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DDooeennççaa rreennaall ccrrôônniiccaa ((DDRRCC)) @mayaravnutri RINS: Formados por um conjunto de néfrons contidos numa mesma cápsula Néfron: unidade funcional, formado por um glomérulo, túbulos e ductos coletores. Funções dos rins: Excretar a maior parte dos produtos finais do metabolismo orgânico Controlar a concentração dos líquidos corpóreos Manter a composição iônica do volume extracelular Equilíbrio ácido-base Sintetizar hormônios e enzimas (eritropoetina, vitamina D, renina, etc) Síndrome clínica, caracterizada por perda lenta, progressiva e irreversível das funções renais. 4º país em número de pacientes mantidos em diálise, ficando atrás apenas dos EUA, Japão e Alemanha. NKF/DOQI → caracteriza-se por dano renal ou redução das funções por um período ≥ 3 meses, independente da etiologia. A perda da função renal leva a distúrbios, devido ao acúmulo de solutos que se concentram, assim como substâncias tóxicas não eliminadas pela urina e deficiência de hormônios específicos. Resultam em síndrome urêmica/uremia: Outras alterações metabólicas: Expansão do volume extracelular: se mantém normal até os estágios finais da DRC, quando a capacidade de excretar sódio fica comprometida, e leva ao edema, hipervolemia e HA Acidose metabólica: distúrbio mais comum. Inicialmente, se mantém por meio do aumento da excreção de amônia. Com a progressão da lesão, a adaptação se torna insuficiente. Junto com a perda da capacidade de reabsorção de bicarbonato, leva a acidose (mais frequente nos estágios 4 e 5). Pode ter repercussão negativa no estado nutricional, pois pode haver ativação de vias que levam a degradação de massa muscular. Critérios para diagnóstico: Critérios para diagnóstico: Presença de anormalidades estruturais/funcionais nos rins > 3 meses Redução ou não da função renal (↓ taxa de filtração glomerular <60 mL/min > 3 meses) Principais causas: Hipertensão arterial, diabetes mellitus, glomerulonefrites. CAUSAS MENOS FREQUENTES: rins policísticos, pielonefrites, lúpus eritematoso sistêmico (LES), doenças congênitas. @mayaravnutri Estadiamento: Dividida em 5 estágios, dependendo da taxa de filtração glomerular Estágio 0: importante para epidemiologia. Inclui indivíduos com função renal normal, mas devem ser acompanhados por terem risco de desenvolver DRC (possuem HAS, DM, histórico de DRC). Estágio 1: Apresentam algum tipo de lesão, como proteinúria. Compreende a fase inicial da lesão renal. Estágio 2: compreende ao início da perda da função renal. Ureia e creatinina ainda estão normais, não há alterações clinicas. O déficit de função renal só poderá ser detectado por métodos mais acurados, como clearance de creatinina. Estágio 3: pode haver presença de sinais urêmicos de forma discreta, embora o paciente possa permanecer sem sinais clínicos evidentes. A alteração mais comum é o aumento de ureia e creatinina. Estágio 4: lesão renal associada com diminuição importante da TFG. O paciente já apresenta sinais marcados de uremia (mais comuns: anemia, hipertensão arterial, fraqueza, mal-estar e sintomas digestivos, como náusea, vômito, hálito urêmico) Estágio 5: caracterizado por insuficiência renal avançada. Corresponde à fase de perda do controle do meio interno (incompatível com a vida). Paciente altamente sintomático e há necessidade de terapia renal substituta (hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal). Fisiopatologia: 1. A 1ª resposta da perda do número de néfrons é o aumento do tamanho do rim (hiperplasia renal), o que aumenta a taxa de filtração glomerular e perfusão do rim (responsável pelo aumento da TFG em indivíduos no estágio 1 de DRC) – leva a aumento da secreção de potássio e reabsorção de sódio no túbulo distal. 