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DIREITO CIVIL

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DIREITO CIVIL
- CONCEITO.
 “É o conjunto de princípios de regras e instituições que regula as relações das pessoas entre si e das pessoas com os bens de que se utilizam”.
“É o direito comum que rege as relações com os particulares. Disciplina a vida da pessoa desde a concepção – e mesmo antes dela, quando permite que se contemple a prole eventual (CC. Art. 1.799-I Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder : I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas
estas ao abrir-se a sucessão;) e confere relevância ao embrião excedentário (CC art. 1.597, IV). Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos:IV - havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões Excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
– até a morte, e ainda depois dela, reconhecendo a eficácia post mortem do testamento (CC. Art. 1.857-Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte.) e exigindo respeito à memória dos mortos (CC. Art. 12, parágrafo único - Art. 12. Pode-se exigir que cesse a ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem prejuízo de outras sanções previstas em lei. Parágrafo único. Em se tratando de morto, terá legitimação para requerer a medida
prevista neste artigo o cônjuge sobrevivente, ou qualquer parente em linha reta, ou colateral
até o quarto grau.
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo,).
-PERSONALIDADE.
 - Pessoa natural é o ser humano provindo da mulher.
 - A Personalidade civil da pessoa começa quando do nascimento com vida (art. 2º. Do Cód. Civil). O Nascituro é sujeito de direito, pois pode receber doações e legados, poder ser adotado e legitimado.
-CAPACIDADE
 - A partir do momento em que a pessoa adquire personalidade, é sujeito de direitos e obrigações.
 - a capacidade em direito é a aptidão determinada pela ordem jurídica para gozo e exercício de um direito por seu titular.
 - todo sujeito de direito pode gozar e fruir as vantagens decorrentes dessa condição, mas nem sempre está habilitado a exercer esse direito em toda a sua extensão.
 - Dispõe o art. 1º. Do Código Civil: “toda pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.
 - A Capacidade pode ser dividida em: de direito ou de fato.
 - A Capacidade de direito é também chamada de jurídica ou de gozo. É a aptidão da pessoa de gozar seus direitos. O homem adquire essa capacidade desde o nascimento com vida, que é o que se denomina de personalidade civil da pessoa (art. 2º. Do Cód.Civil). O menor, o deficiente mental, o surdo-mudo gozam de direitos e obrigações, eis que nasceram com vida, mas não têm capacidade de estar em juízo, podendo, entretanto, ajuizar ação.
 - A Capacidade processual é denominada de capacidade de fato ou de exercício. O homem, ao nascer com vida, pode pleitear a tutela jurisdicional do Estado, mas há a necessidade de que tenha capacidade processual. Capacidade de fruir e gozar seu direito o louco tem, porém não tem capacidade processual de estar em juízo, apesar de ter o direito de ação. É nesse sentido que, para o louco estar em juízo, tem que haver a participação de uma outra pessoa para verificar seus interesses ao ajuizar a ação.
 - A Capacidade, no Direito Civil, é dividida em: absolutamente incapazes, relativamente capazes e capacidade absoluta ou plena.
 -São absolutamente incapazes:
	a) os menores de 16 anos. A partir dos 16 anos o menor pode trabalhar. Pode também trabalhar a partir dos 14 anos, na condição de aprendiz.
	b) Os que por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos.
	c) Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade. É o que ocorre temporariamente com a pessoa embriagada ou com alguém que tomou drogas alucinógenas, que não podem transitoriamente exprimir sua vontade (art. 3º. Do Código Civil).
 - São relativamente incapazes:
os maiores de 16 anos e menores de 18 anos.
Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido. Ébrio é a pessoa que se embriaga com freqüência. Se não puderem exprimir transitoriamente a sua vontade, será hipótese de incapacidade absoluta.
Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo.
Os pródigos. Pródigo é a pessoa que dilapida seu patrimônio, podendo ser levado à miséria (art. 4º. do Código Civil).
 - São plenamente capazes:
os maiores de 18 anos que ficam habilitados à prática de todos os atos da vida civil.
Os menores emancipados: emancipação é a cessação, para os menores, de sua incapacidade, antes da idade prevista em lei, nos seguintes casos:
por concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do Juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos. Não pode ser feita a emancipação por documento particular.
Pelo exercício de emprego público efetivo.
