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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE GESTÃO E TECNOLOGIA AGROINSDUSTRIAL
CAMPUS III – BANANEIRAS – PB
COLÉGIO AGRÍCOLA VIDAL DE NEGREIROS
CURSO TÉCNICO EM NUTRIÇÃO E DIETÉTICA
ORGANIZADORAS:
MSc. CATHERINE TEIXEIRA DE CARVALHO
MSc. CELENE ATAÍDE CORDEIRO RIBEIRO
MSc. ISABELLE DE LIMA BRITO POLARI
Dra. GEÍZA ALVES AZERÊDO DE OLIVEIRA
MSc. JOSSANA PEREIRA DE SOUSA GUEDES
PATOLOGIA DA
NUTRIÇÃO E
DIETOTERAPIA
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Bananeiras – PB
Março/2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, SOCIAIS E AGRÁRIAS
COLÉGIO AGRÍCOLA VIDAL DE NEGREIROS
CURSO TÉCNICO EM NUTRIÇÃO E DIETÉTICA
DISCIPLINA: PATOLOGIA APLICADA À NUTRIÇÃO
PROFESSORA: CATHERINE TEIXEIRA DE CARVALHO
CAPÍTULO 01: CONCEITOS BÁSICOS EM PATOLOGIA APLICADA À
NUTRIÇÃO
O padrão alimentar sofre influência de preceitos religiosos, tabus,
hábitos alimentares e socioculturais, incutidos no indivíduo desde a infância.
Tanto na saúde quanto na doença é importante uma alimentação adequada
às necessidades de cada um.
Nutrição clínica é a área da nutrição pela qual são tratadas as
diversas enfermidades (doenças) que acometem o ser humano, através da
alimentação. A Nutrição clínica atua também prevenindo o aparecimento de
doenças através de uma alimentação saudável e de forma terapêutica no
controle de doenças crônicas.
O atendimento de nutrição clinica é realizado pelo
profissional nutricionista com o auxilio do profissional técnico em nutrição que
operacionaliza ações planejadas a nível ambulatorial (consultórios
particulares ou públicos, clínicas, asilos, creches, spa's) ou hospitalar
(enfermarias, bancos de leite humano, lactários).
A Nutrição Clínica divide-se em algumas áreas tais como: Nutrição
Materno-Infantil, Nutrição enteral e parenteral, Nutrição em Geriatria,
Nutrição em Banco de Leite humano, Nutrição em Lactário e SPAs e
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Nutrição no pré e pós operatório.
Diversas são as enfermidades que necessitam de acompanhamento
nutricional rigoroso para evolução e melhora do quadro. Dentre elas
podemos destacar: enfermidades do esôfago e estômago, intestino,
glândulas anexas (pâncreas, vesícula biliar e fígado) , hipertensão arterial e
doenças cardíacas, Os grandes traumas
como queimaduras e cirurgias também precisam de atenção nutricional, uma
vez que, estes pacientes correm o grande risco de apresentarem
desnutrição.
A dietoterapia é a ciência que estuda e aplica a dieta com principio
terapêutico, tendo a dieta normal como padrão. A finalidade básica da
dietoterapia é ofertar ao organismo nutrientes adequados ao tipo de doença,
condições físicas, nutricionais e psicológicas do paciente, mantendo ou
recuperando o estado nutricional. Para isso, o, profissional nutricionista deve
proceder à prescrição dietética que envolve várias etapas como a anamnese
alimentar, avaliação do estado nutricional, hipótese diagnostica nutricional,
determinação da conduta alimentar, definição do nível de assistência e,
posteriormente, a reabilitação nutricional.
Uma dieta nutritiva deve ser planejada de acordo com as doenças e
condições físicas do indivíduo, atendendo as leis fundamentais de
alimentação de Escudero (quantidade, qualidade, harmonia e adequação).
As recomendações nutricionais mais atuais levam em conta os guias
alimentares. A Pirâmide Alimentar que foi publicada em 1992 pelo
departamento de agricultura dos E.U.A. é o guia alimentar adotado
oficialmente para a população americana.
A orientação da Pirâmide Alimentar tem um enfoque um pouco mais
amplo que os guias propostos anteriormente. Há uma preocupação em
abordar a alimentação de forma a ensinar urna dieta global, e não apenas
uma dieta básica. São levados em conta as deficiências nutricionais, que
podem ocorrer e os prejuízos decorrentes dos excessos alimentares. O
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objetivo é orientar três conceitos básicos: a variedade na seleção de
alimentos, a proporcionalidade e a moderação principalmente de gordura e
açúcares. Para pacientes hospitalizados, as vias de suporte nutricional
podem ser oral, enteral e/ou parenteral.
Fonte: Tuncunduva (2008)
No atendimento clinico o cliente/paciente é examinado individualmente
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onde são observados sua situação fisiopatológica, história clinica pregressa,
atual e familiar (anamnese), estado nutricional, físico e bioquímico podendo
assim ser formulado o diagnóstico nutricional e conduta nutricional. O
atendimento ambulatorial em nutrição clínica geralmente visa o controle de
peso, aconselhamento e educação nutricional para indivíduos sadios ou
enfermos. O atendimento hospitalar em nutrição clinica visa o tratamento e
recuperação de pessoas enfermas através da Terapia Nutricional.
A dietoterapia (tratamento através dos alimentos) é a ferramenta
usada pelo nutricionista com auxílio dos técnicos em nutrição para a
recuperação dos enfermos. A dieta hospitalar do paciente é prescrita pelo
médico. Para cada enfermidade existe uma prescrição dietoterápica
especifica, cabe ao nutricionista com o auxílio do técnico em nutrição fazer a
seleção dos alimentos que comporão o cardápio, pois, estes são os únicos
profissionais aptos para isso.
CAPÍTULO 02: PRONTUÁRIO HOSPITALAR
O prontuário deve ser organizado para prestar serviços ao paciente,
ao corpo clínico, à administração do hospital e à sociedade. Serve como
instrumento de consulta, avaliações, ensino, pesquisa, auditoria, estatística
médico-hospitalar, sindicâncias, prova de que o doente foi ou está sendo
tratado convenientemente, investigação epidemiológica, processos éticos e
legais, comunicação entre os profissionais de assistência ao paciente, defesa
e acusação. O prontuário completo possibilita avaliar o desempenho da
instituição responsável pela assistência ao enfermo. A avaliação da
qualidade e da quantidade de serviços prestados dependerão,
primariamente, da exatidão das informações incluídas no prontuário. É
fundamental, portanto, que estejam confluídos nesse documento todos os
dados sobre o paciente e os cuidados assistenciais a ele dedicados.
Em princípio, o prontuário bem preenchido traz todas as indicações
do que é preciso ser feito, o que demonstra seu valor como documento
autêntico para desfazer dúvidas quanto aos procedimentos médicos e quanto
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às respostas do organismo do paciente (Moraes, 1991, p. 106). Possibilita o
conhecimento e o controle de infecções pós-operatórias hospitalares, saber
quantos diagnósticos clínicos não coincidiram com o diagnóstico pós-
operatório e com o anatomopatológico, que percentagem de tecido normal foi
retirado e outros detalhes (Carvalho, 1977, p. 169).
A importância dos registros completos é fundamental em caso de
intercorrências que exijam intervenção de médicos plantonistas, visto que
estes ficarão cientes da evolução da doença pelo exame do prontuário. Além
disso, é a forma de ligação e de comunicação entre os variados setores
assistenciais. Para o paciente, o prontuário possibilita atendimento e
tratamento mais rápido e eficiente, mediante os dados em registro. Simplifica
ou dispensa interrogatórios e exames complementares já realizados, com
redução do custo de atendimento e do tempo de permanência hospitalar
(Mezzomo, ob. cit., p. 246).
No Brasil, não há leis específicas que determinem quais documentos
mínimos devem integrar os prontuários. O Conselho Federal de Medicina,
pela Resolução n.º1.638/02, estabeleceu os itens que deverão
obrigatoriamente constar do prontuário, elaborado em qualquer padrão:
identificação do paciente (nome, sexo, data do nascimento, filiação,
endereço), anamnese, exames físico e complementares, diagnósticos,
tratamento, anotações diárias sobre a evolução do estado do paciente.
O Conselho Regional de Medicina, estabelece, na Resoluçãon.º
189/01, como norma de fiscalização (NF17), a inclusão de outros
documentos que, se originados durante a assistência aos pacientes, serão
incluídos no prontuário as declarações de nascimento, de óbito, de
transferência, guias de atendimento, relatório cirúrgico e anestésico, folhas
de pareceres, relatório de enfermagem, de assistência social, odontológica,
nutricional e outras.
O Ministério da Saúde estabelece como padrão de nível 1 na
acreditação hospitalar o arquivo médico cujos prontuários sejam legíveis,
assinados pelo médico assistente e têm uma sequência lógica e contínua
com registro de admissão, história clínica, evolução, informações
complementares (exames, pareceres) e condições de alta, exigindo
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capacitação específica para o responsável técnico (Ministério, 1999, p. 97).
Na composição do prontuário, em consideração à sua importância
legal, didática, médica e para o paciente – são utilizados os seguintes
elementos, cuja sequência varia nas instituições. Em geral, segue-se a
ordem lógica:
_ Identificação
– Anamnese e avaliação clínica
– Laudos e pareceres – folha de internação/ exames bioquímicos
– Folhas de prescrição e evolução
– Relatório de alta ou de óbito.
MODELO DE PRONTUÁRIO CLÍNICO
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Funções do prontuário:
⦁ De Assistência e comunicação: entre os profissionais, o sistema de
saúde e o usuário;
⦁ De apoio diagnóstico: Para registrar o diagnóstico e conduta evolutiva
⦁ De educação, pesquisa e ensino: registro histórico, científico;
⦁ Gerencial: registro administrativo, financeiro, documento de valor legal.
⦁ Epidemiológico: verificar a evolução epidemiológica da doença em
ambiente interno e externo
Objetivos do prontuário:
⦁ Facilitar assistência ao paciente
⦁ Promover meios de comunicação ao paciente
⦁ Assegurar a continuidade do atendimento
⦁ Suporte para área administrativa do hospital, nos aspectos financeiros
e e legais
A Portaria do MS/SAS/40 de 30/12/92 institui:
Registro obrigatório em prontuário único, das atividades desenvolvidas pelas
diversas categorias profissionais – médico, enfermeiro, odontólogo,
assistente social, psicólogo, terapeuta ocupacional, nutricionista,
farmacêutico, pessoal auxiliar.
A quem pertence o Prontuário?
⦁ Ao profissional de saúde;
⦁ Ao paciente;
⦁ À Instituição de Saúde.
Quem pode solicitar cópia do Prontuário?
⦁ Apenas o paciente ou seu representante legal através de Procuração;
⦁ Em caso de falecimento: o representante familiar nomeado pelo juiz;
⦁ O Conselho Regional de Medicina.
O Prontuário e os aspectos éticos e legais
O Código de Ética Médica estabelece:
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É vedado ao Médico:
⦁ Art. 87 - Deixar de elaborar prontuário médico legívelpara cada
paciente.
⦁ Art. 88 - Negar ao paciente acesso ao seu prontuário médico, ficha
clínica ou similar, bem como deixar de dar explicações necessárias à
sua compreensão, salvo quando ocasionar riscos para o paciente ou
para terceiros.
⦁ Art. 86 - Deixar de fornecer laudo médico ao paciente, quando do
encaminhamento ou transferência para fins de continuidade do
tratamento, ou em caso de solicitação de alta.
⦁ Documento único constituído de um conjunto de informações, sinais e
imagens registradas, geradas a partir de fatos, acontecimentos e
situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada,
de caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação
entre os membros da equipe multiprofissional e a continuidade
prestada ao indivíduo”
Obrigatoriedade de acordo com a Resolução do CFM 1638/2002
⦁ Legibilidade da letra do profissional;
⦁ Identificação dos profissionais que realizaram o atendimento;
⦁ Assinatura do médico e CRM;
⦁ Responsabilidade quanto ao preenchimento, guarda e
manuseio - cabe ao profissional de saúde, à chefia da equipe,
à direção da Unidade;
⦁ Comissão de Revisão de Prontuários.
