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CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
Unidade 1: Aproximação temática – Conceito, objeto, histórico do Direito 
Penal e interdisciplinaridade (Criminologia e política criminal) 
 
* Conceito 1: “Direito Penal é a parte do ordenamento jurídico que estabelece e 
define o ‘fato-crime’, dispõe sobre quem deva por ele responder e, por fim, fixa 
as penas e medidas de segurança a serem aplicadas” (Francisco de Assis 
Toledo) 
 
* Conceito 2: “Direito Penal é a parte do ordenamento jurídico que fixa as 
características da ação criminosa, vinculando-lhe penas ou medidas de 
segurança” (Welzel) 
 
* Conceito 3: “Direito Penal é o conjunto de normas jurídicas que regulam o 
exercício do poder punitivo do Estado, associando ao delito, como pressuposto, 
a pena ou medida de segurança, como consequência” (Mezger) 
 
* Conceito 4: “O Direito Penal é o segmento do ordenamento jurídico que 
detém a função de selecionar os comportamentos humanos mais graves e 
perniciosos à coletividade, capazes de colocar em risco valores fundamentais 
para a convivência social, e descrevê-los como infrações penais, cominando-
lhes, em consequência, as respectivas sanções, além de estabelecer todas as 
regras complementares e gerais necessárias à sua correta e justa aplicação” 
(Fernando Capez) 
 
* Objeto: o jus puniendi (a forma de exercício e as limitações impostas) 
 
* Legitimação: teoria contratualista 
 
* Histórico do Direito Penal (Geral): 
 
- Noção: o direito de punir surge com a própria sociedade e, nos primeiros 
tempos, é fortemente marcado por ideias religiosas (o infrator tinha que ser 
punido para que fosse aplacada a ira dos deuses) => Confusão entre o Estado 
e religião (os reis eram também sacerdotes) 
 
- Fase da Vingança Privada: a pena é aplicada pelo próprio ofendido, por sua 
família ou pelo grupo (clã) a que pertence (não há proporção entre o agravo e a 
punição) 
 
- Fase da Vingança Divina: nessa etapa histórica, o direito de punir passa a ser 
incumbência dos sacerdotes, estando o direito predominantemente associado 
às ideias religiosas em vigor no contexto social considerado => O 
desconhecimento das causas de fenômenos naturais, como raios, trovões, 
enchentes e secas, fazia com que tais manifestações fossem interpretadas 
como fúria divina contra os povos da terra => Daí, a necessidade de aplacar-se 
a ira dos deuses, com a aplicação de penas corporais extremamente severas 
aos infratores 
 
- Fase da Vingança Pública: a partir de determinado momento histórico, o 
Estado toma, para si, o exercício monopolístico do direito de punir => A reação 
ao delito passa a ser incumbência estatal 
 
- O Direito Romano Clássico: (a) forte influência das ideias religiosas; (b) 
predominância do pater familias, que tinha o jus vitae et necis; (c) separação do 
Estado e religião, com a criação da República (509 a. C.); (d) a Lei das XII 
Tábuas: adoção do talião (Código de Hamurabi: 1780 a. C.) => limite da pena: 
“Olho por olho, dente por dente” (tal noção foi adotada no Antigo Testamento, 
como se pode ver das passagens constantes do Gênesis, I, 6: “Aquele que 
derramar o sangue de alguém será punido com a efusão do próprio sangue”, 
do Deuteronômio, XIX, 21: “Retribuirei vida por vida, olho por olho, dente por 
dente, mão por mão, pé por pé”, de Números, XXXV, 19: “O parente do morto 
matará o assassino” e do Levítico, XXIV, 17: “Todo aquele que fere 
mortalmente um homem será morto”); (e) desenvolvimento de noções 
importantes, como o erro, culpa, dolo, imputabilidade, legítima defesa, 
agravantes e atenuantes etc. 
 
- O Direito Germânico: (a) criação da composição, como forma de evitar a 
vingança privada (ênfase na reparação civil do dano); (b) preponderância da 
responsabilidade objetiva (punia-se o dano, independentemente de 
considerações a respeito do dolo ou culpa); (c) emprego das ordálias ou juízos 
de Deus (prova da água fervente, ferro em brasa etc.) e dos duelos judiciários, 
em que o vencedor era proclamado inocente 
 
- O Direito Canônico: (a) forte influência da Igreja sobre o governo civil; (b) 
dualidade de jurisdição: os tribunais eclesiásticos ocupavam-se do julgamento 
dos crimes religiosos (delicta eclesiastica), aos quais eram cominadas penas 
religiosas, como a penitência, a excomunhão etc.; aos tribunais leigos, cabia o 
julgamento dos crimes comuns (delicta mere secularia); havia, ainda, os delitos 
mistos, que ofendiam os dois valores e eram julgados por prevenção, pelo 
tribunal que primeiro conhecesse da questão; (c) mérito de ter proclamado a 
igualdade formal entre os homens; (d) instituição das penas detentivas, 
tributadas a duplo propósito: punir e possibilitar o arrependimento e 
consequente emenda da conduta; (e) ênfase no aspecto subjetivo do crime, 
com a inauguração da noção de culpabilidade; (f) abolição das ordálias e juízos 
de Deus 
 
- O Iluminismo: movimento iniciado no séc. XVII que buscou atribuir ao direito 
de punir um caráter mais racional e humanista, com a proscrição de penas 
degradantes, cruéis e de banimento (Cesare Beccaria, em 1764, escreveu “Dos 
delitos e das penas”): (a) defendeu leis claras e precisas; (b) combateu a pena 
de morte, os açoites e a tortura; e (c) propugnou por penas proporcionais à 
gravidade do delito 
 
