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Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos Conceituação e Classificação dos Alimentos Objetivos: Conhecer as bases da manipulação dos alimentos para viabilizar sua preservação nutricional e sensorial. Diferenciar a origem e qualidade biológica dos alimentos. Profa. Ms. Rosana Benez Martins Freire Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos Índice Introdução ............................................................................................................03 1. Objetivos da técnica dietética ...........................................................................03 1.1 Nutricionais ................................................................................................03 1.2 Higiênicos ...................................................................................................04 1.3 Digestivos ...................................................................................................05 1.4 Sensoriais ....................................................................................................05 1.5 Econômicos ................................................................................................06 2. Alimentos .........................................................................................................07 2.1 Alimento convencional ...............................................................................07 2.2 Alimento orgânico ......................................................................................08 2.3 Alimento hidropônico .................................................................................10 2.4 Alimento funcional .....................................................................................11 2.4.1 Legislação brasileira .................................................................................11 2.4.2 Informações dos rótulos ...........................................................................11 2.4.3 Como se beneficiar ..................................................................................11 2.5 Produtos enriquecidos ................................................................................12 2.6 Alimentos transgênicos ................................................................................12 2.7 Alimento diet ..............................................................................................13 2.8 Alimento light .............................................................................................14 2.9 Alimento enriquecido .................................................................................14 3 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos Introdução Cozinham-se todos os dias em todos os cantos do mundo há milhares de anos. A história mostra que o domínio do fogo proporcionou o surgimento da cozinha. Ela é um indiscutível artifício de sobrevivência que, somado a influências culturais e religiosas veio se transformar em arte. Para desenvolver o processo de cozinhar é necessário um bom conhecimento do que é básico, da aplicação de técnicas e apreensão de padrões de qualidade. Assim, o estudo da Técnica Dietética se faz importante, pois, baseado nas ciências exatas, estuda as operações às quais são submetidos os alimentos depois de cuidadosa seleção e modificações, os quais sofrem durante os processos culinários e de preparação para o consumo (ORNELAS, 2007). 1. Objetivos da técnica dietética: 1.1 Nutricionais 1.2 Higiênicos 1.3 Digestivos 1.4 Sensoriais 1.5 Econômicos (ORNELAS, 2007). 1.1 Nutricionais A preparação dos alimentos permite uso de diferentes métodos e, conforme o escolhido e o tipo de alimento, as perdas nutricionais serão maiores ou menores. Portanto, se faz necessário considerar as possibilidades de preservação dos nutrientes e, isso deve ser observado em todas as etapas do processo produtivo: seleção, compra, armazenamento, preparo e consumo. A cozinha dietética aplica conhecimentos físicos, químicos, biológicos, econômicos... , adotando métodos mais exatos, seguros, econômicos “Cozinhar bem, no sentido d e saber preparar pratos complicados, não sign ifica cozinhar corretamente. O ideal é pod er aliar uma coisa a outra: técnica e arte.” Veja algumas dicas sobre com o aproveitar o melhor que os alimentos pod em oferecer aqui. Para Refletir... que preservem ao máximo a composição nutricional dos alimentos. Não é difícil cozinhar corretamente; é necessário, apenas, aplicar as regras básicas de técnica dietética. (ORNELAS, 2007). 