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NUTRI ÇAO DO CAO E DO GATO UM MANUAL PARA ESTUDANTES, VETERINARIOS, CRIADORES E PROPRIET ARIOS MANUEL GUILHERME RAM06- '__h' .. ----- Editor: A.T.B. EDNEY <IJ EDITORA MANOLE 1987 PREF ÁCIO Dos muitos livros existentessobre nutrição, poucossão específicospara os animaisde esti- mação.Isto é surpreendente,já que,somenteno Reino Unido, existemcercade 10 milhõesde cãese gatos.Em todoo mundoocidental,a po- pulaçãode cãese gatosé da ordemde 150mi- lhões,sendoque,virtualmente,todoselestêmde ser alimentadosdiariamente. B difícil compreendra nutriçãopor escrito;é óbvia a naturezapráticado assunto.Muito do quetemosdisponívelé bastanteimpreciso,e, em algunscasos,apresentaum liberal componente folclórico.As informaçõesmaisprecisastendem a sermenosacessíveisparaos leitoresem geral. Parecehavera necessidadeda orientaçãoprática de um texto,sobretudocompreensível,sobrea nutriçãodos cãese dos gatos.Este livro tem a intençãode proporcionartal trabalhopara os estudantesde veterinária,os tratadoresde ani- mais,os criadoresdecãesede gatos,e a todasas pessoasque têminteressemaisprofundona ali- mentaçãode seusanimais. O livro estáestruturadode maneiraqueo lei- tor possaprogredirdo entendimentodas neces- sidadesnutricionaisdos cãese gatos,atéos ali- mentosusadosparasuprir essasnecessidades.A partecentralé dedicadaà alimentaçãoem cir- cunstânciasespeciais,taiscomo,no trabalhope- sado,noestresse,edosfilhotesórfãoseemvárias doenças.O capítulofinal explicacomoos ali- mentospreparadossãoavaliadose aprovados,in- formaçõesdifíceisdeseremencontradasemqual- querlugar.Somenteasreferênciasprincipaissão incluídasno texto,pois umabibliografiamais completaé dadanofinaldecadacapítulo,como umguiaparaleiturasposteriores. OscolaboradoresdestelivrotrabalhamnoAni- malStudiesCentre,emLeicestershire,e quatro delessãoas maioresautoridadesmundiaisem nutriçãodecãese degatos.Entreestes,incluí- moso ProfessorD. S.Kronfeld,que,muitogen- tilmente,nosforneceuumrelatodeseusestudos individuaissobreos cãesde trenó,comouma investigaçãodasnecessidadesdosanimaisdesti- nadosaotrabalhopesado. O editortema satisfaçãodeexpressarsinceros agradecimentosa ChristinaLoxley,do Animal StudiesCentre,a DorothyHoward,daWalthan, por ter datilografadoos manuscritos,a Alison Wearne,da GwynneHart & Associates,bem comoa JohnLavender,daPergamonPress,por terprocessadoo trabalho. A. T. B. Edney INDICE PREFÁCIO ,.............................. COLABORADORES ,...... 1. BALANÇODE ENERGIA, BALANÇODE ÁGUA E FISIOLOGIA DA DIGESTÃO E A DA ABSORÇÃO....................... S. E. Blaza 2. UM GUlA SIMPLIFICADODASNECESSIDADESNUTRICIONAIS 15 I. H. Burger 3. ALIMENTOS PARA CÃESE GATOS. .. . .. .. .. .. .. .. 37 D. W. Holme 4. O USO PRÁTlCO DE ALIMENTOS PREPARADOSPARA CÃES E GATOS 53 D. W. Holme 5. ALIMENTANDO CÃES PARA O TRABALHO PESADO E EM CONDIÇOESDE ESTRESSE , 69 D. S. Kronfeld 6. CRIANDO FILHOTES ÓRFÃOS DE MÃE. 85 A. T. B. Edney 7. ALIMENTANDO CÃES EM CRESCIMENTO, COM ESPECIAL REFERBNCIA AS DOENÇAS DO ESQUELETO 89 , A. A. Hedhammar 8. ALIMENTANDOANIMAISQUEESTÃODOENTES , 97 I. Leibetseder 9. FLUlDOTERAPIA E NUTRIÇÃO INTRAVENOSA ., 111 L. W. Hall 10. AVALIAÇÃO E APROVAÇÃO DOS ALIMENTOS PREPARADOS 119 P. T. Kendall APBNDICE I GUlA DAS CALORIAS PARA CÃES E GATOS 137 APBNDICE II LEITURAS COMPLEMENTARES 139 íNDICE REMISSIVO 141 V IX CAPITULO 1 BALANÇO DE ENERGIA, BALANÇO DE ÁGUA E FISIOLOGIA DA DIGESTÃO E DA ABSORÇÃO S. E. BLAZA Para viver,todosos animaisnecessitamda in- gestãoregularde águae alimentos.O alimento forneceos nutrientese a energia,e, na maioria dos casos,tambémcontribuicom água.As ne- cessidadesde nutrientesem particulardiferem entreas es'pécies,e tambémvariamno ciclo vital de um único animal.Por exemplo,cãese gatos adultosexigemproteínapara substituiraquela usadaparaa manutençãodo tecidoe seureparo, e tambémpara produzir anticorpos,hormônios, enzimase hemoglobina,enquantoquecãese ga- tos emcrescimento,gestaçãoe lactação,necessi- tamde proteínaextraparaa produçãode novos tecidos,ou leite,alémde supriras exigênciasdo metabolismonormal. O organismonãoé umaunidadefechada,com umacomposiçãofixa, masestánumestadocon- tínuo de transformações;os alimentossão inge- ridos,os nutrientesabsorvidose utilizadosou ex- cretados.A manutençãodo nívelde qualquernu- triente,ou da energia,ou do conteúdode água do organismo,pode ser pensadaem termosde "balanço".Para muitosdos nutrientesexigidos pelos mamíferos,tais como proteínas,lipídeos, mineraise vitaminas,o balançoé atingidogran- dementepelo controleda eliminação.Acredita-se queos mamíferoscomamparasatisfazersuasne- cessidadesdeenergia,e, então,o nível de inges- tão de nutrientesem particularé dependentede suaconcentraçãono alimento.Entretanto,supon- do quea ingestãomínimanecessáriafoi atingida, qualquerexcedenteàs exigênciaspode ser per- didonasfezes,ou, tendosidoabsorvido,podese converteremoutrasubstânciaútil (no fígado)e usadoou excretadopelosrins (na urina).Entre- tanto,há limitesacimados quaiscertosnutrien- tes se acumulame se tornamtóxicos,e os ali- mentosdealtasconcentrações,particularmentede vitaminaslipossolúveis,devemser evitados.Há, também,relações,entrenutrientes,quedevemser consideradasna formulaçãodequalqueralimento. A regulaçãodo balançodeenergiae defluidos é muito mais complexado que aquelados nu- trientesindividuais;ambasenvolvemmecanismos que governama ingestãoe a eliminação.A im- portânciadadaà energiaeaosfluidosé diferente; então,estesserãoestudadosseparadamente.Co- mo a digestãoe a absorçãosão centraisà ma- nutençãodeambos,estasserãoconsideradasmais tarde. BALANCEAMENTO DE ENERGIA Diz-sequeumanimalestáembalançodeener- giaquandoseugastodeenergiaé igualà ingestão de energia,resultandoqueo nívelde energiaar- mazenadono organismonãosealtera.A seguinte equaçãoé derivadada Lei de Conservaçãode Energia: Energiaarmazenada= ingestãode energia- gastode energia No cãoou no gatoadulto,a energiaé armaze- nadapredominantementecomogordura,com al- gumaumentono tecidoantesmagro(comomas- sa gordurosàlivre).Num animalem crescimento ou gestação,a importânciasevoltaparao acúmu- 2 Fig. I. Fotografiade um animalobeso. 10detecidos.A gorduraé armazenadacomote- cidoadiposo;essesdepósitossãofacilmenteobser- vadosnumanimal(Fig.1).~, também,possível reduziros estoquesdeenergia,reduzindoa in- gestãodamesma,atéquesetomemenordoque o gastodeenergia.Issofaz revertera equação. Gasto- ingestão=perdadeenergiados estoques Sob essascondiçõesde balançonegativode energia,o organismotemdecatabolizar(destruir) seusprópriostecidosparaatendersuasexigências energéticas;comoosestoquessãodepletadosgra- dualmente,o animalse tomamaismagroe o pesocorpóreodiminui. O balançoenergéticoéatingidopelaexatacom- binaçãodosganhose gastos,durantelongospe- ríodos.Umdesequilíbriomuitopequeno,mantido porlongotempo,causaráa obesidade(sea dife- rençafor positiva),ou a debilidade(sea dife- rençafor negativa).Por exemplo,imagineum cãoLabradorRetriever,quetemum gastode energiadiáriode1.700kcal,mascoma ingestão de 1.800kcalpor dia.O desequilíbrioé deso- mente100kcalpordia (28g debiscoitopara cãel),mas,se mantido,poderiaresultarnum aumentode2-3kgnopesocorpóreo,noperíodo deumano.Seessataxadeganhocontinuarpor 2 ou3 anos,mesmopermitindoalgumacompen- saçãodo gastode energia(vejaabaixo),o cão NUTRIÇÃODO CÃO E 00 GATO teráumgrandeexcessodepesoe estarásujeito a todososproblemasdaobesidade. Atérecentemente,presumiu-sequeo balanço deenergiadependiasomenteda regulaçãoexata do consumoe quequalquerdesequilíbriorepre- sentavaumadeficiênciano controledoconsumo propriamentedito. Agora,pareceprovávelque tantoa ingestãocomoo gastosãoimportantesna manutençãodo balançode energia.A ingestão permiteumcontrolepreciso,emcontrastecomo gasto,quepareceagircomouma"válvuladees- cape",opondo-sea qualqueralteraçãonoconteú-dodeenergiadoorganismo. Ingestãodeenergia A ingestãodeenergiapodeserpensadaemtrês diferentesníveis:a energiabruta(EB),a energia digestível(ED) e a energiametabolizável(EM). A energiabrutaé a energiatotalqueserialibe- radana oxidaçãocompletado alimento.Apesar de umasubstânciapoderterum altonívelde energiabruta,a menosqueo cãoouo gatopos- samdigeri-Iae absorvê-Ia,elanãoé útil parao animal.A quantidadequeédigeridaeabsorvida (energiabrutamenosasperdasfecais)é conhe- cidacomoenergiadigestiva.Certaquantidadedo alimentoabsorvidopodesersomenteaproveitá- velparcialmentepelostecidos,o excedentesen- doperdido,via renal,naurina. Aquelaenergiaqueutilizadapelostecidosé conhecidacomoenergiametabolizável,e podeser calculadacomoa energiadigestívelmenosasper- dasurinárias. O conteúdodeenergiadigestívele metabolizá- veldosalimentosdependede suacomposiçãoe daespécieanimalqueo estáingerindo.Osrumi- nantes,porexemplo,sãocapazesdedigerirma- teriaiscomoasparedescelularesdasplantas,que seriaminaproveitáveisaosanimaismonogástricos (estômagosimples),taiscomoo cãoe o gato. Paraessesanimais,essassubstânciasseriamsim- plesmente"fibrasda dieta"ou "forragem".Há, também,diferençasentreasespéciesmonogástri- cas,por exemplo,o sistemadigestivodo cãoé, geralmente,maiseficientequeo dogato.Então, o mesmoalimentoadministradoa umcãoou a umgatopodeproduzirvaloresdiferentesdedi- BALANÇO DE ENERGIA, BALANÇO DE ÁGUA E FISIOLOGIA DA DIGESTÃO E DA ABSORÇÁO gestibilidade.Issopodesedar,parcialmente,por- que o sistemadigestivodo cão é, proporcional- mente,maislongoqueo do gato. Regulaçãodo balançoenergéticoatravés da ingestão Apesarde quealimentosmuitopalatáveispo~- saroperturbaro controleda ingestão,muitosani- mais, que comemalimentossuaves,regulama ingestãode energiamuito precisamente.Ainda que o mesmoalimentoseja fornecidode forma diluída (usandoáguaou algummaterialnão di- gerívelpara alterara densidadede energia),a compensaçãogeralmenteocorre,rápidae comple- tamente,'paraum nível novo e apropriadode ingestãode alimentos.Há.muitasteoriastentan- do explicaresseassunto,a maioriadelasenvol vendoo mecanismode feedback* negativo,des- critona Fig. 2, numgraumaiorou menor. O princípiodo feedbacknegativoé muitosim- ples e podeser demonstradode muitasformas. Por exemplo,o controleda pressãosangüíneaé dependentede um feedbacknegativo,comosão muitosdos mecanismosde controledo organis- mo.