Resolução CFM n° 1605/00
Normatiza a revelação do sigilo médico e o acesso ao
prontuário médico.
⦁ Art. 1° - O médico não pode, sem o consentimento do paciente,
revelar o conteúdo do prontuário ou ficha médica.
⦁ Art. 2° - Nos casos do art. 269 do Código Penal, onde a
comunicação da doença é compulsória, o dever do médico
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restringe-se exclusivamente a comunicar tal fato à autoridade
competente, sendo proibida a remessa do prontuário médico do
paciente.
Capítulo 03: Paciente crítico
A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é conceituada como uma
“Unidade complexa dotada de sistema de monitorização contínua que admite
pacientes potencialmente graves ou com descompensação de um ou mais
sistemas orgânicos e que com o suporte e tratamento intensivos tenham
possibilidade de se recuperar” (CREMESP, 1995). Assim UTI tem como
objetivo prestar assistência a pacientes graves e de risco que exijam
assistência médica e de enfermagem ininterruptas, além de equipamento e
recursos humanos especializados.
Os profissionais que prestam assistências na Unidade de Terapia
Intensiva são nomeados como intensivistas. A equipe de atendimento é
multiprofissional e interdisciplinar, constituída por diversas profissões:
médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes
sociais e técnicos de enfermagem, dentre outros.
Fonte: Manual de cuidados ao paciente crítico ( 2013)
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Para trabalhar numa unidade de terapia intensiva é necessário
entender qual tipo de paciente pode-se encontrar nela. O paciente para ser
admitido nessa área de internação precisa ser grave ou de risco, mas com
possibilidade de recuperação. Pode-se descrever resumidamente estas duas
situações:
Paciente Grave (crítico) – paciente que apresenta instabilidade de
um ou mais sistemas orgânicos, com risco de morte.
Paciente de Risco – paciente que possui alguma condição
potencialmente determinante de instabilidade.
Nas duas situações visualizamos clientes em situações críticas de
saúde. Quais são as patologias que mais levam os pacientes a este estado?
O que é, de fato, essa situação crítica?
Paciente grave/crítico é aquele que apresenta instabilidade de um ou
mais de seus sistemas orgânicos, devido às alterações agudas ou
agudizadas, que ameaçam sua vida. O paciente crítico internado numa UTI
está numa situação de estresse onde suas necessidades básicas são
afetadas.
Os tipos de instabilidade que pode tornar um paciente crítico são:
⦁ Trauma severo: grandes traumas necessitam de
recomendações médicas e nutricionais específicas
⦁ Sepse (infecção generalizada ou resposta sistêmica a
infecção): ocorre um choque séptico gerado, quando ocorre o
aumento da produção de óxido nítrico, um vasodilatador que
diminui a pressão arterial, levando a uma diminuição de
oxigênio para os tecidos.
⦁ Cirurgia: Depende da avaliação prévia do paciente quanto as
questões nutricionais e os fatores de riscos
⦁ AIDS, queimaduras extensivas, câncer entre outros.
Segundo Maslow (1954) as necessidades básicas são aquelas
relacionadas com a sobrevivência física, psíquica e espiritual (necessidades
psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais).
Reichele apud Gomes (2003) diz que muitas dessas necessidades
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estão afetadas no paciente de UTI. Removido para lá quase sempre por ter
uma afecção primária na área biológica, tem todo o seu complexo
sociobiológico e socioespiritual envolvido. O paciente gravemente enfermo
tem uma grande dependência em relação à satisfação dessas necessidades
e, como todo ser humano que se vê dependente, responde a este fato de
uma forma característica, individual. Ele se torna concentrado em si mesmo,
seus interesses e as atenções se limitam ao tempo presente, sua
preocupação primária é o funcionamento do seu corpo.
A doença grave tem como ponto em comum a inflamação sistêmica,que promove alterações metabólicas previsíveis que interferem em todo o
suporte nutricional, e as doenças têm características próprias que podem
acentuar este fenômeno. A desnutrição também ocorre dentro do ambiente
hospitalar e, na maioria das vezes, com intensidade maior, pela coexistência
de fatores de risco, devendo ser triada, diagnosticada e tratada
sistematicamente. A precocidade no início do suporte nutricional através do
tubo digestório dos pacientes com risco e (ou) desnutrição e o cuidado em
aguardar a estabilidade hemodinâmica e metabólica do paciente grave, antes
de perseguir suas metas calóricas, tornaram o suporte nutricional mais
seguro e e ciente. Além disso, a correção de distúrbios metabólicos, como
hiperglicemia, e a oferta de nutrientes específicos podem reduzir a morbi-
mortalidade, desde que a população seja adequadamente selecionada.
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⦁ Hipermetabolismo: aumento descompensado do gasto energético e
necessidades calóricas
⦁ Hiperglicemia: nível muito alto de glicose no sangue
⦁ Resistência à insulina: é uma situação onde há um desequilíbrio entre
a quantidade de insulina produzida pelo pâncreas e o funcionamento
desta quantidade de insulina. Para simplificar, em uma pessoa sem
resistência insulínica, é como se uma molécula de insulina tivesse a
capacidade de colocar uma molécula de glicose dentro da célula,
porém, na pessoa com resistência, fosse necessário duas ou mais
moléculas de insulina para realizar o mesmo trabalho. No organismo,
a conta não é bem esta, mas a perda de funcionamento de insulina
ocorre de forma bem semelhante quando esta resistência aparece.
⦁ Lipólise acentuada: degradação desequilibrada da gordura no
organismo
⦁ Intenso catabolismo proteico: Degradação acentuada de proteína com
perda muscular acentuada
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Diagnóstico nutricional paciente crítico
A ASG (avaliação subjetiva global) tem sido utilizada como ferramenta para
avaliação e quantificação do estado nutricional, também no paciente grave.
Portanto, a história de perda de peso recente e durante a estada no hospital,
a quantidade de dieta efetivamente ingerida (administrada), o grau de
catabolismo, as condições associadas à via de administração, ao tempo para
o início da terapia nutricional e à baixa tolerabilidade e (ou) absorção de
nutrientes devem ser considerados. As ferramentas tradicionais de avaliação
nutricional (antropometria, bioquímica e medida dos compartimentos
corporais) sofrem grande interferência no doente grave, dificultando sua
interpretação. O acúmulo de líquido no espaço extracelular muda
rapidamente o peso (balanço hídrico cumulativo), além de diluir proteínas
viscerais e alterar as medidas de pregas e circunferências; o processo in
amatório sistêmico (Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica – SIRIS,
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do inglês ou SEPSE) consome grande quantidade de proteínas plasmáticas,
reduzindo sua concentração independentemente do processo de
desnutrição. À medida que o paciente supera a fase aguda da doença,
quando o quadro clínico se estabiliza, e se inicia a fase de recuperação, a
avaliação nutricional convencional passa a ser útil e desejável.
Recomendação
Não há ferramenta ideal para avaliação e monitorização do estado nutricional
do paciente grave, deve-se utilizar a associação entre as distintas técnicas
disponíveis para melhorar a sensibilidade dos métodos.
Necessidade energético-proteica: O monitoramento da terapia nutricional
no paciente crítico é de alta relevância, no qual uma insuficiência de proteína
e energia, bem como o prejuízo do desequilíbrio da glicemia, são fatores que
podem promover a piora do quadro clínico do paciente na UTI.
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CAPÍTULO 04: DIETAS HOSPITALARES
Segundo Isosaki et al. (2009), as dietas são elaboradas considerando-
se o estado nutricional e fisiológico das pessoas, e em situações
hospitalares, devem estar adequadas ao estado clínico do paciente, além de
proporcionar melhoria na sua qualidade de vida. Portanto a dieta hospitalar
garante o aporte de nutrientes ao paciente internado e preservar seu estado
nutricional, por ter um papel co-terapêutico em doenças crônicas e agudas
(GARCIA, 2006).
As dietas hospitalares podem ser padronizadas segundo as
modificações qualitativas e quantitativas da alimentação normal, assim como
da consistência, temperatura, volume, valor calórico total, alterações de
macronutrientes e restrições de nutrientes, com isso podem ser classificadas
a partir das suas principais características, indicações e alimentos ou
preparações que serão servidos (DIAS et al., 2009; ISOSAKI et al., 2009)
A padronização das dietas tem como objetivo manter um atendimento
nutricional seguro, eficiente e de qualidade ao paciente, portanto as dietas
são classificadas em três grupos, dietas de rotina, modificadas, especiais
(ISOSAKI et al., 2009; WAITZBERG, 2000). A padronização da dieta, ainda,
facilita o trabalho na produção e distribuição de refeições, permite
treinamento de pessoal, devendo ser sempre flexível para permitir
adequações as condições e necessidades individuais.
De acordo com Martins et al. (2001), o manual de dietas Hospitalares
tem como objetivo principal a padronização das refeições servidas no
Hospital e informar toda a equipe envolvida com os cuidados dos pacientes
sobre a nomenclatura, as indicações e as características de cada dieta
padronizada, assim como a sua adequação nutricional.
O serviço de Nutrição e dietética (SND) é um setor do hospital que
cuida especificamente da produção e distribuição das dietas hospitalares que
são elaboradas conforme a prescrição médica, registrada no prontuário
médico do paciente juntamente com outros dados que são relevantes para
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avaliação nutricional, plano alimentar e orientação do paciente, tais como a
identificação, o histórico, o diagnóstico provisório ou definitivo, os dados
clínicos, antropométricos e laboratoriais. Em seguida, as dietas são
encaminhadas para a produção, onde serão preparadas.
TIPOS DE DIETAS HOSPITALARES:
DIETA GERAL OU LIVRE
Atende as leis da nutrição: lei da harmonia, adequação, qualidade e
quantidade dos alimentos.
Não há restrição de preparações e consistência dos alimentos.
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CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:
A dieta geral é indicada para as pessoas que não necessitam de
modificações dietoterápicas específicas.
Seu objetivo é o de fornecer uma quantidade suficiente de proteínas, calorias
e outros nutrientes.
CARACTERÍSTICAS DA DIETA: Sem alteração de consistência; - Sem
alteração de nutrientes.
FRACIONAMENTO DA DIETA:
Cinco (5) refeições por dia (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e
lanche da noite).
Exemplo de dieta livre ou geral:
Exemplo de cardápio Quantitativo dieta geral:
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DIETA BRANDA:
⦁ Dieta de transição entre a pastosa e a geral. Apresenta baixos níveis de
celulose e tecido conectivo, abrandados por cocção ou por ação
mecânica, facilitando o trabalho digestório.
⦁ CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:
É indicada para pacientes no pós-operatório, enfermidades do
esôfago, pacientes com uso de próteses dentárias e aqueles com
dificuldades leves na mastigação ou deglutição.
⦁ CARACTERÍSTICAS DA DIETA: Dieta com tecidos conectivos e celulose
abrandados por cocção;
- Sem alteração de nutrientes;
- Alimentos, que podem, ser excluídos da dieta:
- Especiarias e condimentos fortes; - Bebidas gaseificadas;
- Hortaliças e legumes crus;
- Alimentos duros.
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⦁ FRACIONAMENTO DA DIETA:
Cinco (5) refeições por dia (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e
lanche da noite).
Exemplo de cardápio Quantitativo dieta branda:
DIETA PASTOSA
⦁ Dieta de transição entre a leve e a branda. Apresenta alimentos
abrandados por cocção ou por ação mecânica, facilitando o trabalho
digestório,deglutição e a mastigação.
⦁ CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:
É indicada para pacientes com dificuldade de mastigação ou
deglutição devido à inflamação, danos neurológicos, distúrbios
neuromotores, alterações anatômicas da boca ou esôfago e uso de
próteses dentárias.
⦁ CARACTERÍSTICAS DA DIETA - Alimentos bem cozidos e de fácil
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mastigação; -Sem alteração de nutrientes;
Alimentos com textura macia, para que possam ser
mastigados e deglutidos com pouco esforço;
Alimentos que podem fazer parte desta dieta: Purês, legumes em
pedaços; - Carnes desfiadas ou moída; - Massas bem cozidas;
- Pães e biscoitos.
