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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL PESSOAS JURêDICAS Sumrio Sumrio..................................................................................................1 Consideraes iniciais ...............................................................................2 TEORIA GERAL.........................................................................................3 II. Pessoas ..............................................................................................3 2. Pessoas jurdicas ...............................................................................3 2.1. Personalidade.................................................................................4 2.2. Classificao...................................................................................5 2.3. Associaes..................................................................................13 2.4. Fundaes ...................................................................................17 2.5. Desconsiderao da personalidade jurdica .......................................22 2.6. Domiclio .....................................................................................28 Legislao e Jurisprudncia......................................................................30 Jornadas de Direito Civil..........................................................................37 Bateria de exerccios...............................................................................40 Questes sem comentrios ...................................................................41 Gabarito.............................................................................................68 Questes com comentrios ...................................................................75 Resumo .............................................................................................. 129 Consideraes finais ............................................................................. 132 Aula 02 privado so regidas por regime jurdico de direito privado, tpico do Direito Civil/Empresarial. No entanto, antes de adentrar essa classificao, relevante apontar um grupo um tanto sui generis de pessoas e bens que se renem sem se submeter ao regime legal determinado s pessoas jurdicas. Esses entes, apesar de se assemelharem em maior ou menor grau s pessoas jurdicas, pessoas jurdicas no so, curiosamente... A. Grupos no personificados H determinados grupos de pessoas ou de bens que atuam como se pessoas jurdicas fossem, mas lhes falta o requisito de personalidade jurdica, pelo que no constituem, efetivamente, pessoas jurdicas. Por isso, essas situaes jurdicas so mero agrupamento de pessoas e/ou bens, sem que cheguem a constituir pessoas jurdica. No entanto, possuem direitos e obrigaes muito semelhantes s pessoas jurdicas, sendo que alguns desses grupos, de maneira bastante contraditria, possuem at mesmo CNPJ (que, como o prprio nome diz, o Cadastro Nacional de Pessoas Jurdicas), como o caso do condomnio. No fundo, mera opo da lei, j que, na prtica, a semelhana de alguns grupos no personificados com uma pessoa jurdica to grande que muitos acabam achando que so eles efetivamente pessoas jurdicas. A relevncia dos entes despersonalizados, em termos jusprivatsticos, est no direito processual, pois, novamente, de maneira bastante contraditria Ð e as contradies so muitas quando falamos em grupos sem personalidade Ð apesar de no terem personalidade jurdica, e, portanto, capacidade jurdica, possuem capacidade processual, exercida mediante representao processual. Quem so esses grupos despersonalizados? Eles aparecem no art. 75 do CPC, que estabelece que sero eles representados em juzo, ativa e passivamente, por um representante: Aula 02 direito pblico com estrutura de direito privadoÓ. O Direito Administrativo, a seu turno, resume tudo isso na expresso Òpessoas jurdicas de direito privadoÓ, muitas vezes. No h nenhuma contradio, tratando-se exatamente ambas as expresses das mesmas pessoas. Porm, o Direito Administrativo, de modo a excluir a aplicao do regime jurdico de direito pblico, chama essas pessoas apenas pela parte mais importante: direito privado. O Direito Civil ainda se atm criao dessas pessoas jurdicas, j que apesar de serem regidas pelo regime jurdico de direito privado, foram elas criadas pelo Estado, ou seja, so ÒpblicasÓ, da o assento ao direito pblico. o caso das empresas pblicas e das sociedades de economia mista. O Direito Administrativo as chama de Òpessoas jurdicas de direito privadoÓ, j que tm regime jurdico de direito privado. O Direito Civil as chama de Òpessoas jurdicas de direito pblico com estrutura de direito privadoÓ, j que foram criadas pelo Estado, mas adotaram uma estrutura de direito privado, ou seja, regime jurdico de direito privado. O Enunciado 141 da III Jornada de Direito Civil esclarece que, para alm dessas pessoas jurdicas, as pessoas jurdicas de direito pblico, a que se tenha dado estrutura de direito privado, mencionadas pelo art. 41, pargrafo nico, so as fundaes pblicas e os entes de fiscalizao do exerccio profissional, como o CFM (uma autarquia) ou a OAB (uma entidade sui generis, como definiu o STF na ADI 3.026/DF). C. Pessoas jurdicas de direito privado O art. 44 do CC/2002 classifica as pessoas jurdicas de direito privado. Atente porque, segundo o Enunciado 144 da III Jornada de Direito Civil, a relao das pessoas jurdicas de direito privado constante do art. 44 no exaustiva (rol taxativo ou numerus clausus); trata-se de rol meramente exemplificativo (numerus apertus). Contraprova que inmeros dispositivos legais outros trazem inmeras pessoas jurdicas de direito privado que no esto no rol trazido pelo CC/2002. Aqui tivemos outro resvalo do legislador, que se ÒesqueceuÓ de mencionar outras tantas pessoas jurdicas de direito privado j previstas em outras normas ulteriores ao CC/1916. Eis o rol das pessoas jurdicas de direito privado trazido pelo Cdigo e pelas leis especiais: Aula 02 Quanto s organizaes religiosas, sua criao, organizao e funcionamento no podem sofrer interveno estatal, prev o art. 44, ¤1¼. Isso no significa, porm, que h uma espcie de Òcarta brancaÓ para a criao desse tipo de pessoa jurdica, sob pena de fraude lei. Nesse sentido, o Enunciado 143 da III Jornada de Direito Civil evidencia que a liberdade de funcionamento das organizaes religiosas no afasta o controle de legalidade e de legitimidade constitucional de seu registro, nem a possibilidade de reexame, pelo Judicirio, da compatibilidade de seus atos com a lei e com seus estatutos. Ainda no esmaecimento entre as fronteiras do Direito Pblico e do Direito Privado, h o Terceiro Setor. Determinadas pessoas jurdicas compem aquilo que se convencionou chamar de Terceiro Setor, que nada mais do que uma parcela das atividades do interesse do Poder Pblico a cargo do setor privado, sem a necessidade de concesso ou de outras medidas de cunho administrativo geralmente utilizadas nesses casos. Certas instituies acabam precisamente por cumprir determinadas aes tpicas do Estado (Primeiro Setor), por intermdio do mercado (Segundo Setor). Em resumo, so entidades com origem na sociedade civil, mas que tm interesse pblico evidenciado. Notabilizam-se as ONGs, Organizaes No-Governamentais, cuja atuao tende filantropia. Na esteira desse raciocnio existem dois ttulos que podem ser dados a determinadas pessoas jurdicas de direito privado: 1. Organizaes da Sociedade Civil de Interesse Pblico Ð OSCIP: previstas no art. 1¼ da Lei 9.790/1999, so organizaes da sociedade civil de interesse pblico; 2. Organizaes Sociais Ð OS: previstas no art.1¼ da Lei n¼. 9.637/1998, so organizaes cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade; 3. Organizaes da Sociedade Civil Ð OSC: previstas no art. 2¼, inc. I da Lei 13.019/2014, so organizaes se dirigem consecuo de finalidades de interesse pblico em regime de mtua cooperao, por meio de termos de fomento ou em acordos de cooperao. Elas nada mais so do que qualificaes dadas pelo Poder Pblico a determinadas pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, para que possam receber recursos da Administrao Pblica para a consecuo de seus objetivos. Ou seja, as OSCIP, OS e as OSC no so pessoas jurdicas propriamente ditas, mas qualificao dada a determinadas pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos! Para fazer jus ao recebimento dessa qualificao, a pessoa jurdica interessada deve comprovar uma srie de requisitos. Cumpridos essas exigncias, a pessoa jurdica pode habilitar-se qualificao pretendida. No mais, maiores interaes entre as entidades do Terceiro Setor e o Poder Aula 02 Pblico so vistas no Direito Administrativo, evidentemente; apenas menciono o assunto porque muitas provas acabam tentando induzir o candidato em erro em questes que envolvem as pessoas jurdicas de direito privado e o Direito Administrativo. Como disse mais acima, o nascimento da pessoa jurdica depende de um ato formal, j que ela ÒnaturalmenteÓ no existe. Esse ato o registro do ato constitutivo, consoante regra do art. 45 do CC/2002. Mas o que necessrio para o registro? O art. 46 estabelece quais so os requisitos gerais do registro, em seus incisos: I - a denominao, os fins, a sede, o tempo de durao e o fundo social, quando