~ encontrado,muitofreqüentemente,emma- nobrascomoa quea Fig. 2 mostra. Em suaformamaisdireta,o feedbacknegativo é um sistemaondequalqueralteraçãono equi- líbrio desencadeiaum sinal,provocandoumares- postaquese opõeà alteraçãoinicial e corrigeo erro.No exemplo,o termostatoé um sensorque detectaqualqueralteraçãona temperaturaam- biente.A discrepânciaentrea temperaturaam- bientale umatemperaturade referênciaé perce- bida pelo comparador,que avisao depósito,ou efetor,ligando-oou desligando-o.O calor libera- do pelosdepósitosrestaurama temperaturaam- biente,que pode ser pensadacomo a variável controlada,e faz comqueo "comparador"pare de avisarao depósito. No modelodaregulaçãodo balançodeenergia, mostradona Fig. 2, a variávelcontroladaé o ta- manhodos depósitosde energia.Há váriosele- mentosde feedbackquepodemavisarda altera- ção,taiscomoos nutrientesdo plasmaou os ní- .NoT.- Feedback=retroalimentação. 3 a) Principiode feedback negativo -Variávelcontrolada - r"'"~- - - - - -- -.., ... TemperaturaambientaI I ' ' I , ". Termostato Tempoae I Mecanismoefetor I seneor referÉincla Fornalha I' I I . I Comparador I \ ' I I / I" ' 1'------ , ". , Sinaldeerro - ...~- liga/desliga- - - b) Feedbacknegativono armazenamentode enerila Variávelcontrolada- Depósitos de energia ------, - , Seneordereferência I Metebólltoedo plasma Mecanismo efetor Nutrientes do plasma Alimentação /, , , ,," " Sinaldeerro " " , 1)neural(centrosdealimentação)- 2)hormonal(vejao texto) 3)mecãnlco(contraçõesdoestômago) Fig.20 feedback negalivo (siS\I:ll1ade n:troalimcntação)o veisdemetabólitosdoplasma.Quaisquerdif~ren- çascomos pontosdereferência,conhecidose es-~ tabelecidos,indicam alteraçãonos depósitosde energia,e estimulama atividadenervosae hormo- nal,que podeiniciarou{Ulibira alimentação. A respostaneuralenvolve"centrosde alimen- tação",no cérebro,que não sãosimplescentros de "fome"ou saciedade",comose pensava,mas feixesde neurônioscobrindováriasáreas.A esti- mulaçãodesses,por elétrodos,pode fazer com queanimaissaciadoscomam,ou impediranimais famintosdecomer. A respostahormonalé maiscomplexa.A insu- lina estimulaa alimentação,masnãose sabese esteéumefeitodiretono sistemanervosocentral, ou porcausarumahipoglicemiaperiférica(baixos níveisdeglicoseno sanguecirculante).O glicogê- nio temumefeitoopostoaoda insulina,inibindo a alimentação,comofazemos estrógenose o hor- mônio luteinizante(hormôniosreprodutoresfe- mininos).Comotodosesseshormôniostêmfun- çõesoutrasdo quea estimulaçãoou inibiçãoda alimentação,elesnãopodemseros únicosagen- tesquegovernama ingestão. 4 Além dosmecanismosneuraise hormonais,há outrosestímulosmaisdiretosparaa alimentação. As contraçõesdo estômagovazio são tidas co- mo as causadorasda sensaçãode fome,e provo- cama alimentação,enquantoa distensãogástrica inibeo ato de comer. Essemodeloé útil porqueforneceumaestrutu- ra às teoriassobrea regulaçãodo balançoener- géticoatravésda ingestão,e tambémpermitetes- tar essasteorias.Entretanto,muito deleé espe- culação,e umaconcessãotemde ser feita,para algumacontribuiçãodo gastode energiapara a regulaçãodo balançode energia.Na maioriados casos,a regulaçãoé eficiente.Os distúrbiosocor- remquandopetiscosaltamentepalatáveissãoofe- recidos,e o apetiteparauma alimentaçãoespe- cial afogaos avisosde saciedadefisiológica:isso pareceafetaros cãesmaisdo queos gatos,que sofremmuitomenosde obesidade. Gastode energia Vistoquetodaa energiadespendidapeloorga- nismopode.ser medidacomocalor, o gastode energiaé freqüentementereferidoem termosde "perdasde calor", "produçãode calor" ou em unidadesgeralmenteassociadascoma medidade calor,taiscomowatts,joulesecalorias.Essasuni- dadespodem,também,se aplicarà medidada ingestãode energia. O gasto de energiapode ser dividido em duaspartes:médiametabólicabasal (MMB) e termogênese.A MMB é a quantidadede energia necessária'paramantero corpoemfuncionamen- to, isto é, representaa energianecessáriapara supriros gastosdo trabalhoessencialexecutado pelascélulase pelosórgãos.Isso incluiprocessos comorespiração,circulaçãoe funçãorenal.Mui- tosfatoresdeterminama MMB emum indivíduo, inclusivepesoe composiçãodo corpo, idadee -estadohormonal(particularmentedoshormônios da tiróide).Comoessesfatoresvariam,tambémo faza médiametabólicabasal,apesardequeessas al~raçõestendema ocorrervagarosamente,por longosperíodos. Gastosadicionaisdeenergiavêmsobo termo coletivo"termogênese".A termogênesepodesero custoda digestão,absorçãoe utilizaçãode nu- NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO trientes(algumasvezeschamadode "efeitotér- micodo alimento"ou "termogêneseinduzidapela dieta"), do trabalhomuscularou exercício,do estresse,ou da manutençãoda temperaturacor- póreanum ambientefrio. A ingestãode certas drogasou hormôniospode, também,causarter- mogênese.A termogêneseé, simplesmente,um aumentonataxametabólicaacimado nívelbasal. Em contrastecoma MMB, o graude termogênese podevariar largae rapidamente,e podecausar grandesvariaçõesdiáriasno gastodeenergia.Dos doiscomponentesdo gastototaldeenergia,a ter- mogêneseé a parteresponsávelpelarespostará- pida adaptativaàs alteraçõesno ambienteinter- noouexterno. A regulaçãodo balançode energiaatravés degastos Quandoo alimentoé restritopor um longo tempo,a MMB diminuinumarespostade dois estágios.A primeiraquedabruscaé vistadentro dealgunsdiasdepoisda reduçãoinicialda in- gestãode alimento,havendoumade.pressãono metabolismodascélulasindividuais,alcançada emrazãodatireóidee doshormôniosadrenais queregulama taxametabólica.Seocorreruma realimentaçãoduranteestafase,a taxametabó- lica recuperaseunível.inicial rapidamente.A segundafaselevamaistempoparaaparecer:há umdeclíniomuitolentoquesesegueà 'perdado tecidodoorganismo,particularmenteo tecidoma- groqueé muitoativometabolicamente.Umavez queestafasetenhasidoalcançada,a MMB não podeserrestauradaatéqueo tecidotenhasido substituído. Estaquedaé umaformamuitosimplesdere- gulaçãoe reduziráqualquerperdado pesodo corpocomoresultadoda restriçãode alimento, emboranãosepossapreveni-Ia.Há importantes implicaçõesparaa manutençãodopesodoorga. nismoseguindoumregimedeemagrecimento;o nívelda ingestãodealimentoexigidoparaman- tero equilíbriodopesoserámenordoqueo exi- gidonopesoanterior. Do mesmomodo,umasuperalimentaçãopro- longadaresultaemumaelevadataxametabólica, querestringeo aumentoemarmazenamentode BALANÇO DE ENERGIA, BALANÇO DE AGUA E FISIOLOGIA DA DIGESTÃO E DA ABSORÇÃO energia.Esteaumentoemgastodeenergiaé par- cialmenteatribuívelaoefeitotérmicodo alimento e ao custode manterum tecidode organismo extra.Entretanto,estesfatosnão são totalmente responsáveispelo gastoextra,e ainda há uma controvérsiaquantoà fonteda adicionalprodu- çãode calor. Há, portanto,umaregulaçãorudimentardaeli- minaçãode energiaquese opõea qualquermu- dançano estadomencionado.Emboraa elimina- çãode energianãopossaprevenirqualquermu- dançainteiramente,elapode,limitara suadura- çãoe estacontribuiçãonãodeveriaserignorada. BALANCEAMENTO DE ÁGUA A águaé freqüentem~ntenegligenciadacomo um requisitonutricionaldevidoà suaprontavia- bilidadeemmuitosclimastemperados.Entretan- to a necessidadeda águaé pelo menostão im- o portantequantoa dosoutrosnutrientes;a vida podecontinuarporsemanasnacompletaausência dealimento,massomentepor diasou mesmopor horasquandonãohouveráguadisponível. A águapreenchemuitasexigênciasdentrodo organismo.~ um excelentesolvente,e estapro- priedadetornapossíveltodaa químicacomplexa do metabolismocelular.Comoo principalconsti- tuintedo sangue,a águadá um transportevital médio,levandooxigênioe nutrientesaostecidos e rem0vendodióxidode carbonoe metabólitos. O sanguetambémcarregaanticorpose células brancasque protegemo organismode doenças. A águacontribuide váriosmodosdiferentes paraa regulaçãoda temperatura.Primeiramente, o sanguetransportao calor de órgãose tecidos em funcionamento,assim prevenindoperigosos aumentosde temperatura.Então,pela redireção deum poucodo sangueatravésde veiassuperfi- ciais, o calor pode ser transferidopara a pele e perdidopor radiação,conduçãoe transmissão. A perdade calor podeser aumentadapela eva- poraçãode águada pele. A águatambémé essencialpara a digestão. A hidrólise,a quebradoscomponentespelaágua, é o meiopeloquala digestãoocorre.As enzimas digestivassão secretadas em solução,o melhor 5 o paradispersarporentreosalimentos.Atéa eli- minaçãode metabólitostóxicospelo rim exige águacomoum meio.Essasrepresentamsomente algumasdasmuitasfunçõesda água. Há váriosdiferentescompartimentosde fluido no organismo,que podemser agrupadosjuntos comofluido intra ou extracelular(FIC e FEC). O FIC representaaproximadamente50% dopeso totaldoorganismodo animale incluia águaden- tro de todasas células,desdeas célulasverme- lhasdo sangueaosneurôniosdamedulaespinhal. O FEC é encontradobanhandoos tecidospor entreas célulase tambémno sanguee na linfa. O movimentode fluido entreestescompartimen- tosé contínuo,asdiferentesconcentraçõesdeele- trólitossendomantidaspelaatividadedasmem- branasda célula. Eliminaçãoda água A águasai do organismopor váriasvias.Num cão saudávelnormale num gato,estasincluem as perdasno ar expirado,nas fezes,na urina e raramentetambémno suor.Estescaminhosserão discutidosseparadamente.Em animaisdoentesa perdade águapodeser aumentadanotadamente atravésde hemorragia(sangramento),vômitose diarréia.A lactaçãoé umoutroe;emplofieperda aumentada. Fezes O conteúdode águadas fezesé