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Mariana Eliote – MED III DIÁLISE: método de depuração de substâncias do plasma humano pelo fenômeno de difusão passiva, através de uma membrana semipermeável. Substitui parte da função excretória renal, estabilizando a homeostase hidroeletrolítica, mas não substitui a função endócrina. SÍNDROME URÊMICA: conjunto de sinais e sintomas que aparecem na insuficiência renal grave, quando a filtração glomerular está <30mL/min. Processo realizado em um circuito extracorpóreo. O sangue do paciente é retirado para o dialisador e então retorna para o corpo após a filtração. A solução de diálise é mantida em contínua circulação através do compartimento externo aos capilares do filtro, para que seja permanentemente renovada, de forma a facilitar a depuração dos solutos – para aumentar a capacidade de renovação, a solução corre contracorrente com o fluxo sanguíneo nos capilares do filtro. Método de HD Utilizado na IRC • Hemodiálise intermitente ou convencional DIALISADOR Sangue Dialisato Solução de diálise Água tratada purificada Membrana semipermeável TERAPIA RENAL SUBSTITUTIVA CONCEITO DIFUSÃO PASSIVA: processo de transferência de um soluto através de uma membrana semipermeável, do compartimento de maior concentração para o de menor HEMODIÁLISE Mariana Eliote – MED III o Rápida retirada de solutos e líquido em pouco tempo (4-6h) o 3x na semana ou mais frequentemente em casos de uremia aguda o Fluxo sanguíneo entre 300- 500mL/min o Os pacientes com instabilidade hemodinâmica ou um estado de doença crítico podem tolerar mal este tipo de diálise → hipotensão o Quando se retira volume de líquido intravascular, deve-se repor com líquido proveniente do compartimento intersticial para que não haja hipotensão → na HD convencional a transferência do líquido não é imediata o Pacientes com IRC e quadro hemodinâmico estável geralmente tem hipotensão que pode ser rapidamente corrigida com infusão rápida de SF 0,9% no circuito de HD. Pacientes com IRA ou IRC agudizada, em estado crítico, com instabilidade hemodinâmica, hipotensão severa ou choque durante a sessão dialítica • Métodos contínuos de HD – retiram líquido e solutos lentamente durante um período prolongado (24-48h) o CAVHD – HD arteriovenosa contínua ▪ Punção de artéria e veia femorais o CVVHD – HD venosa e contínua o SLEHD – HD lenta de baixa eficiência o SCUF – ultrafiltração lenta e contínua COMPLICAÇÕES DA HD • Hipotensão o Principalmente devido à rápida extração de líquidos o Reação anafilática → se manifesta com lombalgia, disnpenia, hipotensão, dor torácica, náuseas e vômitos → devido a bioincompatibilidade com o filtro → “síndrome do primeiro uso” o Efeito do acetato o Efeito da temperatura da solução de diálise o Sangramento agudo o Isquemia miocárdica • Cãimbras o Hipovolemia transitória o Queda rápida da osmolaridade o DHEL • Hipocalemia o Solução de diálise sem potássio o Pode levar a taquiarritmias graves • Hipoxemia o Perda de O2 pelo filtro ou anafilaxia • Síndrome do desequilíbrio da diálise o Quadro de confusão mental, agitação ou torpor, eventualmente, convusões • Embolia gasosa o Dispneia súbita, cianose e hipoxemia o Colocar o paciente na posição de Trendelemburg reversa • Sangramento agudo o Pericardite urêmica • Hipertensão arterial o Liberação de renina e angiotensina estimulada pela hipovolemia transitória • Tamponamento cardíaco • Demência reacional à diálise o Fala balbuciante, ataxia, déficit motor e mioclonia o Intoxicação pelo alumínio presente em traços na solução de diálise • Pseudogota o Artrite ou tenossinovite devido ao depósito de pirofosfato de cálcio • Amiloidose reacional à diálise • Doença cística renal • Infecções em pacientes em HD o Transmissão parenteral (hepatite B e C, HIV, contaminação do acesso vascular pelos germes da pele adjacente) • Aterosclerose acelerada o Consequente à IRC, hipertrigliceridemia, HAS e DM o Causa mais comum de morte em pacientes em diálise é o evento cardiovascular Mariana Eliote – MED III Utiliza-se o peritônio como “filtro” - tecido extremamente vascularizado, contendo capilares de permeabilidade acentuada, e banhado externamente pelo líquido peritoneal. 1. Coloca-se a solução de diálise dentro do abdome a partir de um cateter peritoneal (indução de ascite). 