4 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos 1.2 Higiênicos Os alimentos são substâncias vivas e ricas em nutrientes e estão sujeitos à deterioração e contaminação, o que os torna veículos de agentes contaminantes biológicos, químicos ou físicos, que podem causar agravos à saúde dos indivíduos. (ORNELAS, 2007). A segurança higiênica deve ser garantida desde o momento da aquisição, através da seleção das fontes de produção. Vários recursos e métodos modernos existem para deter ou estacionar a ação de enzimas e microorganismos comuns dos alimentos prolongando sua vida útil. No entanto, quando o alimento já sofreu contaminação e nele se desenvolveram germes capazes de produzir substâncias tóxicas, nem a cocção pode reverter o processo. (PHILIPPI, 2003). Assim, cabe ressaltar a importância de conhecer as características de identificação da qualidade do alimento fresco e dos procedimentos técnicos adequados durante a manipulação, que serão abordados adiante no decorrer da disciplina. Você sabia que... Uma das várias notícias sobre venda de alimentos sem garantias higiênicas: Operação localiza depósitos clandestinos e apreende alimentos estragados no Rio No quarto dia de operação para combater a desordem no Rio, promovida pela Seop (Secretaria de Ordem Pública), cerca de 200 homens da Guarda Municipal, da Comlurb (Companhia Municipal de Limpeza Urbana do Rio), Secretaria de Controle Urbano e Polícia Civil e Militar localizaram na manhã desta quinta-feira cinco depósitos clandestinos no centro da cidade. Segundo a polícia, os galpões irregulares eram utilizados por ambulantes. De acordo com a Guarda Municipal, o dono de um dos depósitos na rua Monte Castelo, Marco Antônio Alves Fernandes, 33, foi preso. Ele vai responder por expor à venda alimento impróprio para consumo e por furto de energia. A polícia também apreendeu, no mesmo depósito, 45 toneladas de diversos materiais, entre produtos irregulares, carnes e frangos estragados, além de alimentos misturados com baratas e ratos. Na rua Leandro Martins (paralela à avenida Marechal Floriano), a polícia apreendeu 80 toneladas de alimentos e 200 carrocinhas. Segundo a Guarda Municipal, o material foi encaminhado para um depósito da prefeitura. O subsecretário de Integração Social e Controle Urbano, Alex Costa, informou que o mapeamento da administração municipal identificou dez depósitos clandestinos só no centro da cidade. Ele ainda afirmou que a mesma intervenção será feita no Catete (zona sul) ainda hoje. Essa é a primeira ação do novo governo municipal no centro do Rio. BRITO, Diana. Folha Online, Rio de Janeiro, 08/01/2009. 5 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos 1.3 Digestivos Cada alimento representa uma fonte, em potencial, de nutrientes. Dependendo de sua estrutura, estado físico e composição química pode ser consumido in natura ou não. Por exemplo, o leite é um alimento livre de estrutura celular, em estado líquido e cujos nutrientes encontram-se em condições que permitem o ataque imediato dos sucos digestivos, ou seja, possui boa digestibilidade. (ORNELAS, 2007). Outros alimentos, como as frutas, necessitam geralmente 1.4 Sensoriais Nãobasta a composição química dos alimentos, as modificações para facilitar sua digestão, nem é suficiente que lhes assegurem condições higiênicas e sanitárias, é necessário torná-los apetitosos para serem aceitos. (ORNELAS, 2007). Cada alimento possui características sensoriais próprias em relação ao aspecto, cor, sabor, aroma e consistência. Quando os alimentos são utilizados ao natural, ficam preservadas suas propriedades, desde que sejam inicialmente boas: frutas maduras, hortaliças em salada. O sabor dos alimentos é ativado pelo acréscimo de açúcar ou sal. Para alimentos mais insípidos, utilizam-se molhos, que tem objetivo de lhes favorecer o sabor. Quando há necessidade de cozinhar alimentos em meio úmido (água), eles se expõem à perdas, maiores ou menores, das substâncias que lhes que lhes removam as cascas e muitas vezes são necessárias subdividi-las, espremê-las, para obter o suco ou parte comestível, com métodos mecânicos que não alteram o conteúdo nutritivo do alimento. (ORNELAS, 2007). Há alimentos que, além de terem de ser descascados e subdivididos, precisam ser submetidos à