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Direito Econômico - Parte IV

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UNIDADE A Constituição Federal e os Fundamentos do Direito Econômico
Introdução
Ao longo da história da humanidade, o papel que o Estado desempenhou nas 
atividades econômicas variou bastante, e, nos últimos séculos, essa questão serviu 
como pano de fundo para uma série de questões ideológicas e políticas.
Se observarmos a história recente de nosso país, veremos que aqui também 
ocorreram substanciais mudanças nas últimas décadas. Saímos de um sistema 
econômico marcado pela profunda participação do Estado em atividades econômicas 
(que se exauriu nas décadas de 1970 e 1980) para um modelo diferenciado de 
atuação estatal, sendo que a Constituição Federal de 1988 marcou o início de um 
novo modelo de atuação estatal.
Dessa forma, tendo por fundamento maior as disposições de nossa Constituição 
Federal sobre a ordem econômica, vamos conhecer o objeto de estudo do Direito 
Econômico e ver como as disposições constitucionais buscam dar as bases para o 
desenvolvimento de nossa economia.
O Direito Econômico
Na visão de Figueiredo (2016), podemos conceituar Direito Econômico da se-
guinte forma:
[...] ramo do Direito Público que disciplina a condução da vida econômica 
da Nação, tendo como finalidade o estudo, o disciplinamento e a harmo-
nização das relações jurídicas entre os entes públicos e os agentes priva-
dos, detentores dos fatores de produção, nos limites estabelecidos para a 
intervenção do Estado na ordem econômica. (2016, p. 6)
Analisando esse conceito, podemos encontrar alguns elementos que devem 
ser destacados:
• O Direito Econômico não trata da forma como o Estado faz a gestão de 
seus recursos, sendo que esse assunto, ou seja, a gestão das receitas públicas, 
das despesas públicas e a forma como é elaborado o orçamento público é 
objeto de estudo do Direito Financeiro.
• O Direito Econômico cuida da disciplina jurídica da vida econômica na-
cional, buscando o desenvolvimento e melhores condições sociais.
• Também é objeto do Direito Econômico estabelecer, com lastro no texto cons-
titucional, a forma como se dá a atuação direta e indireta do Estado nas 
atividades econômicas.
8
9
Em nosso texto constitucional, há diversas referências a temas que são objeto de 
estudo do Direito Econômico, cuja grande parte deles está agrupada no seu Título 
VII – da Ordem Econômica e Financeira.
Vamos conhecer essas disposições constitucionais as quais são o alicerce de 
nossa disciplina.
A Ordem Econômica
A Constituição Federal é a norma mais importante de nosso sistema jurídico tra-
tando, dentre outros diversos temas, sobre a relação das pessoas (físicas e jurídicas) 
com o Estado e os limites de atuação dele.
Os aspectos econômicos dessa relação são tratados nas disposições relacionadas 
à Ordem Econômica (artigos 170 e seguintes), o que abrange a normatização das 
formas como pode se dar a atuação do Estado nas atividades produtivas geradoras 
de rendas e riquezas.
Essa atuação estatal pode se dar de duas formas:
• Atuação indireta: nessa atuação, o Estado realiza o monitoramento das ativi-
dades econômicas privadas, realizando normatizações e regulações do merca-
do sempre que forem necessárias, tendo por foco maior o interesse coletivo e 
o bem comum;
Essa atuação ocorre, dentre outras possibilidades, quando o Estado regula o 
mercado de câmbio e realiza intervenções na cotação de moedas estrangeiras 
para evitar movimentos do mercado marcados por traços especulativos, os 
quais podem atrapalhar as exportações do país.
Figura 1
Fonte: Pixabay
• Atuação direta: caracterizada pelas situações em que o Estado, diretamente, 
realiza a exploração de atividades econômicas.
9
UNIDADE A Constituição Federal e os Fundamentos do Direito Econômico
Figura 2
Fonte: Pixabay
É o que ocorre quando o Estado cria uma fábrica de remédios que irá concorrer 
com laboratórios particulares que atuam nessa área.
Vamos iniciar nosso estudo conhecendo o artigo 170 da Constituição Federal.
Constituição Federal
Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho hu-
mano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, 
conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:
I - soberania nacional;
II - propriedade privada;
III - função social da propriedade;
IV - livre concorrência;
V - defesa do consumidor;
VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos 
de elaboração e prestação;
VII - redução das desigualdades regionais e sociais;
VIII - busca do pleno emprego;
IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas 
sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no país. 