2. Enquanto a solução permanece dentro da cavidade abdominal, as impurezas do sangue e o excesso de líquidos atravessam a membrana peritoneal e se juntam ao líquido de diálise 3. Drena-se esse líquido junto com as impurezas e o excesso de liquido. MÉTODOS Diálise peritoneal ambulatorial contínua – Diálise manual O paciente faz 4 trocas de solução de diálise num período de 24h – paciente e sua família recebem treinamento para realizar trocas em casa, trabalho ou viagem. Equipamento em Y – em uma ponta tem-se uma bolsa de plástico com solução de diálise e na outra uma bolsa vazia com o líquido que será drenado; a terceira extremidade será ligada ao cateter que foi implantado no paciente. Tempo de troca: cerca de 30 minutos – nesse período o cateter é conectado ao equipo em Y; manhã antes de sair de casa, almoço, final da tarde e antes de dormir. Após o final da troca, o paciente desconecta o equipamento e tampa o cateter, fixando-o em um curativo junto ao corpo. Durante o período de permanência o paciente está livre para suas atividades habituais Diálise peritoneal automatizada Auxílio de máquina cicladora O paciente conecta seu cateter a máquina a noite; a máquina drena o líquido de 3-5x durante a noite e o líquido vai direto para o ralo. Programação da máquina feita pela equipe de saúde e programa-se para que as trocas sejam feitas automaticamente na casa do paciente Pela manhã o paciente desconecta a máquina e fecha o cateter, fixando-o no corpo com micropore. COMPLICAÇÕES DA DP • Peritonite infecciosa o Dependendo do rigor da antissepsia e assepsia a incidência pode ser de 20-80% o S. aureus, Streptacoccus sp e gram-negativos entéricos o Quadro de dor abdominal, com ou sem sinais de irritação peritoneal, associado à observação de um dialisado turvo o >100 leucócitos/mm³ no líquido peritoneal, com predomínio de polimorfonucleares o Peritonite fúngica ou tuberculosa: predomínio de linfócitos ▪ Candida sp. ▪ Retirada do cateter ▪ TTO com fluconazol ou anfotericina B por 4-6 semanas o Indicação de cultura do dialisado o TTO: ATB no banho de diálise: aminoglicosídeos associados à vancomicina de 7/7 dias DIÁLISE PERITONEAL ASPECTOS FISIOLÓGICOS Mariana Eliote – MED III 1. REMOÇÃO DE TOXINAS Ureia (peso molecular: 60 daltons – facilmente dialisável): se acumula em maior concentração no plasma dos pacientes com síndrome urêmica, entretanto, quando se realiza uma HD utilizando- se uma solução rica em ureia, mantendo os níveis plasmáticos inalterados, o paciente continua apresentando melhora dos sinais e sintomas da síndrome; atinge-se sua toxicidade apenas em concentrações muito elevadas (>308mg/dL) que pode contribuir para sintomas GI e sangramentourêmico. Restos do metabolismo proteico contendo nitrogênio - “escórias nitrogenadas” - se acumulam na insuficiência renal. A maior parte delas apresenta peso molecular <200 daltons, sendo dialisáveis Quanto menor for o peso molecular maior a rapidez de depuração (ureia mais raidamente depurada que a cretinina – 113 da) A diálise peritoneal consegue depurar moléculas de peso maior (200-500 da), pois os “poros” do peritônio permitem a passagem de moléculas de maior tamanho. 2. CONTROLE ELETROLÍTICO E ACIDOBÁSICO A solução de diálise é preparada com concentrações eletrolíticas próximas às concentrações plasmáticas normais. Na maioria das vezes a solução de diálise não contém K e fosfato, pois esses costumam estar em níveis muito aumentados na IR grave e devem ser intensamente depurados. A diálise pode causar hipocalemia ou hipofosfatemia, se o nível sérico prévio desses eletrólitos não estiver muito elevado ou diálise feita no método contínuo. Considera-se conveniente uma concentração de K de 2,0mEq/L na solução. Solução de diálise típica: No lugar do Bicarbonato utiliza-se o acetato ou lactato como bases, entre 35-40mEq/L, porque são convertidas em bicarbonato no fígado; este não deve ser colocado porque se houver cálcio na solução pode haver formação de carbonato de cálcio, que precipita; é uma melhor base, pois o acetato está associado a hipotensão e o lactato pode piorar a acidose láctica em casos de choque grave ou insuficiência hepática. Glicose: evitar hipoglicemia e aumentar a pressão osmótica da solução, facilitando a remoção de líquido. 3. ULTRAFILTRAÇÃO Remoção de líquido durante a diálise. Gradiente de pressão entre o capilar e a solução de diálise, que é favorecido pela pressão hidrostática do capilar e pressão osmótica da solução. Ultrafiltração na HD: quando o sangue atinge os capilares do dialisador, existe um gradiente de pressão hidrostática entre o sangue e a solução de diálise, chamado de PTM (pressão transmembrana), que é o principal determinante da ultrafiltração na HD, sendo contrabalanceado pela pressão oncótica do plasma (25mmHg, se proteinemia normal) Ultrafiltração na diálise peritoneal: a pressão hidrostática não pode ser ajustada; a melhor maneira para influir na quantidade de volume de ultrafiltrado é aumentando ou diminuindo a pressão oncótica da solução (usando glicose). 