Pela colação de grau em curso de ensino superior.
Pelo casamento.
Pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência da relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria.
A existência da pessoa natural termina com a morte.
Morte presumida é a declarada pelo juiz, tendo por fundamento fatos que permitam presumir que a pessoa se encontra morta. É o que ocorre em naufrágios, guerras, etc.
Nome é a denominação que identifica uma pessoa. O nome é composto do prenome, que pode ser simples (José) ou composto (José Carlos) e do sobrenome, apelido ou patronímico, que indica a filiação. Pode ser simples (Martins) ou composto (Pinto Martins).
Serão inscritos em Registro Público:
os nascimentos, casamentos e óbitos.
A emancipação, por outorga dos pais ou sentença do Juiz.
A interdição por incapacidade absoluta ou relativa.
A sentença declaratória de ausência e de morte presumida (art. 9º. do Código Civil).
Pessoa Jurídica
Pessoa Jurídica é a entidade constituída por pessoas ou bens, com vida, direitos, obrigações e patrimônio próprios.
A Pessoa Jurídica é uma ficção criada pelo Direito.
As pessoas jurídicas são de Direito Público, interno ou externo, e de Direito Privado.
São pessoas de Direito Público externo ou internacional os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo Direito Internacional Público (art. 42 do CC). Os Estados estrangeiros têm sua representação política exercida pelas embaixadas e sua representação comercial pelos Consulados. Pessoas regidas pelo Direito Internacional Público são, por exemplo: a ONU e seus órgãos, a OEA, o Mercosul, a União Européia, etc.
São Pessoas do Direito Público Interno: a) a União; b) os Estados, O Distrito Federal; c) os Municípios; d) as Autarquias; e) as demais entidades de caráter público criadas por lei. As fundações públicas são criadas por lei, sendo consideradas pessoas de direito público interno.
São consideradas pessoas jurídicas de direito privado: a) as associações, como os sindicatos, as associações de classe, etc; b) as sociedades. Aqui não importa a espécie de sociedade, podendo ser enquadradas as empresas públicas que exploram atividade econômica e as sociedades de economia mista, que são regidas pelas regras do direito privado (art. 173, parág. 1º., II da CF); c) as fundações privadas.
Começa a existência legal das pessoas jurídicas de Direito Privado com a inscrição de seus contratos, atos constitutivos, estatutos ou compromissos em seu registro peculiar.
As pessoas jurídicas têm existência distinta de seus membros.
Termina a existência da pessoa jurídica por sua dissolução ou extinção.
As associações são constituídas pela união de pessoas que se organizam para fins não econômicos.Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos.
A Associação não tem objetivo lucrativo e geralmente não tem fim patrimonial.
O estatuto das associações conterá: a) a denominação, os fins e a sede da associação; b) os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados; c) os direitos e deveres dos associados; d) as fontes de recursos para a sua manutenção; e) o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos; f) as condições para alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
Os associados devem ter direitos iguais, mas o estatuto poderá instituir categorias com vantagens especiais.
Nenhum associado poderá ser impedido de exercer direito ou função que lhe tenha sido legitimamente conferido, a não ser nos casos e pela forma prevista em lei ou no estatuto.
Compete privativamente à assembléia geral: a) eleger os administradores; b) destituir os administradores; c) aprovar as contas; d) alterar o estatuto.
Para as deliberações referentes aos itens c e d, é exigido o voto de dois terços dos presentes à assembléia especialmente convocada para esse fim, não podendo ela deliberar, em primeira convocação, sem a maioria absoluta dos associados, ou com menos de um terço das convocações seguintes.
A convocação da assembléia geral será feita na forma do estatuto, garantindo a um quinto dos associados o direito de promovê-la.
FUNDAÇÕES
A fundação será criada por seu instituidor por escritura pública ou testamento. Será feita dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se destina e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la.
O ato de criação é o da constituição da fundação. O ato de dotação é a reserva de bens livres, a indicação dos fins e a maneira pela qual haverá a administração da fundação.
Os bens da fundação devem estar livres e desembaraçados. Não podem conter qualquer ônus.
A fundação somente poderá ser constituída para fins religiosos, morais, culturais ou de assistência social.