cocção para tornarem-se comestíveis. Por ex: batata, mandioca, carnes... A digestibilidade do alimento depende também das condições do aparelho digestório, que pode ser imaturo como o das crianças, lesado como o do doente ou desgastado como o do idoso, sendo preciso antecipar os processos digestivos na cozinha. A subdivisão mecânica pode substituir a mastigação; a cocção e a ação enzimática podem substituir a ação dos sucos digestivos. Com o liquidificador podemos dar ao alimento a consistência do quimo gástrico e mesmo do quilo intestinal. A ação hidrolisante da cocção prolongada em meio ácido pode desdobrar o amido até a última etapa digestiva, que é a glicose. (ORNELAS, 2007). conferem sabor e valor nutritivo, e à modificação dos elementos que mantêm sua forma inicial. (ORNELAS, 2007). Também a cocção por calor seco pode desidratar o alimento a ponto de torná-lo inadequado como substância alimentícia, como é o caso de frituras prolongadas em temperatura muito alta e de alimento parcialmente carbonizado, por exemplo. Escolher hortaliças novas e tenras cozinhá-las em pouca água e servi-las tão logo estejam 6 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos Compare a apresentação da refeição abaixo. O alimento pode ser o mesmo, mas a atração por ele será diferente. Para Refletir... 1.5 Econômicos O alimento vale pelo que representa em valor nutritivo, pelas possibilidades de aproveitá-lo e pela facilidade de prepará-lo e conservá-lo. (ORNELAS, 2007). Quanto mais se mantiver do valor inicial do alimento, maior for sua contribuição na conservação da saúde, maior será o proveito tirado do dinheiro que nele se aplicou. Por esse motivo, cuida também a técnica dietética de simplificar as operações usadas, empregando menor esforço para o alcance de um mesmo fim. O auxílio de equipamento mecânico adequado pode compensar um gasto maior de mão de obra. (ORNELAS, 2007). O custo do alimento é quanto ele representa depois de pronto, incluindo gastos de preparação e considerando-se o resultado obtido. Este é o preço real, e deve valer o que custou. (ORNELAS, 2007). Para melhor aquisição, devem-se fazer cardápios com antecedência, planejando e calculando na base do per capita, para saber exatamente que alimentos e quanto se devem comprar. O cálculo correto reduz as sobras e restos. (ORNELAS, 2007). Nos cardápios, devem constar alimentos nacionais, ou mais acessíveis, da estação do ano. Os preparadas é, na opinião do técnico, a melhor forma e apresentá-la. Muito embora sobre gostos não existam leis- cada qual gosta do que gosta, por uma infinidade de causas e motivos, é necessário ensinar-se a gostar daquilo que é bom. (ORNELAS, 2007). A culinária é complexa e muitos recursos são utilizados, sem prejuízo dos alimentos, para torná- los atraentes: cortes variados, formas decocção, molhos diversos, acompanhamentos diferentes, combinações de cores e sabores, etc. O importante é que se obedeçam as regras básicas de preparo dos alimentos e atendam as exigências nutricionais. É então que os conhecimentos de técnica dietética são de grande valia. (ORNELAS, 2007). 7 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos alimentos devem estar em boas condições de conservação para evitar muitas aparas e grande desperdício na hora do preparo. Também é aconselhável escolher preparações simples, que tomem menos tempo e gastem poucos materiais, selecionar as receitas corretas e pré-calculadas de acordo com as preferências dos clientes e prepará-las bem, para não haver rejeições, pois os restos são fator negativo de economia. (ORNELAS, 2007). São atualmente palavras de ordem: ecologia e desenvolvimento sustentável. O objetivo é renovar a cultura das fontes primitivas e naturais de alimentos, como o plantio da araucária, castanheiras, palmeiras, motivando os meios rurais na recuperação das espécies em extinção, como perspectiva de alimentação para o futuro. Além disso, outro ponto importante é o que trata do aproveitamento integral dos alimentos. (ORNELAS, 2007). E o lixo? Ele representa um fator importante no balanço econômico e na poluição ambiental. Sua redução depende da colaboração de todos no sentido de efetuar a coleta reciclável. O desperdício é comum nas cozinhas e aí escoam valores significativos da economia alimentar. Assim, a técnica dietética estabelece critérios exatos: • Quantitativo: as receitas são fixas nas proporções de seus ingredientes, permitindo que se