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Profa. Dra. Milena Araújo Tonon 1 Fármacos que afetam as funções renal e cardiovascular 2 3 4 A hipertensão arterial apresenta custos médicos e socioeconômicos elevados, decorrentes principalmente das suas complicações, tais como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular de extremidades Entre os fatores de risco para mortalidade, hipertensão arterial explica 40% das mortes por acidente vascular cerebral e 25% daquelas por doença coronariana. A mortalidade por doença cardiovascular aumenta progressivamente com a elevação da pressão arterial, a partir de 115/75 mmHg A hipertensão é um fator de risco de alta prevalência para as doenças cardiovasculares. Além disso, ela frequentemente coexiste com outros fatores de risco como o tabagismo, diabetes, dislipidemias e obesidade. Os anti-hipertensivos constituem classe heterogênea de fármacos utilizados, dentre outras indicações, no tratamento da hipertensão arterial. 5 6 Para a tomada da decisão terapêutica é necessária a confirmação diagnóstica, seguindo-se a estratificação de risco 7 8 O objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares 9 10 Diuréticos Simpatolíticos Bloqueadores de canais de Ca2+ Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) Antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II (AT II) Vasodilatadores diretos 11 Diuréticos aumentam a taxa do fluxo de urina. Os diuréticos clinicamente úteis também aumentam a taxa de excreção de Na+ (natriurese) e do ânion Cl- . Tradicionalmente a classificação dos diuréticos era baseada em seu local de ação (Ex. diuréticos de alça), em sua eficácia (Ex. diuréticos de alto limiar), estrutura química (Ex. diuréticos tiazídicos), semelhança com a ação de outros diuréticos (Ex. diuréticos semelhantes aos tiazídicos), efeitos na excreção de K (Ex. diuréticos poupadores de potássio), entre outros. 12 Diuréticos Diuréticos são eficazes no tratamento da hipertensão arterial. São preferíveis os diuréticos tiazídicos e similares em baixa dose. Os diuréticos de alça são reservados para casos de hipertensão associados com insuficiência cardíaca e renal. Os diuréticos poupadores de potássio apresentam pequena eficácia diurética, mas, quando associados aos tiazídicos e aos diuréticos de alça, são úteis na prevenção e no tratamento de hipopotassemia. 13 14 Como o mecanismo de ação das principais classes de diuréticos já está razoavelmente bem elucidado, é possível classificá-los com base em seus mecanismos de ação. 1. Inibidores da anidrase carbônica 2. Diuréticos Osmóticos 3. Inibidores do simporte de Na+ K+ 2Cl- 4. Inibidores do simporte de Na+Cl- 5. Inibidores dos canais de Na+ do epitélio renal 6. Antagonistas dos receptores mineralocorticóides 15 1 Acetazolamida 2 Furosemida 3 Tiazídicos 4 Espironolactona 5 Amilorida 5 4 4 TP Alça de Henle 16 Inibidores da anidrase carbônica Inibidor da Anidrase Carbônica: bloqueia reabsorção de NaHCO3 Ex. Acetazolamida, diclorfenamida e metazolamida. As células epiteliais do túbulo proximal possuem uma metaloenzima de zinco (anidrase carbônica), encontrada nas membranas e no citoplasma. Essa enzima está envolvida na reabsorção de NaHCO3 e na secreção do ácido. 17 Permutador Na+ H+ Reabsorção de Na+ (NaHCO3) através de troca com H+ O efeito final desse processo consiste no transporte de NaHCO3 da luz tubular para o espaço intersticial, seguido de movimento de água (reabsorção isotônica) 18 Túbulo Proximal H2CO3 AC CO2 + H2O Urina Interstício 19 Na luz tubular os H+ reage com o HCO3 -, resultando na formação H2CO3 na presença da anidrase carbônica formando CO2 + H2O. O CO2 sendo lipofílico, rapidamente se difunde através da membrana, reagindo com a água, isso resulta na reabsorção tubular do bicarbonato de sódio (NaHCO3) e de água. Os inibidores de anidrase carbônica inibem a anidrase ligada à membrana e a citoplasmática. Ocorre assim uma rápida excreção urinária de HCO3 - . Ocorre uma elevação do pH da urina. Aumentam a excreção urinária de sódio, potássio, bicarbonato (alcaliniza a urina) e fosfato. 