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Artigo Pós Graduação Educação Especial com Ênfase em Deficiência Intelectual

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O TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO / HIPERATIVIDADE (TDAH) NO AMBIENTE ESCOLAR. 
OLIVEIRA, Paulo Sérgio Rezende�
FERNANDES, Magali�
RESUMO
A presente pesquisa tem como objetivo analisar os diversos estudos existentes sobre esse tema, buscando identificar as dificuldades geradas por esse transtorno no âmbito educacional brasileiro, sob os pontos de vista do portador e do educador, confrontados com a legislação vigente, no que diz respeito a esse assunto. Para isso, se buscou aprofundar o conhecimento acerca do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade, através do estudo do seu histórico, seus principais conceitos e características e as principais legislações que regulamentam o seu atendimento nas escolas regulares. Para a construção dessa pesquisa, vários teóricos subsidiaram-me, como: Domingues (2007), Silva (2014), Facion (2013), entre tantos outros. A metodologia adotada para a construção desse artigo foi a pesquisa bibliográfica, através da qual se procurou identificar e obter documentos pertinentes ao estudo do tema em questão para, na sequência, elaborar fichas contendo o resumo e as principais transcrições dos documentos analisados. Durante a escrita desse artigo, se pode perceber que o TDAH é foco de diversas controvérsias e interesses de seus pesquisadores e que a falta de conhecimento e preparo dos profissionais da educação acaba fazendo com que esses alunos sejam rotulados, vítimas de um sistema falho e descompromissado. 
Palavras-chave: Pesquisa. Transtorno. TDAH.
ABSTRACT
The objective of this research is to analyze the various existing studies on this topic, seeking to identify the difficulties generated by this disorder in the Brazilian educational context, from the point of view of the bearer and the educator, confronted with the current legislation, regarding this subject. To that end, we sought to deepen our knowledge about attention deficit / hyperactivity disorder, through the study of its history, its main concepts and characteristics and the main legislation regulating its attendance in regular schools. For the construction of this research, several theorists subsidized me, such as: Domingues (2007), Silva (2014), Facion (2013), among many others. The methodology adopted for the construction of this article was the bibliographical research, through which it was sought to identify and obtain documents pertinent to the study of the subject in question, in order to elaborate sheets containing the summary and main transcriptions of the documents analyzed. During the writing of this article, one can see that ADHD is the focus of several controversies and interests of its researchers and that the lack of knowledge and preparation of education professionals ends up causing these students to be labeled, victims of a flawed and uncommitted system.
Keywords: Research. ADHD.
1 INTRODUÇÃO
	O Transtorno do Déficit de Atenção / Hiperatividade (TDAH) é um transtorno neurobiológico de origem genética, reconhecido oficialmente pela Organização Mundial de Saúde (OMS), através da Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Ocupando um papel de destaque nos estudos dos profissionais da área da saúde e educação, esse transtorno tem sido estudado há mais de dois séculos.
	Pesquisado pela primeira vez por Alexander Crichton, em 1798, e descrito cientificamente por George Frederick Still, em 1902, esse transtorno vem sendo amplamente discutido, despertando interesses e controvérsias entre seus pesquisadores.
	Seguindo o mesmo interesse desses predecessores e mediante os desafios enfrentados por educadores e portadores desse transtorno, surgiu a necessidade de aprofundar o conhecimento sobre esse tema, fazendo uma breve reflexão sobre os desafios e dificuldades do TDAH no ambiente escolar brasileiro.
	Estudos detalhados apontaram que o TDAH não se manifesta em um grupo ou cultura específicos, sendo observado em diversos países do mundo, com maior incidência no sexo masculino, com as razões masculino-feminino de 4:1 a 9:1. Além disso, as consequências desse transtorno refletem significativamente no processo de aprendizagem, razão pela qual a problematização dessa monografia recaiu sobre os desafios e dificuldades da inclusão do aluno com TDAH em sala de aula.
	O tema pesquisado decorre de experiências pessoais, tanto como educador quanto como pai de um portador de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade, o que me levou a vivenciar na íntegra os dois lados desse transtorno dentro do ambiente escolar. A importância da compreensão acerca desse tema se deve ao fato de que somente através do conhecimento de suas especificidades torna-se possível estabelecer um trabalho efetivo, que atenda as necessidades de seus portadores e instrumentalize as ações de seus educadores, fato primordial para que a inclusão aconteça. 
