Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Professor(a) Esp. Verônica Graciela Rapcinski NUTRIÇÃO CLÍNICA E DIETOTERAPIA I REITORIA Prof. Me. Gilmar de Oliveira DIREÇÃO ADMINISTRATIVA Prof. Me. Renato Valença DIREÇÃO DE ENSINO PRESENCIAL Prof. Me. Daniel de Lima DIREÇÃO DE ENSINO EAD Profa. Dra. Giani Andrea Linde Colauto DIREÇÃO FINANCEIRA Eduardo Luiz Campano Santini DIREÇÃO FINANCEIRA EAD Guilherme Esquivel COORDENAÇÃO DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO Profa. Ma. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE ENSINO Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo COORDENAÇÃO ADJUNTA DE PESQUISA Profa. Ma. Luciana Moraes COORDENAÇÃO ADJUNTA DE EXTENSÃO Prof. Me. Jeferson de Souza Sá COORDENAÇÃO DO NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal COORDENAÇÃO DE PLANEJAMENTO E PROCESSOS Prof. Me. Arthur Rosinski do Nascimento COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA EAD Profa. Ma. Sônia Maria Crivelli Mataruco COORDENAÇÃO DO DEPTO. DE PRODUÇÃO DE MATERIAIS DIDÁTICOS Luiz Fernando Freitas REVISÃO ORTOGRÁFICA E NORMATIVA Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Caroline da Silva Marques Eduardo Alves de Oliveira Jéssica Eugênio Azevedo Marcelino Fernando Rodrigues Santos PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Bruna de Lima Ramos Hugo Batalhoti Morangueira Vitor Amaral Poltronieri ESTÚDIO, PRODUÇÃO E EDIÇÃO André Oliveira Vaz DE VÍDEO Carlos Firmino de Oliveira Carlos Henrique Moraes dos Anjos Kauê Berto Pedro Vinícius de Lima Machado Thassiane da Silva Jacinto FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP R216n Rapicinski, Verônica Graciela Nutrição clínica e dietoterapia I / Verônica Graciela Rapicinski. Paranavaí: EduFatecie, 2024. 90 p.: il. Color. 1. Dietoterapia. 2. Obesidade - Nutrição. 3. Dieta na doença. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. CDD: 23. ed. 615.854 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 As imagens utilizadas neste material didático são oriundas dos bancos de imagens Shutterstock e Freepik. 2023 by Editora Edufatecie. Copyright do Texto C 2023. Os autores. Copyright C Edição 2023 Editora Edufatecie. O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. https://www.shutterstock.com/pt/ https://www.freepik.com/ 3 Professor(a) Esp. Verônica Graciela Rapcinski • Bacharel em Nutrição (UNIPAR). • Especialista em Nutrição Clínica Ambulatorial e Hospitalar (UNOPAR). • Especialista em Modulação Intestinal. • Docente do curso de Nutrição da Unifatecie. • Docente conteudista - EAD Unifatecie • Coordenadora do Núcleo da Saúde -EAD da Unifatecie. • Atuação em Atendimento Clínico e Domiciliar de Idosos. • Atuação em Nutrição Hospitalar e Oncologia por 10 anos. • Atuação em cuidados de idosos em Lisboa, Portugal. • Atuação na ONG Tenho Fome-Aldeia Nissi em Kuito-Bié/Angola. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/3002735943031079 AUTOR http://lattes.cnpq.br/3002735943031079 4 Bem-vindo(a) à nossa unidade de Nutrição Clínica e Dietoterapia I, uma fonte abran- gente e essencial para compreender os princípios fundamentais que norteiam a interseção entre a nutrição e a saúde clínica e a aplicação da Dietoterapia. Neste material, exploraremos a aplicação prática dos conhecimentos nutricionais na abordagem clínica, visando promover a saúde integral dos indivíduos. Desde a com- preensão das necessidades nutricionais específicas em diferentes condições clínicas até a formulação de estratégias dietéticas personalizadas, cada seção desta unidade é cuidado- samente elaborada para fornecer uma base sólida de conhecimentos. Na unidade I, exploraremos as bases fundamentais da Dietoterapia, abordando não apenas conceitos essenciais, mas também a aplicação prática das dietas hospitalares, além de aprofundarmos o entendimento sobre Nutrição Enteral e Parenteral. Ao avançarmos para a unidade II, o foco se volta para a Dietoterapia em pacientes específicos, começando pelo Paciente Obeso. Nesse contexto, examinaremos a relação entre a dieta, a Síndrome Metabólica e a aplicação da dietoterapia no manejo do paciente Diabético. Na sequência, na unidade III, exploraremos a Dietoterapia em Doenças Cardiovas- culares, destacando condições como Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), Dislipidemias, Infarto Agudo do Miocárdio e Aterosclerose. Essa seção fornecerá uma compreensão abrangente das estratégias nutricionais para enfrentar essas patologias. Na última unidade, a IV, encerraremos nosso estudo abordando a Dietoterapia em Doenças da Cavidade Oral, Esôfago e Intestino. Aqui, incluiremos tópicos como Disfagia, Doenças Gástricas e Intestinais, e as Doenças Tireoidianas. Este módulo proporcionará uma visão abrangente da aplicação prática da Dietoterapia em diversas condições relacio- nadas a essas áreas específicas do corpo. APRESENTAÇÃO DO MATERIAL 5 UNIDADE 4 Dietoterapia nas Doenças da Cavidade Oral, Esôfago e Intestino Dietoterapia nas Doenças Cardiovasculares UNIDADE 3 Dietoterapia na Obesidade UNIDADE 2 Bases da Dietoterapia UNIDADE 1 SUMÁRIO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Bases da Dietoterapia • Dietas Hospitalares • Terapia Nutricional Enteral e Parenteral Objetivos da Aprendizagem • Conhecer as principais dietas aplicadas ao processo saúde/ doença. • Compreender e intervir no processo de saúde/doença. • Estabelecer a importância do conhecimento para ofertar ao organismo debilitado nutrientes adequados e específicos para cada patologia, conseguindo adaptar o estado nutricional, favorecendo a recuperação e promovendo melhora e adequação de seu estado nutricional. Professor(a) Esp. Verônica Graciela Rapcinski BASES DA BASES DA DIETOTERAPIADIETOTERAPIA1UNIDADEUNIDADE INTRODUÇÃO 7BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 Olá, querido (a) aluno (a), você acaba de iniciar uma etapa de conhecimento muito importante na sua jornada acadêmica enquanto um futuro Nutricionista. Nessa etapa, você contará com uma ferramenta de saúde muito especial do profissional de nutrição, onde utilizaremos os alimentos paraprevenção de enfermidades, assim como para tratá-lo a fim de obter os nutrientes necessários para melhorar o estado nutricional. Nessa unidade, trataremos indivíduos portadores de uma ou mais doenças por meio de uma alimentação adequada e específica para a patologia. Eu, como nutricionista hospitalar e oncológica por mais de dez anos, sou uma profissional apaixonada pela ciência da Dietoterapia e por como ela aplica a dieta como um princípio terapêutico. Já vivenciei inúmeras histórias em que a dietoterapia trouxe qualidade de vida ao paciente. Espero contribuir muito para sua formação acadêmica através dessa disciplina tão especial e apaixonante. Bons estudos! BASES DA DIETOTERAPIA1 TÓPICO 8BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 Sabemos que o alimento é o nosso combustível, e sem ele não há vida. Através de uma alimentação adequada, teremos saúde, enquanto uma alimentação inadequada pode causar prejuízos e até nos sujeitar a doenças. A alimentação e seus padrões têm muitas influências como preceitos religiosos, familiares, hábitos alimentares, tabus, e fa- tores culturais os quais nos são incutidos desde nossa infância e assim passamos a ter nossas preferências alimentares. Seja na saúde ou doença existe a importância de uma alimentação adequada às necessidades individuais de cada um. Define-se a dietoterapia como a ciência que promove a manutenção da saúde, prevenção e tratamento de doenças. Através da dieta e de uma alimentação adequada, a dieta entra como um princípio terapêutico. A palavra dieta vem do termo grego diaita, que significa cuidar da vida, estilo de vida, ou modo de vida. A dietoterapia é uma ferramenta da saúde e do profissional nutricionista, que utiliza os alimentos para prevenção e tratamento de doenças. Oferecendo nutrientes específicos e adequados ao tipo de doença, condições físicas, nutricionais e psicológicas, à medida que busca a manutenção e/ou recuperação do estado nutricional. Devemos entender que o cuidado nutricional do paciente doente ou até mesmo hospitalizado é mais complexo. Dietoterapia é uma área da nutrição que se concentra no uso terapêutico de uma alimentação adequada e equilibrada para o tratamento de diferentes condições de saúde. Envolve o estudo das propriedades dos alimentos, nutrientes e seus efeitos no organismo, bem como a aplicação desse conhecimento no tratamento de doenças específicas. Ela utili- za a alimentação como forma de tratamento de doenças e promoção da saúde, se baseando 9BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 em princípios científicos e diretrizes nutricionais na elaboração de planos alimentares espe- cíficos que atendam às necessidades individuais dos pacientes (SAMPAIO, 2012). A resolução do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN ) n° 304, de fevereiro de 2003, nos traz que a prescrição dietética é uma atividade privativa do nutricionista, e este deve utilizar estratégias e técnicas terapêuticas específicas para realizar esta prescrição. Lembrando que a prescrição dietética deve constar no prontuário do paciente, esta deverá conter consistência da dieta, os macros e micronutrientes mais importantes de acordo com o caso clínico, fracionamento, Valor Energético Total (VET), data, assinatura seguida de carimbo, número e região da inscrição no Conselho Regional de Nutricionistas (CRN) do nutricionista que esteja responsável pela prescrição. 