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fisiot_neonatal_mod03.pdf Curso de Fisioterapia Neonatal MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados a seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada. 54 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DO NEONATO Qualquer procedimento deverá ser antecedido de rigorosa avaliação onde serão observados: - História clínica do paciente - Condições clínicas atuais - Padrão respiratório - Mobilidade da caixa torácica - Cianose e palidez - Condições de pele - Sensibilidade tátil e dolorosa - Alterações ósseas - Padrões posturais - Tônus basal - Ausculta pulmonar - Sinais vitais - Sinais de fadiga muscular - Medicações - Exames radiológicos e laboratoriais - Manutenção da temperatura. CARACTERÍSTICAS NEONATAIS QUE DEVEM SER OBSERVADAS - O padrão respiratório do neonato é de predomínio abdominal, resultante da horizontalização das costelas e da fragilidade dos músculos intercostais. - Maior complacência da parede torácica devido ao predomínio de cartilagens. - Diminuição do reflexo de tosse devido à imaturidade do SNC, dificultando a eliminação de secreções. - Facilidade de oclusão do lúmem de brônquios e bronquíolos devido às características fisiológicas dos diminutos calibres. 55 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores - Predisposição a hipoventilação devido o diminuído número de alvéolos bem como pequeno diâmetro dos existentes, reduzindo a área de troca. - Alta susceptibilidade à fadiga diafragmática decorrente de pequeno número de fibras musculares do tipo I, tendo os neonatos apenas 25% destas fibras enquanto no adulto elas são 55%. - Cor de tono, atividades espontâneas, posturas e fácies. - Gemidos, caráter do choro, vômitos e regurgitações. - Convulsões. - Eliminação de mecônio e micção. - Distensão abdominal e salivação. - Sopros cardíacos. AVALIAÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA Sinais de Angústia Respiratória: Estes sinais podem não ser evidentes em neonatos intubados e em respiração espontânea. a- As retrações podem ser supra-esternais, subesternais, intercostais ou ainda intercostais. Estas retrações ocorrem devido à grande complacência da parede torácica dos neonatos, que é puxada para dentro pelas alas pressões negativas geradas nos esforços respiratórios maiores que o normal. A retração intensa limita a expansão ântero- posterior do tórax e limita a ventilação eficaz; retrações levem podem ser consideradas normais. b- A dilatação nasal é uma resposta reflexa dos músculos dilatores naris. Acredita- se que muito provavelmente esta expansão seja uma resposta primitiva que resulta na diminuição da resistência das vias aéreas altas. c- O gemido expiratório é um esforço para aumentar a capacidade residual funcional e melhorar a distribuição da ventilação por meio do retardo da expiração aumentando também as relações ventilação-perfusão. O som é produzido pela expiração contra o fechamento parcial da glote ou aproximação reflexa das cordas vocais. 56 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores d- Os músculos intercostais podem apresentar abaulamento quando a obstrução à expiração criando altas pressões pleurais. e- Estertores inspiratórios ocorrem com a obstrução ou colabamento das vias aéreas, superiores. A intensidade dos estertores pode mudar com a mudança de decúbito ou mesmo com a manipulação do neonato. f- Pode ocorrer uma oscilação da cabeça em neonatos que tentam usar os músculos respiratórios acessórios para auxiliar na ventilação. Como os músculos extensores do pescoço dos neonatos não são fortes o suficiente para estabilizar a cabeça, provocando a oscilação. Tórax: Alguns neonatos apresentam tórax em barril indicando hiperinsuflação ou retenção de ar nos pulmões, e tórax em funil, uma depressão do esterno que pode ser secundária a longos períodos de retrações esternais. Cor da Pele: a- A cianose é um sinal clínico bastante inseguro por depender da quantidade relativa de hemoglobina no sangue e da adequação da circulação periférica. A presença de cianose é muito significativa clinicamente; em geral ela se apresenta nas membranas mucosas ou ao redor dos lábios e boca, é mostra-se significativo sinal de hipoxemia. b- Quadriculamento, palidez ou moteado da pele é comumente observado em neonatos angustiados e pode estar associado com hipoxemia, sepse, hemorragia intraventricular e outros problemas. A palidez em um neonato também é considerada um sinal de angústia respiratória e de anemia. c- Pletora, ou vermelhidão que pode ser observada no neonato com policitemia. Tosse: Menos comum no neonato do que o espirro, provavelmente devido a uma via neural melhor desenvolvida. Nos neonatos os reflexos de espirro e vômito parecem ser os 57 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores melhores mecanismos protetores das vias do que a tosse o é. O fisioterapeuta deverá determinar se a tosse pode ser estimulada ou se o neonato tosse ou espirra espontaneamente. Padrão Respiratório: No neonato normal a FR chega a 40 respirações por minuto; a taquipnéia é portanto considerada um sinal de angústia respiratória. A apnéia também é considerada um sinal de angústia respiratória, sepse, hemorragia intraventricular e outros estresses no neonato prematuro. Comumente a apnéia pode ser diferenciada da respiração periódica pela duração do período não-respiratório. Pausas superiores há 20 segundos são consideradas por diversos autores como apnéia verdadeira. Em geral a apnéia esta associada a