Prévia do material em texto
Liderança e visão empreen- dedora 1 Liderança e Visão Empreendedora Unidade 1 – Empreender – Elementos de Empreendedorismo Paula Cristina Afonso dos Santos Liderança e visão empreen- dedora 2 Sumário UNIDADE 1 – A ação política Aula 1 - O espírito empreendedor..............................................................................................................................6 Aula 2 - Passos iniciais: O que fazer? Como começar?...........................................................................................13 Aula 3 - Fatores que podem determinar o sucesso ou o fracasso de um empreendimento...........................17 Aula 4 - Conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para um empreendedor...................................21 BIBLIOGRAFIA........................................................................................................................................................26 Liderança e visão empreen- dedora 3 Apresentação Olá, estudante! Vamos iniciar a construção do conhecimento de Liderança e Empreendedorismo a partir desta disciplina. Ela foi desenvolvida de forma a permitir que você passeie pelos conceitos e compreenda na prática a necessidade de se identificar o estilo de liderança predominante no indivíduo, bem como sua capacidade de empreender. Será um imenso prazer desbravar esses conceitos com você. Os conteúdos serão apresentados em três unidades de estudos, onde terão como pano de fundo o empreendedorismo, a liderança e a inovação. Aproveite para interagir com o(a) tutor(a) no ambiente virtual. Bons estudos! Liderança e visão empreen- dedora 4 Introdução O empreendedorismo é fundamental na criação de algo novo ou até mesmo no crescimento de um negócio. A ação de empreender inicia no encontro de uma oportunidade e um indivíduo empreendedor. O nascimento de uma oportunidade acontece quando o empreendedor vislumbra a possibilidade real de se iniciar algo novo, seja um produto, um serviço ou até mesmo algo já existente, mas que precisa passar por uma inovação. Junto com as oportunidades, surgem também as incertezas. Assim, é necessário ter a capacidade de avaliar o grau de incerteza de determinada oportunidade em potencial e até onde arriscar. A partir do momento que o empreendedor aumenta seu conhecimento sobre aquela oportunidade, seu grau de incerteza pode diminuir. Bons estudos! Liderança e visão empreen- dedora 5 Objetivos Esperamos que, ao final desta Unidade, o aluno seja capaz de: » Definir o conceito de empreendedorismo a partir do contexto histórico. » Conhecer os passos iniciais para a abertura de um novo negócio e as características do comportamento empreendedor. » Identificar os fatores determinantes do sucesso ou fracasso de um empreendimento. » Identificar as habilidade e atitudes necessárias para um empreendedor de sucesso. Liderança e visão empreen- dedora 6 Aula 1 - O espírito empreendedor Ao iniciarmos o estudo sobre empreendedorismo, é de suma importância conhecer o seu conceito. De acordo com Dornelas (2012, p. 28), empreendedorismo “[...] é o envolvimento de pessoas e processo que, em conjunto levam à transformação de ideias em oportunidade.” A partir deste conceito, entende-se a relevância que as oportunidades têm ao serem implantadas para que novos negócios se manifestem no mercado, salientando que para o sucesso desses negócios precisa que pessoas estejam envolvidas. O termo empreendedorismo foi definido a partir de ideias de pensadores diversos que contribuíram para que hoje fosse possível entender de maneira clara seu conceito. Liderança e visão empreen- dedora 7 Conforme Chiavenato (2012), em 1725, o economista Richard Cantillon utilizou pela primeira vez o termo “empreendedor” fazendo entender que era o indivíduo que assumia riscos. Em 1814, outro economista, Jean-BaptisteSay, empregou a palavra para indicar o indivíduo que desloca de um setor para outro, recursos financeiros afim de suprir aquele com baixa produtividade. E em 1871, mais um economista, Carl Menger estabeleceu que o empreendedor é aquele que “se antecipa as necessidades futuras”. No século seguinte, outros economistas contribuíram para estabelecer