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Teorias do Currículo

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Teorias do Currículo
Aula 1 - Conceitos iniciais
Currículo: Epistemologia e história
Objetivos
Conhecer e analisar criticamente as principais influências teóricas na elaboração de currículos
O que é currículo?
A origem da palavra é scurrere, do latim, que significa pista de corrida, curso
Apareceu pela primeira vez em Glasgow, na Escócia, em 1633, sob influência do Calvinismo - João Calvino
Aposta no currículo como uma outra maneira de se ensino
Currículo = Disciplina
Programa que de alguma maneira disciplinaria o intelecto das pessoas
Forma de controle
- Conhecimento
Produção => Conversão em saber escolar
Tendemos a pensar que aquilo que aparece no currículo é o conhecimento, mas não, são transformação da produção para o saber escolar
- Currículo
Determinava o que seria ensinado
- Classe
Como sentido de agrupamento de alunos
- Revolução industrial => Mudança no papel da família
Retira da família a obrigação pela educação. À família ficou reservado os ensinos morais e éticos
- Classe dos eleitos => Saberes acadêmicos
Composta pelas elites, sobretudo homens
- Classe dos setores médios => Setores técnicos
Funções de exercício profissionais mais complexos, mas não voltados para o comando - classe média
- Classe dos subalternos => Saberes básicos
Pessoas iam ara escola para saber ler, escrever e contar, apenas para alfabetização
Século 20
Aparece a ideia de disciplina x matéria
Disciplina passa a ser a oferecida na universidade, enquanto que matéria é aquela oferecida na educação básica.
- Consolidação dos saberes acadêmicos
- Currículo prescrito (escrito ou formal) ou pré-ativo
Tradução do saber acadêmico ao saber escolar
Relação de conhecimentos que serão ensinados na escola
- Currículo de fato ou ativo
Atuação em sala de aula
- Transposição didática (Chevalar)
Transformação do conhecimento acadêmico ao conhecimento escolar, da matéria
Ajuda a entender a diferença entre o que acntece na disciplina e na escola
Não importa, para escola, termos excelentes historiadores, geógrafos, matemáticos, mas sim excelentes professores de história, geografia, matemática...
Historiografia do currículo
Disciplina => matéria
Saberes escolares => acadêmicos
Primeiros se começou ensinar geografia nas escolas, depois se criaram os cursos acadêmicos
Pressão social => saberes escolares
Um exemplo dessa pressão é a educação ambiental, que tem sido ensinada na escola por uma pressão social
Currículo como invenção de uma tradição
Currículo como conflito social
Qual o sentido de se trabalhar tais conhecimentos?
(Currículo como a sintese dos conflitos sociais)
Conhecimentos considerados válidos
Para cada período de tempo
Sugestão de leitura
- História das disciplinas escolares no Brasil
Marcos Aurélio Taborda de Oliveira
- Currículo: Teoria e História
Ivor Gudson
Filme - Demandas sociais, currículo e escola - Parte 1
"O currículo é um instrumento muito poderoso na formação de corações e mentes"
Aula 3
O que é uma teoria curricular?
Teoria: Explicação sobre determinado fato ou acontecimento;
Se modificam conforme tempo, ambientes e personagens
O que todos os alunos deveriam saber ao final do ensino médio?
Inspirações teóricas
- Gerenciamento científico de Taylor
Desenvolvimento de forma eficaz e eficiente, a partir da industrialização, do processo de produção - separação entre quem planeja e quem executa, com especializações específicas para cada um.
- Liberalismo - Olha para o aluno como alguém que está na escola para aprender aquilo que a escola tem para oferecer e o resultado depende da dedicação de tal aluno
- Reconceptualização (teorias críticas)
Graças as teorias críticas que passamos a desconfiar do poder do currículo na constituição das pessoas, do equacionamento das desigualdades sociais e na produção de uma sociedade igualitária e de sujeitos competentes.
As teorias críticas desestabilizam a ideia de currículo como eficiência e apontam para o currículo como uma ferramenta do capitalismo para manter as coisas como estão
- História 
- SOciologia
- Teoria do conhecimento
Essas inspirações teóricas nos ajudam a pensar em dois papéis:
Papel normativo do currículo
- Estabelecimento de regras que orientam a elaboração e a prática;
- Axiologia - Organização de valores e conceitos
Papel crítico
- Análise das premissas, pontos fortes e fracos das propostas curriculares;
- Análise do currículo em ação
- Necessidade de um campo teórico especifico de base para leitura do currículo
Normativo x Crítico
- Normativo se torna tecnicismo (proposta pedagógica que responsabiliza o professor a pensar uma boa didática para desenvolver seu trabalho) sem o crítico
- Crítico sem o normativo se esvazia
O que aconteceria de não existissem as teorias curriculares? Se não existissem campos que nos ajudam a apreentar aquilo que estamos fazendo ou apresentando e como estamos fazendo nas escolas?
Os professores perderiam o sentido da profissão!
É inconsebível um professor ir para sala de aula e improvisar o que vai fazer, sem estar articulado a uma determinada ideia de cidadão e de teoria do currículo.
Desguarnecido de uma teoria do currículo, o professor não tem como interpretar as propostas que o sistema (privado ou público) possuem.
Qual o melhor conhecimento a ser ofertado nas escolas?
Videoaula 4 - O que é conhecimento curricular?
Para que servem as escolas?
Educação como resultado (Números e ranqueamentos)
Como transmissão de conhecimento
Mas que conhecimento?
Conhecimento dos poderosos x Conhecimento poderoso
1º Característico dos grupos que estão em vantagem na sociedade (inacessível aos mais pobres)
2º Torna a criança um sujeito capaz de compreender as questões da sociedade e uma possibilidade de interferir na mesma
O currículo deve privilegiar que os alunos tenham conhecimentos poderosos, de maneira que os mesmo atuem na sociedade de maneira crítica.
As críticas à escola
1970 e 1980 - A escola começa a sofrer críticas, por ser considerada como uma ferramenta de alienação, como uma forma de garantir as desigualdades sociais;
Produzia um grande número de fracassados, justamente aqueles de classe social mais baixa, por isso a escola era vista como um aparelho ideológico para manter as pessoas em seus devidos lugares;
Atores das elites tinha melhor capacidade de se manter nos estudos
Essas críticas acabaram forçando um repensar da escola...