bradicardia. A oferta de O2 pode ser útil na diminuição dos episódios apnéicos. Outras técnicas usadas incluem a estimulação cutânea (uso de "luvas mágicas"), CPAP, ou administração de teofilina. No neonato é normal a presença da irregularidade respiratória sendo necessário desta ser feita contagem da FR por um longo período para compensar as irregularidades sendo indicado 60 segundo. Os prematuros normalmente apresentam um padrão respiratório chamado de "respiração periódica", caracterizada por respirações de freqüência irregular e profundidade interrompida por pausas apnéicas de 5 a 10 segundos não associadas com cianose ou bradicardia. Ausculta: É um componente essencial da avaliação torácica do neonato. A ausculta do neonato principalmente do prematuro é dificultada devido as suas estruturas, tornando a avaliação até certo ponto superficial, principalmente quando o neonato esta sendo ventilado mecanicamente. 58 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores No neonato em VM, antes da realização da ausculta preconiza-se que sejam avaliadas as condições dos tubos do ventilador que podem ter água precipitada a partir do vapor úmido liberado dos gases inspirados. A presença de bolhas de água nos tubos mascara os sons respiratórios e podem imitar sons adventícios. Um neonato em VMI pode estar recebendo apenas duas inspirações por minuto do ventilador. Quando o neonato esta respirando espontaneamente pode ser muito difícil ouvir os sons respiratórios; entretanto, a VM sempre aumenta os sons respiratórios. Sempre que possível à ausculta deverá ser realizada com a cabeça do neonato posicionada na linha média, uma vez que a rotação lateral pode diminuir a ausculta dos sons respiratórios no lado oposto. Deve-se realizar a ausculta cardíaca para avaliar possíveis alterações pulmonares secundárias a cardiopatias. Outros Sistemas: Os valores dos gases sangüíneos arteriais (GSA) são indicadores extremamente importantes da adequação da ventilação e oxigenação; no neonato pré-termo e a termo variam muito de acordo com a idade, tamanho e condições patológicas. O fisioterapeuta deve estar sempre atento aos parâmetros do oxímetro de pulso monitorando a saturação de O2. É imprescindível ao fisioterapeuta saber interpretar a saturação de O2 no contexto do estado respiratório e metabólico do neonato já que mudanças na curva de dissociação da hemoglobina podem resultar em interpretações impróprias do "estado" do oxigênio do neonato, sendo que, se a curva estiver desviada para a esquerda, a saturação de O2 parecerá alta, mesmo a níveis relativamente baixos de PaO2, mas o neonato pode estar bastante hipóxico devido ao aumento da afinidade da hemoglobina com o oxigênio. A avaliação abdominal também é de grande importância, já que é característica do RN um abdômen globoso e flácido, o que pode interferir no seu padrão respiratório. 59 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores AVALIAÇÃO NEUROLÓGICA O fisioterapeuta deve estar atento ao comportamento do recém-nascido e suas alterações. Avaliar tônus, estado de sono e vigília, postura, movimentação espontânea, emissão de sons, reflexos arcaicos do RN, palpar fontanelas e avaliar crescimento do perímetro cefálico. Reflexos Arcaicos do Recém-nascido São atividades próprias do RN de termo, sadio, caricaturas de movimentos voluntários. A persistência de alguns depois de determinada idade indica patologias. - VORACIDADE (PIPER): Estímulos nos lábios e cantos da boca, e o RN fazem rotação da cabeça e desvio da boca procurando o estímulo. Observa-se até o 2º- mês de vida; - SUCÇÃO: Observa-se até o 8º- mês de vida; - PREENÇÃO REFLEXA DOS ARTELHOS: Pressiona-se a base dos artelhos, observa-se a flexão destes. Obtido até o 12º- mês de vida; - CUTÂNEO PLANTAR: Estimulam-se as bordas externas do pé, obtendo-se a extensão do primeiro pododáctilo e/ou a abertura em leque dos demais. Obtido até o 9º- mês de vida; - EXTENSÃO CRUZADA: Estimula-se a planta do pé do membro em extensão mantido pelo examinador, observa-se flexão e abdução seguida de extensão e adução do membro oposto. Obtido no 1º- mês de vida; - PREENSÃO PALMAR: Obtido até o 6º-mês de vida; - MANOBRA DO ARRASTO: RN em decúbito dorsal, traciona-se os braços que estão fletidos, a cabeça que inicialmente esta inclinada para trás desloca-se para a posição mediana e após cai para frente. É reflexo até o 3º- mês de vida; - REFLEXO DE MORO: Observa-se até o 6º- mês de vida; - REFLEXO TONICO CERVICAL ASSIMÉTRICO (MAGNUS DE KLEIJN): O reflexo do esgrimista é observado até o final do 3º- mês de vida; 60 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores - APOIO PLANTAR: Segurando-se o RN pelas axilas toca-se com a planta dos pés com leve pressão a mesa de exame obtendo-se alinhamento do corpo, observado até o 3º- mês de vida; - MARCHA REFLEXA: Bem estruturada no 1º- mês, sendo observada até o 4º- mês de vida; - ROTAÇÃO DA CABEÇA EM PRONO: O RN eleva a cabeça rapidamente e faz rotação lateral, observada no 1º- mês de vida; - REFLEXO DE GALANT: O RN suspenso no ar é estimulado nos flancos obtendo- se encurvamento do tronco; - REFLEXOS DE LANDAU I e II: Sua ocorrência é pequena no período neonatal, observando-se após os três meses de idade. No Landau I ao suspender o RN no ar observamos extensão da cabeça, da pelve e das pernas, é obtido até o 12º- mês de vida. No Landau II ao fletirmos à cabeça do RN observamos abaixamento da pelve e flexão dos membros inferiores, este reflexo é observado além do 12º- mês de vida. Medidas da Cabeça