Buscar

Modelo de assistência ao parto

Prévia do material em texto

Modelo de assistência ao parto
PROFª MARINA NUNES
Declaração da OMS
• No mundo inteiro, muitas mulheres sofrem abusos, desrespeito e maus-tratos
durante o parto nas instituições de saúde.
• Tal tratamento não apenas viola os direitos das mulheres ao cuidado
respeitoso, mas também ameaça o direito à vida, à saúde, à integralidade física
e à não-discriminação.
Esta declaração convoca a uma maior ação, diálogo, pesquisa e mobiliza este
importante tema de saúde pública e diretos humanos.
Para isso:
1. Maior apoio dos governos e de parceiros do desenvolvimento social para a pesquisa e ação
contra o desrespeito e os maus-tratos;
2. Implementar, apoiar e manter programas que melhorem a qualidade dos cuidados de saúde
materna, com forte enfoque no cuidado respeitoso como componente essencial da
assistência.
3. Enfatizar os direitos das mulheres a uma assistência digna e respeitosa durante toda a
gravidez e o parto.
4. Produzir dados relativos a práticas respeitosas e desrespeitosas na assistência à saúde, com
sistemas de responsabilização e apoio significativo aos profissionais;
5. Envolver todos os interessados, incluindo as mulheres, nos esforços para melhorar a
qualidade da assistência e eliminar o desrespeito e as práticas abusivas.
Modelo atual de assistência e de financiamento, reflexo da
complexidade histórica-social-econômica e cultural do Brasil
•Descolamento do protagonismo e autonomia da mulher e família;
•Parto como procedimento médico cirúrgico;
• Não observância de protocolos e evidências científicas;
•Discriminação de gênero e socioeconômica, “parirás na dor”;
•Banalização do risco e dos efeitos adversos imediatos e futuros da cesariana;
•“business” do nascimento;
•Financiamento por procedimento; Pressa;
•Ausência de equipe multiprofissional, enfermeiras obstétricas/obstetrizes, doulas;
Definição de violência
• Qualquer conduta, ato ou omissão por profissional de
saúde, tanto em público como privado, que direta ou
indiretamente leva à apropriação indevida dos processos
corporais e reprodutivos das mulheres, e se expressa em
tratamento desumano, no abuso da medicalização e na
patologização dos processos naturais, levando à perda da
autonomia e da capacidade de decidir livremente sobre seu
corpo e sexualidade, impactando negativamente a
qualidade de vida de mulheres.
(Baseado na legislação da Venezuela)
Para um novo modelo de atenção ao parto e
nascimento no Brasil é necessário alterar:
1. As estruturas- ambientes que atendem parto;
2. As práticas de atenção e gestação;
3. A formação/ensino;
4. As práticas no setor privado/saúde suplementar;
5. A cultura.
Estratégias da Rede Cegonha
• Incentivos por cumprimento de metas, investimentos nas 
maternidades para mudanças de práticas;
•Fóruns Perinatais;
•Centros de Parto Normal, ambiência- RDC 36/2008;
•Formação de enfermeiras obstétricas;
•Diretrizes Nacionais de cesariana e parto normal;
•Parceria com ANS
Informação- comunicação social
• Campanha Nacional de Incentivo do Parto Normal- MS
• Caderneta da Gestante- Distribuição para todo Brasil
Normal x natural
A principal diferença entre os dois é a intervenção. O natural
começa de forma espontânea e continua sem que se ligue o
soro ou rompa a bolsa para acelerar as contrações, sem
corte no períneo ou empurrão na barriga para encurtar o
período expulsivo, e sem analgesia, comuns no parto
normal.
Parto normal
Pela via vaginal, entre a 38ª e a 40ª semana de gestação, sem uso de
fórceps ou outro meio para retirar o bebê do canal do parto, mas
pode ter intervenções. As contrações são o indicativo de que está na
hora de nascer, especialmente quando chegam a cada cinco minutos.
A dilatação do colo do útero deve estar em 10 cm,
aproximadamente, para o útero empurrar o bebê, com ajuda da
força da mãe.
Parto na água
Pode ser usada em duas situações: antes ou durante o nascimento.
No período anterior, é muito indicada para relaxar a mulher e ajudá-
la na dor das contrações. Pode ser tanto uma imersão na água
morna quanto uma ducha de chuveiro. Há quem as defenda para
que o bebê faça uma transição mais suave do útero para o mundo.
Para as mães, pode haver maior elasticidade do períneo, prevenindo
lacerações durante a passagem.
