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CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER DAIANE GOVONI ORVIEDO PICCINI CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER ▪ A assistência de enfermagem à saúde da mulher, em nível ambulatorial, pode se dar através da consulta de enfermagem. ▪ O que difere a consulta de um procedimento ou de um atendimento de enfermagem é a fundamentação teórico- metodológica que se impõe, no caso da consulta de enfermagem. ▪ Durante a consulta de enfermagem (seja ela ginecológica ou obstétrica), o enfermeiro deve valorizar os aspectos psicoafetivos, além dos aspectos teórico-científicos. CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER ▪ O enfermeiro deve compreender que as mulheres são distintas, com características, atitudes e normas de conduta diferenciadas, que se encontram em faixas etárias diversas, com problemática específica e que assumem diferentes papéis: social, familiar, econômico, educacional e político. CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER ▪ O enfermeiro precisa demonstrar que entende e se preocupa com a cliente, respeitando-a como cidadã, devendo considerar as questões sociais e psicossomáticas, as quais são responsáveis pela baixa de resistência e pelo surgimento de novas patologias. ▪ Deve ficar atento para os aspectos que envolvem o cotidiano da mulher, contemplando a avaliação dos problemas relativos ao trabalho, à afetividade e à sexualidade, buscando, assim, a integralidade da assistência. CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER ▪ É importante que o enfermeiro tenha presente que o aconselhamento é um dos componentes da atividade educativa, pelo qual se deve estabelecer o diálogo confidencial com a cliente, de maneira que esta seja participante de todo o processo, desde a prevenção, até o tratamento, e esteja capacitada a tomar decisões pessoais. CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER ▪ O enfermeiro deve abordar questões sobre a sexualidade, fidelidade, prazer, conceito de saúde-doença, conceito de risco, prevenção, tratamento e outros, de acordo com a história de vida da mulher. ▪ No caso de consulta ginecológica, o enfermeiro deve procurar desmistificar o exame ginecológico que é percebido por algumas mulheres como algo vergonhoso, desconfortável. CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER ▪ Geralmente a consulta ginecológica ocorre devido à manifestação de alguma intercorrência ginecológica, que pode ser de ordem orgânica ou de ordem emocional e não com uma prática de manutenção da saúde, o que contribui para a baixa demanda à consulta ginecológica. CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER ▪ Na maioria dos casos, a consulta ginecológica é motivada por irregularidade do ciclo menstrual, distúrbios menstruais, sinais ou sintomas de doenças inflamatórias pélvicas, secreções vaginais, lesões genitais, anomalias anatômicas, alterações do climatério/menopausa, realização do exame citopatológico e por queixas relativas à sexualidade como: dispareunia, disfunções de desejo e/ou orgasmo, vaginismo, impotência e ejaculação precoce. CONSULTA DE ENFERMAGEM À MULHER ▪ São elementos mínimos para uma consulta de enfermagem de qualidade: a garantia do caráter confidencial da consulta; o estímulo da auto-estima, da verbalização dos sentimentos e percepções, do conhecimento do próprio corpo; o estímulo para a participação ativa da cliente na prevenção e controle das doenças nos diversos níveis de prevenção; o esclarecimento sobre a importância da participação do parceiro na manutenção/promoção da saúde. COLETA DE DADOS NA CONSULTA DE ENFERMAGEM COLETA DE DADOS NA CONSULTA ▪ Durante a consulta, o enfermeiro coletará dados a fim de compor o histórico de enfermagem que deve ser direcionado não só à doença, mas à história de vida pessoal e de trabalho da mulher. ▪ Para conhecer a mulher, o enfermeiro realiza a entrevista e o exame físico geral e especial. COLETA DE DADOS NA CONSULTA ENTREVISTA ENTREVISTA ▪ A entrevista deve incluir, entre outros dados, a identificação (nome, idade, número do prontuário, estado civil/consensual, profissão, ocupação, data de nascimento, naturalidade, escolaridade), o motivo da consulta, os antecedentes pessoais (gerais, ginecológicos e obstétricos) e familiares, o uso de medicação, os problemas mamários, os problemas intestinais, os problemas urinários, a religião, a profissão e a ocupação atual, a renda familiar, o conhecimento sobre a prevenção secundária do câncer cérvico-uterino, a anatomia e a fisiologia do aparelho reprodutor feminino, o auto-exame das mamas, as condições de moradia, os dados sobre sono e repouso, a sexualidade, o uso de métodos contraceptivos e o estado nutricional. COLETA DE DADOS NA CONSULTA EXAME FÍSICO GERAL EXAME FÍSICO GERAL ▪ O exame físico geral, craniocaudal, deve ser realizado sempre que o enfermeiro coletar dados da cliente, por meio do histórico de enfermagem. COLETA DE DADOS NA CONSULTA EXAME FÍSICO ESPECIAL EXAME FÍSICO ESPECIAL ▪ O exame físico especial ou ginecológico diz respeito ao exame das mamas, do abdome e da genitália feminina. EXAME FÍSICO ESPECIAL DAS MAMAS ▪ O exame clínico das mamas tem por objetivo detectar precocemente o câncer de mama. ▪ Deve-se aproveitar a oportunidade para orientar a paciente sobre o auto-exame das mamas. O exame não substitui o exame físico realizado por profissional de saúde treinado. ▪ Auto Exame das Mamas é o procedimento em que a mulher observa e palpa as próprias mamas e as estruturas anatômicas acessórias, visando a detectar