20 Diuréticos osmóticos São agentes livremente filtrados no glomérulo, que sofrem reabsorção limitada pelo túbulo renal e são relativamente inertes do ponto de vista farmacológico. Esses são administrados, normalmente via intravenosa ou oral em grandes doses para aumentar a osmolalidade do plasma e do líquido tubular. Ex. Glicerina, isossorbitol, manitol e ureia. Aumentam a excreção urinária de quase todos os eletrólitos incluindo Na+, Ca2+, Mg2+, Cl-, HCO3 - e fosfato. A presença de um soluto não absorvível na luz tubular promove diurese osmótica. 21 Inibidores do simporte de Na+ K+ 2Cl- Os inibidores do simporte de Na+ K+ 2Cl- formam um grupo de diurético capazes de bloquear simporte de Na+ K+ 2Cl- na alça de Henle, sendo também denominados de diuréticos de alça. Ex: furosemida, bumetanida, azosemida, piretanida, tripamida, muzolimina, ácido etacrínico, torsemida. Bloqueia o simporte de Na+ K+ 2Cl- no ramo ascendente espesso da alça de Henle e assim inibe a reabsorção de NaCI. São diuréticos de alta potência porque causam um aumento significativo na excreção de água e de cloreto de sódio. 22 1 Acetazolamida 2 Furosemida 3 Tiazídicos 4 Espironolactona 5 Amilorida 5 4 4 TP Alça de Henle 23 24 Inibidores do simporte de Na+Cl- A clorotiazida foi o primeiro diurético potente de uso oral a ser descoberto. Outros exemplos desse grupo dos diuréticos tiazídicos e semelhantes às tiazidas são: bendroflumetiazida, clorotiazida, clortalidona, hidroclorotiazida, hidroflumetiazida, indapamida, meticlotiazida, metolazona, politiazida, quinetazona e triclormetiazida. Os tiazídicos são diuréticos de efeito moderado, ativos via oral. Agem inibindo a reabsorção de NaCL no túbulo distal. 25 5 4 4 TP Alça de Henle 26 27 Inibidores dos canais de Na+ do epitélio renal Inibidores do transporte de Na+ (não competitivos com aldosterona): amilorida, triantereno. Supõe-se que eles atuem na entrada de sódio da luz do túbulo para a célula. São normalmente prescritos em associação com outras substâncias. Eles são utilizados pelas suas ações anticaluréticas para compensar o efeito dos outros diuréticos que aumentam a excreção de potássio sendo desta forma, frequentemente classificados de diuréticos poupadores de potássio. 28 Antagonistas dos receptores mineralocorticóides O potássio é filtrado livremente no glomérulo e é quase completamente reabsorvido no túbulo proximal. A quantidade excretada na urina (10% da quantidade filtrada) vem pela secreção tubular que ocorre no túbulo distal e algumas vezes no túbulo coletor. A aldosterona estimula a reabsorção distal de sódio e a secreção de potássio. Quando os diuréticos são administrados, o aumento de sódio no túbulo distal, contribui para o equilíbrio negativo de potássio. 29 Antagonista de Aldosterona: espironolactona, epleronona e canrenoato de potássio. 30 Determina [Na+] final naurina Mineralocorticóides Secreção de K+ Na+: Reabsorção 2-5% Poupadores de Potássio 31 32 Diuréticos Simpatolíticos Bloqueadores de canais de Ca2+ Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) Antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II (AT II) Vasodilatadores diretos 33 Simpatolíticos Os anti-hipertensivos simpatolíticos reduzem a pressão arterial através do bloqueio do sistema simpático através de 1) drogas de ação central 34 35 02) antagonistas β- adrenérgicos 03) antagonistas α-adrenérgicos Metildopa: anti-hipertensivo mais conhecido e utilizado há mais tempo na terapêutica. Age no SNC sendo um falso substrato. A metildopa dá origem a α-metilnorepinefrina que age no cérebro e inibe o efluxo neuronal adrenérgico no tronco encefálico. Clonidina, guanabeno e guanfacina (α2): vasoconstrição e hipotensão prolongada. Mecanismo complicado mas principalmente devido ao estímulo parassimpático central, atua em α 2 diminuindo a liberação de NE e ativa α2 endotelial que libera óxido nítrico Guanadrel inibe especificamente a função dos neurônios adrenérgicos pós- ganglionares periféricos. Reserpina Impede entrada da NE na vesícula. Destruição da NE pela MAO mitocondrial. 