1990 - A escola subordinava as mulheres e as minorias étnicas
A virada pós
Novas análises que entendem a experiência estrutural de outra maneira
Após os anos 1990
- Rejeição a qualquer ideia de progresso - Não existe sociedade ou cultura melhor do que a outra. Ninguém é melhor que ninguém, tudo é produção
- Questionamento da ciência - É vista como mais uma narrativa, além de tantas outras
- Não há alternativa à escola vigilante - 
Respostas governamentais - reformas curriculares
- Propostas neoliberais - A partir da década de 1990
- Adequação da escola à economia - O mercado requer da escola um tipo específico de cidadão (disciplinas como empreendedorismo...) - Notas em provas geram uma valorização maior das escolas, que implicam nas questões econômicas
- Vocacionalismo em massa - Oferece ferramentas para inserção ao mercado de trabalho
- A educação tornou-se mercado - 
Aula 3 - O lugar do conhecimento no currículo
VIDEOAULA - 5 - As teorias tradicionais do currículo
Nesta videoaula, são apresentados os argumentos que subsidiam o currículo centrado nas disciplinas, cujo objetivo principal é a transmissão dos conceitos científicos. Também são abordados seus impactos nas políticas curriculares e na sala de aula.
As teorias do currículo se dividem em três grandes grupos:
Teorias tradicionais
Teorias críticas
Teorias pós-críticas
As teorias tradicionais foram concebidas na primeira metade do século 20, nos Estados Unidos.
Contexto
- Industrialização emergente, forte urbanização, imigração crescente;
- Eficientismo em alta - busca pela eficiência em tudo;
- Crença no progresso, no desenvolvimento e evolução;
- Escola passa a ser vista como meio para isso.
A ideia era que a escola poderia auxiliar a sociedade como um todo no desenvolvimento das pessoas, de saberes, de conhecimento, para ocupar seu lugar na sociedade e, assim, colaborar com o progresso de industrialização e urbanização.
Teoria curricular de John Dewey - Infuenciou a Escola Nova no Brasil (1902)
Inspirada no progressivismo
Características
- Visa identificar conexões entre a experiência cotidiana da criança e o conhecimento científico;
- Interesses devem sempre ser fomentados - Uma pergunta gera outra pergunta, que gera outras - busca de respostas para tudo;
- O conhecimento científico é a base interpretação;
- Uma experiência pode levar a novas experiências;
- O conhecimento precisa ser psicologizado - o saber de cada criança precisa ser individualizado a depender da ação da criança sobre o objeto, experiências e faixa etária;
Teoria curricular de John Bobbitt (1918)
- Separar as experiências humanas em grandes campos ou áreas de conhecimento;
- Divisão dos campos em atividades mais específicas;
- Derivar os objetivos da educação;
- Selecionar aqueles que servem de base para as atividades - o currículo tem que partir de determinados objetivos, que são alcançados a partir de determinados conhecimentos;
- Expor o tipo de atividades para consecução dos objetivos
Teoria curricular de Ralph Tyler (1949)
Influenciado pelo eficientismo e pela ideia de qua a escola deve ser útil e com um lugar específico na formação de determinados tipos de sujeitos.
- Estudar as crianças - como se desenvolvem, como aprendem;
- Conhecimento acumulado - no que diz respeito ao conjunto de disciplinas e conhecimento compartilhado por especialistas;
- Análise da sociedade - o que é e o que ela requesita dos seus cidadãos? Que tipo de aprendizagem é importante para que o cidadão seja bem sucedido dentro do contexto de sociedade?;
- Elaborar e calibrar objetivos;
- Difinição dos conteúdos a serem ensinados - enquanto Bobbitt acreditava nas atividades de ensino, Tyler entende que os conteúdos podem ser retirados do conhecimento acumulado e da análise da sociedade, mas o processo de ensino tem que garantir a aprendizagem de determinados conhecimentos e conteúdos - a aprendizagem dos conteúdos permitirá o alcance dos objetivos;
- Instrumentos de avaliação
Críticas as teorias tradicionais
- Vocacionalismo
Vista como o lugar que vai formar as pessoas para o mercado de trabalho.
- O fato de partir das atividades contemporâneas não significa sua desejabilidade
A ideia de elaborar propostas curriculares tendo em vista aquilo que é necessário em um curto espaço de tempo, para saberes restritos a determinadas ocupações, é algo criticado.
- Culto ao "presentismo"
Como se a escola e a sociedade não se transformasse e não tivessem compromisso algum com o futuro.
- Objetivos propostos são demasiado técnicos ou inadequados
Muitas vezes restrito a comportamentos que devam ser modificados, conteúdos mobilizados e contextos para aplicação. Essa técnica de redação dos objetivos e escolha dos conhecimentos reduz o processo de ensino ao modelo técnico.
VIDEOAULA - 6 - As teorias críticas do currículo
A videoaula aborda a gênese das teorias críticas do currículo, suas várias vertentes, seu projeto político e suas influências nas elaborações das propostas oficiais e na sala de aula.
Contexto (anos 1970 e 1980) - Brasil, Europa e Estados Unidos
- Crescente democratização da escola e sociedade - acesso maior das camadas populares a escola;
- Crescente fracasso escolar - havia muita reprovação a abandono;
- Utilidade e validade do conteúdo para os alunos pobres - questionamento do valor do ensino para os menos favorecidos;
- Econômico - No Brasil e em nível internacional havia um período muito conturbado
- Social - a população em geral clama por uma outra forma de viver, luta por direitos, por espaço, por acesso aos bens de consumo...
- Político - Em transformação, saindo de uma ditadura para a redemocratização
Onde a crítica começa?
Em diversos países (Inglaterra, França, Estados Unidos e Brasil) começaram a surgir estudos denominados teorias de reprodução, teorias da correspondência ou teorias crítico-reprodutivistas.
A crítica começa do contexto de análises sociológicas da escola. Especialistas oham para dentro da escola para analisar o que está acontecendo com a escola, não mais quem ou quantos a escola forma.
- Ideologia - Inspiradas na teorização Marxista, Gramsciana e de outros teóricos
Eles olham para escola e dizem que é uma instituição que encuca a ideologia dominante para garantir o funcionamento da sociedade capitalista, através da ação orquestrada de várias instituições: a família, a igreja, os partidos políticos, as forças armadas e também escola.