- A Escola Clássica: (a) o crime é um ente jurídico; (b) responsabilidade penal 
fundada no livre-arbítrio, sendo a liberdade de querer um axioma para todo o 
sistema repressivo (capacidade moral de autodeterminação); (c) a pena é 
pautada na gravidade da conduta, atuando como retribuição jurídica necessária 
ao restabelecimento da ordem externa violada pelo crime; (d) método lógico-
abstrato no estudo do direito pena, pautado nos preceitos de direito natural 
 
- A Escola Positiva: (a) o crime é fenômeno natural e social, estando sujeito às 
influências do meio e aos múltiplos fatores que atuam sobre o comportamento 
(levam-se em conta, no estudo do Direito Penal, dados sensíveis da realidade, 
como fatores físicos, psicológicos e sociais); (b) a responsabilidade penal é 
responsabilidade social (ou seja, decorre do compromisso de cada um com o 
bem-estar da coletividade); (c) a pena deve corresponder ao grau de 
periculosidade do agente; (d) a pena é exclusivamente medida de defesa 
social, visando à recuperação do criminoso ou à sua neutralização, nos casos 
irrecuperáveis; (e) o criminoso é, sempre, psicologicamente um anormal, de 
forma temporária ou permanente, apresentando também, muitas vezes, 
defeitos físicos; (f) os criminosos podem ser classificados em tipos (ocasionais, 
habituais, natos, passionais e enfermos da mente)//Crítica: a Escola Positiva 
defende uma noção marcadamente determinista do crime, levando em conta as 
características pessoais do agente, com desprezo dos aspectos ligados ao fato 
criminoso//Trata-se, portanto, de teoria que defende o direito penal do autor, 
em detrimento da noção, hoje predominante, de direito penal do fato 
 
* Histórico do Direito Penal (no Brasil) 
 
- Direito indígena (baseado em tabus e crendices => Aproximava-se, muito, das 
chamadas vinganças privada e divina) 
 
- Ordenações do Reino [Afonsinas (1500), Manuelinas (1521) e Filipinas 
(1603)] => Características: (a) ausência de distinção entre moral, religião e 
direito; (b) penas degradantes e extremamente severas, como a morte na forca 
(especialmente para os crimes de lesa-majestade), degredo, banimento, 
desterro, confisco, escravidão e galés 
 
- Código Criminal do Império (1831) => Características: (a) texto primoroso; (b) 
influência sobre outros ordenamentos; (c) consagração dos princípios da 
anterioridade da lei penal, da individualização da pena e do juízo natural; (d) 
conteúdo fortemente liberal (respeito à liberdade de expressão e de crença) e 
humanista (proibição de algumas penas cruéis, como açoites, tortura e marca 
de ferro, e do confisco) => Foram, porém, mantidas apena de morte, pela 
forca, e as galés, além do banimento (sem local determinado), do degredo 
(com local determinado), do desterro (para fora do lugar do delito ou da 
principal residência do réu) => Manteve-se, também, a possibilidade de inflição 
de açoites aos escravos, que não eram considerados sujeitos de direitos 
 
- O Código Penal Republicano (1890) => Características: (a) forte influência da 
Escola Positiva (Lombroso); (b) seguidas tentativas de reforma; (c) constantes 
modificações, a gerar um amontoado de leis esparsas e incoerentes entre si; 
(d) méritos: acabou com a pena de morte e instituiu o regime penitenciário de 
caráter correicional 
 
- A Consolidação das Leis Penais (1932) => esforço de sistematização do 
direito penal, fragmentado em leis autônomas 
 
- O Código Penal de 1940 => Características: (a) resultado do trabalho de uma 
comissão de notáveis capitaneada pelo Min. Francisco Campos (“Chico 
Ciência”) e integrada por juristas do porte de Roberto Lyra e Nélson Hungria; 
(b) influência do Código Italiano (“Código Rocco”), de inspiração fascista; (c) 
ênfase na pena de prisão; (d) adoção do “duplo binário” 
 
- O Código Penal de 1969 => revogado, durante a vacatio legis de quase 10 
(dez) anos 
 
- A Reforma Penal de 1984: (a) abandono do sistema do duplo binário (adoção 
do sistema vicariante); (b) novas disposições sobre a aplicação da lei penal; (c) 
criação de alternativas à pena de prisão (as penas restritivas de direitos); (d) 
fortalecimento do livramento condicional (para os condenados primários e de 
bons antecedentes) 
 
- Relação com outras disciplinas: I - Direito Processual Penal: direito 
material/direito processual; II - Direito Constitucional: fundamentos e 
limitações do direito de punir; III - Direito Civil, de onde são retiradas várias 
categorias, para a conformação típica das infrações penais: casamento, 
patrimônio, posse, propriedade, etc.; IV - Direitos Humanos: Declaração 
Universal dos Direitos Humanos (ONU) e Convenção Americana de Direitos 
Humanos (Pacto de San Jose da Costa Rica): (a) igualdade formal entre os 
seres humanos; (b) dignidade da pessoa; (c) liberdade de expressão e 
pensamento; (d) direito à vida e à incolumidade física; (e) direito à segurança 
jurídica e pessoal; (f) princípio da legalidade; (g) princípio da humanidade das 
penas; (h) direito à privacidade e à intimidade; (i) proibição de prisões 
arbitrárias e ilegais; V – Direito da Criança e do Adolescente: distinções: (a) 
o Direito Penal tem, por finalidade, a aplicação de penas, de modo a proteger 
os bens jurídicos tutelados pela norma; o Direito do Menor tem, por propósito, a 
aplicação de medidas socioeducativas, como forma de recuperar o adolescente 
e protegê-lo; (b) há, no entanto, nítidos pontos de contato entre as duas 
disciplinas, bastando, para tanto, lembrar que os atos infracionais são condutas 
equivalentes aos tipos penais de crimes e contravenções penais; (c) a exemplo 
do Direito Penal, o Direito do Menor é informado por princípios limitadores da 
atuação repressiva do Estado, com destaque para os seguintes: princípio da 
legalidade (reserva legal); princípio da proporcionalidade; princípio da 
humanidade; princípio da vedação de utilização de provas ilícitas no processo; 
princípio da intranscendência das medidas socioeducativas; princípio da 
individualização etc. 
 
