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módulo III versão 13 11

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1 
 
 
 
 
 
 
 
É muito comum a ideia de que crianças, adolescentes e jovens sejam o futuro de uma 
nação. Parte-se do pressuposto de que eles estejam sendo formados para ser, em um 
tempo por vir, pessoas capacitadas a prover as transformações que tanto almejamos no 
mundo. 
Essa concepção carrega certa beleza, por manifestar esperança em um mundo melhor, 
depositada na ação de pessoas em processo de formação. Contudo, possui também uma 
dose de fantasia e passividade, por colocar no futuro a transformação necessária para 
hoje. Mais do que isso, coloca nas crianças, adolescentes e jovens a condição de “por 
vir”. Ou seja, está desconsiderada, em sua condição atual, qualquer possibilidade desses 
sujeitos se expressarem ou agirem de forma significativa no mundo. 
É como se eles fossem uma “tábua rasa”, prontos para terem suas personalidades e 
atitudes formatadas nos moldes da sociedade hegemônica. Assim, acabado o processo 
de formatação, esses sujeitos se tornam, por fim, pessoas aptas a construir um mundo 
idealizado, que os adultos de hoje não são capazes de construir e, pasmem, com o 
mesmo tipo de educação. 
Essa é uma atitude “adultocêntrica”, que coloca toda a validade de expressão e 
intervenção no mundo em uma faixa etária que se considera madura o suficiente. Além 
disso, o adulto possui condição privilegiada para decidir o que é melhor e mais relevante 
para a vida dos mais novos, ainda que não os conheça. Nesse processo, é retirado das 
crianças, adolescentes e jovens, a capacidade de fazer escolhas e refletir sobre a sua 
própria condição. 
O sujeito, nessa perspectiva, ao invés de ocupar lugar central no seu processo educativo, 
fica subjugado a uma condição de inferioridade, de carência. O estudante é aquele que 
não sabe. Não sabe se comportar, não sabe se posicionar, não sabe fazer escolhas, não 
sabe história, matemática, geografia... Assim, no lugar de reconhecer e promover 
O ESTUDANTE É PROTAGONISTA DO SEU PROCESSO EDUCATIVO 
 
Módulo III - Estratégias metodológicas 
2 
 
potencialidades, estimulam-se características e habilidades que sejam mais aceitáveis e 
úteis aos olhos adultos. 
Na contramão disso, a perspectiva da 
Educação Integral coloca o sujeito na 
condição de potencialidade e não de 
carência. O estudante não é um espaço 
vazio, que precisa ser preenchido com 
aquilo que consideramos o melhor para 
ele. Ele possui uma manifestação própria. 
Toda sua experiência de vida, desde o 
período de sua gestação, contribui para a 
construção de sua identidade e para o 
desenvolvimento de saberes, habilidades e 
recursos. 
Isso não significa que os estudantes estejam prontos a se colocar, manifestando seu 
saber e compartilhando com destreza suas experiências. Também não significa, 
absolutamente, que não se possa contribuir em seu desenvolvimento. Muito pelo 
contrário, na medida em que se cria espaço para manifestação e para a construção 
conjunta dos processos educativos e das normas de convivência, é instaurado um 
ambiente propício para o desenvolvimento de sujeitos capazes de dialogar, negociar, 
argumentar, escolher, ceder e conviver. 
Assim, torna-se possível promover o desenvolvimento dos estudantes, a partir daquilo 
que lhe é próprio e que, aos poucos, pode também se transformar, ganhando outros 
sentidos e expressões. Para isso, propõe-se um processo educativo que envolva os 
estudantes na sua construção, de forma que eles sejam sujeitos ativos no seu 
desenvolvimento. 
É importante ter a ciência de que a participação de crianças, adolescentes e jovens é um 
direito, tanto na escola, quanto nos outros espaços de sua convivência. Direito este, 
garantido por meio das leis Constituição Federal de 1988, Lei Nº 7.395, de 31 de outubro 
de 1985; Lei Nº 12.084 de 12 de janeiro de 1996 que assegura a livre organização 
3 
 