⦁ FRACIONAMENTO DA DIETA
Cinco (5) refeições por dia (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e
lanche da noite).
Exemplo de cardápio qualitativo pastoso:
DIETA LEVE – LIQUIDA PASTOSA
⦁ Dieta de transição entre a líquida e a pastosa. Tem por finalidade
favorecer a digestão dos alimentos em situações com
comprometimento de fases mecânicas do processo digestório, numa
fase pós-operatória ou em situações que a função gastrointestinal
esteja debilitada.
⦁ CRITÉRIOSDEINCLUSÃO
É indicada para pacientes com preparo de determinados exames, no
pré e pós-operatório, dificuldade de deglutição e mastigação, e em
casos de intolerância a alimentos sólidos.
⦁ CARACTERÍSTICASDADIETA - Proporciona um mínimo trabalho
digestório, por provocar pouco estímulo químico e mecânico;
Normalmente utilizada em pré e pós-operatório; Alimentos que podem
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ser excluídos:
Especiarias e condimentos fortes; - Bebidas gaseificadas;
- Hortaliças e legumes crus.
⦁ FRACIONAMENTODADIETA
Cinco (5) refeições por dia (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e
lanche da noite).
DIETA LÍQUIDA
⦁ Tem por finalidade favorecer a hidratação e facilitar o trabalho digestório.
⦁ CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: Pacientes com cirurgia de cabeça e
pescoço, casos graves de infecção, pós-operatório, transtornos
intestinais, preparo de exame e pacientes incapazes de tolerar
alimentos sólidos ou com dificuldade de mastigação e deglutição.
⦁ CARACTERÍSTICAS DA DIETA: Proporciona um mínimo trabalho
digestório, por provocar pouco estímulo químico e
mecânico; Composta por alimentos na consistência líquida ou que
liquefazem na boca;
Alimentos, que podem ser incluídos na dieta: - Leite, iogurte, mingau e
vitaminas ralas;
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- Chás e café;
- Sucos de fruta;
- Sopas na consistência líquida; - Gelatina e sorvete.
⦁ FRACIONAMENTO DA DIETA
Seis (6) refeições por dia (desjejum, colação, almoço, lanche da tarde,
jantar e lanche da noite).
DIETA LÍQUIDA RESTRITA
Dieta restrita em nutrientes, geralmente empregada no pós-operatório,
preparo para exames ou para pacientes que necessitem de repouso
gastrointestinal. Tem como finalidade a hidratação do paciente.
⦁ CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
É indicada para pacientes que necessitem de repouso gastrointestinal.
⦁ CARACTERÍSTICAS DA DIETA: Dieta qualitativa e quantitativamente
inadequada para cobrir as necessidades nutricionais dos
micronutrientes;
Necessidade de suplementação e monitorização clínica do paciente,
em relação ao estado nutricional;
Dieta constituída apenas de: Água;
Chás claros sem adoçante; Gelatinas diet.
⦁ FRACIONAMENTO DA DIETA
Seis (6) refeições por dia (desjejum, colação, almoço, lanche da tarde,
jantar e lanche da noite).
TERAPIA NUTRIÇÃO ENTERAL (TNE):
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Pacientes impossibilitados de ingestão oral, seja por patologias do
trato gastrointestinal alto, por intubação oro-traqueal, por distúrbios
neurológicos com comprometimento do nível de consciência ou dos
movimentos mastigatórios. Indicado também nos casos em que o paciente
vem com ingestão oral baixa, por anorexia de diversas etiologias. A
administração de dieta por sonda nasoenteral não contraindica a alimentação
oral, se esta não implicar em riscos para o paciente.
Vias de acesso:
A . Sondas Naso-Enterais: Utilizamos as sondas de polietileno, nos
diâmetros de 8 a 12 French (“Dubbohoff”). A administração por sondas de
calibres maiores não é indicada, pelo risco de regurgitação e
microaspirações, além de complicações mecânicas outras. A posição da
sonda pode ser gástrica, duodenal ou jejunal. Não há contra-indicação de se
iniciar a administração da dieta se a sonda está em posição gástrica desde
que não haja contra-indicações para tal, e desde que sejam respeitados os
cuidados orientados durante a administração da mesma. A posição duodenal
pode ser desejável se houver gastroparesia, ou grande risco de
microaspiração. A posição jejunal está indicada na TNE em pacientes com
pancreatite, devendo ser usada uma fórmula elementar ou semi-elementar;
exige sonda específica e passagem endoscópica da mesma.
B. Estomias: Indica-se classicamente a realização de uma estomia para
alimentação enteral por questões mecânicas envolvendo o Trato
GastroIntestinal alto, ou se existe uma previsão de utilização desta via por
mais de 6 semanas. Em relação a esta última indicação, no nosso meio, por
questões culturais envolvendo equipe médica e também familiar, sua prática
é um tanto limitada.
Complicações Frequentes em TNE:
1. Diarréia em TNE: Este é um capítulo à parte, sobre o qual poderíamos
discorrer longamente. Considera-se Diarréia em paciente em TNE a
ocorrência de 4 ou mais evacuações líquidas ou semi-líquidas, em moderada
a grande quantidade, em 24 horas, e suas causas são bastante diversas.
Orienta-se não suspender imediatamente a TNE, mas tentar adequar a
administração (mais lenta, em bomba de infusão s/n), ou a fórmula em uso
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às condições clínicas do paciente, bem como identificar a causa da diarréia.
A contaminação da dieta é um evento raro dentro das condições em que é
preparada no hospital; culpar a “dieta” pela diarréia é uma forma um tanto
quanto simplista na avaliação do problema.
2. Na ocorrência de vômitos ou resíduo gástrico alto, orienta-se a suspensão
imediata da TNE se houver risco de broncoaspiração, ou diminuição
temporária do aporte calórico-proteico programado. Também orientamos a
prescrição de gastrocinéticos, a administração lenta e cuidadosa da fórmula,
em bomba de infusão se necessário. Caso o quadro se mantenha, avaliar
passagem pós-pilórica endoscópica da sonda enteral.
Atenção para a avaliação clínica diária é de extrema importância
CAPÍTULO 05: DIETOTERAPIA NAS DIVERSAS PATOLOGIAS
5.1. SÍNDROME METABÓLICA (DIABETES, HIPERTENSÃO E
OBESIDADE)
A síndrome metabólica é constituída por diversas anormalidades metabólicas
que são fatores de risco para doenças cardiovasculares (DCV). As alterações
do metabolismo dos ácidos graxos livres associada mais especificamente
com a obesidade abdominal fazem parte da patogênese da síndrome
metabólica. Este tópico tratará dos três fatores principais que podem compor
a síndrome metabólica.
⦁ DIABETES MELLITUS
O conhecimento da diabetes mellitus já data de vários séculos:
⦁ Ebers (1500 a.C.) - doença caracterizada pela passagem de
grande quantidade de urina;
⦁ Arataeus (século II) - denominou essa enfermidade de diabetes
(correr através de sifão);
“A carne do corpo e dos membros se derretia e se convertia em urina”.
⦁ Willi (1675) - doce e mel, estabelecendo-se o nome de diabetes
30
mellitus.
Conceito:
Doença provocada pela deficiência de produção e/ou de ação da insulina,
que leva a sintomas agudos e a complicações crônicas características. O
distúrbio envolve o metabolismo da glicose, das gorduras e das proteínas
e tem graves conseqüências tanto quando surge rapidamente como quando
se instala lentamente. Nos dias atuais se constitui em problema de saúde
pública pelo número de pessoas que apresentam a doença, principalmente
no Brasil.
⦁ Etiologia da diabetes mellitus
⦁ doença multifatorial;
⦁ elevação de glicose no sangue.⦁ Os novos conhecimentos relacionados à fisiopatologia da diabetes
mellitus
⦁ melhor compreensão de suas bases imunológicas;
⦁ suscetibilidades genéticas;
⦁ papel desenvolvido pelo ambiente e o estilo de vida.
⦁ Esta síndrome é classificada, hoje, de acordo com os fatores
etiológicos peculiares envolvidos no aparecimento de cada uma de
suas doenças:
⦁ Diabetes do tipo 1
⦁ Diabetes do tipo 2
⦁ Outros tipos específicos
⦁ Defeitos genéticos na função da célula β
⦁ Defeitos genéticos na ação da insulina
⦁ Doença do pâncreas exócrino
⦁ Endocrinopatias
⦁ Induzido quimicamente ou por drogas
⦁ Infecções
⦁ Formas incomuns de diabetes imunomediado
31
⦁ Outras síndromes associadas ao DM
⦁ Diabetes Gestacional
⦁ Diabetes Mellitus tipo I:
Ocasionado pela destruição da célula beta do pâncreas, em geral por
decorrência de doença auto-imune, levando a deficiência absoluta de
insulina.
⦁ Diabetes Mellitus tipo II:
Provocado predominantemente por um estado de resistência à ação da
insulina associado a uma relativa deficiência de sua secreção.
⦁ Outras formas de Diabetes Mellitus:
Quadro associado a desordens genéticas, infecções, doenças
pancreáticas, uso de medicamentos, drogas ou outras doenças endócrinas.
⦁ Diabetes Gestacional:
Circunstância na qual a doença é diagnosticada durante a gestação, em
paciente sem aumento prévio da glicose
32
⦁ Os sintomas do DM são decorrentes do aumento da glicemia e das
complicações crônicas que se desenvolvem a longo prazo.
⦁ Os sintomas do aumento da glicemia são:
sede excessiva
aumento do volume da urina,
aumento do número de micções
surgimento do hábito de urinar à noite
fadiga,
fraqueza
33
tonturas
visão borrada
aumento de apetite
perda de peso.
Sintomas visuais: visão turva, catarata, alterações retinianas,(retinopatia
diabética), cegueira
-Sintomas cardíacos: associados com tabagismo, sobrepeso, nem sempre
são detectados, só formas mais graves...
-Sintomas circulatórios: membros inferiores(pés, perna), "pé diabético“,
alterações fúngicas, bacterianas...amputação
-Sintomas digestivos: menor inervação do tubo digestivo, diarréia noturna
-Sintomas renais: quando ocorrem em geral já significam uma perda de
função renal significativa
Sintomas urinários: dificuldade para esvaziamento da bexiga(inervação),
ereção e impotência sexual, próstata.
-Sintomas neurológicos: neurites agudas(nervos da face, olhos e
extremidades)perda da sensibilidade.
-Sintomas dermatológicos : fúngicas da pele e unhas, hiperceratoses
-Sintomas ortopédicos, entre outros : “Junta de Charcot“ (degeneração das
articulações joelhos, tornozelos)
COMO SE FAZ O DIAGNÓSTICO DO DIABETES?
⦁ CLÁSSICOS: sede excessiva, aumento do volume e do número de
micções (incluindo o surgimento do hábito de acordar a noite para
urinar), fome excessiva e emagrecimento.
⦁ O diagnóstico laboratorial do Diabetes Mellitus é estabelecido pela
medida da glicemia no soro ou plasma, após um jejum de 8 a 12
horas.
FATORES DE RISCO PARA O DM.
⦁ Idade maior ou igual a 45 anos
⦁ -História Familiar de DM ( pais, filhos e irmãos)
⦁ -Sedentarismo
⦁ -HDL-c baixo ou triglicerídeos elevados
34
⦁ -Hipertensão arterial
⦁ -Doença coronariana
⦁ -DM gestacional prévio
⦁ -Filhos com peso maior do que 4 kg, abortos de repetição ou morte de
filhos nos primeiros dias de vida
⦁ -Uso de medicamentos que aumentam a glicose (cortisonas, diuréticos
tiazídicos e beta-bloqueadores)
TRATAMENTO
⦁ Plano alimentar: mudanças em seus hábitos alimentares, permitindo
um controle metabólico adequado. Além disso, o tratamento
nutricional deve contribuir para a normalização da glicemia, diminuir os
fatores de risco cardiovascular, fornecer as calorias suficientes para
manutenção de um peso saudável, prevenir as complicações agudas
e crônicas e promover a saúde geral do paciente.