geralmente muitobaixo,comparadocomosenormesvolumes defluido secretadodentrodo tubodigestivo,com enzimase várioseletrólitos.Os intestinostêmme- canismosmuitoeficientespara a reabsorçãode águae é somentequandoestesestãoirregulares, e asfezesevacuadascomodiarréria,queestavia apresentauma significativacontribuiçãopara a perdade água. Perdaspor evaporação A captaçãode oxigênioa partir do ar inspira- do é possívelpelaestreitaassociaçãoentreo epi- 6 télio pulmonare umaextensaredecapilar.En- tretanto,issotambémfacilitaa transferênciade águae evaporaçãoparaas cavidadesdo pulmão, e a águaé perdida,então,no ar expirado.Essa "perdarespiratóriadear" é inevitável.Em épocas quentes,a evaporaçãoé um mecanismoimportan- te de regulaçãoda temperatura,Idevidoao calor corpóreousadoparaevaporara água.Esse é o porquêdeoscãesficaremofegantesou colocarem suaslínguasparafora,e o porquêdeos gatosco- briremseuspelamesde salivapor lambidasre- petidas.Em condiçõesextremas,podehavertam- bémumaleveevaporaçãopeloscoxinsplantares. Apesarde essesmecanismosauxiliaremno con- troleda temperatura,elespodemaumentarcon- sideravelmentea perdade água. Urina o rimé o únicoórgãonocorpoquepodecon- trolaraperdadeágua,e,alémdisso,regulartam- bémo balançoacidobásicoe a concentraçãode muitoseletrólitos.Emcomumcomoutrosmamí- feros,os cãese gatostêmdoisrins,situadosna cavidadeabdominal,umdecadalado,masven- trais(abaixoouna frenteda)à colunaespinhal (Fig. 3). O suprimentosangüíneoé feito pela artériarenale pelaveiarenal. O rim consistede umaredede milharesde túbulos(Fig.4).Cadatúbulotemumfundocego. ou"cápsulaglomerular",queenvolveumnovelo decapilaressangüíneos,conhecidocomoglomé- rulo.Há umagrandediferençanapressãoentre o capilare a cápsula,e essediferencialcausao movimentocontínuode pequenasmoléculase fluidodentroda cápsula,provenientesdo capi- lar.Grandesmoléculas,taiscomoasproteínase as váriascélulassangüíneas,nãopodempassar paradentrodotúbulo,a menosquetenhahavido lesãoàsparedesglomerularesou tubulares.Na verdade,umadasindicaçõesde lesãorenalé o achadodeproteínasnaurina.Emanimaissadios. entretanto,o fluidoqueentrano túbuloé um "ultrafiltrado"do sangue,e a taxade entrada dependeda diferençade pressãoentreos dois sistemas. À medidaqueo fluidopassapelotúbulo,mui- todeleé absorvidopelaparedetubulare retoma NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO Ureter Ureter CVelacavacauda'H Fig.:i. Estruturamacroscópicados rins. Túbulo Ductos coletores Parao ureter Fig. 4. Estruturado túbu)orenal(simplifkada). BALANÇO DE ENERGIA, BALANÇO DE ÁGUA E FISIOLOGIA DA DIGESTÃO E DA ABSORÇÃO parao sangue.A reabsorçãoé seletiva,substân- ciaspresentesemquantidadesexcessivasno san- guenãosãoreabsorvitias,comotambémnãoo sãováriosprodutosresiduais.Algumassubstân- ciaspodemsersecretadasativamente,parao in- teriordo túbulo,pelasparedescelulares,Os tú- bulosconvergemprofundamente,dentrodo rim, emduetoscoletores,e o conteúdQremanescente deixao rim via um tubode paredesdelgadas, conhecidocomo"uretet".Um ureterpassade cadarimparaa bexiga,ondea urinaé armaze- nadaatéserconvenientementevertida. O controleda águae doseletrólitosperdidos viarenalocorreemváriosníveis.Há umaforma rudimentarde feedbacknegativo(retroalimenta- çãonegativa);se a desidrataçãoresultarnuma perdado volumede PEC, a pressãosangüínea cairá,entãoasforçasqueregema filtraçãopara dentrodotúbuloserãoreduzidas,e menosfiltra- doatingiráo túbulo.Istolimitaaperdadeágua. A pressãosangüíneapodeserparcialmenteres- tauradapelorim; quandoa pressãosangüínea cai,o rimliberaumaenzima,denominadareni- na,quecatalisaaconversãodeumaproteínaplas- máticainativaemangiotensina.A angiotensinaé umhormôniopotente,quecausaconstriçãodos vasossangüíneosarteriais,assimmantendouma pressãomínima,apesardaperdadevolume.Ela tambémestimulao córtexda adrenala liberar a aldosterona,outrohormônio,queaumentaa reabsorçãotubulardesale deágua.Ataxade reabsorçãode águatambémé controladapelo hormônioantidiurético(HAD), queé produzido pelaglândulapituitária,nocérebro,comorespos- taa concentraçõeselevadasdealgunsdosconsti- tuintesdo sangue.O HAD agesobrepartedo túbulo,paraaumentara absorçãodeágua. O papeldo rim na regulaçãodo balançode eletrólitos,particularmenteo níveldeíonshidro- gênio,podeinterferircomsuafunçãonobalanço deágua.Os íonshidrogêniosãoproduzidospor muitasdasreaçõesquímicasdoorganismo,e seu acúmulonãopodeserpennitido,já queissoalte- rariao pH docorpo.Comoelestêmdeserremo- vidosdocorpoemsolução,algumaperdadeágua na formadeurinaé irevitável,!Desmoemcon- diçõesdedesidrataçãosevera. 7 Ingestãode água Há váriasviaspelasquaisa águapodeentrar noorganismo.Estasincluemo beberágua,o con- teúdodeáguadosalimentos,que'podeseratéde 90%,e a liberaçãodeág;uadurantea utilização metabólicadessesalimentos. Conteúdodeáguadosalimentos Quandoos alimentossão degradadosdurante a digestão,a águaé liberadajuntocomos outros produtosfinaisda digestão,taiscomoaçúcarese aminoácidos.A quantidadede águadependedo tipo de alimente,por exemplo,os alimentosco- merciaissecospara cãese gatospodemconter somente6% de água(emboraalgunscontenham mais),enquantomuitosalimentosenlatadoscon- têmmaisde82% de água.O leitecontémapro- ximadamente88% de.água,e o peixefrescoe a carne55 a 75%. Portanto,as quantidadesde águadisponíveisparaos animaisemseusalimen- tospodemvariarde 10 vezes. A águametabólica ~a água'produzidanadegradaçãoquímicados nutrientes,poroxidação,nostecidos. O hidrogênio,no alimento,combina-secomo oxigênioparaproduzirágua.A quantidadede águaliberadadependetotalmentedo alimentoe dograudeoxidação(vejaa Tabela1). Tabelat. ÁGUA METABOLlCA Classede alimento Águaproduzidana oxidação de 100g 40 g 107g 55g Proteína* Gordura Carboidrato * Nem sempreoxidadacompletamente. A águabebida A águabebidaestásobcontrolevoluntário.Há váriosmecanismosdefeedbacknegativoqueesti- 8 mulamo atodebeber.Os receptorespresentes nabocae gargantaenviamsinaisparao "centro da sede",no cérebro,quandoelesestãosecos. Da mesmaforma,certos"osmorreceptores"avi- samo centrodasedequandoadesidrataçãocausa umaumentonapressãoosmóticadoFEC. Desi- drataçãosevera,resultandonaperdadovolume deFECeo conseqüenteaumentonaangiotensina circulante,tambémestimulao centrodasede. As necessidadesdefluidosobviamentevariam deacordocomascondiçõesdo meioambiente, como estadofisiológicodoanimale como con- teúdode águadosalimentosingeridos.O cão adaptasuaingestãodeáguamuitobem,deacor- docomo conteúdode águadasuaalimentação; o gatofaz issomenosrápidoe menoscompleta- mente.Do pontodevistaprático,o acessoad libitumà águafrescae potávelproporcionará, parao cãoeparao gato,a melhoroportunidade desuprirsuasexigênciasdeágua,particularmen- teemcondiçõesdetemperaturaselevadase quan- docomidassecassãofornecidas. A DIGESTÃO E A ABSORÇÃO NO CÃO E NO GATO A regulaçãoda ingestãode alimentosjá foi discutida.Entretanto,antesquesechegueàsne- cessidadesnutricionaisdosanimais,umpassoin- termediáriodeveserconsiderado.Diz respeitoà decomposiçãodosgrandescompostoscomplexos doalimentoparaumaformasimples,quepossa serabsorvidapelotratodigestivo,circularpelos tecidose usada'poreles,.paraa manutenção,re- paro,crescimentoouparao fornecimentodeener- gia.Trata-sedopapeldosistemadigestivo. NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO Existemtrêsgrandesclassesdegênerosalimen- tícios,querequeremdigestão:carboidratos,lipí- deose proteínas(Tabela2). O propósitodadi- gestãoéremoverasligações,nosgrandescompos- tos,liberandoaspequenasunidades.Issoé con- seguidopor"hidrólise",queé a quebradoscom- postos'pelaágua,mecanismoaceleradoporenzi- masdigestivas.Asenzimassãocatalisadoresorgâ- nicos,produzidospeloorganismo,e queregulam o cursoda maioriadasreaçõesbioquímicasdo organismo.As enzimasdigestivastêmfunções específicas,cadaumaenvolvidacomumafase em,particular,nadecomposiçãodeumcomposto emparticular. O tratodigestivodo cãoe o do gatopodem serconsideradoscomoumsimplestubooco,ha- vendoalgumasporçõesquese diferenciampor suaestruturaeporsuafunção.O alimentopassa dabocaemdireçãodoreto,sendoqueo refluxo é prevenidoporválvulasentrecadacompartimen- to.O movimentodoalimentoéauxiiladoporcon- traçõesmuscularesdasparedesdasvísceras,fre- qüentementecoordenadasnumaseqüênciadeno- minadade",peristaltismo".Issoocorrequandoa ondadecontraçãodavíscerasemanifesta,con- duzindoo boloalimentarcomela.A Fig.5 mos- tra,deformamuitogeneralizada,umsistemadi- gestivodemonogástrico,queé aplicávelao cão e ao gato.Os diferentescompartimentosserão consideradosseparadamente,na ordememque elesocorreremanatomicamente. Boca Umavezqueo alimentofoi apreendidoe con- sumidó(ou pelo menoscolocadoem um reci- Tabela2. ESTRUTURADOS NUTRIENTES Classe Carboidratos Proteínas Formascomunsnosalimentos polissacarídeos(ex. amido) dissacarídeos(ex.sacarose) monossacarídeos(ex.glicose) proteínas monossacarídeos (açúcaressimples) . Lipídeos gordurasneutras Após a digestão } peptídeos aminoácidos glicerol ácidosgraxas algunsglicérides BALANÇO DE ENERGIA, BALANÇO DE ÁGUA E FISIOLOGIA DA DIGESTÃO E DA ABSORÇÃO Boca \ Vesículablllar Duodeno(intestinodelgado) Jejuno (intestinodelgado) lIeo (intestinodelgado) VálvulalIeocecal Cólon (intestino.grosso] Reto Fig. 5. Sistemadigestivode monogástricosimplificado. pienteaoalcancedocãooudo gato!)a visãoe o cheiroestimulama produçãode salivapelas glândulassalivares(Fig.6). Istoé conhecidoco- moumarespostagustativa.Pavlovobservouque a secreçãodesaliva,nocão,poderiamesmoser promovidaporumestímulogeralmenteassociado coma alimentação,tal comoo soardeumsino nahoradasrefeições.Essaproduçãodesalivaé reforçadaquandoo alimentoé colocadodentro daboca,e o gostoé adicionadoàsdemaissensa- ções.A salivaé umasecreçãolevementeácida,e contémmuco,queé umlubrificantemuitoefi- cientee fazcomqueo atodeengolir(particular- mentealimentossecos)sejafacilitado.Emalguns