estudantil e dá outras providências; Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei Nº 8.069 
de 13 de julho de 1990; Estatuto da Juventude, Lei Nº 12.852, de 05 de agosto de 2013. 
(MINAS GERAIS, 2017) 
Portanto, faz-se fundamental a instituição de práticas participativas nos espaços 
escolares, como forma de garantia de direitos. Mas, muito mais do que isso, por ser uma 
maneira de tornar o processo educativo mais coerente com as reais necessidades dos 
estudantes e por ser uma aposta na qualificação do processo de aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No vídeo, uma educadora explica que, na escola democrática, as decisões são tomadas 
em conjunto. Veja que não se trata de uma participação vazia, traduzida em uma simples 
votação. Antes de qualquer definição, é lançado um debate, em que todos podem se 
posicionar, argumentar e defender seu ponto de vista. 
Dessa forma, mais importante do que a própria definição, é o processo coletivo de 
debate, em que todas as vozes são ouvidas e valorizadas e todas as pessoas envolvidas 
estão em processo de aprendizagem conjunta. Como disse uma das estudantes, ela é 
estimulada a pensar e não a decorar. 
No final, todos são corresponsáveis pelas decisões. E, se entenderem posteriormente 
que não foi a melhor alternativa, podem se reposicionar e chegar a outra definição. É 
um processo inesgotável de diálogo e reconstruções, em que se requer firmeza no 
Vamos conhecer um pouco da experiência das Escolas Democráticas, que trazem essa 
proposta de uma forma clara e consistente. Reprodução de parte do Vídeo “Fora da 
Caixa: Como a educação democrática forma alunos e cidadãos”: 
 
https://www.youtube.com/watch?v=vnZq5vcSEVo&t=2s 
Sugerimos que você assista até o minuto 4:15, pois esse trecho dialoga com os temas 
tratados, bem como retomaremos o vídeo ao longo do curso. 
4 
 
propósito de construção democrática do espaço escolar e flexibilidade nos 
planejamentos. 
Ao ser envolvido nesse tipo de construção, o estudante desenvolve sua autonomia, 
senso crítico e a habilidade de: conviver com a diferença; ver uma situação sob 
diferentes óticas; se mobilizar para a resolução de problemas coletivos; compreender 
seus direitos e arcar com seus deveres; se sentir pertencente a um espaço e ser 
corresponsável por ele. Essa é, sobremaneira, uma experiência que estimula o pleno 
exercício da cidadania. 
Não estamos propondo que esse seja o único modelo possível na construção de escolas 
de Educação Integral. Mas, independentemente, do formato que a comunidade escolar 
eleja, se torna essencial a elaboração de mecanismos de participação dos estudantes na 
construção da proposta pedagógica. Além de garantir que suas experiências e suas 
singularidades sejam validadas, isso permite que os processos educativos ganhem novos 
sentidos e outros valores para os estudantes, aumentando seu interesse e sua 
corresponsabilidade pelos processos e respeito pelas pessoas e espaços envolvidos. 
Mais do que partícipe, o estudante se torna protagonista do seu processo de 
aprendizagem, já que, a partir dos estímulos que recebe na escola e em outros espaços 
de sua convivência, ele se torna potente e responsável pelo seu processo de 
desenvolvimento. O estudante, com o apoio e a orientação dos educadores, se torna 
capaz de fazer pontes entre sua realidade e o saber construído na escola, de forma que 
seja sujeito ativo na transformação positiva de sua vida e de seu território. 
Se experimentamos esse tipo de proposta pedagógica, em que o estudante protagoniza 
seu processo educativo, estamos colaborando para colocar em prática os pilares da 
“educação ao longo da vida”, propostos pelo Relatório para a UNESCO da Comissão 
Internacional sobre a Educação para o Século XXI. Quais sejam: 
• Aprender a conhecer, combinando uma cultura geral, 
suficientementeampla, com a possibilidade de estudar, em 
profundidade, um número reduzido de assuntos, ou seja: aprender a 
aprender, para beneficiar-se das oportunidades oferecidas pela 
educação ao longo da vida. 
5 
 