[...]
Como podemos observar, esse dispositivo apresenta, inicialmente em seu caput, 
os valores em que se fundamenta a Ordem Econômica e, em seguida, indica os 
seus mais importantes princípios.
Vamos iniciar nosso estudo pelos valores e, depois, veremos esses princípios.
10
11
Valores relativos à Ordem Econômica
Os valores que devem pautar a Ordem Econômica são:
• a valorização do trabalho humano;
• a livre iniciativa.
A observância desses valores deve ter por fim a busca de uma existência digna 
para todos, em respeito à justiça social.
Antes de falarmos nesses valores, vamos tratar da existência digna e da justiça social.
A busca de uma existência digna de todos se pauta pela adoção de ações que 
colocam como um dos objetivos da atividade econômica a eliminação da pobreza 
e desigualdades sociais.
Isso se insere dentre os objetivos maiores de nossa República, conforme o des-
tacado por nossa Constituição Federal.
Constituição Federal
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa 
do Brasil:
[...]
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais;
Para que isso se materialize, deve o Estado ter dois focos distintos:
• Estabelecimento de programas de assistência social para as pessoas necessitadas 
(hipossuficientes);
• Adotar políticas e estratégias de incentivo à geração de empregos para a par-
cela economicamente ativa de nossa população.
Já quando falamos em justiça social, nós nos referimos à necessidade de que as 
atividades econômicas garantam a todos o acesso aos bens e serviços necessários 
para a satisfação de suas necessidades fundamentais. 
Valorização do trabalho humano
No passado, o trabalho chegou a ser visto como algo que não dignificava o ho-
mem e que era destinado somente às pessoas de “menor importância” social ou 
para os escravos. É claro que essa visão não se coaduna com o pensamento vigente 
em nossa sociedade, o que acaba por se refletir no texto constitucional.
Essa valorização e dignidade do trabalho devem assegurar ao trabalhador e à sua 
família meios suficientes para que possam viver com dignidade.
11
UNIDADE A Constituição Federal e os Fundamentos do Direito Econômico
Nesse sentido, deve ser observado o que dispõe a Constituição Federal sobre o 
salário mínimo.
Constituição Federal
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros 
que visem à melhoria de sua condição social:
[...]
IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente unificado, capaz de 
atender a suas necessidades vitais básicas e às de sua família com mora-
dia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e 
previdência social, com reajustes periódicos que lhe preservem o poder 
aquisitivo, sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
A valorização trabalho também se reflete na necessária atuação estatal para 
tornar efetivos diversos direitos sociais ligados ao trabalho. Isso se faz, em primeiro 
lugar, com a criação de normas que estabeleçam regramentos sobre a jornadade 
trabalho – o descanso semanal remunerado, as férias, o seguro-desemprego, o 
fundo de garantia por tempo de serviço, dentre outros direitos.
Também devemos ter em mente que a dignidade da pessoa humana e os 
valores sociais do trabalho são fundamentos de nossa República (incisos III e IV 
do artigo 1º da Constituição Federal.
Livre iniciativa
A livre iniciativa tem um especial destaque no texto constitucional, pois além de 
ser um dos valores da Ordem Econômica, ela se apresenta com um dos fundamentos 
de nossa República.
Constituição Federal
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel 
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
Democrático de Direito e tem como fundamentos:
[...]
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
[...]
Ela garante a liberdade de ingressar, permanecer e sair do mercado, sem que 
haja interferências do Estado ou de outros participantes do ciclo econômico, sendo 
que essa liberdade possui duas vertentes diferenciadas:
• A liberdade de acesso ao exercício de profissões: é marcada pelas disposi-
ções contidas no inciso XII do artigo 5º de nossa Constituição Federal.
Constituição Federal
Art. 5º [...]
XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas 
as qualificações profissionais que a lei estabelecer;
12
13
Essa liberdade estabelece uma importante regra pela qual se garante o pleno 
acesso de todos a qualquer tipo de profissão, contudo, é necessário que, nas profis-
sões regulamentadas haja o respeito aos requisitos fixados pela lei, assim:
• Nas profissões não regulamentadas, o acesso de qualquer pessoa é livre, não 
sendo necessário qualquer tipo de autorização – é o que ocorre, por exemplo, 
com a profissão de feirante.