animais,aamilasesalivar,enzimaquedigereami- do (ptialina),estápresentenasaliva,masa sua contribuiçãoparaa digestãoé geralmentedes- prezível. Fig. 6. ,\s gIÚlluul", "di\ <Iresdu cito. 9 Emgatos,a mastigaçãopermiteumadecompo. siçãomecânicadoalimento,masmuitoscãesde. voramseusalimentossemmastigar.Entretanto, seo alimentoé duro,oscãese os gatostêma dentiçãoapropriadaparaumcomportamentocaro nívoro,e sãobemequipadospararasgar,aboca- nhare mastigar. Esôfago A deflutiçãotransfereo alimentodabocapara o esôfago,um tuborelativamentecurto,quese comunicacomo estômago.Nenhumaenzimaé secretadaaqui,masascélulasdoesôfagoadicio- narãomaismucoparafacilitaro movimento.A presençado alimentoestimulao peristaltismo, queempurrao alimentoparao estômago.Nabase doesôfago,ondeeleentrano estômago,há um aneldecélulasmuscularesespecializadas,conhe- cidascomoesfínctercardíaco. Geralmentecontraído,esseesfíncteré esti- muladoa relaxarpelachegadadaondaperistál- tica,permitindoa passagemdo alimentoparao estômago.Entretanto,a pressãoprovenientedo estômagonãocausarelaxamento,sendoo reflu- xo, portanto,improvável,excetoemcircunstân. ciasanormais,associadascomo vômito. Estômago o estômagotemmuitasfunções.Ele funciona comoreservatório,permitindoque o alimento sejaingeridona formaderefeiçõesespaçadasao invésdecontinuamente;eleiniciaa digestãodas proteínase regulao fluxode materiaisparao intestinodelgado.Funcionalmente,o estômago podeserdivididoemduasporções,o corpoe o antro(Fig.7). O corpotemparedesmuitoelásticas,quepo- demacomodargrandequantidadede alimentos semqualqueraumentonapressão.A mucosa(epi- télioe tecidosubjacente)docorposecretamuco, ácidohidroclóricoe proteases.As proteasessão enzimasquedigeremproteínas,e, no estômago, elasquebramaslongascadeiasempeptídeosme- nores.A maiorenzima,pepsina,é secretadaem umaformainativa,paraassegurarquenãodigira 10 AntroFig. 7. Estôlllago.de um animal mo.no.gástrico.. ascélulasnasquaisé produzida.O pepsinogênio é convertidoempepsinana presençado ácidohi- droclórico,que tambémproporcionao meioam- bienteapropriadoparao funcionamentodasen- zimas,numavelocidadeótima.O estômagoé pro- tegidoda pepsinapor um fluxo de mucosobre suasparedes. A secreçãode ácido,mucoe enzimasdepende daquantidadee composiçãodo alimentono estô- mago,e estásob controlehormonale nervoso (Fig. 8). O hormôniogastrinaestimulao estômagoa produzirácido,enzimas,e, também,aumentaa motilidadedo estômago.Ele é produzidonascé- lulasda mucosa antrale liberadoparao sangue quandoo estômagoé distendidoou há alimento presente.A gastrina"viaja" na correntesangüí- neaaté retomarao estômago,onde exerceseu efeitona mucosado corpo.A liberaçãode gas- trinaéeventualmenteautolimitante;quandoa se- creçãoácidacausaa quedado pH, a liberação degastrinaé inibida.Quandoo estômagoesvazia, parao intestinodelgado,a presençade lipídeos estimulaa liberaçãodo hormônioduodenalente- rogastrona,quefazo estômagocessara produção de ácido. O controlenervosoda secreçãogástricaé bem maisdireto.Há um reflexosimplese rápidoque estimulaa secreção,e tambémumarespostagus- tativaà visão,cheiroe gostodo alimento,que estimulaumasecreçãorica emproteasese ácido, emprontidão,parao alimentoatingiro estômago. NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO A mucosaantral,por contraste,produz uma soluçãoque é alcalinae pobre em enzimas.Ela é misturadacomo alimentoantesdesuaentrada no intestinodelgado.Ondas mistasoriginam-se no corpoe, gradualmente,aumentamemcompri- mentoconformealcançamo antromuscular,onde ocorreuma completamistura.Nesseestágio,o conteúdoestomacalformaum líquido espessoe leitoso,conhecidocomoquimo. A velocidadepela qual o estômagolibera o quimopara o duodeno(partemais alta do in- testinodelgado)é influenciadapor váriosfatores, permitindoas condiçõesótimaspara a digestão. Os mecanismosenvolvidossãomuitosimples.Na porçãodistal(final)do estômago,há um espesso aneldemúsculo,chamadoesfíncterpilórico,que, aI Estimulaçãoda secreção Liberadaquando - estômagoestiverdlstendldo - presençade alimento bl Inibiçãoda secreção Fig. 8. Controleda secreção.gástrica. BALANÇO DE ENERGIA, BALANÇO DE ÁGUA E FISIOLOGIA DA DIGESTÃO E DA ABSORÇÃO da mesmaformaque o esfínctercardíaco,está normalmentecontraído.Quandochegamas for- ças peristálticasmuito fortes,o esfíncterrelaxa e permitea entradado quimopara o duodeno. A presençade ácidos,irritantes,lipídeosou qui- mono duodenoinibeo movimentoperistálticodo estômagoe reduza taxade esvaziamento. O fluido quimopassamaisfacilmenteatravés doesfínctera significarquea passagemdo quimo líquido, parcialmentedigeridoe bem misturado, é favorecida,particularmente,quandojá não há mais nada presenteno intestino.Isso 'assegura que o intestinodelgadonão recebamaisquimo do queelepodesuportareficientemente,e, tam- bém,que as"enzimasgástricastenhamoportuni- dadessuficientesde trabalharnummeioambien- te ácido. Intestinodelgado (a) DIGESTÃO Mais enzimassão adicionadasao quimo no duodeno.Algumasdelasoriginam-seda mucosa duodenale outrasdo pâncreas.O pâncreasé im- portantenãosomentecomoumaglândulaexócri- na na digestão(isto é, umaglândulaque secreta externamente),mastambémcomoumaglândula endócrina(umaglândulaque secretahormônios para a correntesangüínea),produzindoinsulina. Ele tambémsecretagrandesvolumesde bicarbo- nato,na formade sal,no intestino,neutralizando o quimoácidovindo do estômago,proporcionan- do um pH ótimoparaas enzimaspancreáticase intestinais.As enzimaspancreáticasincluempro- teasesinativas,lipases(que digeremlipídeos)e amilases(quedigeremcarboidratos).As enzimas intestinaisgeralmentecatalisamos últimosestá- giosda digestão. A regulaçãodaproduçãopancreáticaestágran- dementesobo controlede dois hormônios,a se- cretinae a pancreozimina(Fig. 9). Ambas são produzidaspelascélulasda mucosaintestinal,e, sob certascondições,liberadaspara a corrente sangüínea.A secretinaé liberadaemrespostaaos ácidosno intestino,e estimulaa liberaçãodevo- lumesmaioresdebicarbonatopelopâncreas.Em 11 aI Pelasecretina Secretina(paraa Acido \~~:correntesangüinea) ,C , , I, Pâncreas ( Bicarbonato ""\ r j -. Aci~or:-=--- - - - j - - - - L ---) b) Pelapancreozlmlna '\ ~ Pâncreas )1 1 Fig. 9. Regulaçãoda secreçãopancreática. contraste,a liberaçãode pancreoziminaé provo- cadapelapresençadealimentoparcialmentedige- rido e estimulaa liberaçãode sucosricos em enzimas.O papelcomplementardesseshormônios asseguraum uso semo menordesperdício,do pâncreas. A bile é,também,adicionadaaoquimono duo- deno. A bile é um fluido produzidocontinua- mentepelo fígado;emalgunsanimais(comoca- valos e ratos),ela é depositadadiretamenteno duodeno,via o ductobiliar.Entretanto,emoutras espécies(ex.homem,cãese gatos)a bile é arma- zenadana vesículabiliar, para ser liberadano duodeno,quandosolicitada.A bile contémsais biliarese pigmentos,e váriosprodutosresiduais do fígado,taiscomohormôniose metabólitosde drogas.Os saisbiliaresnãosão enzimas,apesar de eles desempenharemimportantesfunçõesna digestãoe na absorção.O maisimportanteé a emulsificaçãodasgorduras,sendoquea bile age sobreo lipídeode formamuitosemelhantea um 12 detergente,quebrando-oemmuitosglóbulosdi. minutos,comumasuperfíciemuitogrande,sobre a qualaslipasespodematuar.Algumasdaslipa- sessão,também,ativadaspelapresençadebile, de formasimilarà ativaçãodasproteasespelo ácido,noestômago. A secretina,o hormônioduodenal,aumentao conteúdodebicarbonatoe velocidadedefluxode bile.Outrohormônioduodenal,a colecistocinina, causaacontraçãodavesículabiliare a liberação dabilearmazenada(Fig.10). O intestinodelgadoé assimchamadoporcau- sadeseudiâmetroestreito,porém,apesardeseu diâmetrosermuitomenordoqueo do intestino "grosso",eleé váriasvezesmaislongo.A di- gestãoé completadano intestinodelgado:todas as proteínasdigestíveis,lipídeose carboidratos sãoreduzidosa aminoácidos,dipeptídeos,glice- rol, ácidosgraxose monossacarídeos.Tão logo essassubstânciassãoliberadas,elassãoabsorvi- das,comoo sãoos minerais,as vitaminase a água. (b) ABSORÇÃO A absorçãoé a transferênciado materialdi. geridodo lúmendo intestinoparao sangueou vasoslinfáticos.Apesardequealgumaabsorção ocorranoestômagoe intestinogrosso,delongea maiorproporçãode absorçãoocorreatravésda mucosa do intestinodelgado.A áreasuperficial sobreaqualissotemlugarégrandementeaumen- . "..Secretlna", \ I, I, I I I I I I,,,- "-' - Fig. 10. Produçãoe liberaçãoda bile. NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO -," //'i~, '/!il" /1i!' :',:1"iill! II :: 11 ,I: 111 ,'1:/1 ;:Ji::,'; 'I l/i i I~ .::.::::::::~:~:~:~::j,.