36 Antagonistas de receptor B-adrenérgico: bloqueiam o receptor e impedem a ação das catecolaminas nesses receptores. O propranolol é o fármaco mais conhecido do grupo e um dos mais utilizados. Ativação receptores Renina Angiotensina II Aldosterona Débito Cardíaco Retenção de H2O e sal Volume Sanguíneo Pressão Arterial 37 Metoprolol β1-seletivo Atenolol β1-seletivo de ação longa Esmolol β1-seletivo de ação curta Acebutolol β1-seletivo de ação muito curta Bisoprolol Altamente seletivo β1-AR Labetalol Competitivo 1 e β-AR Carvedilol 1 β1 e β2 Celiprolol β- cardioseletivo Nebivolol efeito mediado pelo NO Efeitos Adversos: Hipotensão, fadiga, insônia, disfunção sexual 38 Antagonistas de receptor α1-adrenérgico: prazosina, terazosina e a doxazosina. Inibe alfa 1 e assim inibe a ligação das NE causando relaxamento do tônus do músculo liso vascular (vasodilatação) e diminuição da pressão sanguínea. O uso de doxazosina como monoterapia para a hipertensão aumenta o risco de desenvolvimento de insuficiência cardíaca congestiva. Principal preocupação: Efeito de “Primeira dose” (50% pacientes)- podendo ocorrer hipotensão ortostática 90 min após a administração inicial. São utilizados em associação com outros anti-hipertensivos. 39 40 Diuréticos Simpatolíticos Bloqueadores de canais de Ca2+ Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) Antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II (AT II) Vasodilatadores diretos 41 Bloqueadores de canais de Ca2+ Os bloqueadores de canais de cálcio reduzem a pressão arterial ao relaxar o músculo liso arteriolar e reduzir a resistência vascular periférica. Ca2+ 42 Diuréticos Simpatolíticos Bloqueadores de canais de Ca2+ Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) Antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II (AT II) Vasodilatadores diretos 43 44 Inibidores de ECA Agem fundamentalmente pela inibição da ECA, bloqueando a transformação da angiotensina I em II no sangue e nos tecidos, embora outros fatores possam estar envolvidos neste mecanismo de ação. 45 Acumula Não forma Antagonistas da Enzima conversora de Angiotensina Atuam inibindo a enzima conversora de angiotensina que promove a conversão da Angiotensina I em II (potente vasoconstrictor) e degrada as cininas (substância vasodilatadora). Consequentemente inibe também a produção de aldosterona (liberação estimulada por Ang II). Assim esses antagonistas promovem vasodilatação por diminuírem Ang II, por causarem o acumulo de cinina e promoverem natriurese devido a diminuição da aldosterona. Captopril: primeiro agente desenvolvido para o tratamento da hipertensão. Outros agentes disponíveis: cilazipril, enalapril, lisinopril, quinapril, ramipril, fosinopril, trandolapril e perindropil. 46 Antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II (AT II) 47 Antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio específico de seus receptores AT1. São eficazes no tratamento da hipertensão. Estudos recentes comprovam seu efeito benéfico em insuficiência cardíaca congestiva Os bloqueadores de receptor At1 (receptor de Ang II- age levando a vasoconstrição, libra aldosterona, reabsorção de sódio pelos túbulos proximais). Classe nova de anti-hipertensivos: losartan, irbesartan, condesartan, valsartan e telmisartan. A tosse, que constitui um dos efeitos adversos dos inibidores de ECA, não tem sido associada aos bloqueadores de receptor AT1. Os efeitos adversos podem ser considerados no contexto dos inibidores de ECA. Esses efeitos consistem em hipotensão, hiperpotassemia, 48 Diuréticos Simpatolíticos Bloqueadores de canais de Ca2+ Inibidores da enzima conversora de angiotensina (ECA) Antagonistas de receptores AT1 da angiotensina II (AT II) Vasodilatadores diretos 49 Vasodilatadores 50 Atuam sobre a musculatura da parede vascular, promovendo relaxamento muscular com consequente vasodilatação e redução da resistência vascular periférica. Vasodilatadores Hidralazina: um dos primeiros anti-hipertensivos orais ativos comercializado. Provoca o relaxamento direto do músculo liso arteriolar. Em geral, a hidralazina não é utilizada como fármaco isolado no tratamento prolongado da hipertensão. Minoxidil: inativo. É metabolizado pela sulfotransferase hepática formando o metabólito ativo (sulfato de minoxidil). Este relaxa a musculatura lisa vascular (abre canais de potássio no m. liso). Este é utilizado mais para casos de hipertensão grave que não responde a outras medicações. Não deve ser utilizado como monoterapia. Diazóxido: utilizado para emergencias hipertensivas. Este ativa canais de K sensíveis a ATP e assim hiperpolariza as células do m. liso arterial levando ao relaxamento da musculatura lisa arteriolar. 51 NO ativa adenilatociclase levando a formação de GMP cíclico e vasodilatação. Nitroprussiato de sódio: nitrovasodilatador. É metabolizado pelos vasos sanguíneos em seu metabólito ativo o óxido nitrico. 