⦁ Para atender esses objetivos a dieta deveria: evitar os alimentos ricos
em colesterol e/ou gorduras saturadas: porco, leite integral,
embutidos, frutos do mar, miúdos, frituras, pele de frango, gordura
visível das carnes, gema de ovo; utilizar óleos vegetais nas
preparações.
⦁ vitaminas A, E, C: minimizam os radicais livres diminui o risco de
doença cardiovascular;
⦁ fibras: colaboram com a perda de peso e levam o colesterol e sódio
para fora do organismo;
DIETA PARA DIABETES: A dieta é a base do tratamento desta patologia,
quer como medida exclusiva ou conciliado ao tratamento medicamentoso.
É uma dieta onde há a restrição de carboidratos simples e a introdução
de carboidratos complexos, auxiliando no controle glicêmico.
CRITÉRIOS DE INCLUSÃO:
É indicada para paciente com diabetes, tendo como objetivo corrigir as
anomalias metabólicas características do diabetes, manter o peso ideal e
35
prevenir complicações associadas ao diabetes.
CARACTERÍSTICAS DA DIETA: Hipocalórica, hipoglicídica,
normoprotéica e normolipídica; Controlar o nível de glicemia do paciente,
evitando crises de hipoglicemia ou hiperglicemia.
FRACIONAMENTO DA DIETA:
Seis (6) refeições por dia (desjejum, colação, almoço, lanche da tarde,
jantar e lanche da noite).
⦁ HIPERTENSÃO ARTERIAL ( HA):
⦁ a HA e suas complicações ganharam importância com o aumento da
freqüência das doenças cardiovasculares;
⦁ a partir da década de 50, tomaram impulso nos países
industrializados, os estudos epidemiológicos;
⦁ como entidade isolada encontra-se entre as mais freqüentes
morbidades do adulto em todo mundo industrializado e na maioria dos
países em fase de desenvolvimento.
⦁ Morbidade: elevada incidência em pessoas jovens, com acúmulo de
casos após os 30 anos, resultando em altas prevalências;
⦁ Mortalidade: substituída pelas suas complicações: doenças
cerebrovasculares, doenças isquêmicas do coração, cardiopatia
hipertensiva.
FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DA HA
ASPECTOS BIOLÓGICOS:
⦁ sexo e idade: até os 45 anos, no sexo masculino;
⦁ raça: negra;
⦁ hereditariedade: independente da etnia; obesidade: fator de risco
mais caracterizado
ESTILO DE VIDA
⦁ consumo excessivo de calorias e bebidas alcoólicas;
36
⦁ sedentarismo;
⦁ baixa ingestão de potássio e elevado consumo de sódio;
⦁ tabagismo;
⦁ anticoncepcionais, corticoesteróides.
ASPECTOS AMBIENTAIS
⦁ estratos sociais mais baixos;
⦁ baixa escolaridade;
⦁ estresses sociais-econômicos;
⦁ estresses do trabalho;
⦁ estressores físicos.
PROGRAMAS DE PREVENÇÃO
⦁ objetivo principal: reduzir a morbidade e a mortalidade pelas
complicações da doença;
⦁ preconizados ao nível nacional;
⦁ normas, estratégias e metas apresentados aos estados, juntamente
com o material audio-visual em 1989, após 3 anos de trabalho;
⦁ 6 capitais: divulgação para população em geral;
⦁ 4 programas educativos: prevenção e/ou controle de fatores de risco;
Ministério da Saúde não contribuiu, em nível nacional, para a divulgação dos
mesmos para a população até 1996.
DEFINIÇÃO:
“... conceituada como síndrome caracterizada pela presença de
níveis tensionais elevados, associados a alterações metabólicas
e hormonais e a fenômenos tróficos (hipertrofias cardíaca e
vascular)”.
III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1999
⦁ é a força que o sangue exerce contra as paredes dos vasos
sanguíneos do corpo durante o ciclo cardíaco;
⦁ a cada batida, o coração expele um pouco de sangue para aorta;
⦁ é determinada pela quantidade de sangue que é expelida X
37
resistência que o sangue encontra na circulação periférica;
⦁ quantidade de sangue a ser expelida:
⦁ freqüência do batimento cardíaco;
⦁ da força do batimentocardíaco;
⦁ volume de fluido no sistema circulatório;
⦁ pressão diastólica: que existe nas artérias entre as batidas do
coração;
⦁ pressão sistólica: causada pela batida do coração;
⦁ Aumentos na pressão arterial são normais e necessários: situações de
emergência;
⦁ pressão permanece elevada por períodos prolongados
HIPERTENSÃO
38
DIAGNÓSTICO E CLASSIFICAÇÃO
⦁ É estabelecido pelo encontro de níveis permanentemente elevados,
acima dos limites de normalidade;
⦁ A medida da pressão arterial é o elemento-chave para o diagnóstico;
39
TRATAMENTO NUTRICIONAL
⦁ objetivo: diminuir as morbi-mortalidades cardiovasculares;
⦁ modificações dos hábitos alimentares e do estilo de vida:
⦁ redução do peso corporal; redução na ingestão de sal/sódio;
⦁ aumento da ingestão de potássio;
⦁ redução do consumo de bebidas alcoólicas;
⦁ exercício físico regular;
⦁ abandono do tabagismo;
⦁ controle das dislipidemias e do DM;
⦁ suplementação de cálcio e magnésio;
⦁ medidas anti-estresse.
40
DIETA HIPÓSSODICA: As dietas hipossódicas são prescritas primariamente
para a prevenção ou controle de edemas e hipertensão ou hipernatremia.
⦁ CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: É indicada para pacientes renais, cardíacos,
que apresentam hipertensão, com ou sem edema.
⦁ CARACTERÍSTICAS DA DIETA: Dependendo da severidade da doença,
a restrição de sódio será determinada podendo variar entre restrição
leve de sódio até 1000 mg de sódio diário; Não são permitidos
alimentos enlatados, industrializados ou embutidos; A dieta é
preparada sem o acréscimo de sal (apenas com temperos naturais),
sendo encaminhado, no almoço e jantar, um sache de sal (1g) para
acréscimo.
⦁ FRACIONAMENTO DA DIETA:
Cinco (5) refeições por dia (desjejum, almoço, lanche da tarde, jantar e
lanche da noite).
⦁ OBESIDADE
Conceito:
Define-se como acúmulo excessivo de gordura de tal magnitude que possa
comprometer a saúde. grave problema de saúde pública; prevalência vem
crescendo acentuadamente nas últimas décadas, inclusive nos países em
desenvolvimento
Obesidade - excesso de peso acentuado (IMC >= 30,0Kg/m2), doença
crônica não transmissível, heterogênea e multifatorial caracterizada pelo
excesso de gordura corpórea (aumento da % de gordura).
****Representa grave risco à saúde, risco que aumenta progressivamente de
acordo com o ganho de peso.
⦁ Sobrepeso: ( IMC 25Kg/m2) proporção relativa de peso maior que
altura, sem ter ocorrido aumento substancial da composição do
41
compartimento de gordura.
⦁ Peso saudável: IMC = 18,5 a 24,99 Kg/m2 (OMS, 1998)
De acordo com Consenso Latino Americano de obesidade, cerca de 200 mil
pessoas morrem por anos devido à doenças associadas a obesidade.
⦁ Dislipidemia
⦁ Diabetes Mellitus tipo 2 (intolerância a glicose)
⦁ Síndrome de resistência à insulina
⦁ Doença coronariana
⦁ HAS
⦁ Câncer
⦁ SINDROME METABÓLICA
TRATAMENTO:
⦁ NUTRICIONAL
⦁ ATIVIDADE FÍSICA
⦁ PSICOLÓGICO
⦁ FARMACOLÓGICO
⦁ CIRÚRGICO
Tratamento dietético e comportamental:
⦁ Redução da ingestão alimentar.
⦁ Redução na ingestão de carboidratos simples e gorduras.
⦁ Ajustar transtornos alimentares.
⦁ Perda de peso gradativa.
⦁ Recomendações dietéticas no tratamento da obesidade
A dietoterapia deve ser individualizada, visando aos seguintes
objetivos principais:
⦁ Reduzir o peso corporal atual.
⦁ Manter a perda de peso a longo prazo.
⦁ Minimizar o ganho de peso no futuro.
⦁ Reeducar os hábitos alimentares.
42
⦁ Estimular a atividade física.
⦁ Controlar as co-morbidades associadas
Princípios da atenção nutricional ao paciente obeso inclui:
⦁ Avaliação do estado nutricional - diagnóstico nutricional e
necessidades nutricionais.
⦁ Plano de ação nutricional.
⦁ Implementação da dietoterapia - conteúdo de macro e
micronutrientes.
⦁ Educação nutricional.
⦁ Avaliação da eficiência da intervenção
TRATAMENTO CIRÚRGICO
Cirurgia bariátrica = grego
Baros = peso
Iatrein= tratamento
Objetivos :
⦁ Reduzir a capacidade gástrica e, portanto, implica na restrição da
ingestão de alimentos
Perda de peso decorrente da cirurgia bariátrica ocorre:
⦁ Restrição do volume alimentar consumido -técnica restritiva que reduz
o tamanho do estômago ocasionando a saciedade precoce;
⦁ Diminuição da absorção dos nutrientes (técnica disarbsortiva que
diminui a absorção dos nutrientes devido ao desvio do trânsito
intestinal);
⦁ Combinação da restrição gástrica com algum grau de disabsorção
(técnica mista).
Existem três formas básicas de tratamento cirúrgico:
⦁ -através das técnicas restritivas: São técnicas que limitam o volume
de alimento sólido que o paciente ingere nas refeições (come menos
sólidos e pastosos e consequentemente emagrece)
⦁ resultados- colaboração do paciente (alimentos líquidos podem ser
ingeridos quase no mesmo volume que eram antes da operação e se
43
forem muito calóricos irão atrapalhar ou até impedir a perda de peso).
⦁ mais simples, de menor risco, de mais fácil adaptação, e de fácil
recuperação.
⦁ IMPORTANTE é saber que a perda de peso é menor do que nas
outras técnicas.
⦁ a gastroplastia vertical restritiva de Mason ("grampear" o estômago de
maneira a criar um pequeno tubo que recebe o alimento dando ao
paciente a sensação de estar "cheio".
-Antecâmara gástrica esvazia-se lentamente e o paciente tem a
sensação de que está satisfeito
-Inconveniente : usar líquidos em vez de alimentos sólidos, poderá
toma-los em grande quantidade e ser forem hipercalóricos, a perda de
peso não será a esperada
⦁ a banda gástrica ajustável por laparoscopia (banda gástrica é uma
prótese de silicone que tem um balão insuflável, por dentro, parecido
com um manguito do aparelho de medir pressão arterial)
-colocada em volta da parte alta do estômago forma um anel que o
aperta
-balão é insuflado ou desinsuflado, aperta mais ou menos o
estômago -controle esvaziamento do alimento da parte alta para a
parte baixa do órgão.
⦁ perda de peso: 20 a 30% (cooperação do paciente).
⦁ técnicas disabsortivas: técnicas que permitem comer (atrapalham a
absorção dos nutrientes e com isto levam o obeso ao emagrecimento)
bem sucedidas quanto ao emagrecimento (40% do peso original, no
entanto tem necessidade de controle mais rígido quanto a distúrbios
nutricionais, de elementos minerais e vitaminas). Desviam uma boa
parte do caminho que os alimentos tem que passar = absorção menor
dos nutrientes.
⦁ -técnicas mistas: técnicas que associam um pouco de restrição a
ingestão alimentar com um pouco de disabsorção, ou seja um desvio
intestinal menor.
44
Como fazê-las:
-técnica mais utilizada chama-se by-pass gástrico com anel ou cirurgia de
Fobi-Capella (redução do estômago através de grampeamento).
-estômago é dividido em duas partes: uma menor (30ml) que será por onde o
alimento irá transitar e outra maior que ficará isolada.