houver; II - o nome e a individualizao dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente; IV - se o ato constitutivo reformvel no tocante administrao, e de que modo; V - se os membros respondem, ou no, subsidiariamente, pelas obrigaes sociais; VI - as condies de extino da pessoa jurdica e o destino do seu patrimnio, nesse caso. Cumpridas essas imposies, a pessoa jurdica ÒnasceÓ, adquire personalidade e passa a ter autonomia completa, desde que seus administradores exeram seus poderes nos limites definidos no ato constitutivo, na dico do art. 47. A partir da, a pessoa jurdica precisa ser administrada. Caso ela tenha administrao coletiva, as decises se tomaro pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso (art. 48). E se essas decises violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulao ou fraude? Nesse caso, determina o pargrafo nico que possvel anul-las no prazo (imprecisamente chamado de) decadencial de 3 anos. Na hiptese de no existair, por qualquer razo, administrador pessoa jurdica, o juiz, a requerimento de qualquer interessado, nomear um administrador provisrio, ad hoc, permite o art. 49. Se a ÒcriseÓ da pessoa jurdica se agravar e ela for dissolvida ou cassada sua autorizao de funcionamento, ela subsiste para os fins de liquidao, at que esta se conclua (art. 51). Veja que aqui, efetivamente, ocorrer a despersonificao ou despersonalizao da pessoa jurdica, conceito esse completamente distinto da desconsiderao da personalidade jurdica. A primeira situao abarca a extino, dissoluo da pessoa jurdica, ao passo que a segunda trata do abandono da regra de ciso patrimonial entre a pessoa jurdica e as pessoas fsicas que dela fazem parte. Aula 02 Essa liquidao ser averbada no registro da pessoa jurdica (¤1¼), aplicando-se as disposies a respeito das sociedades, no que couber, s demais pessoas jurdicas de direito privado (¤2¼). Com o encerramento da liquidao, promove-se finalmente o cancelamento da inscrio da pessoa jurdica (¤3¼); somente nesse momento a pessoa jurdica extinta, deixando de existir no plano jurdico. O art. 52, por fim, traz dico bastante polmica. Consolidou-se o entendimento de que os direitos da personalidade eram parte subjetiva da prpria personalidade, pensada, na corrente formal, para ser a qualificao jurdica do ser humano, transformando-o em pessoa. Partindo dessa premissa, o art. 52 estabelece que se aplica s pessoas jurdicas, no que couber, a proteo dos direitos da personalidade. A extenso dos direitos da personalidade pessoa jurdica depende, obviamente, da possibilidade de a pessoa jurdica poder ser titular de determinados direitos e obrigaes. O Cdigo detalha diversas espcies de pessoas jurdicas. Algumas delas, porm, so prprias do estudo do Direito Empresarial, do Direito Administrativo, do Direito do Trabalho e assim por diante. Por isso, no vou me deter nelas; so relevantes aqui apenas as associaes e as fundaes. 2.3. Associaes As associaes so pessoas jurdicas de direito privado formadas para fins no econmicos, conforme estabelece o art. 53 do CC/2002. Veja que nada impede que as associaes desenvolvam atividade econmica, desde que no haja finalidade lucrativa, evidentemente (Enunciado 534 da VI Jornada de Direito Civil). Por isso, uma associao no pode distribuir lucro entre os associados, por mais polpudos que eles sejam. E pode a associao ter lucro? Pode ela exercer atividades produtivas? Pode, mas o objetivo da associao no pode ser a distribuio de lucro social, exatamente o contrrio de uma sociedade. Se h distribuio de lucro, portanto, trata-se de uma sociedade, e no de uma associao. Consequentemente, o pargrafo nico do art. 53 prev que no h, entre os associados, direitos e obrigaes recprocos. No confunda esse dispositivo com a possiblidade de haver direitos e obrigaes recprocos entre o associado e a associao; no h entre os associados em si! Os requisitos da associao encontram-se no art. 54: Aula 02 I - a denominao, os fins e a sede da associao; II - os requisitos para a admisso, demisso e excluso dos associados; III - os direitos e deveres dos associados; IV - as fontes de recursos para sua manuteno; V - o modo de constituio e funcionamento dos rgos deliberativos e administrativos; V Ð o modo de constituio e de funcionamento dos rgos deliberativos; VI - as condies para a alterao das disposies estatutrias e para a dissoluo. VII Ð a forma de gesto administrativa e de aprovao das respectivas contas. Todos esses requisitos devem estar contidos no Estatuto Social. Esse Estatuto pode prever categorias de associados com vantagens especiais, mas todos eles devem ter iguais direitos (art. 55 do CC/2002). Por isso, nenhum associado poder ser impedido de exercer direito ou funo, a no ser nos casos e pela forma previstos na Lei ou no Estatuto (art. 58 do CC/2002). A possibilidade de instituio de categorias de associados com vantagens especiais admite a atribuio de pesos diferenciados ao direito de voto, desde que isso no acarrete a sua supresso em relao a matrias previstas no art. 59 (destituio de administradores e alterao do estatuto). Esse o entendimento exarado no Enunciado 577 da VII Jornada de Direito Civil. Assim, a associao pode ter um Associado Nato, um Associado Ouro e um Associado Bronze, trs categorias com vantagens distintas. O Estatuto ainda tem de prever normas de admisso e a possibilidade de demisso dos associados. A excluso do associado s admissvel se houver justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatuto, conforme estabelece o art. 57. Evidentemente que se houver violao dessas premissas, nada impede que o associado recorraao Poder Judicirio para reapreciar o ato, se for o caso, como em situaes de excluses baseadas em critrios discriminatrios. O art. 59 estabelece que de competncia privativa da assembleia geral a destituio dos administradores e a alterao do estatuto. Nesses dois casos, as deliberaes devem ser realizadas em assembleia especialmente convocada para esse fim. O quorum ser fixado no estatuto, bem como os critrios de eleio dos administradores. 2015 Ð MPT Ð MPT Ð Procurador do Trabalho Acerca das disposies sobre associaes no Cdigo Civil, assinale a alternativa INCORRETA: Aula 02 a) Os associados devem ter direitos iguais, mas o estatuto poder instituir categoria com vantagem especial. b) A excluso de associado feita de acordo com os estatutos, que soberano para estabelecer o procedimento que entender adequado. c) Compete privativamente assembleia geral, especialmente convocada para esse fim, destituir os administradores. d) Nenhum associado poder ser impedido de exercer direito ou funo que lhe tenha sido legitimamente conferido, a no ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatuto. e) No respondida. Comentrios A alternativa A est correta, na literalidade do art. 55: ÒOs associados devem ter iguais direitos, mas o estatuto poder instituir categorias com vantagens especiaisÓ. A alternativa B est incorreta, como se extrai do art. 57: ÒA excluso do associado s admissvel havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatutoÓ. A alternativa C est correta, na conjugao do art. 59, inc. I (ÒCompete privativamente assembleia geral destituir os administradoresÓ) com seu pargrafo nico (ÒPara as deliberaes a que se referem os incisos I e II deste artigo exigido deliberao da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo qurum ser o estabelecido no estatuto, bem como os critrios de eleio dos administradoresÓ). A alternativa D est correta, conforme o art. 58: ÒNenhum associado poder ser impedido de exercer direito ou funo que lhe tenha sido legitimamente conferido, a no ser nos casos e pela forma previstos na lei ou no estatutoÓ. Ademais, a convocao dos rgos deliberativos tambm deve ser feita na forma do estatuto, prev o art. 60. Fica garantido, de qualquer forma, a 1/5 dos associados o direito de promov-la. A qualidade de associado , em regra, intransmissvel. No entanto, o art. 56 permite que o estatuto disponha em contrrio. Atente, porm, para a previso do pargrafo nico sobre o elemento patrimonial da associao. Se o associado for titular de quota ou frao ideal do patrimnio da associao, a transferncia daquela no importar, de per si, na atribuio da qualidade de associado ao adquirente ou ao herdeiro, salvo disposio diversa do estatuto. O art. 44, ¤2¼ estabelece que as disposies concernentes s associaes se aplicam subsidiariamente s sociedades empresariais. Minudencia o Enunciado 280 da IV Jornada de Direito Civil que as regras dos arts. 57 Aula 02 e 60, relativas s associaes, se aplicam s sociedades empresariais, exceto s limitadas, nos seguintes termos: A) havendo previso contratual, possvel aos scios deliberar a excluso de scio por justa causa, pela via extrajudicial. Nesse caso, cabe ao contrato social disciplinar o procedimento de excluso, assegurado o direito de defesa, por aplicao analgica do art. 1.085; B) as deliberaes sociais podero ser convocadas por iniciativa de scios que representem 1/5 do capital social, na omisso do contrato. A mesma regra aplica- se na hiptese de criao, pelo contrato, de outros rgos de deliberao colegiada. Em caso de dissoluo da associao, primeiro devem ser deduzidas as quotas ou fraes ideais de titularidade dos associados. Ateno, j que as associaes no podem distribuir lucro aos associados, mas isso no