1.1 Princípios da Dietoterapia • Compreender a ação que o nutriente tem no organismo. • Conhecer o diagnóstico e fisiopatologia predominante ao paciente. • Compreender a evolução da doença. 1.2 Prescrição Dietoterápica Se torna necessário conhecer a história clínica do paciente, assim como a patologia que o acomete, alterações e sintomas gastrointestinais, seus hábitos de alimentação aos quais se incluem hábitos culturais e religiosos que possam estar presentes em sua alimen- tação, a escolaridade e capacidade de interpretação e entendimento das orientações e mudanças da dieta. Seu estado físico também, como dentição, alterações na cavidade oral, como por exemplo presença de mucosites, mastigação. Uso de medicamentos, ou se está em tratamento quimioterápico e radioterapia. Entre outros. È possível dividir essa prescrição dietoterápica em alguns passos: 01. Entrevista e anamnese com o paciente; 02. Avaliação do Estado Nutricional; 03. Hipótese Diagnóstica Nutricional; 04. Conduta Alimentar; 05. Avaliação da aceitação da dieta ofertada; 06. Intervenção Nutricional. Em vista disso, compreende-se que a avaliação nutricional é o ponto de partida da dietoterapia, pois permite identificar as necessidades nutricionais individuais, bem como possíveis deficiências ou excessos de nutrientes. Ela engloba a análise de dados clínicos, 10BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 antropométricos, bioquímicos e dietéticos do paciente. A avaliação nutricional é um proces- so sistemático e contínuo, fundamental para o diagnóstico nutricional e o estabelecimento de um plano terapêutico adequado (SAMPAIO, 2012). Já a prescrição dietética, consiste na elaboração de um plano alimentar individua- lizado, considerando as necessidades nutricionais específicas do paciente e a adequação aos seus objetivos terapêuticos. É importante levar em conta fatores como idade, sexo, composição corporal, atividade física e condições clínicas. Deverá ser personalizada, le- vando em consideração as características individuais do paciente e as recomendações nutricionais estabelecidas (PHILIPPI, 2018). O monitoramento e acompanhamento do paciente são essenciais na dietoterapia, permitindo avaliar a eficácia do plano alimentar, realizar ajustes quando necessário e garan- tir a adesão do paciente às recomendações nutricionais. É fundamental o monitoramento e acompanhamento contínuos na dietoterapia, visando assim avaliar a evolução do paciente e promover intervenções adequadas para alcançar os objetivos propostos (SILVA, 2020). A dietoterapia deve ser embasada em evidências científicas atualizadas, as quais são obtidas a partir de estudos clínicos, revisões sistemáticas e diretrizes nutricionais. A utilização de informações confiáveis é fundamental para garantir a eficácia e a segurança dos planos alimentares, à medida que permite oferecer tratamentos nutricionais efetivos, seguros e de qualidade (BRASPEN, 2019). Não podemos esquecer o papel fundamental que a educação alimentar desem- penha na dietoterapia, pois visa promover mudanças de hábitos alimentares e comporta- mentais que contribuam para a melhoria do estado nutricional e a manutenção da saúde. É necessário fornecer orientações claras e individualizadas ao paciente, visando a adoção de uma alimentação adequada e equilibrada. A educação alimentar leva o paciente a tomar decisões conscientes sobre sua alimentação, adotando assim hábitos saudáveis a longo prazo (PEREIRA, 2020). Além disso, também analisa a integridade do trato gastrointestinal, para indicar a melhor via para ofertar a dieta. Avaliando também como está a condição da aceitação e ingestão da dieta ofertada, a digestão e absorção do paciente. Lembre-se, o ambiente hospitalar é difícil e hostil, tornando-se impessoal, e tudo isso contribui para a diminuição da ingestão alimentar, redução de peso e inadequação do estado nutricional do paciente, aumentando a morbimortalidade. Em vista disso, cabe ressaltar que existem algumas vias de suporte nutricional, tais como o oral, enteral e parenteral. DIETAS HOSPITALARES2 TÓPICO 11BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 Para atender às necessidades individuais de cada paciente no ambiente hospitalar, as dietas recebem algumas classificações, as quais serão descritas ao longo deste capítulo. As dietas podem ser divididas como: • Dietas de Rotina. • Dietas Terapêuticas. • Dietas Especiais para Exames. Dietas de Rotina: As dietas de rotina são utilizadas em pacientes hospitalizados que não apresentam necessidades nutricionais especiais ou restriçõesalimentares específicas. Elas são proje- tadas para fornecer uma alimentação balanceada e adequada, considerando as necessida- des nutricionais básicas do paciente. Não há restrição de nutrientes, porém a modificação na consistência da comida, como pastosas, líquidas, mas o alimento em si não sofre modificações. Dietas Terapêuticas: São destinados a tratamentos, ocorrendo alterações nos nutrientes presentes, podendo ser reduzidos ou aumentados conforme o tratamento indicado. Por exemplo, hipoproteicas, normoproteicas ou hiperproteicas. No entanto, sempre estão associadas a uma dieta de rotina, como o exemplo de uma dieta pastosa hiperproteica. Dietas Especiais para Exames: Acontecem por períodos curtos, apenas para preparo do paciente para a realização de algum tipo de exame. 12BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 Quando falamos em mudanças nas modificações da dieta encontraremos mudan- ças na consistência, temperatura, volume, fracionamento, características químicas como hiper ou hipoproteica, e exclusão de algum alimento ou nutriente específico. 2.1 Dietas normais/ rotina Geral: dieta indicada ao paciente que não tem restrições a nenhum tipo de alimen- to, ou necessidade de mudança na consistência. Todos os alimentos são permitidos, não há exclusão. Possuem característica normoglícida, normoproteica e normolipídica, geralmente são distribuídas em 5 a 6 refeições diárias. Branda: parecida com a dieta geral, porém tem a consistência mudada, abrandada pela cocção, são excluídos desse tipo de dieta os condimentos, frituras, embutidos, bebidas gaseificadas, alimentos crus, hortaliças, frutas com casca. Composta por alimentos macios. É uma dieta de transição para dieta geral, utilizada em pacientes com algum problema mecânico, ou para facilitar a digestão. Tem característica, normoglícida, normoproteica e normolipídica, geralmente são distribuídas em 5 a 6 refeições diárias. Pastosa: também possui consistência macia, abrandada pela cocção, porém os ali- mentos são moídos, triturados, em forma de purês, para facilitar a mastigação e deglutição, de forma a produzir pouco esforço. É necessário a exclusão dos alimentos presentes na dieta branda, carnes inteiras ou em pedaços, pão francês, pão de forma integral, hortaliças cozidas em pedaços e frutas inteiras. Tem característica normoglicídica, normoproteica e normolipídica e é distribuída em 5 a 6 refeições por dia. Dieta Leve: essa dieta tem consistência semilíquida, também abrandada pela cocção, onde são ofertados sopa no almoço e no jantar, para que os alimentos para que os alimentos tenham mastigação e deglutição com pouco esforço e em situações onde a função gastrointestinal esteja moderadamente alterada. Deverão ser excluídos todos os alimentos da dieta branda e pastosa, exceto biscoitos e frutas cruas e macias. Sua carac- terística hiperglicídica, normoproteica e hipolipídica, distribuída em 5 a 6 refeições por dia. Essa dieta tem característica de baixa caloria, dessa forma a utilização por longos períodos deve ser monitorada, pois há a carência de nutrientes, podendo comprometer o estado nutricional do paciente. Dieta Líquida: Como o próprio nome já diz sua consistência é líquida. Deve ser utilizada em períodos curtos, na presença de restrição da função digestiva, problemas me- cânicos do trato digestivo superior, preparo de exames e também no pré e pós-operatório. Serão permitidos apenas os alimentos líquidos ou que se liquefazem na boca, como sopa líquida coada, caldo, suco de fruta coado, gelatina, chá, leite, iogurte e mingau ralo. Tem 13BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 característica hiperglicídica, normoproteica e hipolipídica, com distribuição de 5 a 6 refei- ções por dia. Em uso prolongado, é necessário o acompanhamento contínuo do paciente verificando a necessidade de suplementação nutricional. 2.2 Dietas modificadas Branda sem Resíduos: mesma característica da dieta branda, porém com a ex- clusão do leite e alimentos crus. Utilizada em casos de diarreia ou preparo de exames, que necessitem manter o controle peristáltico. Pastosa sem Resíduos: Mantêm a característica da dieta pastosa, porém com a exclusão do leite e alimentos crus. Sua indicação acontece quando é necessário repouso gastrintestinal e para facilitar ingestão e deglutição. Leve sem Resíduos: apresenta consistência semi-líquida, hipocalórica, com isen- ção de celulose, tecido conectivo e leite. Sua indicação se dá em casos que seja necessário repouso intestinal, no preparo de exames, pré e pós-operatório. Indicado uso por curtos períodos, caso contrário necessita monitoramento, para que não haja comprometimento do estado nutricional. Líquida sem Resíduos: mantém consistência líquida, sem leite, hipocalórica. Sua indicação se dá em situações clínicas que seja necessário manter o “ intestino limpo”, como em alguns exames, pré ou pós-operatório imediato. Indicada como uma hidratação por pe- ríodos curtos, eventualmente, em casos de períodos maiores é necessário a suplementação. Independente da consistência das dietas modificadas, todas são indicadas para manter o repouso intestinal. 