ainda mais este conceito. Em 1949, Ludwig von Mises declarava que o empreendedor é aquele que toma decisões. E 10 anos depois, Friedrich von Hayek afirmou que o empreendedorismo não envolvia apenas risco, mas, principalmente, a condução da evidenciação de um processo de descoberta de situações produtivas e oportunidades de novos mercados. Algum tempo depois, o também economista Joseph Schumpeter abordou o tema afirmando que o empreendedor é o indivíduo que é capaz de transformar uma simples ideia em uma inovação efetiva, por intermédio do que chamou de uma “destruição criativa”, que é a mudança a partir da introdução de novos produtos e serviços em substituição aos já utilizados. A partir de então, as discussões sobre empreendedorismo vêm se aprofundamento com várias contribuições de vários autores. Liderança e visão empreen- dedora 8 Autor Contribuições McClelland (1961) Identificou que o empreendedor tinha três necessidades: afiliação, sucesso e poder (sentimento de reconhecimento) Rotter (1966) Responsável pela tese do “locus” de controle interno e externo (Locus em latim significa lugar). Desta forma, caso o indivíduo tenha locus de controle predominantemente interno, significa que ele tem um controle maior da sua vida, exigindo mais do próprio esforço e concentrando forças para lidar com os problemas por conta própria. Quando o indivíduo tem o locus de controle externo, exige mais dos outros, sendo dependente emocional e funcional e acabam sendo mais afetados por elogios e críticas a seu trabalho. Rotter enfatiza que o empreendedor evidencia o locus de controle interno. Drucker (1970) Drucker afirmava que o comportamento do empreendedor reflete a necessidade de inserir sua carreira e sua instabilidade financeira na vanguarda e passar por riscos em prol de uma ideia, investindo dinheiro e tempo em algo que não tem certeza se dará certo. Casson (1982) Para Casson, o empreendedor é aquele que toma decisões racionais e gerencia recursos insuficientes. Sexton e Bowman (1985) O empreendedor tem grande flexibilidade a insegurança. Bandura (1986) O empreendedor busca a auto eficácia. William Baumol (2002) O Empreendedor é quem impulsiona a inovação no livre mercado. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2012) Liderança e visão empreen- dedora 9 O conceito de empreendedorismo aplicado na prática é benéfico à economia devido a criação de novas micros e pequenas empresas, pois são essas que mais geram empregos. A prática do empreendedorismo possibilita o surgimento de novas empresas e consequentemente a criação de novos postos de trabalho, gerando renda às pessoas e dinamizando o mercado. O empreendedorismo, de acordo com o SEBRAE (2017), [...] é tratado como um fenômeno ligado à criação de um negócio, com o propósito de explorar uma oportunidade, no entanto, eles também são responsáveis pela maior parte da geração de postos de trabalho. ” No Relatório especial sobre o empreendedorismo apresentado pelo SEBRAE em 2017, apresenta a análise do impacto das pequenas empresas na geração de empregos formais. Indicamos a leitura do Relatório Especial – O empreendedorismo e o Mercado de Trabalho, disponível em: https://bit.ly/2gzFn0b Saiba Mais Liderança e visão empreen- dedora 10 O empreendedor é o indivíduo que faz o empreendedorismo acontecer. É aquele que identifica a oportunidade e se arrisca em um novo negócio. Para começar a falar do papel do empreendedor, é necessário salientar que existem dois tipos de empreendedores,de acordo com Ferreira, Santos e Serra (2010): • O empreendedor voluntário e • O empreendedor involuntário. O empreendedor voluntário é aquele que sempre pensou em empreender, já o empreendedor involuntário é aquele que nunca pensou em se tornar um empreendedor. Como exemplo, podemos destacar alguém que tenha recebido um negócio de herança. Este indivíduo se torna um empreendedor por obrigação de levar adiante o negócio. Outra situação muito comum de empreendedor involuntário, é quando o indivíduo se vê em dificuldade de se recolocar no mercado de trabalho e enxerga na abertura de um novo negócio uma saída. Nos dois exemplos, os indivíduos não se prepararam para ser empreendedores. De acordo com