52 53 54 55 Nitroprussiato : Nipride Nitroglicerina : Tridil 56 Drogas de ação cardíaca 57 58 • O coração manda energia para a circulação do sangue • O átrio direito recebe as veias cavas superior e inferior que trazem sangue venoso ao coração • O ventrículo direito bombeio o sangue para o pulmão • O átrio esquerdo recebe a veia pulmonar que traz sangue oxigenado dos pulmões para mandar para o corpo • O ventrículo esquerdo manda sangue oxigenado para a artéria aorta e assim bombeia sangue para a circulação periférica. 59 • O AD e o VD são separados pela válvula tricúspide • O AE e o VE são separados pela válvula mitral • Os ventrículos se comunicam através das válvulassemi-lunares • Pericárdio é uma membrana fibrosa fina que protege o coração • A parede do coração é formada pelo :Miocárdio (músculo cardíaco); Endocárdio (camada de revestimento interno do coração); Epicárdio- folheto visceral que reveste toda a superfície do coração (camada mais superficial e externa do coração). 61 A insuficiência cardíaca congestiva (IC ou ICC) é uma das causas mais comuns de morte. Este é uma síndrome clínica complexa decorrente da disfunção ventricular (aguda ou crônica) sistólica ou diastólica. Neste caso o coração é incapaz de suprir a demanda das necessidades metabólicas do organismo. O termo “congestiva” descreve a situação na qual ocorre congestão da circulação sistêmica e pulmonar com sobrecarga de líquidos, resultando em edema periférico e pulmonar. No Brasil, a principal etiologia da IC é a cardiopatia isquêmica crônica associada à hipertensão arterial. Em determinadas regiões geográficas do país e em áreas de baixas condições sócio-econômicas, ainda existem formas de IC associadas à doença de Chagas, endomiocardiofibrose e a cardiopatia valvular reumática crônica, que são situações especiais de IC em nosso meio. 63 Com o menor débito cardíaco os barroreceptores reduzem a inibição que eles exercem e assim o sistema simpático é aumentado no coração. Esse aumento da atividade simpática auxilia a manter a pressão sanguínea, o débito cardíaco e a resistência periférica em níveis aceitáveis. Quando mantida a longo prazo essa atividade simpática aumentada contribui para a evolução da doença. 64 Nos rins, devido à menor perfusão renal, é ativado o sistema renina–angiotensina-aldosterona e, assim, é aumentado a resistência periférica, a retenção de sódio e água, levando a um aumento da volemia e das pressões arterial e venosa. 65 Esse aumento da pressão arterial leva, por sua vez, ao aumento da pós carga, ou seja, ao aumento da resistência ao esvaziamento ventricular durante a sístole, o que agrava a insuficiência cardíaca. Essa volume maior de sangue que chega pode ocasionar edema e congestão. 66 Em condições fisiológicas: coração sadio Quanto maior a distensão das fibras cardíacas ao final da diástole (maior pré carga), maior será a tensão (força de contração). Na IC : maior pré carga leva o coração a dilatar e hipertrofiar o que a longo prazo a pressão diastólica final aumentada não é acompanhada pelo esvaziamento do ventrículo e assim o débito cardíaco cai. Na IC o principal objetivo é aliviar os sintomas e assim promover uma melhor qualidade de vida ao paciente. A insuficiência cardíaca pode ser classificada em quatro estágios principais (A, B, C e D), que podem estar direta ou indiretamente associados a diferentes mecanismos etiológicos. De A à D mais grave se torna a IC 69 • Diuréticos • Antagonistas da Aldosterona • Vasodilatadores (Venosos) • Inibidores do sistema renina-angiotensina • Inibidores da ECA • Antagonistas de Receptores de Angiotensina • Nitrovasodilatadores • Antagonistas -adrenérgicos • Glicosídeos Cardíacos • Agonistas Inotrópicos (Simpatomiméticos) Classes de fármacos utilizados no tratamento da insuficiência cardíaca: 70 Inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) Diminui formação Ang II Acumula Bradicinina ↓ Ang II - reduz vasoconstrição - Reduz retenção Na - Reduz simpático - Restaura barorreceptores - Restaura parassimpáticos ↑ Bradicinina - Maior geração de óxido nítrico 71 Acumula Não forma 72 73 Diminui formação Ang II Acumula Bradicinina ↓ AngII - reduz vasoconstrição - Reduz retenção Na - Reduz simpático - Restaura barorreceptores - Restaura parassimpáticos ↑ Bradicinina - Maior geração de óxido nítrico 74 Bloqueador de receptor de Angiotensina II (BRA) BRA bloquei receptor AT1 ↓aldosterona ↓catecolamina causa vasodilatação ↓ resistência periférica 75 76 Antagonistas da aldosterona: Espironolactona Epleronona Aldosterona: Aumenta água e sódio Elimina potássio Altera canal sódio Altera barorreceptor...... 