- Criminologia (noções genéricas): Ciência que estuda a criminalidade do ponto 
de vista do delinquente, com vistas à compreensão das suas causas e à 
criação de métodos eficazes de combate a esse fenômeno social 
 
- O objeto da Criminologia é o crime, o criminoso (que é o sujeito que se 
envolve numa situação criminógena de onde deriva o crime), os mecanismos 
de controle social (formais e informais) que atuam sobre o crime e a vítima (que 
às vezes pode ter inclusive certa culpa no evento). 
 
- Pretende-se, com a Criminologia, realizar um diagnóstico do fenômeno da 
criminalidade, conferindo validade científica a essas observações, de modo a 
subsidiar a política criminal 
 
- Política criminal: Conjunto de medidas adotadas pelo governo, para o 
combate da criminalidade (inclui a redefinição dos tipos penais e das penas a 
eles associadas e os modos de execução das penas) => É fortemente 
condicionada pelos valores vigentes num dado contexto histórico-espacial e 
pelo ideário dos circunstanciais ocupantes do poder político => Implica, pois, 
decisão de cunho político 
 
- Definição de Pierangeli e Zaffaroni: “Política criminal é a ciência ou a arte de 
selecionar os bens (ou direitos) que devem ser tutelados jurídica e penalmente 
e escolher os caminhos para efetivar tal tutela, o que iniludivelmente implica a 
crítica dos valores e caminhos já eleitos” 
 
Unidade 1: Aproximação temática – Teoria da norma penal (noção de 
norma penal, espécies, fontes, interpretação e integração) 
 
- Fontes: 
 
1) de produção, material ou substancial: refere-se ao órgão encarregado da 
elaboração da norma => No caso do Direito Penal, é a União (competência 
privativa: art. 22, I, CR) => Permissão do parágrafo único (lei complementar): a 
delegação só pode incidir sobre aspectos locais (a proteção da vitória régia, no 
Amazonas, p. ex.) => É vedada a modificação de aspectos fundamentais do 
DP (parte geral), a criação, modificação ou extinção de tipos penais, a criação 
de causas extintivas da punibilidade 
 
2) formal, de cognição ou conhecimento: refere-se ao modo pelo qual o direito 
se exterioriza 
 
a) imediata: lei em sentido estrito (a questão das MPs => A vedação constante 
do art. 62, § 1º, I, b, da CR) 
 
b) mediata: costumes e princípios gerais de direito 
 
- Conceito (De Plácido e Silva): “Derivado do latim norma, oriundo do grego 
gnorimos (esquadria, esquadro), dentro de seu sentido literal, é tomada na 
linguagem jurídica como regra, modelo, paradigma, forma ou tudo que se 
estabeleça em lei ou regulamento para servir de pauta ou padrão na maneira 
de agir. Assim, a norma jurídica (praeceptum juris), instituída em lei, vem ditar a 
orientação a ser tomada em todos os atos jurídicos, impor os elementos de 
fundo ou de forma, que se tornam necessários, para que os atos se executem 
legitimamente. É o preceito de direito. Nela, pois, está contida a regra a ser 
obedecida, a forma a ser seguida ou o preceito a ser respeitado. A norma, 
portanto, bem se revela a esquadria legal que vem traçar as medidas 
necessárias para a regularidade jurídica do que se pretende fazer. Diz-se 
norma agendi. Do vocábulo se forma o adjetivo normativo para designar todo 
texto legal, em que se firma uma regra ou um modelo, que deva ser seguido na 
prática dos negócios jurídicos. Normativo, destarte, é o que tem força ou vale 
como regra.” 
 
- Distinção entre lei e norma: a lei é o continente, a norma, o conteúdo => A 
lei é o veículo, a norma, o comando 
 
- Direito: ciência prescritiva (impõe condutas): “dever-ser” 
 
- Modais deônticos: (1) é permitido; (2) é obrigatório; (3) é proibido 
 
- Tipos de normas penais: 
 
a) incriminadoras: modais “é proibido” (crimes comissivos); “é obrigatório” 
(crimes omissivos) => Instituem tipos penais (crimes e contravenções penais) e 
definem penas 
 
b) não incriminadoras: 
 
I) permissivas: modal “é permitido” (tipos penais permissivos – legítima 
defesa, estado de necessidade, exercício regular de direito e estrito 
cumprimento do dever legal) => Tornam lícitas condutas definidas, em lei, 
como crimes; 
 
II) complementares: disciplinam aspectos gerais do direito de punir; e 
 
III) meramente explicativas: esclarecem o conteúdo de outras normas, 
estabelecendo definições importantes para o enquadramento típico das 
condutas (exs.: art. 327 e art. 150, § 4º, do CP) 
 
