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* Fisioterapia nas Lesões Nervosas Periféricas MMSS e MMII Prof. Taciana Larré * * Disposição dos Nervos Os nervos possuem fibras nervosas dispostas em fascículos (funículos) Os diversos fascículos formam o tronco nervosos Epineuro Perineuro Endoneuro * * * * * Tipos de Lesão Nervosa As lesões nervosas por forças mecânicas, como compressão, tração ou transecção são classificadas de acordo com alterações microscópicas do nervo e do seu tecido de sustentação * Tipos de Lesão Nervosa As classificações usadas são as desenvolvidas por Seddon e Sunderland Neuropraxia Axonotmese Neurotmese * Tipos de Lesão Nervosa Neuropraxia Tração/isquemia comoção ou compressão do nervo --. Bloqueio de condução Perda temporária e funcional do nervo, sem descontinuidade anatômica Principais alterações se verificam na bainha de mielina da região paranodal nas fibras de maior calibre Clinicamente: paralisia motora, hipoestesia ou anestesia tátil e alterações na propriocepção com preservação da sensibilidade dolorosa e térmica (conduzidas por fibras mais finas) * Tipos de Lesão Nervosa Neuropraxia Bloqueio da condução nervosa com estímulo acima da lesão, mas a estimulação abaixo da lesão produz potencial evocado em qualquer tempo após a lesão Não há sinais eletromiográficos de desnervação (fibrilação e ondas positivas) após 20 dias de evolução Recuperação funcional pode acontecer em horas , nos casos mais graves em semanas, completa em até 3 meses * Tipos de Lesão Nervosa Axonotmese Há interrupção total do axônio e de sua bainha de mielina com preservação do tecido de sustentação (perineuro e endoneuro) Pressão prolongada ou recidivante degeneração ou ruptura dos axônios degeneração Walleriana Ocorre degeneração Walleriana no coto distal, mas o tecido conjuntivo propicia uma orientação para que a regeneração do nervo atinja o orgão efetor Sintomatologia similar a encontrada na neurotmese * Tipos de Lesão Nervosa Axonotmese Perda variável da função sensitiva , motora e simpática Pode ocorrer arreflexia , atrofia muscular Sinais EMG de desnervação surgem em 2 a 3 semanas após a lesão Recuperação ocorre por regeneração axonal de proximal para distal, e as estruturas mais próximas ao local da lesão recuperam-se primeiro A recuperação do axônio sensitivo pode ser acompanhada de sensação de choques e parestesias na percussão do trajeto do nervo lesado (sinal de Tinel) * Tipos de Lesão Nervosa Neurotmese Completa interrupção do nervo com perda da continuidade anatômica do tecido conjuntivo (corte do axônio, célula de Schwann e Bainha de mielina) As lesões são geralmente do tipo estiramento (violenta força de tração), lacerações (fraturas, luxações), por projéteis ou tecido cicatricial exuberante – impede a regeneração do nervo, Clinicamente difícil distinguir axonotmese de neurotmese * * Tipos de Lesão Nervosa Neurotmese Achados clínicos: paralisia flácida, arreflexia, alterações vasomotoras, sudomotoras e tróficas Diagnóstico diferencial entre a neurotmese e axonotmese é importante para definir a conduta (neurotmese é cirúgica e axonotmese é conservadora) * Tipos de Lesão Nervosa Neurotmese Estudos EMG são importantes. Até 72h após a lesão tanto na neurotmese, quanto na axonotmese o coto distal estará com condução motora preservada. Em oito semanas pode-se realizar o diagnóstico diferencial * Tipos de Lesão Nervosa Neurotmese A regeneração é improvável, pois o brotamento acontece aleatoriamente, necessidade de sutura do nervo Formação de neuroma (fibroma) Prognóstico depende da aposição das pontas dos nervos * Potencial de recuperação Dependente de: Extensão ou tamanho da falha Causa da lesão Idade do paciente Tipo de nervo Distância entre o ponto de lesão e local da inervação Tempo de atraso desde a lesão até o reparo Proximidade com o corpo celular do neurônio Obs. A velocidade de crescimento é de 1 a 8 mm por dia, torna-se cada vez menor à medida que se distancia do corpo celular * * Fibras dos nervos espinhais Fibras motoras somáticas Fibras motoras vegetativas Fibras sensitivas somáticas Fibras sensitivas vegetativas * Lesões: sinais e sintomas Das fibras motoras somáticas: Paresia, hipotonia e hiporreflexia Das fibras motoras viscerais: Pele seca, lisa, brilhante e vermelha Das fibras sensitivas somáticas: - Subjetivo: dor, parestesias (formigamento, queimação, etc) e dormência (hipoestesia) - Objetivo: hipoestesia ou anestesia geral Das fibras sensitivas viscerais: - Subjetivo: Dor e plenitude visceral - Objetivo: Nada * Lesão de Nervo Periférico Membro superior PLEXO BRAQUIAL Lesões parciais Lesões