Poderão as fundações ser formadas de forma direta ou fiduciária. Na forma direta, o instituidor disciplina a fundação. Na forma fiduciária, o instituidor determina quem irá organizá-la.
Quando insuficientes para constituir a fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se proponha a fim igual ou semelhante.
Constituída a fundação por negócio jurídico entre vivos, o instituidor é obrigado a transferir-lhe a propriedade, ou outro direito real, sobre os bens dotados e, se não o fizer, serão registrados, em nome dela, por mandato judicial.
Aqueles a quem o instituidor cometer a aplicação do patrimônio, em tendo ciência do encargo, formularão logo, de acordo com suas bases, o estatuto da fundação projetada, submetendo-o em seguida, à aprovação da autoridade competente, com recurso ao juiz. Se o estatuto não for elaborado no prazo assinado pelo instituidor ou, não havendo prazo, em 180 dias, a incumbência caberá ao Ministério Público.
Velará pelas fundações o Ministério do Estado onde situadas. Caso estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em cada um deles, ao respectivo Ministério Público. Se funcionarem no Distrito Federal ou em território, caberá o encargo ao Ministério Público Federal.
Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a reforma:
seja deliberada por dois terços dos componentes para gerir e representar a fundação.
Não contrarie ou desvirtue o seu fim.
Seja aprovada pelo órgão do Ministério Público e, caso este a denegue, poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado.
Quando a alteração não houver sido aprovada por votação unânime, os administradores da fundação, ao submeterem o estatuto do órgão do Ministério Público, requererão que se dê ciência à minoria vencida para impugná-la, se quiser, em dez dias.
Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado, lhe promoverá a extinção, incorporando-se seu patrimônio, salvo disposição em contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante.
DOMICÍLIO
Domicílio da pessoa física é o lugar onde ela estabelece sua residência com ânimo definitivo (art. 70 do Código Civil).
Residência é o local onde a pessoa mora, como, por exemplo, onde dorme, onde faz refeições, etc.
Domicílio voluntário é o que fica a critério do indivíduo. Domicílio legal ou necessário é o determinado pela lei, como o do filho menor, que é o de seu pai.
Se, porém, a pessoa física tiver diversas residências onde alternadamente viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas.
Considera-se domicílio da pessoa física, que não tenha residência habitual, o lugar onde for encontrada.
Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
da União, o Distrito Federal.
Dos Estados, as respectivas capitais.
Do município, o lugar onde funcione a administração municipal.
Das pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial em seus atos constitutivos ou estatutos.
Os incapazes têm por domicílio o de seus representantes.
Os funcionários públicos reputam-se domiciliados onde exercem permanentemente suas funções.
O domicílio do militar em serviço ativo é o lugar onde servir. Se for da Marinha ou Aeronáutica, o domicílio é o da sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado.
O domicílio dos marítimos é o lugar onde estiver matriculado o navio.
O preso tem o domicílio no lugar onde cumpre sentença.
O agente diplomático do Brasil que, citado no estrangeiro, alegar extraterritorialidade sem designar onde tem, no país, seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do território brasileiro onde o teve.
Nos contratos escritos, poderão os contraentes especificar domicílio onde se exercitem e cumpram direitos e obrigações deles resultantes. É o que se chama de domicílio de eleição.
A pessoa jurídica tem sede e não domicílio, que diz respeito à pessoa física.
BENS
Os bens podem ser classificados em corpóreos e incorpóreos. Bens corpóreos são os bens físicos, como um móvel, por exemplo. Bens incorpóreos são os bens abstratos, como um direito, por exemplo.
São bens móveis os suscetíveis de movimento próprio, podendo ser transportados de um local para outro, como os veículos. Bens imóveis são os que não podem ser transportados, sem que seja alterada a sua substância. Os bens imóveis são divididos em imóveis: a) por natureza (o solo, o mar); b) por acessão, como as construções; c) por destinação, como os utensílios agrícolas; d) por disposição legal (o navio, que pode ser hipotecado, conforme o inciso VI do art. 1.473 do Código Civil).
Bens fungíveis são os que podem ser substituídos por outro da mesma espécie, qualidade e quantidade (ex.: uma dúzia de laranja-lima). Bens infungíveis são os que não podem ser substituídos.
Bens consumíveis são os que deixam de existir à medida que vão sendo usados, como os alimentos. Inconsumíveis são os bens duráveis, como os veículos.