- Reprodução - Funcionando desta maneira (encucando a ideologia dominante e proporcionando um currículo baseado no conhecimento científico), a escola faz com que as crianças da esfera dominante tenham um percurso suave, enquanto que as crianças das classes dominadas tenham dificuldade - reprodução da desigualdade social
- Resistência - Não há apenas passividade, mas resistência nas camadas populares quanto a imposição da cultura dominante. Explica os comportamentos indesejados de alguns alunos, que chegam a escola com certo patrimônio cultural e a escola nega esse patrimônio cultural e quer fazer valer o seu
Tendência curricular crítica
- A crítica neomarxista de Michael Apple
Defende que um conhecimento elaborado, sofisticado, seja disponibilizado na escola de forma crítica. A escola não é mais um lugar de imposição e aprendizagem do conhecimento científico
- Henry Giroux e o currículo como política cultural
Visão mais ampla de currículo. Defende que os meios de comunicação também têm currículos e a cultura, de maneira geral, também pode ser vista como uma experiência curricular.
Diz que o currículo nada mais faz do que o estabelecimento de uma determinada política de cultura. Ou seja, o currículo validas determinados saberes culturais em detrimento de outros
Professor como autor principal do currículo, como intelectual no processo. Professores e alunos como elaboradores e autores do currículo
Defende as vozes dos estudantes
- A pedagogia de Paulo Freira
As crianças, jovens e adultos precisam, na escola, aprender o mundo em que vivem, justamente para poder transformá-lo.Visão de Mundo, consciência crítica. Não mais um lugar de depositar conhecimento nas crianças, mas de problematizar a vida, a cultura e as experiências.
- O currículo como construção social de Michael Young - O currículo como um conjunto de saberes para formar pessoas e fazer valer determinado percurso escolar. Porque esse saber e não outro? 
- A reprodução cultural de Basil Bernstein - Não exclusivamente através do conhecimento, mas sobretudo através dos códigos proposcionados pela escola: as minúcias, os detalhes, a organização escolar... 
Críticas as teorias críticas
- Desconsideração da cultura popular
As camadas populares possuem saberes e modos de significar as coisas de maneiras específicas
- Postura acritica em relação à construção do conhecimento
- Fortalecimento do ensino disciplinar, supervalorizando o saber dominante
Não abrem mão do ensino das disciplinas: matemática, física, geografia... Acredita no empoderamento das camadas populares com as mesmas ferramentas das camadas dominantes
- Conhecimento entendido como real e acabado
Não analisam ou refletem criticamente o modo como o conhecimento é produzido. Não se considera as contaminações do conhecimento
- Desconsidera a metodologia e a avaliação
Considera preocupações tecnicistas
. Desconsideram a didática.
AS REFORMAS DE 2008 NA INGLATERRA: CURRÍCULOS
INSTRUMENTALISTAS
E SEUS PROBLEMAS
Políticas curriculares desenvolvem-se, inevitavelmente, em contextos sociais, políticos e econômicos. Meu argumento é que na última década, sob pressões globais bem conhecidas, os formuladores de currículos no Reino Unido deram importância demasiada a esses contextos, em dois sentidos. Primeiramente, responderam à pressão do governo, contribuindo para a solução de problemas sociais tais como o desemprego. Em segundo lugar, também responderam ao que percebiam como necessidades e interesses dos aprendizes, especialmente daqueles com baixo rendimento na escola ou que a abandonavam cedo.
Em consequência, as propostas ignoraram, ou pelo menos secundarizaram,
o papel educativo fundamental do currículo, que se deriva tanto do propósito das escolas como do que elas podem ou não podem fazer. Embora não devamos esquecer o contexto mais amplo, escolhas curriculares têm de ser tratadas pelo que são: maneiras alternativas de promover o desenvolvimento intelectual de jovens. Quanto mais nos focamos na possibilidade de um currículo reformado resolver problemas sociais ou econômicos, tanto menos provável que esses problemas sejam tratados em suasgens, que não se encontram na escola.
O ex-primeiro ministro Tony Blair uma vez declarou: “A educação é a
melhor política econômica que temos”. Isso dizia muito, por extensão, sobre suas políticas econômicas. No entanto, também representa o tipo de instrumentalismo que tem infestado as políticas educacionais na Inglaterra nos últimos trinta anos; trata do que os políticos esperam que a educação possa fazer “como um meio” e não da sua razão de ser “como um fim”.
Resumindo meu argumento até agora: primeiramente, o currículo precisa
ser visto como tendo uma finalidade própria – o desenvolvimento intelectual
dos estudantes. Não deve ser tratado como um meio para motivar estudantes
ou para solucionar problemas sociais.
Em segundo lugar, o desenvolvimento intelectual é um processo baseado
em conceitos, e não em conteúdos ou habilidades. Isso significa que o currículo
deve ser baseado em conceitos. Entretanto, conceitos são sempre sobre alguma
coisa. Eles implicam alguns conteúdos e não outros. O conteúdo, portanto, é
importante, não como fatos a serem memorizados, como no currículo antigo,
mas porque sem ele os estudantes não podem adquirir conceitos e, portanto,
não desenvolverão sua compreensão e não progredirão em seu aprendizado.
Em terceiro lugar, deve-se distinguir currículo e pedagogia, uma vez que
se relacionam de modo diferente com o conhecimento escolar e com o conhecimento
cotidiano que os alunos levam para a escola. O currículo deve excluir
o conhecimento cotidiano dos estudantes, ao passo que esse conhecimento é
um recurso para o trabalho pedagógico dos professores. Os estudantes não vão
à escola para aprender o que já sabem.
Em quarto lugar, são os professores com sua pedagogia, e não os formuladores
de currículos, que se servem do cotidiano dos alunos para ajudá-los a se
engajarem com os conceitos definidos no currículo e perceberem sua relevância.
Finalmente, o conhecimento incluído no currículo deve basear-se no
conhecimento especializado desenvolvido por comunidades de pesquisadores.
Charlot (2009) chega à conclusão de que os professores possuem duas tarefas
pedagógicas fundamentais. A primeira é ajudar os estudantes a administrarem
o relacionamento entre os conceitos das diferentes disciplinas que constituem o
currículo e seus referentes em suas vidas cotidianas. A segunda é apresentar aos
alunos conceitos que têm significados que não derivam de sua experiência nem se
relacionam diretamente com ela.
As disciplinas, então, têm duas características como uma base de plano curricular.
