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6ºAula Gerenciamento de desempenho de Processos Estamos iniciando a nossa sexta aula, nela abordaremos sobre o Gerenciamento de desempenho de processos e verificaremos: os indicadores do processo, sistema de medição e as abordagens especializadas no Gerenciamento de Desempenho dos processos. Que tal!? Disposto a começar? Começemos, então, analizando os objetivos e verificando as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bom trabalho! Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • entender a fase de gerenciamento de desempenho de processos; • identificar a importância do gerenciamento de desempenho de processos; • compreender o que são os indicadores de desempenho e as maneiras de medi-los; • assimilar o que compreende um Sistema de Medição de Desempenho; • vislumbrar duas abordagens que podem ser utilizadas para gerenciar o desempenho dos processos. Gerenciamento de P. e Indicadores de Desempenho 44 1 − Introdução 2 − Desempenho de Processos 3 − Indicadores de desempenho 4 − Sistema de medição de desempenho 5 − Abordagens especializadas no Gerenciamento de Desempenho de Processos 6 − Maturidade e o gerenciamento de desempenho de processos Seções de estudo 1 - Introdução 2 - Desempenho de Processos Tradicionalmente, as empresas são organizadas funcionalmente, ou seja, por setores ou departamentos. Como a grande maioria tem o foco dos resultados voltado para medições financeiras e para desempenho de áreas funcionais de maneira individualizada, a medição centrada em processos ainda é uma novidade, limitando-se a organizações com um nível de gestão mais evoluído. Isto não quer dizer que as organizações gerenciadas por processos não devam dispor de uma estrutura funcional. É comum e necessário que atuem em conjunto, onde a estrutura funcional serve como base para a gestão por processos. Para gerenciar processos é necessário que medidas, métricas e indicadores de desempenho sejam identificados e estejam disponíveis para monitoramento de como estão com relação às metas estabelecidas. Envolve simultaneamente a compreensão do que medir e de como medir. Na grande maioria das vezes os processos são interfuncionais, assim, os clientes ao vivenciarem a experiência em uma determinada organização são atendidos através de processos que cruzam os domínios funcionais. De nada adianta ter um ótimo desempenho em uma área específica se em outra o consumidor experimentar o efeito negativo de uma operação mal executada (RUMMLER E BRACHE, 1994). Neste sentido, o gerenciamento de desempenho de processos busca a melhoria contínua dos mesmos e respostas rápidas às não conformidades, estas identificadas a partir dos indicadores estabelecidos para medição. 1.1 - O que é gerenciamento de desempenho de processos Para saber se um processo está alcançando o resultado desejado, faz-se necessária a medição de seu desempenho, ou seja, a análise quantitativa do que havia sido estabelecido como padrão e o que está acontecendo na situação real. Tanto a definição dos padrões de execução das atividades e processos, quanto a coleta das informações, devem ser conduzidas por profissionais habilitados e treinados, proporcionando uma maior confiabilidade dos dados e consequentemente, dos resultados. O gerenciamento de desempenho de processos compreende tanto a análise do fluxo de processos, interfuncional, quanto a análise de fluxo de trabalho, intrafuncional (ABPMP, 2013). Informações extraídas a partir destas análises de desempenho de processos são de suma importância para identificação de problemas e também, para auxiliar na tomada de decisões. Quando há o gerenciamento de fluxos, é possível identificar algumas anomalias como: atrasos, problemas de qualidade, má distribuição do trabalho, etc. Tais inconsistências constatadas de resultados do que deveria ter ocorrido com o que de fato ocorreu, proporcionam informações importantes para ajuste e correção. Este controle subsidia respostas consistentes a eventos, medição da qualidade (em alguns casos em tempo real), além de regras que conduzem a execução das atividades e tarefas. É importante salientar que este gerenciamento aplica- se tanto para o nível de fluxo de processos (interfuncional) quanto para o nível de fluxo de trabalho (intrafuncional), de maneiras distintas. Na figura abaixo é possível identificar o foco de cada um dos níveis de gerenciamento, além