se confunde com a devoluo das cotas dos associados em caso de dissoluo da associao! Ademais, o ¤1¼ permite que os associados podem receber em restituio o valor atualizado das contribuies que tiverem prestado ao patrimnio da associao, caso isso esteja previsto no estatuto ou, no seu silncio, por deliberao dos associados. Pois bem. Feitas essas dedues, se for o caso, determina o art. 61 que o remanescente do patrimnio lquido seja destinado entidade de fins no econmicos designada no estatuto, ou, omisso este, por deliberao dos associados, instituio municipal, estadual ou federal, de fins idnticos ou semelhantes. O Enunciado 407 do CJF esclarece que essa destinao possui carter subsidirio, devendo prevalecer a vontade dos associados, desde que seja contemplada entidade que persiga fins no econmicos. Se no existir no respectivo territrio em que a associao tiver sede instituio nas referidas condies, o que remanescer do seu patrimnio ficar com o Estado, o Distrito Federal ou a Unio, conforme o caso. , em certo sentido, medida semelhante adotada no caso de vacncia da herana jacente. Alm disso, o Enunciado 615 da VIII Jornada de Direito Civil estabelece que as associaes civis podem sofrer transformao, fuso, incorporao ou ciso. H polmica a respeito de possibilidade de transformao da associao em uma sociedade empresarial, dado que esta tem fins econmicos. Evidentemente, em caso de fraude, a associao no poderia ser transformada. 2016 Ð TRF Ð TRF/3» Regio Ð Juiz Federal Substituto Relativamente s pessoas jurdicas, marque a alternativa correta: Aula 02 a. Se a pessoa jurdica tiver administrao coletiva, as decises se tomaro, em qualquer caso, pela maioria de votos dos presentes. b. Compete privativamente s assembleias gerais das associaes a destituio e a eleio dos administradores, bem como a alterao dos estatutos. c. Quando insuficientes para constituir a fundao, os bens a ela destinados sero incorporados em outra fundao que se proponha a fim igual ou semelhante, independentemente do que dispuser o instituidor. d. obrigatria a incluso de norma estatutria nas associaes que preveja o direito de recorrer dos associados na hiptese de sua excluso. Comentrios A alternativa A est incorreta, na forma do art. 48: ÒSe a pessoa jurdica tiver administrao coletiva, as decises se tomaro pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diversoÓ. A alternativa B est incorreta, segundo o art. 59, incs. I e II: ÒCompete privativamente assembleia geral: I Ð destituir os administradores; II Ð alterar o estatutoÓ. A alternativa C est incorreta, de acordo com o art. 63: ÒQuando insuficientes para constituir a fundao, os bens a ela destinados sero, se de outro modo no dispuser o instituidor, incorporados em outra fundao que se proponha a fim igual ou semelhanteÓ. A alternativa D est correta, pela combinao dos arts. 54, II (ÒSob pena de nulidade, o estatuto das associaes conter os requisitos para a admisso, demisso e excluso dos associadosÓ) e 57 (ÒArt. 57. A excluso do associado s admissvel havendo justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito de defesa e de recurso, nos termos previstos no estatutoÓ). 2.4. Fundaes As fundaes so um complexo de bens, ou seja, so pessoas jurdicas sem quaisquer pessoas fsicas/naturais quando de sua instituio. Ela, assim, configura o caso mais explcito da concepo formal de pessoa, bem como da Teoria da Realidade Tcnica, j que se personificam os bens, em certa medida. Cria-se a fundao por escritura pblica ou por testamento, dotando-a o instituidor de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administr-la. Aula 02 2016 Ð MPE/SC Ð MPE/SC Ð Promotor de Justia Substituto De acordocom o Cdigo Civil, uma fundao pode ser criada por escritura pblica ou testamento, por meio dos quais o instituidor far dotao especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, devendo declarar, tambm, a maneira de administr-la. Dentre os fins expressos na legislao, destaca-se: a sade; a segurana alimentar e nutricional; e a pesquisa cientfica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernizao de sistemas de gesto, produo e divulgao de informaes e conhecimentos tcnicos e cientficos. Comentrios O item est incorreto, de acordo com o art. 62: ÒPara criar uma fundao, o seu instituidor far, por escritura pblica ou testamento, dotao especial de bens livres, especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administr-laÓ. O objetivo das fundaes sempre pblico, apesar do carter privado que possuem. Em sua redao original, o art. 62, pargrafo nico do CC/2002 era bastante restritivo a respeito de quais atividades poderiam ser objetivos das fundaes. No toa, o Enunciado 8 da I Jornada de Direito Civil j propugnava que Òa constituio de fundao para fins cientficos, educacionais ou de promoo do meio ambiente est compreendida no Cdigo CivilÓ. Indo ainda mais longe, o Enunciado 9 do CJF estabelece que o pargrafo nico do art. 62 deve ser interpretado de modo a excluir apenas as fundaes com fins lucrativos. 2016 Ð CESPE Ð PGE/AM Ð Procurador do Estado As fundaes privadas so de livre criao, organizao e estruturao, cabendo aos seus instituidores definir os seus fins, que podem consistir na explorao de entidades com fins lucrativos nas reas de sade, educao ou pesquisa tecnolgica, e outras de cunho social. Comentrios O item est incorreto, pois as fundaes no podem ter carter lucrativo, em hiptese alguma. Indiciariamente, j indica isso o art. 11 da LINDB: ÒAs organizaes destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundaes, obedecem lei do Estado em que se constituremÓ. Igualmente, prev o art. 66 do CC/2002 que ÒVelar pelas fundaes o Ministrio Pblico do Estado onde situadasÓ. Aula 02 Em que pese Enunciado 8 tenha sido absorvido por mudana legislativa posterior, o Enunciado 9 continua relevante, j que o referido dispositivo continua, aparentemente, a trazer um rol taxativo de objetivos s fundaes. Esses objetivos podem ser assim resumidos, segundo o art. 62, pargrafo nico: I Ð assistncia social; II Ð cultura, defesa e conservao do patrimnio histrico e artstico; III Ð educao; IV Ð sade; V Ð segurana alimentar e nutricional; VI Ð defesa, preservao e conservao do meio ambiente e promoo do desenvolvimento sustentvel; VII Ð pesquisa cientfica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernizao de sistemas de gesto, produo e divulgao de informaes e conhecimentos tcnicos e cientficos; VIII Ð promoo da tica, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos; IX Ð atividades religiosas. Na instituio da fundao, seu instituidor deve designar o patrimnio que a compe. Quando, porm, insuficientes os fundos para constituir a fundao, os bens a ela destinados sero, se de outro modo no dispuser o instituidor, incorporados a outra fundao que se proponha a fim igual ou semelhante, segundo dispe o art. 63. Caso a fundao seja criada por ato entre vivos, o instituidor obrigado a transferir-lhe a propriedade sobre os bens dotados, e, se no o fizer, sero registrados, em nome dela, por mandado judicial (art. 64). Instituda a fundao, o instituidor nomear pessoa para gerir o patrimnio. Essas pessoas devem, segundo o art. 65, formular logo, de acordo com a base prevista para a fundao, o estatuto da fundao projetada, submetendo-o, em seguida, aprovao da autoridade competente (atualmente, o MP), com recurso ao juiz. Veja-se que, caso o estatuto no seja elaborado no prazo assinado pelo instituidor, ou, no havendo prazo, em 180 dias, a incumbncia caber ao Ministrio Pblico, consoante regra expressa do pargrafo nico do mencionado art. 65. O papel do MP importantssimo, j que cabe a ele velar pelas fundaes, segundo estabelece o art. 66, de acordo com a competncia territorial do Parquet. Quando a fundao se localiza em algum dos Estados da Federao, no h grande dvida. Porm, se sua atividade se estender por mais de um Estado, caber o encargo, em cada um deles, ao respectivo MPE, na forma do ¤ 2¼ do art. Aula 02 66. Veja que a expresso Òpor mais de um EstadoÓ, contida no referido ¤2¼no exclui o Distrito Federal e os Territrios, evidentemente. PRESTE ATENÌO, pois a Lei 13.151/2015 corrigiu uma distoro que havia no ¤ 1¼ do art. 66. Em sua redao original, essa regra mencionava que, no caso de funcionarem no Distrito Federal ou em Territrio, caberia o encargo legal ao MPF. A referida lei alterou o dispositivo e passou a prever que caber o encargo ao MPDFT. Essa nova redao legal, inclusive, vai ao encontro do Enunciado 10 da I Jornada de Direito Civil. Prev o enunciado que em face do princpio da especialidade esse dispositivo deveria ser interpretado em sintonia com os arts. 70 e 178 da LC 75/1993, situao essa agora tornada lei. Segundo o Enunciado 147 da III Jornada de Direito Civil, a atribuio ao Ministrio Pblico local de velar pelas fundaes situadas em seu territrio no exclui a necessidade de fiscalizao de tais pessoas jurdicas pelo MPF, quando se tratar de fundaes institudas ou mantidas pela Unio, autarquia ou empresa pblica federal, ou que destas recebam verbas, nos termos da CF/1988, da LC 75/1993 e da Lei de Improbidade. Cuidado para no confundir o teor desse Enunciado (fiscalizao pelo MPF) com a alterao legislativa havida no ¤1¼ do art. 66 (fiscalizao pelo MPDFT). Contrariamente s associaes, a alterao do Estatuto das fundaes tem algumas exigncias