Dornelas (2012, p. 29), “o empreendedor é aquele que detecta uma oportunidade e cria um negócio para capitalizar sobre ela, assumindo riscos calculados”. Ainda de acordo com Dornelas, o empreendedor é o indivíduo que tem iniciativa e paixão pelo que faz, utilizando os “recursos disponíveis de forma criativa”, transformando o ambiente onde vive e assumindo riscos calculados. A revista americana Fortune elegeu, em 2012, os maiores empreendedores do mundo. De acordo com a revista, Steve Jobs, criador da Apple vem em primeira posição. Abaixo, listamos os 12 maiores empreendedores do mundo, de acordo com a revista Fortune (2012): 1. Steve Jobs – Apple 2. Bill Gates – Microsoft 3. Fred Smith - Federal Express (FedEx) 4. Jeff Bezos - Amazon.com 5. Larry Page and Sergey Brin - Google 6. Howard Schultz - Starbucks 7. Mark Zuckerberg – Facebook 8. John Mackey - Whole Foods 9. Herb Kelleher - Southwest Airlines 10. Narayana Murthy – Infosys 11. Sam Waltes - Wal-Mart 12. Muhammad Yunus - Grameen Bank Liderança e visão empreen- dedora 11 Alguns mitos são relacionados ao empreendedor e dificultam a geração de novos negócios. Conforme Ferreira, Santos e Serra (2010, p. 32 e 34), os principais mitos que cercam o empreendedor são: • O empreendedor já nasce pronto – Isso é um mito, pois o indivíduo pode desenvolver o perfil empreendedor. • Assume riscos exagerados – Outro mito, pois os riscos assumidos pelo empreendedor são bem calculados. • Tem dificuldade em trabalhar em equipe, pois é dono do próprio negócio – Mais um mito, pois o empreendedor de sucesso compartilha as responsabilidades e tarefas com sua equipe de trabalho. • Os indivíduos com idade mais avançada não podem empreender – um dos maiores mitos, pois a experiência aumenta as chances de sucesso do negócio. • O que motiva o empreendedor é o dinheiro – Isso é mito, pois muitos empreendem por realização de um sonho ou até mesmo, melhorar o ambiente que vivem. Da mesma forma que existem mitos a respeito dos empreendedores, também existem verdades. Dornelas (2012, p. 28) aponta algumas verdades acerca do empreendedor: • Enquanto a maioria dos empreendedores nasce com certo nível de inteligência, empreendedores de sucesso acumulam habilidades relevantes, experiências e contatos com o passar dos anos. • A capacidade de ter visão e perseguir oportunidades aprimora-se com o tempo. • Os empreendedores de sucesso assumem riscos calculados e evitam riscos desnecessários. • Compartilham o risco com outros. • São ótimos líderes. • Criam times/equipes. • Desenvolvem excelente relacionamento no trabalho com colegas, parceiros, clientes, fornecedores e muitos outros. Liderança e visão empreen- dedora 12 Não existe apenas um tipo de empreendedor. Sendo assim, serão apresentados a seguir os tipos de empreendedores listados por Dornelas (2015). Empreendedor informal: também conhecido como empreendedor de necessidade. Por não ter alternativa, cria o próprio negócio. Geralmente acontece porque foi demitido da empresa que trabalhava ou não consegue oportunidade no mercado de trabalho. Empreendedor cooperado: são aqueles que se reúnem com outros empreendedores para fortalecer seu negócio. Exemplos de empreendedores cooperados são artesão, catadores de material reciclável. Empreendedor individual: É o antigo empreendedor informal, mas agora legalizado. Este já tem uma empresa formal e contrata funcionários. A perspectiva de crescimento do seu negócio começa a aumentar. Empreendedor Franqueado: é aquele que começa seu negócio a partir de uma marca já estabelecida no mercado por um franqueador. Empreendedor Social: esse tipo de empreendedor é aquele que se compromete com causas humanitárias. A principal diferença desse tipo de empreendedor para os demais, é que esse se realiza vendo suas ações trazerem resultados para outras pessoas e não para si próprio. Empreendedor corporativo: são funcionários cumpridores de seus deveres na organização que trabalham, conscientes de seu papel. Trazem ideias visando o crescimento da empresa ao longo prazo. Empreendedor público: atuam em organizações públicas e são comprometidos com o público geral. Se propõem a melhorar os serviços oferecidos à população e a