Finalizando o exame neurológico é importante obter as medidas da cabeça, avaliando as DISTÂNCIAS ANTERO-POSTERIOR (DAP), BIAURICULAR (DBA) e o PERÍMETRO CEFÁLICO. Avaliando-se através de gráficos, bem como estabelecer o ÍNDICE CEFÁLICO obtido através da divisão do DBA pelo DPA, que é constante durante todo 1º- ano de vida. Exame Neurológico do Recém-Nascido Prematuro Vários estudos demonstram que não podemos simplesmente transferir o exame do RN de termo para o prematuro, além das características da imaturidade neurológica, da dificuldade de se estabelecer o nível de vigília, temos que considerar os cuidados terapêuticos intensivos a que muitos estão submetidos. Porém através de alguns reflexos presentes independentes da idade mesmo que de forma incompleta e inconstante podemos avaliá-los juntamente com aspectos somáticos e mesmo sem ter valor 61 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores prognóstico confirmado estabelecermos o grau de maturidade neurológica e possíveis neuropatologias presentes. Entre eles podemos destacar: PREENSÃO PALMAR E DOS ARTELHOS, MORO, GALANT, VORACIDADE, RETIRADA A ESTIMULAÇÃO DOLOROSA, PISCAMENTO, CUTÂNEO-PLANTAR, MIOTÁTICOS, TONUS PASSIVO E ATIVO. FISIOTERAPIA EM NEONATOLOGIA Indicação Inicialmente todos os neonatos têm indicação para o atendimento fisioterapêutico, no entanto, para que o neonato receba o atendimento deverá ter indicação médica, com dados específicos da suas reais condições e necessidades. Objetivos Gerais - Prevenir ou atenuar alterações causadas por patologias respiratórias e pela hospitalização; - Manutenção ou ainda normalização e estabilização dos padrões motores, bem como de tônus e trofismo muscular; - Estimular e acompanhar o DNPM. Objetivos Específicos - Posicionar adequadamente; - Melhorar ventilação, perfusão e difusão pulmonar; - Melhorar a expansibilidade torácica; - Evitar o acúmulo de secreções; - Normalizar o tônus muscular; - Promover alongamentos musculares; - Manter e/ou aumentar as ADM´s; - Prevenir ou inibir padrões e/ou desvios patológicos; 62 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores - Prevenir deformidades articulares; - Estimular o desenvolvimento motor normal. Protocolo Fisioterapêutico na UTI Neonatal e Unidade Intermediária - O tratamento deve ser traçado a partir de uma avaliação minuciosa, incluindo história do neonato e da mãe, condições clínicas atuais, consulta em prontuário em relação à história do paciente e do parto, sinais vitais, medicamentos, dados radiológicos; deve ser realizado controle contínuo dos mesmos. - O atendimento fisioterapêutico ao neonato será realizado sempre nos intervalos da alimentação, respeitando-se as rotinas médicas, de enfermagem e da fonoaudiologia, sempre priorizando os benefícios e necessidades do neonato. - O tratamento fisioterapêutico a ser realizado, deve ser selecionado pelo próprio fisioterapeuta. - Durante o atendimento devem ser utilizadas as técnicas de assepsia sendo observadas as "precauções universais" de anti-sepsia comuns a toda equipe, devendo, ser sanadas as eventuais falhas técnicas e humanos a respeito, para evitar riscos de contaminação. - Se ocorrerem alterações no quadro clínico do neonato durante o atendimento, deve ser comunicado imediatamente à equipe, para se adotar as providências necessárias. - Como membro de uma equipe interdisciplinar, o fisioterapeuta deve estar aberto a discussões com os demais profissionais atuantes na UCI Neonatal, com o objetivo de beneficiar o paciente; bem como aos pais do neonato, sempre que necessário ou solicitado. 63 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA A fisioterapia respiratória tem por objetivo manter vias aéreas pérvias, prevenir as complicações pulmonares e melhorar a função respiratória nas patologias que acometem o período neonatal. A função do fisioterapeuta é reabilitar; no caso da ventilação mecânica, tratar a musculatura respiratória e adequar o melhor sincronismo da bomba respiratória com a ventilação mecânica, além de evitar possíveis complicações. O atendimento deve ser individualizado, realizado após avaliação do neonato (observação do aspecto geral, análise do padrão respiratório e sinas vitais, avaliação da expansão torácica, ausculta pulmonar, condições da pele, postura e tono muscular, parâmetros da ventilação artificial, exames complementares, contra-indicações). As técnicas fisioterápicas podem auxiliar na remoção de secreções traqueobrôquicas, na reexpansão e desinsuflação pulmonar. Dentre as mais utilizadas estão: drenagem postural, vibrocompressão, bag squeezing, aumento do fluxo expiratório, aspiração traqueal, manobra de compressão e descompressão torácica, bloqueio torácico. Além destas técnicas ainda é utilizada a pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP nasal) associada a manobras para reexpansão em neonatos em respiração espontânea, estimulação proprioceptiva dos músculos respiratórios e posicionamento adequado e em decúbitos selecionados conforme a necessidade do RN. É importante que se avalie os sinais vitais, sinais de fadiga, e que se respeite os horários de dieta e medicações e as rotinas de outros profissionais da unidade. O tratamento deve seguir na UCIN no intuito de melhorar a mecânica ventilatória, promover toalete brônquica e estimular o DNPM. 64 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Técnicas de Fisioterapia Respiratória As manobras de fisioterapia relacionadas aos cuidados respiratórios consistem em técnicas manuais, posturais e cinéticas dos