	O objetivo principal deste trabalho foi analisar os diversos estudos existentes sobre esse tema, buscando identificar as dificuldades geradas por esse transtorno no âmbito educacional brasileiro, sob os pontos de vista do portador e do educador, confrontados com a legislação vigente, no que diz respeito a esse assunto.
	Todos os dados contidos nesse artigo foram levantados com base em pesquisas bibliográficas, fundamentados pela experiência e as diversas pesquisas realizadas pelos autores aqui relacionados.
	O presente trabalho traz um breve histórico da descoberta do Transtorno de Déficit de Atenção, seguido de alguns conceitos e definições a respeito desse tema na visão de diversos autores e educadores. Na sequência, abordam-se os aspectos legais desse transtorno, assim como algumas das principais comorbidades mais frequentes ao TDAH. Para finalizar, elenquei alguns desafios desse transtorno no âmbito escolar, refletindo sobre o que podemos fazer para que o TDAH deixe de ser visto como um “transtorno”, no sentido pejorativo da palavra, e passe a ser visto como uma “condição”, diferente, porém passível de ser superada.
2 TRANSTORNO DE DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE: CONCEITOS E CONTEXTOS
2.1 HISTÓRICO DO TDAH
	O termo “Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade” surgiu em 1995, após inúmeras pesquisas realizadas nas décadas de 80 e 90, onde a edição do DSM-IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) estabeleceu novos critérios diagnósticos para o transtorno, assumindo a nomenclatura que se mantém até hoje.
	Embora esse nome seja relativamente recente, a doença em si já é descrita e estudada há mais de dois séculos. Alexander Crichton, médico escocês e autor de diversos livros na área médica, realizou, em 1798, a primeira pesquisa sobre distorções da atenção onde ele aborda, além dos aspectos biológicos, as dificuldades que as crianças com esta condição apresentavam na escola, sugerindo que os professores passassem a ser mais observadores em sala de aula, percebendo algumas características comuns a alguns alunos - possíveis portadores do transtorno.
	Apesar da pesquisa pioneira desenvolvida por Crichton, atribui-se a George Frederick Still, pediatra inglês, a primeira pesquisa científica sobre o TDAH, realizada e publicada em 1902 em um artigo na revista “The Lancet”. Nessa pesquisa, Still caracteriza o que ele denomina de “condições físicas anormais em crianças”, resultado da avaliação de 43 crianças com graves dificuldades para manter a atenção e o autocontrole. 
	Em 1947, o médico Alfred Strauss publicou um estudo sobre a função cerebral, chamado de “A organização mental da criança com lesão cerebral e deficiência mental”. Em 1966, esse nome muda para “Disfunção Cerebral Mínima” em que os sintomas descritos incluíam os déficits de aprendizagem específicos, como a impulsividade, a hiperatividade e o déficit de atenção.
	Em 1980, a terceira edição do DSM (DSM-3) propõe o nome de Transtorno do Déficit de Atenção (TDA), classificando-o em 2 tipos: TDA com hiperatividade e TDA sem hiperatividade. Em 1987, o DSM-3 reconhece, pela primeira vez, que os problemas comportamentais decorrentesdo TDA poderiam ter causas médicas, e não exclusivamente emocionais.
	Em 1995, o DSM-4 estabelece novos critérios diagnósticos e assume a nomenclatura TDAH.
	Por fim, em maio de 2013, a 5ª e mais recente versão do DSM estabelece ao TDAH uma lista com dezoito sintomas (nove relacionados à desatenção, seis à hiperatividade e três à impulsividade). Segundo o DSM-V (2013), o TDAH é um transtorno do neurodesenvolvimento que se caracteriza pela desatenção, desorganização e/ou hiperatividade, comumente persistente na vida adulta e que acarreta prejuízos no funcionamento social, acadêmico e profissional. Ainda segundo o manual, para o diagnóstico do TDAH é necessário que haja a manifestação de no mínimo seis sintomas de desatenção e/ou hiperatividade em crianças e cinco sintomas em adultos.