das quatro variáveis que geralmente são medidas nos dois níveis. Fonte: adaptado de ABPMP (2013). Segundo a ABPMP (2013), desempenho de processos é: “Rendimento de um processo em termos de extrapolações de tempo, custo, capacidade e qualidade”. Outros autores complementam esta definição, relacionando o desempenho de processos aos objetivos organizacionais e controles operacionais. De acordo com Anthony (1965) apud Muller et al. (2003), a avaliação de desempenho parte da premissa de que os objetivos organizacionais devem ser transformados em sistemas de controle. De Haas e Kleingeld (1999) enriquecem esta definição, afirmando que os sistemas de controle são operacionalizados a partir de indicadores, ou seja, resultados que permitam a quantificação da performance. Em outras palavras, pode-se dizer que o desempenho de processos são os resultados, ou seja, indicadores de desempenho, obtidos a partir de sistemas de controle implementados com o intuito de garantir o alcance dos objetivos organizacionais. É possível que ainda não esteja claro o que é indicador, certo? Mas antes de definir o que é indicador, outros termos precisam ser melhor esclarecidos, são eles: medição, medida e métrica. 2.1 - Medida “Medida vem a ser a quantificação de dados em um padrão e qualidade aceitáveis (exatidão, completude, consistência, temporalidade)” (ABPMP, 2013). Na perspectiva de um 45 3 - Indicadores de desempenho processo, por exemplo, ao final de uma determinada operação a peça deveria ter dois quilogramas de massa, logo, neste caso, dois quilogramas de massa caracteriza-se como sendo a medida, proveniente da unidade de medida quilograma e da sua fração correspondente. 2.2 - Métrica “Métrica é a extrapolação de medidas, isto é, uma conclusão com base em dados finitos” (ABPMP, 2013). Neste sentido, métrica pode ser definida como a relação entre duas grandezas iguais ou diferentes. Por exemplo, o número de defeitos identificados em um lote de quinhentos (500) produtos. 2.3 - Indicador De acordo com a ABPMP (2013), é definido como uma representação de forma simples ou intuitiva de uma métrica ou medida para facilitar sua interpretação quando comparado a uma referência ou alvo. Como exemplo pode-se citar a quantidade de atendimentos pelo número de horas trabalhadas por atendente, comparado ao que seria ideal de atendimento por horas trabalhadas de cada trabalhador. 2.4 - Medição de desempenho Capacidade de medir e interpretar o desempenho de processos (ABPMP, 2013). No que diz respeito a desempenho de processos, diz respeito ao trabalho de identificação das medidas de desempenho, criação das métricas e indicadores, para posteriormente interpretar os resultados. Segundo o mesmo guia, a medição de desempenho de processos compreende as dimensões de tempo, custo, capacidade e qualidade. 2.4.1 - Tempo Tempo está relacionado à duração do processo. O tempo de ciclo tem a função de determinar o tempo que leva desde o início de um processo até o seu término em termos de produto gerado por este processo. Seguem alguns exemplos: • Tempo de espera para atendimento em uma unidade de pronto atendimento; • Tempo de preenchimento de um pedido; • Tempo de entrega a partir da data de compra; 2.4.2 - Custo Custo é definido como um valor associado ao processo, podendoassumir diferentes perspectivas de acordo com a situação. Tanto pode determinar o valor de um recurso necessário para operacionalizar um processo, quanto pode determinar o valor que é perdido no processo por não ter alcançado o resultado esperado. Exemplos: • Custo de produção; • Custo de mão de obra; • Custo de hora parada de produção; • Custo de ociosidade por colaborador. 2.4.3 - Capacidade É definido como a quantidade de saídas de um processo, podendo estar relacionado a rentabilidade e rendimento. Como exemplo de rentabilidade, pode-se mencionar a situação em que uma linha de produção tem a oportunidade de melhorar o seu desempenho (reduzir a variação), logo, tal mudança impactaria no aumento de produtos que poderiam ser vendidos e consequentemente no aumento de receita. Como exemplo de rendimento pode-se citar o caso de um setor de inspeção, o qual tem a capacidade de inspecionar uma quantidade determinada de produtos por minuto, onde a substituição da mão de obra por um sistema automatizado pode gerar o dobro de rendimento neste setor. Outros exemplos: • Carga mínima viável para processamento; • Carga