77 Na insuficiência cardíaca ocorre uma ativação acentuada do sistema renina- angiotensina-aldosterona. Níveis de aldosterona são elevados em pacientes com Insuficiência Cardíaca (>20x) Aldosterona: • Aumenta a retenção de sódio e água: edema, elevação da pressão de enchimento cardíaco • Perda de Mg2+ e K+: risco de morte cardíaca súbita e arritmogênese. • Reduz a recaptação de NE pelo miocárdio: potencialização dos efeitos da NE- remodelação miocárdica e arritmogênese • Reduz a sensibilidade dos barrorreceptores: reduz a ação do parassimpática e aumenta o risco de morte súbita. • Fibrose miocárdica, proliferação de fibroblastos: remodelação e disfunção ventricular. • Alteração na expressão dos canais de sódio: aumento da excitabilidade e contratilidade dos miócitos cardíacos. Espironolactona: reduz mortalidade (30%) e melhora dos sintomas 78 79 Β- bloqueadores (BB) Antagonista simpático Melhora clínica Sobrevida dos pacientes 80 Seletividade: bisoprolol, nebivolol, succinato de metoprolol, etc.. Lipofilicidade: carvediol (maior ação SNC) 81 Diuréticos: Raramente utilizados como monoterapia (Associados com IECA e BB) Diuréticos de alça :pacientes com classes funcionais mais avançadas Diuréticos tiazídicos têm sido utilizados nas formas brandas 82 • Desempenham papel importante no rim (órgão-alvo). • Adjuvantes úteis e necessários para alívio dos sintomas • Reduzem Volume Extracelular e as pressões do enchimento ventricular • Insuficiência Cardíaca Congestiva (IC) aguda Redução do sódio dietético: indicado a todo paciente com IC Diuréticos de alça (inibidores do simporte de Na+K+2Cl-) furosemida, bumetanida e torsemida são exemplos indicados para o tratamento de pacientes com insuficiência cardíaca. Diuréticos tiazídicos (inibidores no simporte de Na+Cl- - úteis na monoterapia de pacientes com insuficiência cardíaca branda (ajuste rápido da absorção de água e sal) Diuréticos poupadores de potássio: amilorida, trantereno espironolactona, carenona. 83 Vasodilatadores: Embora várias classes de fármacos possuam ação vasodilatadora e possam melhorar os sintomas da insuficiência cardíaca, apenas os inibidores de ECA e a combinação de hidralazina com dinitrato de isossorbida conseguiram aumentar a sobrevida. Início IC: aumento do volume e da pressão intraventricular e o aumento da frequência cardíaca Doses que promovam vasodilatação sem efeito hipotensor Administração IV: nitroglicerina, Nitroprussiato de Sódio, hidralazina 84 NO - reduz cálcio- vasodilatação Hidralazina: um dos primeiros anti-hipertensivos orais ativos comercializado. Provoca o relaxamento direto do músculo liso arteriolar 85 Glicosídeos cardiotônicos: Indicado no tratamento da IC devido à disfunção sistólica, principalmente quando acompanhada de fibrilação atrial. Os glicosídeos possuem origens variadas (animal, vegetal, sintética) e possuem a propriedade de aumentar a contratilidade das fibras musculares cardíacas. Planta Digitalis ou dedaleira – dá origem a digoxina e digitoxina Os efeitos benéficos da ação dos cardiotônicos consistemna sua capacidade de promover efeito inotrópico positivo bem como diminuir a atividade simpática. 86 O Ca+2 acumula no citoplasma. Esse acumulo de Ca+2 nos estoques intracelulares resulta em maior quantidade liberada a cada potencial de ação cardíaco e assim maior força de contração. Inibem a enzima Na+ K+-ATPase presente na membrana do miócito do coração. Essa inibição causa o aumento de Na+ intracelular e assim diminui o gradiente de Na+. Isso leva a diminuição o trocador Na+ / Ca+2 que utiliza o gradiente do na para movimentar o Ca+2 para fora da célula. DIGOXINA DIGITOXINA Meia - vida 40h 168h Conc. plasmática terapêutica 0,5-2 ng/ml 10-25 ng/ml Conc.plasmática tóxica >2 ng/ml >35 ng/ml Dose diária (dose de ataque) 0,125-0,5 mg 0,05-0,2mg Digitalização rápida 0,5-0,75 mg a cada 8h (3 doses) 0,2-0,4 mg a cada 8h (3 doses) Tratamento Outros agentes inotrópicos são utilizados quando o paciente está hospitalizado, juntamente com o uso de vasodilatadores e diuréticos. Neste caso os principais exemplos de inotrópicos positivos