Divisíveis são os bens que podem ser repartidos, como um queijo. Indivisíveis são os bens que não podem ser divididos sem prejudicar a sua integridade, como a caneta.
Singulares são os bens que podem ser individualizados, com um livro. Coletivos são os bens considerados em sua totalidade, como uma colméia.
Principal é a coisa que existe sobre si, abstrata ou concretamente. Acessórios são as que dependem da existência do principal e a ele estão vinculados. O acessório segue a sorte do principal (art. 92 do Código Civil). Os acessórios são divididos em benfeitorias e frutos. Benfeitorias são: a)necessárias, como necessidade de conservaçãodo imóvel, por exemplo; b) úteis, como os melhoramentos; c) voluptuárias, que envolvem o embelezamento do bem. Os frutos são: a) naturais, como os provenientes das árvores; b) industriais; c) civis, como os rendimentos, os juros, os dividendos.
Públicos são os bens que pertencem a toda a coletividade. São bens de uso comum do povo, os mares, rios, estradas, ruas e praças. São bens de uso especial os edifícios ou terrenos aplicados a serviço ou estabelecimento federal, estadual ou municipal. Bens dominicais são os que constituem o patrimônio da União, dos Estados ou Municípios, como objeto de direito pessoal ou real de cada uma dessas entidades. Particulares são os bens de pessoas físicas ou jurídicas.
Bens alienáveis ou no comércio são os bens que podem ser negociados. Bens inalienáveis ou fora do comércio são os bens que não podem ser vendidos, como os bens públicos.
Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são inalienáveis, enquanto conservarem sua qualificação, na forma determinada pela lei.
Os bens públicos dominicais podem ser alienados, observadas as exigências da lei.
Não estão sujeitos a usucapião os bens públicos.
O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído, conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração pertencerem.
Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente no tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel residencial estabelecida em lei especial, que é a lei no. 8.009/90.
O terceiro poderá igualmente instituir bem de família em prédio residencial urbano ou rural, com suas pertenças e acessórios, destinando-se em ambos os casos a domicílio familiar, e poderá abranger valores mobiliários, cuja renda será aplicada na conservação do imóvel e no sustento da família.
A constituição do bem de família depende de registro de seu título no Registro de imóveis.
É isento o bem de família de execução por dívidas posteriores à sua instituição, salvo as que provierem de tributos relativos ao prédio, ou de despesas de condomínio.
O favor legal durará enquanto viver um dos cônjuges, ou, na falta destes, até que os filhos completem a maioridade.
Salvo disposição em contrário do ato da instituição, a administração do bens de família compete a ambos os cônjuges, resolvendo o juiz em caso de divergência. 
A dissolução da sociedade conjugal não extingue o bem de família.
Dissolvida a sociedade conjugal pela morte de um dos cônjuges, o sobrevivente poderá pedir a extinção do bem de família, se for o único bem do casal.
Extingue-se, igualmente, o bem de família com a morte de ambos os cônjuges e a maioridade dos filhos, desde que não sujeitos a curatela.
FATOS JURÍDICOS
No Direito Romano afirmava-se que o direito nasce dos fatos (ex facto oritur ius).
Fato Jurídico é o acontecimento em que a relação jurídica nasce, se modifica e se extingue. Exemplos seriam o nascimento, a morte, etc.
Ato Jurídico é o fato proveniente da ação humana, de forma voluntária e lícita, com o objetivo de adquirir, resguardar, transferir, modificar ou extinguir direitos. Ato jurídico é, portanto, espécie de fato jurídico. São exemplos o casamento, os contratos, etc.
O fato jurídico independe da vontade do homem, enquanto o ato jurídico depende de sua vontade.
Os atos jurídicos são classificados em:
inter vivos, que são realizados entre pessoas vivas, como a venda e a compra.
Causa mortis, que são decorrentes da morte da pessoa, como o testamento.
Unilaterais, que dependem da vontade de uma única pessoa.
Bilaterais, que dependem da vontade de duas pessoas para a sua configuração, como num contrato.
Onerosos, em que há reciprocidade de direitos e obrigações, como na locação.
Gratuitos, como na doação simples.
Patrimoniais, como na venda e compra.
Pessoais, como o registro do nome civil.