Primeiramente, consistem de conjuntos de conceitos relativamente coerentes
que se relacionam distinta e explicitamente entre si. Disciplinas diferentes têm regras
para definir as fronteiras entre elas e outras disciplinas e para estabelecer o modo
como seus conceitos se relacionam. Essas regras variarão segundo a precisão com
que são definidas; Bernstein (2000) usa os conceitos “hierárquico” e “segmentado”
para distinguir disciplinas como física e literatura.
Em segundo lugar, as disciplinas também são “comunidades de especialistas”
com histórias e tradições distintas. Por meio dessas “comunidades”, professores em
diferentes escolas e faculdades estão ligados uns aos outros e àqueles que estão nas
universidades produzindo novos conhecimentos. Cada vez mais, professores em
países diferentes também se ligam por meio de periódicos, conferências e internet.
Duas características distinguem essa visão de disciplina, que é associada com
aquilo a que me referi como um “currículo de engajamento”, da visão tradicionalista
de disciplina associada a um “currículo de acatamento”. A primeira é que as disciplinas
são entidades históricas dinâmicas que mudam com o tempo, em parte por
desenvolvimento interno graças aos especialistas, em parte por pressões políticas
externas e outras pressões. Em contraste com a visão tradicional de disciplinas,
elas não são vistas como parte de algum cânone fixo definido pela tradição, com
conteúdos e métodos imutáveis. Isso não significa que seja possível haver uma matéria ou uma disciplina sem algum tipo de “cânone” de textos, conceitos e métodos acordados. Isso significa que o cânone em si tem uma história e, embora não seja fixo e imutável, tem uma estabilidade, bem como uma abertura em que os estudantes podem apoiar-se ao estabelecerem suas identidades.
A segunda diferença é que, ao adquirirem conhecimentos das disciplinas, os estudantes não apenas acatam as regras e os conteúdos específicos como se fossem instruções. Ao adquirirem conhecimentos das disciplinas, eles estão ingressando naquelas “comunidades de especialistas”, cada uma com suas diferentes histórias, tradições e modos de trabalhar. As disciplinas, portanto, têm três papéis num “currículo de engajamento”. O primeiro é um papel curricular. As disciplinas garantem, por meio de seus elos com o processo de produção de novos conhecimentos, que os estudantes tenham acesso ao conhecimento mais confiável disponível em campos particulares. O segundo papel é pedagógico. As disciplinas oferecem pontes aos aprendizes para que passem de seus “conceitos cotidianos” aos “conceitos teóricos” a elas associados. O terceiro é um papel gerador de identidade para professores e aprendizes. As disciplinas são cruciais para o senso de identidade dos professores como membros de uma profissão.
O conhecimento da disciplina fornece aos professores a base de sua autoridade sobre os alunos. Para os alunos, passar de seu mundo cotidiano, no qual conceitos são desenvolvidos por experiência em relação a problemas que surgem em contextos específicos, para o mundo da escola, que trata o mundo como um objeto sobre o qual se pensa, pode ser uma experiência ameaçadora e mesmo estranha. O mundo cotidiano não é como a escola. Não se divide em matérias ou disciplinas. Esse papel gerador de identidade das disciplinas é particularmente importante para alunos de lares desfavorecidos e para seus professores. Muitos desses alunos chegarão à escola com pouca experiência de tratar o mundo como mais que um conjunto de experiências, em outras palavras, conceitualmente. As disciplinas, com suas fronteiras para separar aspectos do mundo que foram testados ao longo do tempo, não só oferecem a base para analisar e fazer perguntas sobre o mundo, como também oferecem aos estudantes uma base social para um novo conjunto de identidades como aprendizes. Com as novas identidades referentes às disciplinas, que os estudantes adquirem pelo currículo, acrescentadas àquelas com que vieram para a escola, eles têm mais probabilidades de serem capazes de resistir ao senso de alienação de suas vidas cotidianas fora da escola ou, ao menos, melhor lidar com ele. A escola pode promover tal capacidade.
Em sociedades desiguais como a Inglaterra, qualquer currículo escolar manterá essas
desigualdades. Contudo, a escolarização também representa (ou pode representar, dependendo do currículo) os objetivos universalistas de tratar todos os
alunos igualmente e não apenas como membros de classes sociais diferisição
de conhecimento. As disciplinas ligam a aquisição de novo conhecimento à sua
produção.
Podemos ligar esse argumento à minha discussão anterior sobre as disciplinas.
Em geral, as famílias de classe média dão aos filhos condições de tratar o mundo
como “um objeto” ou de um modo que apresenta alguns paralelos com as disciplinas,
não apenas como uma experiência, diferentemente das famílias da classe trabalhadora.
Não surpreende que os primeiros estejam mais bem preparados para um
currículo centrado em disciplinas. Podemos considerar que se trata de um subsídio
da classe média. Ao mesmo tempo, as disciplinas, com sua sequência, seu ritmo e
sua seleção de conteúdos e atividades são o que mais nos levam, em educação, a
oferecer aos estudantes acesso a um conhecimento confiável. Em outras palavras,
idealmente, as disciplinas escolares expressam valores universais que tratam todos
os seres humanos como iguais e não como membros de diferentes classes sociais,
grupos étnicos ou meninos e meninas.
A falta de professores bem qualificados é um dos maiores motivos pelos quais, em termos relativos, as escolas do governo não são tão bem-sucedidas. O enfraquecimento da base de disciplinas do currículo tornará mais difícil para os estudantes distinguirem entre “objetos de pensamento”, ou conceitos que constituem um currículo, e suas experiências.
Há um conjunto de trabalhos na sociologia do conhecimento que remonta pelo menos ao sociólogo francês Emile Durkheim, há mais de um século, explicando as condições que tornaram isso possível. Durkheim afirma que a diferenciação entre conhecimento e experiência, e entre conhecimento teórico e conhecimento cotidiano são as condições mais fundamentais para a aquisição e a produção de novo conhecimento (Durkheim, 1983; Young, 2008).
VÍDEO DE APOIO - Dermeval Saviani: a pedagogia histórico-crítica | Leituras Brasileiras
AUla 4 - A discussão contemporânea do currículo
VIDEOAULA 7 - Cultura, identidade e diferença no currículo
A videoaula aborda conceitos centrais da teorização pós-crítica do currículo, ressignificados a partir dos estudos culturais em sua vertente pós-estruturalista.