mudanças ou anormalidades que possam indicar a presença de um câncer. AUTO EXAME DAS MAMAS ▪ É realizado pela própria mulher mensalmente após o período menstrual: a partir do 7º dia, após o 1º dia da menstruação. ▪ Para as mulheres que se encontram no período da pós- menopausa, aconselha-se realizar o auto-exame das mamas em um dia fixo do mês. ▪ Para aquelas que estão amamentando, sempre após esvaziar a mama (após a amamentação). ▪ As mulheres deverão palpar as mamas, nas posições deitada e em pé, e observar a aparência e o contorno das mamas na frente do espelho. EXAME FÍSICO ESPECIAL DAS MAMAS ▪ Inspeção estática ▪ Inspeção dinâmica ▪ Palpação ▪ Expressão ou Pesquisa de descarga papilar *somente mediante queixa de perda líquida pelo mamilo INSPEÇÃO ESTÁTICA ▪ Essa inspeção deverá ser realizada com a mulher com os membro superiores ao longo do corpo, sentada, tronco desnudo, voltada para o enfermeiro e para a fonte de luz. Atentar para: ▪ Número (amastia, polimastia, atelia, politelia), ▪ Simetria (pode haver assimetria em casos de escoliose dorsolombar, inflamações ou tumores), ▪ Volume (hipertrofias das mamas podem ser encontradas em inflamações, traumatismos e tumores), ▪ Forma (cônica, esférica e pendular), INSPEÇÃO ESTÁTICA ▪ Consistência (túrgidas e flácidas), ▪ Contorno (deve apresentar forma de arco, atentar para casos de protuberâncias, achatamento localizado, retração e depressão) ▪ Modificações da pele (podem ser fisiológicas – rede de Hller e víbices – ou patológicas – pele em casca de laranja, pregueamento da pele) ▪ Modificações do mamilo (retração, ulcerações, descamação, desnivelamento e fissuras) INSPEÇÃO DINÂMICA ▪ Paciente sentada: o enfermeiro solicita à mulher que eleve os braços e, após, coloque as mãos no quadril, imprimindo movimentos e contrações musculares para diante. ▪ A contração muscular favorece a visualização de alterações (nódulos mamários) imperceptíveis à inspeção estática. PALPAÇÃO ▪ Deve estender-se desde a linha médio-esternal até a linha axilar posterior e bem dentro da axila. ▪ Desde a clavícula até a prega inframamária, palpando-se o prolongamento axilar (prolongamento de Spencer). ▪ Para facilitar a palpação, pode-sedividir a mama imaginariamente em 4 quadrantes, passando uma linha vertical e outra horizontal sobre o mamilo (para que nenhuma parte seja esquecida), ou realiza-la de forma circular, iniciando de fora para dentro (até a região areolar) ou vice-versa. PALPAÇÃO ▪ A palpação pode também ser realizada em ziguezague no sentido horizontal em dois momentos: ▪ Mulher sentada (pesquisa de linfonodos) – palpação segundo a técnica de Bailey: com a mulher em frente ao enfermeiro, segura-se com a mão direita o braço direito da mulher, que deve ser mantido em posição horizontal e apoiado sobre o braço direito do enfermeiro, de modo a deixar livre o acesso à região axilar. PALPAÇÃO ▪ Palpa-se a axila com a mão oposta, aprofundando-se tanto quanto possível à procura de linfonodos: número, volume, localização, sensibilidade, consistência e mobilidade. ▪ O mesmo procedimento é realizado com o braço esquerdo. ▪ A seguir, examina-se as regiões supra e infraclaviculares e as regiões laterais do pescoço. PALPAÇÃO ▪ Mulher deitada: em decúbito dorsal com as mãos cruzadas atrás da nuca (se necessário, colocar uma toalha dobrada sob a região escapular do lado que está sendo realizado o exame). Devem-se utilizar os métodos clássicos de palpação: ▪ Bloodgood: usam-se as polpas digitais (como se estivesse tocando um piano) a fim de perceber tumores de menor diâmetro. PALPAÇÃO ▪ Velpeau: mão espalmada sobre a mama, comprimindo-a de encontro à parede torácica, para evidenciar a presença de nódulos de maior diâmetro. Por causa do achatamento da mama sobre o gradil costa, nesta posição (deitada com as mãos atrás da nuca) evidenciam-se melhor tumores de pequeno tamanho e localização mais profunda. EXPRESSÃO ▪ A descarga papilar só deve ser realizada mediante queixa de extrusão de líquido pelo mamilo. ▪ A expressão deve ser suave. ▪ Com os dedos indicador e polegar, faz-se a expressão a partir da base (limite) da aréola. ▪ Caso ocorra saída de secreção, deve-se proceder à coleta de material para citologia. ▪ A presença de secreção pode significar processo inflamatório, lesão benigna ou maligna. EXPRESSÃO ▪ Atentar para as características da secreção, que pode ser serosa, límpida (tipo água de rocha), sanguinolenta ou branca (tipo leite). ▪ As secreções sanguinolentas e tipo água de rocha, que drenam espontaneamente, de apenas uma mama, por mais de um ducto lactífero, são as mais preocupantes. EXAME FÍSICO DO ABDOME ▪ Ausculta da peristalse presente ou ausente ou débil ▪ Inspeção: Plano, Globoso, Escavado ▪ Palpação: Normotenso ou Tenso ▪ Dor: Indolor ou doloroso ▪ Presença de cicatriz cirúrgica EXAME FÍSICO ESPECIAL DA GENITÁLIA ▪ O objetivo é a detecção precoce de alterações tratáveis por meio das intervenções de enfermagem (incluindo encaminhamento a outros profissionais quando necessário) e coleta de material para realização da colpocitologia oncótica. EXAME DOS ÓRGÃOS GENITAIS EXTERNOS ▪ Posição da paciente: ginecológica. ▪ Recomendar que a paciente urine e utilize avental adequado. ▪ Observação da vulva nos seguintes aspectos: condições de higiene, presença de lacerações e ulcerações (decorrentes de prurido ou corrimento), aumento das glândulas de Skene (ou parauretrais), aumento da secreção que flui pela vagina (observar características do corrimento), varizes vulvares, presença de vesículas (herpes genital, coloração e implantação dos pêlos). EXAME DOS ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS ▪ Realiza-se esse procedimento por meio do exame especular e do toque vaginal. ▪ Durante o exame, também pode ser coletado material para a colpocitologia oncótica, exame colpocitopatológico, também denominado exame “preventivo” ou teste de Papanicolau. EXAME DOS ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS ▪ Toque vaginal simples digital: realizado com os dedos indicador e médio de uma das mãos. ▪ Possibilita avaliar assoalho perineal e sua tonicidade, modificações da vagina e do colo uterino, além de suas características de normalidade. EXAME DOS ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS ▪ Toque vaginal combinado: Feito com duas mãos: uma vaginal e a outra abdominal. ▪ Possibilita avaliar todas as características da vagina e do colo uterino, assim como aquelas do trato genital superior (útero e anexos). EXAME DOS ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS ▪ Exame especular: Realiza-se esse exame com instrumento denominado espéculo, com a finalidade de visualizar as partes acessíveis do aparelho genital (vagina e colo uterino). ▪ Coloca-se o espéculo obliquamente à vulva livrando o meato urinário e a fúrcula do contato com o aparelho, por serem muito sensíveis. ▪ As colheres do espéculo devem permanecer no canal vaginal no sentido ântero-posterior. ▪ Em caso de coleta de material para colpocitologia oncótica o exame especular deve preceder o toque vaginal. CORRIMENTO VAGINAL COLPITES E CERVICITES CORRIMENTO VAGINAL ▪ Define-se Colpite ou Vaginite como sendo a inflamação do epitélio vaginal. ▪ Os processos inflamatórios da vulva são denominados vulvite. ▪ Quando o processo inflamatório incluem vagina e vulva são denominados vulvovaginite. ▪ Cervicite ou Endocervicite é a inflamação da mucosa endocervical, excluindo-se os processos inflamatórios que afetam a ectocervice. CORRIMENTO VAGINAL ▪ Considerado um dos problemas ginecológicos mais comuns, o corrimento vaginal caracteriza-se por irritação vaginal com secreção anormal, odor desagradável ou não, podendo ser acompanhado de coceira, ardor na vagina ou vontade mais frequente de urinar. ▪ Podem ser causados por infecções virais, vulvites e vulvovaginites, infecções cervicais do colo do útero e doenças sexualmente transmissíveis. CORRIMENTO VAGINAL Os corrimentos mais comuns são: ▪ Vaginites (Candidíase) ▪ Tricomoníase ▪ Vaginose bacteriana (decorrente do desequilíbrio da microbiota vaginal, sendo causada pelo crescimento excessivo de bactérias anaeróbias) ▪ Cervicites ▪ Atrófica (pós-menopausadas) CORRIMENTO VAGINAL ▪ As causas não infecciosas do corrimento vaginal incluem: material mucoide fisiológico, vaginite inflamatória descamativa, vaginite atrófica (mulheres na pós- menopausa), presença de corpo estranho, entre outros. ▪ Outras patologias podem causar prurido vulvovaginal sem corrimento, como dermatites alérgicas ou irritativas (sabonetes, perfumes, látex) ou doenças da pele (líquen simples crônico, psoríase). ▪ A mulher pode apresentar concomitantemente mais de uma infecção, ocasionando assim corrimento de aspecto inespecífico. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS PARA CORRIMENTO VAGINAL ▪ 1. pH vaginal: normalmente é menor que 4,5, sendo os Lactobacillus spp. predominantes na flora vaginal. ▪ Esse método utiliza fita de pH na parede lateral vaginal, comparando a cor resultante do contato do fluido vaginal com o padrão da fita. ▪ pH > 4,5: vaginose bacteriana ou tricomoníase ▪ pH < 4,5: candidíase vulvovaginal MÉTODOS DIAGNÓSTICOS PARA CORRIMENTO VAGINAL ▪ 2. Teste de Whiff (teste das aminas ou “do cheiro”): coloca-se uma gota de KOH a 10% sobre o conteúdo vaginal depositado numa lâmina de vidro. ▪ Se houver “odor de peixe”, o teste é considerado positivo e sugestivo de vaginose bacteriana. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS PARA CORRIMENTO VAGINAL ▪ 3. Exame a fresco: em lâmina de vidro, faz-se um esfregaço com amostra de material vaginal e uma gota de salina, cobrindo-se a preparação com lamínula. ▪ O preparado é examinado sob objetiva com aumento de 400x, observando-se a presença de leucócitos, células parabasais, Trichomonas sp. móveis, leveduras e/ou pseudo-hifas. ▪ Os leucócitos estão presentes em secreções vaginais de mulheres com candidíase vulvovaginale tricomoníase. MÉTODOS DIAGNÓSTICOS PARA CORRIMENTO VAGINAL ▪ 4. Bacterioscopia por coloração de Gram: a presença de clue cells, células epiteliais escamosas de aspecto granular pontilhado e bordas indefinidas cobertas por pequenos e numerosos cocobacilos, é típica de vaginose bacteriana. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL ▪ É a infecção da vulva e vagina, causada por um fungo comensal que habita a mucosa vaginal e digestiva, o qual cresce quando o meio se torna favorável ao seu desenvolvimento. ▪ A relação sexual não é a principal forma de transmissão, visto que esses microrganismos podem fazer parte da flora endógena em até 50% das mulheres assintomáticas. ▪ Cerca de 80% a 90% dos casos são devidos à C. albicans e de 10% a 20% a outras espécies (C. tropicalis, C. glabrata, C. krusei, C. parapsilosis). CANDIDÍASE VULVOVAGINAL ▪ Embora a candidíase vulvovaginal não seja transmitida sexualmente, é vista com maior frequência em mulheres em atividade sexual, provavelmente, devido a microrganismos colonizadores que penetram no epitélio via microabrasões. ▪ Raramente incide antes da menarca, sendo também pouco frequente após a menopausa, confirmando sua nítida dependência hormonal. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL Os sinais e sintomas podem se apresentar isolados ou associados, e incluem: ▪ Prurido vulvovaginal (principal sintoma, e de intensidade variável); ▪ Disúria; ▪ Dispareunia; ▪ Corrimento branco, grumoso e com aspecto caseoso (“leite coalhado”); ▪ Hiperemia; ▪ Edema vulvar; ▪ Fissuras e maceração da vulva; ▪ Placas brancas ou branco-acinzentadas, recobrindo a vagina e colo uterino. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL Fatores que predispõem à infecção vaginal por Candida sp.: ▪ Gravidez; ▪ Diabetes mellitus (descompensado); ▪ Obesidade; ▪ Uso de contraceptivos orais; ▪ Uso de antibióticos, corticoides, imunossupressores ou quimio/radioterapia; ▪ Hábitos de higiene e vestuário que aumentem a umidade e o calor local; ▪ Contato com substâncias alergênicas e/ou irritantes (ex.: talcos, perfumes, sabonetes ou desodorantes íntimos); ▪ Alterações na resposta imunológica (imunodeficiência), incluindo a infecção pelo HIV. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL ▪ As parcerias sexuais não precisam ser tratadas, exceto os sintomáticos (uma minoria de parceiros sexuais do sexo masculino que podem apresentar balanite e/ou balanopostite, caracterizada por áreas eritematosas na glande do pênis, prurido ou irritação, têm indicação de tratamento com agentes tópicos). CANDIDÍASE VULVOVAGINAL ▪ A candidíase vulvovaginal recorrente (4 ou mais episódios sintomáticos em 1 ano) afeta cerca de 5% das mulheres em idade reprodutiva. ▪ Nesses casos, devem-se investigar causas sistêmicas predisponentes, tais como diabetes mellitus, infecção pelo HIV, uso de corticoide sistêmico e imunossupressão. ▪ Entre mulheres vivendo com HIV, baixas contagens de linfócitos T-CD4+ e altas cargas virais estão associadas com incidência aumentada de vulvovaginite por Candida spp. ▪ O tratamento é o mesmo recomendado para pacientes não infectados pelo HIV. ▪ Os episódios respondem bem ao tratamento oral de curta duração ou terapia tópica. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL ▪ O microorganismo adere às células epiteliais, especialmente em pH vaginal ácido <4,5. ▪ O pH vaginal varia durante o ciclo evolutivo e hormonal da mulher, estando mais baixo (pH 3,5 a 4,5) no período ovulatório e pré-menstrual, aumentando gradativamente após a instalação da menopausa, chegando a níveis básicos (pH 7 a 7,5) próximo à senilidade. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL ▪ Os sintomas podem exacerbar-se no período pré- menstrual e pós relação sexual. ▪ Geralmente melhoram com a alcalinização do meio, pela menstruação. ▪ O exame físico demonstra vulva com edema e/ou eritema e fissuras. ▪ A vagina encontra-se com hiperemia e aumento do conteúdo vaginal de aspecto grumoso, muitas vezes aderido à parede vaginal. CANDIDÍASE VULVOVAGINAL ▪ O diagnóstico do corrimento vaginal pode ser realizado por teste do pH vaginal, em que são mais comuns valores < 4,5, e/ou por bacterioscopia, com a visualização de leveduras e/ou pseudo-hifas. ▪ O aspecto “típico” ao exame especular pode ser suficiente para o diagnóstico. TRATAMENTO PARA CANDIDÍASE VULVOVAGINAL CANDIDÍASE VULVOVAGINAL Medidas gerais, além de adjuvantes ao tratamento principal, ajudam na profilaxia das recidivas: ▪ Evitar doces, refrigerantes, vinho, leite e derivados ▪ Evitar desodorante íntimo, absorventes e uso de roupas sintéticas justas ▪ Higiene adequada ▪ Alcalinização do pH vaginal com banho de assento, contendo bicarbonato de sódio (2 colheres de sopa para 1L de água morna), 2 vezes ao dia, durante 7 dias. VAGINOSE BACTERIANA ▪ É caracterizada por um desequilíbrio da microbiota vaginal normal, com diminuição acentuada ou desaparecimento de lactobacilos acidófilos (Lactobacillus spp) e aumento de bactérias anaeróbias (Prevotella sp. e Mobiluncus sp.), G. vaginalis, Ureaplasma sp., Mycoplasma sp., e outros. ▪ É a causa mais comum de corrimento vaginal, afetando cerca de 10% a 30% das gestantes e 10% das mulheres atendidas na atenção básica. ▪ Em alguns casos, pode ser assintomática. VAGINOSE BACTERIANA Os sinais e sintomas incluem: ▪ Corrimento vaginal fétido, mais acentuado após a relação sexual sem o uso do preservativo, e durante o período menstrual; ▪ Corrimento vaginal branco-acinzentado, de aspecto fluido ou cremoso, algumas vezes bolhoso; ▪ Dor à relação sexual (pouco frequente). VAGINOSE BACTERIANA ▪ Não é uma infecção de transmissão sexual, mas pode ser desencadeada pela relação sexual em mulheres predispostas (o contato com o esperma, que apresenta pH elevado, contribui para o desequilíbrio da microbiota vaginal). ▪ O uso de preservativo pode ter algum benefício nos casos recidivantes. VAGINOSE BACTERIANA ▪ A vaginose bacteriana aumenta o risco de aquisição das IST (incluindo o HIV), e pode trazer complicações às cirurgias ginecológicas e à gravidez (associada com ruptura prematura de membranas, corioamnionite, prematuridade e endometrite pós-cesárea). ▪ Quando presente nos procedimentos invasivos, como curetagem uterina, biópsia de endométrio e inserção de dispositivo intrauterino (DIU), aumenta o risco de DIP. VAGINOSE BACTERIANA O diagnóstico clínico-laboratorial de vaginose bacteriana se confirma quando estiverem presentes 3 dos critérios de Amsel): ▪ Corrimento vaginal homogêneo, geralmente acinzentado e de quantidade variável; ▪ pH vaginal > 4,5; ▪ Teste de Whiff ou teste da amina (KOH 10%) positivo; ▪ Presença de clue cells na bacterioscopia corada por Gram. TRATAMENTO PARA VAGINOSE BACTERIANA TRICOMONÍASE ▪ A tricomoníase é causada pelo T. vaginalis (protozoário flagelado), tendo como reservatório o colo uterino, a