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* * * - A. 2 - A CANA-DE-AÇÚCAR COMO MATÉRIA-PRIMA: ASPECTOS GERAIS, CONSTITUIÇÃO MORFOLÓGICA E ANATÔMICA; COMPOSIÇÃO TECNOLÓGICA DA CANA; ASPECTOS DA QUALIDADE DA MATÉRIA-PRIMA E DETERIORAÇÃO DA CANA-DE-AÇÚCAR Guia para Iniciação ao Estudo da Agroindústria Sucro-alcooleira * * * 1. ASPECTOS GERAIS Cana-de-açúcar família gramíneas (5000 espécies de plantas) Classificação: Reino ............................................ Vegetal Divisão .......................................... Espermatófita ou Famerogama Sub-divisão ................................... Angiospermae Classe ............................................ Monocotiledoneae Ordem ........................................... Sacotes ou Gramiflores Família .......................................... Gramineae Tribo ............................................. Antropogoneae Sub-tribo ....................................... Saccharinae Gênero .......................................... Saccharum Espécie .......................................... Saccharum officinarum L. Saccharum epontaneum L. Saccharum robustum Jewiet queda da fertilidade do solo; criação de condições físicas desfavoráveis do solo; efeito acumulativo de moléstias e pragas; existência de moléstias sem sintomas ou não-identificada; condições biológicas desfavoráveis no solo. “Declínio” varietal * * * Identificação e distribuição varietal plantadas e cultivadas no Estado SP: : RB - República do Brasil, PMGCA/UFSCar SP - São Paulo, Coopersucar IAC - Instituto Agronômico de Campinas - Safra 2000/01 Principais variedades: RB 72454, SP 70-1143, SP 79-1011, RB 785148, entre outros. Identificação varietal (Sigla) Ex.: RB 72454 Área de plantio (a) Área cultivada (b) Sigla da República do Brasil ano do cruzamento posição da planta no experimento Gráfico4 36.4 56.6 0.2 6.8 Plan1 36.4 SP 36.4 40.4 SP 56.6 RB 56.6 47.2 RB 0.2 IAC 0.2 0.2 IAC 6.8 outros 6.8 12.2 outros Plan1 Plan2 Plan3 Gráfico5 40.4 47.2 0.2 12.2 Plan1 36.4 SP 36.4 40.4 SP 56.6 RB 56.6 47.2 RB 0.2 IAC 0.2 0.2 IAC 6.8 outros 6.8 12.2 outros Plan1 0 0 0 0 Plan2 0 0 0 0 Plan3 * * * Porcentagem da área de cultivo da cana no Estado de São Paulo, por variedade. Fonte: Copersucar (2001) RB 72 454 * * * 2 - CONSTITUIÇÃO MORFOLÓGICA E ANATÔMICA DA CANA raízes cana-de-açúcar Partes subterrâneas rizoma Partes Aéreas inflorescência folhas colmo Figura - Aspecto da formação da touceira de cana-de-açúcar (KING) * * * Figura - Desenvolvimento radicular da cana-de-açúcar Figura - Regiões componentes do colmo * * * Figura - Corte transversal e parcial de um internódio (Van Dillewijn) * * * 3. COMPONENTES QUÍMICOS E TECNOLÓGICOS Fibra 9 - 16% Caldo 84-91% Celulose Pentosanas (xilana, arabana, etc.) Lignina Água 75-82% Sólidos Solúveis 18-25% Açúcares 15,5 - 24% não-açúcares 1 - 2,5% sacarose 14,5 - 24% glicose 0,2 - 1,0% frutose 0,0 - 0,5% orgânicos 0,8 - 1,8% inorgânicos 0,2 - 0,7% Aminoácidos gorduras ceras matérias corantes ácidos, etc. SiO2 K20 P205 CaO MgO Na2O Fe2O3 SO3 Cl colmo * * * variedade época do ano (colheita) tipo de colheita queima (frio/quente) carregamento/transporte condição edafoclimática entre outros. Composição (varia) * * * 4. INTERPRETAÇÃO DA QUALIDADE TECNOLÓGICA DA CANA “ÓTICA INDUSTRIAL” O que a indústria leva em consideração na determinação da qualidade da matéria-prima: Teor da fibra: quantitativo e qualitativo rendimento e qualidade; pH do caldo: reflete o grau de contaminação ( + contagem de microrganismos) Teor da matéria estranha: impurezas (mineral e vegetal) fonte de inoculo; Teor de sacarose: pol; Teor de sólidos solúveis: °Brix. Açúcares redutores: glicose + frutose inversão da sacarose; Teor e natureza das cinzas: K, Na, Ca, Mg, Mn, Co, P2O5, ...etc.; Teor e forma de materiais nitrogenados: albuminóides, aminoácidos, amidas, etc.. Gorduras e ceras: incrustações nos cristais; Substâncias pécticas, gomas e mucilagens: viscosidade Amido no caldo: geleifica Pureza do caldo: relação entre Pol./ Brix Umidade da cana: 69 - 72% * * * 5 - FATORES INFLUENTES NA QUALIDADE TECNOLÓGICA DA CANA. (a) Maturação (b) Matéria Estranha (c) Deteriorações (alterações) (d) Armazenamento Qualidade da MP vs.. Fatores * * * (a) Maturação