- Características das normas penais: 
 
a) imperatividade: constituem atos de império do Estado, impondo-se, ainda 
que contra a vontadedos seus destinatários; 
 
b) generalidade: têm eficácia contra todos; 
 
c) impessoalidade: não têm, como destinatários, pessoas individualmente 
identificadas; 
 
d) abstração: contêm modelos de comportamentos (hipóteses de incidência) 
 
- Estrutura das normas penais incriminadoras: 
 
a) a técnica do tipo penal: descrição da conduta ilícita e definição das penas 
cominadas (concepção de Binding) 
 
b) o preceito primário (praeceptum juris) e o preceito secundário (sanctio juris) 
 
- Normas penais em branco 
 
a) normas penais em branco em sentido lato ou homogêneas: quando a norma 
complementar advém da mesma fonte legislativa: ex.: art. 237 do CP 
(complementado pela regra do art. 1.521, I a VII, do Código Civil) 
 
b) norma penal em branco em sentido estrito ou heterogênea: quando o 
complemento advém de fonte formal diversa, normalmente, de um ato 
normativo (infralegal): ex.: art. 33 da LAT (complementado pela Portaria 
SVS/MS 344, de 12 de maio de 1998, e pela Resolução-RDC 15, de 1º de 
março de 2007, da lavra da Anvisa Agência Nacional de Vigilância Sanitária) 
 
- Norma penal em branco e princípio da reserva legal 
 
- Normas penais incompletas e imperfeitas (a incompletude está no preceito 
secundário da norma incriminadora – ex.: art. 304 do CP) 
 
- Fontes formais mediatas: 
 
a) costumes: I – reiteração e uniformidade da solução jurídica (elemento 
objetivo); e II – convicção social de ser obrigatória a solução jurídica (elemento 
subjetivo) 
 
- Obs.: não é possível a criação de crimes por meio dos costumes, no Brasil 
(princípio da reserva legal) 
 
- modalidades de costumes: contra legem (revogação da lei pelo desuso: 
contravenção penal de jogo de azar, crime de adultério); praeter legem 
(preenchimento de lacunas); e secundum legem (traça regras sobre a 
aplicação da lei penal) 
 
b) princípios gerais de direito: axiomas jurídicos (proposições fundadas no 
direito natural, tidas como verdades inafastáveis, de acordo com a consciência 
ética da humanidade) 
 
- Interpretação: 
 
- Noção: Interpretar a lei é estabelecer o seu significado e alcance 
 
- O equívoco da expressão latina in claris non fit interpretatio 
 
- O papel do juiz, no Iluminismo: “La bouche de la loi” (Montesquieu) 
 
- A taxatividade dos tipos penais (Função meramente cognoscitiva da 
interpretação) 
 
- Os elementos normativos do tipo (Função criadora) 
 
- Objeto da interpretação: a mens legis (vontade objetiva da norma) e não a 
mens legislatoris (vontade do legislador) => Impossibilidade de previsão de 
todos os casos passíveis de regulação 
 
- Fontes de interpretação: 
 
- (a) autêntica (retroatividade, respeitada a coisa julgada) => exs.: art. 150, § 4º 
e 5º do CP (definição de casa) e art. 327 do CP (definição de funcionário 
público) 
 
- (b) judicial (jurisprudência) 
 
- (c) doutrinária (communis opinio doctorum) 
 
- Métodos de interpretação: 
 
- Literal (ponto de partida: o texto) => aspectos gramatical e sintático 
 
- Máximas: 1) Em princípio, nenhuma palavra na lei é supérflua; 2) Em regra, 
as palavras, na lei, têm significado técnico e não vulgar (o caso do domicílio 
previsto no art. 150 do CP); 3) Em regra, o singular não exclui o plural e o 
gênero masculino não exclui o feminino 
 
- Lógico-sistemático: leva em conta o modo de organização da lei, a unicidade 
da ordem jurídica e a finalidade normativa de proteção de bens jurídicos 
valiosos (teleológico) 
 
- Histórico: toma em considerações os aspectos que cercaram a edição da lei 
(debates parlamentares, exposição de motivos etc.) 
 
- Resultados da interpretação: 
 
- Declaratório: limita-se a reconhecer, na lei, o seu sentido literal 
 
- Restritivo: quando a lei diz mais do que queria (lex plus dixit quam voluit) 
 
- Ampliativo: quando a lei diz menos do que queria (lex minus dixit quam voluit): 
a chamada interpretação analógica 
 
- Analogia 
 
- Método de integração da lei (lacunas) => Impossibilidade de previsão abstrata 
de todos os casos passíveis de ocorrer, na realidade 
 
- O argumento ubi idem ratio, ibi idem legis dispositio 
 
- Distinção entre interpretação extensiva e analogia 
 
- A analogia in malam partem e a analogia in bonam partem 
 
Unidade 1: Aproximação temática – Aplicação da lei penal no tempo, no 
espaço, em relação às pessoas, conflito aparente de normas, contagem 
dos prazos penais 
 
- Noções de direito intertemporal 
 
- Regra: A lei é editada para vigorar de imediato e para o futuro, 
indefinidamente, até que outra da mesma categoria ou superior venha a 
revogá-la 
 
- Tempus regit actum 
 
- A extra-atividade: a retroatividade e a ultra-atividade 
 
- Tipos de revogação: expressa e tácita (quando uma lei posterior vem a 
regular, inteiramente, a matéria e quando são instituídas normas incompatíveis 
com a lei anterior) => A revogação integral (ab-rogação) e a revogação parcial 
(derrogação) 
 