2. Glomérulos sofrem adaptação hemodinâmica que levam a hipertensão glomerular e perda da seletividade (capacidade de impedir a passagem de macromoléculas para a urina) 3. Ocorre aumento do tamanho do túbulo proximal e da capacidade reabsortiva Todos os mecanismos que ocorrem tem função adaptativa frente à diminuição da função renal (porém tem um limite – momento que começa a aparecer os sintomas da DRC). Tratamento: Possui 2 fases distintas: fase não-dialítica (tratamento conservador) e fase de terapia renal substitutiva (hemodiálise, diálise peritoneal ou transplante renal) TRATAMENTO CONSERVADOR: Compreende os estágios 1 a 4. Objetivos: retardar a progressão da DRC, tratar complicações decorrentes da perda da função renal, preparar o paciente para o início da terapia dialítica (preparar acesso vascular). A função renal pode ser monitorada pelo clearance de creatinina (VR = 80 a 120mL/min/1,73m²). Outros parâmetros séricos como uréia, ácido úrico, sódio, potássio, bicarbonato, cálcio, fósforo, paratormônio e perfil lipídico também são monitorados. DIÁLISE: Processo físico-químico onde duas soluções, separadas por uma membrana semipermeável, influenciam na composição uma da outra. @mayaravnutri Objetivo da diálise: substituir parte das funções exercidas pelos rins, e manter as funções renais. No entanto, não consegue reparar a função endócrina dos rins (produção de hormônios). Tanto a hemodiálise quanto a diálise peritoneal se referem a um processo de transferência de massa entre o sangue e o líquido de diálise. Na hemodiálise, essa transferência é modulada por uma membrana semipermeável artificial, e na diálise peritoneal esse transporte de solutos se dá pela membrana peritoneal. HEMODIÁLISE: realizado normalmente 3 vezes por semana, em dias intercalados. Cada sessão de diálise tem duração de 3,5 a 4h. Pode ser realizada por meio de cateter venoso, fístula arteriovenosa ou prótese. O dialisador ou filtro de diálise é constituído por dois compartimentos, um por onde circula o sangue e outro por onde circula o dialisato (solução de diálise, é o líquido que circula dentro do dialisador. É uma solução tratada, isenta de agentes contaminantes, com composição padrão de sódio, potássio, bicarbonato, cálcio, magnésio, cloro e acetato). DIÁLISE PERITONEAL: necessita da implantação de um cateter peritoneal, por onde será infundida e drenada a solução de diálise. Pode ser de 2 formas: DPAC (diálise peritoneal ambulatorial contínua), onde a solução de diálise infundida permanece em contato com o peritônio por 4 a 8 horas, quando então é drenada e uma nova solução é infundida, sendo esse processo repetido, em média, 4 vezes por dia; ou DPA (diálise peritoneal automática), que segue o mesmo padrão de trocas, mas de forma automática, sendo realizado por uma cicladora, no período noturno. Em ambas as formas, o agente osmótico é a glicose. Aspectos nutricionais: Desnutrição energético-proteica (DEP): ocorre em decorrência da doença e do tratamento, que contribuem para a redução da ingestão alimentar e aumento do catabolismo, pelo processo inflamatório. @mayaravnutri Sobrepeso e obesidade: pode estar relacionado ao desenvolvimento da DRC, além da obesidade ser um fator de risco independente para desenvolver DRC. Principal risco é a relação com DCV, que são a maior causa de morbimortalidade nos pacientes com DRC. No entanto, ainda é controverso, porque existem estudos que mostram que resultados de IMC aumentados apresentam papel protetor. Avaliação nutricional: Não existe um protocolo único, devido a variedade que o quadro clínico pode se apresentar (DEP e/ou sobrepeso/obesidade). Importante para detectar, diagnosticar, classificar pacientes em risco nutricional, e dar aos pacientes a orientação adequada à condição de cada um. Antropometria:avaliar massa muscular e gordura corpórea total e do tronco. Na avaliação do peso, deve-se descontar o volume de líquido