2.2 CAUSAS E CARACTERÍSTICAS DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVIDADE
	Estudos em todo o mundo indicam que a prevalência do TDAH é a mesma em diferentes regiões e entre diferentes grupos sociais, o que indica que esse transtorno não é secundário a fatores sociais, conflitos psicológicos ou regionais.
	Pesquisas científicas demonstraram que portadores de transtorno do déficit de atenção/hiperatividade possuem alterações na região frontal do cérebro, afetando as conexões com suas partes restantes. A região frontal orbital do nosso cérebro é responsável pela inibição de comportamentos inadequados, pelo autocontrole, pela memória, pela atenção, pela organização e pelo planejamento, funções prejudicadas nos portadores do transtorno. 
	Das possíveis causas atribuídas ao TDAH, a mais aceita entre os seus estudiosos indica que a falha está relacionada aos genes responsáveis pela elaboração ou captação da dopamina (um neurotransmissor inibitório relacionado ao prazer e a gratificação). A baixa concentração de dopamina leva a um constante estado de insatisfação e ansiedade, fazendo com que o portador busque constantemente novos estímulos, buscando diminuir sua ansiedade. Segundo Domingues (2007), evidências indicam que a raiz dessa síndrome esta embasada na deficiência da inibição comportamental e do autocontrole. Ou seja, os portadores de TDAH têm dificuldade em adequar o pensamento, pois estão sempre com a mente fervilhando de pensamentos simultâneos e o seu autocontrole frente às necessidades instintivas nem sempre é adequado ao meio e às circunstâncias sociais. 
	Esperón e Suárez(2007) atribuem como sendo a maior causa do TDAH a hereditariedade, com coeficiente de hereditariedade de 0,76, ou seja, se umacriança é portadora de TDAH, as chances de que sua causa seja hereditária é de 76%.
	Silva (2014), diz que o comportamento do TDAH nasce de alterações da atenção, da impulsividade e da atividade física e mental. A alteração da atenção é o sintoma mais importante para o diagnóstico do TDAH, pois uma pessoa com esse transtorno pode ou não apresentar sintomas de hiperatividade, mas jamais deixará de apresentar déficit de atenção. É importante destacar que esse termo “déficit de atenção” não traduz com precisão o que realmente acontece com relação a atenção no TDAH, pois não há falta de capacidade em prestar atenção, mas uma hipercapacidade de se atentar a diversas coisas ao mesmo tempo e de se focar em assuntos que despertem interesse.
	A impulsividade no TDAH, de acordo com Silva (2014), acontece porque pequenos acontecimentos são capazes de despertar grandes emoções na pessoa com essa condição e a força dessas emoções gera o combustível aditivado que alimenta as suas ações. Com uma mente altamente sensível, ao menor estímulo, reage automaticamente sem avaliar as consequências de suas ações. 
	Quanto a hiperatividade física no TDAH, ela salta aos olhos, pois os seus portadores mostram-se constantemente agitados, incapazes de manter-se parados por muito tempo independentemente da situação. Já a hiperatividade mental apresenta-se de forma mais sutil, sendo tão penosa quanto a física. Silva (2014) a descreve como sendo um chiado cerebral similar a um motor de automóvel desregulado que acaba por causar um desgaste bastante acentuado. É essa hiperatividade mental que leva ao portador de TDAH a interromper uma fala, a mudar de assunto no meio da conversa e, muitas vezes, a não dormir a noite, pelo “barulho” de sua mente agitada. 
	Mas, independentemente das causas desse transtorno, o fato é que as pessoas acometidas desse transtorno necessitam, no âmbito educacional, de um atendimento especializado que lhes permita uma aprendizagem de qualidade, de acordo com suas especificidades.
2.3 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE A EDUCAÇÃO ESPECIAL E O TDAH
	O Capítulo V da Lei das Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (lei nº 9394/96) trata da Educação Especial e o atendimento educacional especializado. Em seu artigo 58, a educação especial é definida como “modalidade deeducação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandosportadores de necessidades educacionais especiais”.
