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Processos Psicológicos: A MEMÓRIA FAGOC Auxiliatrice Caneschi Badaró Memória É a capacidade de registrar, manter e evocar as experiências e os fatos já ocorridos A capacidade de memorizar está relacionada com o nível de consciência, com a atenção e o interesse afetivo (relacionado à motivação) Todo conhecimento adquirido ao longo da vida está vinculado à capacidade de memorização O processo de memorização e aprendizagem se dá por experiências vivenciadas em blocos, ou seja, conjunto de diferentes modalidades sensoriais que interagem, em contexto emocional determinado e com significações pessoais e sociais específicas Memória Memória cognitiva (psicológica): permite o indivíduo registrar, conservar e evocar, a qualquer momento, os dados aprendidos na experiência. Memória genética (genótipo): informações biológicas, adquiridas, mantidas e transmitidas filogeneticamente ao longo da história da espécie, por DNA, RNA, cromossomos, mitocôndrias, etc. Memória imunológica: registros recuperáveis pelo sistema imunológico de ser vivo, capaz de reativar seu mecanismo de defesa (ex: funcionalidade das vacinas) Memória coletiva e cultural: conhecimentos e práticas culturais produzidos, acumulados e mantidos por um grupo social minimamente estável. Fases da memória cognitiva (psicológica) Fase de registro : percepção, gerenciamento e inicio da fixação Fase de conservação: retenção Fase de evocação: também denominada de lembranças, recordações ou recuperação Fatores psicológicos no processo de memorização: fixação Nível de consciência e estado geral do organismo Atenção global e capacidade de manutenção de atenção concentrada sobre o conteúdo a ser fixado Sensopercepção preservada Interesse e motivação, em relação ao conteúdo Conhecimento anterior Capacidade de compreensão do conteúdo a ser fixado Organização temporal dos repetições Números de canais sensoperceptivos envolvidos Fatores psicológicos no processo de memorização: conservação Repetição: quanto mais se repete um conteúdo, mais facilmente ele se conserva Associação com outros elementos (cadeia de elementos mnêmicos) Fatores psicológicos no processo de memorização: evocação Capacidade de recuperar e atualizar os dados fixados A impossibilidade de evocar e recordar é chamada de esquecimento A capacidade de identificar um conteúdo mnêmico como lembrança e diferenciá-lo da imaginação e de representações atuais é conhecido como reconhecimento Memória: tipos Memória imediata ou curtíssimo prazo (poucos segundos até 1 a 3 minutos) confunde-se com atenção e memória de trabalho Capacidade de reter o material (palavras, números, imagens, etc) imediatamente após ser percebido Possui capacidade limitada e depende da concentração, da fadiga e de certo treino Assim como a memória de trabalho, depende sobretudo da integridade das áreas pré-frontais do cérebro Memória: tipos Memória recente ou de curto prazo (de alguns minutos até 3 a 6 horas) Capacidade de reter a informação por curto período Também possui capacidade limitada Depende de estruturas cerebrais das partes mediais dos lobos temporais, como a região CA1 do hipocampo, do córtex entorrinal, assim como do córtex parietal posterior Memória: tipos Memória remota ou de longo prazo (de meses até muitos anos) Capacidade de evocar fatos ocorridos no passado, geralmente após muito tempo Memória de capacidade mais ampliada Relações com o hipocampo (transferência de memoria recente para remotas) Relação com amplas e difusas áreas corticais, principalmente frontais, incluindo todos os outros lobos cerebrais, sobretudo em suas áreas corticais de associação. Memória: priming Fenômeno normal e importante no processo de recordação ou evocação Ocorre quando alguns fragmentos de um conteúdo mnêmico amplo são evocados, a partir daí o resto é gradativamente recuperado “Dicas evocadoras” de lembranças mais amplas O esquecimento Lei da regressão mnêmica Ao sofrer lesões ou psicopatologias que resultem em perda de memória, esse processo segue algumas regras: A perda de lembranças se dá na ordem inversa de que foram adquiridas Perde-se primeiro elementos recentes e depois os mais antigos