• Aprender a fazer, a fim de adquirir não só uma qualificação 
profissional, mas, de uma maneira mais abrangente, a competência 
que torna a pessoa apta a enfrentar numerosas situações e a trabalhar 
em equipe. Além disso, aprender a fazer no âmbito das diversas 
experiências sociais ou de trabalho, oferecidas aos jovens e 
adolescentes, seja espontaneamente na sequência do contexto local 
ou nacional, seja formalmente, graças ao desenvolvimento do ensino 
alternado com o trabalho. 
• Aprender a conviver, desenvolvendo a compreensão do outro e a 
percepção das interdependências – realizar projetos comuns e 
preparar-se para gerenciar conflitos – no respeito pelos valores do 
pluralismo, da compreensão mútua e da paz. 
• Aprender a ser, para desenvolver, o melhor possível, a 
personalidade e estar em condições de agir com uma capacidade cada 
vez maior de autonomia, discernimento e responsabilidade pessoal. 
Com essa finalidade, a educação deve levar em consideração todas as 
potencialidades de cada indivíduo: memória, raciocínio, sentido 
estético, capacidades físicas, aptidão para comunicar-se. 
(UNESCO. Learning: the treasure within; report to UNESCO of the 
International Commission on Education for the Twentyfirst Century 
(highlights). Paris, 1996. 
 
 
 
 
Sabemos que nem sempre é fácil colocar tudo isso em prática. Por isso, trouxemos para 
esse material algumas possibilidades de estratégias para envolver os estudantes no 
processo educativo, de forma que, gradualmente, a participação seja uma prática 
comum no espaço escolar. 
Reiteramos que a participação é um processo construído. Não se pode esperar que, nas 
primeiras experiências participativas, todos coloquem sua voz e respeitem o lugar de 
fala dos outros. Por isso, é preciso considerar esse exercício como uma longa caminhada, 
em que há aprendizagens em todas as partes do percurso. 
ESTRATÉGIAS METODOLÓGICAS: COMO ENVOLVER OS 
ESTUDANTES NO PROCESSO EDUCATIVO? 
 
6 
 
Nós educadores, na maioria dos casos, nunca fomos ensinados a fazer isso. E da mesma 
forma, os estudantes. Portanto, é uma aprendizagem conjunta, em que os educadores 
estimulam, motivam e mediam os caminhos. Não existe certo e errado neste percurso. 
Existe, sim, o amadurecimento gradual e conjunto do exercício da democracia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
É importante chamar a atenção para o fato de que existem diferenças na forma como 
os estudantes se comportam nos espaços participativos. Se, por um lado, muitos deles 
nunca foram incentivados a se colocar, outros já recebem estímulos desde cedo para se 
manifestar e argumentar. Por isso, um importante cuidado é a criação de condições para 
que todos exercitem seu direito de participação de forma igualitária. Do contrário, 
corremos o risco de estimular apenas a participação daqueles que já tem facilidade para 
se manifestar. (MINAS GERAIS, 2017) 
Isso, muitas vezes, é o que acontece nos processos participativos de representação. Uma 
pequena minoria é selecionada para representar os demais e, muitas vezes, nem todas 
as vozes são ouvidas e representadas. Mais do que isso, nem todos têm oportunidade 
para desenvolver a habilidade de participação. 
Isso não significa que a eleição de representantes de estudantes (como representante 
de turmas) não seja um caminho legítimo. Contudo, precisa acontecer de forma 
cuidadosa e aliada a outras estratégias participativas. Um bom exemplo para lidar com 
a representação de forma diferenciada é propor um debate entre todos os estudantes, 
Dica: esses estímulos e mediações podem ser 
encontrados em Metodologias Ativas de 
Aprendizagem. Tema que tem riqueza suficiente para 
um outro curso, mas vale conhecer ou se aprofundar. 
Veja a reportagem da Nova Escola: 
https://novaescola.org.br/conteudo/11897/como-as-
metodologias-ativas-favorecem-o-aprendizado 
 
