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ANAMNESE EM PEDIATRIA Anamnese : elemento básico na tomada de decisões diagnósticas e terapêuticas. Etmologicamente significa "... trazer à memória todos os fatos relacionados à doença e ao doente" (DARIANO, et al. , 2002, p. 41) Objetivos: Estabelecer condições para a relação equipe de saúde-paciente; Conhecer história clínica (fatores pessoais, familiares e ambientais relacionados ao paciente); Estabelecer aspectos do exame físico que mereçam maior ênfase; Definir estratégia relativa a exames complementares; Escolher o procedimento terapêutico adequado. PARTICULARIDADES DA ANAMNESE EM PEDIATRIA As informações são fornecidas pelos pais ou pessoa que cuida da criança; As informações tendem a ser subjetivas (interpretação dos sintomas); Se possível, deixar a criança participar da entrevista; Permite observar relacionamento familiar QUESTIONAMENTOS IMPORTANTES: Dados de identificação: Nome completo, idade, sexo, raça, naturalidade , procedência e identificação do informante Queixa principal: (com as palavras do informante - "sic" = o que não foi comprovado objetivamente) História atual: sinais e sintomas, uso de medicações Revisão dos sistemas: Geral: alterações do peso Pele: cianose, palidez, rubor, coloração anormal, lesões, prurido, ardência, secura, equimoses, petéquias, alterações em fâneros. Cabeça: cefaléia, simetria, traumatismo Olhos: alterações visuais, estrabismo, secreção, vermelhidão, edema... Ouvidos: dificuldade auditiva, secreção, otalgia, zumbidos. Nariz: obstrução nasal, epistaxe(ver respiratório). Boca e garganta: lesões, alterações dentárias. Pescoço : linfonodos aumentados, massas, rigidez, simetria Mamas: nódulos, dor, simetria, secreção Respiratório: dispnéia, tosse, BAN, rouquidão, dor, hemoptise, obstrução nasal, espirros 10. Cardiovascular: dor, cianose, edema, palpitações, sopros cardíacos, alteração do ritmo cardíaco. 11. Gastrointestinal: apetite, náusea, halitose, disfagia, regurgitação, vômito, evacuações, aspectos das fezes, icterícia, dor ou distensão abdominal, eliminação de vermes, constipação, encoprese. 12. Genitourinário: disúria, hematúria, oligúria, enurese noturna, incontinência, secreções, hérnias,alterações menstruais, corrimento vaginal ou uretral, uso de contraceptivo, dor ou massas testiculares. 13. Membros: deformidades, fraqueza, dor, dificuldade à deambulação 14. Neurológico: cefaléia, convulsões, paresias, tremores. 15. Pele: lesões, manchas, crescimento de pêlos e unhas, alergias. 16. Psiquiátrico : afeto, pensamento, linguagem, memória, nervosismo, alteração do humor, tensão, depressão, ansiedade. 17. Endócrino : bócio, instabilidade ao calor ou frio, sudorese excessiva, sede, fome. 18. Personalidade: desobediência, medo, tristeza, irritabilidade, hiperatividade, preguiça, timidez, temparamento difícil ou destrutivo. 19. Comportamento: chupa dedo, enurese, encoprese, masturbação, problemas de sono, roubo, fobia escolar, gagueira, pervesão do apetite, dificuldade de relacionamento, problemas sexuais. História de saúde pregressa: enfermidades prévias, cirurgias, alergias alimentares e medicamentosas; Antecedentes perinatais História alimentar: história de aleitamento, intolerância alimentar, vômitos, diarréia, cólicas; História vacinal História familiar História do desenvolvimento neuropsicomotor História do crescimento: curva de crescimento, velocidade, desenvolvimento de caracteres sexuais. Perfil psicossocial: descrição da unidade familiar, habitação , renda. Exame Físico do Escolar Nesta faixa etária praticamente não se encontra problemas de resistência ao exame. A chave é a conversa amigável com a criança sobre assuntos variados, tais como escola ou amigos, passando daí a explicações