são as catecolaminas e os inibidores da enzima fosfodiesterase. Adrenalina e Noradrenalina: ação inotrópica (1) e vasoconstrição periférica (1) Dopamina (receptores D2- liberação de Noradrenalina) Dobutamina (1) : ativa vários receptores adrenérgicos Inibidores da fosfodiesterase: milrinona e inamrinona: usados na terapia de curto prazo. Agonistas Inotrópicos Simpatomiméticos 89 Angina e Infarto agudo do miocárdio Angina: é uma síndrome clínica caracterizada por episódios ou crises de dor ou pressão na parte anterior do tórax. Sua causa em geral refere-se ao fluxo sanguíneo coronariano insuficiente, resultando em um aporte diminuído de oxigênio para satisfazer a demanda miocárdica. 93 A aterosclerose é uma doença inflamatória crônica de origem multifatorial que ocorre em resposta à agressão endotelial, acometendo principalmente a camada íntima de artérias de médio e grande calibre. Espessamento de vasos devido a deposição de gordura (colesterol) podendo reduzir a perfusão para órgãos e ocasionar isquemia e consequente necrose. Em geral a angina é causada por doença aterosclerótica e está associada a uma obstrução significante de uma artéria coronária importante. FATORES QUE PODEM DESENCADEAR A DOR ANGINOSA • Esforço físico: :aumentar a demanda de O2; • Exposição ao frio: vasoconstrição e aumento da pressão maior demanda de O2; • Refeição pesada: aumenta o fluxo sanguíneo da área mesentérica, reduzindo o aporte de O2 para o músculo cardíaco; • Estresse ou emocional: libera adrenalina e aumenta pressão arterial, acelera frequência cardíaca, aumentando a carga de trabalho miocárdico. DIAGNOSTICO O diagnóstico é feito através da tríade: quadro clinico (manifestações clínicas da dor, história do paciente); alterações no ECG e marcadores de necrose miocárdica no sangue. Troponinas, CKMB Farmacologia Clinica das drogas utilizadas no tratamento da angina Princípios da terapia: • Modificar os fatores de risco (tabagismo, dislipidemia, hipertensão) • Diminuir a demanda de O2 e aumentar o fluxo sanguíneo Para a prevenção IAM: • Agentes antiplaquetários (aspirina, clopidogrel) e agentes redutores de lipídeos (estatinas). TERAPIA FARMACOLÓGICA •Nitratos: agente vasoativo, reduz o consumo miocárdico de O2, diminuindo a isquemia e a dor. Dilata principalmente as veias e, também, as artérias, aumentando o fluxo sanguíneo evitando o vaso espasmo. Pode ser administrada por via sublingual, tópica e endovenosa. Exemplos: Nitroglicerina, tetranitrato de eritritil, dinitrato de isossorbida. Nitratos em geral não devem ser usados em pacientes que utilizam inibidores de fosfodiesterase (sildenafil, tadalafil) para o tratamento de disfunção eretil nas primeiras horas uma vez que a elevação acentuada de GMPc pode ocasionar hipotensão arterial prolongada, IAM e morte. • Agentes β-Bloqueadores: bloquear a estimulação simpática e assim reduzem o consumo miocárdico de oxigênio Exemplo: Propanolol, Atenolol. • Bloqueadores dos canais de cálcio: diminuem a automaticidade do nó sinoatrial e a condução do nó atrioventricular, resultando em frequência cardíaca lenta e diminuição da força de contração. Estes também relaxam os vasos sanguíneos, diminuindo a pressão arterial. Exemplo: Verapamil, diltiazem, amlodipina, nifedipina. • Antiplaquetário: evitar a agregação plaquetária, que compromete o fluxo sanguíneo. Exemplo aspirina. • Anticoagulante: previne a formação de coágulos sanguíneos. Exemplo: heparina. Impede formação de fibrina e agregação plaquetária. • Oxigênio: Iniciada no começo da dor torácica, tentado aumentar a quantidade de oxigênio fornecida para o miocárdio e assim diminuir a dor. Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) Causado pela redução da irrigação sanguínea por uma das artérias coronárias, que leva a uma isquemia ou necrose miocárdica pelo estreitamento de uma artéria coronariana por aterosclerose (ateroma). QUADRO CLINICO: Dor torácica: semelhante à da angina, porém mais intensa e persistente. Cerca de 25% dos IAM são clinicamente silenciosos (maior em pacientes com diabetes melito e aumenta com a idade.) Outros sintomas: Fraqueza, Náuseas/vômitos, Sudorese, Apreensão, ansiedade, sensação de morte iminente, Dificuldade respiratória de início súbito, Perda súbita da consciência, Estado de confusão, Sensação de fraqueza profunda, Arritmia, Evidência de embolia periférica, Queda inexplicada da pressão arterial. ABORDAGEM AO TRATAMENTO Objetivos iniciais da terapia são: • Identificar rapidamente no ECG de 12 derivações se o paciente tem elevação do ST (terapia de reperfusão imediata). • Alívio da dor e prevenir/tratar arritmias Conduta no setor de emergência: • MONAB – Conforme prescrição médica (Morfina , oxigênio , nitrato , aspirina , beta – bloqueadores ); • ƒTransferir para um laboratório de cateterismo para intervenção coronariana percutânea (ICP) primária ou fibrinólise imediata no setor de emergência. 