obtenham resultados constantes(ORNELAS, 2007). • Seletivo: escolhem-se os alimentos para atenderem a alimentação racional, bem assim as formas de preparação para conservar o valor dos alimentos, suas boas condições sanitárias e higiênicas, tornando-os de mais fácil digestão e biodisponiblidade. (ORNELAS, 2007). • Individual: baseia-se nas necessidades individuais dos clientes para ajustar quantidade total de alimentos a preparar, na qualidade dos alimentos que devem integrar o cardápio e na forma como eles devem ser preparados. (ORNELAS, 2007). • Econômico: escolha cuidadosa do que comprar ao melhor preço. As formas de preparação também influem no custo final. Considerar a perspectiva social nos critérios de melhor aproveitamento do alimento, enquanto “bem” devido a todo ser humano. (ORNELAS, 2007). 2. Alimentos Segundo Ornelas (2007) os tipos de alimentos encontrados no mercado são: Alimento convencional, orgânico, hidropônico, funcional, transgênicos, diet, light e enriquecido. 2.1 Alimento convencional Produzido com uso do solo, de adubos químicos altamente solúveis e com o uso de agrotóxicos. 8 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos 2.2 Alimento orgânico É aquele produzido com uso de solo equilibrado (química, física e biologicamente), ou seja, um solo vivo, com boas condições para que a planta se desenvolva bem e produza alimento sadio e sem resíduos tóxicos. Para a produção não é permitido o uso de adubos que deixe resíduo no solo, na água, no animal e nem nos alimentos. O alimento traz na sua embalagem o “selo verde”. O mercado de produtos orgânicos processados tem apresentado grande crescimento, mas geralmente, grande parte da população do mercado de produtos orgânicos esbarra em obstáculo como alto preço desses alimentos, que são em média 40% mais elevados que os dos produtos convencionais. Você sabia que... Selo Verde é um rótulo colocado em produtos comerciais, que indica que sua produção foi feita atendendo a um conjunto de normas pré-estabelecidas pela instituição que emitiu o selo. O Selo Verde atesta, por meio de uma marca colocada voluntariamente pelo fabricante, que determinados produtos são adequados ao uso e apresentam menor impacto ambiental em relação a outros similares.A diferença de rotulagem ambiental para a Certificação de Sistema de Gestão Ambiental é que o que está sendo certificado é o produto, e não o seu processo produtivo. O principal objetivo é deixar claro para o consumidor que o produto que está de acordo com critérios de excelência de qualidade. Não se pode confundir, também, com etiquetas de advertência de uso compulsório, que contém indicações de que o produto pode ser danoso à saúde, tal como as impressas nos maços de cigarros, ou etiquetas informativas de reciclabilidade. A aceitação do Selo Verde pelo consumidor é garantida pela confiança depositada no emitente do selo. Daí a importância da agência normatizadora internacional, ou de grande prestígio no mercado. 9 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos Certificações O que certifica: produtos agrícolas, como frutas, café, cacau e chás. Como é: trata-se de uma certificação socioambiental. Comprova que os produtores respeitam a biodiversidade e os trabalhadores rurais envolvidos no processo. Com grande aceitação na Europa e nos EUA, é auditado no Brasil pelo Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora). Rainforest Alliance Certified Outros selos dessa categoria: UTZ Kapeh e Max Havelaar. www.imaflora.org O que certifica: alimentos orgânicos e cosméticos naturais ou orgânicos. Como: os alimentos processados devem conter um mínimo de 95% de ingredientes orgânicos para serem certificados. Para ganhar um selo de cosmético orgânico, um produto deve ter ao menos 95% de ingredientes vegetais e 95% destes ingredientes devem ser orgânicos Ecocert certificados – no caso de cosméticos naturais, 50% dos insumos vegetais devem ser orgânicos. O selo Ecocert é um só (este ao lado). Mas, por contrato com a certificadora, o fabricante é obrigado a identificar no rótulo se o produto é orgânico ou natural. www.ecocert.com.br O que certifica: alimentos, cosméticos e algodão orgânicos. Como é: além de cumprir os requisitos básicos para a produção orgânica (como fazer rotação de culturas e não usar agrotóxicos), garante que a fabricação daquele produto obedece ao Código Florestal Brasileiro e às leis trabalhistas. Os produtos industrializados