- A vacatio legis (45 dias – LICC) => Se ocorrer nova publicação, para fins de 
correção, durante a vacatio legis, o prazo começa a correr novamente 
 
- A irretroatividade como regra (imperativos de segurança jurídica) => O 
princípio da reserva legal (CR, art. 5º, XXXIX) 
 
- A irretroatividade da lei penal (a lex mitior e a lex gravior) 
 
- Fundamento para a retroatividade da lex mitior: a nova forma de regulação é 
a que mais atende ao interesse social 
 
- CP, art. 2º: Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de 
considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da 
sentença condenatória. Parágrafo único: A lei posterior, que de qualquer modo 
favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por 
sentença condenatória transitada em julgado 
 
- Casos: 
 
a) A lei nova incrimina fatos que, antes, eram lícitos (lex gravior ou novatio legis 
in pejus) => Não há retroatividade (princípio da reserva legal) => Lex gravior 
incriminadora; 
 
b) A lei nova, sem criar novos tipos penais, agrava a situação do agente 
(aumentando, por exemplo, os limites da pena aplicada) => Não há 
retroatividade (princípio da reserva legal); 
 
c) A lei nova deixa de considerar crime determinado ato (abolitio criminis) => 
Há a retroatividade da lei mais benéfica, ainda que já tenha transitado em 
julgado a condenação anterior => Competência para a aplicação da lei nova: 
juízo da causa, se o processo ainda estiver em curso (CP, art. 107, III: 
Extingue-se a punibilidade: III – pela retroatividade da lei que não mais 
considera o fato como criminoso => CPP, art. 61: Em qualquer fase do 
processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo de 
ofício); juízo da execução (LEP, art. 66, I: Compete ao juiz da execução: I – 
aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o 
condenado) => A abolitio criminis só apaga os efeitos criminais da condenação, 
permanecendo intactos os efeitos civis; 
 
d) A lei nova, sem descriminalizar condutas, cria uma situação mais favorável 
ao agente (exs.: institui nova atenuante ou elimina agravante, reduz o prazo de 
prescrição) => Há retroatividade da lei mais benéfica => O caso da nova LAT 
(usuário) => Lex mitior ou novatio legis in mellius 
 
- As leis temporárias e excepcionais (CP, art. 3º: A lei temporária ou 
excepcional, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as 
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua 
vigência) 
 
- O caso das normas penais em branco: só se aplica a nova disposição, ainda 
que mais benéfica, se houver uma nova valoração jurídica do fato (ex.: uma 
doença, antes de notificação compulsória, deixa de sê-lo – CP, art. 269) => Se 
a norma em branco tiver sido instituída para o provimento de situações 
excepcionais, não há a retroatividade da lex mitior (ex.: tabelamento de preços) 
 
- A identificação dabenignidade da lei nova (o caso concreto) => Ex.: a lei nova 
reduz o limite mínimo da pena e aumenta o limite máximo 
 
- A combinação de leis (inviável) 
 
- Crimes permanentes e continuados (O enunciado de súmula n. 711 do STF: A 
lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se 
a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência) 
 
- Tempo do crime: CP, art. 4º: Considera-se praticado o crime no momento da 
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado 
 
- As normas de cunho processual (aplicação imediata, respeitados os atos já 
consumados) 
 
- O caso das normas híbridas (o art. 366 do CPP, na redação instituída pela Lei 
9.271/96) 
 
- A questão da localização da norma 
 
- Conflito aparente de normas penais 
 
- O caráter sistêmico do ordenamento jurídico 
 
- Elementos do conflito: (a) unidade de fato; (b) pluralidade de normas; (c) 
aparente incidência de mais de uma norma sobre o fato; e (d) efetiva incidência 
de apenas uma delas 
 
- Princípios: 
a) especialidade (lex especialis derrogat lex generalis) => a norma especial 
possui todos os elementos da norma geral, mais o elemento especificador => 
Ex.: infanticídio, em relação ao homicídio (a vítima só pode ser o filho, o 
momento só pode ser o parto ou o período que se segue a ele imediatamente e 
a autora é sempre a mãe, que deve estar no estado puerperal) => Ex.: o tráfico 
de entorpecentes (art. 33 da LAT), em relação ao contrabando (CP, art. 334) 
=> Tipos derivados, em relação aos tipos fundamentais (furto qualificado, em 
relação ao furto simples) 
 
b) subsidiariedade (lex primaria derrogat lex subsidiariae) => Há uma relação 
de subsidiariedade (instrumentalidade) entre o crime-meio e o crime-fim => Ex.: 
a violação do domicílio, em relação ao furto => A questão do porte de arma 
de fogo, no homicídio 
 
c) consunção (lex consumens derrogat lex consumptiae) => Aqui, a relação é 
de parte para o todo (o crime-meio é etapa necessária e inafastável para a 
prática do crime-fim) => Exs.: (1) a lesão corporal, em relação ao homicídio; (2) 
a tentativa, em relação ao crime consumado 
 
- tipos de consunção: expressa (exs.: art.132 do CP, art. 21 da LCP e art. 15 do 
ED) e tácita 
 