-pequeno estômago é então ligado ao intestino para que o alimento possa
seguir seu curso natural.
-técnica além de limitar o volume do que entra também limita a velocidade de
esvaziamento do estômago pois é aplicada uma banda de contenção.
TRATAMENTO NUTRICIONAL
DIETA GASTROPLASTIA OU CIRURGIA BARIÁTRICA
Nesta dieta da primeira semana após a cirurgia bariátrica, também chamada
de dieta líquida restrita ou dieta da primeira fase, o paciente deve se
alimentar sempre utilizando copos de 50 ml, aqueles de cafezinho,
descartável.
Deve se servir com o copo quase cheio, dividindo em 6 goles iguais, sendo
01 gole a cada 3 minutos. Ou seja, vai tomar o copo inteiro em 18 a 20
minutos.
É importante observar que não deve haver intervalos entre os copos,
mantendo os 3 minutos entre os goles, mesmo de um copo para o outro.
Considera-se muitoimportante a utilização de um timer ou temporizador, de
celular ou de cozinha.
Relação dos alimentos Permitidos na primeira semana da cirurgia
bariátrica:
⦁ Água mineral ou água filtrada;
⦁ Chás claros (ex.: erva-cidreira, camomila, maçã, etc. – devem ser
evitados os chás mate e preto);
⦁ Água de coco verde (pode ser de caixinha);
⦁ Suco de laranja lima coado;
45
⦁ Caldos coados (água do cozimento)
Exemplos de Caldos que podem ser tomados na primeira fase após a
cirurgia de redução de estômago
⦁ Todos os caldos devem ser coados em coador de pano ou de nylon.
⦁ Nesta primeira semana deve ser evitado qualquer tipo de açúcar, dando
preferencia aos adoçantes
2ª fase – Dieta Líquida Completa: do 8º ao 14º dia
– utilizar adoçante, utilizar peneira fina para coar os líquidos 50ml/
20min.Alimentos a serem acrescentados: chás em geral; café fraco; leite
desnatado; sucos de frutas coados (laranja lima, melão, maçã, pêra, manga,
uva, etc) – exceto frutas ácidas (laranja, limão, abacaxi,maracujá); não é
permitida a utilização de sucos em pó;
leite/suco de soja puro ou com sabor de frutas desde que sem a adição de
açúcar;gelatina dietética (ou light), de qualquer sabor em consistência semi-
líquida; iogurte batido light,caldo de feijão (ervilha, lentilha – qualquer grão),
sem gordura, coado.
3ª fase – Dieta Líquida Completa: do 15º ao 21º dia
utilizar adoçante; utilizar peneira para coar; 50ml/ 20min. Alimentos a serem
acrescentados: a sopa, agora deve ser batida no liquidificador sendo coada e
permanecendo na consistência líquida (rala); o restante é mantido como nas
fases anteriores.
A evolução passa por quatro consistências: liquida, pastosa, branda e livre.
Essa evolução dos tipos e consistências de alimentos oferecidos ao paciente
depende do quadro clínico evolutivo do mesmo com o espaço geralmente de
uma semana para evoluir a dieta.
⦁ DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES
46
Coração:
⦁ Lado direito = recebe sangue das veias cavas superior e inferior –
artéria pulmonar – oxigenação – sangue venoso
⦁ Lado esquerdo = recebe sangue das veias pulmonares – ventrículo
bombeia para aorta – sistemas orgânicos – sangue arterial
Coronariopatia:
⦁ desproporção entre consumo e oferta de oxigênio na musculatura
cardíaca
⦁ déficit de irrigação miocárdica com comprometimento na oxigenação
tecidual cardíaca
⦁ dividida em aguda e crônica
ATEROESCLEROSE:
⦁ Caracterizada pela formação desordenada de depósitos de lipídios no
interior das artérias (vasos sanguíneos de grande calibre que
transportam o sangue com oxigênio e nutrientes) provocando a perda
da sua capacidade funcional normal seu desenvolvimento está
associado à lesão da parede interior das artérias em virtude de
fenômenos como a hipertensão, os tóxicos ambientais, as placas de
gordura desenvolvem-se quando o LDL-colesterol se acumula nos
47
locais onde as artérias estão lesionadas e as plaquetas se depositam
por cima, formando uma placa fibrosa.
⦁ A aterosclerose impede a circulação normal do sangue para as células
provocando isquemias (carência de oxigênio por diminuição da
irrigação sanguínea) está associada a fenômenos de angina (dor forte,
usualmente no peito, devido a isquemia do coração) e infartes (morte
celular por inexistência repentina de fornecimento de sangue).
Envelhecimento da lesão – inflamação e acúmulo de tecido fibroso
acompanhado de: hemorragias dentro da placa aterosclerótica,
calcificação, necrose celular e conseqüente obstrução da luz arterial
artérias de médio calibre: artérias coronárias, cerebrais, renais e
extremidades inferiores
CARDIOPATIA ISQUÊMICA ATEROSCLERÓTICA (CIA)
⦁ isquemia: redução ou abolição do suprimento sangüíneo para um
órgão ou região
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⦁ CIA: desequilíbrio entre oferta e demanda de oxigênio no miocárdio
(angina, infarto agudo do miocárdio) - resulta de uma obstrução parcial
ou total das artérias que suprem o coração
INSUFICIÊNCIA CARDÍACA CONGESTIVA - (ICC)
⦁ lesão isquêmica progressva do miocárdio
⦁ pode ou não ser fatal
⦁ silenciosa – arritmia
⦁ aumento do tamanho do coração e da freqüência dos batimentos
cardíacos
⦁ dispnéia (ortopnéia) e dor torácica
INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO - (IAM)
⦁ isquemia a curto prazo – súbito ou a longo prazo
⦁ resultado da aterosclerose
⦁ sintomas: fadiga, desconforto torácico ou mal-estar nos dias que o
antecedem
⦁ início é repentino e devastador, com intensa dor subesternal ou
constritiva em aperto, em queimação que muitas vezes irradia-se para
ombro esquerdo, mandíbula ou braço
⦁ muitas vezes é acompanhado de sudorese, náusea, vômitos e falta
de ar.
⦁ DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS CARDIOVASCULARES (DCV)
⦁ avaliação nutricional:
⦁ antropometria: peso, circunferências, IMC
⦁ alimentar: alimentação praticada
⦁ exames bioquímicos:
49
⦁ dosagem de triglicérides, colesterol, Glicemia
IMC e DCV
Relação Cintura-Quadril e DCV
50
FATORES DE RISCO:
⦁ consumo de gordura elevado, principalmente saturadas e colesterol
⦁ consumo elevado de açúcares
⦁ fatores de risco associados
⦁ colesterol total > 200mg/dl
⦁ lipoproteína colesterol de alta densidade (HDLc) < 40mg/dl
⦁ lipoproteína colesterol de baixa densidade (LDL-c) > 130mg/dl
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⦁ triglicerídeos > 10mg/dl
⦁ hiperglicemia:
⦁ glicemia em jejum – 126mg = indivíduos suspeitos
⦁ glicemia em qualquer período – 200mg
⦁ hipertensão arterial
⦁ - diabetes
⦁ - colesterol elevado
⦁ - tabagismo
⦁ - estilo de vida sedentário
⦁ - estresse
⦁ - obesidade
⦁ - sexo masculino
⦁ - histórico de doenças cardíacas na família
⦁ - idade avançada
TRATAMENTO: objetivo: diminuir as morbimortalidades cardiovasculares;
modificações dos hábitos alimentares e do estilo de vida:
⦁ redução do peso corporal
⦁ redução na ingestão de gorduras
⦁ redução na ingestão de sal/sódio
⦁ aumento da ingestão de potássio
⦁ redução do consumo de bebidas alcoólicas
⦁ exercício físico regular
⦁ abandono do tabagismo
⦁ controle das dislipidemias e do DM
⦁ suplementação de cálcio e magnésio
⦁ medidas anti-estresse
Realização de planos alimentares, resguardando aspectos sócio-econômicos
e culturais e criação de modelos que possibilitem a implementação dos
conhecimentos alimentares e nutricionais
52
Objetivos da dietoterapia:
- contribuir com a adesão
- trabalhar os aspectos nutricionais e do estilo de vida envolvidos com a
patologia
- proporcionar autonomia
- melhorar a qualidade de vida
- evitar as complicações da patologia
- controlar/manter peso corporal em níveis adequados
- reduzir a quantidade de sal na elaboração de alimentos (6g a 7g/dia – 1
colher chá) e retirar o saleiro da mesa
- utilizar restritamente as fontes industrializadas de sal: embutidos,
conservas, enlatados, defumados e salgados de pacote do tipo “snaks”
- limitar ou abolir o uso de bebidas alcoólicas
- dar preferência a temperos naturais como limão, ervas, alho, cebola, salsa
e cebolinha, ao invés dos similares industrializados
⦁ substituir doces e derivados do açúcar por carboidratos complexos,
frutas e adoçantes
⦁ incluir, pelo menos, 5 porções de frutas/verduras no plano alimentar
diário, com ênfase nos vegetais verdes ou amarelos e nas frutas
cítricas
⦁ optar por alimentos com reduzido teor de gordura e,
preferencialmente, do tipo mono ou poliinsaturada, presentes nas
fontes de origem vegetal, exceto dendê e coco
⦁ manter ingestão adequada de cálcio pelo uso de produtos lácteos, de
preferência, desnatados
⦁ identificar formas prazerosas de preparo dos alimentos: assados,
crus, grelhados
⦁ estabelecer plano alimentar capaz de atender às exigências de uma
alimentação saudável, do controle de peso corporal, dar preferênciaspessoais e do poder aquisitivo do indivíduo/família.
⦁ DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS DO TRATO DIGESTÓRIO
53
DIGESTÃO QUÍMICA
54
QUILIFICAÇÃO – FINAL DA DIGESTÃO QUÍMICA
⦁ Ocorre no duodeno.
⦁ pH = 8,0 (básico ou alcalino).
⦁ Bile: sais biliares.
⦁ Suco pancreático: íon bicarbonato, amilase, lipase, nucleases,
tripsinogênio (tripsina) e quimiotripsinogênio (quimiotripsina).
⦁ Suco entérico: amilase, maltase, sacarase, lactase, lipase e
proteases.
ESÔFAGO: Canal que liga a faringe ao estômago, localiza-se entre os
pulmões, atrás do coração, e atravessa o músculo diafragma.
Condutor do bolo alimentar no estômago.
Epitélio: estrutura que promove a movimentação do bolo alimentar até o
estômago, através de ondas rítmicas (ondas peristálticas) de contração e
relaxamento, e pelo estímulo a abertura do esfíncter esofageano inferior
(EEI) na porção distal em conexão com o estômago
55
PATOLOGIAS ASSOCIADAS: Doença do refluxo gastroesofágico, esofagite,
hérnia hiatal,esôfago de barret, acalasia e magaesofago
DOENÇA DO REFLUXO GASTROESOFÁGICO (DRGE): Fisiopatologia:
perda funcional do esfíncter esofagiano inferior permitindo o retorno de bolo
alimentar ácido do estômago. O esfíncter deve permanecer fechado após a
presença de alimento no estômago, até ser completado o esvaziamento
gástrico. Enfraquecimento da válvula (cardia) Sintomas: azia, dor, náuseas,
desconforto torácico, saciedade, dor para deglutição (disfagia), rouquidão,
tosse, inflamação de vias aéreas (faringite, sinusite)
CAUSAS: Hérnia hiatal,Estresse e fadiga,Padrão incorreto de consumo
alimentar Obesidade,Tabagismo e alcoolismo, Café
DIAGNÓSTICO: sintomatologia+endoscopia digestiva alta
56
HERNIA HIATAL: Representa uma anomalia em que parte do estômago
extravasa pelo diafragma, formando uma bolsa na parte superior do
diafragma (região torácica) A presença desta hérnia afeta a perda funcional
do EEI.