7 
 
para se chegar em um consenso do que será levado pelo representante, no espaço 
definido para a representação, como por exemplo, os colegiados. 
Os processos de participação, no contexto escolar, muitas vezes são pensados a partir 
de práticas que já são conhecidas por nós. Exemplo disso são as práticas de eleição de 
representante de turma, criação de grêmios estudantis e instituição de colegiados 
escolares. Reiteramos, aqui, a nossa tendência de olhar para os estudantes sob a ótica 
“adultocêntrica”. Será que essas formas de participação contemplam toda a diversidade 
dos estudantes e seus interesses? Será que esses formatos realmente estimulam a 
participação de todos os estudantes, de forma igualitária? 
Mais uma vez, não se pode negar a importância desses formatos na perspectiva da 
ampliação e fortalecimento da gestão democrática nas escolas. (MINAS GERAIS, 2017). 
Muito já se conquistou, em termos de participação estudantil, a partir desses espaços. 
Contudo, há que se pensar se a forma como eles funcionam estão, de fato, indo ao 
encontro do interesse dos estudantes, como transformá-los em espaços mais efetivos e 
democráticos e, ainda, se há outros métodos que possam ser explorados. 
Abaixo, seguem algumas sugestões de Alves e Hermont (2014). Embora seja um material 
voltado para as juventudes, propomos uma leitura que possa adaptar o conteúdo para 
cada faixa etária e contexto com o qual se trabalha: 
 
 
 
8 
 
 
 
Que tipos de atividades são mais envolventes para os jovens? São elas: 
 
- As que dialoguem com suas linguagens. Com isso, não estamos sugerindo que o professor adote a linguagem dos 
jovens, mas que seja capaz de transitar entre as linguagens próprias da cultura escolar e das culturas juvenis, 
dosando formalidade e informalidade; 
 
- As que sejam negociadas e não impostas, evidenciando autoridade sem autoritarismo por parte do professor. A 
negociação implica respeito, e o respeito, para os jovens, é pautado na conquista e não na imposição. Não é raro 
ouvirmos dos jovens: “eu respeito quem eu admiro”; 
 
- As que exijam autonomia, responsabilidade e confiança; 
 
- As que os façam sentir parte integrante e não apenas cumpridores de tarefas delegadas pelos adultos, 
demandando participação efetiva no desempenho de tarefas importantes; 
 
- As que permitam ao aluno dar sua opinião e apresentar suas dúvidas; 
 
- As que sejam dinâmicas, não rotineiras, pautadas em experiências. Nesse aspecto, a maior reclamação é ter que 
ficar sentado, sem conversar, apenas ouvindo o professor e copiando do quadro; 
 
- As que valorizem suas capacidades e seus saberes. Aqui, a questão do estímulo, do elogio e do incentivo é muito 
importante; 
 
- As que apostem no seu potencial. É importante que o professor demonstre confiança, pois sabemos que, se o 
jovem sente que o adulto espera pouco ou nada dele, é provável que ele corresponda a essa expectativa; 
 
- Atividades em grupo: eles são muito mais propensos a desenvolver atividades em pares do que individualmente; 
 
- As que considerem o seu ritmo. O jovem tem uma tendência a lidar com o tempo de forma diferente do adulto e, 
por isso, alguns acabam deixando as coisas para fazer aos “45 minutos do segundo tempo”; 
 
- As que lidem com a ansiedade de querer tudo “pronto”, envolvendo-os desde o planejamento ao produto final e 
não os deixando desistir durante o processo; 
 
- As que utilizem tecnologias, como internet, aparelhos de celular, músicas, imagens, vídeos, filmes, programas de 
rádio etc.; 
 
- As que retomem técnicas e saberes utilizados por seus familiares e por sua comunidade, dandovalor à cultura 
local e relacionando-a com as questões globais; 
 
- As que tenham, ao final, um produto. É muito importante que eles entendam por que estão fazendo determinada 
atividade, onde e como a utilizarão e que resultados terão a partir dela. 
 