Parto de cócoras/em pé
Fazer o parto deitada foge da lógica fisiológica do organismo, pois o
canal do parto se fecha, comprimindo a circulação interna da mãe e
prejudicando o aporte de oxigênio para o bebê. Quando a gestante
fica em pé, na posição de cócoras ou mesmo sentada, a gravidade
tende a ajudar, dando espaço para a coluna se ampliar, e o canal do
parto se manter aberto. Além disso, o parto vertical impede quedas
no ritmo dos batimentos cardíacos do bebê. A grávida sente menor
dor e a eficácia da contração é maior, reduzindo o trabalho de parto.
Leboyer
Trata-se mais do ambiente em que o bebê nasce do que do parto em
si, e segue as diretrizes do parto humanizado. Leboyer, um obstetra
francês, preconizava que o parto deveria ser feito em ambiente, de
preferência, fora do centro cirúrgico, com pouca luz e sem muito
barulho. Depois do nascimento, o bebê era colocado sobre o corpo
da mãe, mantendo o contato pele a pele, sem intervenções
imediatas, respeitando o momento de vínculo entre os dois.
Parto pélvico
Quando o bebê decide que vai nascer sentado, há diferentes posições
e manobras para facilitar o nascimento. Há estudos que indiquem a
posição de quatro apoios para a mãe nesses casos. Se a mãe preferir,
há manobras externas, aplicadas por um obstetra experiente, dentro
do hospital e em determinadas condições clínicas, que podem ajudar.
Parto induzido
Usa medicamentos para iniciar o trabalho de parto, e pode evoluir
sem necessidade de qualquer outra medicação além da inicial. No
entanto, na maioria das vezes, é feita uma manutenção do soro com
ocitocina, regulando as contrações. Em geral, é mais doloroso e
trabalhoso para a mãe, mas com a chance de terminar em um parto
normal, embora não natural.
Fórceps/ventosa
O fórceps e a ventosa são instrumentos que são ligados à cabeça do bebê para que ele possa ser
retirado por via vaginal, no parto normal.
O fórceps, também chamado de fórcipe, é formado por duas partes alongadas e conectadas que
se curvam nas pontas para abrigar a cabeça do bebê.
Já a ventosa é uma espécie de semicírculo de metal ou silicone ligado a uma pequena bomba a
vácuo, e é ajustada mais atrás da cabeça do bebê. O tipo de material usado na ventosa varia
dependendo da posição do bebê.
Parto domiciliar
A recomendação da Organização Mundial da Saúde é que o parto
domiciliar seja feito em um espaço onde a mulher se sinta segura,
seja na residência ou em casas de parto, comuns em outros países.
Para o auxílio, deve ser montada uma equipe, composta por
enfermeiras obstétricas e neonatais, doulas, midwives, pessoas
capazes de transferir a mãe para um hospital, se necessário. Mas,
uma indicação básica e imprescindível é que durante a gestação ou
no início do trabalho de parto não tenha ocorrido nenhuma
alteração, e que seja possível a fácil transferência a um hospital, se
preciso for.
Cirurgia de cesariana
Processo cirúrgico feito através de uma incisão no abdome
e na parte inferior do útero, para a retirada do bebê. Após o
nascimento, o bebê é avaliado pelo pediatra e a mãe vai à
sala de recuperação.
Períodos clínicos do parto 
Primeiro período : Dilatação
Segundo período : Expulsão
Terceiro período : Dequitação
Quarto período : Greemberg
Como reconhecer o início do trabalho de parto
•≥3cm de dilatação + 3-3 contrações eficientes/10min;
• Ou 2 contrações/15 min +2 dos seguintes sinais:
•Apagamento cervical;
• ≥ 3 cm de dilatação;
• Ruptura espontânea das membranas;
1. Precoce (antes do TP)
2. Prematura(início TP)
3. Oportuna (6 a 8 cm)
4. Tardia (final da dilatação)
1º Estágio
- Fase latente: 0 à 4cm, 2 contrações em 10 minutos
de 20 a 40 segundos de duração;
- Fase ativa: 4-5 a 10 cm, 2 a 5 contrações de 30 a 50
segundos de duração;
1 º Estágio
- Início das contrações regulares até o apagamento completo da cérvice;
Partograma
- LINHA DE ALERTA: identificar as pacientes com parto de risco 
RISCO: QUANDO A DILATAÇÃO CERVICAL ULTRAPASSA A LINHA DE ALERTA
- LINHA DE AÇÃO: paralelamente à linha de alerta, 4 horas após
PARTOGRAMA
Inicia o partograma na fase ativa
do trabalho de parto: 2 a 3 c/10 min
e dilatação cervical mínima de 4 cm.
 DÚVIDA: aguardar 1 hora e realizar
novo toque: velocidade de dilatação
de 1cm/hora em 2 toques sucessivos,
confirma a fase ativa do T de parto,
descida da apresentação.