Formais ou solenes, quando a lei determina forma especial para a sua configuração, como no casamento.
Informais, em que não existe uma formalidade para serem considerados válidos, como na maioria dos contratos, que não exigem que sejam estipulados por escrito.
Constitutivos, que têm por objetivo criar, modificar ou extinguir um direito.
Declaratórios, em que se declara a existência ou inexistência de uma relação jurídica ou a falsidade ou autenticidade de um documento.
Lícitos, que são praticados de acordo com a previsão legal.
Ilícitos, que são praticados em desconformidade com a determinação da lei.
NEGÓCIO JURÍDICO
Negócio jurídico é a declaração de vontade da pessoa para adquirir, modificar, alterar ou extinguir uma relação jurídica. A pessoa adquire quando compra um bem; modifica quando cede direitos; altera quando faz novação; extingue quando faz pagamento, faz distrato de sociedade, etc.
Negócio Jurídico é espécie de ato jurídico lícito, como um contrato.
Fatos Jurídicos = fatos naturais e atos jurídicos (atos humanos).
Atos jurídicos = lícitos e ilícitos.
Atos Jurídicos lícitos = meramente lícitos e negócios jurídicos.
Elementos dos Negócios Jurídicos
Para a validade do negócio jurídico é preciso: a) agente capaz; b) objeto lícito, possível, determinado ou determinável; c) forma prescrita ou não proibida por lei (art. 104 do Código Civil).
O objeto da relação jurídica deve ser lícito. Objetos ilícitos não irão dar validade à relação jurídica, como contrabando, tráfico de drogas, jogo de bicho, etc. 
Não constituem atos ilícitos: a) os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; b) a deterioração ou destruição da coisa alheia, a fim de remover o perigo iminente. Nesse último caso, o ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
A forma prescrita em lei é a que contém previsão legal. Envolve a observância de seu conteúdo. Forma não proibida pela lei é a que esta não vede a prática do ato da forma como está sendo feito. Casamento civil celebrado por outra pessoa que não o juiz não tem valor.
Forma dos negócios jurídicos
A incapacidade relativa e uma das partes não pode ser invocada pela outra em benefício próprio, nem aproveita aos co-interessados capazes, salvo se, neste caso, for indivisível o objeto do direito ou da obrigação comum (art. 105 do Código Civil).
A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir (art. 107 do Código Civil). Exemplo é a necessidade de duas testemunhas presenciarem o testamento (art. 1.864, II, do Código Civil).
Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a 30 salários mínimos.
No negócio jurídico celebrado com a cláusula de não valer sem instrumento público, este é o da substância do ato.
O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou o uso os autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa (art. 111 do Código Civil). Se houver necessidade de declaração expressa, o silêncio não implica anuência, no sentido de quem cala, consente.
Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem (art. 112 do Código civil) Importa, portanto, a vontade das partes e não a linguagem por elas empregada no contrato.
Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos do lugar de sua celebração.
Interpretam-se restritivamente os negócios jurídicos benéficos e a renúncia (art. 114 do Código civil). 
CONDIÇÃO, TERMO E ENCARGO
Considera-se condição a cláusulaque, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto (art. 121 do Código Civil). Exemplo: o pai dará um imóvel ao filho quando este se casar.
São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes. Entre as condições proibidas incluem-se as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes. A última hipótese trata da condição puramente potestativa, como se eu entender conveniente te darei um automóvel.
As condições fisicamente impossíveis, bem como as de não fazer coisa impossível, têm-se por inexistente. As juridicamente impossíveis invalidam os atos a ela subordinados.
Não se considera condição a cláusula que não derive exclusivamente da vontade das partes, mas decorra necessariamente da natureza do direito, a que adere.
Subordinando-se a eficácia do ato à condição suspensiva, enquanto esta não se verificar, não se terá adquirido o direito a que ele visa. Exemplo: “te darei um automóvel quando você fizer 18 anos”. Ao titular do direito eventual, no caso de condição suspensiva, é permitido exercer os atos destinados a conservá-lo.
Condição resolutiva ocorre quando o direito se desfaz na ocorrência de determinado evento. Se for resolutiva a condição, enquanto esta não se realizar, vigorará o ato jurídico, podendo exercer-se, desde o momento deste, o direito por ele estabelecido. Verificada, porém, a condição, para todos os efeitos, extingue-se o direito a que ela se opõe.