utilizar os recursos públicos de forma mais consciente. Empreendedor do conhecimento: é todo aquele que quer fazer diferença em sua área de atuação. Que planeja, se prepara, otimiza seu desempenho e executa sua atividade com perfeição. Empreendedor do Negócio Próprio: é aquele que busca liberdade. Quer ser o seu próprio patrão. Liderança e visão empreen- dedora 13 Iniciar um novo negócio não é uma tarefa fácil. É necessário ter um planejamento bem estruturado e o objetivo bem definido. Para isso, é preciso definir alguns detalhes que são imprescindíveis: • Qual será o negócio? • Quem será seu cliente em potencial? • Qual produto/serviço será comercializado/produzido? De que forma será comercializado/produzido? O empreendedor, quando dá início a um novo negócio, percorre um trajeto sujeito às incertezas e imprevistos que estão inseridos num futuro ainda não conhecido. Essas incertezas acabam tirando o sono daquele que assume o risco de depositar suas economias em um novo negócio. A falta de um planejamento é a principal causa de fracasso de um negócio, de acordo com o Sebrae. Índice de mortalidade das micro e pequenas empresas brasileiras ainda nos primeiros anos de permanência no mercado, chega a 70%. Assim, fica evidente a falta de cultura de realizar um planejamento. Não basta apenas ter uma ideia, deve-se planejar para que a ideia saia do papel e se torne realidade. Conforme Chiavenato (2004), o planejamento é a primeira das funções administrativas, antecedendo as funções de organização, direção e controle. Planejar, sugere interpretar a missão da organização e determinar os seus objetivos, bem como os meios para seu alcance com máxima efetividade. Para que as organizações obtenham o melhor aproveitamento de seus recursos é necessário realizar planejamentos. Mas, existe um planejamento para cada nível hierárquico. Sendo assim, destacamos três tipos de planejamento: Aula 2 - Passos iniciais: O que fazer? Como começar? Estratégico Tático Operacional Liderança e visão empreen- dedora 14 O planejamento estratégico (marketing, Recursos Humanos, Financeiro e Produção) é elaborado pela alta administração da empresa, ou seja, pela presidência e diretoria. O objetivo do planejamento estratégico é ter uma visão macro das oportunidades e das necessidades da organização e elaborar estratégias para alcançar os objetivos organizacionais. Neste planejamento é levado em conta as condições externas e internas da empresa. O planejamento tático é o que realiza o gerenciamento dos recursos da organização, para atingir os objetivos. É elaborado pelos gerentes. O planejamento operacional considera colocar em prática os planos estratégicos e tático, ou seja, equivale as atividades laborais doscolaboradores para que os objetivos traçados pela alta direção sejam alcançados. Colocar em prática este planejamento é atribuição dos gestores de departamentos, que devem acompanhar as atividades e garantir que os profissionais obtenham efetividade em suas tarefas. A decisão de se tornar um empreendedor ocorre, na maioria das vezes, em virtude de fatores sociais, ambientais, atributos pessoais. De acordo com Dornelas (2012, p. 31) o início do processo de empreender acontece “quando um evento gerador desses fatores possibilita o início de um novo negócio”. Liderança e visão empreen- dedora 15 Dornelas (2012) apresenta uma adaptação de Moore (1986) dos fatores que influenciam no processo de empreender: Liderança e visão empreen- dedora 16 De acordo com Dornelas (2015) o processo de empreender é dividido em quatro fases: Nesta fase ocorre a identificação da oportunidade e sua avaliação: para se identificar uma oportunidade é preciso estar muito atento a tudo que acontece ao redor, como por exemplo, problemas do cotidiano que quase ninguém se interessa em resolver. Mas, este problema precisa ser coletivo, ou seja, não pode ser algo que envolva uma ou poucas pessoas, mas algo que tenha uma abrangência maior. Pois, para que este problema se torne uma oportunidade de negócio muitas pessoas precisam ser impactadas. Captação de recursos: Nesta fase, o empreende- dor precisa usar seu poder de persuasão para que convença as pessoas a comprarem sua ideia. Esses recursos podem ser: pes- soais, recursos de amigos e parentes, bancos, governo, incubadoras. Na segunda fase será elaborado um plano de negócios. Será apresentado nesta fase o conceito do negócio. Falaremos mais deste plano de negócios na próxima aula. Nesta fase acontece o gerenciamento da empresa criada. Nela será estabelecida o estilo de gerenciamento, os fatores críticos de sucesso, a identificação de possíveis problemas. 