\,~~,.:::,:,::::::=Capilar "". Vaso linfático LúmenIntestinal Parededo Intestino Fig. 11. Vilos intestinais (simplificado). tadapordobrase numerosasprojeçõescomode- dos,chamadasvilos(Fig.11).Emalgunscães,a áreasuperficialdo intestinodelgadopodeser equivalenteao assoalhode umapequenasala. Movimentosmistosindependentesdaparedein- testinal,e dosvilos,asseguramqueháumbom suprimentodemateriaisparaas superfíciesepi- teliais,e a densaredede capilaresgaranteque nãohajaacúmulode nutrientesabsorvidos,que poderiamimpedirabsorçõesposteriores. Há váriasdiferentesmaneiraspelasquaisos nutrientessãoabsorvidos.A absorçãopodeser "passiva",deacordocoma concentraçãooucom o gradienteosmótico,ou"ativa",exigindoo gas- to de energiaparapromover"bombas"através decélulasou membranas.Os aminoácidose os monossacarídeosdemonstramalgumadifusãopas- siva,maselaé muitolimitada.Os aminoácidos sãoabsorvidosativamente,por váriossistemas diferentesdetransporte,paraascélulasdamu- cosae depoissedifundemparaa correntesan- güínea.Umpoucodaproteínadigeridaé absor- vidana formadedipeptídeo(doisaminoácidos), porsistemasativos,sendoaligaçãopeptídicaque- bradadentrodacéluladaparededo vilo,eos dois aminoácidosliberadosseparadamentepara a correntesangüínea.Animaisrecém-nascidos são,também,capazesde absorverproteínasino tactas(porex.,osanticorposmatemosdo colos- tro),porumprocessode envolvimentopelacé- lula,conhecidocomopinocitose. A captaçãoativademonossacarídeoestáliga- daa umcomplexodecarreamentoquedepende BALANÇO DE ENERGIA, BALANÇO DE ÁGUA E FISIOLOGIA DA DIGESTÃO E DA ABSORÇÃO da captaçãode sódio.Outrosminerais(ex. cál- cio)estãotambémrelacionadoscomos movimen- tos dos monossacarídeos.Os açúcarese os ami- noácidossãoabsorvidosparaos capilaresvilosos e, delá, convergemparaa veiaporta,quedesvia o sangueparao fígado,antesqueele retomeao coraçãopara a recirculação.O fígado converte muitoda glicoseabsorvidaem glicogênio(regu- lado pelo nível de insulinacirculante),e arma- zena-aaté que uma quedana glicosesangüínea peçaa conversãodo glicogênioarmazenadoem glicose(reguladopelo hormônioglucagon).O ní- vel circulantede glicosedeveser mantidopara ,proporcionarum pronto suprimentode energia viável para os tecidos,particularmentepara o cérebro.Os aminoácidoscirculamno sanguee são absorvidospelascélulasquandonecessário; os aminoácidosexcedentessão convertidosem outros,se necessário,ou transformados,no fíga- do, emuréia,queé excretadapelorim. A absorçãode gorduradifereda de proteínas e carboidratos;os ácidosgraxose o glicerolsão absorvidosraramenteparaos capilaresdosvilos, sendoque a maiorpartedelesé absorvidapelo sistemalinfáticodosvilos.Os produtosda diges- tão dos lipídeos,ácidosgraxos,o glicerole os triglicerídeossãoinsolúveisem água.Entretanto, formammicelascomos saisbiliarese coma liso- lecitina,e essescompostospodemsedispersarli- vrementeno fluido do intestino.Os ácidosgra- xosdecadeialongaassociam-secomos saisbilia- resparaformarácidoscoléicos,quesãosolúveis emágua.Os saisbiliarese a lisolecitinanãosão absorvidoscomos lipídeos,masretomamparao lúmenintestinal.Após a absorção,ocorrea res- sintetizaçãonas célulasda mucosa;os triglicerí- deose os fosfolípideossãoformadose liberados para O sistemalinfático,enquantoo glicerole ácidosgraxosde cadeiacurta podemse dirigir ao sistemaporta.A linfa, eventualmente,encon- tra a circulaçãovenosapróximoaocoração. Os míneraissãogeralmenteabsorvidosemuma formaionizada.Os meiosde absorçãovariamli- geiramente,de acordocomo local; por exemplo, no jejuno,a captaçãodosódioestáligadaà capta- ção ativa de glicose;no íleo, este processoé inteiramenteativo, e no intestinogrosso,ele é muitoativo(istoé, podeoperarcontragradientes deconcentraçãomuitofortes),e inteiramentede- 13 pendentedo movimentode glicose.A absorção de mineraisdependedos seusníveisno sangue (que influenciarãoos gradientesde concentra- ção),e de váriosfatoreshormonais. As vitaminashidrossolúveis(grupoB) sãoge- ralmenteabsorvidaspassivamente,maspodeha, ver algumaabsorçãoativa.A vitaminaB1'2pode ser absorvidasomenteapóster se ligadoa uma proteínaconhecidacomofator intrínseco,queé produzidopelamucosagástrica. As vitaminaslipossolúveis(A, D, E e K) tor- nam-sesolúveispelacombinaçãocomos saisbi- liares,e essefatoajudasuaabsorção;Ondehou- ver digestãoe absorçãonormalde lipídeos,de- veriahaveruma captaçãonormaldasvitaminas lipossolúveis. A águaé absorvidapassivamentepor difusão, sob um gradienteosmótico.A maior parte da águaé absorvidano intestinodelgado,um pouco no estômagoe no intestinogrosso.Se a captação de águaestiveralterada,umadesidrataçãopode- rá ocorrermuito rapidamente,já que todasas secreçõesaquosasno intestinoserão perdidas, alémda águabebidae daquelacontidanos ali- mentos. Ointestínogrosso O conteúdodo intestinodelgadoentrano intes- tino grossopelaválvulaileocecal.Poucodo ali- mentoe da águaingeridopelabocachegaatéo intestinogrosso;a águaé principalmentedestina- da à evacuaçãona formade fezes. O intestinogrossonão temvilosidades,então sua superfíciede absorçãoé limitadae, apesar de ele sercapazde retirarum poucode águae de eletrólitos,não possuinenhumdos mecanis- mosde transportenecessáriosparaos nutrientes orgânicos.A águaé absorvidade maneiradife- renteaqui,passandopelosespaçosintercelulares dependendodos gradientes.O graude absorção é afetadopeloestadodo fluido doorganismo,re- fletidopelapresençaou ausênciados.hormônios aldosteronae angiotensina.O íleo e o cólon(par- te do intestinogrosso)sãoparticularmentesensí- veisa eles.Há, também,umaleveaçãoinibitória da secretina,dagastrinae da pancroziminasobre a captaçãode água. 14 As colôniasbacterianasresidentesno intestino grossosãocapazesde digerirparcialmenteum poucoda proteínae dosresíduosde fibra.Os produtosdessadigestãodãoàsfezesseuodore suacor característica.Quaisquerresíduosque nãoforamdigeridos,juntocoma água,minerais ebactériasmortassãoarmazenadosnoretoatéa evacuação.A defecaçãoestá,geralmente,sobcon- trolevoluntãrio.envolvendoo relaxamentode. umesfíncteranal;poréma diarréiaou doenças podemsobrepujarestecontrole. Umentendimentoda fisiologiado tratodiges- tivoajudana interpretaçãodasdoençasgastro- intestinais.Então,umaabsorçãopobredeágua, poralteraçõesnosmecanismos,ou porumtrân- . NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO sitomuitorápido,resultaemdiarréia.Seocorrer umaabsorçãomuitoforte,asfezestornam-seen- durecidas,difíceisde evacuar,resultandoem constipação.Os vômitospodemsercausadospor toxinasouvenenos,queirritama paredeestoma- cal,oupordoençasdoesfíncterpi16rico.Engolir corposestranhospodecausar,também,o vô- mito. Umadiarréiapersistentee o vômitopodemser fatais,devidoà perdadeíonsinorgânicose do efeitodadesidratação.Elespodemserumaindi- caçãodedanossériosoudoençasemalgumapar- tedotratodigestivo.Entretanto,umanáuseaoca- sionalou fezesdiferentespodemsercausados ,pornadamaissériodoqueumamudançarepen- tinanadietaouumperíododesuperalimentação. CAPITULO 2 UM GUIA SIMPLIFICADO DAS NECESSIDADES NUTRI CIONAIS I. H. BURGER Comotodasas outrascriaturasvivas,os cães e os gatosnecessitamde alimentoparasemante- rem vivos e saudáveis.Alimentopodeser defi- nido como"qualquersubstânciacapazde nutrir o ser vivo". Uma descriçãomais completafala que alimentoé qualquersólidoou líquido que, quandoengolido,podesuprir uma ou qualquer dasseguintesexigências: materiaisque dão energia,coma qual o corpopodeproduzirmovimento,calorou outrasformasde energia; materiaispara o crescimento,reparosou reprodução; substânciasnecessáriasparainiciarou re- gular os processosenvolvidosnas duas primeirascategorias. Os componentesdo alimento,que têm essas funções,sãochamadosnutrientese os alimentos e asmisturasalimentares,que sãocomidosatual- mente,sãoreferidoscomodieta.A estruturados nutrientesmaioresjá foi discutidano Capítulo1; a discussão,aqui, restringir-se-á,principalmente, à funçãoe às exigências.Os principastiposde nutrientespresentesnosalimentossão: (a) (b) (c) Carboidratos- proporcionamenergiaao corpo. e podem,também,serconvertidosemgordura corpórea. Lipídeos- trazemenergiade formamaiscon- centrada,liberando,aproximadamente,o do- bro da quantidadede energia,por unidadede peso,do que os carboidratosou as proteínas. Os lipídeossempreagemcomoveículoparaas vitaminaslipossolúveise para certostipos de lipídeos,geralmentereferidoscomoácidosgra- xos essenciais(AGE), que, comoo nomesu- gere,são necessáriospara numerosasfunções do organismoe sãotão importantesquantoas vitaminasindividuaise os minerais.Os AGE serãodiscutidosem maior detalheposterior- mente,nestecapítulo. Proteínas- são importantesporquetrazemos aminoácidosque estãoenvolvidosno cresci- mentoe no reparodos tecidosdo corpo.Os aminoácidospodem,também,ser metaboliza- dos paraproduzirenergia. Mineraisemicroelementos- os "macrominerais" sãosubstânciascomõo cálcioe o fósforo,que sãousadasno crescimentoe reparo,masessa categoriatambéminclui substânciasnecessá- rias emmenoresquantidades,tais comoferro, cobree zinco. O último grupoé, geralmente, chamadode "microelementos".Vitaminas- ajudama regularos processosdo organismo,e são,geralmente,consideradasem duascategorias:o grupolipossolúvele o gru- po hidrossolúvel.No primeirogrupoestãoas vitaminasA, D, E e K; no últimogrupoestão as vitaminasdo complexoB (taiscomoa tia- mina)e a vitaminaC. O outroconstituinteim- portantedos alimentosé a água,e apesarde nãoser vistacomonutriente,é essencialpara a vida. A necessidadede águaé secundáriasomenteà necessidadede oxigênio,o outro elementovital nãoincluídona lista acima. 16 Dificilmenteum alimentocontémsomenteum nutriente:a maioriados alimentossão misturas complexas,que consistemde uma variedadede carboidratos,lipídeose proteínas,junto com a água.Os mineraise as vitaminas(especialmente asúltimas)estãogeralmentepresentesemquanti- dadesmuitomenores. ' NECESSIDADES E RECOMENDAÇOES Uma ingestãoadequadade nutri~ntesé essen- cial paraa saúdee para a atividadedo animal; mas,quantoé adequado?Comparadocomasne- cessidadesde cãese gatosadultos,há exigências adicionaisparaos estágiosmaiscarentesdo ciclo de vida,taiscomocrescimento,gestaçãoe lacta- ção.No casodo cãoe do gato,é possívelinves- tigarsuasnecessidadesde nutrientese obterva- loresmaisprecisosdo qu.eé possívelparao ho- mem.A quantidademínimadeum nutriente,ne- cessáriaa cadadia para o metabolismopróprio do corpoé, geralmente,referidacomoa necessi- dadediáriamínima(NDM). Entretanto,mesmo quandofoi possíveldeterminaressesvalorespor investigaçãocuidadosae extensa,elesnãose re- feremà variaçãoindividualdasnecessidadesque existemmesmoentreanimaisde mesmaespécie, raça,peso,.sexoe atividadefísica. Em lugar de seusaremessesvalores,é .maiscomumseusarem valoresde concessãodiária recomendada(CDR), comoguia para a adequaçãonutricional.Essas recomendaçõessãodesignadasparaassegurarque asnecessidadesde todosos cãese gatos,virtual- mentesadiosforamsupridas.Segue-sequea CDR estarásempreemexcessodeumanecessidademí- nimadiária(excetoparaa energia,queserádis- cutidanapróximaseção)e asnecessidadesatuais de nutrientesdosanimaisserãomenoresdo que a ingestãorecomendada.