	De acordo com o artigo 59 da LDBEN (9394/96), estão assegurados aos educandos com necessidades educacionais especiais: 
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organizaçãoespecíficos, para atender às suas necessidades;
 II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nívelexigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, eaceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados;
 III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior,
para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para aintegração desses educandos nas classes comuns;
 IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração navida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidade deinserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bemcomo para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectualou psicomotora; 
 V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementaresdisponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
	
	Segundo a Política Nacional de Educação Especial naPerspectiva da Educação Inclusiva (2008), a educação especial garante atendimento especializado para alunos com deficiências, transtornos globais de desenvolvimento, altas habilidades/superdotação e transtornos funcionais específicos que são: transtorno do déficit de atenção ehiperatividade, dislexia, disortografia, disgrafia, discalculia, entre outros. Ainda segundo esse documento (2008, p.15):
As definições do público alvo devem ser contextualizadas e não se esgotam na meracategorização e especificações atribuídas a um quadro de deficiência, transtornos,distúrbios e aptidões. Considera-se que as pessoas se modificam continuamentetransformando o contexto no qual se inserem. Esse dinamismo exige uma atuaçãopedagógica voltada para alterar a situação de exclusão, enfatizando a importância deambientes heterogêneos que promovam a aprendizagem de todos os alunos.
	A análise desses documentos faz perceber que o TDAH está amparado e fundamentado na legislação brasileira, através da garantia do atendimento especializado aos seus portadores. Entretanto, a existência das leis de amparo aos portadores do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade não garante a sua efetivação nas escolas brasileiras, consequência de inúmeros fatores que serão abordados mais adiante.
2.4 COMORBIDADES MAIS FREQUENTES 
	O termo comorbidade é utilizado para se referir à presença de duas ou mais patologias ou transtornos, concomitantemente, em um indivíduo.
	Com relação ao TDAH, estudos apontam que 70% das crianças com esse transtorno apresentam outra comorbidade e 10% apresentam mais de três ou mais comorbidades. A presença dessas comorbidades afeta de modo significativo nos sintomas do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade e, principalmente, afetao seu tratamento, pois se fará necessário o uso de medicamentos combinados aliados a um acompanhamento multidisciplinar e sistemático e o apoio familiar, peça fundamental no desenvolvimento desses sujeitos.
	Dentre as comorbidades mais comuns do TDAH, estão: Transtorno Desafiador Opositivo (TOD), Transtorno de Conduta (TC), Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), Transtorno de Ansiedade (TA), Depressão, Dislexia, Discalculia, Abuso de substâncias psicoativas e álcool entre outros.
	Para melhor ilustrar essas comorbidades, abordaremos brevemente cada uma delas.
	O transtorno Desafiador Opositivo (TOD) é um transtorno de comportamento disruptivo, onde seus portadores desenvolvem comportamentos negativistas, desafiadores e hostis frente às autoridades, ficando frequentemente irritados, rancorosos e aborrecidos. Apresentam um forte descontrole emocional e uma teimosia persistente, desafiando as regras impostas por terceiros. Acredita-se que esse seja a comorbidade mais frequente do TDAH, podendo abranger 1/3 de seus portadores.
	O Transtorno de Conduta (TC), segundo Facion (2013), se caracteriza por um padrão frequente de mau comportamento, sempre contrários às regras sociais. Normalmente, as pessoas com o transtorno de conduta costumam ser bastante agressivas e estima-se que 25% dos portadores de TDAH também possuam o transtorno de conduta.
	O Transtorno de Ansiedade (TA), com uma prevalência estimada de 30% a 40%, aumenta a dificuldade de realização de tarefas complexas que demandem uma maior memória de trabalho. Com sintomas que variam desde dor de cabeça, vômitos, irritabilidade e pesadelos, o T.A. surge no TDAH, entre outros motivos, pela ansiedade consequente dos insucessos ocasionados pelo baixo desempenho em atividades cotidianas e escolares, como entrega de trabalhos, provas, etc. Dentre as queixas mais comuns desse transtorno estão a dificuldade para dormir, os medos e as preocupações excessivas.
	A Depressão é outro fator bastante comum na pessoa com TDAH, variando de 10% a 30% a incidência nesse grupo. O principal fator desencadeante desse estado está ligado às frequentes repreensões e a própria dificuldade do portador do déficit de atenção de organizar-se e concluir suas atividades. Esses fatores acabam por gerar um cansaço mental extremo que, aliado a condição genética biológica do TDAH, leva ao desânimo e a vontade de desistir.
