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FACULDADE ESTÁCIO DE SERGIPE FISIOPATOLOGIA E DIETOTERAPIA II NUTRIÇÃO EM DOENÇAS RENAIS – parte 1 Profa. Marta Magalhães FISIOLOGIA RENAL • Manutenção do equilíbrio homeostático com relação aos líquidos, eletrólitos e solutos orgânicos • O rim normal filtra em trono de 1600 l/dia de sangue, produzindo cerca de 1,5 l de urina/dia • A unidade funcional é o néfron (1milhão), com atividade independente uns dos outros para produção final da urina, porém coordenada ( segmento do néfron é destruído, todo ele deixa de funcionar) FUNÇÕES DO RIM • Excreção dos produtos finais do metabolismo (uréia, creatinina, ácido úrico, ...) • Balanço do sódio e água • Manutenção da composição iônica do volume extra celular (Na, Cl, K, Mg, Ca, P, ....) • Regulação da pressão arterial • Manutenção do equilíbrio ácido-básico • Produção de hormônios e enzimas (eritropoietina, 1,25 diidroxivit.D, renina, ...) • Degradação e catabolismo de hormônios (insulina, glucagon, paratohormônio, GH, ..) • Regulação de processos metabólicos (gliconeogênese, metab. lipídico, ..) Nutrição e Rim • A doença renal terminal, ocasionou a inclusão de 94.282 indivíduos em programa de diálise no SUS e 9.486 óbitos em 2007 • Incidência e prevalências aumentadas devido aumento do número de pessoas diabéticas e hipertensas • 7,2 indivíduos ↑ 30 anos e de 23 a 36% indivíduos ↑ 64 anos • 10% população norte-americana → 20 milhões de brasileiros FATORES DE RISCO NUTRICIONAIS • A doença renal é acompanhada de alterações orgânicas significativas, levando a distúrbios no metabolismo de nutrientes – Níveis corporais de AA alterados – Tendência à acidose metabólica – Distúrbios endócrinos – Risco de doença cardiovascular – Inflamação, infecção e anemia – Alterações no metabolismo do cálcio – Efeitos colaterais dos medicamentos utilizados Características comuns FATORES DE RISCO NUTRICIONAIS • Fatores catabólicos distintos para cada tipo e estágio da doença dificultam o tratamento nutricional FATORES DESNUTRIÇÃO OBESIDADE • Intervenção dietética visa controle dos sintomas da uremia (↑uréia e creatinina no sangue) e dos distúrbios hidroeletrolíticos , mas também para corrigir a desnutrição e atuar nas diversas alterações metabólicas DOENÇAS RENAIS • Síndrome nefrítica (glomerulonefrite) Inflamação das alças capilares do glomérulo de início súbito, de curta duração e evoluem para cura ou para síndrome nefrótica crônica Apresenta hematúria, HA e perda sutil da função renal O tratamento consiste em manter um bom estado nutricional Restrição de sódio quando houver HA DOENÇAS RENAIS • Síndrome Nefrótica: Grupo de doenças caracterizadas pela perda da barreira glomerular à proteína DM, LES e amiloidose são as doenças responsáveis por 95% das síndromes nefróticas Apresenta edema, hipoalbuminemia e hiperlipidemia Tratamento consiste em oferecer proteínas suficientes com relação calórica ideal para promover anabolismo e reduzir proteinúria; reduzir sódio moderadamente, devido edema (uma parte derivada da ↓proteínúria) , pobre em colesterol e em gorduras saturadas. DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase • Introdução • Doenças multifatorial, comum na população • A prevalência de nefrolitíase é de 2-3% na população em geral • Incidência em países industrializados de 0,5% - 1% ao ano • Apresenta alta taxa de recidiva, (80% ao longo da vida e de até 50% em cinco anos) • 50% do pacientes com litíase assintomática tornam-se sintomáticos em um período de cinco anos • Medidas preventivas vêm sendo discutidas com a intenção de • diminuir a taxa de recidiva e perda da função renal. • Complicações metabólicas como hipercalciúria, hipocitratúria e hiperuricosúria DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase • Fisiopatologia • idade, gênero, sedentarismo, ocupação, aspectos geográficos e climáticos, hereditariedade e alterações anatômicas e metabólicas • Consiste em crescimento e agregação dos cristais, com formação dos cálculos na presença de promotores, inibidores e complexos na urina • Os cálculos mais comuns são: oxalato de cálcio (60%); oxalato e fosfato de cálcio (10%); ácido úrico (5 a 10%); estruvita (5 a 10%) e cistina (5%) • Fatores de risco: volume urinário, oxalato, ác. úrico, pH ácido, estase, cálcio DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase • Quadro Clínico Dor lombar intensa, podendo irradiar-se para flancos, fossas