2.3 Dietas especiais As dietas especiais são aquelas que precisam de alguma alteração de nutriente ou até mesmo na forma do preparo. Elas podem ser prescritas em diferentes consistências, como por exemplo dieta pastosa hipossódica, ou dieta geral hipossódica. Hipocalórica: apresenta redução em seu valor calórico e também na quantidade dos alimentos ofertados. Sua indicação se dá para redução de peso pós-operatório da cirurgia bariátrica. Hipercalórica: diferente da dieta hipocalórica, essa dieta apresenta aumento do seu valor calórico e da quantidade de alimentos ofertados. Tem indicação em casos de recuperação e ganho de peso em estados catabólicos de doenças, desnutrição, queimadu- ras, câncer e AIDS. 14BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 Hipoproteica: dieta indicada principalmente para pacientes renais, com restrição a proteína de origem animal. Hiperproteica: apresenta aumento na quantidade de proteínas, principalmente as de origem animal. Sua indicação se dá em casos infecciosos, desnutrição, queimaduras, câncer, AIDS ou em outras situações que seja necessário o aumento da oferta proteica. Hipogordurosa: apresenta isenção de alimentos gordurosos, como manteiga, óleo, azeite, embutidos, oleaginosas, frituras, carnes gordurosas, leite e derivados integrais. Sua indicação se dá para hepatopatias, doenças pancreáticas e vesículas biliares. Hipossódica: Deve apresentar baixo teor de sódio tanto nos alimentos quanto nas preparações, não deve conter adição de sal no preparo da dieta, fazer uso apenas de tem- peros naturais. Evitar alimentos enlatados, embutidos, conservas, carnes secas, temperos e molhos industrializados. Indicada na hipertensão, doenças renais, edemas e doenças cardíacas. É uma dieta que apresenta baixa adesão devido a palatabilidade da dieta, sendo muito importante utilizar recursos nas preparações para melhorar a aceitação. Hipocalêmica: Dieta pobre em potássio, restringe-se alimentos ricos em potássio, ou pode-se utilizar da cocção para redução dos níveis de potássio. Dieta indicada nos casos de dificuldade de excreção do Potássio. Pobre em Vitamina K: Indicada em casos de problemas com coagulação, em pacientes que fazem uso de medicação anticoagulante, restringindo então alimentos que possam favorecer a coagulação sanguínea, como brócolis, repolho, couve, espinafre, nabo, alface, leite, ovo, fígado, óleo de canola e soja. Laxativa: dieta indicada em casos de obstipação intestinal, rica em alimentos que aumentem o volume fecal, e peristaltismo intestinal. Inclui-se alimentos ricos em fibras insolúveis, como os cereais integrais, farelo de trigo, hortaliças cruas, frutas com casca. Para Diabéticos: Restringe-se os carboidratos simples e acrescenta-se os carboi- dratos complexos, dieta isenta de açúcar, indicada para controleglicêmico de pacientes diabéticos ou em caso de hiperglicemia. Todas as dietas aqui apresentadas fazem parte da rotina hospitalar, por isso é de suma importância que você como um futuro nutricionista conheça cada consistência, fisio- patologias e diagnósticos nutricionais para entender qual a melhor indicação, consistência e a evolução da dieta em cada caso. DIETA ENTERAL E PARENTERAL3 TÓPICO 15BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 Já entendemos a importância e o papel dos nutrientes, tanto no fornecimento diário de energia requerida como na manutenção da homeostase metabólica e função fisiológica. Em eventos onde a quantidade de proteínas e calorias se torna insuficiente para suprir a necessi- dade requerida, o organismo começa então a entrar em processo de desnutrição (LIMA, 2018). E, na nutrição clínica, acontece o estudo das vias alternativas para a administração de nutrientes, utilizada naqueles pacientes que se encontram em processo de desnutrição os quais são incapazes de ingerir ou digerir, através da alimentação via oral, os alimentos em quantidade suficiente para suprir as suas necessidades, garantindo a manutenção e adequação do estado nutricional (LIMA, 2018). A Terapia Nutricional então se caracteriza como o conjunto de procedimentos tera- pêuticos para manutenção ou recuperação do estado nutricional do paciente por meio de nutrição parenteral e/ou nutrição enteral. 3.1 Nutrição enteral O suporte nutricional enteral é o procedimento onde acontece o fornecimento de nutrientes ao trato gastrintestinal (TGI), para suprir a demanda corporal. De acordo com a Resolução 63 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, de 6/7/2000, a Nutrição Enteral é caracterizada como: alimento para fins especiais, com ingestão controlada de nutrientes na forma isolada ou combinada, de composição química definida ou estimada, espe- cialmente elaborada para uso por sondas ou Via Oral, industrializados ou não, utilizado exclusiva ou parcialmente para substituir ou complementar a alimentação oral em pacientes desnutridos ou não, conforme a suas necessi- dades nutricionais, em regime hospitalar, ambulatorial ou domiciliar, visando a síntese ou manutenção de tecidos, órgãos ou sistemas (BRASIL, 2000). 16BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 A dieta enteral é um tipo de terapia nutricional que consiste na administração de nutrientes através do trato digestivo, utilizando uma sonda nasogástrica, nasoenteral, gastrostomia ou jejunostomia. Essa forma de alimentação é indicada para pacientes que não conseguem ingerir alimentos de forma adequada ou têm dificuldades de absorção de nutrientes pelo trato gastrointestinal (WAITZBERG, 2019). Nesse contexto, a dieta enteral é formulada de acordo com as necessidades nutri- cionais individuais do paciente, considerando seu estado clínico, idade, peso, metabolismo e objetivos terapêuticos. Ela é composta por fórmulas específicas, que podem ser poliméri- cas, oligoméricas ou modulares, contendo uma combinação de macronutrientes (proteínas, carboidratos e gorduras), micronutrientes (vitaminas e minerais) e fibras. Essas fórmulas são desenvolvidas para fornecer a quantidade adequada de calorias, proteínas e nutrientes necessários para a manutenção ou recuperação da saúde do paciente (BRASPEN, 2019). As fórmulas enterais são formuladas com base em evidências científicas e dire- trizes nutricionais. É importante ressaltar que a prescrição e o acompanhamento da dieta enteral devem ser realizados por profissionais de saúde qualificados, como nutricionistas ou médicos especializados em terapia nutricional, garantindo assim uma adequada seleção da fórmula e monitoramento do paciente. A dieta enteral possui indicações específicas para diferentes condições clínicas, tais como desnutrição, ou quando a ingesta oral estiver inadequada e não possa prover a necessida- de calórica de 2/3 a 3/ 4 das necessidades diárias nutricionais, no câncer, doenças neurológicas, doenças inflamatórias intestinais, quando o trato gastrointestinal estiver total ou parcialmente funcionante, entre outras. Seu objetivo principal é fornecer nutrientes essenciais para suprir as necessidades do paciente, mantendo ou melhorando seu estado nutricional (CUPPARI, 2014). TABELA 1: INDICAÇÕES DE TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL EM ADULTOS PACIENTES QUE NÃO PODEM SE ALIMENTAR ● Inconsciência ● Anorexia Nervosa ● Lesões Orais ● Acidentes vasculares cerebrais ( AVC) ● Neoplasias ● Doenças desmielinizantes PACIENTES COM INGESTÃO ORAL INSUFICIENTE ● Trauma ● Septicemia ● Alcoolismo Crônico ● Depressão Grave ● Queimaduras PACIENTES NOS QUAIS A ALIMENTAÇÃO COMUM PRODUZ DOR E/OU DESCONFORTO ● Doença de Crohn ● Colite Ulcerativa ● Carcinoma do trato gastrintestinal ● Pancreatite ● Quimioterapia ● Radioterapia PACIENTES COM DISFUNÇÃO DO TRATO GASTRINTESTINAL ● Síndrome de má absorção ● Fístula ● Síndrome do intestino curto Fonte: CUPPARI, 2014 A dieta enteral contribui para melhora da resposta imune, prevenção de atrofia intestinal, impedindo a translocação bacteriana, diminuindo a resposta inflamatória, fortale- cendo assim sua indicação (CUPPARI, 2014). 17BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 TABELA 2: INDICAÇÕES DE TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL EM CRIANÇAS → Anorexia/perda de peso → Crescimento deficiente → Ingestão via oral inadequada → Desnutrição: aguda, crônica e hipoproteinemia → Estados hipercatabólicos: queimaduras, sepse, → trauma, doenças cardiológicas e respiratórias → Doenças neurológicas → Coma por tempo prolongado → Anomalias congênitas: fissura do palato, atresia do → esôfago, fístula traqueoesofágica, outras anomalias → do trato gastrointestinal (TGI) → Doença ou obstrução esofágica → Cirurgia do trato gastrointestinal (TGI) → Diarréia crônica não-específica → Síndrome do intestino curto → Fibrose cística → Câncer associado a quimioterapia, radioterapia → e/ou cirurgia Fonte: CUPPARI, 2014 As contraindicações na terapia enteral normalmente são mais temporárias que absolutas. Podemos observar algumas destas contraindicações citadas na tabela 3. TABELA 3: CONTRAINDICAÇÕES DE TERAPIA NUTRICIONAL ENTERAL → Disfunção do TGI ou condições que requerem repouso intestinal → Obstrução mecânica do TGI → Refluxo gastroesofágico intenso → Íleo paralítico → Hemorragia GI severa → Vômitos e diarreia severa → Fístula do TGI de alto débito ( >500mL/dia ) → Enterocolite severa → Pancreatite aguda grave → Doença terminal → Expectativa de utilizar a TNE em período inferior a 5 e 7 dias para pacientes desnutridos ou 7 a 9 dias para pacientes bem nutridos Fonte: CUPPARI, 2014 VIAS DE ACESSO: A administração da dieta enteral pode ser realizada de diferentes formas, depen- dendo da via de acesso escolhida. Podem ser localizadas no estômago, duodeno ou jejuno, de acordo com as alterações orgânicas estabelecidas, ou até mesmo rotinas de adminis- tração utilizadas. Aos pacientes que necessitarão de nutrição enteral por um período de tempo que seja inferior a 6 semanas, a via indicada é a sonda nasoenteral, sendo esta a mais utilizada devido a seu baixo custo, fácil colocação. Por outro lado, se a terapia 18BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 nutricional terá um período de duração maior que 6 semanas é indicado a gastrostomia e a jejunotosmia (CUPPARI, 2014). O local de administração é um dos fatores que se deve analisar para escolha da via de acesso, seja ela intragástrica ou pós-pilórica. Fonte: CUPPARI, 2014 pg 532 As principais vias de administração incluem: Sonda nasogástrica (SNG): A sonda é inserida através do nariz e alcança o estô- mago. É a via mais comum de administração da dieta enteral e pode ser temporária ou de longa duração, dependendo das necessidades do paciente. Sonda nasoenteral (SNE): A sonda também é inserida através do nariz, passan- do pelo estômago e alcançando o intestino delgado (duodeno ou jejuno). Sendo utilizada quando há contraindicação para a passagem da sonda pelo estômago ou quando anutrição precisa ser administrada diretamente no intestino. Gastrostomia ou jejunostomia: São procedimentos cirúrgicos que envolvem a in- serção de uma sonda diretamente no estômago (gastrostomia) ou no jejuno (jejunostomia), por meio de uma abertura no abdômen. Essas vias são utilizadas quando a alimentação enteral é necessária por um período prolongado (WAITZBERG, 2019). TABELA 4: VANTAGENS E DESVANTAGENS DA LOCALIZAÇÃO GÁSTRICA E DUODENAL/JEJUNAL LOCALIZAÇÃO GÁSTRICA LOCALIZAÇÃO DUODENAL E JEJUNAL VANTAGENS Maior tolerância a fórmulas variadas (proteínas in- tactas, proteínas isoladas, aminoácidos cristalinos) Menor risco de aspiração Boa aceitação de fórmulas hiperosmóticas Maior dificuldade de saída acidental da sonda Permite a progressão mais rápida para alcançar o valor calórico total ideal Permite a nutrição enteral quando a alimentação gástrica é inconveniente e inoportuna Em razão da dilatação receptiva gástrica, possibilita a introdução de grandes volumes em curto tempo *** Fácil posicionamento da sonda LOCALIZAÇÃO GÁSTRICA LOCALIZAÇÃO DUODENAL E JEJUNAL DESVANTAGENS Alto risco de aspiração em paciente com dificul- dades neuromotoras de deglutição Risco de aspiração em pacientes que têm mobili- dade gástrica alterada ou são alimentados à noite A ocorrência de tosse, náuseas ou vômitos favore- ce a saída acidental da sonda nasoenteral Desalojamento acidental, podendo causar refluxo gástrico Requer dietas normo ou hiperosmolares Fonte: Adaptado de CUPPARI (2014). 19BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 A escolha da via de administração depende das características clínicas e das necessi- dades individuais de cada paciente, bem como das restrições e da capacidade do trato digestivo. Ao prescrever uma dieta enteral, é fundamental considerar as necessidades nutri- cionais específicas do paciente. Isso inclui a determinação das necessidades energéticas, proteicas, de carboidratos, gorduras, vitaminas, minerais e fibras, com base na condição clínica, na composição corporal e nas metas terapêuticas. As fórmulas enterais disponíveis no mercado são projetadas para atender a diferen- tes necessidades clínicas e nutricionais. Elas podem ser poliméricas, contendo nutrientes completos na forma de proteínas intactas, carboidratos complexos e lipídios; ou oligoméri- cas, contendo nutrientes parcialmente hidrolisados e de fácil digestão. É importante mencionar que a prescrição e o acompanhamento da dieta enteral devem ser feitos por profissionais de saúde capacitados, como nutricionistas, médicos e enfermeiros, com base em diretrizes e protocolos clínicos estabelecidos. Métodos de Administração da Dieta Enteral: Administração em bolo: Administrar a dieta com uso de uma seringa, 100 a 350 ml de dieta no estômago, de 2 a 6 horas, em seguida irrigando a sonda enteral com 20 a 30 ml de água potável. Administração intermitente: É utilizada a força da gravidade, administrando volu- me de 50 a 500 mL de dieta por gotejamento, de 3 a 6 horas, em seguida irrigando a sonda enteral com 20 a 30 ml de água potável. Administração contínua: Utilizada bomba de infusão, 25 a 150 mL/hora por 24 horas, administrada no estômago, jejuno e duodeno, pausa de 6 a 8 horas para irrigação da sonda enteral com 20 a 30 ml de água potável. Características Físicas das fórmulas: Osmolalidade: A osmolalidade é uma medida da concentração de partículas os- moticamente ativas em uma solução, expressa em miliosmoles por quilograma de água. Na dieta enteral, a osmolalidade pode variar de acordo com a composição da fórmula e a concentração de nutrientes e aditivos presentes. É a função do tamanho e quantidade de partículas iônicas e moleculares (proteína, carboidratos, eletrólitos e minerais) em determi- nado volume (CUPPARI, 2019). A osmolalidade da dieta enteral é um aspecto relevante a ser considerado, pois pode influenciar a absorção e a tolerância do paciente, especialmente em casos de com- prometimento gastrointestinal. Portanto, é importante que a osmolalidade da dieta enteral seja monitorada e ajustada de acordo com as necessidades e a condição clínica de cada 20BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 paciente, sempre sob a supervisão de um profissional de saúde qualificado. A osmolalidade é a medida mais precisa da concentração de partículas osmoticamente ativas em uma solução, pois é baseada na massa de solvente (água) em vez do volume total da solução (AGUILAR, 2019). Densidade calórica: A densidade calórica das fórmulas enterais se refere à quanti- dade de calorias fornecidas por unidade de volume da solução nutricional. É um parâmetro importante a ser considerado na prescrição e administração da dieta enteral, pois auxilia na determinação do aporte energético adequado para cada paciente. Ela varia de acordo com a composição nutricional da fórmula, incluindo a concentração de macronutrientes como proteínas, carboidratos e lipídios, bem como a presença de outros componentes calóricos, como fibras e aditivos (BRASPEN, 2016). Classificação das fórmulas: As fórmulas enterais são classificadas de acordo com sua composição nutricional e características específicas. A classificação pode variar de acordo com diferentes sistemas adotados, mas geralmente considera fatores como o teor de macronutrientes (proteínas, carboidratos e lipídios), a presença de fibras, os perfis de aminoácidos, o tipo de gordura utilizada e outros aditivos. Fórmulas poliméricas: são constituídas por proteínas intactas, carboidratos, lipí- dios e fibras alimentares, comumente é a mais utilizada (BRASPEN, 2016). Fórmulas oligoméricas: contêm proteínas parcialmente hidrolisadas e carboidra- tos de cadeia curta. Indicadas a pacientes que estejam com a capacidade digestiva e até absortiva parcial (CUPPARI, 2014). Fórmulas especializadas: são feitas e utilizadas em situações específicas de disfunções orgânicas e estresse metabólico (CUPPARI, 2014). Fórmulas modulares: compostas por nutrientes isolados, como aminoácidos, carboidratos simples e lipídios emulsionados (BRASPEN, 2016). As dietas caseiras ou artesanais são aquelas que tem o preparo à base de alimentos in natura, podendo utilizar juntamente industrializados como por exemplo os módulos ali- mentares, essas dietas são liquidificadas e preparadas de forma artesanal seja em cozinha doméstica ou hospitalar (CUPPARI, 2014). Complicações da Terapia Nutricional Enteral: Gastrintestinais: Náuseas, vômitos, estase gástrica, refluxo gastroesofágico, distensão abdominal, cólicas, flatulência, diarreia/obstipação. 21BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 Metabólicas: Hiperidratação ou desidratação, hiperglicemia ou hipoglicemia, alte- rações da função hepática, anormalidades de eletrólitos. Mecânicas: Erosão nasal, necrose, abscesso septonasal, sinusite aguda, roquidão, otite, faringite, esofagite, ulceração esofágica, estenose, fistúla traqueoesofágica, ruptura de varizes esofágicas, obstrução da sonda, saída ou migração acidental da sonda. Infecciosas: Gastroenterocolites por contaminação microbiana no preparo, utensí- lios e administração da dieta. Respiratórias: Aspiração pulmonar com síndrome de Mendelson (pneumonia química) ou pneumonia infecciosa. Psicológicas: Ansiedade, depressão, falta de estímulo ao paladar, monotonia alimentar, insociabilidade e inatividade (CUPPARI, 2014). 3.2 Nutrição Parenteral A nutrição parenteral (NP) consiste em uma solução estéril de nutrientes a qual é infundida através de via intravenosa, seja por meio do acesso venoso periférico ou central, o trato digestivo é totalmente excluído nesse processo (CUPPARI, 2014). A nutrição parenteral é uma forma de terapia nutricional que consiste na administra- ção de nutrientes diretamente na corrente sanguínea, contornando o trato gastrointestinal. Ela é utilizada quando o trato digestivo não pode ser utilizado ou quando a absorção de nutrientes é prejudicada devido a condições clínicas graves (WAITZBERG, 2019).