sobre os procedimentos do exame físico. Atentar ao pudor da criança, conservando parte da roupa enquanto examina o resto do corpo. Geralmente as crianças preferem que seus irmãos do sexo oposto permaneçam fora da sala. A ordem do exame pode ser a mesma usada em adultos. A história e o exame físico devem ser particularizados para estágios de desenvolvimento físico, cognitivo e afetivo da criança, que orientem o enfermeiro sobre: Os sistemas que apresentam mais comumente anormalidades; Os sistemas que estão em mutação mais rápida; Os sistemas que são mais importantes. A criança em idade escolar não apresenta muitas particularidades , sendo, geralmente, saudável. Enfoque maior: Histórico individual Crescimento Estado de desenvolvimento No escolar mais velho : detecção de escoliose e sinais de início da puberdade Problemas comuns : infecções menores (respiratórias), alergias e dores. Examinar cuidadosamente a cavidade bucal: considerar infecções por HIV. A criança é cooperativa durante o exame , mas é importante considerar: Resistência ao exame físico Respeitar pudor físico: a proteção das partes íntimas "...estabelecer o respeito e fortalece o senso de controle durante o encontro "(ALGRANATI,1998,p.17) As crianças mais jovens têm medo de procedimentos dolorosos Particularidades do exame físico do escolar: Cavidade bucal: hipertrofia de amígdalas = risco de hipertrofia , obstrução de VAS e apnéia do sono; candidíase, eritema gengival linear, leucoplasia pilosa , língua pilosa. Sistema linfático: linfonodos aumentados são comuns e quase sempre benignos: diâmetro menor que 1-2 cm, móveis, não endurecidos ou inflamados, região inguinal, occipital ou nas axilas. ATENÇÃO: diâmetro grande, crescimento rápido, fixação nos tecidos adjacentes e localização( cervical inferior ou regiões supraclaviculares) Sistema neurológico: podem estar presentes sinais leves de imaturidade neurológica. Habilidades motoras grosseiras: 5 anos caminha na ponta dos pés; 6 anos salta; 8 anos pode saltar duas vezes em um pé só. Habilidades motoras finas: 6 anos pode dar laços nos sapatos; 8 anos pode fazer movimentos alternantes rápidos do polegar com cada dedo da mesma mão. Sistema tegumentar: equimoses ( principalmente em MsIs) . ATENÇÂO: traumatismos e patologias hematológicas. Visão: deve ser avaliada na entrada da escola. Preocupação dos pais: machucados freqüentes e tamanho do pênis do menino. Avaliar também : desenvolvimento afetivo(família, amizades, lazer, escola), desenvolvimento cognitivo e práticas de esporte. TENSÃO ARTERIAL: MANGUITO: Observar tamanho adequado à idade e tamanho da criança. AUSCULTA: Sistólica: início dos sons. Diastólica: marcada pelo abafamento dos ruídos. VALORES: Aumentam com a idade e são cerca de 5 mmHg menores no sexo feminino. VALORES DA TA PARA O SEXO MASCULINO IDADE SISTÓLICA DIASTÓLICA 8 anos 100 60 13 anos 110 63 18 anos 120 70 FREQÜÊNCIA CARDÍACA IDADE MÉDIA VARIAÇÃO 2 a 6 anos 103 68 - 138 6 a 10 anos 95 65 - 125 10 a 14 anos 85 55 - 115 FREQÜÊNCIA RESPIRATÓRIA IDADE FREQÜÊNCIA TIPO Pré-escolar 20 - 40 diafragmática Escolar 15 - 25 Torácica 15 anos 14 - 20 Torácica PESO/ALTURA (PERNETTA, 1990) P= n x 2 + 9 P= peso em kg n = idade em anos A = (n- 3 ) x 6 + 95 A = altura em cm n = idade em anos IDADE ( anos) PESO (kg) ALTURA ( cm) 6 21 113 ( 105 - 130 ) 7 23 119 ( 109 - 137 ) 8 25 - 26 125 ( 114 - 145 ) 9 27 - 28 131 ( 124 - 157 ) 10 29 - 32 137 ( 124 - 157 ) 11 31 - 36 143 ( 130 - 168) Figura 1. Locais para medir a pressão arterial. A, Braço. B, Antebraço. C, Coxa. D, Panturrilha ou tornozelo. In:Enfermagem Pediátrica- elementos essenciais à intervenção afetiva,.5a ed. Guanabara Koogan,1989, p.129. Figura 2. Seqüência de erupção dos dentes secundários. . In: Enfermagem