~possível,portanto,que uma dietapossacontribuirmenosque a CDR, masaindaproverumaingestãoadequadade nu- trientes. Um aspectomaisimportanteé a aplicaçãode CDR (ou NDM) a um dadoalimentoou mistura de a-limentos,isto é, à dieta.A CDR e a NDM serão,inicialmente,medidascomoa quantidade de nutrientesingeridospelo animala cada dia, e terão,geralmente,unidadesde g por kg de NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO pesocorpóreo,por dia. Mas, em últimaanálise, o modomaisútil e relevantede expressaresse valoré comoumaconcentraçãona dieta.Isto dá origemà questãoda quantidadedos diferentes tiposde alimentosingeridospor animaisdiferen- tes.Os alimentosvariamem suacomposição(de enlatadosa secos)e os animais,particularmente os cães,mostramuma grandevariaçãode raça pararaça.A ligaçãoentreessasvariáveisé o con- teúdodeenergiada dieta. ENERGIA A energiadiferedosoutrosnutrientes,emque o apetitenormalmentecontrolaa ingestão,e a mantémpróxima das necessidades.A ingestão alémdasnecessidadesé indesejávele, eventual- mente,levaà obesidade.O conteúdode energia da dietaé derivadodos carboidratos,lipídeose proteínase a quantidadede cadanutrientenum alimentoirá determinarseuconteúdode energia. A águanão temvalor energético,entãoa densi- dade.de energiados alimentosvaria numarela- çãoinversado seuconteúdodeumidade.A ener- gia é, geralmente,expressaem termosde kilo- calorias(kcal), onde 1 kcal é definidocomoa quantidadede calornecessáriaparaelevara tem- peraturade 1 kg de águade 1 graucentígrado. Uma convençãomaisrecenteexpressaa energia emtermosde joule m,queé maisdifícil de de- finir em termosfamiliares,e é baseadaem um equivalentemecânicoou elétricodo calor. Para o propósitodestadiscussão,é necessário,somen- te,compreenderque 1 kcal é equivalentea apro- ximadamente4,2 kilojoules(kJ). O corpo obtémenergiaoxidando("queiman- do") alimentos,masde forma diferentedo pro- cessode queimarnuma caldeiraou máquinaa vapor,a energiaé liberadagradualmentepor uma sériede reaçõesquímicascomplexas,cadauma reguladacuidadosamentepor umaenzima. As enzimassãoproteínasespeciaisquecontro- lam a velocidadedas reaçõesquímicase, mais importante,permitemque essascomplexasalte- raçõesocorramnascondiçõesrelativamenteame- nasdo organismo.Paraserealizaras mesmasal- terações,num processoindustrialtípico, condi- çõesmuitomaisextremasde temperaturae pH UM GUIA SIMPLIFICADO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS ou ingredientesaltamentereativos,seriamreque- ridos.Muitasenzimasnecessitamda presençade vitaminasou mineraispara funcionarapropria- damente,e esseaspectoserádiscutidocommais detalhesq~ndo essesnutrientesforemconside- rados. O cão e o gato,comotodosos animais,não são.totalmenteeficientesna extraçãode toda a energiado alimento.A quantidadedisponível parao"brganismo,a chamadaenergiametabolizá- vel (EM), émenordo queaquelaobtidapor quei- ma dos alimentos(energiabruta). Há, também, variaçõesentreanimaisindividualmente,em sua própriaeficiênciametabólica;então,a únicama- neirade obterumamedidaconscientedo conteú- do deEM deum almentoé fornecê-Ioaum gru- po tãograndedecãesou gatos,quantofor possí- vel,e medir(porcombustão)a energiafornecida pelo alimentoe a energiaperdidanasfezese na urina.'A EM do alimentoé a diferençaentrea ingestãoe as perdas.Estatécnica,apesarde per- feitamenteexecutável,consometempoe gastos, e não é realizávela menosque estejamdisponí- veisasfacilidadesdeanimaisespecializados.Por- tanto,atravésdosanos,umasimplesfórmulafoi desenvolvida,usandodadosdemuitosmamíferos, incluindoo homem,quedá umaaproximaçãora- zoavelmenteboa da EM numalimento,a partir do seuconteúdoem carboidratos,lípidese pro- teínas,permitindoas perdasem absorçãoe efi- ciência.:egeralmenteaceitoque: 1 g de carboidratoda dieta (calculadocomo monossacarídeos)traz 3,75 kcal, ou 16 kT; 1 g de lipídeosda dietatraz9 kcalou 37 kT; 1 g deproteínasdadietatraz4 kcalou 17kT. Esta técnicaé muitorápidae útil para obter uma estimativada EM de um alimentoou da dieta. Mas deveserlembradoqueelaé somente'uma aproximação,e que não será, necessariamente, aplicávelcom a mesmaprecisãopara todosos alimentosou misturasalimentares.As recomen- daçõesde ingestãode alimentos,baseadasnessas medidas,geralmentelevamem contaessaslimi- tações. A energiaé usadaparaa execuçãodo trabalho muscular,.paraprocessostais comorespiraçãoe 17 para outrasatividades,comomante'ra tempera- turacorpórea.Comoo homem,os cãese os gatos mantêmsua temperaturacorporalao redor de 40°C,normalmentebastanteacimadascondições ambientais,e grandesquantidadesde energiasão necessáriaspara conseguirisso. Portanto,a pri- meiraexigênciado animal,quantoà sua dieta, é a energia.A densidade~nergéticadadietadeve ser suficientementealtaparapermitirque o cão ou ô gatoobtenhamcaloriaso bastanteparaman- ter o balançode energia,e esseé o principal fator que determinaa quantidadede alimento ingeridoa cada dia. Para tanto,nas seçõesse- guintes,as exigênciasde nutrientessão, geral- mente,expressasem termosde concentraçãode EM calculada,sendoqueosvaloressãoaplicáveis a qualquertipo dealimentoou dieta,independen- te de seuconteúdode água,nutrientesou valor energéticototal. O NationalResearchCouncil(NRC), daNatio- nal Academyof Sciences,nos EstadosUnidos, compilouumalistados níveisdietáriosrecomen- dadosda maioriadosnutrientes,e freqüentemen- te, nestecapítulo,referir-nos-emosa essesvalo- res*. As recomendaçõesestãoresumidasna Ta- bela 3, e são definidasem termosde 400 kcal de EM. A primeiravista,issopodeparecerbas- tantearbitrário,masa razãoadvémdo fato de quea maioriadosalimentoscomerciaisparacães e gatoscontém,aproximadamente,400kcal por 100g de matériaseca,isto é, apóstodaa água ter sido removida.Então, os valoresusadosna Tabela3 (e emquaisqueroutroslugaresno tex- to) podem,também,ser consideradosaproxima- dos de umaconcentraçãopor100g de matéria secadadieta. NUTRIENTES: FUNÇOES E EXIGENCIAS Carboidratos Nãoexisteumaexigênciamínimadecarboidra- tosna dietade cãese gatos.Baseando-seemin- vestigaçõesno cão,e em outrasespécies,parece * O NRC publicouem 1983umanova ediçãodas Necessidadesde Nutrientesdos Cães. . 18 NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO Tabela3. NtVEIS DIETÁRIOS RECOMENDADOS DOS NUTRIENTES PARA OS CÃES E GATOS Notas a b c c d e f f g h ~ Todosos valoressãoexpressosem termosde 400kcal de EM, que se aproximam de 100g de matériasecanos alimentoscomerciais. * Abreviações:lU =UnidadesInternacionais;NR = (a) As quantidadessão dependentesdo conteúdode dieta.Veja, também,a Tabela4. (b) Não há exigênciade lipídeosalémda necessidadesde ácidosgraxosessenciais, e como carreadoresde vitaminaslipossolúveis.As recomendaçõesde ácido linoléicoe araquidônicoestão,provavelmente,acima das necessidadesreais dessesdois nutrientes. (c) As exigênciasde ferroe de zinco podemser aumentadaspor proteínasvege- tais (principalmentea soja)da dieta.As recomendaçõesde zinco,paraos cães, podemser próximasàs exigências.e possuemapenasuma pequenamargem de segurança. (d) Provavelmentenecessárioapenasparaanimaisem crescimento,já que os ani- maisadultospodemfabricarquantidadessuficientesna pele, sob a açãode luz ultravioleta(UV). Algumasevidênciasrecentessugeremque os gatosre- querempouca(se necessitarem!)vitaminaD duranteseu crescimento,mesmo na ausênciade luz ultravioleta(UV). (e) As necessidadessãodependentesdos níveisde selênioe de gorduraspoliinsa- turadosna dieta;as necessidadessãoaumentadasquandohouvergrandesquan- tidadesde gorduraspoliinsaturadas. (f) Em animaisnormaise saudáveis,umagrandeproporçãodasnecessidadesdes- sasvitaminasé supridapor síntesebacterianano intestino. (g) A necessidadede colinaé muitodependentedo nível de metioninada dieta. Em gatos,foi mostradoque o aumentoda metioninapodesubstituircomple- tamentea colina. (h) Última estimativadas necessidades(publicadaem 1981). Não requer. amionácidosda proteínada Nutriente Unidades Cão Gato ,. Proteína g 22 28 Lipídeo g 5 L}Ácidolinoléico g 1Ácidoaraquidônico g NR* Cálcio g 1,1 1 Fósforo g 0,9 0,8 Potássio - g 0,6 .0,3 Cloretode sódio g 1,1 0,5 Magnésio g 0,04 0,05 Ferro mg 6 10 Cobre mg 0,73 0,5 Manganês mg 0,5 1 Zinco mg 5 3 lodo mg 0,15 0,1 Selênio p.g 11 10 VitaminaA IU* 500 1000 VitaminaD IU* 50 100 VitaminaE IU* 5 8 Tiamina mg 0,1 0,5 Riboflavina- mg 0,22 0,5 Ácido pantotênico mg 1 1 Niacina mg 1,14 4,5 Piridoxina mg 0,1 0,4 Biotina p.g 10 5 Ácido fólico p.g 18 100 Vitamina812 p.g 2,2 2 Colina mg 120 200 . Taurina mg NR* 50 UM GUIA SIMPLIFICADO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS queos cãese gatospodemsermantidossemcar- boidratosse a dietaproporcionarlipídeose pro- teínassuficientes,dosquaissãoderivadasas exi- gênciasmetabólicasde glicose.Entretanto,recen- tementefoi reportadoque o consumode uma dietarica emlipídeose livre decarboidratospor cadelasem gestaçãoreduzia,substancialmente,a sobrevivênciade seus filhotes,comparadocom um gr1ij20controle,que recebiaumadieta con- tendo44% deEM, na formadecarboidrato.Esse efeitofoi atribuídoa umaseverahipoglicemiaque ocorrianasprimeirascadelas,na épocada pari- ção. Nessaocasião,a fonte de carboidratoera amidocozido,e há dúvidasde queessasubstân- cia sejaprontamentedigeridapor cãese gatos. Os açúcaresindividuais,dissacarídeos,tais como a sacarose(açúcarda cana)e a lactose(açúcar do leite)nãosãotãobemtolerados.A habilidade de metabolizaressesaçúcaresé governada,res- pectivamente,pelasquantidadesde enzimasbeta- fructofuronidase(sacarase)e beta-galactosidase (lactase),presentesnos intestinos.As atividades da sacarasee da lactaséestãocertamentepresen- tesemcãese gatosadultos,apesarde saberque sãomais altasem gatinhos,e diminuemcomo passardosanos.Se se forneceremgrandesquan- tidadesde sacarose,ou de lactose(por ex., uma grandevasilhade leite), repentinamente,a cães ou gatosadultosou jovens,eles poderãoapre- sentarumadiarréia,que é