105 Antiarrítmicos Cardíacos O funcionamento do coração é determinado pela sequencia ordenada de potenciais de ação pelos tecidos cardíacos, desde o nodo sinoatrial até o músculo ventricular. Arritmias correspondem a anormalidades na geração ou propagação do impulso cardíaco, bem como na duração ou configuração de cada potencial de ação. Todos os tecidos cardíacos são excitáveis ou seja respondem com potenciais de ação quando excitados. Quando estimulados os tecidos musculares atrial e ventricular tem a propriedade de se contrair (sístole) Os tecidos excitáveis depois de estimulados ficam por um tempo sem responder (período refratário) 106 Automatismo: propriedade da fibra cardíaca em originar o impulso que a estimula. Nodo sinoatrial: marcador do ritmo cardíaco (possui maior frequência de disparo) Eletrofisiologia cardíaca: • Impulso é gerado no nodo sinoatrial • Cada impulso é rapidamente conduzido pelos átrios e retardado no nodo atrioventricular (nodo AV). Assim o átrio tem tempo para entrar em sístole antes dos ventrículos. • O impulso é conduzido ao feixe de Hiss e pelas fibras de Purkinje. 107 Potencial de ação nos tecidos de condução rápida:• Fase 0: rápida despolarização da membrana ( influxo Na+ através de canal de Na dependente de voltagem) • Fase 1: repolarização transitória (efluxo de K+) • Fase 2: fase de “platô” na qual várias correntes de efluxo e influxo se equilibram por um tempo. • Fase 3: repolarização ( efluxo através de canal de K+ retificadores tardio. • Fase 4: balanço entre as correntes de influxo e efluxo e a membrana volta a condição de repouso até o próximo estímulo. 108 A célula cardíaca em repouso: uma célula permeável a K+ Os íons movem-se através das membranas celulares em resposta aos gradientes elétricos e de concentração através de canais iônicos específicos ou transportadores. Célula cardíaca em repouso: potencial transmenbrana 80-90mV negativos para o exterior, estabelecidos pelas bombas especialmente as de Na, K ATPase e cargas aniônicas fixas dentro das células. Quando em repouso os canais de Na+ estão fechados (Na+ não entra na célula cardíaca em repouso) . Já o canal de K+ está aberto. Assim o K+ pode se mover. 109 Inicio do potencial de ação : abertura do canal de Na+ A célula cardíaca é despolarizada acima do potencial limite e assim as proteínas de canal de Na mudam a sua conformação e passam para o estado condutor (aberto). O Na+ entra. As mudanças geradas no potencial transmenbrana pela corrente de Na+ produz uma série de abertura de outros canais. Ex no final da fase 0: abertura de canais de K+ o que contribui para o “corte” da fase1. Fase 2: corrente de canal de Ca+2 equilibrada com a corrente de K+ 110 • Fase 0: rápida despolarização • Fase 1: repolarização transitória • Fase 2: fase de “platô” • Fase 3: repolarização. • Fase 4: condição de repouso 111 112 Potencial de ação nos nodos (AS e AV): Fase 0: despolarização mais lenta (corrente de Ca+2 . Esses ativam-se mais lentamente e permitem uma corrente de menor magnitude Fase1: não tem Fase 2: não tem Fase 3: repolarização do potencial de ação nodal (efluxo de canal de K+ tardio) Fase 4: despolarização diastólica lenta devido as várias correntes de influxo. 