	A Dislexia é um distúrbio específico da linguagem, caracterizado pela dificuldade ou incapacidade de decodificar (compreender) palavras escritas. De acordo com Nardiet al (2015), a dislexia acomete de 5% a 10% das crianças em idade escolar, podendo chegar a 35% nos casos dos portadores do TDAH. Por consequência, as dificuldades escolares se acentuam significativamente, uma vez que no cérebro do disléxico, os símbolos gráficos que compõem a leituranão fazem nenhum sentido.O portador do TDAH pode apresentar dislexia em sua forma total ou apenas um simples distúrbio no aprendizado da leitura. 
	A Discalculia é definida como dificuldade ou a incapacidade de realizar atividades aritméticas básicas, tais como quantificar, numerar ou calcular. Calcula-se que a Discalculia apareça isoladamente em cerca de 3% a 6% da população escolar, contrastando com cerca de 25% na presença do TDAH. Vale salientar que nem toda a dificuldade em relação às operações matemáticas é Discalculia, mas essa condição é o ponto de partida para uma investigação detalhada e um possível diagnóstico. 
	Outra comorbidade bastante frequente é o abuso de substâncias psicoativas e álcool (drogas e bebidas alcoólicas), cuja prevalência é estimada em 20%. Estudos apontaram que adolescentes portadores do transtorno acabam procurando as drogas mais precocemente e com mais frequência que adolescentes sem o transtorno, sendo a impulsividade e a baixa auto-estima considerados como fatores de risco predisponentes, o que também pode ser dito em relação ao transtorno de ansiedade e à depressão.
	Diante de todas essas comorbidades, a busca por profissionais especializados, capacitados para fazer um diagnóstico preciso é de absoluta importância. Além disso, o acompanhamento sistemático de uma equipe multidisciplinar pode auxiliar o aluno a se compreender, assim como pode instrumentalizar e direcionar ao professor e a escola a como atuar frente a esse aluno, afim de que seu aprendizado seja efetivo e de qualidade.
	
2.5 O TDAH NO ÂMBITO ESCOLAR
	Quando pensamos em TDAH e escola, logo nos vem à cabeça a dificuldade em prestar atenção nas aulas, distrações, divagações, impaciência, inquietude e agitação. Aliados a isso, temos notas baixas, problemas de comportamento, reclamações de professores, dificuldades de adaptação etc.
	De fato essas são apenas algumas das queixas recorrentes dos professores que possuem alunos com esse transtorno em sala de aula. Tais reclamações são, muitas vezes, por falta de conhecimento sobre as características desse transtorno que, na grande maioria das vezes, é interpretado como falta de educação, pirraça e ausência de limites na criação dos pais.
	Há que se considerar, segundo Pereira (2010), que a maioria dos professores está sobrecarregada e, mesmo com certo conhecimento, não conseguem lidar com o assunto. Salas superlotadas, alunos indisciplinados e com total desinteresse nos estudos faz com que esses professores se sintam exaustos e sem tempo e preparo para se dedicar ao aluno com TDAH.
	Outro fator relevante no trato desse transtorno nas escolas está relacionado a ausência de suporte familiar a esse aluno, acompanhamento inadequado ou inexistente e descompromisso da família com a escola.
	Na minha prática como educadora, é comum nos depararmos com famílias que se recusam a aceitar o diagnóstico de seus filhos ou, quando o fazem, delegam exclusivamente à escola a responsabilidade de lidar com esse problema.
	Outro ponto de destaque é a falta de estrutura de nosso sistema público de saúde que faz com que os diagnósticos sejam difíceis, fragmentados e inconclusos. Somado a isso, não há a oferta de equipes de acompanhamento multidisciplinar para esse aluno que, por vezes, conclui seus estudos sem nenhum diagnóstico definitivo ou acaba abandonando a escola por consequência das constantes reprovações e o fracasso escolar persistente.