(Cadernos temáticos: juventude brasileira e Ensino Médio / Licinia Maria Correa, Maria Zenaide Alves, Carla 
Linhares Maia, organizadoras. – Belo Horizonte : Editora UFMG, 2014.) 
9 
 
Muitas vezes, são pequenos detalhes que, se tivermos atentos e dispostos a arriscar, 
podem fazer muita diferença! Outro ótimo exemplo é o formato da sala de aula. Você 
considera que o formato usual, com carteiras enfileiradas, promove a valorização de 
cada estudante e estimula a participação nas aulas? Que tal experimentar organizar as 
aulas em círculos e notar a diferença? 
 
 
 
 
Os círculos são um formato em que todos conseguem se ver e estão em posição de 
igualdade com seus pares e com o educador. Além disso, é muito mais fácil que todos 
se escutem e ganhem encorajamento para falar. É uma forma, para além da verbal, de 
demonstrar que todos têm o mesmo direito à fala e à voz. O educador abre mão do 
“palco” para favorecer que o processo se dê entre todos os sujeitos envolvidos e que o 
aprendizado seja compartilhado. 
Outro exemplo simples que favorece a participação é associar os conteúdos escolares à 
história de vida dos estudantes e da comunidade. Além de favorecer aprendizagens que 
estejam a favor da vida, essa é uma forma de fazer com o que o estudante se envolva 
com o seu processo de aprendizagem e exercite a habilidade de se posicionar. Essa 
também é uma maneira de todos se conhecerem um pouco mais, de forma que se 
dissolva possíveis pré-conceitos e resistências nas interações. 
Também como forma de participação nas próprias aulas, é importante que o 
planejamento das atividades seja feito junto com estudantes, de forma que eles 
compreendam e visualizem todo o seu processo de aprendizagem, de forma apropriada 
e responsável. É possível negociar a flexibilidade do currículo e, mais do que isso, a forma 
como ele será abordado, para que faça mais sentido para os estudantes. 
No decorrer do tempo, é preciso que haja momentos de avaliação conjunta entre 
educador e estudantes, para compreender se o caminho escolhido pode ser seguido da 
forma como foi planejada ou se é necessário fazer adaptações para qualificar a 
aprendizagem e a motivação de todos os sujeitos. É interessante, também, promover 
Na matéria “O círculo em sala de aula impede que os alunos fiquem invisíveis”, uma 
professora de história conta um pouco sobre sua experiência e a reação da turma ao 
mudar o formato das carteiras. Acesse a matéria no link: 
http://www.cartaeducacao.com.br/artigo/o-circulo-em-sala-de-aula-impede-que-os-
alunos-fiquem-invisiveis/ 
 
10 
 
espaço para auto avaliação do educador e dos estudantes, de forma que os mesmos 
revejam a sua atitude no processo educativo. Assim, é possível que todos se 
corresponsabilizem pelo espaço de aprendizagem. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Também é possível encontrar dicas simples sobre como organizar assembleias no “Guia 
de Participação para Educadores”. O material, na íntegra, é disponibilizado no 
linkhttp://viracao.org/wpcontent/uploads/2017/05/GuiadeParticipa%C3%A7%C3%A3o
Cidad%C3%A3paraEducadores.pdf?utm_campaign=primeiro_nome_acesse_o_seu_gui
a_de_participacao_cidada_para_educadores&utm_medium=email&utm_source=RD+S
tation 
 
Aliás, ao se cadastrar no site http://conteudo.viracao.org/guia-de-participacao-cidada-
para-educadores, você recebe, em sua caixa de e-mail, esse e outros materiais sobre o 
As assembleias também são potentes formas de promover participação de estudantes 
em espaços de decisão. Existem muitas formas de organizá-las nos ambientes 
escolares. Assista ao fragmento do vídeo “Fora da Caixa”, em que se mostra de forma 
mais detalhada sobre a organização de assembleias: 
 
https://www.youtube.com/watch?v=vnZq5vcSEVo&t=2s 
Nesse momento, sugerimos que você assista do minuto 9:53 ao 13:15. 
 