ESÔFAGO DE BARRET: Diagnóstico de doença do esôfago, caracterizado
por alteração das células epiteliais do esôfago.Resultante da agressão
crônica do epitélio escamoso devido o refluxo gastroesofágico, ácido ou
biliopancreático, com sintomático ou não, causa a injúriapor um processo
inflamatório crônico. É um dos principais fatores de risco para o câncer
57
esofágico.
MEGAESÔFAGO E ACALASIA: Diagnóstico de doença do esôfago:
caracterizado por alteração das células epiteliais pela destruição ou ausência
de plexos nervosos intramurais. Causa o comprometimento da motilidade,
déficit de condição nutricional e pulmonar. Comum na fase avançada da
doença chagásica.
Acalasia: estreitamento da porção final da parede do esôfago por
desnervação do epitélio, não completando a entrada do alimento no
estômago.
Megaesôfago: consequência da acalasia representando a dilatação,
representa uma fase avançada com destruição de 90% das fibras nervosas.
Sintomatologia: tosse noturna, penetração dos alimentos em vias
respiratórias, retorno alimentar a boca.
Tratamento: medicamentoso ou cirúrgico
Tratamento nutricional: Pacientes com obesidade: adequação calórica e
perda de peso, casos de obesidade e consumo alimentar excessivo
⦁ Adequação do padrão de mastigação
⦁ Ingestão de pequenos volumes de alimentos Fracionamento de
refeições:pelo menos 6ref/dia Controlar o consumo de café
⦁ Lesões com sinal de sangramento: dieta branda ou pastosa, suspensa
fibras, grãos íntegros
⦁ Suspender o consumo: refrigerantes, doces, alimentos gordurosos,
alimentos processados, temperos artificiais, molhos (inglês, pimenta,
shoyo) – dificultam processo digestivo e podem ter relação com a
irritação da mucosa esofágica
Acalasia + megaesôfago: quando associados a outras doenças
58
(Chagas), podem estar envolver o estado de risco nutricional, sendo
recomendado a avaliação para uso de suplementos nutricionais para
completar o teor calórico, proteico e de microelementos
⦁ Não deitar após consumo de alimentos (organização de horários junto
à rotina de pacientes)
⦁ Suspender consumo de bebidas alcóolicas em especial até completar
o tratamento
⦁ Estratégias de preparo de refeições com pouca gordura
⦁ Manter cabeceira elevada de 45 º em repouso
⦁ Não usar roupas apertadas.
ESTÔMAGO:
A mucosa do estômago e do duodeno normalmente é protegida da
ação proteolítica do ácido gástrico e da pepsina através de uma camada de
muco secretado por glândulas nas paredes epiteliais desde o terço distal do
esôfago até a primeira porção do duodeno. A camada da mucosa também é
protegida da invasão bacteriana através da ação digestiva da pepsina, ácido
clorídrico e das secreções mucoides. O muco contém bicarbonatos
neutralizadores de ácidos, além de bicarbonato proveniente do suco
pancreático secretado para dentro da luz intestinal
59
GASTRITE:
Refere-se a um estado inflamatório do tecido gástrico, resultante da erosão
da camada mucosa e exposição das células subjacentes às secreções
gástricas e às bactérias.
CAUSA COMUM: Helycobacter pylori . Rompe a mucosa gástrica e libera
citocinas resulta em respostas gerais e específicas inflamatórias e
imunológicas.Uso abusivo de bebidas alcóolicas
GASTRITE AGUDA: rápido início da inflamação e dos sintomas
GASTRITE CRÔNICA: poderá ocorrer durante um período de meses a
décadas , com redução ou exacerbação dos sintomas
ULCERA GÁSTRICA:
60
DEFINIÇÃO: úlcera decorrente da desestruturação na defesa normal e
mecanismos de reparo. Diferente da gastrite sua lesão ocorre através da
camada muscular da mucosa para dentro da submucosa ou muscular
própria. Demonstram evidências de inflamação crônica e processo de
cicatrização ao redor da lesão.
CAUSAS: infecções por H. pylori, uso de aspirina e outros e as úlceras de
estresse, álcool, derivados do fumo, uso elevado de corticóides
SINTOMAS: dor abdominal, desconforto, anorexia, perda de peso, náuseas
e vômitos, epigastralgia, hemorragia e perfuração, melena 9presença de
evacuações com fezes enegrecidas tipo carvão
DIAGNÓSTICO: Baseado na sintomatologia + exames bioquímicos +
endoscopia digestiva
TRATAMENTO: Terapia medicamentosa: proteção da mucosa gástricas.
Casos avançados úlceras: cirurgias
TERAPIA NUTRICIONAL: Controlar o estímulo da acidez gástrica, Melhorar
a motilidade, Prevenir complicações.
⦁ Suspender o consumo de bebidas alcóolicas (provoca redução na
produção de muco) e refrigerantes
⦁ Evitar o consumo de café em excesso e bebidas descafeinadas
(cafeína estimula a produção de suco gástrico)
⦁ Suspender o uso de condimentos picantes, ácidos, industrializados
⦁ Dieta com teor reduzido de gordura
u Processo completo e lento de mastigação
⦁ Fracionamento de refeições em menores volumes u Não deitar após
as refeições
61
⦁ Evitar fibras cruas
⦁ Avaliar suplementação de microelementos: zinco (agente no processo
de cicatrização)
62
DOENÇAS INTESTINAIS:
⦁ Padrão de funcionamento intestinal é individualizado, de forma 1 a 2
evacuações /dia é considerado normal
⦁ Caracterizar as alterações: é parte da avaliação nutricional e requer a
investigação detalhada do perfil de ocorrência das alterações (início,
duração, modificação de alimentação)
⦁ O cólon tem participação ativa na manutenção no padrão de
evacuação
⦁ O cólon tem 3 funções importantes: reabsorção de água, manutenção
de grande população de bactéria intraluminal e controle da eliminação
de fezes. A perda da capacidade de reabsorver água, ou a chegada
63
de grande quantidade e hiperosmótica, o desequilíbrio na composição
e na quantidade das bactérias intestinais e o distúrbio muscular ou
nervoso, no controle da eliminação de fezes, provocam alterações do
hábito intestinal.
⦁ Alteração de funcionamento intestinal caracterizada pelaredução na
frequência das evacuações associada à eliminação de fezes
endurecidas e ressecadas.
⦁ A etiologia da CI pode ser:
⦁ de origem orgânica : secundária à doenças como neoplasias
obstrutivas, hipotireoidismo, diabetes, doenças neurodegenerativas,
estruturais (hemorróidas, fístulas, DII)
⦁ de origem funcional: relacionada a fatores como maus hábitos
alimentares, sedentarismo, stress, alcoolismo e inibição do reflexo de
evacuação
⦁ Pode ser consequência de disfunções motoras primárias produzidas
por miopatia ou neuropatia colônica (alterações de estímulo da
motilidade, por disfunção de terminações nervosas).
⦁ A CI também pode ser secundária a um transtorno de evacuação:
associado a uma contração paradoxal ou espasmo involuntário do
esfíncter anal, que pode resultar de um transtorno adquirido do
comportamento defecatório que ocorre em dois terços dos pacientes.
64
AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO:
Constipação: definida pela presença de ao menos 2 desses critérios,
referidos em pelo menos 25% dos episódios de evacuações nos últimos 3
meses.
65
De acordo com esses critérios: não são considerados constipados aqueles
que referem perda de fezes aguadas ou pastosas em pelo menos 25% das
evacuações nos últimos 3 meses.
TRATAMENTO NUTRICIONAL:
⦁ Modificação/adequação da alimentação: pode consistir em
acrescentar fibras para alcançar uma dieta completa em fibras
(25 g de fibras) – atenção à investigação detalhada do padrão de
consumo alimentar
⦁ Líquidos: ingestão de1.5–2.0 L/dia pode melhorar a frequência
das fezes e diminuir a necessidade de laxantes.
⦁ Nos pacientes com dilatação colônica deve-se evitar a
66
suplementação com fibras.
⦁ Os suplementos com psílio e lactulose podem ser úteis para o
tratamento da constipação crônica
⦁ Frutas laxativas: mamão, melão, abacaxi, manga, frutas com
casca, pêra, abacate, laranja (com bagaço)
⦁ Vegetais folhosos
⦁ Legumes: crus com casca, pimentão, quiabo, abóbora moranga,
mandioca, mandioca salsa, berinjela
⦁ Grãos integrais de cereais e leguminosas
⦁ Atenção: equilíbrio com o consumo de água, 2L/dia
⦁ Fibras solúveis: devem estar incorporadas à dieta como
regulação do equilíbrio da ação das fibras
DIARRÉIA:
Diarréia aguda: alteração do funcionamento intestinal com passagem de
uma quantidade maior do que o normal de fezes amolecidas, além do
aumento do número de evacuações, que durem menos de 14 dias
Pode ser interpretada como um aumento na quantidade de água e
eletrólitos nas fezes, levando à produção frequente de fezes
malformadas.
O comprometimento no equilíbrio entre reabsorção e secreção pela
mucosa intestinal que leva à liquidificação das fezes.
TIPOS DE DIARREIA:
67
68
DIARRÉIA INFECCIOSA:
Envolvidos os microrganismos não invasivos, que são especialmente
ativos no intestino, causando diarréia aquosa. Esses microrganismos
levam à diarreia através de interações variadas com a mucosa intestinal,
seja pela secreção de toxinas que desequilibram o controle funcional da
mucosa (E. coli enterotóxico) e o Vibrio cholerae), ou seja pela
agressão/destruição direta da estrutura da mucosa intestinal (Shigella).
DIARRÉIA NÃO-INFECCIOSA:
⦁ ALERGIA ALIMENTAR
⦁ DIARRÉIA CRÔNICA: DII, HIV
SINDROME DO INTESTINO IRRITAVEL
69
⦁ Síndrome do Intestino Irritável (SII): associação de sintomas, que
consistem mais freqüentemente de dor abdominal, estufamento,
constipação ("intestino preso") e diarréia. Pode ocorrer a
alternância de diarréia com constipação. Pode haver muco
presente junto às fezes.
⦁ Não se trata de um defeito anatômico ou estrutural. Não é uma
desordem física ou química identificável. Não é reconhecida como
doença orgânica detectável.
⦁ Representa a associação entre um distúrbio da motilidade
intestinal (as contrações musculares rítmicas) e trânsito de massa
fecal, e uma percepção anormal de estímulos no intestino.
⦁ A terapia nutricional deve organizar a oferta de alimentos
conforme a necessidade de adequação do padrão habitual de
consumo de alimentos
⦁ Oferta equilibrada de fibras de acordo com os sintomas
⦁ Atenção: a SII apresenta sintoma importante de estufamento, dor
e formação de gases, assim deve ser controlada a oferta de
alimentos causadores de flatulência (alho, cebola, alho porro,
salsão, couve flor, brócolis, leguminosas)
DIVERTICULOSE X DIVERTICULITE
⦁ A diverticulose do intestino grosso refere-se à presença de
divertículos no cólon
⦁ A diverticulite: é a presença de inflamação e de infecção associadas
70
aos divertículos, mais frequentemente os localizados no cólon
sigmóide.
⦁ A infecção ocorre devido a paralisação de fezes no divertículo
⦁ A doença diverticular: corresponde ao conjunto de manifestações
associáveis à diverticulose, desde dor abdominal inespecífica até a
diverticulite complicada
PERFIL DA DOENÇA:
⦁ A maioria dos pacientes com divertículos é assintomática, o que
dificulta a estimativa de sua prevalência.
⦁ A prevalência da diverticulose colônica aumenta com a idade. Parece
inferior a 10% para a população com menos de 40 anos, atinge um
terço da população acima dos 45 anos e está estimada entre 50% e
66% para os indivíduos com mais de 80 anos, podendo atingir até
80% dessa população idosa. Não existe evidente correlação com o
sexo
⦁ Estima-se que entre 10% e 25% dos indivíduos com diverticulose
evoluirão com diverticulite
DIAGNÓSTICO:
⦁ A avaliação inicial do paciente com suspeita de diverticulite deve
ser a mesma de todo paciente com dor abdominal aguda e inclui
anamnese dirigida, exame físico geral, abdominal e toque digital
do reto
⦁ Ainda que cerca de 85% dos episódios de diverticulite ocorram
em cólon E, mais precisamente em cólon sigmóide, divertículos e
diverticulite podem ocorrer em todo o cólon.