- espécies: (a) crime progressivo => Há uma violação progressiva do bem 
jurídico, até a produção do resultado mais grave => Ex.: vários atos de lesão 
corporal, até a consumação do homicídio (nesse caso, há unidade do elemento 
subjetivo, unidade do fato, pluralidade de atos e progressividade da lesão ao 
bem jurídico, que é único); (b) crime complexo => Duas ou mais figuras 
delitivas são agrupadas, para a formação de um tipo novo (ex.: latrocínio); (c) 
progressão criminosa (nesse caso, diferentemente do que se dá no crime 
progressivo, há pluralidade de elementos subjetivos e pluralidade de fatos, 
além, é claro, de pluralidade de atos) => Ex.: o agente quer, inicialmente, ferir a 
vítima, apenas; depois, com a vítima já à sua mercê, resolve matá-la; (d) ante 
factum => Ex.: o falso, em relação ao estelionato (Enunciado de súmula 17 do 
STJ: Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, 
é por este absorvido); e (e) post factum impunível => O ato posterior constitui 
mero exaurimento do crime anterior => Exs.: (1) a destruição do bem furtado; e 
(2) a exposição à venda da droga importada; 
 
- A lei penal no espaço 
 
- princípio regente: territorialidade temperada 
 
- sede legal: CP, art. 5º: Aplica-se a lei penal brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no 
território nacional 
 
- conceito de território nacional: é o espaço delimitado pelas fronteiras 
geográficas, acrescido do mar territorial e do espaço aéreo correspondente 
 
- componentes do território: (a) o solo e o subsolo; (b) rios, lagos e mares 
interiores, golfos, baías e portos; (c) mar territorial (faixa de 12 milhas que 
começa no ponto em que o mar alcança o nível mais baixo, nas marés _ baixa-
mar _ de acordo com o art. 1º da Lei 8.617/93) => Nesse espaço, o Brasil 
exerce o seu direito de soberania plena, ressalvado o direito de “passagem 
inocente”; (d) zona contígua => Compreende as 12 milhas subsequentes ao 
mar territorial, em que o Brasil pode exercer o poder de polícia de imigrantes, 
sanitária, aduaneira etc. (a questão também está disciplinada na Lei 8.617/93); 
(e) zona econômica exclusiva => Faixa que se estende das 12 milhas até as 
200 milhas => Nesse espaço, o Brasil tem o direito de exploração econômica 
exclusiva, no que diz respeito à pesca, extração de minérios, proteção ao meio 
ambiente, conservação de recursos naturais etc.; (f) o alto-mar; (g) espaço 
aéreo => A camada atmosférica que cobre o território nacional e o mar 
territorial; (h) espaço cósmico => Constitui res nullius, podendo ser explorado 
por qualquer país, sem objeção 
 
- conceito de território por extensão legal: CP, art. 5º, §§ 1º e 2º: Para os efeitos 
penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e 
aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro, 
onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, 
respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar => É 
também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves 
ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em 
pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e 
estas em porto ou mar territorial do Brasil 
 
- princípio do pavilhão ou bandeira (navios púbicos e privados) 
 
- competência: Justiça Federal (CR, art. 109, IX) 
 
- competência, no caso de crime praticado em aeronave ou embarcação 
brasileira em alto-mar => Justiça Federal do estado-membro em que o avião 
vier a pousar ou o navio a atracar (CPP, art. 90) => Se o navio ou embarcação 
estiver se afastando do Brasil, a competência será do lugar da partida (CPP, 
art. 89) 
 
- crime praticado em aeronave estrangeira, em sobrevoo no território nacional 
=> Aplica-se a lei brasileira, sendo competente, no caso, a Justiça Federal do 
Distrito Federal 
 
- imunidades diplomáticas: Convenção de Viena sobre Imunidades 
Diplomáticas (1961), incorporada ao direito pátrio pelo Decreto Legislativo 
103/1964 
 
- finalidade: proteção da legação, para o livre exercício da função diplomática 
 
- alcance: causas penais (imunidade absoluta); questões tributárias (imunidade 
relativa, restrita aos impostos diretos); causas cíveis (imunidade relativa, 
restrita aos atos de império); inviolabilidade dos beneficiários da prerrogativa 
(quanto a atos de constrição pessoal), das comunicações (postais, telefônicas 
ou telemáticas) e das sedes das missões diplomáticas (proteção contra ações 
policiais e atos de contrição patrimonial) 
 
- beneficiários: embaixador, secretários da embaixada e pessoal técnico e 
administrativo, familiares dos agentes diplomáticos, funcionários de organismos 
internacionais (ONU, OEA etc.), chefe de estado estrangeiro em visita ao 
Brasil, inclusive os membros da comitiva 
 
- os empregados particulares dos agentes diplomáticos: estão excluídos da 
imunidade 
 
- os cônsules, por cumprirem funções meramente administrativas e não 
diplomáticas, são portadores de imunidades mais restritas => nesse caso, o 
privilégio só alcança os atos relacionados com a função consular e é pessoal, 
não se estendendo a terceiros (familiares, por exemplo) => a questão está 
tratada na Convenção de Viena sobre Imunidades Consulares (1963) 
 
- a imunidade diplomática é renunciável (CV, art. 32), por parte do estado 
acreditante => não há a possibilidade de renúncia, por parte do agente 
diplomático, uma vez que a prerrogativa é instituída em benefício da funçãoe 
não da pessoa física daquele que a exerce 
 
- em caso de abuso das imunidades diplomáticas, podem ser adotadas pelo 
estado acreditado as seguintes medidas: a) troca de notas com o país 
acreditante para que o agente diplomático faltoso seja retirado do território 
nacional, a fim de ser julgado no país de origem; b) em sendo frustradas as 
tentativas de composição consensual da questão, qualificação do agente 
diplomático faltoso como persona non grata e consequente expulsão do país; 
c) em último caso, rompimento das relações diplomáticas 
 