11 
 
assunto, de forma gratuita. São disponibilizados acessos a debates online, materiais 
gráficos e outros. 
O material aborda, também, a importância de se promover a participação para além dos 
espaços escolares, como forma de exercício da cidadania. Conhecendo melhor o seu 
território, a partir das Cartografias propostas no Módulo anterior, é possível 
compreender em quais espaços as crianças, adolescentes e jovens podem requerer a 
sua participação, como forma de garantir seus direitos através de sua ação direta. 
 Aqui, cabe ao educador conhecer, junto com os estudantes, que território é esse e, além 
disso, apoiá-los na ocupação segura, criativa e efetiva desses espaços. Mais uma vez, 
sempre é possível agregar os conteúdos planejados previamente, de preferência de 
forma conjunta com outros professores, fazendo uso da interdisciplinaridade. 
Outro material que aborda outras possibilidades de participação política na sociedade, 
para além do voto, é a cartilha “Depois do voto: usando e abusando dos canais de 
participação da ALMG”, disponibilizada em 
https://depoisdovoto.files.wordpress.com/2012/02/cartilha-depois-do-voto.pdf 
Por fim, existem outras formas que, talvez, sejam as que mais atraiam a participação de 
crianças, adolescentes e jovens: a promoção de manifestações culturais nas escolas, de 
forma que os estudantes possam intervir, com arte e cultura, nos diferentes espaços 
escolares. Assim, criam-se condições favoráveis para que os estudantes utilizem a 
linguagem que lhe for mais familiar e prazerosa para colocar a sua voz, em relação às 
temáticas que lhe chamarem mais atenção. Nesse caso, também é possível aliar os 
conteúdos da parte comum do currículo com a parte flexível, em que estão presentes, 
de forma mais marcante as manifestações artístico-culturais. 
Veja, abaixo, um quadro que condensa todas as possibilidades mencionadas até agora. 
Além delas, existem inúmeras outras formas de promover a participação e o 
protagonismo dos estudantes nos espaços escolares e nos territórios onde vivem. Não 
será possível, por aqui, esgotar todas elas. Mas esperamos que esse material seja útil 
para que você possa se inspirar e, junto com toda a comunidade escolar, realizar o que 
for mais compatível com as particularidades de sua escola e de todos os sujeitos que 
participam dela! Boa viagem! 
12 
 
FORMAS SUGERIDAS DE PROMOVER A PARTICIPAÇÃO DE ESTUDANTES 
Escolha democrática 
de representantes de 
estudantes, como em 
eleições ou outras 
formas definidas por 
elas (es); 
Assembleias para 
definir assuntos de 
interesse da 
comunidade escolar; 
Construção conjunta 
do plano de aula de 
cada oficina, levando 
em consideração a 
vivência dos 
estudantes; 
Escolha e construção 
de projetos, passeios e 
atividades 
diferenciadas; 
Construção de acordos 
e normas comuns de 
convivência e 
utilização dos espaços 
do Polo; 
Diálogo aberto para 
mediação de conflitos; 
Criação conjunta de 
uma identidade visual 
para a escola, bem 
como placas de 
identificação para os 
espaços comuns; 
Rodas de conversa 
temáticas, de acordo 
com interesse das (os) 
estudantes; 
Realização conjunta da 
cartografia dos 
espaços da 
comunidade, 
considerando os 
espaços que sejam 
significativos para os 
estudantes; 
Distribuição das 
carteiras em círculo, 
favorecendo que todas 
se vejam e se sintam 
em pé de igualdade 
com os pares e com a 
(o) educador (a); 
Criação conjunta de 
intervenções 
artísticas/gráficas nos 
espaços da escola e da 
comunidade (ex.: peça 
ou sketch teatral, 
cartazes, lambe-
lambe,fotografias, 
grafite, etc.) 
Criação de rádio escola 
na escola, sendo 
protagonizada pelas 
(os) estudantes, com 
orientação de 
professores; 
Identificação e 
formação de 
estudantes 
multiplicadores, que 
possam mediar 
oficinas pontuais ou 
rodas de conversa com 
a comunidade ou entre 
as (os) próprias (os) 
estudantes; 
Apresentação dos 
trabalhos feitos nas 
diversas oficinas à 
família e à 
comunidade; 
Avaliação conjunta do 
projeto educativo de 
cada aula e da escola 
como um todo, 
envolvendo 
estudantes; 
Criação de coletivos de 
estudantes com temas 
de seu interesse, (ex.: 
coletivos de 
estudantes negras/os, 
esportistas, artistas, 
cientistas, poetas, 
feministas, defesa de 
direitos 
ambientalistas, etc. 
13 
 