4ª fase:1ª fase: 3ª fase:2ª fase: Liderança e visão empreen- dedora 17 Como ponto de partida para identificar os fatores influenciadores de um empreendimento é importante conhecer quais as variáveis que norteiam o ambiente. Conforme Chiavenato (2012, p. 17): O processo empreendedor abrange todas as atividades, as funções e as ações relacionadas com a criação de uma nova empresa. Todos os negócios operam em um ambiente geral, que é composto de uma multiplicidade de variáveis que interagem dinamicamente entre si, como variáveis econômicas, sociais, tecnológicas, culturais, legais, demográficas e ecológicas. Todas essas variáveis causam impactos profundos em todas as empresas, sem qualquer discriminação. Um empreendedor é um indivíduo de muita determinação e costuma tomar decisões de forma rápida e segura. Porém, para que seu empreendimento não fique fadado ao fracasso, ele precisa se organizar e montar seu plano de negócios. O Plano de Negócios foi idealizado para que o empreendedor organizasse suas ideias em um documento. Ele é parte fundamental no processo de empreender. O Plano de Negócio auxilia na segurança do alcance das metas estabelecidas pelo empreendedor e a obtenção dos lucros desejados. Aula 3 - Fatores que podem determinar o sucesso ou o fracasso de um empreendimento Plano de negócios é um documento usado para descrever o negócio e serve para que a empresa se apresente diante dos fornecedores, investidores, clientes, parceiros, empregados. (BIAGIO e BATOCCHIO, 2012, p. 03) Quando o empreendedor tem em mente abrir um negócio, ele precisa elaborar um projeto para colocar em prática. O plano de negócio é a ferramenta mais indicada para quem quer desbravar em um negócio novo ou inovar algo já existente. Detalhar um plano de negócios não acaba com as possibilidades de falhas, mas diminui a probabilidade e ajuda a enfrentá-las caso venham ocorrer. O plano de negócios para uma empresa que ainda irá iniciar, engloba uma série de informações sobre o futuro empreendimento e determina suas principais características e situações para proporcionar uma análise de viabilidade e os riscos, e ainda facilita sua implantação. E para uma empresa que já está em funcionamento, o plano de negócios não deve “apenas mostrar onde a empresa quer chegar (situação futura), mas também onde a empresa está no momento, apresentando os valores dos seus atuais indicadores de desempenho. ” (DORNELAS, 2012, p. 98) Liderança e visão empreen- dedora 18 De acordo com Dornelas (2012), os aspectos-chave que devem ser destacados em qualquer plano de negócios são: • Em que negócio você está? • O que você vende? • Qual é o seu mercado-alvo? Primeiramente, deverá ser respondido o seguinte questionamento: • Qual será o negócio? O primeiro passo é a identificação de oportunidades de negócios compatíveis com a realidade do empreendedor, porque nem sempre uma oportunidade é ideal para todos os empreendedores. Ou seja, a caracterização do macro ambiente do negócio, identificando ameaças e oportunidades. Essa compatibilidade deve estar associada às suas características individuais, ao seu conhecimento prévio do negócio e aos seus projetos pessoais. O segundo passo é definir o objetivo com base na visão de futuro. É impossível prever o futuro, porém o empreendedor precisa trabalhar com uma visão de futuro. Ele deve projetar seu negócio com uma referência de futuro, enxergando sempre além do curto prazo. Assim, um Plano de negócios se faz necessário neste momento. O próximo passo será fazer um planejamento. O ato de planejar dá ao empreendedor uma certa tranquilidade, pois poderá pensar de forma estratégica. O planejamento estratégico é um processo que impulsiona a empresa para o futuro. Para elaborar o planejamento estratégico deverá analisar