Considera-se verificada a condição, quanto aos efeitos jurídicos, cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer. Reputa-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele que aproveita seu implemento.
Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo e incluído o do vencimento. Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil. Meado considera-se, em qualquer mês, seu décimo quinto dia. Os prazos de meses e anos expiram no dia de igual número do de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência. Os prazos fixados por hora contar-se-ão minuto a minuto.
O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
DEFEITOS DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS
São defeitos dos negócios jurídicos: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores.
Erro
Erro é a falsa noção a respeito de alguma coisa.
Erro de fato é o que decorre do fato. Erro de direito é proveniente de norma jurídica. Ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece (art. 3º. Da LICC).
O erro anulável é apenas o substancial ou essencial, em que a pessoa pensa que fez uma coisa e, na verdade, ocorreu outra. Considera-se erro substancial o que interessa à natureza do ato, o objeto principal da declaração, ou algumas das qualidades a ele essenciais (art. 139 do Cód. Civil). Tem-se igualmente por erro substancial o que disser respeito a qualidades essenciais da pessoa, a quem se refira a declaração de vontade. É o que ocorreria na compra de um quadro em que se pensava que o pintor era uma pessoa e não outra.
Só vicia o ato a falsa causa, quando expressa como razão determinante ou sob forma de condição.
O erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade.
Não prejudica o erro a validade do negócio jurídico quando a pessoa, a quem a manifestação de vontade se dirige, oferecer-se para executa-la na conformidade da vontade real do manifestante.
Dolo
Dolo é a vontade de praticar o ato.
O dolo acidental só obriga à satisfação das perdas e danos. É acidental quando, a seu despeito, o negócio seria realizado, embora por outro modo.
Nos negócios jurídicos bilaterais, o silêncio intencional de uma das partes a respeito do fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado.
Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo, para anular o ato, ou reclamar indenização.
Coação
É a violência física ou moral que impede a pessoa de manifestar livremente a sua vontade.
A coação, para viciar a manifestação da vontade, há de ser tal que incuta ao paciente o fundado temor de dano iminente e considerável a sua pessoa, a sua família, ou a seus bens.
Ao apreciar-se a coação, deve-se ter em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que lhe possam influir na gravidade.
Não se considera coação a ameaça do exercício normal de um direito (fazer um boletim de ocorrência), nem o simples temor reverencial (respeito do filho em relação ao pai).
Estado de Perigo
Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa.
Lesão
Ocorre lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta (art. 157 do Código Civil). A necessidade diz respeito ao contrato e não ao estado de necessidade ou de perigo. A inexperiência pode ocorrer inclusive em relação a certa pessoa culta ou erudita, que não tem experiência quanto a certa situação de fato.
Aprecia-se a desproporção das prestações segundo os valores vigentes ao tempo em que foi celebrado o negócio jurídico.
Não se decretará a anulação do negócio se for oferecido suplemento suficiente, ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito.
Fraude contra credores
A fraude contra credores envolve o desfalque do patrimônio do devedor, que aliena bens com o objetivo de não pagar as suas dívidas. São artifícios usados pelo devedor visando prejudicar a outra pessoa.
Presumem-se, porém, de boa-fé, tendo validade, os negócios ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento mercantil, agrícola ou industrial ou à subsistência do devedor e de sua família.
INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
Nulidade absoluta envolve um defeito substancial da prática do ato jurídico, assim considerado pela lei.
É nulo o negócio jurídico quando:
celebrado por pessoa absolutamente incapaz.
For ilícito (jogo de bicho), impossível ou indeterminável seu objeto.
O motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito.
For preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para sua validade (ex.: registro público).
Não se revestir da forma prevista em lei.
Tiver por objeto fraudar a lei imperativa
A lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.
É nulo o negócio jurídico simulado, mas subsistirá o que se dissimulou, se válido for na substância e na forma.
Simulação é a declaração falsa da vontade, tendo por objetivo a produção de efeito diverso do pretendido, visando iludir terceiros.
Haverá simulação nos negócios jurídicos quando:
aparentarem conferir ou transmitir direitos a pessoas diversas daquelas às quais realmente se conferem, ou transmitirem.