vagina e a uretra. ▪ A prevalência varia entre 10% a 35%, conforme a população estudada e o método diagnóstico. TRICOMONÍASE Os sinais e sintomas são: ▪ Corrimento abundante, amarelado ou amarelo esverdeado, bolhoso; ▪ Prurido e/ou irritação vulvar; ▪ Dor pélvica (ocasionalmente); ▪ Sintomas urinários (disúria, polaciúria); ▪ Hiperemia da mucosa (colpite difusa e/ou focal, com aspecto de framboesa). TRICOMONÍASE ▪ O diagnóstico da tricomoníase é feito por meio da visualização dos protozoários móveis em material do ectocérvice, por exame bacterioscópico a fresco ou pela coloração de Gram, Giemsa, Papanicolaou, entre outras. ▪ Na tricomoníase vaginal pode haver alterações morfológicas celulares, alterando a classe do exame citopatológico, o qual deve ser repetido 3 meses após o tratamento para avaliar a persistência dasalterações. TRATAMENTO PARA TRICOMONÍASE CERVICITES ▪ Cervicite ou endocervicite é a inflamação da mucosa endocervical, excluindo-se os processos inflamatórios que afetam a ectocérvice. ▪ São classificadas em gonocócicas ou não gonocócicas, levando em consideração o seu agente etiológico. ▪ Apresentam corrimento uretral. CORRIMENTO URETRAL ▪ O corrimento uretral pode ter aspecto que varia de mucoide a purulento, com volume variável, estando associado a dor uretral (independentemente da micção), disúria, estrangúria (micção lenta e dolorosa), prurido uretral e eritema de meato uretral. ▪ Entre os fatores associados às uretrites, foram encontrados: idade jovem, baixo nível socioeconômico, múltiplas parcerias ou nova parceria sexual, histórico de IST e uso irregular de preservativos. CORRIMENTO URETRAL ▪ Os agentes etiológicos mais importantes do corrimento uretral são a Neisseria gonorrhoeae e a Chlamydia trachomatis. ▪ Outros agentes, como T. vaginalis, U. urealyticum, enterobactérias (nas relações anais), M. genitalium, vírus do herpes simples (HSV, do inglês Herpes Simplex Virus), adenovírus e Candida spp. são menos frequentes. ▪ Causas traumáticas (produtos e objetos utilizados na prática sexual) devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de corrimento uretral. CORRIMENTO URETRAL Uretrite gonocócica: ▪ É um processo infeccioso e inflamatório da mucosa uretral, causado pela N. gonorrhoeae (diplococo Gram negativo intracelular). ▪ O risco de transmissão de um parceiro infectado a outro é de 50% por ato sexual. ▪ Os sinais e sintomas são determinados pelos locais primários de infecção (membranas mucosas da uretra, endocérvice, reto, faringe e conjuntiva). CORRIMENTO URETRAL ▪ A gonorreia é frequentemente assintomática em mulheres e também quando ocorre na faringe e no reto. ▪ A infecção uretral no homem pode ser assintomática em menos de 10% dos casos. Nos casos sintomáticos, há presença de corrimento em mais de 80% e/ou disúria (> 50%). ▪ O período de incubação é cerca de 2 a 5 dias após a infecção. CORRIMENTO URETRAL ▪ O corrimento mucopurulento ou purulento é frequente. ▪ Raramente, há queixa de sensibilidade aumentada no epidídimo e queixas compatíveis com balanite (dor, prurido, hiperemia da região prepucial, descamação da mucosa e, em alguns casos, material purulento e de odor desagradável no prepúcio). ▪ As complicações no homem ocorrem por infecção ascendente a partir da uretra (orqui-epididimite e prostatite). CORRIMENTO URETRAL ▪ A infecção retal é geralmente assintomática, mas pode causar corrimento retal (12%) ou dor/ desconforto perianal ou anal (7%). A infecção de faringe, tanto em homens como em mulheres, é habitualmente assintomática (> 90%). ▪ A infecção gonocócica disseminada é rara (< 1%); resulta da disseminação hemática a partir das membranas mucosas infectadas e causa febre, lesões cutâneas, artralgia, artrite e tenossinovite sépticas. CORRIMENTO URETRAL ▪ Pode também causar, raramente, endocardite aguda, pericardite, meningite e peri-hepatite. ▪ Acomete mais as mulheres, sendo associada à infecção assintomática persistente, e o maior risco é durante o período menstrual, gravidez e pós-parto imediato. CORRIMENTO URETRAL Uretrite não gonocócica: ▪ É a uretrite sintomática cuja bacterioscopia pela coloração de Gram e/ou cultura são negativas para o gonococo. Vários agentes têm sido responsabilizados por essas infecções, como Chlamydia trachomatis, U. urealyticum, Mycoplasma hominis e T. vaginalis, entre outros. ▪ A infecção por clamídia no homem é responsável por aproximadamente 50% dos casos de uretrite não gonocócica. CORRIMENTO URETRAL ▪ A transmissão ocorre pelo contato sexual (risco de 20% por ato), sendo o período de incubação, no homem, de 14 a 21 dias. ▪ Estima-se que dois terços das parceiras estáveis de homens com uretrite não gonocócica hospedem a C. trachomatis na endocérvice. ▪ Podem reinfectar seu parceiro sexual e desenvolver quadro de DIP se permanecerem sem tratamento. CORRIMENTO URETRAL ▪ A uretrite não gonocócica caracteriza-se, habitualmente, pela presença de corrimentos mucoides, discretos, com disúria leve e intermitente. ▪ A uretrite subaguda é a forma de apresentação de cerca de 50% dos pacientes com uretrite causada por C. trachomatis. ▪ Entretanto, em alguns casos, os corrimentos das uretrites não gonocócicas podem simular, clinicamente, os da gonorreia. ▪ As uretrites causadas por C. trachomatis podem evoluir para: prostatite, epididimite, balanite, conjuntivite (por autoinoculação) e síndrome uretro-conjuntivo-sinovial ou síndrome de Reiter. CORRIMENTO URETRAL Uretrites persistentes: ▪ Os pacientes com diagnóstico de uretrite devem retornar ao serviço de saúde entre sete e 10 dias após o término do tratamento. Os