legais, conforme estabelece o art. 67. Primeiro, tenha em mente que a finalidade da fundao inaltervel; pode-se apenas alterar seu estatuto. Para tanto, so trs os requisitos exigidos: I - seja deliberada por dois teros dos competentes para gerir e representar a fundao; II - no contrarie ou desvirtue o fim desta; III Ð seja aprovada pelo rgo do Ministrio Pblico no prazo mximo de 45 dias, findo o qual ou no caso de o Ministrio Pblico a denegar, poder o juiz supri-la, a requerimento do interessado. O Ministrio Pblico, portanto, tem prazo decadencial de apenas 45 dias para denegar confirmao alterao. O silncio, nesse caso, interpretado como negao de aceitao da alterao, consequentemente, a permitir suprimento judicial. Caso a alterao no seja aprovada por votao unnime, os administradores da fundao, ao submeterem o estatuto ao MP, devem requerer que se d cincia minoria vencida. A minoria, ento, pode impugnar a mudana de maneira fundamentada, querendo, no prazo decadencial de 10 dias, segundo o art. 68. A, o Parquet analisa a controvrsia e decide se aprova ou no a alterao, na forma do art. 67, inc. III, supracitado. Novamente, se a aprovao for negada, cabe ao juiz decidir a respeito. Aula 02 2016 Ð MPE/PR Ð MPE/PR Ð Promotor de Justia Substituto Assinale a alternativa correta: a) Uma fundao pode constituir-se para fins de sade, mas no para fins de segurana alimentar e nutricional; b) Se uma fundao funcionar no Distrito Federal ou em Territrio, o encargo de sua fiscalizao ao Ministrio Pblico Federal; c) A fundao no pode ser criada para fins de atividades religiosas; d) A alterao ou reforma do estatuto de uma fundao deve ser aprovada pelo rgo do Ministrio Pblico em at 30 dias; e) Se o Ministrio Pblico denegar a reforma do estatuto, o juiz pode a suprir, a requerimento do interessado. Comentrios A alternativaA est incorreta, conforme o art. 62, pargrafo nico, inc. IV: ÒA fundao somente poder constituir-se para fins de segurana alimentar e nutricionalÓ. A alternativa B est incorreta, de acordo com o art. 66, ¤ 1¼: ÒSe funcionarem no Distrito Federal ou em Territrio, caber o encargo ao Ministrio Pblico do Distrito Federal e TerritriosÓ. A alternativa C est incorreta, consoante o art. 62, pargrafo nico, inc. IX: ÒA fundao somente poder constituir-se para fins de atividades religiosasÒ. A alternativa D est incorreta, pela dico do art. 67, inc. III: ÒSeja aprovada pelo rgo do Ministrio Pblico no prazo mximo de 45 (quarenta e cinco) dias, findo o qual ou no caso de o Ministrio Pblico a denegar, poder o juiz supri-la, a requerimento do interessadoÓ. A alternativa E est correta, segundo a literalidade da parte final do art. 67, inc. III, supracitado. Por fim, estabelece o art. 69 acerca da extino da fundao. Se se tornar ilcita, impossvel ou intil a finalidade da fundao, ou vencido o prazo de sua existncia, em caso de termo previsto pelo instituidor, o MP ou qualquer interessado requerer sua extino. Nessa hiptese, incorpora-se seu patrimnio a outra fundao, designada pelo juiz, que se proponha a fim igual ou semelhante. Evidentemente que se houver disposio em contrrio no ato constitutivo ou no estatuto, deve-se seguir tal determinao. Aula 02 2.5. Desconsiderao da personalidade jurdica Jos Lamartine Corra de Oliveira Lyra apontou um fenmeno que ele chamou de dupla crise da pessoa jurdica. No uma crise do conceito de pessoa jurdica ou da prpria noo de pessoa jurdica, mas da deformao causada pelo formalismo. Esse formalismo atribui uma ciso absoluta entre a pessoa jurdica e a pessoa fsica/natural. E esse apartamento absoluto fonte de abuso pela pessoa fsica/natural, que se aproveita disso para se utilizar da pessoa jurdica com fins diversos do imaginado a ela. Mas o que caracteriza o abuso mencionado pela teoria? Se configuraria no caso de abuso de direito, de fraude, de descumprimento de obrigaes contratuais e legais, de atos ilcitos praticados pela sociedade, de confuso patrimonial entre o patrimnio pessoa do scio e o patrimnio da pessoa jurdica, de desvio da finalidade contratual prevista no Estatuto etc. Assim, excepcionalmente, a ciso criada pela Teoria da Realidade Tcnica, em termos patrimoniais, deixa de existir, e possvel se ignorar o vu que separa o patrimnio da pessoa jurdica e o patrimnio pessoal dos scios. Trata-se de homenagem teoria da aparncia e vedao ao abuso de direito, claramente. A amplitude dessa separao patrimonial ficou ainda mais evidente quando o legislador brasileiro criou a EIRELI. 2017 Ð CESPE Ð DPU Ð Defensor Pblico Federal Uma senhora procurou a DP para ajuizar ao de alimentos contra o pai de seu filho menor de idade. Ela informou que o genitor no possua bens em seu nome, mas exercia atividade empresarial em sociedade com um amigo: a venda de quentinhas. Apresentou cpia do contrato social, que, contudo, no era inscrito no rgo de registro prprio. Considerando essa situao hipottica e a necessidade de se obter o pagamento da penso, julgue os itens a seguir. Se o pai no pagar os alimentos espontaneamente e no forem encontrados bens de sua titularidade, caber DP invocar a teoria da desconsiderao da personalidade jurdica contra a sociedade empresria. Comentrios O item est incorreto, porque se trata de sociedade no personificada, j que, conforme o art. 45, ÒComea a existncia legal das pessoas jurdicas de direito privado com a inscrio do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, Aula 02 quando necessrio, de autorizao ou aprovao do Poder Executivo, averbando- se no registro todas as alteraes por que passar o ato constitutivoÓ. Assim, no constituda a sociedade em questo, incabvel se falar em desconsiderao de um ente que no detm personalidade jurdica ainda, no sendo tal sociedade uma pessoa jurdica em termos tcnicos. Essa pessoa jurdica, que no uma sociedade, mas um novo ente personificado (Enunciado 469 do CJF), uma pessoa jurdica unipessoal. Em que pese a confuso entre pessoa fsica e jurdica ser mais fcil, o Enunciado 470 do CJF elucida que o patrimnio da EIRELI responde pelas dvidas da pessoa jurdica, no se confundindo com o patrimnio da pessoa natural que a constitui. Obviamente, se presentes os requisitos legais, haver a aplicao do instituto da desconsiderao da personalidade jurdica. E quando cabe a desconsiderao? Depende da situao. Se for uma relao trabalhista, h regra prpria na CLT; se for uma relao tributria, h aplicao do CTN; se for uma relao consumerista, o CDC dispe a respeito. Antes de se compreender a aplicao da Disregard Doctrine ou Disregard of the Legal Entity em cada seara especfica, preciso compreender duas diferentes teorias. A primeira teoria a chamada Teoria Maior, adotada pelo art. 50 do CC/2002: Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdica. Em outras palavras, necessrio se verificar o abuso na utilizao da personalidade jurdica. Esse abuso deve se caracterizar pelo desvio de finalidade OU pela confuso patrimonial. Se no se caracterizar nem uma dessas situaes, no se pode desconsiderar a personalidade jurdica. Da o nome de Teoria Maior, pois ela exige a verificao de mais requisitos. 2015 Ð ESAF Ð PGFN Ð Procurador da Fazenda Nacional Considerando o que dispe o Cdigo Civil acerca das pessoas jurdicas, analise os itens a seguir e assinale a opo correta. a) A existncia legal das pessoas jurdicas de direito privado comea com a inscrio do ato constitutivo no respectivo registro, sendo exigvel, nesse caso, autorizao estatal para a sua criao e personificao. b) Se a pessoa jurdica tiver administrao coletiva, as decises se tomaro pela maioria de votos dos presentes, salvo se o ato constitutivo dispuser de modo diverso, prescrevendo em cinco anos o direito de anular essas decises, quando violarem a lei ou o estatuto. Aula 02 c) As pessoas jurdicas de direito pblico interno so civilmente responsveis pelos atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado o direito regressivo contra os causadores do dano se demonstrado que agiram com dolo. d) As organizaes religiosas e as empresas individuais de responsabilidade limitada compem, ao lado das associaes, fundaes, sociedades e partidos polticos, as pessoas jurdicas de direito privado. e) Em caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, de ofcio, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdica. Comentrios A alternativa A est incorreta, de acordo com o art. 45: ÒComea a existncia legal das pessoas jurdicas de direito privado com a inscrio do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessrio, de autorizao ou aprovao do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alteraes por que passar o ato constitutivoÓ. A alternativa B est incorreta, conforme o art. 48, pargrafo nico: ÒDecai em trs anos o direito de anular as decises a que se refere este artigo, quando violarem a lei ou estatuto, ou forem eivadas de erro, dolo, simulao ou fraudeÓ. A alternativa C est incorreta, na forma do art. 43: ÒAs pessoas jurdicasde direito pblico interno so civilmente responsveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou doloÓ. A alternativa D est correta, pela conjuno dos incisos do art. 44: ÒSo pessoas jurdicas de direito privado: I - as associaes; II - as sociedades; III - as fundaes. IV - as organizaes religiosas; V - os partidos polticos; VI - as empresas individuais de responsabilidade limitadaÓ. A alternativa E est