componentes tóraco-abdominais que podem ser aplicadas isoladamente ou em associação de outras técnicas, em que de uma forma genérica, têm os seguintes objetivos: - mobilizar e eliminar as secreções pulmonares; - melhorar a ventilação pulmonar; - promover a reexpansão pulmonar; - melhorar a oxigenação e trocas gasosas; - diminuir o trabalho respiratório; - diminuir o consumo de oxigênio; - aumentar a mobilidade torácica; - aumentar a força muscular respiratória; - aumentar a endurance; - reeducar a musculatura respiratória; - promover a independência respiratória funcional; - prevenir complicações; - acelerar a recuperação; - VIBRAÇÃO TORÁCICA: A vibração torácica consiste em movimentos oscilatórios rítmicos e rápidos de pequena amplitude, exercidos sobre a parede do tórax com a intensidade suficiente para causar vibração em nível bronquial; uma freqüência ideal desejada situa-se entre 3 e 55 Hz e pode ser aplicada de forma manual ou mecânica. O efeito positivo desta técnica baseia-se na propriedade tixotrópica do muco, que se liquefaz quando submetido a constante agitação. Portanto concluiu-se que a alta 65 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores freqüência transmitida aos tecidos pulmonares pode, por meio da vibração, modificar suas características físicas, facilitando a mobilização das secreções pela árvore traqueobrônquica. Um outro efeito teórico seria o de se aproximar de 13 Hz a freqüência dos cílios vibráveis, para amplificar, por concordância de fase, a amplitude dos movimentos ciliares. Existem também relatos na literatura que descrevem efeitos benéficos da vibração no relaxamento de músculos da parede torácica e na melhora da perfusão alveolar. A técnica manual é realizada pelas mãos do terapeuta que devem estar espalmadas, acopladas e com uma certa pressão, localizadas na região torácica escolhida; o punho e o cotovelo de quem aplica a manobra deverão permanecer imóveis realizando uma contração isométrica de seus membros superiores, produzindo e impulsionando movimentos vibratórios. Esse movimento é aplicado, acompanhando a cinética da caixa torácica durante a fase expiratória do ciclo respiratório. Já a técnica mecânica é exercitada por aparelhos específicos que, alimentados por uma fonte de energia (pilha ou corrente), produzem movimentos oscilatórios constantes. O uso desses equipamentos exige cautela pois há necessidade de ajuste da intensidade da vibração, além da proteção das extremidades ósseas e da pele. No entanto, segundo alguns autores, embora a vibração mecânica seja utilizada como rotina em alguns hospitais, não é tão eficiente quanto à vibração manual, pois não atinge a árvore brônquica com a mesma intensidade e profundidade. Esses aparelhos não apresentam contornos suficientemente anatômicos para centralizar as ondas vibratórias, as quais se dispersam para outros segmentos corporais, como os membros superiores e a cabeça, chegando a causar, em certas circunstâncias, desconforto em certos pacientes. Existe também uma variação da vibração, que é menos usual, cujo nome não está bem definido, mas parece assemelhar-se a um “movimento de mola” feito pelas costelas (rib spring). Esse tipo de vibração consiste em repetidas compressões sobre o tórax durante a expiração (sacudidas rápidas sobre o tórax do paciente). A pressão exercida nessa manobra é mais intensa do que a empregada na vibração com o objetivo de provocar uma expectoração mais rápida ou mais eficiente. 66 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Apesar da vibração ser considerada uma técnica segura quando realizada corretamente, ela está contra-indicada em bebês que apresentam aumento do desconforto durante o procedimento, em presença de enfisema intersticial pulmonar extenso, pneumotórax não drenado e hemorragia pulmonar entre outros. - COMPRESSÃO TORÁCICA: Como o próprio nome diz, a técnica consiste na compressão realizada na parede torácica durante a fase expiratória do ciclo respiratório de forma relativamente brusca objetivando a formação de fluxo turbulento por aceleração do fluxo expiratório intrapulmonar, objetivando a mobilização de secreções. Para aplicação da técnica, as mãos do fisioterapeuta devem estar dispostas no sentido anatômico dos arcos costais, com os dedos colocados entre os mesmos. A força compressiva deve ser distribuída igualmente entre a palma da mão e os dedos. A dor é uma manifestação muito freqüente, evidenciada durante o emprego da manobra. Isso dificulta e compromete os benefícios provenientes do recurso, devendo o fisioterapeuta dosificar seu esforço compressivo, sua técnica, e solicitar uma analgesia adequada se necessário. Esta manobra está contra-indicada em pacientes com osteopenia da prematuridade, plaquetopenia entre outros. Os benefícios dessa manobra têm sido relatados na literatura quando ela é aplicada isoladamente, entretanto têm se demonstrado uma maior eficiência e eficácia na terapia quando esta é aplicada conjuntamente a outras manobras como a vibração. - DRENAGEM POSTURAL: A drenagem postural pode ser considerada um recurso terapêutico simples, porém amplamente empregado na fisioterapia respiratória e apresentando excelentes resultados, principalmente quando associado às demais técnicas convencionais de higiene brônquica. Ela não é necessariamente um recurso mecânico, nem tampouco manual, mas sim um processo da própria natureza, baseado em um princípio físico, que é a ação de gravidade. Essa manobra como recurso terapêutico já foi descrita há muitos anos, havendo relatos