É indicada para pacientes que não podem receber alimentação oral ou enteral adequada. Composta por uma solução que contém nutrientes essenciais, como aminoá- cidos, glicose, lipídios, eletrólitos, vitaminas e minerais, que são administrados através de uma via venosa central (cateter venoso central) ou periférica (cateter venoso periférico) (WAITZBERG, 2019). A prescrição da nutrição parenteral é individualizada, levando em consideração as necessidades nutricionais específicas do paciente, sua condição clínica, estado metabólico, composição corporal e objetivos terapêuticos. A composição da solução é determinada de acordo com essas necessidades, visando suprir as deficiências nutricionais e promover o estado nutricional adequado (WAITZBERG, 2019). Tipos: Nutrição parenteral periférica (NPP): é uma forma de terapia nutricional que envolve a administração de nutrientes por via intravenosa numa veia periférica, geralmente em membros superiores, como braços ou mãos. A NPP é utilizada quando não é possível ou recomendado o acesso a veias centrais, como a veia subclávia ou jugular. Consiste na 22BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 administração de nutrientes, vitaminas e minerais diretamente em uma veia periférica. Essa forma de terapia nutricional é utilizada quando o acesso a veias centrais não é possível ou não é recomendado, proporcionando uma fonte de nutrientes essenciais para pacientes com necessidades nutricionais elevadas ou insuficiência de ingestão oral (CURY, 2016). A nutrição parenteral periférica é uma opção terapêutica limitada, pois a adminis- tração de soluções nutricionais por veias periféricas possui algumas restrições em termos de concentração de nutrientes e volume total administrado. Geralmente, a NPP é utilizada em situações de curto prazo e quando não é possível a inserção de um cateter central. Sua indicação usual se dá para períodos curtos (7 a 10 dias), pois geralmente não atinge as necessidades nutricionais do paciente (CUPPARI, 2014). Nutrição parenteral total (NPT): consiste na administração de todos os nutrientes essenciais, incluindo carboidratos, proteínas, lipídios, vitaminas e minerais, diretamente em uma veia central. Essa forma de terapia nutricional é indicada para pacientes que não po- dem receber nutrição adequada por via oral ou enteral, proporcionando suporte nutricional completo para atender às necessidades do paciente (ROCHA, 2015). Sua indicação se dá quando o uso e tem indicação superior a 7 a 10 dias e oferece aporte energético e protéico total, a um paciente que não consiga tolerar uma ingestão via oral ou enteral. Geralmente sua indicação se dá quando o trato digestivo não está funcionando, obstruído ou inacessível (CUPPARI, 2014). Contra Indicações: É contraindicada a nutrição parenteral em pacientes que estejam hemodinami- camente instáveis, incluindo os que estejam com hipovolemia, choque cardiogênico ou séptico, edema agudo de pulmão, anúria em diálise ou aqueles que apresentem distúrbios metabólicos e eletrolíticos (CUPPARI, 2014). Monitoramento: O monitoramento adequado dos pacientes em uso de nutrição pa- renteral é essencial para garantir a eficácia e a segurança dessa forma de terapia nutricional. O acompanhamento regular permite avaliar a resposta do paciente à nutrição parenteral, iden- tificar possíveis complicações e fazer ajustes necessários para otimizar o suporte nutricional. No monitoramento clínico deve ser realizada uma avaliação clínica periódica, incluin- do o estado nutricional, sinais de infecção, integridade da pele, função hepática, função renal, equilíbrio hidroeletrolítico e glicemia. Esse monitoramento clínico é importante para identificar complicações associadas à nutrição parenteral e ajustar a terapia nutricional conforme neces- sário. O monitoramento clínico inclui avaliação de sinais vitais, estado nutricional, equilíbrio hidroeletrolítico, glicemia e função hepática, entre outros parâmetros (BRASPEN, 2016). 23BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 Já o monitoramento metabólico deve ser realizado a princípio diariamente, depois de 1 a 2 vezes na semana, os pacientes com TNP devem ter controle diário de eletrólitos e semanalmente do perfil parenteral, para a realização da adequação da terapia e monitora- ção de complicações.:(CUPPARI, 2014). Para avaliação nutricional é necessário avaliar o peso diariamente. A albumina e/ ou pré-albumina podem ser solicitadas semanalmente. Pacientes em estado febril com cateteres centrais que estejam recebendo nutrição parenteral podem necessitar de hemo- culturas do cateter e sistêmicas. Avaliar diariamente tanto o local da inserção quanto sinais de inflamação e até mesmo infecciosos (CUPPARI, 2014). Complicações: Mecânicas: infecção relacionada ao cateter, é uma das complicações mais comuns associadas ao uso de cateteres venosos centrais para a administração de nutrição paren- teral. Essas infecções podem estar localizadas no ponto de inserção do cateter (infecção local) ou podem se espalhar pelo sangue, causando uma infecção sistêmica (infecção re- lacionada ao cateter). Incluem pneumotórax, hidrotórax e lesão vascular (CUPPARI, 2014). Trombose venosa: é outra complicação que pode ocorrer em pacientes em uso de nutrição parenteral, especialmente quando cateteres venosos centrais são utilizados. A trombose venosa pode levar à obstrução do vaso e interferir no fluxo sanguíneo adequado. É uma complicação comum em pacientes submetidos à nutrição parenteral, ocorrendo em até 60% dos casos (BRASPEN, 2016). Metabólicas: hiperglicemia, balanço ácido-básico, disfunção hepática, síndrome da realimentação (CUPPARI, 2014). 24BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 Durante muito tempo o nutricionista foi visto como um profissional procurado apenas para quem buscava o emagrecimento, hoje, com o crescimento da profissão e atuação efetiva desse profissional, conseguimos entender que sua atuação vai muito além de apenas prescrever dietas. O profissional consegue avaliar cada impacto da alimentação na saúde dos indivíduos, proporcionar melhor qualidade de vida significativa e bem-estar a seus pacientes. Um dos lugares de atuação efetiva do nutricionista é na nutrição hospitalar, onde atuamos diretamente nas doenças, através da alimentação e nutrição efetiva. Através dos conhecimentos e condutas assertivas contribuímos para melhoria da qualidade de vida desses pacientes, minimizando o tempo de hospitalizações entre outros. Fonte: A autora (2024) A Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN) é uma importante referência na área e possui diretrizes atualizadas sobre a terapia nutricional parenteral. O Guia Brasileiro de Terapia Nutricional no paciente grave (2023) é uma publicação da BRASPEN que aborda os princípios e recomendações de Terapia Nutricional no paciente grave parenteral. A Diretriz da BRASPEN é baseada em evidências e foi preparada por um grupo de especialistas, apresen- tando 56 questões específicas, de relevância para a prática da terapia nutricional no paciente grave. As respostas agregam um conjunto de recomendações desenvolvidas para ajudar os profissionais de saúde na tomada de decisões, indicando os níveis de evidência seguindo as condutas do sistema GRADE. A Di- retriz aborda questões que vão desde a triagem e diagnóstico nutricional no paciente grave até a terapia nutricional em situações específicas, como cirúrgicos, queimados ou pancreatite, por exemplo. Ela também apresenta um quadro com a lista das recomendações. Fonte: https://www.braspen.org/_files/ugd/6ae90a_3e47ce9b0a7844999c5e402c04aae2f4.pdf https://www.braspen.org/_files/ugd/6ae90a_3e47ce9b0a7844999c5e402c04aae2f4.pdf 25BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 A dietoterapia desempenha um papel fundamental no tratamento e recuperação de pacientes hospitalizados. A compreensão de cada uma dessas bases da dietoterapia se torna essencial para garantir a oferta adequada de nutrientes e a promoçãoda saúde do paciente. Tanto as dietas hospitalares quanto a terapia enteral e parenteral desempenham um papel importante nesse contexto. As dietas hospitalares são planejadas de acordo com as necessidades individuais do paciente, considerando sua condição clínica, estado nutricional e possíveis restrições alimentares. Essas dietas podem variar desde a oferta de dieta oral regular até a utilização de dietas especiais, como a dieta líquida, dieta pastosa, dieta restrita em sódio, entre ou- tras. A adequação e o equilíbrio dos nutrientes nessas dietas são essenciais para suprir as necessidades do paciente, auxiliar na recuperação e evitar complicações nutricionais. Nesse sentido, não podemos esquecer que a terapia enteral é uma modalidade de nutrição que envolve a administração de nutrientes diretamente no trato gastrointestinal, seja por via oral ou por sondas nasogástricas, nasoenterais ou gastrostomias. A escolha da formulação enteral adequada, levando em consideração as necessidades nutricionais específicas, é fundamental para garantir a eficácia dessa terapia. E por último, nessa unidade tão importante, você também aprendeu sobre a terapia parenteral, a qual é utilizada quando o trato gastrointestinal está comprometido ou quando a ingestão oral ou enteral não é possível ou suficiente para atender às necessidades nutri- cionais do paciente. Fascinante não é mesmo?! A riqueza que a nutrição nos proporciona através da Dietoterapia. Em resumo, a dietoterapia é uma ferramenta essencial no cuidado hospitalar, buscando suprir as necessidades nutricionais dos pacientes. A escolha adequada das die- tas hospitalares, a