completas * Plexo Braquial Definição O plexo braquial é um conjunto de 5 raízes nervosas que saem da medula ao nível da região cervical, pescoço, para formarem todos os nervos que dão movimentos aos membros superiores. Essas raízes se misturam entre si terminando nos principais nervos do membro superior O plexo braquial passa por baixo da clavícula * * Plexo Braquial Localização * Plexo Braquial Localização * Plexo Braquial Etiologia A grande maioria das lesões do plexo braquial são de natureza traumática: acidente de via pública, moto, lesão por ferimentos com objetos pérfuro cortantes e armas de fogo Pode-se ter lesão do plexo braquial na ocasião do parto (PBO) * Plexo Braquial Etiologia * Plexo Braquial Etiologia * Plexo Braquial Lesões parciais L.B. Superior Paresia do Deltóide e Flexores do ombro (região mais proximal) Hipoestesia da face externa do braço, antebraço e mão L.B. Inferior Hiposensibilidade da borda interna do braço, antebraço e mão * Plexo Braquial Lesões completas Todos os músculos do membro superior, menos o trapézio Anestesia da parte medial do braço Membro pendente, em rotação interna, subluxação da cabeça umeral, depressão do ombro, pronação da rádio-ulnar, desvio ulnar * * * Órtese Ombreira * Nervo Ulnar Fratura do epicôndilo medial, artrose do cotovelo, Hanseníase Supre : cubital anterior, flexor profundo dos dedos, mm hipotenares, interósseos, lumbricais, flexor curto do polegar, abdutor longo do polegar * * Nervo Ulnar Nervo Ulnar - formado por fibras provenientes de C8 e T1. No antebraço inerva uma parte do músculo que flexionam os dedos anular e mínimo e um tendão que ajuda a flexionar o punho. Na mão é responsável pela quase totalidade dos músculos intrínsecos, pequenos músculos responsável pelos movimentos de aduzir e abduzir os dedos e outros movimentos delicados. Seu território sensitivo é a outra metade do dedo anular e o dedo mínimo * Deformidade - Nervo Ulnar Mão em garra por hiperextensão das MCF e flexão das IF dos anulares e mínimos Perda sensorial do mínimo e metade do anular * Deformidade - Nervo Ulnar * Nervo Mediano Deslocamentos do ombro, feridas perfurantes do braço e compressão por torniquetes ou dificuldade deste sob o ligamento anular Supre: - Pronador redondo e quadrado - Flexor radial do carpo - Palmar longo - Flexor superficial e flexor profundo dos dedos - Flexor curto do polegar - 1º e 2º lumbricais Perda da sensibilidade do lado externo da face palmar, dedos indicador , médio e polegar * * Nervo Mediano Nervo Mediano - formado por fibras provenientes de C6 a T1. Responsável pelos músculos que fecham o punho e os dedos, localizados no antebraço e também chamados músculos extrínsecos, fora da mão e músculos intrínsecos, dentro da mão. O seu território sensitivo é o mais importante - polegar, indicador, médio e a metade do anular * Deformidade - Nervo Mediano Deformidade do punho Mãosimiesca Eminência tenar achatada Polegar aduzido Dedos estendidos (indicador e médio) * Deformidade - Nervo Mediano * Tratamento Suturas dos nervos ulnar e mediano Imobilização com tala de gesso por 3 semanas Movimentação ativa livre de outras articulações Movimentação passiva permitida, inicialmente Após 6-8 semanas: massagem profunda, movimentos resistidos, FNP com rotação externa Mobilização neural Terapia ocupacional Órteses Estimulação Sensório-Motora * Nervo Radial Compressão do nervo sobre o osso ao dormir com a cabeça apoiada no braço, braços estendidos sobre as costas de um banco, Fraturas do úmero Supre: - Supinadores - Radiais Perda da sensibilidade na 1ªfalange do polegar, 1º espaço interósseo * Nervo Radial Nervo Radial - formado por fibras provenientes de C5 a T1, ou seja, todas as raízes que formam o plexo braquial. O maior contigente de suas fibras é em C7, por isso uma paralisia de extensão do punho e dos dedos se diz de C7. Inerva todos os músculos extensores, fazem extensão do punho e dos dedos. É responsável pela sensibilidade de parte do dorso da mão. * * * Deformidade - Nervo Radial Deformidade causada é conhecida como punho caído (carpoptose) – punho cai em flexão de aproximadamente 45°(ação dos flexores do punho não é resistida pelos extensores do punho) Preensão ruim – pela ausência da ação estabilizadora dos extensores do punho * Deformidade - Nervo Radial * * TRATAMENTO Suturas do nervo radial Imobilização com tala de gesso ou tipóia por 3 semanas Movimentação ativa livre de outras articulações Movimentação passiva permitida, inicialmente Após 6-8 semanas: massagem profunda, movimentos resistidos, FNP Estimulação Sensório-Motora Mobilização neural Terapia ocupacional