• Situação diferente ocorre em profissões regulamentadas, pois nelas o exercício 
profissional somente pode ocorrer por quem cumpre os requisitos estipulados 
pela lei que, especificamente, trata dessa profissão. Dessa forma, qualquer um 
que cumpre esses requisitos, normalmente ligados à sua formação profissional 
e inscrição em órgão representativo, poderá exercê-la – é o que ocorre com a 
profissão de médico-veterinário, por exemplo.
Lei n.º 5.517/68
Art. 2º Só é permitido o exercício da profissão de médico-veterinário:
a) aos portadores de diplomas expedidos por escolas oficiais ou reco-
nhecidas e registradas na Diretoria do Ensino Superior do Ministério da 
Educação e Cultura;
b) aos profissionais diplomados no estrangeiro que tenham revalidado e 
registrado seu diploma no Brasil, na forma da legislação em vigor.
Art. 3º O exercício das atividades profissionais só será permitido aos por-
tadores de carteira profissional expedida pelo Conselho Federal de Me-
dicina Veterinária ou pelos Conselhos Regionais de Medicina Veterinária 
criados na presente lei.
• A liberdade de empresa: é destacada quando da interpretação do parágrafo 
único do artigo 170 do texto constitucional.
Constituição Federal
Art. 170 [...]
Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer ativi-
dade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, 
salvo nos casos previstos em lei.
A liberdade de empresa esta-
belece a possibilidade de qualquer 
pessoa física ou jurídica realizar 
qualquer atividade econômica 
lícita, sendo, em regra, desne-
cessária qualquer autorização do 
Poder Público. Dessa forma, por 
exemplo, qualquer pessoa jurí-
dica pode se dedicar à venda de 
móveis e eletrodomésticos.
Figura 3
Fonte: Pixabay
13
UNIDADE A Constituição Federal e os Fundamentos do Direito Econômico
Há, porém, certas atividades econômicas em que se tem um maior interesse 
público e que exigem uma maior atuação do Poder Público em sua regulamentação 
e fiscalização, razão pela qual a lei estabelece a necessidade de prévia autorização 
para que elas sejam desenvolvidas – é o caso, por exemplo, de empresas que 
operam planos de saúde (planos privados de assistência à saúde), que somente 
podem prestar esse tipo de serviço após terem sido autorizadas pela Agência 
Nacional de Saúde Suplementar – ANS (Lei n.º 9.656/98).
Princípios constitucionais da Ordem Econômica
Como vimos, o artigo 170 da Constituição Federal apresenta nove princípios 
explícitos que devem guiar a ordem econômica. Eles apresentam o direcionamento 
que o Estado deve dar para essas questões, contudo, em várias delas, também há 
um foco na ação dos agentes econômicos privados.
Princípio da Soberania Nacional
A soberania é um pressuposto para a existência do Estado e sua ausência im-
pede que ele seja reconhecido como pessoa jurídica de direito internacional, sendo 
caracterizada pela existência de poder de decidir, no plano interno e externo, todas 
as suas questões, sem subordinação a qualquer outro poder.
Um Estado somente é soberano politicamente quando possui independência 
econômica, não tendo a necessidade de qualquer auxílio internacional para garantir 
a necessária estabilidade para que suas atividades produtivas se desenvolvam.
Já tendo alcançada a soberania econômica, deve o Estado brasileiro primar para 
que suas atividades produtivas se voltem para o desenvolvimento socioeconômico, 
contudo, sem se subordinar a interesses externos e que estejam em descompasso 
com os anseios de nossa sociedade.
Princípio da Propriedade Privada
Dentre as diversas disposições constitucionais que tratam do direito de proprie-
dade, devemos destacar os seguintes incisos do artigo 5º:
Constituição Federal
Art. 5º [...]
XXII - é garantido o direito de propriedade;
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, publicação 
ou reprodução de suas obras, transmissível aos herdeiros pelo tempo que 
a lei fixar;
A propriedade e o respeito aos direitos que emanam dela possuem grande im-
portância em qualquer sociedade, razão pela qual nossa Constituição Federal, ex-
pressamente, estabeleceu a necessidade de que ela seja garantida.
O inciso XXVII do artigo 5º trata de direitos imateriais decorrentes da criação do 
intelecto, sendo que eles se classificam em duas espécies de propriedade:
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• A propriedade industrial: relaciona-se às criações do intelecto que possuem 
aplicação industrial, sendo essa propriedade reconhecida e protegida na forma 
do artigo 2º da Lei n.º 9.279/96 – Lei da Propriedade Industrial.