datados do início do século. Alguns autores demonstravam que as posições de drenagem postural propiciavam maior facilidade na mobilização de secreções das 67 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores diversas áreas pulmonares, propiciando maior expectoração e portanto maior eficiência na terapia. Apesar de existirem muitas considerações sobre a drenagem postural, nota-se a carência de afirmações pautadas em fundamentos científicos entre os quais o tempo em que o paciente deverá ser mantido numa determinada posição, que ainda não está definido. Recomenda-se, no mínimo, que seja de 10 minutos, outros autores, aconselham que não sejam ultrapassado o tempo de 30 a 40 minutos por posição, mas com limitação de 60 minutos no total; outros ainda limitam o período em 15 a 16 minutos. No que diz respeito ao número de sessões, as controvérsias também se fazem presentes. Enquanto se estabelece que o número ideal de vezes deve ficar em torno de quatro ao dia, há recomendações de se ater ao número máximo de vezes, havendo também a liberação de até quantas vezes o paciente pode tolerar e o bom senso do profissional deve prevalecer para a determinação destas duas últimas variáveis. Devem ser observadas e avaliadas as manifestações clínicas e os resultados obtidos com o decorrer do tempo. As posições de drenagem postural e o grau de inclinação variam de acordo com a posição da área pulmonar a ser drenada e tomam como base o ângulo ou o somatório das angulações formadas entre os segmentos brônquicos e a traquéia, devendo sempre ser levado em consideração as condições clínicas do paciente. Em crianças, pela gravidade as posições assistidas podem ser usadas da mesma maneira, tomando-se algumas precauções principalmente quando se trata da inclinação de cabeça para baixo (trendlemburg) que deve ser evitadas em crianças com pressão craniana elevada e em lactentes pré-termo que estão com risco de hemorragia peri - intraventricular. Essa posição também deve ser evitada em lactentes e crianças com distensão abdominal, pois nesses lugares o diafragma está em desvantagem mecânica, e em crianças com história pregressa de refluxo gastroesofágico, pois algumas evidências sugerem que essa posição possa agravar o refluxo e possibilitar a aspiração. - BAG-SQUEEZING: O bag squeezing é um recurso fisioterapêutico que pode ser utilizado para pacientes que cursam com quadro de hipersecreção pulmonar e tampões 68 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores mucosos, e que estejam necessitando da utilização de ventilação artificial, por meio de um aparelho de ventilação mecânica invasiva. Essa manobra consiste na utilização de uma bolsa de hiperinsuflação pulmonar (ambu) e das técnicas de vibração e compressão torácica. Dois fisioterapeutas poderão atuar conjuntamente: o primeiro administrará um volume gasoso com a bolsa, maior que o volume corrente utilizado pelo suposto paciente, se possível, chegando próximo ao limite da capacidade pulmonar total, e o segundo sincronizará a manobra de vibrocompressão após a hiperinsuflação. Promoverá portanto a aceleração do fluxo expiratório, gerando com isso fluxo turbulento e estimulando o mecanismo de tosse, o que facilitará o deslocamento das secreções impactadas na periferia pulmonar, trazendo-as mais próximo das vias aéreas superiores onde serão mais facilmente eliminadas. Na presença de secreções espessas, recomenda-se a instilação prévia de soro fisiológico em quantidades adequadas antes da insuflação do pulmão. Para adequada realização dessa manobra, seria ideal o acoplamento de um manômetro na entrada da via aérea do paciente, com o objetivo de estabelecer limites apropriados de pressão durante a insuflação manual. Essa manobra está contra-indicada nos casos de instabilidade hemodinâmica, hipertensão intracraniana, hemorragia peri-intraventricular grave, osteopenia da prematuridade, distúrbios hemorrágicos e graus acentuados de refluxo gastroesofágico. Algumas precauções devem ser tomadas pois a falta de uma ventilação colateral totalmente desenvolvida significa que o ar pode não estar difundindo do alvéolo inflado ao colapsado, pois o ar sob pressão positiva assume o caminho de menor resistência. A hiperinsuflação manual pode, portanto, superdistender áreas já infladas, mas deixam outras áreas colapsadas. Isso aumenta o risco de pneumotórax; e um cuidado particular deve ser tomado no caso de haver condições que causem hiperinsuflação, como por exemplo, a asma e bronquite. - MANOBRA ZEEP: Esta técnica é realizada somente em pacientes que estejam necessitando de ventilação artificial por meio de ventilação mecânica invasiva. Essa manobra pode ser utilizada durante a terapia convencional, associada às demais manobras ou quando estas não puderem ser realizadas por haver alterações patológicas 69 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores como osteoporose ou osteopenia importante, plaquetopenia, entre outros. Nessas situações a manobra zeep pode ser utilizada como técnica de escolha. Para realizá-la é necessário elevar a pressão positiva expiratória final até um mínimo de 10cmH2O e num instante depois levar esta pressão até zero (Zeep) juntamente com a vibrocompressão realizada sobre a parede torácica. Posteriormente deve-se retornar a pressão expiratória final aos níveis anteriores aos dos antes da realização da manobra. Com a aplicação desta técnica, observa-se um efeito de desobstrução brônquica, em função de um alto fluxo expiratório e um importante ganho de volume corrente