ilíacas, face interna da coxa, testículos, grandes lábios ou uretra. Sintomas urinários baixos e hematúria podem estar presentes. Podem produzir náuseas e vômitos devido inervação esplâncnica comum do intestino e da cápsula renal bem como da hidronefrose e da distensão da cápsula renal. DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase • Tratamento Médico: • O tratamento das litíases urinárias depende do tamanho, localização e composição dos cálculos • Podem adquirir caráter de urgência/emergência ou constituir um procedimento eletivo. • As opções de intervenções são: – tratamento endourológico, – nefrosto-litotomia percutânea – tratamento cirúrgico. DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase Tratamento nutricional • Fatores de risco nutricionais → ingestão de cálcio, oxalato, proteína animal, sal, purinas, chás e volume de líquidos na dieta • Modificações na dieta (conforme tipo do cálculo) e aumento da ingestão de água • Volume urinário de 2 a 2,5 L /dia, previne a recorrência, o que significa a ingestão de 2,5 a 3,0 L/dia de líquidos/dia, sendo metade em água. DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase Tratamento Nutricional Cálculos de cálcio Não é necessário restringir cálcio, mas sim, modelar ingestão de proteína animal, oxalato, vit. C e sódio ALIMENTOS RICOS EM OXALATO Espinafre Morangos Chocolate Farelo de trigo Nozes Beterraba Cha verde e preto Tomate DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase Tratamento Nutricional PROTEÍNA ANIMAL → proteína animal modula os fatores de risco. Reduzir teor protéico, principalmente de carnes vermelhas. CITRATO → inibidor de calculose urinária. Incentivar uso de frutas e de limonada bem diluída (120 ml suco/ 2 l de água) MAGNÉSIO → forma complexos solúveis com oxalato. Fontes: abacate, banana, aveia, arroz integral, entre outros. POTÁSSIO → aumento na ingestão reduz formação de cálculos. Estimular as fontes de potássio com redução das fontes de oxalato. VITAMINA C → não exceder 500 mg/dia. Excesso pode contribuir para formação de cálculo de oxalato VITAMINA B6 → piridoxal fosfato é necessário ao metabolismo do oxalato. Evitar deficiência DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase TRATAMENTO NUTRICIONAL OBESIDADE→ risco elevado de nefrolitíase, principalmente em mulheres. ↑peso, ↑concentrações urinárias de cálcio, oxalato e ác. úrico bem como reduz pH urinário. A resistência à insulina, propicia formação de cálculo. FIBRA E FITATO → fitato dietético inibe formação de cálculo (interage com o cálcio, ↓hipercalciúria, pode prevenir absorção de oxalato ) ÁC. GRAXOS ÔMEGA-3→ suplementar , pois reduz níveis de Ca e de oxalato urinários. Evitar suplementar com peixes ricos em ô3 (excesso de purinas) FITOTERÁPICOS→ evitar cranberry (↑excreção de oxalato, sódio e cálcio), DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase Cálculos de ácido úrico: 50% da formação de cálculos de ác. úrico é devido ingestão de purinas → urina supersaturada Doença inflamatória intestinal predispõe (acidificação da urina) Diabetes, obesidade e HAS são fatores de risco Restringir alimentos ricos em purinas (carnes em geral, caldos, vinho, molhos a base de carne, vísceras, anchova, sardinhas) Alcalinização da urina é eficaz para dissolver os cálculos de ác. Úrico DOENÇAS RENAIS - Nefrolitíase Cálculos de cistina: Cistinúria homozigótica Deve-se manter o pH da urina sempre alcalinoIngestão de quantidades superiores a 4l de líquidos/dia e baixa ingestão de sódio Evitar excesso protéico e principalmente de metionina (leite, carnes e ovos) Cálculos de estruvita: Fosfato amoníaco magnesiano e carbonato de apatita (fósforo). Cálculos triplo fosfato ou de infecção. Comum em mulheres. Bactérias como Pseudomonas, Klebsiela e Proteus mirabilis, são fatores predisponenetes. Crescem rapidamente . Tratamento cirúrgico. Prevenir infecções do trato urinário e modificações na dieta e no aumento da ingestão de líquidos REFERÊNCIAS • Sociedade Brasileira de Urologia. Nefrolitíase: abordagem urológica. Diretrizes Clínicas na Saúde complementar .2011 • Korkes F, Gomes SA, Heilberg IP. Diagnóstico e Tratamento de Litíase Ureteral. J. Bras. Nefrol. 2009;31(1):55-61 • CUPPARI, L. et al Doenças renais, In: Cuppari, L. Nutrição clínica no adulto. Manole. 2003. 167-199. • Mahan/ L. K. Krause, alimentos, nutrição e dietoterapia. Elsevier. 2012.
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