Lei n.º 9.279/96
Art. 2º A proteção dos direitos relativos à propriedade industrial, conside-
rado o seu interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico 
do país, efetua-se mediante:
I - concessão de patentes de invenção e de modelo de utilidade;
II - concessão de registro de desenho industrial;
III - concessão de registro de marca;
IV - repressão às falsas indicações geográficas; e
V - repressão à concorrência desleal.
• Os direitos autorais: referem-se às criações do intelecto que possuem expres-
são no campo estético, tais como em pinturas, músicas, esculturas etc., sendo 
objeto de proteção da Lei nº 9.610/98 – Lei dos Direitos Autorais.
Particularmente, em relação às questões econômicas relacionadas à propriedade 
privada, as disposições constitucionais e legais que tratam desse tema garantem 
que aqueles que se lançam a atividades econômicas possam ter a propriedade dos 
meios de produção utilizados nelas, razão pela qual podem investir para o aumento 
da produção.
Já em relação à propriedade industrial, o mote principal é garantir àqueles que 
investem em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias possam usufruir dos 
benefícios econômicos decorrentes da sua descoberta. Isso se faz com o licencia-
mento (normalmente oneroso) que autoriza a utilização da invenção, sendo ilícita 
qualquer forma de uso que não respeite os direitos do detentor desse direito.
Figura 4
Fonte: Pixabay
Princípioda Função Social da Propriedade
No passado, a exploração de bens, sobretudo imóveis, pelo seu proprietário 
não estava sujeita a qualquer limitação, somente havendo algumas formas de res-
trição de uso se ele acarretasse prejuízos para o aproveitamento econômico de 
imóveis vizinhos.
15
UNIDADE A Constituição Federal e os Fundamentos do Direito Econômico
Com o passar do tempo, essa questão passou a ter outro trato, sendo que pas-
samos de uma utilização egoística da propriedade para a necessidade de que ela 
esteja socialmente adequada, ou seja, ainda que haja o respeito dos direitos do 
proprietário, ele deve ter a consciência de que a propriedade (móvel ou imóvel de 
qualquer tipo) deve se inserir em um contexto social mais amplo.
É o caso daquele que, em razão de diversas pesquisas, desenvolve um remédio 
para uma doença – que anualmente faz milhares de mortos – e que até então era 
tida como incurável. É claro que essa descoberta irá acarretar a possibilidade de 
enormes ganhos, contudo, estabelecer exagerada margem de lucro que inviabilize 
o acesso de grande parte da população afetada a esse novo medicamento não é 
socialmente adequado. Em situações como essas, o Estado pode criar, sempre 
por meio de lei, medidas para que esse desvio seja corrigido – são as chamadas 
limitações ao direito de propriedade.
Em relação a bens imóveis urbanos e rurais, a Constituição Federal estabelece 
parâmetros para que possamos considerar que eles cumprem com sua função 
social, sendo que essas disposições estão inseridas:
• §§ 2º e 4º do artigo 182 – para os imóveis urbanos;
• Artigo 186 em relação aos imóveis rurais.
Vamos ver essas disposições:
• Para imóveis urbanos;
• Para imóveis rurais.
Constituição Federal
Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em 
lei, aos seguintes requisitos:
I - aproveitamento racional e adequado;
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do 
meio ambiente;
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos traba-
lhadores.
Como pode ser observado com a leitura desse dispositivo, o imóvel rural, para 
ter um uso socialmente adequado, deve ser produtivo, contudo, a sua exploração 
não pode desrespeitar os direitos dos trabalhadores, acarretar agravos ao meio 
ambiente etc.
Princípio da Livre Concorrência
A livre concorrência guarda uma profunda relação com a livre iniciativa, sendo 
que, sem qualquer exagero, podemos afirmar que:
16
17
Somente há livre concorrência se o sistema jurídico promover, de forma efetiva, a livre iniciativa.
Mas o que é a concorrência?
Concorrência é a ação competitiva desenvolvida por agentes que atuam 
no mercado de forma livre e racional. Isto é, trata-se da disputa saudável 
por parcela de mercado entre agentes que participam de uma mesma 
etapa em ciclo econômico (produção ↔ circulação ↔ consumo). Assim, 
deve o Estado intervir de forma a garantir que a competição entre os 
concorrentes de um mesmo mercado ocorra de forma justa e sem abusos 
(monopólio, oligopólio, truste, cartel etc.), garantindo-se, assim, o equilí-
brio entre a oferta e a procura, bem como a defesa da eficiência econômi-
ca. (FIGUEIREDO, 2016, p. 85)
A concorrência é um elemento extremamente importante na atividade econô-
mica, sendo vedada a adoção de práticas que possam eliminar a competição entre 
os agentes econômicos.