⦁ A diverticulite do cólon direito ocorre mais frequentemente em
71
orientais asiáticos e usualmente segue curso mais benigno.
⦁ A dor no quadrante inferior esquerdo ocorre entre 93% e 100%
dos pacientes com diverticulite aguda e está mais comumente
presente por vários dias antes do diagnóstico, o que permite
diferenciá-la de outras causas de abdome agudo inflamatório.
TRATAMENTO:
⦁ O tratamento da diverticulite aguda nãocomplicada é inicialmente
clínico, por meio de jejum (associado ou não ao emprego de
descompressão nasogástrica) ou de dieta líquida sem resíduos,
associadamente ao emprego de antibióticos de largo espectro
⦁ Pacientes com sintomas leves de dor abdominal, sem sinais
sistêmicos (febre e queda do estado geral), com trânsito normal,
e capazes de assumir dieta oral e com cognição razoável para
entender as explicações sobre as indicações de sofrer
reavaliação, podem ser tratados sem hospitalização.
⦁ Após a melhora de sintomas agudos, retomar perfil de
alimentação a favor da regularidade intestinal, prevenindo novo
processo de constipação intestinal, retenção de fezes e
inflamação de divertículo.
SINDROME DO INTESTINO CURTO
⦁ Representa um estado malabsortivo que ocorre após grandes
ressecções do intestino delgado
⦁ A quantidade ressecada ou o intestino remanescente geralmente
determinam o grau de má -absorção e, consequentemente, a
necessidade de nutrição enteral(NE) específica ou nutrição
parenteral (NP).
72
⦁ Falência intestinal (FI) no contexto da SIC pode ser uma condição
de dependência de NP para manter a necessidade hídrica e
energética para manutenção do estado nutricional
Estado clínico de má-absorção intestinal secundário a perda/redução
de superfície mucosa funcionante, em conseqüência:
⦁ ressecção cirúrgica (Doença de Cronh)
⦁ derivações de trânsito intestinal, como no caso de fístulas ou
cirurgia bariátrica
⦁ perdadas células mucosas (enterócitos) devido a infecção,
isquemia, quimio e/ou radioterapia
⦁ A falência intestinal se estabelece consequente às deficiências
73
absortivas dos macronutrientes (carboidratos, lipídeos e
proteínas) e dos micronutrientes (água, eletrólitos, vitaminas e
minerais), cujas necessidades diárias não poderão ser atingidas
pela alimentação oral ou pela nutrição enteral.
⦁ Esse estado clínico torna inevitável a dependência da terapia
nutricional parenteral (TNP) para a manutenção do equilíbrio
nutricional, da composição e da função corporal, e da saúde
⦁ As principais causas genéricas da insuficiência e/ou falência
⦁ intestinal podem ser classificadas como:
⦁ a) obstrutivas, sem estenose; cujo tratamento é clínico - pseudo-
obstrução intestinal; com estenose (s) de tratamento cirúrgico –
tumor, enterite actínica;
⦁ b) má-absorção – fístulas: cirúrgica – pós-operatórias específicas;
intestino curto: causas alternativas – isquemia, doença de Crohn;
outras: clínica – atrofia de vilosidades, síndrome de
imunodeficiência adquirida (HIV).
⦁ A intensidade da má-absorção, na presença de intestino curto,
inflamado ou hipo ou aperistáltico, determinará a impossibilidade
da manutenção da massa corporal celular, o que caracterizará a
falência intestinal propriamente dita.
⦁ Essa última, por sua vez, piora a desnutrição devido à inabilidade
da provisão suficiente de calorias capazes de preencher as
necessidades energéticas do indivíduo.
⦁ Então: o prognóstico dos pacientes com SIC depende:
⦁ QUANTIDADE DA INGESTÃO ALIMENTAR
74
⦁ CAPACIDADE FUNCIONAL
⦁ ADAPTAÇÃO DO INTESTINO REMANESCENTE e, logo, do grau
de má-absorção
TERAPIA NUTRICIONAL:
⦁ Indicada o suporte nutricional por VO ou NE, servindo como
estimulação para reabilitação da função intestinal, desde que as
evacuações (perda fecal) esteja controlada
⦁ A NP é iniciada em seguida ao pós operatório e mantida desde
que seja definido o início de terapia nutricional enteral
⦁ NE: iniciado a terapia com fórmulas oligoméricas
(semielementares) em volume contínuo mínimo (20 a 25 mL/h)
⦁ Fazer a evolução gradativa de volumes de infusão e
posteriormente fazer a transição para fórmulas poliméricas,
associada ou não à dieta oral
⦁ Dieta oral: líquida, cremosa, leve, branda e geral – reduzida
sempre em lipídios
⦁ Atenção para oferta de lactose e sacarose, e sintomas de
intolerância
⦁ No pós-operatório de ressecções extensas (diagnóstico de SIC) o
paciente permanece em jejum.
⦁ Uma vez estabilizadas as condições circulatórias e
hemodinâmicas, a terapia nutricional é iniciada evoluindo em
quatro fases.
⦁ Na primeira fase, os pacientes são internados por períodos
variados e a NPT é introduzida, com o objetivo de fornecer
75
nutrientes que alcancem as necessidades nutricionais de
pacientes com impossibilidade de utilização parcial ou total da via
enteral.
⦁ Nesta fase a preocupação consiste na reposição hidroeletrolítica.
Os triglicérides de cadeia curta, por serem fonte energética
colonócito-específica, podem ser úteis
⦁ NPT: mantida pelo tempo que for necessário até que o paciente
evolua para uma fase de adaptação.
⦁ A reposição de vitaminas também se faz necessária, vitamina
B12 e o ácido fólico fornecidos semanalmente por via parenteral e
a vitamina K de acordo com o controle do tempo de protrombina.
⦁ A suplementação de vitamina D é importante na prevenção da
hipocalcemia e alterações ósseas em portadores de SIC,
particularmente nos mantidos em nutrição venosa.
⦁ As dosagens séricas de fósforo e 13 magnésio orientam o
fornecimento destes elementos
OSTOMIAS:
⦁ Reconstrução de novo mecanismo de evacuação, realizado por
intervenção cirúrgica
⦁ Não é verificado o controle voluntário, sendo necessário a utilização
de bolsas aderidas ao ostoma
⦁ Pode ser um recurso temporário ou permanente
76
77
⦁ DIETOTERAPIA NAS DOENÇAS RELACIONADAS AS
GLÂNDULAS ANEXAS
Dentre as glândulas anexas, neste tópico será destacado as
principais patologias relacionadas ao fígado e ao pâncreas.
DOENÇAS RELACIONADAS AO FÍGADO:
As principais doenças hepáticas crônicas (DHC) são: hepatite viral,
alcoólica ou autoimune, doença hepática gordurosa não- alcoólica (DHGNA),
cirrose hepática e carcinoma hepatocelular. A cirrose, doença difusa do
fígado, é considerada estágio próprio da evolução de diversas doenças
hepáticas crônicas e pode evoluir para insuficiência hepática e carcinoma
hepatocelular. A cirrose resulta da inter-relação entre diversos fatores
etiológicos, como necrose, regeneração celular e brose.
A DHGNA é um termo genérico, para denominar anormalidades hepáticas
relacionadas com a infiltração de lipídios no citoplasma dos hepatócitos de
pacientes com consumo inferior a 20 g de etanol por dia. Nesta categoria
estão incluídas desde esteatose hepática benigna, até esteatohepatite não-
alcoólica ou NASH (Nonalcoholic Steatohepatitis) com necrose e
regeneração nodular. Se não houver tratamento adequado, com mudança no
estilo de vida e implementação de alimentação saudável, a NASH pode
evoluir para cirrose e insuficiência hepática.
A insuficiência hepática crônica (IHC) é definida como falência global
do fígado, relacionada a agressão contínua ao parênquima hepático,
ocasionada por vários agentes etiológicos, como uso de etanol, infecção
viral, acúmulo de gordura citoplasmática ou doença autoimune. Ocorre
quando a redução da capacidade funcional do fígado ultrapassa 80% e,
nessa condição de falência hepática, observa-se alta taxa de mortalidade. Na
insuficiência hepática, o transplante de fígado está indicado para a maioria
dos acometidos, com possibilidade de boa evolução em 94% dos pacientes.
A insuficiência hepática está associada diretamente com maior risco
78
para desenvolvimento de encefalopatia hepática, que pode ser definida como
síndrome neuropsiquiátrica, potencialmente reversível, caracterizada por
alterações na personalidade, no comportamento, na redução da cognição, da
função motora e no nível de consciência. O curso da encefalopatia hepática
piora o prognóstico e a taxa de mortalidade, que se encontra em torno de
60% após um ano do início desta complicação.
Pacientes com DHC geralmente apresentam ingestão dietética
inadequada, alterações dos indicadores antropométricos, bioquímicos e
clínicos, evidenciando comprometimento nutricional importante. Pacientes
com hepatopatia descompensada possuem retenção hídrica, com a
presença de ascite e edema periférico, associada à hipoalbuminemia e à
desnutrição.
A desnutrição está presente em 20% dos pacientes com doença
hepática compensada e acima de 80% em pacientes com cirrose des-
compensada. Os distúrbios nutricionais são mais prevalentes em pacientes
hospitalizados por doença hepática de origem alcoólica em relação a não-
alcoólica. Nos pacientes em lista de transplante hepático, pode-se observar,
em 100% dos casos, algum grau de desnutrição
Hepatopatas têm seu estado nutricional comprometido ao longo da evolução
clínica. A desnutrição interfere negativamente na evolução clínica do
hepatopata e está associada ao aumento da morbidade e da mortalidade,
com maior suscetibilidade para complicações infecciosas.
DIAGNÓSTICO: O diagnóstico nutricional acurado dos pacientes com DHC
representa grande desafio, devido à retenção hídrica frequentemente
encontrada, além dos efeitos da função hepática comprometida sobre a
síntese de proteínas plasmáticas.
Ainda não existe método de avaliação nutricional considerado padrão-ouro
para pacientes com DHC
TERAPIA NUTRICIONAL: A via de escolha para suplementação nutricional
deve ser sempre a oral. A indicação para TN enteral (NE) ou nutrição
79
parenteral (NP) deveconsiderar a condição clínica individual, os riscos e os
benefícios de cada método. Quando não for possível suprir as necessidades
nutricionais por essa via, indica-se o uso da NE, se o sistema digestório
estiver funcionando plenamente. Geralmente indica-se TN quando a ingestão
via oral for inferior a 60% e nos casos de desnutrição importante.
DIETA APOPROTEÍCA:
Dieta restrita em proteínas de origem animal e vegetal, a fim de diminuir o
trabalho hepático, dependendo do grau de evolução da doença.
⦁ CRITÉRIOS DE INCLUSÃO: A dieta aprotéica é indicada para pacientes
com problemas hepáticos em grau avançado da doença.
⦁ CARACTERÍSTICAS DA DIETA: Dieta normocalórica, hiperglicídica,
normolipídica e isenta de proteínas;
- Restringir a quantidade de proteína de alto ou baixo valor biológico
nas refeições.
⦁ FRACIONAMENTO DA DIETA: Cinco (5) refeições por dia (desjejum,
almoço, lanche da tarde, jantar e lanche da noite).
DOENÇAS PANCREÁTICAS: PACREATITE
Pancreatite é a inflamação no pâncreas. O pâncreas é uma glândula
localizada atrás do estômago no abdome superior. Entre as suas funções
está fazer a digestão das gorduras e carboidratos que ingerimos usando o
suco pancreático, substância que contém enzimas digestivas. Além disso, o
pâncreas é responsável por produzir os hormônios insulina e glucagon. A
insulina é responsável por reduzir as taxas de açúcar no sangue, ao passo
que o glucagon tem o efeito contrário, aumentando essas concentrações.
