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1 Enfrentando os Interferentes em Bioquímica Clínica Fonte: Prof. Maísa Maria Silva Introdução Seção fácil e tranqüila? Reagente de má-qualidade? Equipamentos não-calibrados? Variações fisiológicas? Ação de medicamentos? Água reagente alterada? Variações de corrente elétrica? Falta de familiaridade com a metodologia? Muitos outros. 2 Objetivo Alertar os profissionais que atuam na área de Bioquímica Clínica sobre a ocorrência de tais problemas e o que fazer para minimizá-los, estabelecendo uma estratégia para enfrentá-los. Definindo Interferentes Todo e qualquer fator que provoque ou favoreça a ocorrência de alteração no resultado de um exame qualquer (drogas, alimentos, exercício, etc). É importante conhecer o grau de interferência e se este é de fato significativo sobre o resultado final, isoladamente ou em conjunto com outros fatores. 3 Ação dos Interferentes Fisiológica Surgem alterações metabólicas cujo resultado é um aumento do analito doseado, podendo causar consequentemente dúvidas em sua interpretação; Estresse ↑ Glicose; Dieta rica em proteínas ↑ Uréia. Ação dos Interferentes Química Alguns interferentes podem atuar sobre o reativo, provocando uma alteração na reação de doseamento que aumente ou diminua a leitura espectrofotométrica, conduzindo a um resultado errôneo. Ingestão de ácido ascórbico ↓ Glicose (GOD). 4 Ação dos Interferentes Física Muitas vezes a turvação de um soro lipêmico pode induzir a leituras espectrofotométricas elevadas e por conseguinte, resultados elevados. Pode-se contornar o problema usando-se um branco da amostra. Classificando os Interferentes Etapas analíticas Etapa Pré-Analítica -Registro do paciente; -Coleta da amostra; -Separação; -Armazenamento. Etapa Analítica -Processamento da amostra + reagente; - Leitura espectrofotométrica; -Cálculos; -Emissão de resultados. Etapa Pós-Analítica -Avaliação de resultados; -Elaboração do laudo; -Entrega do laudo ao paciente. 5 Agentes Interferentes Fase Pré-Analítica São vários fatores que nem sempre podem ser percebidos ou determinados pelo laboratório, pela simples razão de que na grande maioria dos casos a fonte é o próprio paciente e suas relações com o meio em que vive e outras, de causas sociais, econômicas e educacionais. Agentes Interferentes - Dieta Jejum prolongado (>24 horas) Efeito: ↑ Bilirrubinas (até 240% em 48 h de JJ); ↑ Triglicérides; ↓ Glicose JJ; ↓ PT. 6 Agentes Interferentes - Dieta Jejum Abreviado Efeito: Carboidratos: ↑ glicose e triglicérides; Gorduras: ↑ lipídios e fosfatase alcalina; Purinas: ↑ ácido úrico; Proteínas: ↑ uréia; Café: ↑ glicose. Agentes Interferentes - Etanol Efeito: ↑ AST, ALT, DHL, CPK, GGT, FAL, etc. ↑ Ácido úrico, ↑ Triglicérides; ↑ Colesterol HDL; ↓ uréia. 7 Agentes Interferentes - Exercício Efeito Transitório: ↑ ALT; ↑ Glicose; ↑ PT. Efeito a Longo Prazo: ↑ CPK, Aldolase, AST, DHL. Agentes Interferentes - Drogas Efeitos: Analgésicos: ↑ AMILASE, FAL, AST, ALT, etc. ↓ Albumina. Anticoncepcionais orais: ↑ AMILASE, FAL, AST, ALT, etc. ↑ Colesterol Total, Triglicérides, LDL. ↓ PT, Albumina. 8 Agentes Interferentes - Drogas Efeitos: Ácido ascórbico (alterações in vitro): ↓Glicose; ↓Colesterol total; ↓Frutosamina. Corticoesteróides: ↑ Triglicérides, Colesterol total; Agentes Interferentes - Postura Efeitos: Posição Decúbito ↓ PT; ↓ Cálcio; ↓ Bilirrubinas; ↓ Ferro; ↓ Colesterol total e Triglicérides. 9 Agentes Interferentes - Estase Efeitos: ↑ PT; ↑ Cálcio; ↑ Bilirrubinas (8%); ↑ Colesterol total (5%), Triglicérides; ↑ Ferro (6%); ↑ AST (10%). Agentes Interferentes - Anticoagulantes Efeitos: Citrato de sódio ↓ Cálcio; ↓ Amilase; ↑ Sódio. Oxalato de Potássio ↓ Amilase, DHL, FAL, etc. ↑ Potássio. 10 Agentes Interferentes - Anticoagulantes Efeitos: EDTA ↓ Cálcio; ↓ Amilase; Fluoreto ↓ Uréia. Heparina ↑ Lipase; ↑ Hemoglobina Glicosilada. Agentes Interferentes - Hemólise Efeitos: ↑ PT e Albumina; ↑ Ferro; ↑ Cálcio; ↑ AST, DHL, Aldolase, FAL, etc. ↑ Bilirrubinas; ↓ Lipase. 11 Agentes Interferentes - Icterícia Efeitos: ↑ PT e Albumina; ↑ Glicose ↑ Colesterol total Muitos destes efeitos podem ser minimizados através do branco da amostra. Agentes Interferentes – Lipemia (Trig>400mg/dL) Efeitos: ↓ Ácido úrico (uricase); ↓ Uréia (urease); ↑ Albumina (VBC); ↑ Cálcio (O-Cresolftaleína); ↑ P (Molibdato). Muitos destes efeitos podem ser minimizados através do branco da amostra. 