Pediátrica- elementos essenciais à intervenção afetiva,.5a ed. Guanabara Koogan,1989, p.407 Figura 3 .Medida da altura . In: Enfermagem Pediátrica-elementos essenciais à intervenção afetiva,.5a ed. Guanabara Koogan,1989, p.123. Figura 4. Medida dos perímetros cefálico, torácico e abdominal e comprimento coroa-nádega. In:Enfermagem Pediátrica- elementos essenciais à intervenção afetiva,.5a ed. Guanabara Koogan,1989, p.122. O Escolar - necessidades FISIOLÓGICAS: Oxigênio: até final da idade escolar, os sistemas cardiovascular e respiratório estão atingindo os níveis de funcionamento dos adultos. Manutenção da temperatura: bem estabelecida nessa idade; capacidade de transpirar e perder calor mais desenvolvida, porém não totalmente; hipertermias extremas, associadas a infecções, são menos usuais; a criança expressa desconforto térmico. Eliminação: rins com maior capacidade de concentrar e purificar a urina; produção de 650 a 1000 ml de urina/24hs (6 - 8 anos) e de 700 a 1500 ml/24hs (10 - 12 anos). Nutritivas e hídricas: dieta de 2000 a 2400 cal/dia; líquidos 2000 a 2500 ml/dia. Dentes permanentes eclodem dos 7 aos 12 anos, e siso ao final da adolescência. IMPORTANTE: calcificação depende de nutrição adequada. Sono e repouso: 9 - 11hs de sono/dia sem descanso no decorrer deste. Rotinas são necessárias. Sexuais e sexualidade: grande interesse na anatomia e funcionamento do corpo humano; curiosidade pela concepção/nascimento e nas mudanças que começam a ocorrer nos dois sexos; masturbação ocorre pela sensação prazerosa; desenvolve-se o senso de pudor e vergonha. Estímulo: meio ambiente cresce com a entrada na escola; destreza manual, força muscular e resistência para atividades físicas aumentam; brincadeira importante para desenvolvimento muscular e social; coordenação muscular desenvolve-se (aprendizado da escrita); paladar e olfato se aguçam, modificam as preferências alimentares; visão e audição totalmente desenvolvidos. IMPORTANTE: revisões com oftalmologista são fundamentais nesta fase. Segurança: CUIDADO: acidentes automobilísticos, afogamentos e acidentes com armas de fogo. IMPORTANTE: aprender a nadar. CUIDADOS IMPORTANTES: com dentes e saúde. Amor e gregária : a criança aumenta seu círculo de relações e os pais perdem a onipotência; rivalidade entre irmãos diminui; fase do primeiro amigo. Auto-estima: desenvolvimento do conceito de si mesma; reconhece diferenças entre ela e as outras crianças; sente-se competente quando reconhecidos em seus esforços; competições permitem comprovar capacidades físicas e mentais. PROBLEMAS COMUNS NA SEGUNDA INFÂNCIA: Acidentes: fraturas e feridas. Dores musculares Infecções respiratórias, otites (diminuem) e amigdalites. Infecções urinárias podem ocorrer com as meninas. Pode surgir: alergias, asma, escoliose e diabetes juvenil. Bibliografia: ATKINSON, Leslie D. MURRAY, Mary Ellen Fundamentos de Enfermagem- Introdução ao processo de enfermagem, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1989. BLANCK,Danilo ECKERT,Gilberto Elmar(Org.) Pediatria Ambulatorial- Elementos Básicos e Promoção da saúde, Porto Alegre:Editora da Universidade, 1990. COSTA, Maria Conceição Oliveira,Souza, Ronald Pagnocelli de (Org.). Avaliação e cuidados primários da criança e do adolescente, Porto Alegre:ArtMed, 1998. SANTANA, João Carlos KIPPER,Délio José FIORE, Renata Wagner (Org.) Semiologia Pediátrica , Porto Alegre:ArtMed, 2003. WONG,Donna. Whaley & Wong: Enfermagem Pediátrica- elementos essenciais à intervenção afetiva.5a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,1999. � EMBED MS_ClipArt_Gallery.5 ��� � EMBED MS_ClipArt_Gallery.5 ��� � EMBED MS_ClipArt_Gallery.5 ��� � AUTHOR �LIANE EINLOFT� Página � PAGE �9�
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