A pancreatite pode ocorrer de forma aguda ou crônica. Os casos leves de
pancreatite podem desaparecer sem tratamento, mas casos graves podem
causar complicações com risco de vida.
início da pancreatite aguda é frequentemente muito repentina. A
inflamação geralmente desaparece dentro de poucos dias, uma vez que o
tratamento começa. De acordo como DATASUS, no Brasil são registrados
80
cerca de 5,9 casos a cada 100 mil habitantes todos os anos.
Os cálculos biliares são a causa mais comum da pancreatite aguda.
O cálculo biliar é uma massa pequena e sólida que forma a partir de bile na
vesícula. O pâncreas e a vesícula biliar se ligam pelo ducto biliar, através do
qual a bile e outras enzimas digestivas passam durante a digestão. Os
cálculos podem criar inflamação do ducto biliar e no pâncreas. O alcoolismo
também pode também contribuir para a pancreatite aguda.
pancreatite crônica é uma inflamação que se repete. Os pacientes com
pancreatite crônica podem sofrer danos permanentes ao pâncreas. Sua
incidência é estimada entre cinco e 10 casos para cada 100mil indivíduos por
ano.
O tecido cicatricial se desenvolve a partir de inflamação de longa duração e
pode fazer o pâncreas parar de produzir a quantidade normal de enzimas
digestivas. Como resultado, é provável que você tenha problemas para
digerir gorduras
O abuso de álcool é a causa mais comum de pancreatite crônica em adultos.
Doenças autoimunes e doenças genéticas, tais como a fibrose cística,
também podem causar a pancreatite crônica em alguns pacientes.
CAUSAS: Durante a digestão normal, as enzimas pancreáticas inativadas se
movem através de dutos em seu pâncreas e viajam para o intestino delgado,
onde as enzimas são ativadas e ajudam na digestão. Na pancreatite, as
enzimas são ativadas quando ainda no pâncreas. Isto faz com que as
enzimas para irritar as células do pâncreas, causando inflamação e os sinais
e sintomas associados com a pancreatite.
SINTOMAS:
Sintomas de pancreatite aguda incluem:
⦁ Dor abdominal superior
81
⦁ Dor abdominal que se irradia para as costas
⦁ Dor abdominal que se sente pior depois de comer
⦁ Náusea
⦁ Vômitos.
Sintomas de pancreatite crônica incluem:
⦁ Dor abdominal superior
⦁ Perder peso sem esforço
⦁ Fezes gordurosas e fedorentas (esteatorreia).
Outros sintomas de pancreatite incluem:
⦁ Febre
⦁ Ritmo cardíaco acelerado
⦁ Suor
⦁ Pele ou a parte branca dos olhos com cor amarelada (icterícia)
⦁ Choque.
Outras condições que têm sintomas semelhantes: obstrução
intestinal, apendicite, colecistite, úlcera péptica, e diverticulite.
TRATAMENTO: O tratamento para a pancreatite geralmente requer
hospitalização. Uma vez que sua condição está estabilizada e a inflamação
no pâncreas é controlada, os médicos podem tratar a causa subjacente de
sua pancreatite.
Medidas iniciais para controlar a inflamação no pâncreas são:
82
⦁ Jejum
⦁ Uma vez que a inflamação no pâncreas é controlada, você pode
começar a beber líquidos claros e comer comidas com pouca gordura
e proteína. Com o tempo, você pode voltar a sua dieta normal
⦁ Se a pancreatite persistir e você ainda sentir dor ao comer, o médico
pode recomendar alguns medicamentos no sentido de controlar a dor
e/ou repor as enzimas pancreáticas
⦁ Terapia intravenosa. Como seu corpo dedica energia e fluidos para
reparar seu pâncreas, você pode ficar desidratado. Por esta razão,
você vai receber líquidos através de uma veia em seu braço durante a
permanência no hospital.
Quanto tempo você ficar no hospital dependerá de sua situação. Algumas
pessoas se recuperam rapidamente, enquanto outras desenvolvem
complicações que exigem uma internação mais longa. Com acessos
repetidos de pancreatite aguda, o dano ao pâncreas pode ocorrer e levar a
pancreatite crônica. O tecido cicatricial pode se formar no pâncreas,
causando a perda da função. Um pâncreas que não funcionam bem pode
causar problemas de digestão e diabetes.
ORIENTAÇÕES NUTRICIONAIS: PANCREATITE CRÔNICA
O paciente com pancreatite crônica em atendimento ambulatorial merece
maiores cuidados quanto à esteatorréia, hiperglicemia, desnutrição protéico-
calórica, má digestão e a diarréia secundária.
Preferir
- refeições fracionadas e pequeno volume (cinco a seis por dia);
- preparações mais secas para evitar náuseas e vômitos;
- chupar gelo;
- mastigar bem os alimentos;
- óleos com TCM: óleo de coco e milho ou TCM;
- mínimo de 2-3% de ácidos graxos essenciais do VET = aproximadamente 4
a 7 g de ácido linoléico;
83
- alimentos bem cozidos, em consistência branda a líquida para reduzir o
trabalho digestivo;
- carboidratos complexos e integrais: inhame, aipim, batata-baroa,
arroz/pão/biscoito/macarrão integrais;
- alimentos ricos em vit B12: fígado, leite, ovos, peixe, carne bovina e queijo;
- preparações cozidas, grelhadas e assadas;
- leite desnatado e queijos magros (ricota, cottage e minas frescal);
- hortaliças e frutas não flatulentas, conforme aceitação;
- chás claros (erva-doce, camomila, erva-cidreira, maçã);
- suplementação de vitaminas lipossolúveis: A, D, E e K;
- líquidos somente antes e depois das refeições;
- comprimidos/drágeas com enzimas pancreáticas para pacientes com
redução maior ou igual a 90% da secreção de lúpus e tripsina.
Evitar
- refeições volumosas, pois estimulam o pâncreas;
- bebidas alcoólicas, bebidas ricas em cafeína: café, chá preto, chá mate,
refrigerantes à base de cola, guaraná natural;
- preparações gordurosas: estrogonofe, feijoada, moqueca, massas com
molhos cremosos e queijos, frituras;
- leite integral e queijos amarelos;
- excesso de açúcar: balas, bolo, doces, chocolates, refrigerantes, mel,
melado, rapadura, açúcar mascavo para evitar hiperglicemia;
- alimentos flatulentos: feijões, repolhos, couve-flor, brócolis, pimentão,
melancia, oleaginosas, melão.
CAPÍTULO 06: INTERAÇÃO DROGA NUTRIENTE
O alimento, independentemente da cultura do indivíduo e da época
vivida, é um fator essencial e indispensável à manutenção e à ordem da
saúde. Sua importância está associada à sua capacidade de fornecer ao
corpo humano nutrientes necessários ao seu sustento. Para o equilíbrio
harmônico desta tarefa é fundamental a sua ingestão em quantidade e
84
qualidade adequadas, de modo que funções específicas como a plástica, a
reguladora e a energética sejamsatisfeitas, mantendo assim a integridade
estrutural e funcional do organismo. No entanto, esta integridade pode ser
alterada, em casos de falta de um ou mais nutrientes, com conseqüente
deficiência no estado nutricional e necessidade de suplementação (regime
dietoterápico).
Por outro lado, os nutrientes são também capazes de interagir com
fármacos, sendo um problema de grande relevância na prática clínica, devido
às alterações na relação risco/benefício do uso do medicamento. Estas
interações são facilitadas, pois os medicamentos, na sua maioria, são
administrados por via oral. Os nutrientes podem modificar os efeitos dos
fármacos por interferirem em processos farmacocinéticos, como absorção,
distribuição, biotransformação e excreção (Oliveira, 1991; Yamreudeewong
et al., 1995), acarretando prejuízo terapêutico. A absorção dos nutrientes e
de alguns fármacos ocorre por mecanismos semelhantes e freqüentemente
competitivos e, portanto, apresentam como principal sítio de interação o trato
gastrintestinal.
As interações entre nutrientes e fármacos podem aumentar a
toxicidade de uma destas substâncias ou de ambas. Elas podem ser físico-
químicas, fisiológicas e patofisiológicas (Roe, 1985; Roe, 1993). Interações
físico-químicas são caracterizadas por complexações entre componentes
alimentares e os fármacos. As fisiológicas incluem as modificações induzidas
por medicamentos no apetite, digestão, esvaziamento gástrico,
biotransformação e clearance renal. As patofisiológicas ocorrem quando os
fármacos prejudicam a absorção e/ou inibição do processo metabólico de
nutrientes (Toothaker & Welling, 1980; Thomas, 1995).
O consumo de alimentos com medica- mentos pode ter efeito
marcante sobre a velocidade e extensão de sua absorção. A administração
de medicamentos com as refeições, segundo aqueles que a recomendam, se
faz por três razões fundamentais: possibilidade de aumento da sua absorção;
redução do efeito irritante de alguns fármacos sobre a mucosa
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gastrintestinal; e uso como auxiliar no cumprimento da terapia, associando
sua ingestão com uma atividade relativamente fixa, como as principais
refeições (Gai, 1992; Kirk, 1995).
Entretanto, estes motivos são insuficientes para justificar este
procedimento de forma generalizada, pois a ingestão de alimentos poderá
afetar a biodisponibilidade do fármaco através de interações físico-químicas
ou químicas (Gai, 1992; Roe, 1994; Thomas, 1995). Sendo afetada a
biodisponibilidade, por modificação dos processos farmacocinéticos, ocorrerá
alteração da farmacodinâmica e da terapêutica (Thomas, 1995). Assim, é de
fundamental importância conhecer as substâncias ativas cuja velocidade de
absorção e/ou quantidade são alteradas, bem como aquelas que não são
afetadas pela presença de nutrientes (Toothaker & Welling, 1980). Estudos
aprofundados com humanos sobre estes mecanismos têm sido realizados,
com a finalidade de demonstrar mais precisamente os efeitos dos nutrientes
sobre a biodisponibilidade dos fármacos (Radulovic et al., 1995; Lavelle et
al., 1996).
Analgésicos e antiinflamatórios, por exemplo, são com freqüência
administrados com alimentos. O objetivo é diminuir as irritações da mucosa
gástrica provocadas, principalmente, pela administração destes
medicamentos por tempo prolongado. De acordo com a maioria das
pesquisas realizadas, os nutrientes diminuem a velocidade de absorção dos
fármacos, provavelmente por retardarem o esvaziamento gástrico (Souich et
al., 1992).
O retardo na absorção de certos fármacos, quando ingeridos com
alimentos, nem sempre indica redução da quantidade absorvida. Mas,
provavelmente, poderá ser necessário um período maior para se alcançar
sua concentração sangüínea máxima, interferindo na latência do efeito.
Entretanto, substâncias que se complexam com nutrientes estão
freqüentemente indisponíveis para absorção (Gai, 1992).
O sistema renal constitui uma das principais vias de excreção de
fármacos, sendo importante no processo de interação. O pH urinário sofre
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variações conforme a natureza ácida ou alcalina dos alimentos ou de seus
metabólitos. Assim, dietas ricas em vegetais, leite e derivados elevam o pH
urinário, acarretando um aumento na reabsorção de fármacos básicos,
como, por exemplo, as anfetaminas. No entanto, com fármacos de caráter
ácido, como barbitúricos, verifica-se elevação da excreção. Por outro lado,
ovos, carnes e pães acidificam a urina, tendo como conseqüência o aumento
da excreção renal de anfetaminas e outros fármacos básicos (Trovato et al.,
1991; Basile, 1994).
A natureza das diferentes interações pode apresentar os seguintes caminhos
(Truswell, 1975):
⦁ alguns nutrientes podem influenciar no processo de absorção de
fármacos;
⦁ alguns nutrientes podem alterar o processo de biotransformação de
algumas substâncias;
⦁ alterações na excreção de fármacos podem ocorrer por influência de
nutrientes;
⦁ fármacos podem afetar o estado nutricional;
⦁ o estado nutricional pode interferir sobre o metabolismo de certos
fármacos, diminuindo ou anulando seu potencial terapêutico ou
aumentando seu efeito tóxico.
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