quando se retorna a pressão positiva, ao final da expiração aos níveis normais. Ela está contra - indicada em pacientes hemodinamicamente instáveis e com hipertensão intracraniana. - TOSSE: O reflexo de tosse é o principal mecanismo fisiológico de eliminação de secreções pulmonares, pois a maioria das terapias de higiene brônquica somente ajudam a mover as secreções para as vias aéreas centrais. Trata-se pois de um fenômeno protetor e depurador das vias aéreas, sendo um sintoma muito freqüente da árvore brônquica ou de estruturas situadas mais à distância. É resultante de um reflexo a uma agressão direta ou indireta, localizada ou difusa. É portanto um dos principais mecanismos de defesa do sistema respiratório. O mecanismo da tosse consiste em uma inspiração profunda sendo chama de fase preparatória com duração de um a dois segundos; a segunda fase associa o fechamento da glote, tensionamento das cordas vocais, contração dos músculos abdominais, intercostais e glóticos. O diafragma eleva-se o que causa um aumento importante da pressão intratorácica e abdominal, durando esta fase em torno de 0,25 segundos; na terceira fase ocorre a abertura da glote e a expulsão do ar em alta velocidade. Essa expiração explosiva é acompanhada de uma queda da pressão intratorácica e determina a intensidade e a tonalidade da tosse. A tosse pode ser realizada de várias formas, pode ser um ato de imitação voluntária, em crianças pequenas, pois a tosse ativa e voluntária é incomum realizar-se 70 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores antes de dois anos e meio de idade. Pode ocorrer de maneira assistida, com pressão manual torácica e compressão abdominal, ou ainda ser associada com huffing, onde o paciente deverá fazer uma expiração profunda e única com a boca aberta. Preferencialmente o terapeuta comprime manualmente o abdome do paciente. Pode a tosse ser, ainda induzida, indicada para pacientes não cooperantes, com rebaixamento do nível de consciência, idosos, astênicos, crianças, portadores de vias aéreas artificiais ou com diminuição de força muscular. Há ainda outras maneiras de realização: estimulação da traquéia através da compressão da fúrcula esternal; induzida por ambos na inspiração e compressão manual expiratória (bag squeezing); suspiros ou aumento do fluxo inspiratório no ventilador mecânico; instilação de solução fisiológica nas vias aéreas artificiais; induzida por vibração ou percussão manual. A investigação clínica da tosse inclui várias características: freqüência, intensidade, tonalidade, presença ou não de expectoração, relações com decúbito, período do dia em que é maior sua intensidade. A tosse pode ser produtiva ou úmida, ou seja, acompanhada de secreção, não devendo, nesses casos, ser combatida; ou seca, quando é inútil, causando apenas irritação das vias respiratórias. - AUMENTO DO FLUXO EXPIRATÓRIO (AFE): O Aumento do Fluxo Expiratório (AFE) é uma técnica de fisioterapia respiratória, bastante utilizada no tratamento de crianças internadas nos hospitais, quanto nos atendimentos ambulatoriais e a domicílio. Trata-se de uma manobra de desobstrução brônquica baseada na expulsão fisiológica das secreções pulmonares. A higiene brônquica normal constitui uma explosão expiratória reflexa (tosse). A AFE é considerada como sendo uma energia aplicada, pelas mãos do fisioterapeuta sobre o tórax da criança, que assume a função da tosse quando a mesma encontra-se ineficaz, seja por imaturidade do bebê, particularidades anatomo-fisiológicas, fadiga muscular, ou ainda em determinadas situações particulares, como o caso de intubação orotraqueal ou traqueostomia. De forma geral, a AFE é definida como um movimento tóraco-abdominal sincrônico, provocado pelas mãos do fisioterapeuta na expiração. A manobra tem seu início após o platô inspiratório, não sobrepujando os limites expiratórios da criança. Seu 71 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores objetivo principal é expulsar o ar dos pulmões a uma velocidade semelhante a da tosse, sendo capaz de favorecer a progressão da expulsão das secreções (em função da mecânica dos fluidos), otimizar as trocas gasosas pelo aumento do volume corrente e promover a mobilização da mecânica torácica. Porém em recém-nascidos pré-termo deve ser utilizada a técnica da ponte, onde o terapeuta faz o apoio torácico com uma das mãos e com o indicador e polegar da outra mão faz o apoio nas últimas costelas do bebê. A técnica é modificada, para que o apoio abdominal dado nos recém-nascidos maiores e nas crianças, não aumente a pressão intracraniana e o fluxo sanguíneo para a região da cabeça, evitando assim possíveis hemorragias. Nesta técnica a pressão exercida no tórax pode se dissipar em parte para o abdomen que ficará livre. Em casos de abdomens distendidos, optar pelo AFE unilateral para que a pressão se dissipe também para o hemitórax contralateral. AFE AFE –Técnica de Ponte AFE Unilateral 72 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores - Percussão torácica: contra-indicada em neonatologia em RNPT, pneumotórax não-drenado, hemorragia pulmonar e peri-intraventricular, hipertensão pulmonar. Há autores que contra-indicam por não ter eficácia, já que a vibração obtida pela percussão se dá quando esta é feita sobre um anteparo rígido, o que não é o caso do tórax do recém-nascido. FISIOTERAPIA MOTORA E ESTIMULAÇÂO ESSENCIAL - É essencial a mudança constante de decúbito, respeitando os horários de sono; - Fisioterapia respiratória e aspiração; - Cinesioterapia