Contiverem declaração, confissão, condição ou cláusula não verdadeira.
Os instrumentos particulares forem antedatados, ou pós-datados.
Ressalvam-se os direitos de terceiros de boa-fé em face dos contraentes do negócio jurídico simulado.
Na nulidade relativa, sua declaração depende de provocação do interessado com a demonstração da violação legal.
É anulável o negócio jurídico:
por incapacidade relativa do agente (menorde 18 e maior de 16 anos).
Por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.
O negócio anulável pode ser confirmado pelas partes, salvo direitos de terceiro.
Quando a anulabilidade do ato resultar da falta de autorização de terceiro, será validado se este a der posteriormente.
A anulabilidade não tem efeito antes de julgada por sentença, nem se pronuncia de ofício. Somente os interessados a podem alegar, aproveitando, exclusivamente, aos que a alegarem, salvo o caso de solidariedade ou indivisibilidade.
A invalidade do instrumento não induz à do negócio jurídico sempre que este puder provar-se por outro meio.
O menor, entre 16 e 18 anos, não pode, para se eximir de uma obrigação, invocar sua idade, se dolosamente a ocultou, quando inquirido pela outra parte, ou se, no ato de se obrigar, declarou-se maior.
Ninguém pode reclamar o que, por uma obrigação anulada, pagou a um incapaz, se não provar que reverteu em proveito dele a importância paga.
Anulado o ato, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam (status quo ante). Não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.
A nulidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável. A nulidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.
Ato jurídico inexistente ocorre quando a nulidade é muito grande e salta aos olhos. Exemplo seria um testamento verbal.
Ato jurídico ineficaz vale entre as partes, porém não produz efeitos quanto a certa pessoa ou em relação a todas as outras pessoas.
Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano (art. 186 do Código Civil). Negligência é a falta de atenção. Imperícia é a falta de habilidade ou de aptidão para praticar certo ato. Imprudência é proceder sem cautela.
A culpa pode envolver negligência, imprudência ou imperícia. Culpa in eligendo é a proveniente da má escolha de determinada pessoa. Culpa in vigilando decorre da falta de fiscalização em relação ao ato praticado.
Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos por seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Não constituem atos ilícitos:
os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido. São ilícitos, portanto, os atos que não são praticados em legítima defesa ou decorrem do exercício regular de um direito.
A deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente. O ato será legítimo somente quando as circunstâncias o tornarem absolutamente necessário, não excedendo os limites do indispensável para a remoção do perigo.
PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA
Praescripto (do verbo praescribero, de prae + scribero, escrever antes do começo), lembra-nos a parte preliminar (escrita antes) da fórmula em que o pretor romano determinava, ao juiz, a absolvição do réu, caso estivesse esgotado o prazo de ação. Uma vez extinto o lapso de tempo para o uso da ação, cabia a exceção da “prescrição temporal”, em razão da falta do exercício da ação. Isto se dava no direito pretoriano, pois no Direito Romano antigo, as ações eram perpétuas ou inatingíveis. Com a evolução do conceito de prescrição, esta passou a extinção da ação pela expiração do prazo de sua duração (exercício tardio da ação).
Há necessidade de se ter certeza e estabilidade nas relações jurídicas, respeitando o direito adquirido, de acordo com determinado espaço de tempo. O interesse público não se compadece com a incerteza das relações jurídicas, criadoras de desarmonia e instabilidade, e que é protegido quando se baixam normas de prescrição, evitando que se eternizem, sem solução, as situações duvidosas ou controvertidas. As pretensões tardias são inadmissíveis, trazendo incertezas nas relações humanas.
Trata-se, pois, de um instituto de ordem jurídica que estabiliza as relações jurídicas. Na ordem pública, os fatos que por muito tempo não sofrem contestação adquirem a presunção de se acharem elaborados e terem gerado direito, pelo que não convém aos interesses sociais a modificação de tal situação.
Covis Bevilácqua define prescrição como: “a perda da ação atribuída a um direito, e de toda a sua capacidade defensiva, em conseqüência do não uso delas, durante um determinado espaço de tempo”.
A decadência também é chamada de caducidade ou de prazo extintivo, importando na perda do direito pelo decurso de prazo e não na perda do direito de ação.