12 Agentes Interferentes – Separação e Preparo da Amostra Ocorrência de hemólise; Troca de amostras; Perdas por evaporação (↑TA >Evaporação); Alcalinização das Amostras (↓Fosfatase Ácida); Plasma em contato com hemácias (↓Glicose); Exposição direta da luz (↓Bilirrubinas e CPK); Armazenamento entre 2-8ºC (↓DHL). Agentes Interferentes Fase Analítica ou Instrumental São as várias fases da execução dos exames. 13 Agentes Interferentes – Vidraria Contaminada Contaminantes Resíduos, Detergentes e Poeira: ↑ Cálcio; ↑ Magnésio; ↑ Ferro. Estes efeitos podem ser minimizados através da lavagem da vidraria com HCl a 50% e também através do CQ da vidraria. Agentes Interferentes – Problemas nos Reagentes Vidraria de armazenagem contaminada; Introdução de pipetas contaminadas nos reagentes; Reagentes expostos a luz direta por armazenagem inadequada (frascos claros); Reagente exposto a contaminantes do ar e/ou temperaturas elevadas; Uso de água destilada ou deionizada de má-qualidade; Problemas de temperatura na armazenagem; Uso de reagentes além do vencimento. 14 Agentes Interferentes – Pipetagem de Amostras Pipetadores automáticos descalibrados; Ponteiras plásticas reaproveitadas; Estes efeitos podem ser minimizados através do CQ das pipetas e do uso de ponteiras não reaproveitadas ou realizar um controle rigoroso das ponteiras a serem reutilizadas. Agentes Interferentes – Problemas de Equipamentos Lâmpadas de espectrofotômetro com falhas na emissão de luz em alguns espectros (UV); Problemas de sujeiras em monocromadores e outros componentes ópticos do espectrofotômetro; Ocorrência de bolhas em sistemas automáticos de aspiração de amostra e reagentes; Temperaturas dos incubadores (BM) inadequadas por falhas em termostato; Variações de corrente elétrica. Estes efeitos podem ser minimizados através do CQ. 15 Agentes Interferentes – Fatores Humanos Profissional especializado para a área; Familiaridade com as metodologias; Realização de cursos/especializações específicas; Educação continuada. Agentes Interferentes Fase Pós-Analítica Os fatores interferentes pós-analíticos compreendem basicamente erros de digitação de resultados, cálculos dos mesmos, e outros. 16 Estratégias para Enfrentar os Interferentes Padronizar os procedimentos analíticos, prevendo inclusive metodologias empregadas, fornecedores de materiais, controles, técnicas de coleta, etc., elaborando-se POPs escritos de todas as rotinas; Treinar a equipe para torná-la apta a reconhecer rapidamente a ocorrência de um problema qualquer e adotar medidas para sua pronta resolução; O laboratório deve dar ênfase a programas permanentes de treinamento, dentro de sua realidade e com abrangência a todos os funcionários. Estratégias para Enfrentar os Interferentes Uso de amostras de controle para garantir a aferição da qualidade de desempenho analítico global, preferencialmente os programas externos de qualidade; Ao receber o cliente, realizar um levantamento aonde conste ocorrência de doenças crônicas (diabetes,hipertensão, câncer, etc.), consumo de medicamentos de uso crônico, tabagismo,etilismo ou outros dados que possam ter relevância; 17 Estratégias para Enfrentar os Interferentes Estabelecer um programa permanente de manutenção dos equipamentos seguindo diretrizes do POPs; O laboratório deve ter à disposição de seus clientes as instruções para coleta dos exames por escrito, aonde constem informações relevantes que conduzam a uma minimização de efeitos interferentes; Manter reuniões periódicas do corpo técnico para avaliação de qualidade e checagem de desempenho. Quando Surge a Suspeita de Interferência Queixa do médico ou do próprio paciente sobre o resultado, normalmente comparando-se com um dado anterior ou com o histórico clínico; Repetindo-se uma dosagem com nova amostra, obtém- se um resultado discordante; Os mapas de controle apresentam flutuações significativas constantemente; Resultados anormais surgem aleatoriamente em um mesmo dia e até mesmo em uma mesma bateria de testes. 18 Conclusões Um exame laboratorial não expressa algo matematicamente exato, sujeita-se a fatores interferentes dos mais diversos; É importante que o profissional esteja consciente e alerta a respeito de erros e interferências; As estratégias para se contornar o problema são extremamente simples, não dispendiosas, requerendo basicamente boa vontade em sua aplicação, e na realidade, deveriam fazer parte da rotina do laboratório. Contato Maisa.cbb@ucg.br
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