utilização adequada da terapia enteral e parenteral, e o monitoramento regular dos pacientes são aspectos cruciais para o sucesso da terapia nutricional e contri- buem para a melhoria do estado nutricional e a recuperação dos pacientes. Espero vocês na próxima unidade!!!! CONSIDERAÇÕES FINAIS MATERIAL COMPLEMENTAR 26BASES DA DIETOTERAPIAUNIDADE 1 FILME/VÍDEO • Título: Nutrição Humana - e o estado metabólico │ Um Docu- mentário Sobre Dieta Cetogênica • Ano: 2018 • Sinopse: Você não pode se esconder do câncer. Ela toca cada um de nós de uma forma ou de outra. Enquanto a marcha contínua para encontrar uma cura, mais de 4.600 pessoas por dia - só nos EUA - recebem um diagnóstico de câncer. E se você ou um ente querido se tornar uma estatística? E se você descobrisse que há algo que você pode fazer - agora mesmo - para retomar o controle? Entre na dieta cetogênica. O conceito de comida como remédio não é novidade. O que é diferente agora é que a pesquisa do câncer nos deu uma apreciação mais profunda das mudanças que impulsionam o câncer no nível celular. Esta informação dá a cada um de nós a oportunidade de moldar a indiferença à dieta em um novo paradig- ma para o tratamento do câncer que se estende além das paredes da clínica. Miriam Kalamian é consultora de nutrição, educadora e autora especializada na implementação de terapias cetogênicas. Ela obteve seu mestrado em educação (EdM) pelo Smith College e seu mestrado em nutrição humana (MS) pela Eastern Michigan University. Ela é certificada em nutrição (CNS) pelo Conselho de Certificação de Especialistas em Nutrição. Esta palestra foi dada em um evento TEDx usando o formato de conferência TED, mas organizado de forma independente por uma comunidade local. • Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=h-9_VAOh4sQ LIVRO • Título: Nutrição Oral Enteral e Paraenteral na Prática Clinica • Autor: Dan Waitzberg • Editora: Atheneu • Sinopse: Nutrição Oral, Enteral e Parenteral na Prática Clínica tem uma didática marcada pela sua integração dos cuidados nu- tricionais na prevenção e manutenção da saúde sob a ótica da equipe multiprofissional. Essa edição em especial tem um enfoque muito especial em idosos, terapia nutricional do câncer e terapia nutricional em cirurgia. Das novas disciplinas, deu-se ênfase à par- te de prebióticos e probióticos. Casos clínicos ilustrativos também foram acrescentados. Assinala-se, ainda, a produção de capítulos muito particulares e que exprimem pontos de vista de eminentes autoridades mundiais nesses temas. https://www.youtube.com/watch?v=h-9_VAOh4sQ . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Dietoterapia no paciente obeso • Síndrome Metabólica • Dietoterapia do paciente diabético Objetivos da Aprendizagem • Compreender os princípios da dietoterapia no tratamento da obesidade; • Identificar as recomendações nutricionais específicas para o paciente obeso; • Reconhecer os principais critérios diagnósticos e componentes da síndrome metabólica; • Conhecer as estratégias de intervenção dietética para o manejo da síndrome metabólica; • Entender os princípios básicos da dietoterapia no manejo do diabetes mellitus. • Conhecer as recomendações nutricionais específicas para o paciente diabético. • Aprender sobre o controle da glicemia por meio da alimentação adequada, considerando a contagem de carboidratos, o índice glicêmico e a distribuição adequada dos macronutrientes.. Professor(a) Esp. Verônica Graciela Rapcinski DIETOTERAPIA DIETOTERAPIA NA OBESIDADENA OBESIDADE2UNIDADEUNIDADE INTRODUÇÃO 28DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 Olá, caro (a), aluno (a). Seja bem-vindo à segunda unidade da disciplina. Nesta unidade, você aprenderá que a Dietoterapia desempenha um papel fun- damental no manejo de condições de saúde como a obesidade, síndrome metabólica e diabetes mellitus. Essas condições estão cada vez mais presentes na sociedade moderna e apresentam um desafio significativo para a saúde pública. A Dietoterapia no paciente obeso é voltada para a redução do excesso de peso corporal e a promoção de um estilo de vida saudável. A abordagem terapêutica baseia-se na modificação dos hábitos alimentares, incluindo a redução do consumo calórico, a esco- lha de alimentos com qualidade nutricional adequada e a prática regular de atividade física. Já na Síndrome Metabólica, observamos um conjunto de fatores de risco que au- mentam a probabilidade de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e diabetes tipo 2. Nesse contexto, a dietoterapia desempenha um papel importante no controle desses fatores de risco, através da adoção de uma alimentação balanceada, rica em fibras, com baixo teor de gorduras saturadas e açúcares, e a promoção de um estilo de vida saudável. Também veremos a dietoterapia do Paciente Diabético, que tem como objetivo principal o controle da glicemia e a prevenção de complicações relacionadas ao diabetes mellitus. A alimentação adequada é fundamental para o manejo dessa condição, envolven- do o controle da quantidade e distribuição dos carboidratos, além do monitoramento dos níveis de glicose no sangue. A educação alimentar, aliada a uma alimentação equilibrada e à prática de atividade física, são estratégias fundamentais para o controle do diabetes e a melhora da qualidade de vida dos pacientes. Bons Estudos!!!!! 29DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 DIETOTERAPIA NO PACIENTE OBESO1 TÓPICO A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivode gordura corporal, que pode levar a complicações sérias, como diabetes, doenças car- diovasculares e problemas articulares. Também é necessário considerar a distribuição dessa gordura corporal, pois o acúmulo na região abdominal é um fator de maior risco de morbidade (CUPPARI, 2014). Atualmente, a prevalência de excesso de peso e obesidade tem aumentado de forma alarmante em diversos países. Na esfera mundial, entre 1980 e 2014, o número de obesos mais que duplicou. Com esse aumento da prevalência de obesidade, é pos- sível comprovar uma enorme mudança comportamental que tem ocorrido nas últimas décadas, principalmente em fatores como alimentação inadequada e sedentarismo (ROSSI, 2019). Existem diferentes maneiras de mensuração da obesidade, sendo o índice de massa corporal (IMC) o principal indicador na avaliação do estado nutricional em adul- tos. Segundo a classificação da Organização Mundial de Saúde (OMS), proposta em 1995, valores maiores ou iguais a 25 kg/m2 indicam excesso de peso e valores maiores ou iguais a 30,0 kg/m2 caracterizam obesidade. 30DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 FIGURA 1: ETIOLOGIA DA OBESIDADE Fonte: ROSSI (2019). Além disso, outros fatores são relevantes como gênero, idade, predisposição ge- nética e alterações hormonais que influenciam na propensão em armazenar gordura no compartimento visceral (ROSSI, 2019). 1.1 Formas Clínicas da Obesidade: A obesidade é uma condição complexa que pode se apresentar em diferentes formas clínicas. Essas formas clínicas da obesidade são baseadas em características específicas relacionadas ao padrão de distribuição de gordura ou segmento corpóreo que predomina, assim como ao metabolismo e às comorbidades associadas. Aqui estão algu- mas das formas clínicas mais comuns da obesidade: Obesidade Andróide (troncular ou central): o acúmulo de gordura ocorre princi- palmente na região abdominal, conferindo ao indivíduo uma aparência de “maçã”. Esse tipo de obesidade está associado a um maior risco de desenvolvimento de doenças cardiovas- culares, diabetes tipo 2 e dislipidemia (CUPPARI, 2014). Obesidade Ginóide (periférica): a gordura tende a se acumular nas coxas, qua- dris e nádegas, conferindo ao indivíduo uma aparência de “pera”. A obesidade ginecoide está associada a um menor risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares em comparação com a obesidade andróide. Apresenta um risco maior de artroses e varizes (CUPPARI, 2014). Generalizada: Nessa forma clínica, o excesso de gordura corporal está distribuí- do de forma mais uniforme pelo corpo, sem uma predominância em regiões específicas. Embora não haja uma concentração excessiva de gordura em uma área específica, a 31DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 obesidade generalizada ainda está associada a riscos para a saúde, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes e outras comorbidades relacionadas à obesidade. 1.2 Pregas cutâneas: Essas medidas são úteis para determinar os depósitos de gordura subcutânea. Os locais que mostram melhor a adiposidade são: triciptal, bicipital, subescapular, supra-ilíaca e parte superior da coxa (CUPPARI, 2014). 1.3 Comorbidades: A obesidade é uma condição de saúde complexa que está associada a várias comorbidades, ou seja, doenças ou condições médicas adicionais que podem ocorrer em conjunto com a obesidade. Essas comorbidades podem ser tanto cau- sadas pela obesidade como contribuir para o desenvolvimento e agravamento dela. Entre as mais comuns estão: • Risco Cardiovascular; • Dislipidemia; • Diabetes; • Resistência à Insulina e Hipertensão arterial; • Síndrome Metabólica. 