Perde-se primeiro elementos mais complexos e depois os mais simples Perde-se primeiro os elementos mais estranhos, menos habituais, e posteriormente os mais familiares Perde-se primeiro os conteúdos mais neutros e depois os elementos com maior carga afetiva Memórias Memória explícita: plenamente consciente, sendo mais relevante do ponto de vista clínico (lembranças de fatos autobiográficos) Memória implícita: mais ou menos automática, o individuo não se dá conta de que está aprendendo esta ou aquela habilidade (ex: andar de bicicleta, falar, etc) Memória declarativa: conteúdos que foram voluntariamente memorizados, podendo ser declarado inclusive a forma como foram memorizados. É sempre explícita e diz respeito a conteúdos autobiográficos e conhecimentos gerais Memória não-declarativa: diz respeito a habilidades e capacidades sobre os quais não se pode dizer como são lembrados. Geralmente são conteúdos de memória implícita (nadar, falar, tocar violão, etc) Memória: definições segundo a estrutura cerebral envolvidas Memória de trabalho: combinação entre habilidades de atenção (concentração ) e da memória imediata. De um modo geral são explícita e declarada Permite manter e manipular informações novas Exemplo: guardar um número de telefone para discá-lo logo após. Memória: definições segundo a estrutura cerebral envolvidas Memória episódica: relacionada a evento específico da experiência pessoal do indivíduo, em determinado contexto Declarada e explícita Refere-se à recordação consciente de fatos reais Exemplo: relatar o que ocorreu na noite anterior Memória: definições segundo a estrutura cerebral envolvidas Memória semântica: registro e retenção de conteúdos em função do significado que tem Componente de memória de longo prazo que inclui conhecimentos sobre objetos, fatos, operações matemáticas, palavras, etc. É compartilhada socialmente, reaprendida de forma constante, não sendo temporalmente específica Exemplo: significado da palavra “almoço” Memória: definições segundo a estrutura cerebral envolvidas Memória de procedimentos: memória automática, geralmente não-consciente Em um primeiro momento pode ser explicita, porém depois se torna implícita Exemplos: tocar um instrumento, dirigir, aquisição de linguagem, A memorização, nesse caso, pode se dar de forma lenta, por repetições e em múltiplas tentativas. Medidas da memória Embora pareça fácil falar sobre as fases da memória, estudá-las separadamente não é tão simples assim. Basicamente os estudos são pautados em: reaprendizagem, reconhecimento e recordação. A partir deles é possível medir as memórias sensoriais , de curto e longo prazo. Reaprendizagem: ao aprender um conteúdo, ele pode parecer não ter sido retido na memória, nem mesmo lhe soar familiar. Porém, se tiver que reaprendê-lo, sua fixação e compreensão será mais fácil que da primeira vez, o que nos indica que algo esteve sim retido na memória e auxiliou no processo de repetição Medidas da memória Reconhecimento: Se dá a partir de dois processos: representação que temos daquilo que buscamos e emparelhamento da representação de interesse com representações da memória -> familiaridade e identificação (geralmente estão fundidas, ao encontrar a figura de interesse, ela lhe parece familiar e logo você a identifica. Recordação: Geralmente envolve três passos: 1) colhemos indícios da pergunta de recordação 2) geramos alternativas plausíveis 3) usamos as informações de que dispomos. Nem sempre a pessoa passa pelas 3 fases, no caso de perguntas fáceis, pula-se a etapa 2 Medidas da memória Recordação X Reconhecimento No caso da recordação é necessário que se busque informações para chegar a uma conclusão, já no reconhecimento as informações já estão expostas, cabe apenas associa-las. Portanto o reconhecimento é um processo mais simples (fácil) que a recordação. Memória sensorial Todas as impressões sensoriais atuantes em um episodio (mesmo aquelas pouco notada pela pessoa) é registrada pelo sistema de memória sensorial – SMS Exemplos: Memória visual (memória icônica) Memória auditiva (memória ecóica) Memória olfativa Memória: processamento de informação Codificação: entrada da informação na