máxima possível para processamento; • Número de atendimentos por colaborador; 2.4.4 - Qualidade Em termos de processo qualidade é geralmente expressa como a diferença entre o resultado real e o resultado esperado. A seguir seguem alguns exemplos: • Nível de satisfação do cliente; • Erro ou taxa de defeito de um determinado produto; • Confiabilidade de produto e/ou serviço. Com base nas dimensões de medição levantadas é possível identificar que inúmeros questionamentos e levantamentos devem ser realizados ao longo de um processo. Cada negócio tem suas particularidades, o que pode acarretar em diferentes perspectivas do que é mais relevante ser medido, cabendo à equipe envolvida a destreza necessária para tal. Para escolha dos indicadores, é necessário um claro entendimento da estratégia e da estrutura da empresa (BONELLI et al., 1994). Logo, a gestão de processos, por defender o controle dos processos ponta a ponta, busca a integração entre operação e as estratégias existentes. Quando se fala em dados a serem medidos e controlados, a sua importância e relevância devem ser consideradas. Há diversos indicadores empresariais que podem ser medidos, neste sentido, saber os que devem ser medidos é o que importa. Quando os indicadores são mal definidos, todo o planejamento executado para controle de determinado processo perde a importância. Para Carvalho (1995), chega-se ao “nada” muito mais rápido. Segundo Berliner e Brimson (1992), os indicadores de desempenho devem: • Considerar fatores internos e externos, sendo coerentes com as estratégias empresariais; • Ser adaptável à realidade do negócio; • Ser simples de entender e implementar; • Ser eficiente; • Serem capazes de envolver todos os níveis da organização. A melhor forma de entender o que medir em um determinado processo, é saber qual o resultado desejado. Informações necessárias para medir as dimensões de um processo podem ser obtidas através da medição de ponta a ponta, ou seja, considerando o início e fim, ou então, ao longo de cada fluxo de trabalho e fluxo de subprocesso, seguindo a mesma ideia de medição utilizada para o processo ponta a Gerenciamento de P. e Indicadores de Desempenho 46 ponta, onde os indicadores de desempenho podem variar de subprocesso para subprocesso, e/ou atividade para atividade. Hronec (1994) e Harrington (1993) dividem os indicadores em: indicadores de saída (output) e indicadores de processo, onde os primeiros são direcionados à alta administração, enquanto que o segundo está mais próximo das atividades nas operações. Na mesma linha, porém com identificação distinta dos autores citados acima, a ABPMP (2013) separa os indicadores de desempenho em indicadores direcionadores e de resultados. Além da função de mensurar resultados de eventos já ocorridos, os indicadores também tem função preventiva, servindo como identificadores de causas de efeitos não desejáveis. Quando há métricas bem elaboradas capazes de dar suporte à identificação de problemas organizacionais é possível ter uma boa estrutura de gerenciamento de desempenho de processos. 3.1 - Indicadores direcionadores Também conhecidos como drivers, tem a função de monitorar a causa antes do efeito, podendo alterar o curso do processo para o alcance do resultado esperado. Por exemplo, para atender a demanda mensal de determinado cliente, é necessário produzir o montante de quinhentas (500) peças de determinado produto (ABPMP, 2013). Sabendo que a capacidade produtiva diária é de vinte e cinco (25) produtos, e os dias disponíveis no mês são vinte (20), a linha de produção precisa produzir as vinte e cinco (25), peças por dia, caso contrário não atenderá o cliente por completo. Suponhamos que em algum dos dias um dos equipamentos pare e a linha de produção seja comprometida por algumas horas, qual ação seria necessária para solucionar o problema? Independente da solução encontrada, se este indicador direcionador não fosse medido, provavelmente nenhuma ação seria tomada a tempo de resolver o problema. Assim, os indicadores direcionadores atuam de forma a se antecipar aos problemas e desvios de processos, proporcionando a possibilidade de correção e alcance do resultado final. 