Órteses Tratamento baseado numa boa avaliação da função motora e sensitiva e das AVDs e respeitar fases no pós-cirúrgico Estesiometria, Goniometria * Lesão de Nervo Periférico Membro inferior Nervo Ciático Nervo Fibular comum Nervo Tibial * * Nervo Ciático Ferimento na pelve, luxação do quadril Lesão completa – paralisia dos músculos pelvitrocantéricos, distais do joelho Déficit sensitivo na face lateral da perna e dorso do pé * Nervo Ciático * Nervo Fibular Comum Paresia dos movimentos de dorsiflexão (Tibial anterior), eversão (fibulares), e extensão dos artelhos (extensor longo do hálux e longo e curto dos dedos) Goteira usada a noite para manter a dorsiflexão a 90° e tornozelo neutro Mola de Codeville – auxilia na dorsiflexão - Indicação: paralisia do músculo tibial anterior (pé caído) - Acoplada a palmilha ou sapatilha - Permite o uso com calçados comuns - Excelente resultado funcional * * * Mola de Codeville * Nervo Tibial Fraturas fragmentadas ou com angulação dorsal na transição do terço proximal com o médio podem comprimir o nervo tibial, lesões na fossa poplítea(rara, interrupção completa) Continua como nervo tibial posterior Supre: -todos os flexores plantares (gastrocnêmio e sóleo) -flexores do pé Quadro clínico:- deformidade em calcâneo valgo do pé, paralisia de todos os flexores do pé, dos artelhos e de todos os pequenos músculos do pé(exceto extensor curto do hálux) - déficit sensitivo na região posterior da perna, calcanhar, região plantar e borda lateral do pé Uso de órtese para melhorar posicionamento * Tratamento Fisioterapêutico Fase de Pós-operatório Gesso por 2-3 semanas – evita estiramento dos nervos Elevação dos membros – previne edema Cinesioterapia para manutenção das ADMs Órtese para o pé caído e pé calcâneo * Tratamento Fisioterapêutico 2ª fase Manter circulação adequada para todo o membro Controlar a dor Manter e/ou recuperar a amplitude passiva de movimento Manter a função dos músculos não afetados e estimular a dos lesados Atividade em elevação + massagem US ao redor das cicatrizes e TENS Facilitação neuromuscular proprioceptiva Aporte sensorial Uso de talas tanto para evitar deformidades quanto para uso funcional * Mobilização Neural Neurodinâmica A Neurodinâmica é essencialmente a aplicação clínica da mecânica e fisiologia do sistema nervoso, como elas se relacionam entre sí e são integradas à função músculo-esquelética * Mobilização Neural Neurodinâmica Aumenta a mobilidade do tecido neural Aumenta o fluxo sangüineo / modulação da dor Aumenta o fluxo axoplasmático – fluxo axoplasmático é bidirecional Aumenta a condução neural Diminui a inflamação * Mobilização Neural Neurodinâmica Abordando o sistema nervoso periférico, basicamente as raízes nervosas, até a sua enervação na periferia. O paciente pode apresentar dois tipos de problemas neurais. O primeiro é quando o nervo é danificado por compressão ou por um trauma direto, provocando até uma secção. A compressão é o problema menos comum do que a secção. O que mais observamos é a inflamação neural, trazendo como conseqüência a neurite * Efeitos da Mobilização Neural Manter boa circulação para o tecido nervoso, o qual é influenciado por mudanças de pressão Pressão mantida de 1-2 h no nervo = 8h até 7d para recuperar o fluxo axoplasmático * Tensionadores Neurodinâmicos É um teste neurodinâmico que produz aumento de tensão em estruturas neurais. Ele depende da viscoelasticidade natural do SN e não ultrapassa o limite elástico, assim a técnica não produz lesão e, se realizada delicadamente, pode melhorar as funções viscoelásticas e fisiológica neurais * Mobilização de Raíz Cervical * Mobilização do Nervo Radial * Postura em tensão do nervo radial Depressão do ombro Extensão do cotovelo Rotação interna do ombro Pronação Flexão de punho e dedos Abdução do ombro Inclinação do pescoço * Mobilização do Nervo Mediano * Postura em tensão do nervo mediano Depressão do ombro Abdução do ombro a 90° Extensão do punho e supinação Rotação externa do ombro Extensão do cotovelo Inclinação do pescoço * Mobilização do Nervo Ulnar * Postura em tensão do nervo ulnar Abdução do ombro a 90° Extensão do punho e pronação Rotação externa do ombro Flexão do cotovelo Inclinação do pescoço * Mobilização do Nervo Ciático * Mobilização do Nervo Tibial Posterior Posição do TP – mão proximal apóia a face medial da perna e calcanhar, mão distal nos artelhos Variação da postura: envolve dorsiflexão e eversão * Mobilização do Nervo Fibular Posição do TP- mão proximal apóia a face medial da perna e mão distal envolve o tornozelo Variação da postura: envolve flexão plantar e inversão