Conceitos das teorias pós-críticas do currículo
Contexto (1990 - Duas primeiras décadas dos anos 2000)
- Sociedade multicultural, democrática e profundamente desigual;
Atribuição de sentidos diferentes ao mundo
- Movimentos sociais - Luta pelos direitos e representação;
- Surgimento de outras formas de análise do social;
Premissas
- Concepção de cultura
Campo de lutas para validar significados
Tenção entre culturas diferentes - Troca de culturas
- COncepção de linguagem
Entendia-se a linguagem como uma representação da realidade. As coisas são o que são (Uma caneta é uma caneta. Uma casa é uma casa).
- Virada linguística
A linguagem deixou de ser uma representação da realidade para ser uma forma de constituição da realidade.
Linguagem
Função representacional
Um objeto que carrega um conceito, uma ideia, teoria, conhecimento, que chega até nós a partir da ideia de que aquele significado está contido na coisa. (O jovem, o homem, a mulher, é assim...) Objeto pelo objeto
Função constitutiva
Funciona ao contrário. As pessoas determinam o significado que determinado objeto, coisa, pessoa, tem para o mundo. Ou seja, o objeto não é aquilo que ele é, é aquilo que você pensa que ele é. Pode-se atribuir diversos significados a mesma coisa.
Quais os significados reconhecidos e aceitos?
Aqueles que são apresentados pelos grupos que têm mais poder em dizer o que são as coisas. QUando está no currículo, quando aparece nos meios de comunicação, no livro didático, o significado é fechado (função representacional) e acaba determinando o que as coisas são, dando pouco espaço para aquilo que as coisas também são (função constitutiva).
Instabilidade do campo cultural: identidade e diferença
Identidade é tudo aquilo que eu quero ser, que eu aprendi que é legal, bom, ser (Mentira! Identidade é tudo aquilo que eu sou, em minha essência). Aquilo que me afirma.
Identidade é tudo que é de bom. Diferença é tudo que quem é identidade quer negar. Mas a diferença está contida dentro da identidade. (Ex: QUando digo que sou brasileiro estou também dizendo que não sou argentino, alemão, inglês...) Ou seja, a diferença está contida na identidade.
O que diferencia a identidade da diferença é o lugar em que nos situamos, o lugar que o discurso ocupa nas relações de poder. 
Leituras mais aprofundadas das coisas nos possibilitam a entender e a ressignificar conceitos e concepções das coisas.
VIDEOAULA 8 - As teorias pós-críticas
Nesta videoaula, são apresentados os principais argumentos das teorias pós-críticas que subsidiam a reconfiguração das teorias curriculares. Discutem-se as contribuições do multiculturalismo, pós-modernismo, pós-estruturalismo, estudos culturais e pós-colonialismo para a organização e o desenvolvimento de políticas curriculares.
As teorias pós-críticas nos ajudam a entender melhor o atual contexto social e escolar.
Outras formas de análise do social
Não negam a influência das teorias críticas. Não se constitui em algo melhor que as teorias críticas, mas incorpora a crítica e vai além!
- Pós-estruturalismo
Rompe com a ideia de que pessoas de determinados grupos são de determinada maneira (função constitutiva).
Nos ajudam a entender que as pessoas são produzidas de determinada maneira
Rejeita qualquer caracterização, categorização, hierarquização, a priori.
- Pós-modernismo
Coloca em xeque as promessas da modernidade. Nos leva a pensar que toda teoria científica nada mais é que uma produção de discurso. Ajuda a romper com a ideia de que se o cnhecimento científico fosse colocado em prática teríamos uma sociedade de progresso. Nega o progresso, a evolução, e afirma a transformação.
Nos ajuda a repensar o currículo e o valor do conhecimento no mesmo
- Pós-colonialismo
Movimento teórico que surge no final do século 20 e início so 21. Coloca em xeque a maneira de narrar o outro cultural. Os colonizadores como construtores dos colonizados. Movimento de resistência a imposição da cultura colonialista. Movimento de empoderamento de determinados grupos. (Uso em sala de aula do cordel, artesanato, hip hop, repente...) Valorização das experiências culturais da região, bairro...
- Estudos culturais
Se assumem como campo teórico a favor dos mais fracos. Entendem que a realidade é uma produção discursiva, que a prática pedagógica é passíva de multiplas interpretações
- Multiculturalismo
Teoria de currículo que nos ajuda a repensar a escola a partir dos saberes que são concebidos em vários grupos sociais.
Surge nos EUA na segunda metada do século 20, quando as comunidades negras passam a frequentar as faculdades que eram exclusivas para os brancos. Neste contato, eles têm acesso a obras e conceitos que narram a população negra de forma preconceituosa.
- Estudos feministas
A escolarização enquanto prática cultural também está contaminada por determinadas visões de mundo. Defendem a presença da produção feminina no currículo. 
Aula 5 - Os currículos alternativos
VIDEOAULA - 9. Currículos culturais
A partir da ressignificação do conceito de pedagogias culturais, serão apresentados os fundamentos, princípios e procedimentos didáticos que caracterizam o currículo cultural.
Sempre que vemos currículo cultural vamos encontrar duas ideias. Pra muitos autores é aquele que é ofertado por todas as experiências sociais e culturais (currículo da televisão, currículo da rua, currículo do mercado de trabalho, da empresa). Como se todas as experiências constitutivas, as práticas sociais desses espaços constituissem as pessoas.
Currículo cultural não é tudo o que acontece
fora da escola. Currículo cultural é aquele influenciado pela teoria pós-crítica, que colocam o conceito de cultura como campo de lutas para validação de significados.
O currículo cultural está entendendo, como dizem os Estudos Culturais, que as experiências culturais constituem identidades, com as diferenças contidas na identidade. Reconhece que as práticas pedagógicas subjetivam as pessoas, que não saem todas iguais da experiência escolar.
Como se chegou lá?
Um conjunto de pesquisadores tem desenvolvido experiências e dessas experiências têm extraído princípios e procedimentos didáticos.
Princípios do currículo cultural
- Justiça curricular
Defende que não se pode continuar com currículos que valorizam, defendem, cultuam os significados produzidos só por um determinado grupo social;
Reque a adoção de obras de literatura de várias regiões, grupos. Noções matemáticas, artísticas, brincadeiras...
- Evitar o daltonismo cultural
Temos a tendência, por ser etnocentrados, a não enxergar a cultura dos outros e a desejar a aprendizagem da mesma maneira. Que todos fixem, aceitem da mesma maneira e esperar que o processo ocorra de forma homogênia. Nem todo mundo precisa aprender a mesma coisa ao mesmo tempo.