incorreta, consoante regra especfica do art. 50: ÒEm caso de abuso da personalidade jurdica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confuso patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministrio Pblico quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relaes de obrigaes sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou scios da pessoa jurdicaÓ. Aula 02 O abuso da personalidade jurdica se evidencia pela utilizao dos parmetros oriundos do art. 187 do CC/2002, que trata do abuso de direito (clusula geral) como ato ilcito. Assim, deve-se verificar se ocorreu, por parte da pessoa natural, manifesto excesso aos Òlimites impostos pelo seu fim econmico ou social, pela boa-f ou pelos bons costumesÓ. A colmatao desses limites depende de interpretao judicial, evidentemente. Por exemplo, ainda que a pessoa jurdica seja insolvente, simplesmente, no se pode aplicar a desconsiderao. A jurisprudncia foi, ao longo dos anos, consolidando lentamente as situaes nas quais cabvel ou no a desconsiderao a partir da Teoria Maior. Inicialmente, essa teoria era claramente subjetivista, pautando-se centralmente na figura da fraude. A equiparao do esvaziamento patrimonial fraude contra credores era bastante frequente, de modo a se fundamentar minimamente em termos legais a aplicao da teoria. Paulatinamente, sua aplicao foi se objetivando, at a consolidao em torno do art. 50. Ainda assim, muito comum ver nas decises judiciais o apelo fraude para se permitir a aplicao; desnecessrio, porm, a ocorrncia de fraude, sendo imprescindvel a verificao do abuso de personalidade, apenas. 2015 Ð CESPE Ð DPU Ð Defensor Pblico Federal Para fins de desconsideraão da pessoa jurdica, adota-se, no Cdigo Civil, a denominada teoria maior subjetiva. Comentrios O item est incorreto, dado que a teoria adotada pelo CC/2002 a Teoria Maior, no havendo elemento ÒsubjetivoÓ. Teoria Maior e ponto. J a Teoria Menor adotada pelo art. 28, ¤5¼ do CDC, que assim dispe: Tambm poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores. O caput do art. 28 estabelece que pode haver a desconsiderao em havendo abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcito, violao dos estatutos ou contrato social, falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao. Porm, consolidou-se o entendimento de que o ¤5¼ pode ser aplicado independentemente do caput do dispositivo, de modo que desnecessrio visualizar algum dos elementos taxativos do caput, bastando a verificao de dano ao consumidor. Aula 02 um conjunto menor de relaes jurdicas, aplicando-se a menor lei, o CDC, apenas! DECORE! Ao contrrio, cabe tambm a chamada Òdesconsiderao inversa da personalidade jurdicaÓ, quando a pessoa fsica se utiliza da pessoa jurdica, indevidamente, para se ÒblindarÓ de ataques contra seu patrimnio. O fundamento o mesmo: evitar o abuso no uso da personalidade jurdica. Faz- se, nesse caso, uma interpretao teleolgica do art. 50, de modo a permitir que se busque o patrimnio da pessoa fsica ÒescondidoÓ atrs da pessoa jurdica. O Enunciado 283 da IV Jornada de Direito Civil j propugnava o cabimento da desconsiderao inversa para alcanar bens de scio que se valeu da pessoa jurdica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuzo a terceiros. O STJ, igualmente, tem reiteradas decises afirmando a possibilidade da desconsiderao inversa. Finalmente, a desconsiderao inversa passou a ser textualmente prevista no CPC/2015, em seu art. 133, ¤2¼: ¤ 2¼ Aplica-se o disposto neste Captulo hiptese de desconsiderao inversa da personalidade jurdica. O CPC/2015, inclusive, trouxe regras acerca de um novo incidente processual, o incidente de desconsiderao da personalidade jurdica. Esse novo procedimento tem profundo e importante impacto no exerccio do direito material. H discusso acerca da responsabilizao da pessoa jurdica por atos praticados pelos administradores com abuso de poder ou com violao ao objeto da pessoa jurdica. Esse um tema, a rigor, de Direito Empresarial, mas cujas linhas gerais se extraem daqui. Como se extrai da interpretao inversa do art. 47 no obrigam a pessoa jurdica os atos dos administradores, exercidos fora dos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo. uma forma de proteo da pessoa jurdica contra os atos das pessoas naturais que lhe administram (lembre-se, so pessoas distintas), derivada da Ultra Vires Doctrine do direito anglo-saxnico. Os atos dos administradores que violam essas premissas so, portanto, ineficazes em relao pessoa jurdica, exceto nos casos em que se beneficia dessas condutas. No entanto, quanto aos terceiros de boa-f que contrataram com a pessoa jurdica por meio de ato exorbitante do administrador, ela continua responsvel, por aplicao da Teoria da Aparncia e do princpio da boa-f objetiva. esse o sentido que se sedimentou, inclusive, no Enunciado 145 da III Jornada de Direito Civil. Aula 02 Segundo o regramento do Cdigo Civil, INCORRETO afirmar que: a. Quanto s pessoas jurdicas, o domiclio da Unio o Distrito Federal, dos Estados e Territrios, as respectivas capitais, do Municpio, o lugar onde funcione a administrao municipal, das demais pessoas jurdicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administraes, ou onde elegerem domiclio especial no seu estatuto ou atos constitutivos. b. Tendo a pessoa jurdica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles ser considerado domiclio para os atos nele praticados. c. Se a administrao, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se- por domiclio da pessoa jurdica, no tocante s obrigaes contradas por cada uma das suas agncias, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder. d. O domiclio do incapaz o do seu representante ou assistente; o do servidor pblico, o lugar em que exercer permanentemente suas funes; o do militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do martimo, o porto onde o navio estiver atracado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentena. e. Nos contratos escritos, podero os contratantes especificar domiclio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigaes deles resultantes. Comentrios A alternativa A est correta, segundo o art. 75, incisos: ÒQuanto s pessoas jurdicas, o domiclio : I - da Unio, o Distrito Federal; II - dos Estados e Territrios, as respectivas capitais; III - do Municpio, o lugar onde funcione a administrao municipal; IV - das demais pessoas jurdicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e administraes, ou onde elegerem domiclio especial no seu estatuto ou atos constitutivosÓ. A alternativa B est correta, conforme o art. 75, ¤1¼: ÒTendo a pessoa jurdica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles ser considerado domiclio para os atos nele praticadosÓ. A alternativa C est correta, na dicodo art. 75, ¤2¼: ÒSe a administrao, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se- por domiclio da pessoa jurdica, no tocante s obrigaes contradas por cada uma das suas agncias, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponderÓ. A alternativa D est incorreta, de acordo com o art. 76, pargrafo nico: ÒO domiclio do incapaz o do seu representante ou assistente; o do servidor pblico, o lugar em que exercer permanentemente suas funes; o do militar, Aula 02 onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronutica, a sede do comando a que se encontrar imediatamente subordinado; o do martimo, onde o navio estiver matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentenaÓ. A alternativa E est correta, por conta do art. 78: ÒNos contratos escritos, podero os contratantes especificar domiclio onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigaes deles resultantesÓ. Legislao e Jurisprudncia As Organizaes Sociais Ð OS nada mais so do que qualificaes dadas pelo Poder Pblico a determinadas pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, para que possam receber recursos da Administrao Pblica para a consecuo de seus objetivos. Ou seja, as OS no so pessoas jurdicas propriamente ditas, mas qualificao dada a determinadas pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos! Seu fundamento a Lei 9.637/1998. Para fazer jus ao recebimento dessa qualificao, a pessoa jurdica interessada deve comprovar uma srie de requisitos. Cumpridos esses requisitos, a pessoa jurdica pode habilitar-se qualificao de OS. As organizaes sociais compem aquilo que se convencionou chamar de Terceiro Setor, que nada mais do que uma parcela das atividades do interesse do Poder Pblico a cargo do setor privado, sem a necessidade de concesso ou de outras medidas de cunho administrativo geralmente utilizadas nesses casos. Faro parte do Terceiro Setor as pessoas jurdicas de direito privado que obtenham a qualificao de OS. No mais, maiores interaes entre as OS e o Poder Pblico so vistas no Direito Administrativo: Art. 1o O Poder Executivo poder qualificar como organizaes sociais pessoas jurdicas de direito privado, sem fins lucrativos, cujas atividades sejam dirigidas ao ensino, pesquisa cientfica, ao desenvolvimento tecnolgico, proteo e preservao do meio ambiente, cultura e sade, atendidos aos requisitos previstos nesta Lei. Art. 2o So requisitos especficos para que as entidades privadas referidas no artigo anterior habilitem-se qualificao como organizao social: I - comprovar o registro de seu ato constitutivo, dispondo