- imunidades parlamentares 
 
- imunidade material (penal): inviolabilidade civil e penal de deputados e 
senadores, em relação a qualquer manifestação (escrita ou falada) proferida no 
exercício de suas funções, mesmo que fora da casa legislativa 
 
- Finalidade: tutelar a liberdade de expressão dos parlamentares, o livre 
exercício da função parlamentar e a independência e harmonia entre os 
poderes 
 
- Necessidade de existência de nexo causal entre a manifestação reputada 
ofensiva e o exercício do mandato 
 
- O suplente não tem imunidade, enquanto fora do exercício da função 
parlamentar 
 
- Causa excludente da tipicidade (tipicidade conglobante) 
 
- O enunciado n. 245 da súmula do STF: A imunidade parlamentar não se 
estende ao co-réu sem essa prerrogativa (o entendimento só é válido para a 
imunidade processual; no caso da imunidade material, não se há de falar sobre 
co-autoria ou participação, pois, com a exclusão da tipicidade, não há crime ao 
qual possa o co-autor ou o partícipe aderir) 
 
- A imunidade é irrenunciável 
 
- O parlamentar perde a imunidade, ao se afastar do cargo (para exercer cargo 
administrativo, p. ex.) 
 
- imunidade processual (formal) 
 
- Possibilidade de suspensão do processo: CR, art. 53, § 3º (com a redação 
dada pela EC 35/2001): Recebida a denúncia contra senador ou deputado, por 
crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à 
casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo 
voto da maioria de seus membros, poderá, até decisão final, sustar o 
andamento da ação => § 4º O pedido será apreciado no prazo improrrogável 
de 45 dias do recebimento => § 5º A sustação do processo suspende a 
prescrição, enquanto durar o mandato 
 
- O controle, que era prévio, passou a ser posterior 
 
- A prévia licença é necessária para o processamento do presidente da 
república e do governador de estado 
 
- A perda e o término do mandato tornam insubsistente o privilégio, indo os 
autos para a Justiça Comum (Estadual ou Federal) 
 
- O enunciado de súmula 394 do STF, cancelada na sessão plenária de 
25/08/1999, e a Lei 10.628, de 24/12/2002 (“Cometido o crime durante o 
exercício funcional, prevalece a competência especial, por prerrogativa de 
função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação 
daquele exercício”) 
 
- A imunidade não abrange as causas cíveis (improbidade administrativa) 
 
- Os prefeitos não têm imunidade processual, nem material, tendo direito, 
apenas, ao foro por prerrogativa de função (TJ) 
 
- Os vereadores só têm imunidade material, um pouco mais limitada (CF, art. 
29, VII: inviolabilidade dos vereadores por suas opiniões, palavras e votos, no 
exercício do mandato e na circunscrição do município) 
 
- imunidade prisional 
 
- Sede: CR, art. 53, § 2º => Desde a expedição do diploma, os membros do 
Congresso Nacional não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime 
inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vinte e quatro 
horas à casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, 
resolva sobre a prisão 
 
- Vedam-se as demais modalidades de prisão processual (só se admite a 
prisão em flagrante de crime inafiançável, categoria que, hoje, só compreende 
as hipóteses constitucionais: racismo, tráfico ilícito de entorpecentes, 
terrorismo, crimes considerados hediondos e a ação de grupos armados, civis 
ou militares, contra a ordem constitucional ou o estado democrático) 
 
- A votação é aberta 
 
- A imunidade não abrange prisão decorrente de condenação definitiva 
 
- foro especial por prerrogativa de função 
 
- Deputados e senadores (CR, art. 53, § 1º) – STF 
 
- Presidente e vice-presidente da república (CF, art. 51, I) => competência do 
Senado Federal, com autorização da Câmara dos Deputados (2/3), no caso de 
crimes de responsabilidade (Lei 1.079/50) 
 
- Hipóteses de “impeachment”: não se aplicam penas corporais, apenas a 
perda do cargo e dos direitos políticos (nesse caso, temporariamente) e 
inabilitação temporária para o exercício de funções públicas 
 
- Presidente e vice-presidente da república => STF: no caso de crimes comuns, 
também com autorização da Câmara dos Deputados (2/3) 
 
- Prefeitos (CF, art. 29, X): Competência do TJ ou da Câmara de Vereadores, 
conforme o caso (crimes comuns ou infrações político-administrativas) => 
Decreto-lei 201/67 
 
- imunidade para servir como testemunha 
 
- Deputados e senadores não são obrigados a depor sobre informações 
recebidas ou prestadas no exercício do mandato, nem sobre as pessoas que 
lhes confiaram ou deles receberam as informações 
 
- imunidades parlamentares e estado de sítio 
 
- Subsistem (CF, art. 53, § 8º), mas podem ser suspensas por voto de 2/3 dos 
membros da casa respectiva (ressalvada a atuação interna) 
 
- imunidade penal temporária do presidente da república 
 
- CF, art. 86, § 4º => não pode ser instaurado processo contra ele na vigência 
do mandato, por fatos estranhos à função 
 
- Os casos de extraterritorialidade da lei brasileira 
- sede legislativa: art. 7º do Código Penal 
 
- noção: possibilidade de aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no 
estrangeiro => A regra é a territorialidade, que traduz um desdobramento da 
soberania do estado 
 
- fundamento: regras de direito internacional 
 
- espécies: condicionada e incondicionada 
 
- princípios: 
 
(a) nacionalidade ou personalidade ativa => Leva em conta o fato de ser o 
agente brasileiro; 
 
(b) nacionalidade ou personalidade passiva => Leva em conta o fato de ser 
a vítima brasileira; 
 