infundido na cavidade peritoneal, e paciente em hemodiálise deve ser feita a aferição do peso após a sessão. A perda de peso não intencional num período de 3 a 6 meses tem se mostrado mais acurada do que a interpretação do IMC para detectar risco de DEP. O IMC pode mascarar o risco para DEP em pacientes com edema. A circunferência da cintura apresenta boa correlação com risco de DCV. Pacientes com ascite ou peritonite devem ter os resultados avaliados com cautela. Avaliação da força de preensão manual: útil para pacientes com DRC para detectar os que apresentam DEP. Exames laboratoriais: para pacientes em diálise peritoneal deve ser feito após estabilização da diálise e nos que fazem hemodiálise, imediatamente antes. Inquéritos alimentares: Recordatório 24h: para pacientes em HD, fazer de um dia sem tratamento e um dia com diálise. Terapia nutricional: ENERGIA: recomendações semelhantes a pacientes saudáveis. Segundo o NKF/DOQI: @mayaravnutri - Pacientes < 60 anos: 35kcal/kgP/dia - Pacientes > 60 anos: 30kcal/kgP/dia Orientar dietas com no mínimo 25kcal/kgP/dia, para assegurar o balanço nitrogenado. Pacientes com sobrepeso/obesidade devem ter a energia proveniente da glicose da solução de diálise descontada do VET. Já pacientes com DEP podem ter a energia da glicose da solução ofertada como energia adicional. Pacientes com DRC geralmente apresentam dislipidemia. O tratamento consiste em alterações no estilo de vida + medicamentos. Pacientes em diálise não devem ter colesterol total < 150 mg/dL (maior associação com DEP). A restrição protéica é a manipulação dietética mais comum no tratamento conservador. O objetivo dessa conduta é retardar a entrada do paciente em diálise e manter estado nutricional adequado. A dieta hipoproteica reduz a sintomatologia urêmica, por reduzir a formação de compostos nitrogenados tóxicos oriundos do metabolismo proteico, além da atenuação de alguns distúrbios (HAS, acidose metabólica, dislipidemias, etc). O nível de restrição depende do nível de função renal. Para pacientes com DRC e diabetes, a recomendação é de 0,8g/kg/dia de PTN. Caso se observe redução acentuada e rápida da TFG, pode-se orientar ingestão proteica 0,6 g/kg/dia. @mayaravnutri Potássio: recomenda-se a cocção em água, com descarte da mesma para remoção do mineral. Sódio: melhor controle da HAS, menor retenção hídrica e controle do edema. Sal dietético não é recomendado por conter KCl. Para os pacientes em hemodiálise, a restrição de sódio contribui para redução do ganho de peso interdialítico por diminuir a sede. Líquidos: pacientes em HD ou diálise peritoneal pode ser necessário restringir, já em tratamento conservador raramente precisa. Fósforo: a restrição é importante, principalmente em tratamento dialítico. É comum o uso de quelantes de fósforo, que agem se ligando parte do fósforo e promovendo sua eliminação nas fezes, sem contribuir para absorção. Devem ser ingeridos junto com as refeições que contenham alimentos fontes de fósforo. Orientações nutricionais: Explicar a razão das modificações alimentares; Sempre que possível, envolver no tratamento a pessoa responsável pela compra e pelo preparo dos alimentos; Respeitar as preferências e os hábitos alimentares do paciente; Não fazer restrições alimentares desnecessárias; Em alguns casos, priorizar o aspecto mais importante do tratamento dietético e orientar as novas modificações aos poucos; Fornecer listas de substituições de alimentos com equivalentes protéicos e energéticos; Fornecer receitas de fácil preparo e de custo acessível; Utilizar modelos de alimentos e de medidas caseiras para a orientação dietética e averiguar a adesão ao plano alimentar; Fazer consultas regulares para acompanhamento nutricional e avaliação da adesão às orientações dietéticas.
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