o ambiente em que o seu negócio está inserido. Essa visão propicia ao empreendedor planejar suas ações para alcançar os objetivos dos negócios de forma efetiva. Após definir o objetivo, será necessário que empreendedor defina a missão de seu negócio, bem como seus valores. Após esta definição de objetivos, missão e visão, ele deverá fazer uma análise do ambiente interno e externo da organização. Desta forma, o empreendedor poderá definir sua visão, ou seja, aonde pretende chegar. Para se escrever um Plano de Negócios não se considera uma estrutura pré-formata, rígida, pois cada negócio possui suas especificidades e particularidades. Porém, qualquer Plano Atenção! O cuidado a ser tomado é o de escrever um plano de negócios com todo o conteúdo que se aplica a esse documento e que não contenha números recheados de entusiasmo ou fora da realidade (DORNELAS, 2012, p. 97). Liderança e visão empreen- dedora 19 de Negócio deve ter certas seções que proporcionarão melhor entendimento do negócio. O que vai definir o tipo de plano de negócios a ser elaborado será sua finalidade. Para solicitar financiamento, o Plano de negócios deverá acatar também às exigências da entidade financiadora. Essas seções precisam ser organizadas de forma que qualquer leitor entenda como a empresa é organizada, quais os objetivos, o produto/serviço que comercializa, seu mercado, a estratégia de marketing que será utilizada e sua situação financeira. Dornelas (2012) apresenta algumas estruturas de Plano de Negócios. Utilizaremos como exemplo, uma dessas estruturas. Liderança e visão empreen- dedora 20 O Plano de Negócios é composto por: 1. Capa: uma das partes mais importantes do Plano de Negócios, pois é a primeira coisa que é visualizada por quem lê o seu Plano de Negócios; 2. Sumario: deve conter o título de cada seção e a página onde se encontra; 3. Sumário Executivo: é componente principal de um plano de negócios,pois é o que fará com que o leitor decida se dará continuidade na leitura ou não. Desta forma, precisa estar bem escrito e revisado. É necessário que contenha uma síntese das principais informações do Plano de negócios. Deve mostrar ainda qual o objetivo de apresentar o plano de negócios àquele leitor (ex: solicitar financiamento junto ao banco, apresentação da empresa para fechar parcerias etc.). Precisará conter: Missão, Objetivos do negócio, metas, estratégia de marketing, responsáveis pelo negócio, processo de produção, estrutura do negócio, investimento e o retorno financeiro. O Sumário Executivo deverá ser a última seção do plano de negócios a ser redigida, pois depende das outras seções. 4. Produto / serviço: Características do produto ou serviço que será produzido. 5. Plano de marketing: Estratégia de marketing; Projeção de venda e canais de venda e distribuição; 6. Plano operacional: Descrição das instalações e do processo de produção, máquinas e equipamentos, matéria prima/insumos e empregados; 7. Descrição da empresa: deverá ser escrito o histórico da empresa, com sua razão social, seu crescimento, faturamento dos últimos anos, impostos, estrutura organizacional, sua localização, certificações e parcerias. 8. Plano Financeiro: Fluxo de caixa; Balanço Patrimonial e Demonstração dos resultados; 9. Documentos anexos: Curriculum Vitae; contrato social; cartas de referências (se houver), contrato de aluguel, entre outros. Dicas Para conhecer mais sobre Plano de negócios, acesse o link: https://bit.ly/2LkFDcC Liderança e visão empreen- dedora 21 Aula 4 - Conhecimentos, habilidades e atitudes necessários para um empreendedor A figura do empreendedor para o desenvolvimento econômico e social do país é fundamental. Conforme Dolabella (2009) após uma pesquisa realizada pela GEM (Global Entrepreneurship Monitor) chegou-se à conclusão de que a criação de empresas é o meio mais eficaz para gerar empregos, alavancar o crescimento econômico e social e, por consequência, combater a pobreza em uma sociedade. De acordo com Dornelas (2012), alguns anos atrás, o caso de uma pessoa recém-formada se arriscar na criação de um negócio próprio era considerado uma grande loucura, pois as oportunidades de empregos ofertados pelas empresas nacionais e