundo) Descarga contínua de sedimentos na foz do rio dentro da bacia receptora pode levar a uma diminuição na profundidade logo após a foz; Aumento da razão H0/Hb; Difusão e expansão estão restritas a horizontal como um jato plano; O fundo introduz efeitos adicionais de fricção; Resulta numa desaceleração mais rápida e uma expansão maior do que a calculada pela teoria dos jatos; Esse tipo de saída pode ocorrer: Correntes entrando em lagos de água doce; Inlets de maré não estratificados; Saídas onde a mistura por maré ou outras forças marinhas destroem os gradientes de densidade. Processos de Foz de Rio Processos de Foz de Rio Morfologia do depósito (fluxo dominado por fricção) Fluxo entrando numa bacia rasa barras e levees (“diques”) subaquosos; Inicialmente, a alta taxa de expansão do efluente produz uma larga barra radial arqueada; A medida que a deposição continua, levees subaquosos se desenvolvem nos limites do efluente onde os gradientes de velocidade são maiores; Esses levees tendem a inibir qualquer aumento na taxa de expansão. Processos de Foz de Rio Processos de Foz de Rio Jatos Flutuantes (e o papel da flutuabilidade) Saída de foz de rios onde existe estratificação de densidade; A estratificação isola o efluente dos efeitos de fricção com o fundo; A expansão do efluente acontece principalmente em resposta às forças de flutuabilidade; Expansão lateral em direção ao mar Diferença de pressão superelevação da água mais leve em relação à do ambiente; A expansão lateral é acompanhada por afinamento vertical, a fim de satisfazer a continuidade. Processos de Foz de Rio Processos de Foz de Rio Geometria deposicional Lenta taxa de desaceleração Crista da barra (deposição mais rápida de material grosseiro); Longe da saída do efluente (4 a 6 vezes a largura da saída ). Processos de Foz de Rio Processos de Foz de Rio Jato Axial Jato Plano Jato Flutuante Efeitos das Ondas (na foz do rio) Efluentes indo em direção ao mar: Aumento do shoaling; Redução da velocidade de fase e no comprimento; Super esbeltez rompimento prematuro da onda; Ataque de ondas moderado a alto Mistura vertical intensa; Eliminação a estratificação por densidade; Redução o papel da flutuabilidade; Efeitos das Ondas (na foz do rio) Exemplos de deposição típicos de foz de rios dominados por ondas : Diminuição rápida da velocidade do efluente + retrabalhamento das ondas em direção à praia: Barra a curta distância da foz; Processos de transporte induzidos por ondas: Redistribuição lateral de sedimentos; Retilinização da configuração da barra numa forma irregular arqueada; Efeitos das Ondas (na foz do rio) Arrebentação dissipativa migração de sedimentos para a praia em forma de barras de swash Se soldam a praia adjacente a foz, causando a constrição da saída; Deposição rápida ao longo dos flancos do efluente diques subaquosos. Efeitos das Ondas (na foz do rio) Foz de Rios em Macromaré Mistura desfaz a estratificação vertical; Efeitos de flutuabilidade são negligenciáveis; Transporte bidirecional de sedimentos; Variações na posição da interface terra-mar; Zona de interação mar–rio é amplamente extendida tanto vertical como horizontalmente; Formação de cordões submarinos (lineares) paralelos à direção de saída do fluxo do rio: As cristas frequentemente expostas em maré baixa e podem variar de 10 a 20 m em relevo; Forma de funil. Foz de Rios em Macromaré Foz de Rios em Macromaré Exemplos de deltas com padrões de deposição altamente influenciados por maré: Ord (Austrália) Shat Al Arab (Iraque) Ganges Brahmaputra (Bangladesh) Yangtze (China) Foz de Rios em Macromaré Rio Ord (Austrália) Rio Ganges - Brahmaputra Processos Dominantes Processos de desenvolvimento da planície deltaica Rio dominante: Padrão de distribuição progradante em ramificação com feições interdistributárias, consistindo de baias abertas e pântanos (Mississipi); Ações marinhas dominantes (ondas, marés e correntes costeiras): Sedimentos são redistribuídos e remodelados em feições e formas que expressam um equilíbrio morfodinâmico de acordo com o processo em particular. Processos Dominantes Efeito das ondas: Delta de Jaba (Nova Guiné); Efeito das correntes costeiras (foz do Amazonas): desenvolvimento de uma protuberância na parte marinha foi truncada pela forte