A prevenção e repressão de práticas danosas à livre concorrência estão a cargo, 
em especial, do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, que possui como 
principal norma de regência a Lei n.º 12.529/11.
A concorrência, além de trazer inegáveis ganhos ao ciclo econômico, é importante 
fator de proteção dos consumidores, pois estabelece constantes e aprimorados 
padrões de qualidade de produtos e serviços, bem como inibe a prática de condutas 
que, de forma abusiva, estabelecem preços e práticas que minimizem direitos 
relativos à relação de consumo.
Princípio da Defesa do Consumidor
Nosso sistema jurídico, particularmente após a entra-
da em vigor de nossa Constituição Federal, consagrou o 
entendimento de que o consumidor possui uma posição 
extremamente desfavorável em relação ao fornecedor de 
bens e serviços, razão pela qual ele necessita de uma pro-
teção diferenciada que considere a sua hipossuficiência.
Seguindo essa linha, a Constituição Federal estabeleceu 
a necessidade de que fosse criada uma legislação protetiva 
especialmente destinada a atingir esse objetivo.
Figura 5
Fonte: Pixabay
Constituição Federal
Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Art. 48. O Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulga-
ção da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.
17
UNIDADE A Constituição Federal e os Fundamentos do Direito Econômico
O prazo fixado pelos constituintes não foi seguido, contudo, foi criado o Código 
de Defesa do Consumidor, por meio da Lei n.º 8.078/90, que apresentou desta-
cados avanços nessa área.
Todo esse esforço reforça a necessidade de que as medidas relativas à Ordem 
Econômica tenham uma especial preocupação com a defesa dos consumidores, 
pois eles são essenciais para a o desenvolvimento econômico de nosso país.
Princípio da Defesa do Meio Ambiente
Um considerável avanço ocorreu no trato das questões relativas ao meio ambiente 
nas últimas décadas, havendo um evidente traço disso em nosso texto constitucional.
Constituição Federal
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibra-
do, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, 
impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e 
preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
[...]
Quando a Constituição Federal firma que todos têm direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, estabelece um destacado limitador para a realização 
de atividades econômicas que possam trazer agravos ao meio ambiente. Na verda-
de, um dos grandes desafios da atualidade é buscar um equilíbrio entre as questões 
econômicas e as ambientais, sendo que essas questões possuem diversas frentes, 
tais como:
• Para o desenvolvimento de muitas atividades econômicas, é imprescindível a 
utilização de recursos naturais, tais como a agricultura, a pecuária e o extrati-
vismo (mineral e vegetal);
• Já outras atividades econômicas possuem uma larga capacidade de gerar po-
luição que prejudica a qualidade da água, do ar e do solo.
Esse equilíbrio passa pela necessidade de conscientização de que os recursos 
naturais são finitos, assim é necessário utilizá-los de forma racional, para que não 
tragam agravos desnecessários à natureza e comprometam a qualidade de vida da 
atual e das futuras gerações.
Para estabelecer uma proteção que busque a prevenção de agravos ao meio 
ambiente, um importante instrumento que deve ser utilizado é o Estudo Prévio 
de Impacto Ambiental, que é necessário para instalação de obra, ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente (inciso IV 
do §1º do artigo 225 da Constituição Federal).
Outro ponto que deve ser destacado é que a utilização da propriedade imóvel 
em atividades que causem danos ambientais demonstra que ela não está cumprin-
do com sua função social, sendo passível de sanções e consequências para o seu 
proprietário.
18
19
Princípio da Redução das Desigualdades Sociais
Um dos objetivos de nossa República e o de erradicar a pobreza e reduzir as 
desigualdades sociais e regionais.
Constituição Federal
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
[...]
III - erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociaise regionais;
Dessa forma, quando um dos princípios relativos à Ordem Econômica também 
trata da redução das desigualdades sociais, outra não pode ser a conclusão senão a 
de que a atuação estatal na economia, em conjunto com os agentes privados que 
nela atuam, é reconhecidamente uma das mais destacadas ferramentas para que 
isso ocorra.
É claro que esse não é um objetivo que pode ser facilmente atingido, contudo, 
deve ser perseguido.