devida,parcialmente, à purgação(ou evacuaçãoforçada)de natureza osmóticae, em parte,à fermentaçãobacteriana (no intestinogrosso)dos carboidratosque esca- paramà digestão.Apesardeessaspequenasquan- tidadesde carboidratos(5% dascaloriastotais) poderemserbemtoleradaspelamaioriadosani- mais,existem,obviamente,variaçõesna eficiên- cia individualnautilizaçãodessassubstânciaspe- los animais. Alguns trabalhosrecentescom cãessugeriram queumadietarica emlipídeose livre de carboi- dratos conferealgumasvantagens,em corridas forçadasprolongadas,para cãesde corridacom trenó,quandocomparadocom dietascontendo maisde 38% de caloriasna formade carboidra- tos.Essasvantagensincluíamumaaltacapacida- de de carregaroxigêniocom maior númerode célulasvermelhassangüínease hemoglobina.En- 19 tretanto,paracãese gatosnormalmenteativos,a inclusãode40-50%de calorias,comocarboidra- to da dieta,nãoparecerepresentarqualquerdes- vantagem,quando comparadocom uma dieta completaemlipídeosjproteínas,e poderealmen- te ser benéfica,comojá foi indicadoanterior- mente;vejao Capítulo5. Lipídeos A gorduradadietaé a fontemaisconcentrada de energia,e traz palatabilidadee uma textura maisaceitávelaosalimentosdoscãese gatos.Co- moos carboidratos,os lipídeossãocompostosde carbono,hidrogênioe oxigênio.Quimicamente, os lipídeosdosalimentosconsistemprincipalmen- te demisturasde triglicérides,ondecadaum de- lesé umacombnaçãode trêsácidosgraxosasso- ciadosa umaunidadede glicerol.As diferenças entreum lipídeoe outrosãocertamenteo resul- tadodosdiferentesácidosgraxosnelescontidos. Há diversosácidosgraxosdiferentesencontrados nosalimentos,e suasestruturasquímicassãoca- racterizadaspelo númerode átomosde carbono e duplasligações.Os ácidosgraxossaturadosnão têmduplasligações,enquantoos insaturadospos- suemumaou maisde uma; aquelesque contêm maisde umaduplaligaçãosãoconhecidoscomo poliinsaturados.A maioriados lipídeoscontêm todosessestipos,masem proporçõesmuitova- riadas. E difícil de dizer,precisamente,qual a exigên- cia de lipídeostotaisna dietade cãese gatos. A única necessidadedemonstrávelde lipídeos (alémdeseupapelcomocarreadordasvitaminas lipossolúveis)é comofornecedordeácidosgraxos essenciais(AGE). O NRC recomendaníveisde lipídeosde 5% e ,9% de matériaseca,paracães e gatos,respectivamente.Isso representa,aproxi- madamente,11% e 20% de calorias,sendoque essesvaloresestãobaseadoslargamentenas ne- cessidadesde haverum certonível de lipídeos parafornecera densidadeenergéticaexigidae a palatabilidadeda dieta. Existem três ácidos graxos essenciaisgeral- mentereconhecidos:o linoléico,o alfa-linoléicoe o araquidônico,sendoquetodoselessãopoliinsa- 20 turados.Devidoà naturezacomplexadessescom- postos,é comumdesignar-sesuaestruturapelo núrderodeátomosdecarbonoe duplasligações queelescontêm;assim,o ácidolinoléico,.que contém18átomosde carbonoe duasduplasli- gações',é descritocomo18:2.Os ácidosgraxos essenciaisnãopodemsersintetizadospeloorga- nismoe, por isso,sãonutrientesessenciais,que devemserfornecidosna~ta. O ácidolinoléico e o alfa-linoléicosãoos compostosprecursores, a partirdosquaiscompostosmaiscomplexos,de cadeialonga(AGE derivados),podemsersinte- tizadospelocorpo.Os ácidosgraxosessenciais sãoimportantesparaa saúdegeraldoanimal,e estãoenvolvidosemmuitosprocessos,incluindoa pelee a funçãorenal,alémdareprodução.l! na formaçãodosácidosgraxosessenciaisquesetor- na evidenteumaimportantediferençaentrea nutriçãodocãoe dogato;umcontrasteentreos dois animais,que se assemelhampara outros nutrientes,mostraqueo gatotemumcomporta- mentoatípico,enquantoqueo cãosegueosmes- mospadrõesda maioriadosmamíferos.Foi re- portado,recentemente,queosgatostêmumaha- bilidadelimitadade converteros ácidosgraxos essenciaisprecursoresemderivativosde cadeia longa;o leãotambémpareceter perdidoessa habilidade.Comoresultado,os felíneosnecessi-tamdeumafontedietáriadeácidospreformados 20:3e 20:4,que,emtermospráticos,significaa necessidadedecertaquantidadedeácidosgraxos essenciaisdeorigemanimal.Atualmente,é difí- cil darumquadroprecisodasnecessidades,de ácidosgraxosessenciaisderivados,dosgatos,e é possívelqueelestambémnecessitemdeácidoli- noléicoemsuadieta.As recomendaçõesdoNRC parao ácidoslinoléicoe o araquidônicoparaos gatossãode 1% e 0,1% damatériaseca(apro- ximadamente2,3% e 0,23%de calorias),res- pectivamente,masessasconcessõessão,prova- velmente,bastantegenerosas.A recomendação parao cãoé de 1% deácidolinoléico,e tam- bémé,provavelmente,maisdoqueo animalreal- menteprecisa.As necessidadesdeácidosgraxos ess~ciaisparaosgatossãoassuntodepesquisas atuais,e é possívelqueosníveisdietáriosreco- mendadosdeácidosgraxosprecursorese deriva- dosserãomaisprecisamentedefinidosnumfutu- ro próximo. NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO Proteínase aminoácidos Todasasproteínassãocompostosdecarbono, hidrogênioe oxigênio;porém,ao contráriodos carboidratose doslipídeos,elassemprecontêm nitrogênio.A maioriadasproteínastambémcon- témenxofre.As proteínassãomoléculasmuito grandes,queconsistemde cadeiasde centenas (ou,talvez,milhares)de subunidadesmuitome- nores,chamadasaminoácidos.Apesarde existi- remsomente20 aminoácidosusadosna compo- siçãodasproteínas,a variedadedas'seqüências nasquaiselespodemsearranjaré quaseinfini- ta,e dissoresultaagrandevariedadedeproteínas queocorremnanatureza.O cãoe o gatoneces- sitamdeproteínasnadietaparafornecerosami- noácidosespecíficos,quenão.podemsersinteti- zados,pelosseustecidos,numaquantidadesufi- cienteparaumdesempenhoótimo.Essesamino- ácidossão,então,transformadosemnovaspro- teínas,quesãoosconstituintesessenciaisdetodas ascélulasvivas,regulandoprocessosmetabólicos (na formade enzimas),fornecendoa estrutura sendo,,portanto,necessáriosparaa reparaçãoe parao crescimentotecidual. Os aminoácidospodemser convenientemente divididosemduasclasses:essenciais(indispensá- veis)enão-essenciais(dispensáveis).Comoosno- messugerem,os aminoácidosessenciaisnãop0- demserfabricadosnocorpoemquantidadessu- ficientes,devendo,portanto,estarpresentesnos alimentos.Os aminoácidosnão-essenciaispodem serproduzidosa partirdosexcessosde certos outrosaminoácidosdadieta,embora,comocom- ponentesde ,proteínascorpóreas,elessejamtão importantesquantoasvariedadesessenciais.Os seguintesaminoácidosforamestabelecidoscomo essenciaisparaa manutençãodoscãesadultos(as necessidadesquantitativasestãorelacionadasna Tabela4): Treonina Valina Metionina Isoleucina Leucina Fenilalanina Histidina Triptofano Usina As exigênciasdosgatosadultostêm,ainda,de serdeterminadas,masnãoparecequeelasse- UM GUIA SIMPLIFICADO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS 21 Todososvaloressãoexpressosemmgpor 400kcalde EM, queseaproximam de mg/l00 g de matériasecada dietanos alimentoscomerciais. (a) Os valoresapresentadosparaa cistinae paraa tirosinarefletemo quanto esseliaminoácidospodemsubstituiras necessidadestotaisde metionina e fenilalanina,respectivamente. (b) NE =nãoexigido.A argininaé, entretanto,exigidapelogatoadulto. jam diferentesdasdo cão,comrespeitoaosami- noácidosrelacionadosna tabela.Onde o gato adultodiferedo cão(e tambémdo ratoe do ho- mem)é no fato de que ele requeruma fonte dietáriado aminoácidoarginina.A deficiênciade argininano gatoresulta,rapidamente,emefeitos adversosseveros,devidoa uma falta de habili- dadeemmetabolizaros compostosde nitrogênio (via o ciclo da uréia), que se acumulam,então, na correntesangüínea,na formade amônia(hi- peramonemia), e emcasosmaissériospodemle- var à mortedentrode váriashoras.Pareceque não há um outrocomponenteessencialda dieta (incluindo a água), cuja deficiênciatenha tal efeitodrásticosobreo animal.A rapidezdesses efeitosé secundáriasomentea umafaltade oxi- gênio.Essaexigênciaímparpareceser devidaa umafaltade habilidadede sintetizaro aminoáci- do omitina (tambémum componentedo ciclo da uréia), que protegeos gatoscontraos efeitos adversosda deficiênciade arginina. As exigênciasde aminoácidosessenciaispara o crescimentodos filhotesdecãese de gatosfo- ram assuntodemuitosestudosnos EUA, nosúl- timosanos.As estimativasmais recentesdessas exigênciasestãosumarizadasna Tabela4. Como indicado,as necessidadede metioninae fenilala- nina podemser parcialmentesupridas(maisde 50%) pelacistinae tirosina,respectivamente.En- tretanto,alémda necessidadede aminoácidosin- dividuais,todosos animaisrequeremproteínas totaisqueforneçamnitrogêniodietáriosuficiente paraqueo corpoexerçasuafunção.Obviamente, os valoresobtidospara essasexigênciassão de- pendentesdo conteúdode aminoácidosessenciais da proteína,ou dasproteínas,em questão.Uma proteínaquecontivessetodosos aminoácidos,nas quantidadesexatamenteiguaisàs exigidas pelos cãesou gatos,poderia, logicamente,ser usada num nível muito mais baixo na dieta, do que uma proteínaque contivesseuma baixaconcen- tração de um ou mais aminoácidosessenciais. Essaé umadasmaneiraspelasquaisasproteínas diferemem suaqualidadenutricional.As proteí- nas animais,geralmente,têmum perfil de ami- noácidosmais balanceadodo que as proteínas Tabela4. NíVEIS RECOMENDADOS DE AMINOÁCIDOS PARA OS CÃES E GATOS CÃO GATO Aminoácido Adulto Em crescimento Em crescimento Treonina 264 600 680 Valina 325 450 510 Cistina(a) 88 350 380 Metionina 180 450 380 Cistina+ metionina(a) 268 800 760 Isoleucina 302 800 510 Leucina 544 600 1020 Tirosina(a) 211 425 Fenilalanina 304 425 Tirosina+fenilalanina(4) 515 1000 850 Histidina 132 130 255 Triptofano 79 150 125 Usina 368 650 680 Arginina NE(b) 1000 900 22 origináriasde plantas,que são, freqüentemente, }\obresem um ou mais aminoácidosessenciais. Apesardisso,se todosos aminoácidosessen- ciaisestãosendofornecidos,há, ainda,a neces- sidadede nitrogênioadicional,e isso tem sido, tambényobjetode recentesinvestigaçõesna Grã- Bretannae E.U.A. Por exemplo,foi relatado,re- centemente,que, se todasas exigênciasde ami- noácidosessenciaisforem atingidas,as necessi- dadesde proteínastotaispara os gatinhosem crescimentoseriamfornecidaspor aproximada- mente16% dascaloriasdasproteínas.Entretan- to, essequadrofoi obtidousandoumadietasin- téticabaseadaem aminoácidosindividuais,que nãopodiamserconsideradostípicosdeproteínas dos alimentos.As recomendaçõesdo NRCpara as proteínasdietáriasdo gatosão28% de calo- rias,paratodosos estágiosdo ciclo devida, isto é, incluindoos eventosmaisexigentesnutricio- nalmente,comocrescimento,gestaçãoe lactação. O contrasteentreestarecomendaçãoe o valor obtidopeladietasintéticailustrao cuidadoque se devetomarao extrapolarresultadosobtidos emlaboratóriosàs situaçõesdomésticas.Os atri- butosnutricionaisdas proteínasdevemser con- sideradosem termosde aminoácidosessenciais, e o suprimentodesses,na prática,na forma de dietas,seráquasequeinvariavelmentecomopro- teínaspré-formadas.O perfil deaminoácidosp0- de variarconsideravelmentedeumadietaparaa outra,e essefatodeveserlevadoemcontaquan- do as recomendaçõesforemfeitas.