Projetos 
interdisciplinares para 
que estudantes 
possam intervir em 
uma situação real da 
escola ou da 
comunidade 
Eventos culturais 
promovidos 
conjuntamente com 
estudantes (slam, 
teatro, cineclube, 
música, skate, etc); 
Grêmio estudantil, 
colegiado, conselhos, 
representantes de 
turma e de escolas; 
Dentre outras formas, 
que possam ser 
sugeridas pela 
comunidade escolar, 
com a participação de 
estudantes. 
 
Quais dessas você já experimentou? Que tal tentar mais uma vez, com a colaboração de 
toda a comunidade escolar? 
 Recomendamos que assistam, na íntegra, o vídeo “Fora da Caixa: Como a 
educação democrática forma alunos e cidadãos”. O vídeo está disponível no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=vnZq5vcSEVo&t=2s 
 E, para quem ainda não assistiu, reiteramos a recomendação que fizemos no 
primeiro Módulo: O vídeo “Quando sinto que já sei”, disponibilizado no link: 
https://www.youtube.com/watch?v=HX6P6P3x1Qg 
 
 
 
 
Muito falamos, até aqui, da importância de um processo educativo que esteja a serviço 
da vida. Quando compreendemos a profundidade e a potência dessa perspectiva, cada 
atitude realizada dentro de uma instituição educacional é imbuída desse espírito. 
 
 
 
 
 
 
A PESQUISA NA PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INTEGRAL 
 
Vamos assistir a experiência de um modelo escolar que foi exemplo vivo do que 
estamos falando. Trata-se dos Ginásios Vocacionais, que foram implementados em 
escolas públicas de São Paula na década de 60 e que foram extintos na época da 
ditadura: 
 
https://www.youtube.com/watch?v=ircyREuDr9Y 
Sugerimos que vocês assistam do minuto 29:17 ao 36:00, pois dialoga com os temas 
aqui tratados. 
 