passiva, com o uso do tapping, o placing e outras técnicas objetivando a normalização do tônus e ganho de peso (ELIAKIM et al, 2002); - Mobilização e alongamentos ou cinesioterapia motora passiva dos músculo- tendíneos nos seguimentos acometidos visando a prevenção de deformidades por retrações teciduais das partes moles; melhora das ADM´s, estimulo das funções musculares, correção de deformidades não fixadas; as mobilizações devem ser realizadas de proximal para distal e céfalo-caudal sem interferir no desenvolvimento motor fisiológico normal; - Manobras de inibição reflexa de reações ou movimentos anormais ao padrão do neonato; - Facilitação neuromotora de padrões normais ao neonato; - Estimulação sensório motora (ESM) utilizando reflexos fisiológicos do neonato aos estímulos apropriados; - Para os neonatos de alto-risco, nascidos com índice APGAR < a 7, é desejável que seja realizado estimulação do desenvolvimento neuro-psico-motor (DNPM) com a finalidade de prevenir ou minimizar um eventual retardo do DNPM; 73 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores - Posição prono / supino: Estudos comprovam a eficiência da posição prono para a melhora da saturação de O2 no neonato independente do peso de nascimento, melhorando a eficácia do diafragma, promovida por um melhor apoio abdominal; - Orientação e estímulo ao aleitamento e realização do programa de atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso-método mãe-canguru, junto à equipe interdisciplinar; - Orientação para alta hospitalar: posicionamento anti-refluxo, estimulação essencial, fase 3 do método mãe-canguru, fisioterapia ambulatorial para estimulação do DNPM (follow-up). ROTINA ASSISTENCIAL AO NEONATO SUBMETIDO À VENTILAÇÃO MECÂNICA Nestes casos alguns cuidados são essenciais e específicos para cada patologia e condição clínica do neonato, no entanto as observações citadas abaixo devem ser seguidas indiferente da patologia, sendo útil para todo tipo de equipamento de VM: - Adaptação do neonato à prótese ventilatória; - Uso de tubo orotraqueal ou nasotraqueal; - Fixação e posicionamento do tubo; - Observar condições do circuito de ar; - Verificar a data da última troca do circuito do ventilador e filtro de ar; - Verificar se existe presença de água no circuito; - Observar se a temperatura e o nível de água do termoumidificador estão corretos. 74 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores ASPIRAÇÃO DE VIAS AÉREAS A aspiração das vias aéreas tornou-se de tal maneira rotineira em UTI, que existe uma tendência a esquecer suas complicações e riscos. Mesmo quando realizada apropriadamente, a aspiração é um procedimento que envolve cuidados e obediências e certos rigores técnicos. Sua indicação baseia-se na evidência de sinais diretos ou indiretos de acúmulo de secreção nas vias aéreas ou tubo endotraqueal. Com base nesses sinais é que se vai determinar a freqüência das aspirações. A aspiração remove não só a secreção como também os gases na árvore traqueobrônquica e alveolar, dependendo da maneira como é realizada. A quantidade de oxigênio disponível à circulação arterial pode ser severamente reduzida se a aspiração se prolongar por mais de 10 segundos. Baseado nisto devemos aumentar em 20% de oxigênio antes de cada aspiração. Aspirações prolongadas e repetidas na ausência de secreção traqueal determinam freqüentemente a ocorrência de traqueíte. Isto ocorre principalmente quando a aspiração é desnecessária. Durante a aspiração, a pressão negativa gerada pode fazer com que a mucosa seja sugada através dos orifícios do catéter e com a movimentação do catéter, esses pequenos fragmentos de mucosa são deslocados da parede traqueal. A oclusão da via aérea pela presença de calibre exagerado da sonda de aspiração é causa de hipoxemia e microatelectasias, alteração do fluxo sangüíneo cerebral, levando a hemorragia intraventricular. Existe o risco de infecção por contaminação ou bacteremia decorrente da falta de cuidado com assepsia durante a realização da técnica. Esta técnica é um procedimento realizado com rigor asséptico, sendo necessário duas pessoas para realizar aspiração no tubo endotraqueal. Durante a aspiração, deve-se monitorizar continuamente a freqüência cardíaca e a saturação de O2, quando for possível. Os efeitos deletéricos da aspiração podem ser minimizados aumentando-se a fração inspiratória de oxigênio (FiO2) em 20% de seu valor inicial, previamente a realização da técnica. Para neonatos, recomenda-se o uso de pressões negativas entre 7 cm H2O a 12 cm H2O. O bebê deve estar posicionado em decúbito dorsal com o pescoço na posição neutra. Para aspirar o brônquio fonte direito, deve-se virar a cabeça para o 75 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores lado esquerdo e vice-versa. Introduzir a sonda com o vácuo fechado, não ultrapassando a medida previamente marcada na sonda. A duração desta manobra deve ser mínima, não ultrapassando 10 segundos. Depois disso retirar a sonda com movimentos rotatórios suaves. Em caso de secreção muito espessas, instilar soro fisiológico para fluidificá-la. Aspirar cavidade nasal e boca a seguir. A aspiração da cânula traqueal pode ser realizada por um sistema aberto ou fechado de aspiração: - Sistema de Aspiração Aberta: Consiste num procedimento estéril em que uma sonda de calibre adequado, de acordo com a via aérea do paciente, é conectada a uma fonte de vácuo, devendo ser introduzida na via aérea, de maneira delicada, para evitar possíveis traumas traqueais e de vias aéreas superiores. O