3.2 - Indicadores de resultados Para a ABPMP (2013) os indicadores de resultados, conhecidos também como outcome, monitoram o resultado final de um determinado processo ou subprocesso, sem a chance de reverter determinado evento, pois o efeito já ocorreu. Mais comuns que os indicadores direcionadores, os indicadores de desempenho podem ser explicitados como o montante de faturamento de uma empresa no período de um mês, por exemplo. Neste caso, ao fim do mês, ou seja, quando o efeito já ocorreu, não é mais possível tomar medidas para ajuste, cabendo somente uma análise do que poderia ter sido realizado para atingimento da meta. 3.3 - Determinação dos indicadores e padrões para medição Os desempenhos de processos, segundo a metodologia BPM CBOK, são medidos a partir dos indicadores de desempenho de processos (PPI – Process Performance Indicators), os quais transmitem informações relevantes à respeito do desempenho de parte do fluxo de trabalho ou do fluxo de processo. Definir os indicadores não é a parte mais complexa. O que é mais difícil é determinar os padrões de referência com os quais a medição deve ser comparada. Faz-se necessária a análise de todo o contexto do negócio, impactando na definição tanto dos padrões do fluxo de trabalho quanto do fluxo de processo. Desta forma, o quadro abaixo explicita os pontos a serem considerados para medição do desempenho de processos: Fonte: adaptado de ABPMP (2013). Fonte: ABPMP (2013). Antes da definição dos parâmetros de comparação, ou padrões de processos, é de suma importância a definição do porque medir. Uma vez definida, a lista de itens a medir, será necessário determinar onde serão medidos. Em seguida, terá que ser identificado o que medir para poder gerar resultados válidos. Depois, deverá ser identificado como será medido, e caso uma pessoa ou grupo for responsável pela medição, este será definido como tal. Deste modo, após todas variáveis preenchidas, pode-se dizer que um indicador está pronto a ser obtido. Vale salientar que os indicadores tem a tendência de serem alterados à medida que a organização evolui em termos de gestão. A medida que os dados vão se tornando mais precisos, o contexto no qual os mesmos estão inseridos também se altera. Você deve estar se perguntando: quem determina e como são definidos os pontos para montar o quadro acima, correto? Bom, primeiramente não há uma receita infalível a ser seguida,pois as organizações são distintas umas das outras. O que é certo é a necessidade da alta gerência e os executores das atividades estarem juntos, já que assim, o conhecimento prático e teórico tendem a se complementar. Geralmente, a definição dos indicadores de desempenho, e também a revisão dos existentes, ocorre por meio de reuniões onde um responsável conduz o assunto enquanto gestores e executantes tem a abertura possível para opinar. Os PPIs permitem controlar o desempenho com relação a tempo, custo, capacidade e qualidade, e os mesmos são oriundos dos objetivos do processo. Neste sentido, o quadro abaixo define algumas características de gerenciamento eficaz por meio dos indicadores de desempenho de processos: A avaliação do programa de medição de desempenho necessita ser formal e continuada, de modo a ocorrerem revisões e melhorias, onde todos os envolvidos participem e 47 agreguem valor. O processo formal tende a assegurar que estão ocorrendo as medições e que o programa como um todo está entregando a informação certa, no lugar certo e no tempo certo. 4 - Sistema de medição de desempenho Sistema de medição de desempenho caracteriza-se por integrar tudo relacionado ao levantamento, análise e controle dos resultados. Segundo Plossl (1993), há alguns requisitos básicos que devem ser considerados para medir o desempenho: • Enquanto que dados representam somente fatos, informações traduzem o que foi coletado em significados úteis. A priorização da coleta dos dados e das medidas de desempenho deve ser realizada ao longo dos processos críticos, de onde provém os dados vitais. • As melhores medidas de desempenho são as agregadas, não os detalhes; • A essência do controle efetivo é a oportunidade. Esperar por dados completos pode ser uma limitação; • Relatórios de controle devem apresentar tanto os dados planejados quanto o desempenho, realçando os desvios significativos; Para Hansen (1995), os aspectos básicos de um sistema de medição são: • Proporcionar um ambiente consistente e uma sistemática de medição de desempenho; • Mostrar um quadro retratando os diferentes aspectos de desempenho da organização; • Apresentar as informações de maneira organizada e simples, facilitando a