 
14 
 
Essa e outras experiências são muito inspiradoras por nos revelar que, há algumas 
décadas, já existiam práticas muito coerentes com a perspectiva de Educação Integral. 
Se, por um lado, temos um grande desafio em nos refazer para encontrar práticas que 
sejam mais significativas para os estudantes e que tragam qualificação para o processo 
de ensino e aprendizagem, por outro lado, temos provas consistentes de que outros 
modelos são possíveis e eficazes. 
Uma das coisas que mais chamam a atenção, nesse trecho do documentário, é a forma 
como os estudantes dos Ginásios Vocacionais são inseridos em todas as fazes do 
processo educativo: o planejamento, o desdobramento e a avaliação do processo. E, se 
vocês bem repararam, perceberam que em todos esses momentos há um diálogo dos 
conteúdos escolares com a vida dos estudantes, em diferentes escalas: a própria escola, 
o bairro, a cidade, o país e o mundo. 
A partir da inspiração do documentário, propomos agora um olhar diferenciado para as 
formas de se fazer pesquisa, como metodologia que integre os conteúdos escolares à 
realidade dos estudantes. Na maioria das vezes, as pesquisas escolares são utilizadas 
para que os próprios estudantes procurem, por meio de livros e internet, informações 
já existentes sobre um determinado assunto, eleito pelo próprio professor a partir de 
seu planejamento de aulas. 
Esse formato já é uma forma de incluir os estudantes no desenvolvimento de sua 
aprendizagem. Contudo, é possível ir além. A partir do momento que enxergamos nos 
estudantes as suas potencialidades, podemos considerá-lo como um sujeito que 
constrói conhecimento. Ou seja, além de procurar por respostas prontas para uma 
determinada pergunta, ele pode formular perguntas e, a partir daí, buscar por pistas 
para desenvolver suas próprias hipóteses. 
Integrar conhecimento com a realidade, nesse caso, significa estimular os estudantes a 
identificar, em seu próprio meio, inquietações que os levem a formular perguntas 
geradoras para uma pesquisa. Por exemplo: o território onde está localizada a escola 
possui um lixão a céu aberto, que traz insalubridade para a vida daqueles que residem 
mais próximo do local. Identificada essa inquietação, é possível estimular os estudantes 
a fazer perguntas. O que eles sabem sobre a história desse lixão? Como isso afeta a vida 
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da comunidade? Ele é fonte de renda para alguma família? Essa situação implica em 
violação de direitos? O que os mais velhos têm a dizer sobre isso? Como o lixão impacta 
o solo? Se o lixão parasse de ser alimentado com resíduos, quantos anos seriam 
necessários para degradação de todos os materiais existentes ali? 
Um outro bom exemplo: Existe uma horta comunitária no território, que contribui para 
subsidiar a alimentação da escola com verduras sem agrotóxico. A inquietação não é 
necessariamente negativa, mas algo que desperta curiosidade, como: O que motiva 
alguém a doar um tempo de sua vida para a manutenção voluntária de uma horta 
comunitária? De quem foi a iniciativa? O que é necessário, em termos de recursos 
humanos e materiais, para manter a horta? Quantos metros quadrados de horta seriam 
necessários para subsidiar a alimentação completa da escola? E de toda a comunidade? 
 
 
 
 
A prática mais aprofundada de pesquisa, contudo, requer que cada professor saia do 
seu quadrado e, reflita, junto com os demais, como cada área do conhecimento pode 
contribuir com a compreensão de uma determinada situação. Na própria experiência 
dos Ginásios Vocacionais é possível identificar isso. 
Na viagem relacionada com o barroco, os estudantes integram os saberes de várias 
áreas do conhecimento, de forma que se monte um mosaico, em que cada peça revela 
o seu valor e seu significado. Portanto, os diferentes saberes comunicam entre si, de 
forma que cada um deles “empresta” o seu olhar para o mesmo objeto de estudo. 
Quando acreditamos no potencial do estudante de gerar conhecimento, deixamos de 
ser meros transmissores de conteúdo para, junto com eles, gerar conhecimento vivo, 
que pode ser fonte de transformações de uma realidade. 
Para isso, é preciso ter um olhar atento para a realidade que se mostra fora dos muros 
escolares. Por isso, o exercício de conhecer o território considerando-o como um espaço 
educativo, é tão importante para a perspectiva da educação integral. A partir desse 
Existem vários exemplos de situações que podem chamar a atenção dos estudantes e, por isso, 
podem motivar muito mais o seu interesse pelo aprendizado. Vamos refletir um pouco: que 
outras situações, no entorno da sua própria casa, contêm perguntas que podem se relacionar 
com sua área de conhecimento? 
 
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movimento, com a prática da cartografia, é possível realizar um planejamento que inclua 
os estudantes e que considere o seu contexto de vida, de forma muito concreta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Chegamos ao fim desse módulo! Proponha e organize, em parceria com seus 
colegas e estudantes, uma assembleia em sua escola ou outra atividade 
participativa que gere algum impacto para a Educação Integral,tire uma foto 
do momento e faça um pequeno relato textual! Para maiores informações, 
acesse ORIENTAÇÕES - ATIVIDADE – MÓDULO III.

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