- Descolonização do currículo
O Pós-Colonialismo nos ajuda a repensar a visão que temos sobre o Outro construída a partir da narrativa dos colonizadores. A postura descolonizadora ajuda a levar para o currículo a visão do colonizado, a visão da periferia, da mulher, dos menos favorecidos, dos negros. Os colonizados apresentam seus significados e, a partir daí, são feitos os debates.
- Ancoragem social do conhecimento
É muito importante que todo conhecimento trabalhado na escola seja ancorado socialmente. Os saberes não podem simplesmente ser apresentados para ser memorizado. As crianças precisam saber a razão dos saberes estarem lá e como foram elaborados. Como estão ancorados na sociedade.
Também se faz necessário oferecer mais de uma explicação, visão, ponto de vista para o mesmo fato.
Procedimentos do currículo cultural
- Mapeamento
Mapear não é levantar os conhecimentos prévios, mas reconhecer o patrimônio cultural disponível naquele grupo (fala, visão de mundo, experiências, ocupações, costumes...)
O professor definirá temas de trabalho baseado em temas culturais a partir do mapeamento. Processo chamado de tematização. Define os temas a partir daquilo que está acontecendo no contexto da localidade e dos atores envolvidos.
- Ressignificação
Se no meu universo cultural eu entendo certas coisas de certa maneira, mas me deparo com outras formas em sala de aula, sou levado a reorganizar ou fortalecer minha forma de pensar. Esse é o processo de ressignificação - atribuir novos significados as coisas.
- Aprofundamento
Acerca da temática o professor promove atividades de pesquisa, de consulta a outras obras, explicações específicas.
- Ampliação
O professor requisita outras fontes de informação sobre aquele tema, preferencialmente aquelas que ninguém havia acessado. É neste momento que o aluno irá enriquecer seu campo de significação, alcançando outras narrativas sobre determinado conhecimento.
- Registro/avaliação
Fotografias, vídeos, anotações, documentos, produção de diários de classe. É importante alguma forma de documentar o processo para que o professor avalie o processo e as atividades de ensino. Não como forma de avaliar a aprendizagem do aluno, pois entende-se que a aprendizagem é resultado das experiências culturais e das narrativas acessadas.
O registro alimenta a reflexão do professor sobre a avaliação do seu próprio trabalho.
Não avalia para verificar se o aluno atingiu ou não o conhecimento esperado, mas para refletir se as atividades propostas alcançaram e envolveram os alunos como programado e os levaram a compreender outras formas de significação sobre as coisas.
VIDEOAULA - 10. Currículo integrado
A videoaula apresenta e discute as diversas concepções de currículo integrado a partir dos seus princípios epistemológicos.
Currículos - Se organizam
- Perspectiva acadêmica
Propostas que olham para as disciplinas, para o processo de produção do próprio conhecimento científico para se organizar, distribuir, alocar o conhecimento.
Fundamenta-se na natureza do conhecimento - Produzido por grupos de especialistas. Organizam os saberes de determinada maneira e esses saberes se distribuem em disciplinas que ocupam o tempo escolar. 
Preocupa-se com o desenvolvimento conceitual - Lógica de que nos anos iniciais se trabalha com conhecimentos mais básicos e, na medida do avanço, o conhecimento se constitui mais complexo.
Objetivos educacionais de tipo cognitivo - Objetivos conceituais, que prioriza o raciocínar, identificar, conhecer, comparar, analisar.
Aborda a estrutura da disciplina - Como exemplo, pode-se se citar o ensino das Ciências - nos anos iniciais é agrupado, com Biologia, Física e Química integrados, e depois é distrinchado no ensino médio. No ensino superior é ainda mais distrinchado, específico.
Espiral - Avança-se em alguns conceitos, retoma-se outros anteriores, dá-se um salto para conceitos mais elaborados, volta-se aos conhecimentos anteriores e assim suscessivamente. Dois passos adiante, um passo para trás. 
Elaborado por especialistas, professores e psicólogos - Recorre-se sempre aos especialistas da área para sua produção, bem como professores e psicólogos.
- Centrado na vida social
Teorias, propostas currículares que olham para vida, ocupações, experiências, práticas das pessoas e, a partir daí, fazem sua organização lógica.
Considera a experiência de vida dos alunos - Foco nos saberes presentes na vida do aluno, que vão além do conhecimento científico. Explora o conhecimento científico para ajudar a ler o que acontece no cotidiano do aluno.
Baseia no desenvolvimento gradual da complexidade do conhecimento - É um equívoco achar que o trabalho se resume apenas aquilo que acontece na vida das pessoas, como se a escola fosse um espaço de repetição do cotidiano. Se amparam no aumento da complexidade do conhecimento, pois se entende que crianças mais jovens tem acesso a certas experiências culturais, mais velhas outros, jovens e adultos outros. 
Concepção progressivista - Ao contrário dos currículos eficientistas, que buscavam fazer bem, a perspectiva progressivista significa reconhecer o papel que a escola tem na produção de uma sociedade menos desigual, na democratização da sociedade e dos conhecimentos. Daí a importância da valorização das experiências anteriores na elaboração do currículo pautado na vida social.
Influência da psicologia - Não para dosar ou distribuir o conhecimento, mas como campo de saberes, área do conhecimento que ajuda explicar como as pessoas aprendem, deixam estágios iniciais do desenvolvimento cognitivo e alcançam estágios mais elaborados.
Vincula-se a aspectos da realidade social mais ampla - É equívoco pensar que o fazer cotidiano é a experiência direta. É olhar para aquilo que acontece na sociedade como um todo. Preocupação do conhecimento trabalhado na escola para responder as questões que podem ser vividas por aquele grupo e por outros grupos.
Elaborado por professores e curriculistas - Ajudam a pensar nas melhores maneiras de organizar o conhecimento. Não tem a figura do psicólogo e do especisliata, pois não se tem a preocupação com o conhecimento especilizado, que deixa lugar para preocupação com o cotidiano.
Formas de integração curricular
- Integração com base na lógica das disciplinas
A maioria dos professores conhece formas de organização do currículo integrado pautado na lógica das disciplinas. Integração das disciplinas no desenvolvimento de determinadas atividades.
Uma disciplina incorpora objetivos da outra - Professores de disciplinas diferentes integram os objetivos de suas disciplinas para favorecer o conhecimento de determinado tema.
Interdisciplinaridade a partir de temas e problemas comuns - Abordagem de temáticas semelhantes
em determinadas disciplinas (dança - artes e educação física) para solucionar problemas comuns.