sobre: a) natureza social de seus objetivos relativos respectiva rea de atuao; b) finalidade no-lucrativa, com a obrigatoriedade de investimento de seus excedentes financeiros no desenvolvimento das prprias atividades; c) previso expressa de a entidade ter, como rgos de deliberao superior e de direo, um conselho de administrao e uma diretoria definidos nos termos do estatuto, asseguradas quele composio e atribuies normativas e de controle bsicas previstas nesta Lei; Aula 02 d) previso de participao, no rgo colegiado de deliberao superior, de representantes do Poder Pblico e de membros da comunidade, de notria capacidade profissional e idoneidade moral; e) composio e atribuies da diretoria; f) obrigatoriedade de publicao anual, no Dirio Oficial da Unio, dos relatrios financeiros e do relatrio de execuo do contrato de gesto; g) no caso de associao civil, a aceitao de novos associados, na forma do estatuto; h) proibio de distribuio de bens ou de parcela do patrimnio lquido em qualquer hiptese, inclusive em razo de desligamento, retirada ou falecimento de associado ou membro da entidade; i) previso de incorporao integral do patrimnio, dos legados ou das doaes que lhe foram destinados, bem como dos excedentes financeiros decorrentes de suas atividades, em caso de extino ou desqualificao, ao patrimnio de outra organizao social qualificada no mbito da Unio, da mesma rea de atuao, ou ao patrimnio da Unio, dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municpios, na proporo dos recursos e bens por estes alocados; II - haver aprovao, quanto convenincia e oportunidade de sua qualificao como organizao social, do Ministro ou titular de rgo supervisor ou regulador da rea de atividade correspondente ao seu objeto social e do Ministro de Estado da Administrao Federal e Reforma do Estado. O primeiro indcio de desconsiderao da personalidade jurdica na legislao brasileira o art. 135 do CTN. Tecnicamente falando, no h desconsiderao propriamente dita, j que o inc. III desse dispositivo apenas imputa diretamente a responsabilidade tributria s pessoas fsicas. Trata-se de aplicao evidente da consagrada distino existente no Direito Obrigacional entre Schuld e Haftung, institutos de origem germnica h muito conhecidos dos civilistas. Nada obstante, consagrou-se (equivocadamente), para muitos, a compreenso de que o art. 135, inc. III do CTN traduz hiptese de desconsiderao da personalidade jurdica na seara tributria. Seria o caso, ento, de aplicao de uma Teoria Menor, exigindo-se to somente o inadimplemento das obrigaes tributrias em decorrncia de infrao da lei, entre outros. Como o inadimplemento de obrigao tributria significa infrao lei, a Òdesconsiderao da personalidade jurdicaÓ praticamente automtica, consequentemente. Fica aqui o indicativo de que essas questes so mais profundas, mas a me remeto disciplina de Direito Tributrio para maiores elucidaes: Art. 134. Nos casos de impossibilidade de exigncia do cumprimento da obrigao principal pelo contribuinte, respondem solidariamente com este nos atos em que intervierem ou pelas omisses de que forem responsveis: I - os pais, pelos tributos devidos por seus filhos menores; II - os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados; III - os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes; Aula 02 IV - o inventariante, pelos tributos devidos pelo esplio; V - o sndico e o comissrio, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatrio; VI - os tabelies, escrives e demais serventurios de ofcio, pelos tributos devidos sobre os atos praticados por eles, ou perante eles, em razo do seu ofcio; VII - os scios, no caso de liquidao de sociedade de pessoas. Pargrafo nico. O disposto neste artigo s se aplica, em matria de penalidades, s de carter moratrio. Art. 135. So pessoalmente responsveis pelos crditos correspondentes a obrigaes tributrias resultantes de atos praticados com excesso de poderes ou infrao de lei, contrato social ou estatutos: I - as pessoas referidas no artigo anterior; II - os mandatrios, prepostos e empregados; III - os diretores, gerentes ou representantes de pessoas jurdicas de direito privado. O CDC inaugura legislativamente a desconsiderao da personalidade jurdica em seu art. 28, em termos contemporneos. O regime consumerista adota a Teoria Menor da desconsiderao da personalidade jurdica, que est sintetizada no ¤5¼ do referido artigo. Veja que no se exige qualquer requisito outro que no o Òobstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidoresÓ. Ou seja, desnecessrio apurar se houve fraude, abuso de personalidade, confuso patrimonial, desvio de finalidade, encerramento irregular das atividades, falncia ou insolvncia; basta que a personalidade jurdica obstaculize o ressarcimento de um prejuzo causado ao consumidor: Art. 28. O juiz poder desconsiderar a personalidade jurdica da sociedade quando, em detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infrao da lei, fato ou ato ilcitoou violao dos estatutos ou contrato social. A desconsiderao tambm ser efetivada quando houver falncia, estado de insolvncia, encerramento ou inatividade da pessoa jurdica provocados por m administrao. ¤ 2¡ As sociedades integrantes dos grupos societrios e as sociedades controladas, so subsidiariamente responsveis pelas obrigaes decorrentes deste cdigo. ¤ 3¡ As sociedades consorciadas so solidariamente responsveis pelas obrigaes decorrentes deste cdigo. ¤ 4¡ As sociedades coligadas s respondero por culpa. ¤ 5¡ Tambm poder ser desconsiderada a pessoa jurdica sempre que sua personalidade for, de alguma forma, obstculo ao ressarcimento de prejuzos causados aos consumidores. Posteriormente, a Lei 9.605/1998, a Lei de Crimes Ambientais Ð LCA, no mesmo sentido do ¤5¼ do art. 28 do CDC, passou a permitir a aplicao da desconsiderao da personalidade jurdica nos casos de responsabilidade civil-ambiental. Com redao muito semelhante do CDC, o art. 4¼ da LCA determina a desconsiderao sempre que a personalidade Òfor Aula 02 incidente de desconsiderao da personalidade jurdica tambm se aplica ao processo do trabalho. No obstante, atente porque a justia laboral no aplica a Teoria Maior do art. 50 do CC/2002, mas a Teoria Menor. A doutrina trabalhista se divide. Uma parte aplica, por analogia, do art. 28, ¤5¼ do CDC s relaes laborais, tendo em vista que o CDC tutela relaes desiguais, pela presena de um hipossuficiente Ð o consumidor Ð, talqualmente ocorre nas relaes trabalhistas Ð o empregado. Outra parte pugna pela aplicao de teoria prpria, qual seja, a Teoria do Risco da Atividade Econmica. Isso, aqui, irrelevante. Fato que materialmente no se aplica a Teoria Maior do CC/2002, seja com fundamento no CDC, seja com fundamento em teoria especfica. Processualmente, atente para as distines existentes entre o incidente regido pelo CPC e o incidente regido pela CLT, especialmente quanto irrecorribilidade da deciso a respeito dele na fase de conhecimento na justia do trabalho: Art. 855-A. Aplica-se ao processo do trabalho o incidente de desconsiderao da personalidade jurdica previsto nos arts. 133 a 137 da Lei no 13.105, de 16 de maro de 2015 - Cdigo de Processo Civil. ¤ 1o Da deciso interlocutria que acolher ou rejeitar o incidente: I - na fase de cognio, no cabe recurso de imediato, na forma do ¤ 1o do art. 893 desta Consolidao; II - na fase de execuo, cabe agravo de petio, independentemente de garantia do juzo; III - cabe agravo interno se proferida pelo relator em incidente instaurado originariamente no tribunal. ¤ 2o A instaurao do incidente suspender o processo, sem prejuzo de concesso da tutela de urgncia de natureza cautelar de que trata o art. 301 da Lei no 13.105, de 16 de maro de 2015. Segundo o STF, a norma do art. 59 do CC/2002 nada mais faz do que detalhar a norma constitucional, no tocante s associaes esportivas. A despeito de o art. 217, inc. I da CF/1988 estabelecer que h autonomia das entidades esportivas quanto organizao e ao funcionamento internos, a norma do art. 59, incs. I e II do CC/2002 aplicvel e no viola a Constituio. No porque a CF/1988 prev a autonomia as associaes esportivas que elas podem violar as regras aplicveis a quaisquer associaes em geral. Assim, se um clube altera seu estatuto que no por meio de assembleia geral especialmente convocada para esse fim, h violao da regra infraconstitucional. Essa violao pode ser questionada perante o Poder Judicirio e isso no significa cerceamento autonomia prevista em sede constitucional: AUTONOMIA DE ENTIDADES DESPORTIVAS E OBSERVåNCIA DE NORMAS GERAIS. No viola o art. 217, I, da Constituio (ÒArt. 217. dever do Estado fomentar prticas desportivas formais e no formais, como direito de cada um, observados: I - a autonomia Aula 02 das entidades desportivas dirigentes e associaes, quanto a sua organizao e funcionamentoÓ) deciso que determina associao esportiva a observar a norma do art. 59 do Cdigo Civil (ÒArt. 59. Compete privativamente assembleia geral: I - destituir os administradores; II - alterar o estatuto. Pargrafo nico. Para as deliberaes a que se referem os incisos I e II deste artigo exigido deliberao da assembleia especialmente convocada para esse fim, cujo quorum ser o estabelecido no estatuto, bem como os critrios de eleio dos administradoresÓ). Com base nesse entendimento, a Primeira Turma negou provimento a agravo