 Deambular / Bola / Amniotomia /
Analgesia / Ocitocina
Período de dilatação
Primípara colo uterino apaga e depois dilata.
Multíparas apagamento (esvaecimento) e dilatação ocorrem juntos.
Início: 0,8-1,0 cm/h
Fase rápida: 1,6-2 cm/h
2º Estágio
• Dilatação completa nascimento;
•Duração: de 60 a 90 min em nulíparas e de 20 a 45min em
multíparas;
•Puxos espontâneos;
•Estimular liberdade de posição.
2º Estágio
3º Estágio
• Do nascimento do bebê até a expulsão da placenta (
dequitação, delivramento ou secundamento);
• Observar saída e integridade da placenta;
•Observar perdas sanguíneas;
•Duração 10-30 min (+ 30min retenção);
•Contrações uterinas indolores, 4 a 5/10 min;
3º Estágio
Central ou Baudelocque Schultze
•Mais freqüente (75% casos)
•Placenta inserida fundo uterino
•Não existe sangramento externo
•Sangramento retro-placentário (guarda-chuva
invertido)
•Aparece primeiro face fetal
Marginal ou Duncan
•Menos frequente (25% casos)
•Placenta inserida lateralmente
•Sangramento externo contínuo
•Aparece primeiro face materna
Manobra de Jacob
Rotação placenta para total retirada das membranas fetais. (manobra de jacob
Dublin)obs: verificar forma placentária, inserção e comprimento do cordão
umbilical e n° vasos. ( 2 artérias e 1 veia)
Baudelocque Schultze
Baudelocque Duncan
4º Estágio: Período de Greemberg
Após expulsão da placenta até estabilização (+/- 1 hora).
• Observar sangramento;
•Globo de Segurança de Pinard;
• Sinais vitais;
•Incentivar aleitamento materno;
• Clampeamento tardio do cordão.
Período de Greemberg
Mecanismos hemostasia:
1. Contração fixa: útero firmemente contraído
2. Indiferença uterina: alterna fases contração e relaxamento
3. Miotamponamento: musculatura uterina contrai e  órgão
obliterando vasos(ligaduras de Pinard)
4. Trombotamponamento: trombos obliteram gdes vasos
uteroplacentários
Fases
1a FASE ...............MIOHEMOSTASIA
 Ligaduras vivas de Pinard
- 2a FASE ...............TROMBOTAMPONAMENTO
 Trombos no sítio placentário
 Coágulos no interior da cavidade uterina
- 3a FASE ...............INDIFERENÇA MIOUTERINA
 Contração/Relaxamento
- 4a FASE ...............TETANIA
 Contrações uterinas fixas
Período de Greemberg
É um período de risco materno, com possibilidade de grandes
hemorragias, principalmente por atonia uterina.
Normalmente neste período inicia-se a integração familiar e muitas
vezes ela apresenta-se cansada, sonolenta e com fome.
Após a expulsão da placenta deve ser realizada a verificação da
integridade das membranas, a revisão imediata do canal de parto
(colo, vagina e períneo) e a episiotomia, sendo realizada pelo
profissional que realizou a assistência ao parto.
Período de Greemberg
A complicação mais comum é a hemorragia puerperal por
hipotonia ou atonia uterina, devido a falha da hemostasia
fisiológica.
A hemorragia pós-parto pode ser prevenida por meio da
estimulação da amamentação precoce, se a mulher e o
recém-nascido estiverem em boas condições.
Período de Greemberg
Na ocorrência da hemorragia, o útero apresenta-se hipotônico e
acima da cicatriz umbilical, com acúmulo de coágulos em sua
cavidade. Nestes casos, deve-se estimular o esvaziamento vesical,
realizar massagem abdominal (com compressão suave do fundo do
útero em direção ao canal vaginal), providenciar uma via de acesso
venoso periférico para infusão de reposição volêmica ou
administração de ocitocina, se forem necessários (SAITO; RIESCO;
OLIVEIRA, 2006).
Período de Greemberg
Neste período, a verificação dos sinais vitais a cada 15 minutos, tendo
em vista a perda sanguínea no período que, se for excessiva, resulta
na diminuição da pressão arterial e no aumento do pulso.
O controle da retração uterina e do sangramento deve ser contínuo,
com o intuito de favorecer o diagnóstico precoce das alterações que
devem receber intervenção da equipe de saúde. Portanto, considerar
que o parto acabou após o nascimento da criança e a dequitação
placentária é uma atitude perigosa e inadequada (BRASIL, 2001).
“A dor do parto é uma dor vitoriosa!”
Parteira do Amapá

Continue navegando