interpretação por todos os segmentos da organização; Medir processos é de suma importância para saber como determinados processos estão, porém, monitorá-los e controlá-los é ainda mais decisivo, já que mudanças tendem a não serem tão fáceis de serem implantadas. Com os indicadores identificados, coletados e gerenciados, a organização pode monitorar as transformações que impactarão nos resultados operacionais. Estes indicadores podem servir como base para tomadas de decisão, tema muito discutido na atualidade. A figura abaixo apresenta um modelo de tomada de decisões a partir de PPIs: Gerenciamento de P. e Indicadores de Desempenho 48 Seguir os seis passos listados pode auxiliar os tomadores de decisão a definir o problema a ser enfrentado, identificando e avaliando os critérios conforme suas preferências. Em seguida, conhecer e avaliar alternativas de ação conforme cada um dos critérios identificados e avaliados. E por fim, ao mapear as alternativas, optar pela de maior percepção de valor. Desta forma, é importante ressaltar que para uma tomada de decisão assertiva é importantíssimo que os dados coletados retratem de fato a realidade, pois, são eles quem promovem, juntamente com quem os analisa, as informações necessárias que culminarão em ações. 5 - Abordagens especializadas no Gerenciamento de Desempenho de Processos Há inúmeras abordagens que podem ser utilizadas para gerenciar o desempenho dos processos. A seguir serão citadas duas delas, cada qual com suas próprias características e propósitos. 5.1 - Controle Estatístico de Processos (SPC – Statical Process Control) Esta ferramenta de gerenciamento de desempenho tem a função de coletar e organizar dados ao longo do processo produtivo para posterior análise e interpretação dos resultados, baseando-se no desenvolvimento e aplicação de métodos estatísticos (ABPMP, 2013). O SPC busca controlar as variáveis de entrada (eixo x) e saída (eixo y) dos processos. O controle das variáveis se dá através de um instrumento denominado gráfico de controle, que é um diagrama que apresenta uma linha média (LM), a qual seria o padrão a ser obtido, uma linha superior de controle (LSC) e uma linha inferior de controle (LIC), responsáveis por determinar a amplitude máxima de variação. Para melhor interpretação, segue abaixo um exemplo de gráfico de controle. Fonte: elaborado pelo próprio autor. Fonte: Rummler e Brache (1994) Como os processos e atividades podem ser afetadas por inúmeros motivos, as variações ao longo das operações são inevitáveis. Tais variações, podem prejudicar os processos de maneira significativa, as quais podem ser minimizadas se vistas a tempo de tomar uma decisão assertiva. Desta forma, o SPC é utilizado para interpretar os resultados, definindo limites aceitáveis de variabilidade através de métodos estatísticos, o qual tem grande utilização nos setores de Garantia da Qualidade em organizações dos mais variados segmentos. 5.2 - Modelo de Rummler e Brache Desenvolvido pelos autores Geary A. Rummler e Alan P. Brache, o modelo divide o sistema de medição em três níveis: Organização, Processo e Trabalhador/ Executor. O intuito desta divisão é controlar desde a excelência na execução das operações até o relacionamento da organização com o mercado. Para Rummler e Brache (1994), uma empresa é tão boa quanto os seus processos. Assim, o modelo busca um controle que proporcione menor variabilidade dos resultados finais, através de uma infraestrutura com enfoque na melhoria contínua de todo o sistema. Ainda segundo os mesmos autores, se a organização não está sendo gerenciada como um sistema, não está sendo gerenciada efetivamente. A efetiva medição do desempenho é essencial para buscar a qualidade, produtividade, diminuição dos custos, além de direcionar as melhorias com enfoque no cliente. Na figura abaixo apresenta-se o modelo de medição de desempenho de Rummler e Brache, dividido nos três níveis de controle: Na figura nota-se três pontos a serem controlados. As medidas do trabalho geram informações quanto à execução das operações, possibilitando maior rapidez para solução dos problemas ou melhorias. O resultado das diversas medidas do trabalho influenciam diretamente nas medidas dos processos, sendo que neste ponto de medição o tempo de reação quanto às variabilidades é menor. Por fim, o conjunto dos resultados de desempenho dos processos regem os indicadores da organização. Tal sistema de medição de desempenho é movido pela estratégia da empresa, incluindo negócios e clientes, o qual possibilita o monitoramento e o combate dos problemas de desempenho dos processos, afetando as saídas (outputs) desejadas da organização. Para Rummler e Brache (1994) o modelo apresenta nove variáveis de desempenho: para cada um dos três níveis, três necessidades: Objetivos, Projeto e Gerenciamento. 