113 Eletrocardiograma Normal Onda P (despolarização atrial) Complexo QRS (despolarização ventricular) Onda T (repolarização ventricular) O eletrocardiograma representa a somatória das alterações elétricas no coração a cada instante 115 Quando a sequência normal de iniciação ou propagação de um impulso é perturbada ocorre a arritmia. Automaticidade aumentada: nódulo sinusais e AV e o sistema de His-Purkinje Despolarização posterior e automaticidade desencadeada: um potencial de ação é interrompido ou acompanhado por uma despolarização anormal. Reentrada: impulsos propagam-se por mais de uma via entre dois pontos do coração. Os fármacos podem retardar os ritmos automáticos alterando 1 dos 4 determinantes da descarga espontânea: o potencial diastólico máximo : adenosina e acetilcolina (aumentam potencial) o inclinação da fase 4: B-bloqueador (diminuem inclinação) o potencial limiar : bloqueio de canais de Ca+2 ou Na+ (alteram limiar) o duração do potencial de ação: bloqueio de canal de K+ (prolongam potencial) 116 A maioria dos antiarrítmicos são classificados de acordo com a sua ação no PA da célula cardíaca ou sua ação bloqueadora beta adrenérgica. Os da classe I bloqueiam os canais de sódio, levando a uma diminuição da despolarização da fase 0 do PA, e diminuindo a velocidade da condução do impulso através do coração. Os antagonistas beta adrenérgicos pertencem ao grupo da classe II, reduzem a ativação da adenilciclase e diminuição do AMPc, em resposta a uma ativação do simpático. As drogas que bloqueiam os canais de potássio pertencem a classe III, cuja ação se caracteriza pelo prolongamento da duração do PA, provocando um aumento do período em que o músculo cardíaco encontra-se refratário a um estímulo elétrico prematuro. Os bloqueadores dos canais de cálcio pertencem a classe IV, e caracterizam-se em provocar uma diminuição da condução no nó AV (fase 0 despolarização). 117 118 CLASSE I : Atuam sobre o componente rápido do potencial de ação cardíaco (Bloqueadores de canais rápidos de Na+) Classe 1A: prolongam repolarização Classe 1B: encurtam repolarização Classe 1C: mais potentes, impedem taquicardia CLASSE II: Beta bloqueadores CLASSE III: Drogas que prolongam a duração do potencial de ação cardíaco (Bloquedores de canais de k) CLASSE IV: Bloqueiam o componente lento do potencial de ação cadíaco (Bloqueadores de canais de Ca2+) Classes de antiarrítmicos 119 Classe 1A: bloqueio dos canais rápidos de Na+ bloqueio dos canais de K+, retarda repolarização prolongam repolarização e prolonga o potencial de ação Quinidina: protótipo, uso diminuído, efeito anticolinérgico Procainamida: diminui arritmias pós-infarto, Disopiramida: semelhante à quinidina, menos efeitos colaterais Classe I INDICAÇÕES - fibrilação atrial - contrações atriais prematuras - contrações ventriculares prematuras - taquicardia ventricular 120 Classe 1B: bloqueio canais de Na+ (abertos ou inativados), com dissociação rápida Isquemia: aumento da [H+] encurtam repolarização Lidocaína: arritmias ventriculares em emergência Mexiletina: análogo da lidocaína Fenitoína: (antiepiléptico) uso limitado em crianças com taquicardia ventricular INDICAÇÕES usados na disrritmia ventricular somente com: - contrações ventriculares prematuras - taquicardia ventricular - fibrilação 121 Classe 1C: mais potentes, impedem taquicardia, sem efeito sobre tempo de repolarização Flecainida: protótipo, usado em situações potencialmente fatais Encainida Moricizina Propafenona INDICAÇÃO: Fibrilação atrial paroxística 122 Classe II β-bloqueadores – antagonismo competitivo Atenolol Metoprolol Acebutolol Bisoprolol Age inibindo simpático, lentificam a frequência cardíaca, reduzem o acúmulo de Ca+2 e diminuem a probabilidade de ocorrer arritmia deflagradas por pós potenciais tardio. Reduzem a velocidade de condução no nodo AV. 123 Classe III Dofetilida, Sotalol, Bretílio, Amiodarona São fármacos que prolongam a refratariedade do tecido cardíaco. Aumentam o intervalo QT. Amiodarona 1.INTERFERE NA REPOLARIZAÇÃO (Retardo na repolarização) 2.Bloqueia canais de sódio (estado inativo) 3.Muito efetivo nos tecidos isquêmicos 4.Não compatível com B-bloqueadores 5.Não compatível com bloqueadores de canais de cálcio 6.Não compatível com bloqueadores alfa não competitivos 124 Nifedipina Verapamil Diltiazem Classe IV Bloqueadores de canais para Ca2+ Atuam como antagonistas dos canais de Ca2+(tipo L ) voltagem dependentes Diminuem a condução atrioventricular Aumenta o período refratário efetivo Aumenta o intervalo PR Relaxa o músculo liso arteriolar e dos vasos coronarianos Produz um efeito inotrópico negativo 125 Inibe corrente de cálcio e ativa corrente de potássio resultando em menor duração potencial de ação, hiperpolarização e retardamento da automaticidade normal. Taquicardiasupraventricular (re-entrada) (TSV) Adenosina reduz a frequência ventricular. 126 Problemas Clínicos
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