4. LIMITAÇÕES DA DIÁLISE Ineficácia na depuração das toxinas urêmicas e de maior tamanho e peso molecular. Alguns tóxicos encontram-se fortemente ligados às proteínas plasmáticas e outros apresentam distribuição preferencial em outros Mariana Eliote – MED III compartimentos corpóreos que não o plasma (ex.:líquor) Algumas manifestações clínics da síndrome urêmica podem permanecer ou necessitar de intensificação da diálise → pericardite, neuropatia periférica (provavelmente causadas por proteínas de alto peso molecular). Ela pode depurar substâncias essências, como nutrientes, vitaminas hidrossolúveis e oligoelementos (zinco e ferro). Não corrige de forma satisfatória na síndrome urêmica: • Hiperfosfatemia – o fosfato não tem uma boa depuração na membrana • Hipocalemia • Hiperparatireoidismo • Dislipidemia • Aterosclerose acelerada • Anemia • Miopatia • Cardiomiopatia Astenia, anorexia, distúrbios do sono e cognição, alterações psiquiátricas, disfunção sexual e déficit decrescimento em crianças, não melhoram ou podem melhorar somente parcialmente com o tratamento dialítico, causando grande impacto negativo na qualidade de vida destes pacientes. 5. EFICÁCIA DA DIÁLISE Medida qualitativa: acompanhamento clínico, observando sinais e sintomas e bioquímica laboratorial do paciente, para verificar se está havendo uma melhora significativa desses parâmetros. Medida quantitativa: Clearance de ureia (K), em mL/min → dosagem antes e depois da sessão de ureia plasmática. • Taxa de redução da ureia plasmática ideal: 65-70% • KT/V → ideal entre 1,2 e 1,3; Valores de ureia plasmática < 65% e KT/V <1,2 → maior morbimortalidade Valores >70% e 1KT/V 1,3 não melhoram o desempenho da diálise. 1. UREMIA AGUDA Tratamento de urgência, visando evitar a morte por IR. A IR pode levar à morte por: • Encefalopatia • Sangramento • Tamponamento cardíaco • EAP • Hipercalcemia • Acidose metabólica A diálise de urgência está indicada quando 1 ou mais desses distúrbios estão presentes. Na IRA com piora progressiva da função renal, a diálise deve ser indicada antes de aparecer uma das situações acima → geralmente quando há oligoanúria ou um rápido aumento da ureia e creatinina (aproximando-se de 10mg/dL). Pode ser HD ou DP, porém a HD convencional pode não ser bem tolerada em casos de instabilidade hemodinâmica e insuficiência orgânica múltipla. A DP é mais bem tolerada nesses casos, porém, menos eficiente em depurar toxinas nitrogenadas em estados hipercatabólicos. Pode-se indicar então HD contínua. Não há superioridade entre os métodos na literatura e a escolha fica mais por conta da disponibilidade local e experiência médica. 2. UREMIA CRÔNICA Pacientes com IRC devem ser tratados conservadoramente nas fases iniciais da disfunção renal. O ideal é que a diálise seja iniciada antes dos sintomas urêmicos, porém, a qualidade de vida do paciente pode piorar devido as complicações do método. Nos diabéticos a diálise precoce pode diminuir a progressão das complicações (retinopatia, neuropatia, gastropatia e microangiopatia). Coloca-se o paciente em diálise quando a TFG <10-15mL/min ou a creatinina plasmática se aproxima de 10mg/dL (para diabéticos: 6- 8mg/dL). O paciente em diálise deve continuar com o tratamento conservador da IRC, com total enfoque para uma boa aderência à dieta. INDICAÇÕES Mariana Eliote – MED III Quando as sessões começam, o débito urinário costuma reduzir mais ainda devido a eliminação da ureia e outros solutos (diminui o efeito osmótico na diurese). Reposição de rotina de: piridoxina, vitamina C, ácido fólico e sulfato ferroso. 3. HD OU DIÁLISE PERITONEAL? Muitas vezes a escolha fica a critério do médico ou do paciente. Existem situações em que um dos dois seja indiscutivelmente mais indicado. Desvantagens da HD: • Acesso vascular • Maior rapidez da extração de líquidos e solutos → hipotensão e isquemia miocárdica • Uso da heparina → sangramento agudo • Necessidade de ida ao hospital ou centro de diálise pelo menos 3x por semana Vantagem principal da HD: • Maior eficácia dialítica em indivíduos com altos níveis de escórias nitrogenadas Desvantagens da DP: • Acesso à cavidade peritoneal → contraindicado em casos de patologia abdominal ou cirurgia de abdome • Menor eficácia dialítica • Altas concentrações de glicose na solução → elevar glicemia, aumentar obesidade e/ou hipertrigliceridemia Vantagens da DP: • Melhor depuração de moléculas de médio peso molecular (porém, pode levar a perda de proteína) • Facilidade dos métodos ambulatoriais • Extração lenta de líquido e solutos • Não utilização de heparina
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