quanto ao início quanto a riqueza em açúcar quanto ao PUI Fig.. - Comportamento das variedades de cana * * * Fonte: Copersucar / Fernandes, 1977. * * * Fonte: Fernandes (IAA) B * * * Ciclo de cana-de-açúcar variações climáticas da região centro sul * * * Fases corte-carregamento Impurezas (trash) 5 a 14% Fatores Perdas 1 a 2% de pol Orgânico (vegetal) 3 a 7% Mineral 5 a 8% chuvas umidade e textura do solo tipo de colheita e queima equipamentos/carregamento/ colhedora declividade do terreno lavagem moagem purificação Pontas Folhas Chupões Raízes (arrancadas) Pedaços de madeira Solo (aderido às raízes/solto) Pedras/ areia/ poeira pedaços de metal Mat. prima + trash fermentação destilação álcool Fibra umidade % bagaço vapor Preparo área evaporante evaporação cristalização açúcar ácidos orgânicos (trans-acomitico) poder tampão consumo na caleagem (b) Matéria Estranha * * * (c) Deteriorações (d) Armazenamento (manejo) cana matéria-prima deteriorável colheita / moagem maximo. 48h Fisiológicas: respiração, ressecamento, brotamento e florescimento Tecnológicas: manejo condição do cultivo Microbiológicas: Leuconostoc Colletotrichum Pleocyta * * * C.1. Deteriorações Fisiológicas: (1) Respiração: colmo cortado respiração consumo de energia C6H12O6 CO2 + H2O + E C12H12O11 + H2O 2C6H12O6 2CO2 +2H2O + E MENOR PRODUÇÃO - Taxa de inversão: proporcional ao tempo de armazenamento após o corte, em função de: tºC, acidez do caldo e invertase. * * * Figuras - Efeito do tempo de espera sobre a remuneração da matéria prima, em CB41-14, em relação à referência de 24 horas, em %. (Silva et al., 1994). Tempo de espera após o corte, em horas * * * (2) Ressecamento Transpiração do colmo - perda de peso = 11% em 8 dias e 17% em 10 dias - aumento do teor de fibra dificuldades na moagem < extração de sacarose > perdas de sacarose no bagaço - O comportamento da cana durante o período de armazenamento - do Brix - aumento dos açúcares redutores - da acidez sulfúrica - do teor de sacarose - da pureza * * * (3) Florescimento O florescimento inicia com a indução do meristema apical que se modifica, deixando de produzir folhas e colmos, passando a formar a inflorescência (4 a 5 semanas) Cana florescida Colmo sem indução ao florescimento Colmo c/ os primórdios florais (induzido) Níveis crescentes de isoporização Fonte: Boletim Copersucar (Nunes Jr., et al., 1983) * * * Florescimento varia com material genético e de região para região. Fatores principais indutivos de “gema floral”: variedade e o fotoperíodo intermediário (11h30mim a 12 horas sem luz - 2 a 3 semanas); São Paulo: 25 Fev a 20 Março (PEREIRA, 1985): L = 1,263 - 0,06764.X1 - 0,02296.X2, onde: X1 = númerode dias com temperatura mínima >= 18ºC e X2 = número de dias com temperatura máxima <= 31ºC. Se L < 0 floresce Período floral reduz a auxinas - da indução ao aparecimento 2 meses. Estresse hídrico no período indutivo reduz florescimento Efeito na qualidade da MP: perdas de peso e de sacarose (intensidade da isoporização) * * * C.2. Deteriorações Tecnológicas causadas durante o manejo da cana favorece a det. microbiológicas principal fator: matéria estranha associadas à têm com conseqüências (1) A “cana Bis”, deixar a cana em pé de uma safra para outra, não chega a ser uma deterioração tecnológica, mas afeta a sua qualidade: maiores pol, fibra e cinzas na cana; memores acidez e gomas. - condições climáticas (geada, seca, etc) - operações unitárias (queima, sistema de corte, altura do desponte, carregamento, cana bis, etc). - teor de fibra - desgaste dos equipamentos - problemas na condução do processo de fabricação Fonte: Cesar (1970) * * * (2) Geada: O processo de geada ocorre pela dilatação da água componente dos tecidos celulares que, ao se congelar, rompe os tecidos, mata a gema apical e detém o crescimento da cana. Os danos da geada é função do clima: antes, durante e depois < intensidade e duração > Canavial em formação afetada pela geada Morte dos tecidos da gema apical devido à geada – efeito da presença de água em partes da planta com baixo teor de sólidos (ponto de congelamento). Fonte: Boletim Copersucar,1982. * * * Formação de brotos laterais Defesa: acúmulo de frutanas no vacúolo Incidência de temperatura: Comportamento das variedades SP70-1143 e SP70-3370 quanto ao açúcar teórico recuperável (kg/t cana) após a geada de 1981. Área afetada pela geada após a queima 2 1 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 -7 Morte de gema apical Morte de gema lateral Fonte: Boletim Copersucar,1982. * * * C.3. Deteriorações microbiológicas Desenvolvimento de microrganismos Produtos resultantes de microrganismos ácidos e gomos Caldo de cana ótimo substrato p/ crescimento de microrganismos nutrientes devido atividade de água pH temperatura (carboidratos, sais minerais, aminoácidos, etc.) * * * PRINCIPAIS CONTAMINAÇÕES (1) Leuconostoc mesenteroides - fácil identificação produz substância goma dextrana focos - problemas no processo: - recuperação do açúcar - velocidade de cristalização - afeta a granulometria dos cristais - contaminação do processo fermentativo extração: caldo fermentação açúcar pH t ºC aglutina canjica glumos espumas mais persistentes Inversão/oxidação e processo de purificação * * * Perdas 3Kg de açúcar /TC aumento de viscosidade 15% rend. fermentação Bactérias gêneros Cana saudável Desenvolvimento de microrganismos mínimo deixa seco e frio. Queima > desenvolvimento microrgan. - certa ação bacteriostática (exudação) tipo de corte cana inteira - 48hs cana tolete - 6hs perdas após 3 dias 2,5% cana inteira 5% cana em tolete Bacillus Achromobacter Flavobacterium Micrococcus Escherichia coli Leuconostoc mesenteroids e dextranium Aerobacter 104 108 bact./grama 103 104 fungos até ± 4 dias cresce (pH limite 4,8) * * * Metabólicos produzidos (impactos): perdas de rendimento e inibição da levedura; reduz a viabilidade do fermento (diminui a % fermento no vinho); clarificação - temperatura de 100 a 105°C: elimina células vegetativas, esporuladas e bact. formadoras de dextrana (50% remoção); Floculação relação cél. levedura/ célula de bactérias Açúcar: velocidade de cristalização; qualidade do açúcar; granulometria do açúcar-agulha; maiores perdas de açúcar; incrustações de elementos de aquecimento. * * * Fig. A - Evolução da intensidade de broca medida pela porcentagem de internódios perfurados, ou seja, desconsidera as podridões causadas por Fusarium subglutinans e/ou Colletotrichum falcatum. Fonte: Matsuoka - PGMG (2000) Fig. B - Evolução da severidade do CBP medida pela porcentagem de volume do internódio que está afetada, ou seja, estima o volume de tecido internodal efetivamente afetado pelos fungos Fusarium subglutinans e/ou Colletotrichum falcatum. (2) Complexo Broca-Podridões * * * (3) Podridão-da-casca Figura. Perdas na produção e na qualidade tecnológica da cana-de-açúcar var. RB785148 em diferentes níveis de incidência da Podridão-da-casca (Pleocyto). Fonte: Matsuoka - PGMG (2000) * * * Fig. - Cinética da formação microbiológica de polissacarídeos, dextrana e oligossacarídeos no caldo de cana deteriorada.(Ravelo et al, 1991) * * * PARÂMETROS DE QUALIDADE: Usuais Não Usuais simples - pol - pureza - Aç. redutores - pH - acidez. total complexos - polissacarideos - materia estranha - acidez volátil. - oligossacacideos CANA QUEIMADA X CANA CRUA Maior de Brix Maior teor de Açucares redutores Infecção mais demorada Depois de instalada, é mais severa CORTADA EM PÉ 1,84% 4,92% Queda da pol % 10 dias * * * QUADRO 2 . DETERIORAÇÃO DA CANA EM FUNÇÃO DE VÁRIOS TEMPOS APÓS A QUEIMA/CORTE NA REGIÃO NORTE Fonte: IAA/PLANALSUCAR (1983) - Tempo de Armazenamento - O h 48 h 240 h QP1 QC2 QP1 QC2 QP1 QC2 Perda do peso (%) ..... 0.00 ...... 8.93 .... 20.76 Caldo extraído (%) 69.14 87.90 67.69 88.02 71.26 62.40 Brix do caldo (%) 20.37 20.80 19.13 21.93 78.70 24.20 Pol do caldo (%) 19.01 19.04 17.49 20.05 13.72 18.92 Pol da Cana (%) 16.36 16.33 14.92 17.12 11.81 16.88 Fibra da Cana (%) 13.97 14.26 14.70 14.63 13.94 17.10 Pureza (%) 93.30 92.43 91.41 91.38 73.33 78.21 AR do caldo (%) 0.28 0.30 0.43 0.64 2.74 2.93 AR da cana (%) 0.22 0.24 0.34 0.42 2.19 2.21 ART (s/100 m1) 18.39 18:86 18.70 19.69 17.74 24.17 Acidez (ml NaOH 0,1 N/100 ml) 0.15 0.18 0.30 0.28 1.79 0.44 pH 5.41 5.37 5.28 5.24 3.76 4.66 QP1 = cana queimada, mantida em pé QC2 = cana queimada e cortada * * * Efeito da cana e do Processo na Qualidade do Açúcar
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