É um bom exemploda diferençaentreumaexigência,deter- minada em condiçõesexperimentaisdefinidas cuidadosamente,e uma recomendaçãoque deve seraplicadaa um númeromuitograndede ani- maiscomendoumavariedadeenormede alimen- tos.O gatoéumanimalparticularmenteapropria- do paraser usadoparaexplicaresteaspectoda nutrição,porqueele tem sido visto tradicional- mentecomoumanimalquetemumanecessidade altade proteínas,muitomaisalta quea dosou- tros animais.Uma sériede experimentosde ali- mentação(usandouma dieta semi-sintética)fo- ramrecentementedesenvolvidos,e sugeriramque somentepor voltade 10% de caloriasdeproteí. nassãonecessáriasparamanterum gatoadulto em balançoprotéico,enquantoo perfil de ami- noácidosessenciaisfoi ajustadopara fornecer NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO Tabela5. COMPOSIÇÃO DE AMINOACIDOS ESSENCIAIS DE UMA DIETA CONTENDO 10% DE PROTErNAS EM RELAÇÃO ÀS CALORIAS, BASEADANA PROTErNA DO OVO INTEIRO Aminoácido Concentraçãona dieta (mgpor400kcaldeEM) 512 752 176 320 496 560 832 400 512 912 240 176 624 608 Treonina Valina Cistina Metionina Cistina+ metionina Isoleucina Leucina Tirosina Fenilalanina Tirosina+ fenilalanina Histidina Triptofano Lisina Arginina quantidadessabidamenteadequadasusandova- loresde gatinhosemcrescimento.Poderiaesse níveldeproteínasfornecerumaquantidadesufi- cientede aminoácidosessenciais,usandouma fonteconvencionaldeproteínas? O ovointeiroé, geralmente,vistocomoo ali- mentomaisbalanceadonutricionalmente,conten- doproteínasdamaisaltaqualidade.O perfilde aminoácidosessenciaisdeumadietaquecontém ovosinteirosnum nível de 10% de proteínas01< por caloriasé dadona Tabela5. Comparando-a comos valorespara crescimentode gatinhos,na Tabela4, é duvidosose estadietasupririaquan- tidadesadequadasde todosos aminoácidos,mes- moadmitindoo fatode queosvaloresda Tabela 5 sãoparaumadietademanutençãode um ani- mal adulto. . Apesar dessasqualificações,os experimentos paradeterminaras exigênciasprecisasde proteí- nase aminoácidosdos cãese dosgatossãoim- portantespassosparaserefinara formulaçãodas dietasdessesanimais,numaépocaemquea pro- teínaé um materialbastantecaro,que deveser usadotão eficientementequantopossível. * N.T. - Umarelaçãoé feitaentreproteínase ca. loriasda dieta,sendoque o valoré expressoem por- centagemdeproteínasemrelaçãoàscaloriasfornecidas. UM GUIA SIMPLIFICADO DAS NECESSIDADES NUTRICIONAIS Taurina Nenhumadiscussãodasnecessidadesde ami- noácidosdoscãesedosgatosseriacompletasem, pelomenos,umabreveexplanaçãodaimportân- cia da taurina.Estritamentefalando,a taurina nãoé umaminoácido,masumácidoaminossul- fônicoquenãofazpartedacadeiapolipeptídica deumaproteína.A taurinaé umprodutofinal dometabolismodosaminoácidossulfurosos,e é produzida,normalmente,a partirdosaminoáci- dosmetioninae cistina,quecontêmenxofre.Ela estáenvolvidaemváriasfunções,masa demaior interesseé a deestruturaçãoe funcionamentoda retina.Umadeficiênciageralmenteresultaemde- generaçãodaretina,eumadeficiêncianarespos- tavisual,apesardequeasalteraçõespossamde- morarum longotempoparaocorrer,e sinais óbviosdedefeitosvisuaispodemnãosermuito evidentesatéumanooumaisdeumadietade- ficienteemtaurina.Diferentementeda maioria dosoutrosmamíferos,osgatosnãopodemsinte- tizartaurinasuficientea partirdosaminoácidos sulfurosos.A erizimaresponsávelpor essacon- versãonãoestátotalmenteausenteno gato,mas suaatividadenãoé grandeo bastanteparasuprir todasasnecessidadesdo gato. A sensibilidadeespecialdo gatoé aumentada pelasuatotaldependênciadetaurinaparaa for- maçãode saisbiliares;ao contráriode outras espécies,elenãopodeutilizarglicinaparaesse propósito(vejao Capítulo1).Esteé aindaum outroexemplodeumaimportantediferençanu- tricionalentreo cãoe o gato.As pesquisassobre asexigênciasprecisasdetaurinadietáriadogato estãoaindaemandamento,masa últimaestima- tivapõeo mínimoentre0,05%dematériaseca, istoé,aproximadamente50mgpor400kcal.As fontesmaisricasdetaurinasãoosmateriaiscrus deorigemanimal;poucoéencontradoemtecidos vegetais. Minerais e microelementos As concentraçõesdietáriasrecomendadasdes- seselementossão mostradasna Tabela3. Esses valoresincorporamas exigênciasmínimasdos cãese gatos(nosquaisos dadosforamestabele- cidos)e os achadosem outrasespéciesanimais. 23 Minerais CÁLCIO E FÓSFORO O cálcio e o fósforoestãointimamenterela- cionados,nutricionalmentefalando,e serão,por isso,discutidosjuntamente.Eles sãoos maiores mineraisenvolvidosem proporcionara rigidez estruturalaos ossose aosdentes.O cálcioestá, também,envolvidona coagulaçãosangüíneae na transmissãode impulsosnervosos.O níveldecál- cio no plasmaé crucialpara essasfunçõese é reguladomuito cuidadosamente.O fósforotem, também,muitasç>utrasfunções(maisfunçõesdo quequalqueroutroelementomineral),e umadis- cussãocompletado metabolismodo fósforoexi- giria que se falassede quasetodosos processos metabólicosdo organismo.O fósforoé um com- ponentede muitossistemasenzimáticose está, também,envolvidono armazenamentoe natrans- ferênciadeenergia,na formadecompostosorgâ- nicosde fosfato,denominadode altaenergia. Talvezdemaiorimportância,nasexigênciasde cálcioe de fósforo,sejasuaproporçãona dieta. As proporçõesótimasde cálcio e fósforo,para cãese gatos,situam-seentre 1,2 a 4:1 e 0,9 a 1,1:1, respectivamente.Qualqueralteraçãones- saSproporções,ondeo cálciovememmuitome- nor quantidadedo que o fósforo, leva a uma acentuadadeficiênciade cálcioemrelaçãoà for- maçãoóssea.Há, também,evidênciasde que uma proporçãomuito alta é prejudicial,apesar demenossériado queumadeficiênciadecálcio. O metabolismodo cálcioe do fósforoestáinti- mamenterelacionadocom a vitaminaD, e isso serádiscutidoposteriormente,nestecapítulo. POTÁSSIO O potássioé encontradoem altasconcentra- ções dentrodas célulase é necessáriopara a transmissãonervosa,balançode fluidose parao metabolismomuscular.A deficiênciade potássio causadebilidademuscular,crescimentoinsatisfa- tório e lesõesdo coraçãoe dos rins. Entretanto, o potássioencontra-selargamentedistribuídonos alimentose deficiênciasde ocorrêncianatural sãoextremamenteraras. 24 I somo E CLORETO Em contrastecomo potássio,o sódioencon- tra-se,principalmente,nosfluidosextracelulares, porém,como potássio,é importanteparaasfun- çõesfisiológicasnormais,e essastrêssubstâncias representamos maioreseletrólitosdos líquidos corporais.O salcomum(cloretode sódio)é a formamaisusualdessesdoisminerais,adiciona- dosaosalimentos;a recomendaçãodietáriades- seselementosé, então,geralmenteexpressaem termosdecloretodesódio.Damesmaformaque parao potássio,é muitopoucoprovávelqueas dietasnormaissejamdeficientesdessesdoismi- nerais. MAGN1!SIO o magnésioé encontradonostecidosmolesdo organismoe nosossos.Osmúsculosesqueléticos e o cardíacoe o tecidonervosodependemde umbalançoapropriadoentreo cálcioe o magné- sio,paradesempenharemsuasfunçõesnormais.O magnésiotambémé importanteno metabolismo desódioe depotássioe desempenhaumpapel principalemmuitasreaçõesenzimáticasessen- ciais,,particularmenteaquelasrelacionadascom o metabolismoenergético.A deficiênciademag- nésioé caracterizada,porfraquezamusculare, emcasosseveros,podemocorrerconvulsões.En- tretanto,umadeficiênciadietáriademagnésioé muitorara. Emcontraste,ingestõesmuitoaltasdemagné- siopelosgatosestãoassociadascomumaumento deincidênciadachamadasíndromeurológicafe- lina (SUF).Essasíndromeé caracterizadapor disúria,hematúria,cistitese obstruçõesdo trato urinárioporprecipitadossólidosquesairiamcom aurina.O componentecristalinomaiscomumdos urólitosfelinosé o hexaidratodefosfatoamônio- magnésio(estruvita), e há muitasevidênciasde quealtasconcentraçõesde magnésiona dieta (dezvezes,oumais,osníveisrecomendados)au- mentama freqüênciada SUF. Entretanto,deve serlembradoqueessadoençaestáassociadacom muitosfatoresderisco,dosquaiso altomagné- sio da dietarepresentaapenasum deles.Uma proporçãoadversade cálcioe fósforoda dieta NUTRIÇÃO DO CÃO E DO GATO (oumuitomaior,ou menordo que 1) também foi relatadaestarrelacionadacomo aumentoda incidênciade SUF. J! ,possívelque,aumentando o níveldesal (cloretodesódio)na dieta(mais de4% damatériaseca,4gpor400kcal)aliviem- se algunsdossintomasda SUF, aumentandoa ingestãodeágua,por issoaumentandoo volume urinárioe diminuindoa concentraçãodemagné- siodaurina."1!,também,possívelqueo saliniba a formaçãode"estruvita"no tratourináriocomo resultadodoaumentonaquanitdadedeíonsclo- retonaurina.Valenotarqueessesefeitosopostos do magnésioe do sal,emrelaçãoà urolitíase, tambémforamrelatadosemoutrosanimais,ove- lhas,bezerrose cabras,porexemplo,apesarde que,nocão,a urolitíaseestánormalmenteasso- ciadacominfecçõesdo tratourinário,maisdo quecoma dieta. Microelementos FERRO O ferroé, provavelmente,o maisconhecido microelementoe muitaspesquisasforamrealiza-
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