estrangeiras e a estabilidade de um emprego em um órgão público era bastante estimulante, pois ofereciam bons salários e oportunidades de crescimento. Porém, esse cenário mudou e o empreendedorismo no Brasil começou a ser tratado com o grau de magnitude que lhe é merecido. Fernando Dolabela (2008, p. 14), discorre que o empreendedor é “um agente de mudanças”. Diz ainda que o empreendedorismo “é um termo que implica uma forma de ser, uma concepção de mundo, uma forma de se relacionar. [...] é um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descobertas e propostas positivas para si” e para a sociedade. O empreendedor de sucesso apresenta características e particularidades pessoais que, adicionados a características ambientais e sociológicas, fomentam o nascimento de uma nova empresa. Liderança e visão empreen- dedora 22 Dornelas (2012) elenca algumas características dos empreendedores de sucesso, conforme apresentadas a seguir: a) São visionários: os empreendedores de sucesso têm visão do futuro, e conseguem ver como será o futuro para seu negócio e sua vida; b) São indivíduos que fazem a diferença: os empreendedores têm capacidade de transformar uma ideia abstrata em algo concreto; c) Sabem tomar decisões: os empreendedores de sucesso tomam decisões corretas na hora certa, principalmente em momentos de contratempo, sendo esta a marca do sucesso do empreendedor. d) Sabem explorar ao máximo as oportunidades: para os empreendedores de sucesso, as ideias são concebidas por aquilo que a maioria das pessoas consegue ver, mas não conseguem distinguir algo proveitoso para transformá-las em oportunidades. e) São determinados e dinâmicos: o comportamento dos empreendedores de sucesso é determinado por seu comprometimento. Buscam com todas as forças atingir seus objetivos, pois sua vontade de “fazer acontecer” ultrapassa qualquer obstáculo. f) São dedicados: os empreendedores dedicam todo seu tempo ao seu negócio. São capazes de comprometer relacionamentos com amigos e família por conta dos negócios. Até a própria saúde conseguem deixar em segundo plano. São obstinados por trabalho. Liderança e visão empreen- dedora 23 g) São otimistas e apaixonados pelo que fazem: o principal combustível que os fazem cada vez mais felizes é o amor pelo seu trabalho. O otimismo faz que enxerguem sempre o sucesso e nunca o fracasso. h) São independentes e constroem o próprio destino: os empreendedores de sucesso querem ser donos do próprio negócio e gerar emprego. Não querem ser empregados, querem ser independentes. i) Ficam ricos: Os empreendedores consideram o dinheiro como consequência do sucesso dos negócios. Mas enriquecer não é o seu objetivo principal. j) São líderes e formadores de equipes: os empreendedores sabem que para obter sucesso é imprescindível uma equipe competente. Desta forma, eles se tornam líderes. E recrutam os melhores candidatos como seus assessores para auxiliá-los nas áreas que não detém conhecimento. k) São bem relacionados (networking): os empreendedores constroem uma rede de relacionamento para atuar no mercado. l) São organizados: a organização é uma das características mais evidente no empreendedor. Na obtenção e alocação dos recursos financeiros, tecnológicos, humanos e materiais utilizam o bom senso, buscando sempre o melhor para o sucesso do negócio. m) Planejam: planejar é a função mais importante para o empreendedor. E ele faz isso desde a concepção do plano de negócios até a sua apresentação a algum investidor. n) Possuem conhecimento: os empreendedores buscam sempre por mais conhecimento. A construção de seu conhecimento nunca tem um fim. Sempre atentos a mais informações. Esses conhecimentos podem ser provenientes de experiência prática, know-how, ou até mesmo de cursos, especializações, leituras e conselhos. o) Assumem riscos calculados: essa pode ser a característica mais popular dos empreendedores. Mas, para ser um autêntico empreendedor, é preciso que assuma riscos calculados e saiba gerenciar os riscos, avaliando as chances efetivas de sucesso. p) Criam valor para a sociedade: com a geração de empregos, os empreendedores criam valor para a sociedade, impulsionando a economia e buscando formas de melhorar a vida das pessoas. Liderança e visão empreen- dedora 24 É interessante observar que além destas características, existe uma outra ainda mais particular para os empreendedores de sucesso, que é a de conhecer o negócio que atua como ninguém, exigindo dele tempo e experiência (Dornelas, 2012). Dornelas (2015) descreve que de acordo com estudos realizados pelo SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), foram identificadas em empreendedores de sucesso, dez características comportamentais que se dividem em três grupos. 