Integração pensada a partir do conhecimento de referência - Como temos, na concepção do conhecimento, métodos comuns, similares, aproximados, o trabalho disciplinar pode ser desenvolvido a partir da própria lógica da produçã daquele conhecimento.
- Integração com base na referência das demandas sociais
As inúmeras questões que o professor e os alunos podem eleger para serem abordadas. Desde temas macros, como meio ambiente, política, violência, até temas do cotidiano, como questões do transporte público, saneamento básico...
Baseado em projetos, temas transversais ou temas geradores - Um projeto procura sanar uma curiosidade e responder uma pergunta com um produto final;
Os temas transversais são temáticas amplas (meio ambiente, saúde, trabalho);
Temas geradores são temáticas importantes da região específica elegidos pelos professores para integrar o conhecimento.
Questiona a lógica acadêmica - Defende que, a partir das 3 propostas acima você não tem um conhecimento básico a ser abordado inicialmente, nem um conhecimento mais complexo nas etapas seguintes.
Temas -> Conceitos -> Atividades
Os temas são eleitos para ser abordados em determinado período;
Busca-se os principais conceitos que ajudam a responder aquelas questões;
E pensa-se em atividades que ajudem o alunos a pensar sobre aqueles conceitos: pesquisa, entrevista, produçao de materiais, redação de relatórios...
6 - As políticas curriculares
VIDEOAULA - 11. O ciclo de políticas
Nesta videoaula, o conceito de ciclo de políticas educacionais será mobilizado para analisar a maquinaria constituída pelas políticas curriculares.
Objetivo - Identificar as instâncias que influenciam as políticas curriculares.
Abordagem do ciclo de políticas
Origem - Nos trabalhos de Stephen Ball. Ao longo dos anos 1990 e na primeira década do século 21, produziu uma série de análise sobre as políticas educacionais mais amplas. E, entre elas encontra-se também as políticas curriculares.
Função - Nos permitir análises de como atua o processo. Ou seja, até que determinada política alcançe a sala de aula, o que aconteceu antes?
Adota uma orientação pós-moderna - Em linhas gerais, o pós-modernismo rompe com os limites da modernidade. Entende que o conhecimento é apenas uma produção. Questiona as grandes narrativas da modernidade, as grandes promessas. Entre elas aquela que o Estado seria o detentor de todo conhecimento e zelaria pelo bem estar de toda população.
Indica a articulação entre os processos macro e micro - Relação entre o que acontece em sala de aula e o que acontece na sociedade ampla, e vice-versa. 
Três contextos relecionados
 Contexto de influência
 / \
 / \ 
 / \
 / \
 / \
Contexto de --------------------- Contexto de
 produção prática
Contexto de influência - Fora da sala de aula, na sociedade ampla;
Contexto de produção - Entre a sala de aula e o contexto de influência;
Contexto de prática - Em sala de aula. Como as políticas criam vida no cotidiano.
Contexto de influência
- Discursos políticos são construídos
- Dependem de determinados grupos - Diversos grupos emitem discursos diversos e esses discursos acabam influenciando pessoas que pensam, que agem, que produzem textos, documentos, como os currículos pedagógicos. COnstituem tais grupos: igrejas, empresários, partidos políticos... Não está localizado em apenas um sujeito
- Partidos políticos, governos e processo legislativo - As políticas são determinadas por leis, que são influenciadas por aqueles que produzem tais leis. Esses, por sua vez, são influenciados pelos grupos dos quais fazem parte.
- Conceitos adquirem legitimidade e formam um discurso de base para a política - Entendimentos e discursos defendidos ou levantados pela sociedade que infuenciam diretamente na política. Essa influência, inevitávelmente acaba sendo estampada no texto
- O discurso recebe apoio ou é desafiado pelos meios de comunicação - Presão popular e midiática quanto a temáticas do currículo
- Comissões e grupos representativos podem influenciar - Grupos organizados que acabam influenciando a produção de políticas educacionais. 
Contexto de produção
- Sempre contextualizado - Aquele momento onde os curriculistas - professores, especislistas - se reúnem e vão produzir o texto curricular. Ainda que muitos influenciados pelo contexto de influência.
- Normalmente contraditória e incoerente - Não podems esperar uma política educacional/curricular pura. Um texto articulado, coerente e bem fechado. Pois como esse texto passa por muitas revisões, análises, releituras, sofre muitas infuências, sempre haverão grupos querendo inserir ou retirar algo do texto.
- Produto de disputas - Análises profundas permitem perceber como a redação é resultado dessa influência
COntexto de prática
- A política está sujeita a interpretação - O lugar em que a escola, as diretorias de educação, teriam a função de colocá-las em ação. Isso considerando que qualquer política ou texto é passível de interpretação e, a partir de seus referenciais, do contexto, há o estabelecimento.
- Efeitos e consequências podem mudar a política original - Aquilo que está inserido na teori não necessariamente é aplicado na prática. Pode ser incoerente, contraditório.
- Professores não são leitores ingênuos - São aqueles que produzem o currículo a partir de suas experiências, conceitos, e são eles que vão organizá-lo em sala de aula.
- Na prática, as políticas são recriadas - O que se concretiza é uma mistura entre o que foi produzido e o que pensa o professor.
- Os autores não podem controlar os significados dos textos - Aqueles que conceberam a política não conseguem controlar seu significado. Qualquer leitor, de qualquer texto, o lê a partir de sua própria produção de significados.
Políticas curriculares
- Política como texto - Que tende a controlar
- Política como discurso - Que tem limites próprios (Embora vise o controle, o faz apenas até certo ponto)
- Podem tornar-se "regimes de verdade" (Foucault) - Não que a proposta seja a melhor, mas aquele discurso estabelece regulação e se torna o regime de verdade.
Análise de caso - Reforma do Ensino Médio
- Antecedentes
- MP 746 - 22 de setembro de 2016 - Sem sociologia, filosofia, artes, educação física, por exemplo
- Reação da sociedade
- Lei 13.415 - de 16 de fevereiro de 2017 - Com a inclusão das disciplinas antes excluídas
VIDEOAULA - 12. Currículos oficiais
Nesta videoaula, serão apresentadas e analisadas algumas experiências de construção de currículos oficiais do ponto de vista dos seus protagonistas.
Objetivo
Compreender a relevância das políticas currículares na atualidade da sociedade e da escola.