5.2.1 - O nível de Organização É necessário criar uma estrutura que permita que os objetivos sejam alcançados. Caso este nível não esteja bem definido, criado e gerenciado, não há contexto ou guia do desempenho humano e dos processos 5.2.2 - O nível do Processo A maioria das dimensões-chave do desempenho da organização resulta de processos interfuncionais. Processos estes regidos por pessoas, as quais somente conseguem aperfeiçoar o desempenho da empresa na medida em que os processos permitam. No longo prazo, colaboradores fortes 49 não compensam processos fracos. Um processo deve ser medido quanto à sua contribuição para atingimento dos objetivosda empresa. Cada processo tem seus objetivos: objetivos da empresa, requisitos dos clientes e informações comparativas. A medição dos resultados é a chave para as estabelecimento de estruturas verticais e horizontais efetivas nas empresas. Quando o propósito de uma função é apoiar os processos, ela deve ser medida quanto ao grau em que os serve. Neste sentido, além dos gerentes funcionais continuarem responsáveis por atingir os resultados, gerenciar os recursos e desenvolver procedimentos e políticas, contribuem também com o desempenho dos processos nos quais estão inseridos. 5.2.3 - O nível de Trabalhador/ Executor Processos mal estruturados prejudicam pessoas potencialmente efetivas (Rummler e Brache, 1994). Quando coloca-se um bom executor num sistema ruim, seu desempenho está limitado a capacidade deste sistema. Ambientes mal estruturados e cargos que não visem o apoio aos processos atrapalham a máxima contribuição dos colaboradores, e consequentemente o não atingimento dos objetivos de cada processo e da organização como um todo. Assim, para que a empresa atinja os resultados e objetivos esperados, é necessária a estruturação de seus processos de forma a proporcionar condições para que o trabalhador execute suas atividades da melhor maneira possível. É essencial que se desça até o nível do cargo, sem parar na função, pois, em cada um deles é esperada uma saída (output). Ainda que os objetivos do executor estejam ligados aos objetivos funcionais, ambos devem originar-se dos processos que apoiam. Neste sentido, tanto os objetivos do trabalhador quanto os objetivos funcionais contribuem com os objetivos dos processos, e consequentemente, com os objetivos organizacionais. 6 - Maturidade e o gerenciamento de desempenho de processos É de suma importância que as organizações compreendam o que é realista para elas, a partir da avaliação do seu nível de maturidade em processos. Esta maturidade representa uma evolução que passa da perspectiva organizacional para o foco integrado dos processos, o qual objetiva-se a medir o desempenho do trabalho em qualquer nível (fluxo do processo, fluxo do trabalho). Logo, à medida que o nível de maturidade da organização muda, muda também o seu entendimento sobre processos e toda a infraestrutura do sistema para apoiá-los. A prática é bem diferente da teoria. Pouquíssimas empresas tem seus processos bem definidos e monitorados (ABPMP, 2013). Para evoluir no gerenciamento de desempenho de processos é fundamental reconhecer que os indicadores de desempenho podem mudar ao longo do tempo, ou que seu nível de importância pode aumentar/ diminuir. Desta forma, a transformação dos processos deve ocorrer de acordo com a velocidade de cada organização, embasando-se em técnicas e modelos que permitem o seu gerenciamento, de forma a compreender se os resultados estão condizentes com os objetivos traçados. Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar nossa aula, vamos recordar: 1 - Introdução Esta etapa da Gestão de Processos visa à medição do desempenho dos processos, baseando-se em indicadores e sistemas estruturados de medição. É notável que a grande maioria das empresas tenha o foco voltado para medições financeiras e de áreas funcionais isoladas, já que para possuir um sistema de medição com base nos processos teria que estar em um patamar de gestão mais evoluído. Assim, o gerenciamento de desempenho de processos compreende tanto a análise do fluxo dos processos quanto a análise do fluxo de trabalho, os quais, geralmente, devem considerar as seguintes variáveis: custo, qualidade, tempo e capacidade. O gerenciamento de processos é guiado pelo sistema de medição de desempenho, o qual é responsável por toda a análise dos pontos de medição, maneira de como são medidos, indicadores a serem mensurados e informações a serem organizadas e compreendidas, com o intuito de subsidiarem tomadas de decisão para transformação e melhoria dos processos. 2 - Desempenho de processos Entende-se como desempenho de processos o “rendimento de um processo em termos de extrapolações de tempo, custo, capacidade e qualidade”. Para compreender o que é rendimento, primeiramente faz-se necessário diferenciar indicador de medida e métrica. “Medida vem a ser a quantificação de dados em um padrão e qualidade aceitáveis (exatidão, completude, consistência, temporalidade)”. “Métrica é a extrapolação de medidas, isto é, uma conclusão com base em dados finitos”. Logo, indicador é definido como uma representação de forma simples ou intuitiva de uma métrica ou medida para facilitar sua interpretação quando comparado a uma referência ou alvo. Estes indicadores, medidos através de um sistema de medição de desempenho compreende as dimensões tempo, custo, qualidade e capacidade. 3 - Indicadores de desempenho Para escolha dos indicadores, é necessário um claro entendimento da estratégia e da estrutura da empresa. A melhor forma de entender o que medir em um determinado processo, é saber qual o resultado desejado. Neste sentido, os indicadores podem ser divididos em direcionadores e de resultados, onde o primeiro atua de maneira preventiva nos fluxos de trabalho e processos e o segundo determina os resultados finais alcançados. Gerenciamento de P. e Indicadores de Desempenho 50 4 - Sistema de medição de desempenho O Sistema de medição de desempenho caracteriza-se por integrar tudo relacionado ao levantamento, análise e controle dos resultados. As informações provenientes deste sistema são de suma importância para auxiliar nas tomadas de decisão ao longo dos processos. 5 - Abordagens especializadas no Gerenciamento de Desempenho de Processos No material são citadas duas abordagens para o gerenciamento de processos: Controle Estatístico de Processo e o modelo de Rummler e Brache. O primeiro trata-se de uma ferramenta de gerenciamento de desempenho com função de coletar e organizar dados ao longo do processo produtivo para posterior análise e interpretação dos resultados, baseando-se no desenvolvimento e aplicação de métodos estatísticos. O segundo divide o sistema de medição em três níveis: Organização, Processo e Trabalhador/ Executor. O intuito desta divisão é controlar desde a excelência na execução das operações até o relacionamento da organização com o mercado, passando é claro pelo desempenho eficaz dos processos. 6 - Maturidade e o gerenciamento de desempenho de processos À medida que o nível de maturidade da organização muda, modifica-se também o seu entendimento sobre processos e toda a infraestrutura do sistema para apoiá-los. Desta forma, é de suma importância que as organizações compreendam o que é realista para elas, para então guiarem as transformações e melhorias em seus processos sem prejudicar os seus objetivos e metas organizacionais. ABPMP. Guide to the Business Process Management Common Body of Knowledge. 3ª ed. 2013. MONTOGOMERY, D.C. Introdução ao controle estatístico de qualidade. Rio de Janeiro, LTC Editora, 2003 MULLER, Claudio Jose. Modelo de gestão integrando planejamento estratégico, sistemas de avaliação de desempenho e gerenciamento de processos (MEIO - Modelo de Estratégia, Indicadores e Operações). 2003. 241 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia de Produção, Departamento de Engenharia de ProduÇÃo e Transportes, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2003. Disponível em: <http://hdl.handle.net/10183/3463> RUMMLER, Geary A.; BRACHE, Alan P. Melhores desempenhos das empresas. 2. ed. São Paulo: Makron Books, 1994. 284 p. Vale a pena Vale a pena ler < h t t p s : / / w w w . y o u t u b e . c o m / watch?v=v5aGv9iVZlU> – vídeo sobre a gestão por indicadores de desempenho SEBRAE MG Vale a pena assistir Minhasanotações
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