mente, percepção, organização (pode ocorrer automaticamente ou exigir esforço) Arquivamento: conservação dessa informação Recuperação: buscar novamente essas informações na mente, evocação Memória: alterações quantitativas Hipermnésia: os elementos mnêmicos afluem rapidamente. Ganha em número, mas perde em clareza e precisão. Está mais relacionado a uma aceleração psíquica do que uma alteração da memória propriamente dita. Amnésia ou hipomnésias: perda da memória, seja na capacidade de fixar ou na capacidade de manter e evocar os conteúdos. É classificado em diferentes tipos: psicogênica, orgânica, podendo ser anterógrada ou retrógrada. Memória: amnésias Amnésia psicogênica: nesse caso, há perda de elementos mnêmicos focais, os quais têm valor psicológico específico. É o caso de eventos que são esquecidos por apresentar um significado especial para o sujeito, e todo os demais fatos ao redor desse evento é recordado, menos ele. Amnésia orgânica: é uma amnésia menos seletiva. Em geral, perde-se primeiro a capacidade de fixação (memórias imediatas e recentes), posteriormente (em estados mais avançados da doença) perde-se os conteúdos mais antigos. Memória: amnésias Amnésia anterógrada: a partir do evento que causou um dano cerebral (ou trauma), o sujeito não consegue mais fixar conteúdos. Amnésia retrógrada: o sujeito perde todos os conteúdos armazenados até o inicio da doença (ou trauma). Memória: alterações qualitativas (paramnésias) Refere-se a deformação de conteúdos mnêmicos previamente fixados. As lembranças se apresentam de forma distorcida e diferente, de forma que não corresponde a sensopercepção original. São as ilusões e alucinações mnêmicas Memória: alterações qualitativas (paramnésias) Ilusões mnêmicas: há o acréscimo de elementos falsos a um núcleo verdadeiro de memória. Nesse caso a lembrança adquire um caráter fictício. É mais comum nos casos de esquizofrenia, paranoia e transtornos de personalidade (boderline, histriônica, esquisotípica, etc) Alucinações mnêmicas: são criações imaginativas com aparência de lembranças ou reminiscências. Esses conteúdos não possui correspondência com nenhum conteúdo mnêmico verdadeiro. Pode ocorrer do nada, sem corresponder a qualquer acontecimento. É mais comum na esquizofrenia e psicoses funcionais. As ilusões e alucinações mnêmicas são bases para a formação e elaboração de delírios em muitos casos. Memória: outras alterações Fabulações (confabulações): elementos da imaginação ou mesmo lembranças isoladas completam artificialmente as lacunas de memórias, produzidas, em geral, por déficit da memória de fixação. O sujeito não é capaz de identificar como falsa as imagens produzidas pela fantasia. Elas podem ser direcionadas, induzidas ou produzidas pelo interlocutor. É considerada uma alteração qualitativa Memória: outras alterações Criptomnésia: nesse caso as lembranças aparecem como fatos novos ao sujeito. As lembranças tem caráter de nova descoberta Ecmnésia: conhecido como “visão panorâmica da vida”. Trata-se da recapitulação, abreviada e panorâmica, da existência. Recordação condensada de muitos eventos passados. Comum em crises epiléticas e experiências de quase morte. Lembrança Obsessiva: conhecida como ideia fixa ou representação prevalente. Trata-se do surgimento espontâneo de imagens mnêmicas ou conteúdos ideativos do passado que, uma vez instalados na consciência, não podem ser repelidos voluntariamente. Embora seja indesejável e muitas vezes absurda, o conteúdo se mantem insistentemente, gerando desconforto e angustia ao sujeito. É comum em transtornos do espectro obsessivo-compulsivo (TOCS) Memória: alterações do reconhecimento As alterações do reconhecimento se dividem em dois grandes grupos: agnosias de origem essencialmente cerebrais e as alterações de reconhecimento mais frequentes associadas aos transtornos mentais, sem base orgânica definida Agnosias são déficits do reconhecimento de estímulos sensoriais, objetos e fenômenos, que não podem ser explicados por um déficit sensorial, por distúrbios da linguagem ou por perdas cognitivas globais Memória: alterações do reconhecimento Leitura das agnosias no texto
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