	Todos esses fatores fazem com que, na maioria das vezes, o aluno passe a ser visto como preguiçoso, desleixado, o que agrava ainda mais a condição desse aluno, mediante o desinteresse de seus professores e as “brincadeiras” de seus colegas de classe. O mau aproveitamento desse aluno é, na realidade, uma consequência das limitações impostas pela doença ou transtorno e, se não forem bem acompanhadas, trarão graves prejuízos para a vida tanto do aluno quanto de seus pais e familiares. Não é raro, inclusive, a sugestão ou convite, por parte da instituição de ensino, para que esse aluno mude de escola, acarretando danos drásticos psicológicos que poderiam ser facilmente evitados mediante a formação adequada dos profissionais da educação e do diagnóstico precoce desse aluno.	Pereira (2010), diz que as escolas brasileiras ainda não estão preparadas e ainda têm muitoque aprender, pois se famílias com recursos para recorrer a escolas particulares já encontram problemas, imaginemcomo estão as nossas escolas públicas.
	Apesar das frequentes queixas em relação aos alunos com TDAH nas salas de aula, estes costumam ser muito criativos, o que os dá uma incrível capacidade de pensar em diversas coisas ao mesmo tempo e, consequentemente, se distrair. Aliado a isso, esses alunos têm uma grande dificuldade de acompanhar aulas tradicionais, conteudistas, monótonas, retrato ainda predominante do nosso ensino público. Nessas ocasiões, esses alunos acabam se inquietando, iniciando uma conversa paralela com um amigo, mexendo-se na carteira, desenhando ou qualquer outra atividade que ocupe o seu tempo, fazendo crer ao professor de que ele está desinteressado ou sem vontade de aprender.
	É importante saber diferenciar as dificuldadesdesses alunos, relacionadas às falhas de um sistema educacional deficitário, das dificuldades geradas pelo transtorno. Os alunos com TDAH possuem a mesma capacidade de aprendizagem de um aluno sem TDAH, basta proporcionar-lhes meios adequados para a sua aprendizagem que atenda as suas necessidades e especificidades.
	Medeiros (2012), afirma que os alunos com TDAH possuem um potencial intelectual normal, ou seja, possuem a mesma capacidade de aprendizagem que os alunos sem TDAH. Segundo a autora, esses alunos apenas precisam ter a chance de ser diagnosticados adequadamente e tratados de acordo com suas particularidades, para que os seus potenciais encobertos pelo transtorno, possam se revelar.
	Se levarmos em conta que é o professor, na grande maioria das vezes, o primeiro a observar esses alunos, a importância do conhecimento acerca desse e de outros transtornos refletidos na aprendizagem ganha uma importância salutar. É papel fundamental do professor, e da escola como um todo, se apropriar desse conhecimento a fim de ajudar o seu alunado a superar suas dificuldades de aprendizagem e vislumbrar um futuro melhor.
	
2.6 METODOLOGIA
	A realização do presente trabalho efetivou-se mediante uma pesquisa bibliográfica, definida por Macedo (1994, p.13) como “busca de informações bibliográficas e seleção de documentos que se relacionam com o problema de pesquisa”. Para a autora, esse é o primeiro passo de qualquer pesquisa científica, que tem a finalidade de revisar a literatura existente. 
	Por ser uma pesquisa cujos resultados não são passíveis de quantificação, é uma pesquisa qualitativa, definida por Casarin e Casarin (2011, p.32) como aquela que “explora uma metodologia predominantemente descritiva, deixando em segundo plano modelos matemáticos e estatísticos”.
	Para a realização dessa pesquisa, procurou-se identificar e obter documentos pertinentes ao estudo do tema em questão para, na sequência, elaborar fichas contendo o resumo e as principais transcrições dos documentos analisados. De posse dessas fichas, elaborou-se um sumário, sequenciando os assuntos a serem abordados e iniciou-se a escrita desse artigo.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A presente pesquisa buscou aprofundar o conhecimento acerca do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade, através do estudo do seu histórico, seus principais conceitos e características, a legislação atual que regulamenta o seu atendimento nas escolas regulares, assim como suas principais comorbidades e os desafios enfrentados para a inclusão desses alunos em sala de aula.
	A metodologia adotada para a realização desse artigo foi a pesquisa bibliográfica, sempre com o objetivo de ampliar os conhecimentos adquiridos durante o curso de pós-graduação e vislumbrar os desafios e dificuldades gerados por esse transtorno em sala de aula.