sinais e sintomas persistentes ou recorrentes de uretrite podem resultar de resistência bacteriana, tratamento inadequado, não adesão ao tratamento e reinfecção. ▪ Nesses casos, deve-se realizar a avaliação, principalmente, por meio da história clínica. Descartadas tais situações, devem-se pesquisar agentes não suscetíveis ao tratamento anterior (ex.: T. vaginalis, M. genitalium e U. urealyticum). CORRIMENTO URETRAL ▪ Outras causas não infecciosas de uretrites, como trauma (ordenha continuada), instrumentalização e inserção de corpos estranhos intrauretrais ou parauretrais (piercings), e irritação química (uso de certos produtos lubrificantes e espermicidas) devem ser consideradas no diagnóstico diferencial de uretrites persistentes. CORRIMENTO URETRAL O diagnóstico das uretrites pode ser realizado com base em um dos seguintes sinais e sintomas ou achados laboratoriais: ▪ Drenagem purulenta ou mucopurulenta ao exame físico; ▪ Bacterioscopia pela coloração Gram de secreção uretral, apresentando > 5 polimorfonucleares (PMN) em lâmina de imersão. ▪ A coloração de Gram é preferível por se tratar de método rápido para o diagnóstico de gonorreia em homens sintomáticos com corrimento uretral. ▪ A infecção gonocócica é estabelecida pela presença de diplococos Gram-negativos intracelulares em leucócitos polimorfonucleares; CORRIMENTO URETRAL ▪ Teste positivo de esterase leucocitária na urina de primeiro jato ou exame microscópico de sedimento urinário de primeiro jato, apresentando > 10 PMN por campo. ▪ Se nenhum dos critérios acima estiver presente, a pesquisa de N. gonorrhoeae e C. trachomatis pode ser realizada pelos NAAT6, métodos de biologia molecular que têm elevada sensibilidade e especificidade quando comparados com os demais e podem identificar essas infecções associadas. ▪ Tais métodos, entretanto, exigem sofisticada estrutura laboratorial, profissionais com qualificação em técnicas de biologia molecular, e são onerosos. TRATAMENTO PARA CORRIMENO URETRAL VAGINITE ATRÓFICA ▪ Consiste na reação inflamatória da mucosa vaginal da mulher senil. ▪ Não apresenta um agente etiológico animado e se deve primordialmente a menopausa, já que os ovários vão declinando gradativamente a sua função de síntese de esteroides sexuais, fazendo com que a vagina perca o trofismo. VAGINITE ATRÓFICA ▪ Com a falta de estrogênio circulante, as células da mucosa vaginal deixam de armazenar glicogênio, que, portanto, deixa de ser desdobrado em ácido lático pelos bacilos de Doordelin. ▪ Com isso, o pH vaginal fica menos ácido, tendendo a básico, tornando-se suscetível às infecções secundárias. VAGINITE ATRÓFICA ▪ Os sinais e sintomas mais comuns são a dispareunia, fluxo vaginal inespecífico, muitas vezes tingido por sangue. ▪ Ao exame especular, a mucosa vaginal apresenta-secom características de atrofia: pálida, lisa, brilhante, sem as rugosidades normais, ausência de elasticidade, ausência de lubrificação e podem ser verificadas petéquias, equimoses ou até ulcerações. VAGINITE ATRÓFICA ▪ O diagnóstico, via de regra, é feito pelo exame colpocitológico que mostra um esfregaço atrófico, com células basais, leucócitos e bactérias. ▪ Em todas as mulheres idosas com leucorréia sanguinolenta, o diagnóstico diferencial com câncer cervical é obrigatório e, em alguns casos, a curetagem uterina e exame histopatológico do material obtido são necessários. VAGINITE ATRÓFICA ▪ O tratamento, quando afastada a possibilidade de existir uma neoplasia maligna, consiste na aplicação de estrogênio tópico e Terapia de reposição hormonal. ▪ É importante a indicação de um lubrificante vaginal, que pode ser utilizado na mulher e/ou no parceiro, para diminuir a dispareunia pela ausência de lubrificação vaginal. VAGINOSE CITOLÍTICA ▪ É a vaginose causada pelos bacilos de Doordelin, apresentando sintomatologia semelhante à candidíase, ou seja, secreção vaginal, prurido vaginal, ardor e dispareunia de introito. VAGINOSE CITOLÍTICA ▪ Considera-se que as substâncias irritativas oriundas do citoplasma de células intermediárias lisas pelas atividades das bactérias, seriam as responsáveis pela sintomatologia. ▪ Entre os fatores coadjuvantes para o aparecimento da vaginose citolítica encontram-se a gestação; diabetes melitus; alta ingestão de glicídios e a fase lútea do ciclo ovariano. VAGINOSE CITOLÍTICA ▪ O diagnóstico é feito pela presença de sintomatologia na ausência de Trichomonas, Gardnerella, Cândida, Mobiluncus, etc, em exames complementares, associado ao número aumentado de lactobacilos, reduzido de leucócitos e citólise. VAGINOSE CITOLÍTICA ▪ O tratamento ideal é feito com alcalinização do meio vaginal com bicarbonato de sódio (2 colheres de sopa para 1L de água). ▪ Para alguns autores deve-se empregar este tratamento através de duchas vaginais 3 vezes por semana, para outros, através de banho de assento. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ▪ A DIP é uma síndrome clínica atribuída à ascensão de microrganismos do trato genital inferior, espontânea ou devida a manipulação (inserção de DIU, biópsia de endométrio, curetagem, entre outros), comprometendo o endométrio (endometrite), trompas de Falópio, anexos uterinos e/ou estruturas contíguas (salpingite, miometrite, ooforite, parametrite, pelviperitonite). DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ▪ Constitui uma das mais importantes complicações das IST e um sério problema de saúde pública, sendo comum em mulheres jovens com atividade sexual desprotegida. ▪ Está associada a sequelas importantes em longo prazo, causando morbidades reprodutivas que incluem infertilidade por fator tubário, gravidez ectópica e dor pélvica crônica (em 18% dos casos). DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ▪ Mulheres que já tiveram um episódio de DIP têm chance de 12% a 15% de ter gravidez ectópica no futuro. ▪ A taxa de infertilidade é de 12% a 50%, aumentando com o número de episódios. Estima-se um caso de DIP para cada 8 a 10 casos de pacientes com cervicite por algum dos patógenos elencados a seguir. ▪ A mortalidade, após o uso adequado dos antibióticos, reduziu-se praticamente a zero nos países desenvolvidos. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ▪ Entre os microrganismos sexualmente transmissíveis, merecem destaque C. trachomatis e N. gonorrhoeae. ▪ No entanto, bactérias facultativas anaeróbias (ex.: G. vaginalis, H. influenza, S. agalactiae, entre outros), que compõem a flora vaginal, também têm sido associadas à DIP. ▪ Além disso, CMV, M. genitalium, M. hominis e U. urealyticum podem ser associados com alguns casos de DIP. ▪ Todas as mulheres que têm DIP aguda devem ser rastreadas para N. gonorrhoeae e C. trachomatis e testadas para HIV, sífilis e hepatites virais. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) Os fatores de risco para DIP incluem: ▪ IST prévias ou atuais: pessoas com infecção por clamídia, micoplasmas e/ou gonococos na cérvice uterina apresentam um risco aumentado de DIP. ▪ A infecção por C. trachomatis pode levar ao desenvolvimento de infecção do trato genital superior a partir de cervicite, em até 30% dos casos. ▪ Pacientes com salpingite prévia têm uma chance aumentada em 23% de desenvolver um novo episódio infeccioso; DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ▪ Múltiplas parcerias sexuais e parceria sexual atual com uretrite; ▪ Uso de método anticoncepcional: o DIU pode representar um risco três a cinco vezes maior para o desenvolvimento de DIP, se a paciente for portadora de cervicite. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ▪ O diagnóstico clínico de DIP é baseado em critérios maiores, menores e elaborados, apresentados no Quadro 16. Os critérios elaborados podem aumentar a especificidade desse diagnóstico. Para a confirmação clínica de DIP, é necessária a presença de: ▪ 3 critérios maiores + 1 critério menor; ▪ OU ▪ 1 critério elaborado. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ▪ Os sintomas de sangramento vaginal anormal em pouca quantidade (spotting), dispareunia, corrimento vaginal, dor pélvica ou dor no abdome inferior, além de dor à mobilização do colo do útero ao toque, podem estar presentes na DIP. ▪ A ocorrência de spotting em usuárias de anticoncepcional de baixa dosagem é comum e pode ser indicativa de DIP, devendo ser investigada. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ▪ Nas formas sintomáticas de DIP, o diagnóstico diferencial deverá ser feito mediante manifestações uroginecológicas, gastrointestinais e esqueléticas. ▪ Portanto, o profissional de saúde deve ter um elevado nível de suspeição na presença de um ou mais critérios mínimos diagnósticos, com o intuito de implantar terapêutica precoce e evitar sequelas. DOENÇA INFLAMATÓRIA PÉLVICA (DIP) ▪ Os diagnósticos diferenciais de DIP incluem: gravidez ectópica, apendicite aguda, infecção do trato urinário, litíase ureteral, torção de tumor cístico de ovário, torção de mioma uterino, rotura de cisto ovariano, endometriose (endometrioma roto), diverticulite, entre outros. VIOLÊNCIA SEXUAL VIOLÊNCIA SEXUAL E IST ▪ A violência sexual, independentemente do sexo e da idade, deve ser considerada uma prioridade na assistência, devido aos danos psicossociais, à gravidez indesejada e ao risco de aquisição de HIV, Infecções Sexualmente Transmissíveis e hepatites virais. PREVENÇÃO DAS IST NA VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ Em âmbito nacional, destaca-se a Lei nº 12.845/2013, que dispõe sobre o atendimento obrigatório e integral de pessoas em situação de violência sexual, e ainda as Leis de Notificação Compulsória no caso de violência contra mulheres, crianças, adolescentes e pessoas idosas atendidas em serviços de saúde públicos ou privados (Lei nº 10.778/2003, Lei nº 8.069/1990, Lei nº 10.741/2003), a Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), entre outros. VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ O estupro é definido como o ato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso, sendo crime previsto no artigo 213 do Código Penal Brasileiro. ▪ A real frequência desse ato criminoso é desconhecida, uma vez que as vítimas hesitam em informá-lo, devido à humilhação, medo, sentimento de culpa e desconhecimento das leis. VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ O atendimento à vítima de estupro é complexo, necessitando idealmente de cuidados de uma equipe multidisciplinar familiarizada com casos similares. ▪ Quando praticado durante a gravidez, representa fator de risco para saúde da mulher e do feto, por aumentara possibilidade de complicações obstétricas, abortamento e RN de baixo peso. VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ O medo de ter contraído infecção pelo HIV aumenta a ansiedade das pessoas expostas. Os pacientes devem ser informados sobre a necessidade de: ▪ Receber atendimento clínico-laboratorial, psicológico e social imediato; ▪ Buscar providências policiais e judiciais cabíveis (mas caso a vítima não o faça, não lhe pode ser negado atendimento); VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ Receber profilaxia da gravidez, das IST não virais e do HIV; ▪ Receber vacinação e imunização passiva para HBV; ▪ Colher imediatamente material para avaliação do status sorológico de sífilis, HIV, HBV (vírus da hepatite B) e HCV (vírus da hepatite C), para seguimento e conduta específica; ▪ Agendar retorno para seguimento sorológico após 30 dias e acompanhamento clínico-laboratorial, psicológico e social, se necessário. VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ A prevalência de IST em situações de violência sexual é elevada, e o risco de infecção depende de diversas variáveis, como o tipo de violência sofrida (vaginal, anal ou oral), o número de agressores, o tempo de exposição (única, múltipla ou crônica), a ocorrência de traumatismos genitais, a idade e a susceptibilidade da mulher, a condição himenal e a presença de IST ou úlcera genital prévia. VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ No atendimento à mulher, que corresponde à maioria dos casos de violência sexual, deve-se colher material de conteúdo vaginal para diagnóstico de tricomoníase, gonorreia e clamídia. ▪ Além disso, coletam-se outros materiais, como fragmentos das vestes, para comparação com o DNA do agressor. VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ A profilaxia das IST não virais está indicada nas situações de exposição com risco de transmissão, independentemente da presença ou gravidade das lesões físicas e idade. ▪ Gonorreia, sífilis, infecção por clamídia, tricomoníase podem ser prevenidos com o uso de medicamentos de reconhecida eficácia. ▪ Algumas IST virais, como as infecções por HSV (vírus do herpes simples) e HPV, ainda não possuem profilaxias específicas. PROFILAXIA VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ Diferentemente do que ocorre na profilaxia da infecção pelo HIV, a prevenção das IST não virais pode ser eventualmente postergada, em função das condições de adesão, mas se recomenda a sua realização imediata, sempre que possível. ▪ Não deverão receber profilaxia pós-exposição sexual os casos de violência sexual em que ocorra exposição crônica e repetida – situação comum em violência sexual intrafamiliar – ou quando ocorra uso de preservativo, masculino ou feminino, durante todo o crime sexual. VIOLÊNCIA SEXUAL ▪ As crianças apresentam maior vulnerabilidade às IST, devido à imaturidade anatômica e fisiológica da mucosa vaginal, entre outros fatores. ▪ O diagnóstico de uma IST em crianças pode ser o primeiro sinal de abuso sexual e deve ser notificado e investigado. CLIMATÉRIO CONCEITOS E FASES DO CLIMATÉRIO ▪ Climatério é um termo comumente usado como sinônimo de menopausa, porém este último é um fenômeno que se define retroativamente, pois representa a cessação permanente das menstruações por um período de 12 meses de amenorreia, sendo o resultado da perda da função folicular dos ovários. ▪ Já, o termo climatério é utilizado para definir o período da vida reprodutiva da mulher durante o qual a menopausa ocorre. CLIMATÉRIO ▪ O climatério corresponde à transição da mulher do ciclo reprodutivo para o não reprodutivo, ocorrendo habitualmente entre os 40 e 65 anos. ▪ É uma fase biológica da vida da mulher e um período de mudanças psicossociais, de ordem afetiva, sexual, familiar, ocupacional, que podem afetar a forma como ela vive o climatério e responde a estas mudanças em sua vida. MENOPAUSA ▪ A menopausa, marco do período climatérico, é a interrupção permanente da menstruação e o diagnóstico é feito de forma retroativa, após 12 meses consecutivos de amenorreia, ocorrendo geralmente entre os 48 e 50 anos de idade. ▪ A menopausa pode ocorrer de forma precoce, antes dos 40 anos, a chamada falência ovariana precoce. DIVISÃO DO CLIMATÉRIO EM ESTÁGIOS ▪ Transição menopausal: vai dos 37 aos 46 anos. ▪ Perimenopausa: vai dos 46 aos 50 anos. ▪ Pós-menopausa: vai dos 51 aos 65 anos. ▪ Terceira idade: após os 65 anos de idade. ▪ Essas etapas compõem o climatério. CLIMATÉRIO ▪ A confirmação do climatério e da menopausa é eminentemente clínica, sendo desnecessárias dosagens hormonais. CLIMATÉRIO ▪ Muitas mulheres passam pelo climatério sem queixas, mas outras podem apresentar queixas diversificadas e com intensidades diferentes. ▪ Esta fase crítica da vida da mulher é um estágio importante e complexo que traz numerosas mudanças nos âmbitos físico, emocional e social. SINAIS E SINTOMAS DO CLIMATÉRIO ▪ Os sinais e sintomas do climatério podem ser classificados cronologicamente, ou seja, os que incidem a curto e a longo prazo. ▪ Dentre as manifestações iniciais, estão a irregularidade menstrual, os sintomas vasomotores (os fogachos, que frequentemente começam como uma sensação de pressão na cabeça, seguida pela sensação de calor na cabeça, no pescoço e no tórax, as palpitações e as ondas de calor), as manifestações atróficas no sistema geniturinário (prurido, dispareunia), as alterações da pele e as alterações psíquicas, que vão da fadiga à depressão. SINAIS E SINTOMAS DO CLIMATÉRIO ▪ As manifestações tardias são a osteoporose e as doenças cardiovasculares. CLIMATÉRIO ▪ A assistência de enfermagem à mulher climatérica deverá ser implementada em um contexto interdisciplinar, no qual a educação e a promoção da saúde das mulheres sejam prioridades, sempre com o objetivo de resgatar-lhes a autonomia e a qualidade de vida. ▪ Estimular hábitos de vida saudáveis. ▪ Abolição de tabagismo e etilismo. ▪ Dieta hipogordurosa, hiperprotéica e rica em cálcio. ▪ Controle de hipertensão arterial sistêmica e diabete melito. CLIMATÉRIO ▪ Em relação à terapia de regulação hormonal, a orientação e a prescrição deverão ser realizadas pelo médico.
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