1) Conjunto de características relacionadas com a realização: • Busca de oportunidade e iniciativa. • Corre risco calculado. • Exige qualidade e eficiência. • Persistente. • Comprometimento. 2) Conjunto de características relacionadas com o planejamento: • Busca de informações. • Estabelece metas. • Planejamento e monitoramento sistemático. 3) Conjunto de características relacionadas com o poder: • Persuasão e rede de contatos. • Independência e autoconfiança. Analisando com mais atenção essas 10 características comportamentais do empreendedor, todas estão relacionadas ao conhecimento, habilidades e atitudes do indivíduo;ou seja, ele deve saber, saber o que fazer e como fazer. Liderança e visão empreen- dedora 25 Essas habilidades são divididas em 3 (três) classes: pessoais, econômicas e mercadológicas. Atenção! O empreendedor precisa apresentar certas habilidades para gerenciar uma empresa de forma efetiva, principalmente em tempos de crise. 1. Habilidades pessoais: • Aprender sempre: O empreendedor deverá estar sempre atualizado e buscando cada vez mais conhecimento. • Controle do estresse: Nem tudo dará certo. E controlar o estresse ajudará a pensar em alternativas. • Ser auto-suficiente: O empreendedor precisa ser capaz de gerenciar seu negócio de forma independente. • Ser auto-crítico: Ser capaz de analisar a si próprio e verificar onde precisa melhorar. • Ser resiliente: Não perder o foco em tempos de crise. 2. Habilidades econômicas: • Capacidade de aumentar seu capital: Saber investir seu capital de forma assertiva. • Controle de dinheiro: Para gerenciar seu próprio negócio, o empreendedor deverá primeiro saber se é capaz de administrar seu dinheiro, pois é fundamental saber para onde vai seu dinheiro. 3. Habilidades mercadológicas: • Fazer contratações eficazes: Ter pessoas eficazes ao seu lado ajudará a impulsionar o crescimento e desenvolvimento da empresa. Contratar bons profissionais é primordial para atingir os objetivos da empresa. • Saber gerenciar: Não adianta fazer contratações eficazes, se não souber gerenciar seu quadro de pessoas. É necessário motivar e desenvolver o potencial de toda equipe. • Ter foco nos clientes: Os clientes são a razão de existir da empresa. Sem clientes, não há negócios. Verifique se seu negócio atende realmente a necessidade do seu púbico alvo. • Inovação: Os negócios e as necessidades dos clientes mudam rapidamente. O empreendedor precisa estar sempre preparado para as mudanças e tendências de mercado, se mantendo sempre a frente a concorrência. Filme A seguir, indicamos filmes que ilustram o conteúdo mostrado nesta unidade. • A grande virada (2010) – é um filme que conta a história de profissionais bem-sucedidos que perdem seus empregos devido a uma recessão política. • A Rede Social (2010) - o filme narra como surgiu a maior rede social da atualidade, o Facebook. • Fome de Poder (2016) - conta a história dos irmãos McDonald’s e a trajetória de criação do maior empreendimento de fast foot do mundo. Liderança e visão empreen- dedora 26 Referências bibliográficas BIAGIO, Luiz Arnaldo; BATOCCHIO, Antônio. Plano de Negócios: estratégias para micro e pequenas empresas. São Paulo: Manole, 2012. CHIAVENATO, Idalberto. Empreendedorismo: dando asas ao espírito empreendedor. São Paulo: Manole, 2012. CHIAVENATO, Idalberto. Administração dos novos tempos. São Paulo: Campus, 2004. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo na prática: mitos e verdades do empreendedor de sucesso. 3. Ed. Rio de Janeiro: LTC, 2015. DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando ideias em negócios. 4. Ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2012.