regimental (RE 935482 AgR/SP, rel. Min. Rosa Weber, julgamento em 7.2.2017). So frequentes as questes a respeito dos requisitos para se aplicar a desconsiderao da personalidade jurdica. Cotidianamente, o examinador tenta criar pegadinhas, especialmente para confundir o candidato habituado com a desconsiderao no direito tributrio, do consumidor ou trabalhista, mas no to habituado com o cvel. Para a desconsiderao da personalidade jurdica no basta dissoluo irregular, necessrio que se prove fraude ou abuso de personalidade, reconhece o STJ: AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE SENTENA. DESCONSIDERAÌO DA PERSONALIDADE JURêDICA. INDêCIO DE ENCERRAMENTO IRREGULAR DA SOCIEDADE. CIRCUNSTåNCIA INSUFICIENTE PARA AUTORIZAR A DESCONSIDERAÌO. AGRAVO IMPROVIDO. No possvel deferir a desconsiderao da personalidade jurdica sem prova concreta de fraude ou de abuso de personalidade. Precedentes. A mera dissoluo irregular da sociedade no autoriza a desconsiderao da personalidade jurdica da sociedade para alcanar bens dos scios. Precedentes (AgRg no AREsp 757.873/PR, Rel. Ministro MARCO AURLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA, julgado em 15/12/2015, DJe 03/02/2016). Cuidado, porm, porque numerosas decises do STJ so atcnicas quando tratam da desconsiderao da personalidade jurdica. Isso porque a construo doutrinria desaguou inicialmente na jurisprudncia, sendo que num primeiro momento se assumiu a desconsiderao com base no critrio subjetivo da fraude. Posteriormente, com a objetivao da teoria, no mais se exige fraude. A decretao da fraude consequncia, no fundamento, para a desconsiderao da personalidade jurdica: DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DESCONSIDERAÌO DA PERSONALIDADE JURêDICA. FRAUDE CONTRA CREDORES. CONFUSÌO PATRIMONIAL. RECONHECIMENTO. INCIDæNCIA DA SòMULA 7/STJ. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTæNCIA. O acrdo recorrido tem fundamentao robusta acerca da existncia de confuso patrimonial entre empresas do mesmo grupo econmico, com a finalidade de fraudar credores. Assim, cabvel a desconsiderao da personalidade jurdica, nos termos do art. 50 do Cdigo Civil, bem como o reconhecimento da fraude execuo, com amparo na Smula n. 375/STJ: "O reconhecimento da fraude execuo depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de m-f do terceiro adquirente" (AgRg no AREsp 231.558/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÌO, QUARTA TURMA, julgado em 18/12/2014, DJe 02/02/2015). Aula 02 Muito antes da vigncia do CPC/2015, a jurisprudncia do STJ j permitia a chamada desconsiderao inversa da personalidade jurdica. Resumidamente, isso ocorrer quando o scio ÒusaÓ a pessoa jurdica para esconder seu patrimnio pessoal, frustrando credores. A rigor, o termo Òdesconsiderao inversa da personalidade jurdicaÓ atcnico, j que no se desconsidera a personalidade da pessoa jurdica. A expresso ÒpegouÓ porque o objetivo o mesmo: combater a utilizao indevida do ente societrio por seus scios, como j propugnava Jos Lamartine Corra de Oliveira Lyra na Òdupla crise da pessoa jurdicaÓ: PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÌO DE TêTULO JUDICIAL. ART. 50 DO CC/02. DESCONSIDERAÌO DA PERSONALIDADE JURêDICA INVERSA. POSSIBILIDADE. A desconsiderao inversa da personalidade jurdica caracteriza-se peloafastamento da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na desconsiderao da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu patrimnio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurdica por obrigaes do scio controlador. Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine combater a utilizao indevida do ente societrio por seus scios, o que pode ocorrer tambm nos casos em que o scio controlador esvazia o seu patrimnio pessoal e o integraliza na pessoa jurdica, conclui-se, de uma interpretao teleolgica do art. 50 do CC/02, ser possvel a desconsiderao inversa da personalidade jurdica, de modo a atingir bens da sociedade em razo de dvidas contradas pelo scio controlador, conquanto preenchidos os requisitos previstos na norma. A desconsiderao da personalidade jurdica configura-se como medida excepcional. Sua adoo somente recomendada quando forem atendidos os pressupostos especficos relacionados com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/02. Somente se forem verificados os requisitos de sua incidncia, poder o juiz, no prprio processo de execuo, levantar o vu da personalidade jurdica para que o ato de expropriao atinja os bens da empresa. Ë luz das provas produzidas, a deciso proferida no primeiro grau de jurisdio, entendeu, mediante minuciosa fundamentao, pela ocorrncia de confuso patrimonial e abuso de direito por parte do recorrente, ao se utilizar indevidamente de sua empresa para adquirir bens de uso particular (REsp 948.117/MS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 03/08/2010). A aplicao de Teoria Ultra Vires no pode se chocar com o princpio da boa-f objetiva quando h benefcio pessoa jurdica que, se descumprir, pode atrair a aplicao da Teoria da Desconsiderao da Personalidade Jurdica, em estando presentes os requisitos para tanto, obviamente. Isso porque a atuao do scio, representante ou administrador, ainda que extravasando o objeto social, obriga a pessoa jurdica, em homenagem ao princpio da boa-f objetiva. Assim, a pessoa jurdica no pode reclamar a ineficcia dos atos praticados pelo scio, representante ou administrador de maneira abusiva. Veja que a aplicao da Ultra Vires Doctrine e da Disregard Doctrine bastante diferente e no se confundem ambas as teorias. Evidentemente que o Direito Empresarial fornece mais adequadamente arsenal terico a respeito da primeira, ficando o Direito Civil com a segunda: Aula 02 DIREITO COMERCIAL. SOCIEDADE POR QUOTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. GARANTIA ASSINADA POR SîCIO A EMPRESAS DO MESMO GRUPO ECONïMICO. EXCESSO DE PODER. RESPONSABILIDADE DA SOCIEDADE. TEORIA DOS ATOS ULTRA VIRES. INAPLICABILIDADE. RELEVåNCIA DA BOA-F E DA APARæNCIA. ATO NEGOCIAL QUE RETORNOU EM BENEFêCIO DA SOCIEDADE GARANTIDORA. A partir do Cdigo Civil de 2002, o direito brasileiro, no que concerne s sociedades limitadas, por fora dos arts. 1.015, ¤ nico e 1.053, adotou expressamente a ultra vires doctrine. Contudo, na vigncia do antigo Diploma (Decreto n.¼ 3.708/19, art. 10), pelos atos ultra vires, ou seja, os praticados para alm das foras contratualmente conferidas ao scio, ainda que extravasassem o objeto social, deveria responder a sociedade. No caso em julgamento, o acrdo recorrido emprestou, corretamente, relevncia boa-f do banco credor, bem como aparncia de quem se apresentava como scio contratualmente habilitado prtica do negcio jurdico. No se pode invocar a restrio do contrato social quando as garantias prestadas pelo scio, muito embora extravasando os limites de gesto previstos contratualmente, retornaram, direta ou indiretamente, em proveito dos demais scios da sociedade fiadora, no podendo estes, em absoluta afronta boa-f, reivindicar a ineficcia dos atos outrora praticados pelo gerente (REsp 704.546/DF, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÌO, QUARTA TURMA, julgado em 01/06/2010, DJe 08/06/2010). J assentou o STJ que no caso de sociedades annimas impera a regra de que apenas os administradores da companhia e seu acionista controlador podem ser responsabilizados pelos atos de gesto e pela utilizao abusiva do poder. No caso de responsabilizao do controlador, exige-se prova robusta de que esse acionista use efetivamente o seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar os rgos da companhia: PROCESSO CIVIL E DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. DESCONSIDERAÌO DA PERSONALIDADE JURêDICA. Nos termos do art. 50 do CC, o decreto de desconsiderao da personalidade jurdica de uma sociedade somente pode atingir o patrimnio dos scios e administradores que dela se utilizaram indevidamente, por meio de desvio de finalidade ou confuso patrimonial. de curial importncia reiterar que, principalmente nas sociedades annimas, impera a regra de que apenas os administradores da companhia e seu acionista controlador podem ser responsabilizados pelos atos de gesto e pela utilizao abusiva do poder; sendo certo, ainda, que a responsabilizao deste ltimo exige prova robusta de que esse acionista use efetivamente o seu poder para dirigir as atividades sociais e orientar os rgos da companhia. No caso, o recorrente retirou-se da administrao da sociedade em 1984 e dos quadros sociais em 1985, ou seja, 4 ou 5 anos antes dos fatos geradores do decreto de desconsiderao. A deciso de 2009, vale dizer, 24 anos aps sua sada da Cobrasol, ressoando inequvoca, a meu juzo, a impossibilidade de que a supresso da personalidade jurdica da aludida empresa possa atingir seu patrimnio. Outrossim, verifica- se que no foi nem mesmo demonstrada a prtica de atos fraudulentos por parte do recorrente, haja vista no ter o Tribunal a quo especificado quais as provas que embasaram a sua convico nesse sentido, limitando-se a crer, de forma subjetiva, que o ex-scio controlava a referida sociedade de forma indireta (REsp 1412997/SP, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÌO, QUARTA TURMA, julgado em 08/09/2015, DJe 26/10/2015). Jornadas de Direito Civil Aula 02 Um dos primeiros Enunciados