corrente das Guianas que flui para NW sobre a frente deltaica; Outros processos e controle Mudanças do delta ativo e perda de pântanos; Influência antrópica; Rio Mississipi – Rio dominante EUA Delta de Jaba– Efeito de ondas Nova Guiné Delta do Amazonas – correntes Delta do Amazonas O delta do Amazonas preencheu uma baia de 500.000 Km quadrados, mas a protusão em direção ao mar foi inibida pela corrente das Guianas — sedimento vai para o Suriname, Guiana Francesa (centenas de quilometros para o norte) — mudflats - praias de baixa Energia. Wright e outros: Comparação de 34 sistemas de rios Morfologia da foz do rio; Planície deltaica; Morfometria do delta; Regime de ondas; Deltas tendem a se agrupar em famílias Modelos Deltaicos Modelo Mississipi – Tipo I (dominado pelo rio); Modelo Mahakan (intermediário – rio e maré); Modelo do Ord – Tipo II (dominado por maré); Modelo do Burdekin – Tipo III (moderada energia de ondas e marés); Modelo do Shoalhaven - Tipo IV (intermediário); Modelo do São Francisco – Tipo V (ondas); Modelo do Senegal – Tipo VI (alta energia de ondas e transporte litorâneo ativo). Modelos Deltaicos Modelos Deltaicos Slides Profª. Elaine Goulart Slides Prof. Lauro Calliari O delta ativo um ou mais sistemas de foz de rios, nos quais a deposição do pró-delta e da frente deltaica estão acoplados,além de uma rede distributária, depósitos marginais e linha de praia deltaica. A foz do rio é o elemento fundamental porque é o ponto de disseminação dos sedimentos que contribuem para a progradação deltaica Lei de Gilbert (1884) “A capacidade e competência de uma corrente para transportar detritos é aumentada ou diminuída pelo aumento ou diminuição da velocidade”. Se o canal é estável ou confinado, pode progredir na porção marinha como um distributário simples digitado, ou pode se bifurcar e reunir novamente. Bifurcação tende a ser mais comum quando: Gradientes offshore são planos Carga sedimentar consiste numa alta porção de sedimentos grosseiros Progradação rápida dos distributários + rápida subsidência + baixa energia de ondas próxima a praia ocupação das áreas interdistributárias por baias rasas ou fechadas (Mississipi) Subsidência é lenta bacias podem se tornar preenchidas por pântanos ou mangues Em muitos deltas árticos, prevalecem lagos de água doce (Colville) Macromaré + clima árido planícies evaporíticas, interdistributários separando canais e riachos de maré (Shatt-al- Arab) Influência de maré + clima úmido riachos de maré, vegetação densa e planícies lamosas (Ganges- Brahmaputra) Alta energia periódica de ondas alternada com rápida progradação deltaica planos interdistributários de largo espaçamento, chenier- like beach ridges separados por largas planícies de maré ou superfície de pântanos (Burdekin) Energia de ondas persistente: Planícies arenosas contínuas de cordões arenosos ou dunas Linha de praia é o limite do delta subaéreo Linhas de praias efêmeras e instáveis a respeito de sua posição Alta energia de ondas: Ondas poderosas sugam o delta que esta avançando Redistribuem os sedimentos deltaicos Linha de praia tende a ser reta ou levemente arqueada e a tomar a forma de uma praia arenosa (Delta do São Francisco) Deltas progradantes com ação mínima de ondas: Linha de praia crenulada ou altamente irregular (Mississipi) Pântanos ou planícies de lama Rio Mississipi (Estados Unidos) Progradação rápida, baixa energia de onda,alta subsidência= ocupação das areas interdistribuitários por baías abertas ou fechadas Delta do Colville-Ártico Interdistributários com lagos de água doce Rio Ganges – Brahmaputra (India) Clima úmido,rede Intrincada de canais de maré,com planícies de maré altamente vegetadas Dominado por maré em clima úmido Rio Shat al Arab - Iraque Alta variação de maré em clima árido-evaporitos ou planícies sem vegetação entre os distributários. Rio Burdekin – Austrália Energia de onda periódica,alternada com rápida progradação deltaica,produz Planícies interdistributárias com chenniers tipo beach ridges que são separadas por planícies de maré ou pântanos. Rio São Francisco (Brasil) Energia de onda mais forte e persistente forma planícies arenosas com beach ridges sucessivas (cordões) ou mesmo com dunas.
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