Movimentos de renovação curricular
- Anos 1980 - Reformas influenciadas pela educação popular e pedagogia crítico-social dos conteúdos
- Anos 1990 - Influências dos estudos culturais, do multiculturalismo e dos estudos de gênero
- Anos 2000 - Surgem propostas influenciadas pelo pós-estruturalismo
Orientações contemporâneas
- Organismos multilaterais - Influenciando a produção de propostas curriculares - Currículo instrumental
Aula 7 - O currículo no cotidiano escolar
VIDEOAULA - 13. Projeto pedagógico
Serão apresentados e discutidos os conceitos de planejamento, plano e projeto pedagógico, cada um destes sendo exemplificado e tendo o seu processo de elaboração destrinchado.
Objetivo - COmpreender a relevância das políticas curriculares da sociedade e da escola na atualidade.
Conceitos
- Planejamento - Como ação de planejar;
- Plano de ensino - O que o professor entrega a partir da ação de planejar - documento que registra ou materializa a ação de planejar;
- Projeto político-pedagógico
- Pode ser entendido como resultado de um planejamento coletivo, com o envolvimento de vários segmentos, na produção de um grande plano de ensino.
Origens do planejamento
O planejamento educacional é derivado do planejamento da indústria.
Entendida sempre como uma ação humana. Alguém prevê, antecipa aquilo que vai acontecer. Quanto mais tempo dedicado ao planejamento maior a probabilidade de sucesso.
A falta de planejamento deixa o professor muito suscetível aos imprevistos.
A função do planejamento é prever aquilo que pode acontecer, melhor ainda se estiver articulado nas experiências anteriores, a uma proposta pedagógica, ao currículo, ao resultado de uma outra ação maior.
É aqui que planejameno e currículo se encontram. O planejamento é a ação de pensar naquilo que o currículo vai desenvolver em sala de aula. Quem planeja pensa em currículo e o currículo requer a ação de planejar.
Projeto -> Lançar para adiante;
Político -> Tudo o que se refere a cidade, ou a todos; público e acessível;
Pedagógico -> Relativo a Educação
O projeto político-pedagógico tem uma dimensão política - por envolver a todos - e se concretiza em um documento, com uma estrutura definida pelo sistema. Descreve o que é a escola - aspectos físicos, humanos e financeiros - e seus objetivos.
Um projeto deve ser analisado do ponto de vista de sua ideologia e intencionalidade, pois há uma intenção por trás de todo projeto.
O ato pedagógico é sempre um ato político, pois implica em escolhas, em maneiras de fazer.
O professor tem que saber qual o projeto de nação, de escola, de educação, de indivíduo que você quer formar - reflexões e valores de vida - para ensinar. E isso se constitui em atos políticos.
"Os projetos devem explicitar sua concepção de ser humano e de sociedade e indicar claramente as tarefas por fazer. Procedendo-se assim, evitar-se-ia uma enorme perca de tempo para se descobrir a intencionalidade real dos projetos. É por isso que o projeto pedagógico é sempre um projeto político-pedagógico, que realiza opções, toma partido diante da realidade existente e diz, ou deveria dizer, a que veio, de maneira transparente". José Misael Ferreira do Vale
Os políticos por trás dos projetos são transparentes como desajável?
As escolas têm a autonomia para elaborar seus projetos?
Há certa autonomia no discurso, mas a realidade não é bem assim. "Você tem autonomia para pensar o que quiser, desde que você pense o que eu quero que você pense!"
É uma autonomia velada.
O Centro do projeto político-pedagógico deve ser a formação do aluno, critério básico para se decidir entre o essencial e o acessório em termos de educação escolar.
Os parâmetros currículares nacionais dizem que a experiência acumulada pelos profissionais da educação é naturalmente a basa para reflexão e a elaboração do projeto educativo de uma escola.
Ou seja, não significa o professor ser simplesmente um transmissor ou retransmissor de conhecimentos ou da informação, mas focar na formação do ser humano, com valores éticos, morais, sociais. Mas como controlar ou de fato saber qual bagagem - ideológica ou intencional - cada professor tem para transmitir aos seus alunos?
O projeto político-pedagógico tem uma função primordial para construção coletiva.
Projeto político-pedagógico
- Concretiza as aspirações da instituição
- É o currículo propriamente dito
- Precisa ser coletivo
- É elaborado, avaliado e reelaborado constantemente
VIDEOAULA - 14. O currículo na sala de aula
A videoaula mergulhará em uma realidade escolar para analisar o currículo em ação e seus efeitos nos estudantes.
Considerações
- O currículo é uma construção social
- A política curricular reflete um projeto de cidadão
- Os professores são autores do currículo
Como a equipe gestora trata a política curricular elaborada pela Secretaria de Educação?
Qualquer política curricular tem que ser desenvolvida buscando ouvir os participantes da rede escolar, além de alunos e família. De uma forma geral, no Brasil, o que vem sendo feito são políticas centralizadas, sem muita participação dos professores.
Na escola, portanto, não há interferência as políticas centrais, mas sim a política local, que devem dialogar com as políticas curriculares. Por isso, é necessário uma análise crítica acerca do currículo para que a escola tenha um projeto político-pedagógico consolidado.
O currículo proposto pelas secretarias, de um modo geral, possui coisas convergentes e divergentes com a realidade da escola. Então o papel da equipe gestora da escola é buscar essa diálogo através da reflexão crítica.
Como ocorre o diálogo entre os resultados da avaliação do sistema e o currículo?
Ao longo do ano é necessário se levantar discussões sobre os currículos que aparecem na escola e o projeto político-pedagógico, que inclui os relatórios, os planos de ensino dos professores. Trazer os elementos curriculares contidos na política e confrontá-los com a realidade. 
O curr[iculo não é algo burocrático, mas sim o cotidiano escolar. Uma festa, a disposição dos alunos em sala de aula, as disciplinas, tudo aquilo que se diz ou não se diz na sala de aula, tudo é currículo. O que é dito, pq é dito? O que não é dito, pq não é dito?
Todas essas questões caracterizam a ação docente. O ser professor em sala de aula. 
O Projeto Político Pedagógico é o documento de identidade da escola, é produto de construção coletiva e nele se expressam as intenções educativas e os meios acordados para alcançá-las. Sendo assim, é o documento curricular da instituição. Tem por função orientar todas as ações, desde o modo de executá-las até o que deve ou não ser feito. É um texto fundamental no momento da avaliação, pois subsidia os docentes e a equipe gestora na reflexão das suas práticas.

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