da I Jornada de Direito Civil versa justamente sobre a desconsiderao da personalidade jurdica. Ainda que na prtica os juzes desconsiderem a personalidade jurdica e atinjam os patrimnios dos scios e administradores de maneira um tanto quanto indiscriminada, o Enunciado 7 aconselha que a desconsiderao atinja somente os administradores ou scios que tenham praticado os atos irregulares: Enunciado 7 S se aplica a desconsiderao da personalidade jurdica quando houver a prtica de ato irregular e, limitadamente, aos administradores ou scios que nela hajam incorrido. Determina o art. 998 que o contrato social da sociedade simples deve ser inscrito no Registro Civil das Pessoas Jurdicas do local de sua sede. Por sua vez, o art. 1.096 prev a aplicao das regras das sociedades simples s sociedades cooperativas, nos casos de omisso legislativa. No entanto, o Enunciado 69 do CJF prev que as sociedades cooperativas sejam inscritas nas Juntas Comerciais e no no Registro Civil das Pessoas Jurdicas, dada sua natureza empresarial: Enunciado 69 As sociedades cooperativas so sociedades simples sujeitas inscrio nas juntas comerciais. Enunciado da III Jornada de Direito Civil esclarece uma discusso muito comum nos casos de desconsiderao da personalidade jurdica: os requisitos do art. 50 podem ser interpretados extensivamente? Prev o Enunciado 146 que no, os parmetros de desconsiderao da personalidade jurdica da Teoria Maior devem ser interpretados restritivamente: Enunciado 146 Nas relaes civis, interpretam-se restritivamente os parmetros de desconsiderao da personalidade jurdica previstos no art. 50 (desvio de finalidade social ou confuso patrimonial). Evidenciando o que j se disse ao longo do texto, Enunciado 281 da IV Jornadade Direito Civil afirma que a aplicao da desconsiderao prevista no art. 50 do CC/2002 torna desnecessria a demonstrao de insolvncia da pessoa jurdica. Ora, se a insolvncia, de per si, no capaz de atrair a aplicao da teoria, sua falta igualmente no tem o condo de a afastar, consequentemente. Esse enunciado, inclusive, encontra assento recorrente nas decises do STJ a respeito do assunto: Enunciado 281 Aula 02 A aplicao da teoria da desconsiderao, descrita no art. 50 do Cdigo Civil, prescinde da demonstrao de insolvncia da pessoa jurdica. O Enunciado 282 do CJF tambm traz compreenso claramente abraada pelo STJ quando da aplicao da desconsiderao da personalidade jurdica. Segundo o referido enunciado, o mero encerramento irregular da pessoa jurdica insuficiente para caracterizar o abuso da personalidade jurdica apto desconsiderao. Assim, a comprovao de que a companhia est ÒfechadaÓ no induz o atingimento do patrimnio dos scios, de per si: Enunciado 282 O encerramento irregular das atividades da pessoa jurdica, por si s, no basta para caracterizar abuso da personalidade jurdica. Questo claudicante enfrentada pela jurisprudncia a aplicabilidade da desconsiderao da personalidade jurdica a pessoas jurdicas de direito privado que no tm fins econmicos ou, mesmo que tenham, que no tenham fins lucrativos, como ocorre com associaes, fundaes ou OSCIPs, por exemplo. De acordo com o Enunciado 284, pode haver a desconsiderao desde que se caracterize o abuso da personalidade jurdica, pelos associados administradores, por exemplo. O STJ, inclusive, com base nesse Enunciado, j o fez: Enunciado 284 As pessoas jurdicas de direito privado sem fins lucrativos ou de fins no-econmicos esto abrangidas no conceito de abuso da personalidade jurdica. Curiosamente, a teoria da desconsiderao da personalidade jurdica pode ser invocada pela prpria pessoa jurdica para proteo de seu patrimnio. Isso ocorre, por exemplo, nos casos em que scio no- administrador transfere fraudulentamente para si patrimnio da pessoa jurdica. Nesse caso, a prpria pessoa jurdica pode demandar pela desconsiderao da personalidade jurdica em seu favor. o teor do Enunciado 285 do CJF a respeito do art. 50 do CC/2002: Enunciado 285 A teoria da desconsiderao, prevista no art. 50 do Cdigo Civil, pode ser invocada pela pessoa jurdica em seu favor. Com a complexificao das relaes empresariais, comum que se criem grupos societrios tambm mais complexos. Exemplo tpico so as holdings, nas quais uma sociedade empresria controladora detm um grupo de outras sociedades empresrias, em diversos arranjos societrios distintos. Muitas vezes, o abuso da Aula 02 personalidade ocorre justamente com a transferncia de recursos entre as diversas empresas do grupo, de modo a exaurir o patrimnio de uma delas em detrimento dos credores. O entendimento do Enunciado 406, da V Jornada de Direito Civil, de que a desconsiderao, nesses casos, alcana os grupos de sociedade. Trata-se da chamada desconsiderao econmica ou desconsiderao expansiva da personalidade jurdica. Ou seja, desconsidera-se a personalidade jurdica de uma sociedade e se atinge a outra, no exatamente os scios. Isso ocorrer, evidentemente, quando estiverem presentes os pressupostos do art. 50 do CC/2002 e houver prejuzo para os credores. A desconsiderao atingir patrimnio das outras pessoas jurdicas at o limite transferido entre as sociedades: Enunciado 406 A desconsiderao da personalidade jurdica alcana os grupos de sociedade quando estiverem presentes os pressupostos do art. 50 do Cdigo Civil e houver prejuzo para os credores at o limite transferido entre as sociedades. Grande controvrsia ocorreu quando da incluso da EIRELI no rol das pessoas jurdicas de direito privado. A concluso havida em outro enunciado das Jornadas de Direito Civil foi de que a EIRELI no precisamente uma sociedade, mas um novo tipo de ente personalizado, um tanto sui generis. No entanto, outra controvrsia surgiu: se uma pessoa jurdica pode ser formada por outras pessoas jurdicas (ou seja, os scios de uma PJ so outras PJs, e no pessoas naturais), pode tambm a EIRELI ter como empresrio uma pessoa jurdica? O art. 980-A omisso a respeito, mencionando apenas ÒpessoaÓ, ainda que seu ¤2¼ use o termo Òpessoa naturalÓ. O enunciado 486 adota o entendimento doutrinrio majoritrio de que apenas pessoas naturais podem constituir uma EIRELI, vedando-se s pessoas jurdicas sua constituio: Enunciado 468 A empresa individual de responsabilidade limitada s poder ser constituda por pessoa natural. Bateria de exerccios Alm das questes vistas ao longo da aula, agora voc agora ter uma longa lista de questes para treino. Eu as apresento assim: a. questes sem comentrios; b. gabaritos das questes; c. questes com comentrios. Mesmo as questes vistas na aula estaro nessa bateria, para que voc faa o mximo de Aula 02 exerccios que puder. Lembre-se que as questes comentadas so parte fundamental do seu aprendizado com nosso material eletrnico! Se voc quer testar seus conhecimentos, faa as questes sem os comentrios, anote os gabaritos e confira com o gabarito apresentado; nas que voc no sabia responder, chutou, ou ficou com dvida, v aos comentrios. Se preferir, passe diretamente s questes comentadas! Questes sem comentrios 1. 2018 Ð VUNESP Ð TJ/MT Ð Juiz Estadual Substituto Suponha as seguintes situaes hipotticas i) o marido, tendo em vista seu desejo de futuramente se divorciar da esposa, pretendendo excluir alguns bens adquiridos durante o casamento (sob o regime da comunho parcial) da meao, integraliza-os, utilizando- se de procurao outorgada por sua esposa e sem cincia desta, de parte de seu patrimnio em pessoa jurdica da qual detentor de 99% do capital social (o 1% restante detido por seu pai); ii) sociedade limitada que, sem fraudes e em razo de dificuldades financeiras decorrentes de alta do dlar, deixa de pagar todos os seus fornecedores, apesar de terem os scios vultoso patrimnio; iii) pessoa jurdica encerra irregularmente suas atividades. Considerando a teoria da desconsiderao da personalidade jurdica, assinale a alternativa correta. (A) Somente na hiptese ÒiiiÓ possvel a desconsiderao, tendo em vista que o encerramento irregular, por ser um ato que ofende a lei, gera a presuno de fraude, independentemente da inteno de causar prejuzos aos credores. (B) Na hiptese ÒiiÓ, no existe possibilidade de desconsiderao da personalidade jurdica, em razo do acolhimento da Teoria Maior pelo Cdigo Civil, sendo possvel a desconsiderao da personalidade jurdica na situao ÒiÓ, bem como na ÒiiiÓ; nesta ltima, apenas se verificada a existncia de confuso patrimonial ou desvio de finalidade. (C) O inadimplemento, por si, causa para a desconsiderao da personalidade jurdica, independentemente da existncia de fraude, atos que configurem confuso patrimonial ou desvio de finalidade, razo pela qual somente seria possvel a desconsiderao da personalidade jurdica na situao ÒiiÓ. Aula 02 (D) possvel a desconsiderao da personalidade jurdica, em todas as situaes relatadas, tendo em vista o acolhimento da Teoria Menor pelo Cdigo Civil. (E) Em nenhuma das hipteses possvel a desconsiderao da personalidade jurdica, conforme decorre da Teoria Maior, expressamente acolhida pelo Cdigo Civil, tendo em vista que no se vislumbra prejuzos aos credores na hiptese ÒiÓ e nas demais no existe inteno fraudulenta. 2. 2018 Ð CESPE Ð DPE/PE Ð Defensor Pblico Estadual A respeito da desconsiderao da personalidade jurdica, assinale a opo correta: (A) O Cdigo de Defesa do Consumidor (CDC) exige a comprovao de
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