tempo de aspiração deve ser o mais curto possível, evitando longos períodos de desconexão com o ventilador se o paciente o estiver utilizando. Algumas complicações como a hipoxemia, a taquicardia e a hipertensão arterial podem se fazer presentes durante o procedimento, principalmente tratando-se de crianças, por isso alguns autores recomendam fazer uma pré - oxigenação antes da realização da aspiração. Deve-se contudo cuidado para não levar a criança a quadros de hiperóxia, devido ao risco iminente da retinopatia da prematuridade, e uma adequada monitoração dos sinais vitais durante o procedimento. - Sistema de Aspiração Fechada: Este sistema poderá somente ser utilizado por pacientes que estejam necessitando de via aérea artificial, seja ela cânula de acesso nasotraqueal, orotraqueal ou na traqueostomia. Consiste num dispositivo cuja sonda de aspiração é completamente protegida por um saco plástico que permanece adaptado ao ventilador. O objetivo desse sistema é aspirar a secreção traqueal do paciente crítico, pois permite a limpeza do muco brônquico sem desconectar o enfermo do respirador; dessa forma não há despressurização da via aérea. A técnica dispensa o uso de ambu, e a instilação de solução fisiológica é possível através do dispositivo lateral, o qual também permite a limpeza do sistema ao término da aspiração. 76 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Acredita-se que a não desconexão do paciente do ventilador preserve o recrutamento alveolar, proporcionado pela pressão positiva e também favoreça o controle de infecção, apesar destes fatores serem muito questionados. A grande vantagem descrita nos estudos envolve o menor risco de hipoxemia durante o procedimento, a manutenção da pressão expiratória positiva final, o custo geral e a diminuição da ansiedade do paciente. As desvantagens relatadas freqüentemente são condensações de água no sistema, dificuldade de uso e diminuição na efetividade da aspiração. As aspirações dos recém-nascidos em ventilação espontânea devem seguir os mesmos princípios de assepsia. POSICIONAMENTO TERAPÊUTICO Alternar os decúbitos com certa freqüência (de 2 a 4 horas) e posicionar corretamente o bebê, pode ser procedimentos benéficos tanto para o aparelho respiratório, prevenindo a estase de secreções, funcionando com um estímulo para a parede torácica e facilitando a reexpansão pulmonar em áreas atelectasiadas, quanto para o desenvolvimento neurosensorial e psicomotor do bebê, além de propiciar um maior conforto e evitar escaras de decúbito. Para auxiliar a manutenção do posicionamento, podem-se utilizar anteparos feitos com panos. O colchão d’água pode ser um artifício útil para RN submetidos à ventilação mecânica por longos períodos. Por meio dele, qualquer movimento realizado pelo bebê é propagado pela água para todas as partes do corpo, propiciando estímulo vestibular e proprioceptivo, contribuindo para diminuir a incidência de apnéias. Posicionamento em Prono Posicionar o bebê em prono significa oferecer melhor estabilidade à caixa torácica e conseqüentemente, maior acoplamento torácico abdominal, facilitando aos músculos 77 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores respiratórios a expansão do tórax altamente complacente dos RN pré-termos. Nesta postura, a musculatura recebe maior estímulo tátil e proprioceptivo, tornando-o mais efetivo. Quanto ao desenvolvimento neuropsicomotor, o posicionamento em prono facilita uma postura mais flexora pela ação da gravidade, e o RN permanece mais tempo em estado de sono quieto, desorganiza-se menos e chora com menor freqüência. O decúbito ventral minimiza os efeitos do reflexo gastroesofágico e reduz os riscos de aspiração. No entanto, a posição da cabeça pode alterar a resistência ao fluxo aéreo por deformação das vias aéreas superiores e do tubo endotraqueal além de limitar a excursão abdominal por tempo prolongado podendo aumentar o trabalho respiratório. Posicionamento em Supino O RN fica mais desorganizado, sendo este posicionamento mais freqüente, no momento da aspiração, ou quando alguma patologia não permite que se coloque o RN em prono, como, nos primeiros momento da colocação do catéter umbilical ou cirurgia recente. Posicionamento em Decúbito Lateral É uma postura vantajosa sob o aspecto do desenvolvimento neuropsicomotor, pois facilita a flexão ativa ao nível do tronco e quadril, a melhor orientação entre mão e a linha média e entre a mão e a boca, que favorecem desenvolvimento da auto-organização e simetria. Além disso, o decúbito lateral direito auxilia no esvaziamento gástrico pós- gavagem. 78 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores Posicionamento nas diversas patologias respiratórias do período neonatal - Atelectasias: deixar a área afetada não-dependente (para cima) para ajudar na reexpansão. Ex: atelectasia a D=decúbito lateral E; - Pneumotórax ou enfisema intersticial: deixar hemitórax comprometido dependente (para baixo) para melhorar expnsibilidade do lado sadio e evitar maior extravasamento de ar do lado comprometido. Ex: Pneumotórax a D= decúbito lateral D; - Apnéias: decúbito ventral estimula musculatura diafagmática, melhora mecânica de caixa torácica; - Derrame Pleural: Lado drenado deve estar não-dependente para melhorar expansibilidade do tórax e ajudar na drenagem. ------ FIM DO MÓDULO III ------ 79 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores BIBLIOGRAFIA CONSULTADA CAKUSHAUSKY J. Semiologia Básica do RN. 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