(c) real, defesa ou proteção => Leva em conta o interesse nacional (ex.: crime 
cometido contra o presidente da república, em país estrangeiro, ou contra o 
patrimônio ou a fé pública da União, estados-membros e municípios, no 
exterior); 
 
(d) justiça universal => Leva em conta o bem jurídico tutelado pela norma e a 
existência de tratados e convenções pelos quais o Brasil tenha assumido o 
compromisso de auxiliar no combate de determinados crimes, que, por sua 
natureza, afetam interesses transnacionais: exs.: genocídio, tráfico de drogas, 
tráfico de pessoas etc.; 
 
(e) representação => Leva em conta o fato de serem brasileiros e privados os 
navios e aeronaves em que tenham sido cometidos os crimes, se eles 
estiverem em território estrangeiro e ali os delitos não sejam julgados 
 
- Classificação: 
 
Inciso I: todas as hipóteses são de extraterritorialidade incondicionada 
 
- alínea a: princípio real, da defesa ou proteção; 
 
- alínea b: princípio real, da defesa ou proteção; 
 
- alínea c: princípio real, da defesa ou proteção; 
 
- alínea d: princípio da justiça universal 
 
Inciso II: todas as hipóteses são de extraterritorialidade condicionada 
 
- alínea a: princípio da justiça universal; 
 
- alínea b: princípio da nacionalidade ativa; 
- alínea c: princípio da representação 
 
Parágrafo segundo: institui condições de procedibilidade: (a) ingresso do 
agente no território nacional; (b) dupla punibilidade do fato (no Brasil e no 
exterior); (c) possibilidade de extradição, para o caso, de acordo com a lei 
brasileira; (d) ausência de absolvição ou cumprimento de pena, no estrangeiro; 
(e) ausência de perdãoou extinção de punibilidade, no estrangeiro 
 
Parágrafo terceiro: institui caso de extraterritorialidade condicionada => 
Aplica-se o princípio de nacionalidade ou personalidade passiva => Nesse 
caso, fazem-se necessárias as condições de procedibilidade do art. 2º, 
acrescidas das seguintes: (a) não ter sido pedida ou negada a extradição; e (b) 
ter havido requisição do Ministro da Justiça 
 
- princípios que informam a extradição, segundo o Estatuto do Estrangeiro: 
 
(a) não extradição de nacionais; 
 
(b) exclusão de crimes políticos; 
 
(c) prevalência dos tratados sobre as leis; 
 
(d) legalidade (só os crimes previstos em lei podem ser alvo de extradição); 
 
(e) dupla tipicidade; 
 
(f) preferência da competência nacional sobre a estrangeira; 
 
(g) limitação em razão da pena (proibição de extradição para países que 
preveem penas de morte ou perpétuas, salvo compromisso de não aplicação 
de tais sanções); 
 
(h) detração (compensação do tempo de prisão provisória do extraditando, no 
Brasil); 
 
- Jurisdição subsidiária: casos de extraterritorialidade condicionada => A 
justiça brasileira só atuará, se o fato não tiver sido julgado no estrangeiro 
 
- Jurisdição principal: casos de extraterritorialidade incondicionada => O fato 
será julgado no Brasil, ainda que tenha sido julgado no estrangeiro e o réu 
tenha sido absolvido da imputação => Em caso de condenação no estrangeiro, 
as penas se compensam => CP, art. 8º: A pena cumprida no estrangeiro 
atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é 
computada, quando idênticas 
 
- Eficácia da sentença estrangeira 
 
- CP, art. 9º: A sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira 
produz na espécie as mesmas consequências, pode ser homologada no Brasil 
para: (I) obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros 
efeitos civis; (II) sujeitá-lo a medida de segurança. Parágrafo único: A 
homologação depende: (a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da 
parte interessada; (b) para os outros efeitos, da existência de tratado de 
extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença ou, na 
falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça 
 
- A questão da medida de segurança aplicada a imputáveis 
 
- Competência para a homologação: STJ (CR, art. 105, I, i) 
 
- Competência para a execução: Justiça Federal (CR, art. 109, X) 
 
- Contagem dos prazos penais 
 
- Prazos processuais: art. 798, § 1º, do CPP: Todos os prazos correrão em 
cartório e serão contínuos e peremptórios, não se interrompendo por férias, 
domingo ou dia feriado => § 1º Não se computará no prazo o dia do começo, 
incluindo-se, porém, o do vencimento => Os prazos processuais dizem 
respeito ao andamento do procedimento 
 
- Prazos penais (materiais): art. 10 do CP: O dia do começo inclui-se no 
cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário 
comum => Os prazos penais dizem respeito ao direito de liberdade do réu 
(direito de punir e direito de executar penas) 
 
- Prazos processuais contados como penais: medidas cautelares restritivas do 
direito de liberdade (prisões preventiva e temporária) => Prazo para a prática 
de atos, quando o réu responde ao processo preso (ex.: oferecimento de 
denúncia) 
 
- Prescrição e decadência 
 
- Frações não computáveis na pena 
 
- CP. art. 11: Desprezam-se, nas penas privativas da liberdade e nas restritivas 
de direitos, as frações de dia e, na pena de multa, as frações de “cruzeiro” 
 
- Aplicação subsidiária do Código Penal à legislação especial 
 
- CP, art. 12: As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados 
por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso 
 
- Ex.: a punição da tentativa, nos crimes (CP, art. 14, II: Diz-se o crime tentado, 
quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à sua 
vontade) e nas contravenções penais (LCP, art. 4º: Não é punível a tentativa de 
contravenção)

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