1.4 Tratamento Nutricional: O tratamento da obesidade é complexo, multiprofissional, envolve mudança comportamental, intervenção dietética e exercício físico. Tendo a redução do conteúdo de gordura corporal como propósito de melhorar a saúde e reduzir o risco de complicações associadas à doença (ROSSI, 2019). O tratamento dietoterápico desempenha um papel fundamental na gestão da obesidade, visando a redução do peso corporal de forma saudável e sustentável. Esta abordagem inclui estratégias dietéticas específicas, que podem variar de acordo com as necessidades e características de cada indivíduo. Um estudo conduzido por Carneiro et al. (2018) avaliou a eficácia de diferentes abordagens dietoterápicas no tratamento da obesidade. Os resultados indicaram que dietas com restrição energética, baseadas em uma redução moderada no consumo de calorias, têm demonstrado ser eficazes na promoção da perda de peso e na melhoria dos fatores de risco associados à obesidade. A escolha adequada dos macronutrientes também desempenha um papel impor- tante no tratamento dietoterápico da obesidade. Estudos tem demonstrado que dietas com um maior teor de proteínas foram mais eficazes na redução do peso corporal e na preser- 32DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 vação da massa magra, quando comparadas a dietas com proporções convencionais de macronutrientes (MOREIRA, 2017). Assim como a inclusão de alimentos ricos em fibras, como frutas, legumes e cereais integrais, tem sido associada a uma maior saciedade e controle do apetite. Estudos tem destacado os benefícios das fibras dietéticas na gestão do peso corporal, enfatizando sua capacidade de promover a perda de peso e melhorar os fatores de risco cardiometabólicos em indivíduos obesos (PEREIRA, 2015). 1.5 Princípios de atenção nutricional do obeso A atenção nutricional e dietética abrange: • Avaliação do estado nutricional, para determinação de diagnóstico nutricional e das necessidades calóricas e nutricionais do paciente; • Desenvolver o plano nutricional; • Trabalhar com educação nutricional que associam saúde e alimentação; • Avaliar a eficiência da intervenção aplicada (CUPPARI, 2014). Durante a avaliação nutricional é necessário identificar riscos nutricionais, buscar intercorrências clínicas, realizar a antropometria, avaliação clínica e dos dados bioquímicos. Verificar se o paciente apresenta comorbidades, determinar o grau de obesidade, o tipo de distribuição da gordura corporal. Assim como mudanças recentes no peso, intolerâncias alimentares, interação droga-nutriente, se existe a presença de transtornos alimentares, outros sintomas como dispepsia, constipação intestinal entre outros (CUPPARI, 2014). Nesse contexto, ao desenvolver o plano nutricional é importante definir metas e objetivos no tratamento aplicado. Lembrando que o objetivo é reduzir gordura corporal a um nível que traga melhora no estado de saúde, que tenha redução de riscos e melhora na qualidade de vida. Trabalhar com pequenas metas ponderais, como reduzir de 5 a 10% do peso atual. Sempre considerar a realidade individual de cada paciente, a atividade ocu- pacional, rotinas diárias, a disponibilidade financeira, para assim obter uma boa adesão ao tratamento (CUPPARI, 2014). 1.5.1 Plano de restrição energética moderada Realizar o cálculo do valor energético e reduzir progressivamente a ingestão entre 500 kcal e 1000 kcal/dia em relação ao valor que foi obtido durante a anamnese alimentar. Existe também a regra de bolso onde se fornece de 15 a 20 kcal/kg de peso atual/dia, que não seja inferior ao gasto energético basal (CUPPARI, 2014). 33DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 QUADRO 1: SUGESTÕES DE DISTRIBUIÇÃO ENERGÉTICA CHO 55 a 60% (sendo 20% de absorção simples) PTN 15 a 20% (não menos que 0,8g/kg de peso desejável) LIP 20 a 25, sendo 7% de gorduras saturadas, 10% de gorduras poli- -insaturadas e 13% de gorduras monoinsaturadas FIBRAS 20 a 30g/dia ÁLCOOL Não é aconselhável COLESTEROL Não mais que 300 mg/dia LÍQUIDOS 0,30mL x kg de peso SUGERIDO DISTRIBUIR EM PELO MENOS 6 REFEIÇÕES/DIA. 1.5.2 Outros planos alimentares De baixo valor energético trabalhando com 800 e 1200 kcal ou 10 e 19kcal/kg de peso desejável. É indicado quando após um determinado período utilizando um plano moderadonão houve redução de peso. De muito baixo valor calórico, utilizando 800 kcal/dia ou menos de 10 kcal/kg de peso desejável/dia. Indicado em obesidades maciças, diabetes descompensada, neces- sidade de rápida perda de peso, devendo aplicar por períodos curtos de 3 a 4 semanas (CUPPARI, 2014). 34DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 SÍNDROME METABÓLICA2 TÓPICO A síndrome metabólica é uma condição médica complexa caracterizada pela pre- sença simultânea de diversos fatores de risco metabólicos, como obesidade abdominal, resistência à insulina, hipertensão arterial, dislipidemia e alterações nos níveis de glicose no sangue. Esses fatores de risco aumentam o risco de desenvolvimento de doenças car- diovasculares, diabetes tipo 2 e outras complicações relacionadas à saúde. A Síndrome metabólica também conhecida como Síndrome “X”, apresenta: • Resistência à insulina; • Intolerância à glicose; • Hiperinsulinemia; • Aumento da lipoproteína de muito baixa densidade; • Diminuição de lipoproteína de alta densidade e hipertensão arterial. Sendo um aspecto comum desta síndrome a resistência à insulina, a obesidade central com acúmulo de gordura tanto visceral quanto abdominal e sua relação com a re- sistência à insulina, acaba sendo um fator importante para o desenvolvimento do diabetes tipo 2 e outras comorbidades associadas (CUPPARI, 2014). A definição e os critérios diagnósticos da síndrome metabólica podem variar depen- dendo das diretrizes e consensos adotados, o mais utilizado é considerar a presença de pelo menos três dos critérios acima citados. Recomendações dietéticas: o objetivo no tratamento dietético é melhorar a resis- tência insulínica (RI) junto a diminuição dos fatores de risco para doenças cardiovasculares. 35DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 A ingestão energética deve ser realizada visando a um peso corporal saudável, o qual seja em acordo com as necessidades diárias do indivíduo, lembrando de garantir o fornecimento dos macros e micronutrientes necessários em quantidades suficientes, que propicie uma perda de 5 a 10% do peso e previna sua recuperação, buscando sempre limitar o consumo de alimentos de alta densidade energética (ROSSI, 2019). Nesse contexto, é indicado a ingestão de carboidrato de 50 a 55% das calorias totais de forma a prevenir o diabetes, com ingestão de sacarose < 10% do VET. A quantidade total de carboidrato ingerida é importante, porém não podemos esquecer de avaliar a qualidade desse carboidrato, o qual terá associação com a resposta glicêmica (ROSSI, 2019). As dietas ricas em proteínas estão associadas a uma maior saciedade e, conse- quentemente, maior perda de peso, assim como menor concentração de triglicerídeos no plasma, e maior concentração de massa magra se comparada a dietas ricas em carboi- dratos. A recomendação é de uma ingestão proteica de 0,8 g a 1,0 g/kg peso atual/dia ou 15% das calorias totais, a qual corresponderá a duas porções pequenas de carne magra/ dia, que podem ser substituídas por leguminosas (soja, grão-de-bico, feijões, lentilha etc.) e duas a três porções diárias de leite desnatado ou queijo magro. É recomendado também o consumo de peixes, como a sardinha, devido à presença do ômega-3. (ROSSI, 2019). Lembrando que ao contrário dos ácidos graxos saturados, os ácidos graxos po- li-insaturados ômega-3 podem ser benéficos na Síndrome Metabólica, principalmente no tratamento da hipertrigliceridemia grave em pessoas com DM2. Os ácidos graxos monoin- saturados estão associados a melhor controle glicêmico e melhora nos fatores de risco para complicações diabéticas. A ingestão de gordura não deve ser superior a 30% do VET, devendo ser 10% ácidos graxos saturados, 10% ácidos graxos poli-insaturados e 10% ácidos graxos monoinsaturados (ROSSI, 2019). Recomenda-se a ingestão de 20 a 30g/dia de fibras. Manter níveis adequados de vitamina D, por que sua deficiência está associada ao aumento da síndrome metabólica e hipertensão. O uso de alguns polifenóis como resvera- trol traz a melhora da resistência insulínica e a epigalocatequina-3-galato encontrada nas uvas e chá verde melhora a tolerância à glicose. A alimentação é um fator muito importante na mudança, auxílio e prevenção do desenvolvimento da Síndrome Metabólica, onde a recomendação dietética adequada garante inúmeros benefícios ao paciente, tanto no trata- mento quanto na prevenção da Síndrome Metabólica (ROSSI, 2019). 36DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 DIETOTERAPIA DO PACIENTE DIABÉTICO3 TÓPICO O diabetes mellitus é uma doença crônica caracterizada pela elevação persistente dos níveis de glicose no sangue, devido à falta de produção ou à ação inadequada da insulina, um hormônio responsável pela regulação dos níveis de glicose no organismo. Existem diferentes tipos de diabetes, incluindo o diabetes tipo 1, o diabetes tipo 2 e o diabetes gestacional. Diabetes tipo 1: É uma forma de diabetes autoimune, na qual o sistema imunoló- gico ataca e destrói as células produtoras de insulina no pâncreas. Esse tipo de diabetes geralmente se desenvolve na infância ou na adolescência, e os pacientes dependem da administração diária de insulina para controlar os níveis de glicose no sangue. Diabetes tipo 2: É a forma mais comum de diabetes, responsável pela maioria dos casos. Nesse tipo, o corpo não consegue utilizar adequadamente a insulina produzida ou não produz insulina suficiente para atender às necessidades do organismo. O diabetes tipo 2 está fortemente associado ao excesso de peso, sedentarismo e maus hábitos alimenta- res. Pode ser controlado por meio de mudanças no estilo de vida, incluindo dieta adequada, atividade física regular e, em alguns casos, medicação oral ou insulina. Objetivos do Tratamento Dietético • Manter a glicemia mais próximo possível dos níveis de normalidade, balan- ceando a ingestão de alimentos com a insulina (endógena e exógena) ou hipo- glicemiantes orais; • Garantir que os níveis de lipídeos séricos estejam adequados; • Fornecer quantidade de energia suficiente para alcançar peso corporal ideal, o crescimento e desenvolvimento ideal de crianças e adolescentes; • Procurar prevenir e também tratar complicações como hipoglicemia, e outras doenças, assim como problemas que estejam relacionados ao exercício físico; 37DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 • Garantir a melhora da saúde através de nutrição equilibrada (CUPPARI, 2014). Terapia Nutricional O principal objetivo da terapia nutricional é auxiliar indivíduos com diabetes a manter a glicemia mais próxima possível da normalidade, dieta balanceada. É claro que a constân- cia é um dos fatores mais relevantes de um plano alimentar com controle glicêmico, sendo de extrema importância os horários das refeições, os alimentos ingeridos principalmente em relação a ingestão de carboidratos. No diabetes tipo 1: Integrar o plano alimentar com a terapia com insulina. Os pacientes que fazem uso de insulina devem realizar suas refeições em horários definidos, mantendo a consistência e que o tempo de ação da insulina tenha sincronia. Sendo possível fazer ajustes para compensar a quantidade de carboidratos e alterações nas quantidades alimentares. No diabetes tipo 2: Manter níveis normais de glicemia, lipídios séricos e pressão arterial. Geralmente, dietas hipocalóricas associadas com perda de peso trazem melhora no controle metabólico a longo prazo. Sugere-se a redução de 250 a 500 kcal/dia a menos que a dieta usual, um plano nutricionalmente adequado, com redução de gordura principalmente a saturada e claro aumento da atividade física. Lembrando que dietas hipocalóricas estão associadas ao aumento da sensibilidade à insulina junto da melhora de níveis de glicose san- guínea. O fracionamento da dieta é outra estratégia que deve ser utilizada (CUPPARI, 2014). Proteínas: 10 a 20% em relação ao valor energético total da dieta. Se acontecer o aparecimento de nefropatia a ingestão deve ser analisada, porém não inferiora 0,8 g/kg de peso. As proteínas podem ajudar a promover a saciedade e manter a massa muscular, mas é importante fazer escolhas saudáveis. Recomenda-se incluir fontes magras de proteínas, como carnes magras, peixes, aves, leguminosas e laticínios com baixo teor de gordura. Gorduras: Menos de 10% de gordura saturada, 10% ou menos de gordura poliin- saturada e o restante gordura monoinsaturada Carboidratos e adoçantes: Depende dos hábitos alimentares e objetivos quanto a glicemia e lipídios séricos. Cuidar na constância e quantidade de carboidrato durante o dia. Fibras: 25 a 30g tanto solúveis quanto insolúveis contribuem para o tratamento e prevenção (CUPPARI, 2014). Os carboidratos têm o maior impacto nos níveis de glicose no sangue. Recomen- da-se distribuir os carboidratos ao longo do dia, optando por fontes de carboidratos comple- xos, como grãos integrais, legumes, frutas e vegetais, em vez de carboidratos refinados. O monitoramento dos carboidratos consumidos e o controle das porções são essenciais para manter a glicemia dentro da faixa desejada. As fibras alimentares podem ajudar a controlar a glicemia, reduzir os níveis de colesterol e promover a saciedade. Recomenda-se incluir alimentos ricos em fibras, como grãos integrais, legumes, frutas, verduras e sementes. 38DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 Você sabia que a privação de sono pode causar aumento de peso (0.9 kg) em apenas uma semana? Fonte: Megacurioso, 2018 ( https://www.megacurioso.com.br/ciencia/110430-13-fatos-sobre-obesidade.htm) 10 FATOS QUE VOCÊ PRECISA SABER SOBRE A OBESIDADE A partir de 2013, a obesidade passou a ser considerada uma doença pela organização médica mais influen- te do mundo, a American Medical Association. Desde então, passou a ser listada na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID 10 – E66). A decisão causou controvérsia, pois parte da sociedade acredita que tratar a obesidade como doença au- menta o estigma associado aos indivíduos que convivem com essa condição. O objetivo desse reconheci- mento, no entanto, foi fortalecer o enfrentamento da obesidade como uma questão mundial de saúde. Independentemente de sua classificação, é consenso que a obesidade é uma condição de alta complexi- dade multicausal, influenciada por fatores biológicos, saúde mental, propensão genética, ambiente social, econômico, cultural e familiar, consumo de alimentos ultraprocessados e acesso aos cuidados em saúde. Fonte: https://blog.allcare.com.br/fatos-sobre-obesidade/ https://www.megacurioso.com.br/ciencia/110430-13-fatos-sobre-obesidade.htm https://blog.allcare.com.br/fatos-sobre-obesidade/ 39DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 Através da unidade estudada concluímos que a obesidade é uma condição de saúde preocupante, cuja prevalência tem aumentado significativamente em todo o mundo. Está associada a uma série de complicações e comorbidades, como diabetes, hipertensão, doenças cardiovasculares e síndrome metabólica. O tratamento da obesidade requer uma abordagem multidisciplinar, com destaque para a dieta, atividade física, modificação comportamental e, em alguns casos, intervenções médicas adicionais. Nesse contexto, a dietoterapia desempenha um papel fundamental no tratamento nutricional da obesidade, visando à perda de peso, melhora da composição corporal e controle dos fatores de risco associados. Uma dieta balanceada e saudável para o tratamento da obesidade deve incluir a redução do consumo de calorias, o controle adequado de macronutrientes, como carboi- dratos, gorduras e proteínas, o aumento do consumo de alimentos ricos em fibras, além de promover mudanças nos hábitos alimentares e estilos de vida. É importante ressaltar que cada indivíduo é único e a abordagem dietética deve ser personalizada, levando em consideração as características individuais, preferências alimentares e condições de saúde específicas. Em suma, o tratamento dietoterápico da obesidade desempenha um papel essen- cial na abordagem global dessa condição de saúde, auxiliando na perda de peso, melhora dos parâmetros metabólicos e na prevenção de complicações associadas. A adoção de hábitos alimentares saudáveis e a promoção de um estilo de vida ativo são fundamentais para alcançar resultados positivos no tratamento da obesidade. Até logo!!!!! CONSIDERAÇÕES FINAIS 40DIETOTERAPIA NA OBESIDADEUNIDADE 2 MATERIAL COMPLEMENTAR FILME/VÍDEO • Título: A Baleia • Ano: 2022 • Sinopse: Em A Baleia, seguimos um professor de inglês e seu relacionamento fragilizado com sua filha, Ellie. Charlie (Brendan Fraser) é um professor de inglês recluso, que vive com obesidade severa e luta contra um transtorno de compulsão alimentar. Ele dá aulas online, mas sempre deixa a webcam desligada, com medo de sua aparência. Apesar de viver sozinho, ele é cuidado pela sua ami- ga e enfermeira, Liz (Hong Chau). Mesmo assim, ele está sozinho, convivendo diariamente apenas com a culpa, por ter abandonado Ellie (Sadie Sink), sua filha hoje adolescente que ele deixou junto com a mãe Mary (Samantha Morton), ao se apaixonar por um ho- mem. Agora, ele irá buscar se reconectar com a filha adolescente e reparar seus erros do passado. Para isso, ele pede para que Ellie vá visitá-lo sem avisar sua mãe e ela aceita, com a única condição de que ele a ajude a reescrever uma redação para a escola. LIVRO • Título: Nutrição Comportamental • Autor: Alvarenga/ Figueiredo • Editora: Manole • Sinopse: Embora os temas nutrição e alimentação estejam cada vez mais em pauta, persiste uma visão restrita e dicotômica do “saudável e não saudável”, dos alimentos “bons ou ruins”, na qual o prazer em comer é muitas vezes associado à culpa. Esse contexto não promove a mudança de comportamento e não torna as pessoas mais saudáveis (como pode ser comprovado pelo aumento dos índices de doenças crônicas, transtornos alimentares e obesidade). A Nutrição Comportamental propõe que a Nutrição possa ser praticada de maneira mais holística, humana, inclusiva; que o ser humano seja sempre mais importante que o corpo huma- no, que a comida seja sempre valorizada antes do nutriente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Plano de Estudos • Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) • Dislipidemias • Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) • Insuficiência Cardíaca (IC) Objetivos da Aprendizagem • Conceituar e contextualizar as diferentes patologias cardiovasculares e a dietoterapia que contribui para evolução e melhora do quadro. • Compreender as bases fisiopatológicas através do estudo da dietoterapia em doenças cardiovasculares, incluindo os mecanismos subjacentes às doenças do coração e dos vasos sanguíneos. • Identificar os fatores de risco associados às doenças cardiovasculares, como o colesterol elevado, a hipertensão arterial, a obesidade, o diabetes e o tabagismo. • Permitir uma compreensão mais completa de como a dieta e alimentação podem influenciar o desenvolvimento e a progressão dessas doenças. Professor(a) Esp. Verônica Graciela Rapcinski DIETOTERAPIANAS DIETOTERAPIANAS DOENÇAS CARDIO-DOENÇAS CARDIO- VASCULARESVASCULARES UNIDADEUNIDADE3 42DIETOTERAPIANAS
Compartilhar