devem ter ao menos 95% de ingredientes orgânicos certificados – a água e o sal são desconsiderados nesse cálculo tanto para cosméticos quanto para alimentos. www.ibd.com.br IBD (Instituto Biodinâmico) 10 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos 2.3 Alimento hidropônico É produzido em ambiente protegido sem uso de solo e com uso de adubos químicos de fácil solubilidade e água. As plantas são cultivadas dentro de tubos plásticos perfurados, ou em recipientes com substrato, e nutridas com solução de água e adubos químicos. As raízes absorvem os nutrientes diretamente da solução que circula dentro dos tubos ou meio de cultivo. Como o cultivo é feito longe do solo, as plantas não têm contaminantes como bactérias, fungos, lesmas, insetos ou vermes. E, por serem criadas em um ambiente controlado, elas crescem mais saudáveis. (ORNELAS, 2007). 11 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos 2.4 Alimento funcional Alimentos funcionais são aqueles alimentos ou ingredientes que, além das funções nutricionais básicas, quando consumidos como parte da dieta usual, produzem efeitos metabólicos, fisiológicos e/ou benéficos à saúde. Eles devem ser seguros para consumo sem supervisão médica. (ORNELAS, 2007). 2.4.1 Legislação brasileira No Brasil, a indústria deve seguir a legislação do Ministério da Saúde. As Resoluções nº 18 e 19 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária - Anvisa (30/04/99) estabelecem normas e procedimentos para registro de alimentos e/ou ingredientes funcionais. Para se obter o registro, a empresa interessada deve formular um relatório técnico-científico detalhado, comprovando os benefícios e a segurança do uso do alimento. (Veja mais no site da Sociedade Brasileira de Alimentos Funcionais – www.sbaf.org.br). 2.4.2 Informações dos rótulos Em princípio, o rótulo dos funcionais deve conter as mesmas informações exigidas para um produto convencional. Além disso, o fabricante poderá colocar o claim (alegação) de funcional ou de saúde previamente aprovada pela Anvisa. Por exemplo, em um alimento contendo proteína de soja, o seguinte claim será permitido “O consumo diário de no mínimo 25 g de proteína de soja pode ajudar a reduzir o colesterol”. 2.4.3 Como se beneficiar Para se beneficiar dos alimentos funcionais é necessário que o seu consumo seja regular. O ideal é que as pessoas passem a consumir mais vegetais, frutas e cereais integrais, já que grande parte dos componentes ativos estudados está presentes nesses alimentos. Outra dica é substituir em parte o consumo de carne de vaca, embutidos e de outros produtos à base de carne vermelha por soja e derivados (especialmente carne e isolados protéicos de soja) ou peixes ricos em ômega 3. No caso de alimentos funcionais industrializados, é 12 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos preciso ficar atento e procurar saber se aquele alimento teve sua eficácia avaliada por pesquisas sérias. Para que os resultados sejam eficazes, o consumidor deve seguir as instruções do rótulo, utilizando o produto da forma recomendada pelo seu fabricante. Muito importante: esses alimentos funcionam somente quando fazem parte de uma dieta equilibrada, ou seja, se a pessoa estiver utilizando um alimento para o controle do colesterol, ela terá resultados positivos apenas se associá-lo a uma dieta pobre em gordura saturada e colesterol. 2.5 Produtos enriquecidos Os produtos enriquecidos com vitaminas e sais minerais podem ou não ser funcionais. A maioria não é. Se o enriquecimento não comprovar qualquer efeito adicional sobre a saúde, o alimento deve ser categorizado como alimento enriquecido de nutrientes essenciais. Contudo, se estudos comprovarem a ação desse enriquecimento sobre alguma doença crônica não-transmissível ou, ainda, se esse enriquecimento vier acompanhado da adição de outros ingredientes funcionais, aí esse alimento poderá ser considerado como funcional. 