Representa a prescrição o fenômeno extintivo de uma ação ajuizável, em razão da inércia de seu titular, durante um determinado espaço de tempo que lei estabeleceu para esse fim. O silêncio da relação jurídica durante um espaço de tempo determinado pela lei significa a perda da ação atribuída a um direito e da correspondente capacidade defensiva. Tem a prescrição um interesse público que visa à harmonia social e ao equilíbrio das relações jurídicas tuteladas pela ordem pública.
Para que ocorra a prescrição, mister se faz a existência dos seguintes pressupostos: existência de uma ação exercitável pelo titular de um direito; inércia desse titular em relação ao uso da ação durante um certo tempo; ausência de um ato ou um fato a que a lei atribua uma função impeditiva (suspensiva ou interruptiva) do curso do prazo prescricional.
Violado o direito, nasce para o titular a pretensão (actio nata), a qual se extingue, pela prescrição, nos prazos previstos em lei.
A renúncia da prescrição pode ser expressa ou tácita. Só valerá, sendo feita, sem prejuízo de terceiro, depois que a prescrição consumar-se. Tácita é a renúncia quando se presume de fatos do interessado, incompatíveis com a prescrição.
Os prazos de prescrição não podem ser alterados por acordo das partes.
A prescrição pode ser alegada em qualquer grau de jurisdição, pela parte a quem aproveita.
O juiz não pode suprir, de ofício, a alegação de prescrição, salvo quando favorecer a absolutamente incapaz. A parte deverá alegá-la no momento próprio. (v. art. 219 do CPC, alterado pela Lei 11.280/2006)
Iniciada a prescrição contra uma pessoa, continua a correr contra o seu sucessor.
Não corre a prescrição:
Entre cônjuges, na constância da sociedade conjugal.
Entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar.
Entre tutelados e curatelados e seus tutores e curadores, durante a tutela ou curatela.
Contra os incapazes.
Contra os ausentes do país em serviço público da União, dos Estados ou dos Municípios.
Contra os que se acharem servindo as Forças Armadas, em tempo de guerra.
Pendendo condição suspensiva.
Não estando vencido o prazo.
Pendendo ação de evicção.
A interrupção da prescrição, que somente poderá ocorrer uma vez, dar-se-á:
Por despacho do Juiz, mesmo incompetente, que ordenar a citação, se o interessado a promover no prazo e na forma da lei processual.
Por protesto, nas condições do item anterior.
Por protesto cambial.
Pela apresentação do título de crédito em juízo de inventário ou em concurso de credores.
Por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor.
Por qualquer ato inequívoco, ainda que extrajudicial, que importe reconhecimento do direito pelo devedor.
A prescrição interrompida recomeça a correr da data do ato que a interrompeu, ou do último ato do processo que a interromper. Não é contado o tempo anterior já transcorrido até o ato que a interrompeu. O prazo começa a correr integralmente novamente.
Pode ser a prescrição interrompida por qualquer interessado.
A prescrição ocorre em 10 (dez) anos quando a lei não lhe haja fixado prazo menor.
Decadência
Decadência provém do verbo latino cadere (cair). É palavra formada pelo prefixo latino de (de cimade), pela forma verbal cado, decadere e pelo sufixo encia (ação ou estado), tendo por significado a ação de cair ou o estado daquilo que caiu.
Juridicamente, decadência indica a extinção do direito pelo decurso de prazo fixado a seu exercício. Decadência é palavra que tem por significado caducidade, prazo extintivo ou preclusivo, que envolve a extinção do direito.
Distingue-se a decadência da prescrição, embora ambas tenham pontos em comum. Decorrem da inércia do detentor do direito, num dado período de tempo. Na prescrição, há a perda do direito de ação pelo decurso de prazo. Na decadência, ocorre a perda do direito pelo decurso de prazo.
A decadência não é interrompida ou fica suspensa, ao contrário da prescrição.
Salvo disposição em contrário, não se aplicam à decadência as normas que impedem, suspendem ou interrompem a prescrição.
Não correm prazos de decadência em relação aos incapazes.
É nula a renúncia da decadência fixada em lei.
Deve o juiz, sem provocação, conhecer da decadência fixada em lei. Não é, portanto, mera faculdade do Juiz, mas obrigação legal.
Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição, mas o \juiz não pode suprir a alegação.

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