Princípio da Busca do Pleno Emprego
Esse princípio, que mais se assemelha a uma permanente meta, busca uma 
constante expansão das vagas de trabalho, de forma criar oportunidades para toda 
a população economicamente ativa, o que inclui aqueles que estão desempregados 
e os jovens que a cada ano ingressam no mercado de trabalho.
Além do inegável alcance social que essa situação possui, não podemos perder 
de vista que isso traz uma série de diretas e indiretas consequências para o Estado 
e os serviços que ele desempenha, dentre elas:
• O aumento de trabalhadores acarreta mudanças positivas no mercado 
consumidor, com aumento de produção e aumento da arrecadação de tributos;
• A diminuição de gastos com seguridade social e seguro desemprego;
• Maiores possibilidades de direcionamento de investimentos em áreas de menor 
eficácia de políticas públicas anteriormente implementadas.
Princípio do Tratamento Diferenciado para Empresas de Pequeno Porte
Segundo SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas –, 
99% dos estabelecimentos onde se desenvolvem atividades econômicas em nosso 
país podem ser classificados como micro e pequenas empresas, sendo que elas 
respondem por 52% dos empregos com carteira assinadas no Brasil.1
1 Conforme informações disponíveis em <https://goo.gl/Esr1qD>. Acesso em 15. Ago.2018.
19
UNIDADE A Constituição Federal e os Fundamentos do Direito Econômico
Apesar da relevância dessas empresas, elas são extremamente frágeis, pois apre-
sentam uma estrutura limitada e de poucos recursos, havendo um grande número 
delas que não conseguem sobreviver aos desafios que se apresentam nos primeiros 
anos de sua vida. Em grande parte, isso se deve à visão do legislador que, em boa 
parte das normas, estabelece situações que são adequadas às grandes empresas, 
mas que se mostram totalmente afastadas da realidade das micro e pequenas em-
presas. É o que ocorre, em especial, com a legislação tributária, pois:
• O regime tributário é extremamente oneroso para a produção de bens e pres-
tação de serviços, aumentando custos das empresas, encarecendo e tornando 
menos competitivos os seus produtos;
• Há um emaranhado de obrigações tributárias, previdenciárias e trabalhistas 
acessórias que trazem enormes dificuldades para a gestão.
Buscando alterar esse estado de coisas, ou ao menos minimizar esses problemas, 
a Emenda Constitucional n.º 42, de 2003, realizou uma importante modificação 
no artigo 146 da Constituição Federal, propiciando base para a criação de normas 
diferenciadas para a gestão de micro e pequenas empresas.
Constituição Federal
Art. 146. Cabe à lei complementar:
[...]
III - estabelecer normas gerais em matéria de legislação tributária, espe-
cialmente sobre:
[...]
d) definição de tratamento diferenciado e favorecido para as microem-
presas e para as empresas de pequeno porte, inclusive regimes especiais 
ou simplificados no caso do imposto previsto no art. 155, II, das contri-
buições previstas no art. 195, I e §§ 12 e 13, e da contribuição a que se 
refere o art. 239. 
Parágrafo único. A lei complementar de que trata o inciso III, d, também 
poderá instituir um regime único de arrecadação dos impostos e con-
tribuições da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, 
observado que: 
I - será opcional para o contribuinte; 
II - poderão ser estabelecidas condições de enquadramento diferenciadas 
por Estado; 
III - o recolhimento será unificado e centralizado e a distribuição da parcela 
de recursos pertencentes aos respectivos entes federados será imediata, 
vedada qualquer retenção ou condicionamento; 
IV - a arrecadação, a fiscalização e a cobrança poderão ser compartilhadas 
pelos entes federados, adotado cadastro nacional único de contribuintes.
20
21
Essa mudança no texto constitucional foi acompanhada pela edição da Lei Com-
plementar n.º 123/06 que criou o Estatuto Nacional da Microempresa e Em-
presa de Pequeno Porte. Essa norma estabeleceu, dentre outros avanços, o SIM-
PLES – um regime tributário que permite, de forma mais prática, o recolhimento 
simultâneo de impostos federais, estaduais e municipais, bem como de contribui-
ções previdenciária das pessoas jurídicas.
Esse estatuto diminuiu, de forma brutal, encargos tributários que incidem sobre 
os pequenos empreendimentos, além de tornar bem mais fácil a gestão em razão 
da diminuição de obrigações acessórias.
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