2.6 Alimentos transgênicos Um organismo é considerado transgênico quando misturam a ele genes de outras espécies. Essa técnica foi apelidada de “recortar e colar” e desenvolve novas características aos organismos. Hoje é praticada com mais intensidade na agricultura com o fim de criar alimentos fortes que resistam aos herbicidas, pragas e ao clima e também para deixá-los mais nutritivos. Existem duas formas de criar alimentos transgênicos: na primeira, recolhe-se um fragmento do DNA de um organismo e mistura com o fragmento de alguma outra espécie. Depois, esse novo fragmento é inserido na planta, atuando como o “transportador” das características dos DNAs. A outra técnica parece ser mais simples. Ao invés de juntar DNAs de dois organismos, coloca-se o gene diretamente na planta. Esse gene vai se adaptar ao DNA gerando uma planta com novas características. Mas um fato é omitido: durante esse processo de mutação, ocorre uma reação química de consequências desconhecidas. Isso significa que não há certeza sobre os resultados da transformação de alimento convencional para transgênico. (ORNELAS, 2007). No dia 24 de abril de 2004, o Presidente Luis Inácio Lula da Silva assinou o Decreto número 4.680. Este 13 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos Decreto diz que todo alimento com mais de 1% de transgenia deverá ser rotulado para que consumidores possam decidir se querem ou não comprá-lo. Também para alimentos provenientes de animais alimentados com ração transgênica. No rótulo deve vir, também, a espécie doadora do gene. 2.7 Alimento diet De acordo com aAgência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o termo diet pode ser usado em dois tipos de alimentos: 1. Nos alimentos para dietas com restrição de nutrientes (carboidratos, gorduras, proteínas, sódio); 2. Nos alimentos para dietas com ingestão controlada de alimentos (para controle de peso ou de açúcares). Mas, o que quer dizer ingestão controlada ou restrição de nutrientes? Os alimentos para dietas controladas não podem ter a adição de nutriente. Assim, alimentos para ingestão controlada de açúcar não pode haver inclusão desse nutriente sendo permitida a existência do açúcar natural do alimento como, por exemplo, a geléia diet que tem como açúcar natural a frutose. Os alimentos restritos em carboidratos (pão, chocolate, bala diet) ou gorduras (iogurte desnatado 0% de gordura) podem conter, no máximo, a adição de 0,5 gramas do nutriente por 100 gramas ou 100 mL do produto. Já, os alimentos restritos em proteínas devem ser isentos desse nutriente. Como, a quantidade permitida nos alimentos com restrição de carboidratos e gorduras é muito pequena, é comum a definição de alimento diet sendo o produto isento de um nutriente específico. 14 Técnica Dietética Conceituação e Classificação dos Alimentos 2.8 Alimento light A definição de alimento light deve ser empregada nos produtos que apresentem redução mínima de 25% em determinado nutriente ou caloria comparada com o alimento convencional. Para que ocorra a redução de calorias é necessário que haja a diminuição no teor de algum nutriente energético (carboidrato, gordura e proteína). Assim, a redução de um nutriente não energético, por exemplo, sódio (sal light) não interfere na quantidade de calorias do alimento. (ORNELAS, 2007). Dessa maneira, a primeira diferença entre o alimento diet e light está na quantidade permitida de nutriente. Enquanto que o diet precisa ser isento, o light deve apresentar uma diminuição mínima de 25% de nutrientes ou calorias em relação ao alimento convencional. A segunda diferença é consequência da primeira: o alimento light não é, necessariamente, indicado para pessoas que apresentam algum tipo de doença. 2.9 Alimento enriquecido Considera-se alimento enriquecido, todo alimento ao qual for adicionada substância nutriente, com o objetivo de reforçar o seu valor nutritivo, seja repondo quantitativamente os nutrientes destruídos durante o processamento do alimento, seja suplementando-os com nutrientes em nível superior ao seu conteúdo normal. Os alimentos enriquecidos de vitaminas e/ou sais minerais, deverão trazer no rótulo a expressão: “Enriquecido de vitaminas” ou “vitaminado” e, “Enriquecido de sais minerais” ou “Enriquecido de minerais”. Os alimentos enriquecidos de aminoácidos específicos deverão trazer no rótulo a expressão: “Enriquecido de... (nome dos aminoácidos adicionados). (ORNELAS, 2007). Leituras recomendadas ORNELAS, L.H. Técnica Dietética. Seleção e preparo dos alimentos. 8 ed. São Paulo: Atheneu, 2007. PHILIPPI, S. T. Nutrição e Técnica Dietética. São Paulo: Manole, 2003. *Alertamos que estes conteúdos são de uso exclusivo da Universidade Anhembi Morumbi, estão protegidos pela Lei de Direito Autoral e não devem ser copiados, divulgados ou utilizados para outros fins que não os pretendidos pelo autor ou por ele expressamente autorizado.
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