	Durante a elaboração do artigo, concluiu-se que, por ser um transtorno ainda em estudo, é foco de diversas controvérsias e interesses de seus pesquisadores, por isso a problematização desse artigo recaiu sobre os desafios e dificuldades da inclusão do aluno com TDAH em sala de aula.
	Voltando o olhar para o aluno com TDAH, pode-se perceber que seu cotidiano escolar não é nada fácil, sendo marcado por repreensões, advertências e rótulos.
	A falta de conhecimento e preparo acaba fazendo com que esses alunos sejam vistos como um incômodo quando, na verdade, tanto ele quanto os professores são vítimas de um sistema falho, imposto pela legislação sem nenhum amparo ou respaldo para a sua aplicação. A ausência de estrutura de nossas escolas públicas e do nosso sistema de saúde faz com que o diagnóstico seja extremamente difícil e a inclusão real quase nunca se efetive como dispõe a nossa legislação a respeito desse assunto.
	O conhecimento do professor e de toda a comunidade escolar pode influenciar significativamente na forma como o aluno é acolhido em suas especificidades, assim como a aceitação da família e o trabalho em conjunto com a escola são imprescindíveis para o bom desenvolvimento desse aluno.
	Ainda há uma forte resistência por parte de alguns docentes em aceitar que o aluno com esse transtorno realmente possua limitações, mas cabe a nós, como educadores, buscar essa compreensão a fim de superar tais barreiras e, com isso, fazer com o processo de inclusão de fato aconteça.
	É preciso repensar nossas ações, respeitando as peculiaridades de cada um de nossos alunos e proporcionando-lhes um futuro mais promissor e com mais qualidade.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB9.394, de 20 de dezembro de 1996.
BRASIL. Política Nacional De Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, Documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria nº555/2007, prorrogada pela Portaria nº 948/2007, entregue ao Ministro da Educação em 07 de janeiro de 2008. 
CASARIN, Helen de Castro Silva.; CASARIN, Samuel José. Pesquisa Científica: da teoria à prática. Curitiba: Ibpex, 2011.
DOMINGUES, Maria Aparecida. Desenvolvimento e Aprendizagem: o que o cérebro tem a ver com isso? Canoas: Ed. Ulbra, 2007.
ESPERÓN, César Soutullo e SUÁREZ, AzucenaDíez. Manual de Diagnóstico y Tratamientodel TDAH. Madrid: Panamericana, 2007.
FACION, José Raimundo. Transtornos do desenvolvimento e do comportamento. Curitiba: InterSaberes, 2013.
MACEDO, Neusa Dias de. Iniciação a pesquisa bibliográfica: guia do estudante para a fundamentação do trabalho de pesquisa. São Paulo: Edições Loyola, 1994.
MEDEIROS, Maria Celina Gazola. O que os professores conhecem sobre a dislexia e o transtorno do déficit de atenção/hiperatividade. São Paulo: Sesi Editora, 2012.
NARDI, Antônio Egídio et al. Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade: teoria e clínica. Porto Alegre: Artmed, 2015.
PEREIRA, Rafael Alves. A criança com TDAH e a escola. Associação Brasileira de Déficit de Atenção. Disponível em: <http://www.tdah.org.br/index.php?option=com_k2&view=item&id=117:a-crian% C3% A7a-com-tdah-e-a-escola&Itemid=123&tmpl=component&print=1&lang=es> Acesso em 31 jul. 2016.
SILVA, Ana Beatriz Barbosa. Mentes Inquietas: TDAH - desatenção, hiperatividade e impulsividade. São Paulo: Globo, 2014. 
�Aluno graduado em Tecnologia em WebDesig pela UNITAU Universidade de Taubaté, Especialista em Gestão de Projetos e Gestão Estratégica de Negócios pela Faculdade Anhanguera de Taubaté Especialista em Metodologia do Ensino na Educação Superior, Formação de Docente e Orientador Academico em EAD, Engenharia de Produção, Administração e Marketing, Administração e Logística pela UNINTER, graduado em Licenciatura de Matemática pela UNINTER.
²Orientadora de trabalhos acadêmicos do Grupo EducaMais.

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