Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Saúde da Mulher I: ANAMNESE E EXAME FÍSICO EM GINECOLOGIA * PAAB IV Profa. Cícera Amanda Mota Seabra Médica de Família e Comunidade * * Adequada relação médico–paciente * Identificação: *Nome completo *Idade *Cor *Estado civil (DST + comum em solteiras sem parceiro fixo) *Escolaridade *Profissão *Endereço *Procedência (hábitos de vida e mitos, áreas endêmicas) *Nível socioeconômico * *Queixa principal e história da doença atual: serão investigadas em profundidade, procurando saber seu início, duração e principais características a ela relacionadas. * *Antecedentes gineco-obstétricos: Desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários (telarca, pubarca e menarca), ciclo menstrual (detalhar alterações), data da última menstruação, presença ou não de dismenorreia e tensão pré-menstrual, número de gestações e paridades com suas complicações (GPA), atividade sexual e métodos de anticoncepção, cirurgias, transfusões, traumatismos, doenças, IST e Aids, data do último exame ginecológico se já realizou mamografia (dependendo da idade) * *História pessoal ou antecedentes: investigar quais as doenças apresentadas pela paciente durante sua existência – passado e presente, medicamentos utilizados. *História familiar: antecedentes de neoplasia ginecológica (mama, útero, ovário) ou TGI; antecedentes de osteoporose; em algumas situações idade da menarca e menopausa materna e de irmãs. *Revisão de sistemas: problemas intestinais, urinários, endócrinos e em outros sistemas. * * exame físico geral *exame físico especial (mamas, axilas, baixo-ventre e regiões inguinocrurais) *exame genital (avaliação de órgãos genitais externos e internos - exame especular e toque genital, vaginal e retal) *exames complementares. * *Pressão arterial *Pulso *Temperatura *Estatura *Peso *IMC Exames da cabeça e pescoço, aparelho respiratório, aparelho cardiovascular e aparelho urinário. Examinar o abdome é obrigatório: inspeção, palpação, percussão e ausculta * EXAME DAS MAMAS Inspeção (estática e dinâmica) e palpação. INSPEÇÃO: INSPEÇÃO ESTÁTICA: Paciente sentada, com os braços pendentes ao lado do corpo INSPEÇÃO DINÂMICA: Paciente realizando os seguintes movimentos elevação dos membros superiores acima da cabeça, pressão sobre os quadris, inclinação do tronco para a frente. O examinador deve observar : a cor do tecido mamário; quaisquer erupções cutâneas incomuns ou descamação; assimetria; evidência de peau d’orange (“pele em casca de laranja“); proeminência venosa; massas visíveis; retrações; ou pequenas depressões. * A inspeção deve também incluir : • a procura de alterações na aréola (tamanho, forma e simetria); • alterações na orientação dos mamilos (desvio da direção em que os mamilos apontam), achatamento ou inversão; ou evidência de secreção mamilar, como crostas em torno do mamilo. O examinador deve relatar a presença de cicatrizes cirúrgicas prévias, nevos cutâneos, marcas congênitas e tatuagens. * *A palpação das mamas abrange o exame dos linfonodos das cadeias axilares, supra e infra claviculares, que deve ser realizado com a paciente na posição sentada. *Ao examinar a axila, é importante que os músculos peitorais fiquem relaxados . *Para examinar os linfonodos axilares direitos o examinador deve suspender o braço direito da paciente, utilizando o seu braço direito; deve então fazer uma concha com os dedos da mão esquerda, penetrando o mais alto possível em direção ao ápice da axila. A seguir, trazer os dedos para baixo pressionando contra a parede torácica. O mesmo procedimento deve ser realizado na axila contralateral. *O examinador deve observar o número de linfonodos palpados, bem como seu tamanho, consistência e mobilidade. As fossas supra claviculares são examinadas pela frente da paciente ou por abordagem posterior * PALPAÇÃO *Paciente em decúbito dorsal, em mesa firme. *Pede-se para a paciente elevar o membro superior ipsilateral acima da cabeça para tencionar os músculos peitorais e fornecer uma superfície mais plana para o exame. *Técnica Bloodgood O examinador deve colocar-se no lado a ser palpado. Inicia-se o exame com uma palpação mais superficial, utilizando as polpas digitais em movimentos circulares no sentido horário, abrangendo todos os quadrantes mamários . Repete-se a mesma manobra, porém com maior pressão (não esquecer de palpar o prolongamento axilar mamário e a região areolar) *Técnica Velpeaul Com a mão espalmada , realizar o exame circular, atingindo todos os quadrantes no sentido horário e centrípeto Após examinar toda a mama, o mamilo deve ser espremido delicadamente para determinar se existe alguma secreção. *OBS.: existem pacientes que merecem um exame mais minucioso: gestantes, puérperas em lactação, portadoras de implantes protésicos e aquelas com história pregressa de câncer mamário. Nas mulheres submetidas à mastectomia, deve-se examinar minuciosamente a cicatriz cirúrgica e toda a parede torácica (plastrão). Devem ser relatadas as seguintes alterações: presença de nódulos, adensamentos, secreções mamilares ou areolares, entre outras. O melhor método para registrar os achados do exame físico mamário é uma combinação de descrição por escrito com um esquema gráfico mamário. Tumores e outros achados físicos devem ser descritos pelas seguintes características: 1. Localização, por quadrante ou método do relógio; 2. Tamanho em centímetros; 3. Forma (redonda, oval); 4. Delimitação em relação aos tecidos adjacentes (bem circunscritos, irregulares); 5. Consistência (amolecida, elástica, firme, dura); 6. Mobilidade, com referência a pele e aos tecidos subjacentes; 7. Dor à palpação focal; 8. Aspecto das erupções,eritemas,outras alterações cutâneas ou achados visíveis (retração, depressão, nevos, tatuagens). * * A partir dos 20 anos. Sete a dez dias após período menstrual. *EXAME GINECOLÓGICO *Todos os passos do exame deverão ser comunicados previamente, em linguagem acessível ao paciente. *Solicite que a paciente esvazie a bexiga. *Em seguida solicite que a mesma retire a roupa sempre fornecendo um avental para a mesma se cobrir. * *Luvas para procedimento *Recipiente para acondicionar lâminas *Lâmina com extremidade fosca *Espéculo *Espátula de Ayre *Escova cervical *Fixador * *Toda mulher que tem ou já teve atividade sexual deve submeter-se ao exame preventivo. Rastreio em mulheres de 25 a 64 anos, pelo Ministério da Saúde. *A periodicidade preconizada é 1 exame ao ano, e em caso de dois exames normais seguidos, o exame deverá ser feito a cada 3 anos. *Exames com resultados alterados a mulher deve seguir as orientações fornecidas pelo médico. *Pode ser feito em qualquer período da gestação, preferencialmente até 7º mês (coleta com espátula de Ayre, não usar escova endocervical). *Em virgem deve ser realizado exclusivamente por profissional médico, não realizar o toque vaginal e nem exame especular. Os órgãos devem ser avaliados por toque retal ou com colpovirgoscópio. *POSICIONAMENTO DA PACIENTE: A posição ginecológica ou de litotomia é a preferida para a realização do exame ginecológico. Coloca-se a paciente em decúbito dorsal, com as nádegas na borda da mesa, as pernas fletidas sobre as coxas e, estas, sobre o abdômen, amplamente abduzidas. O exame dos órgãos genitais deve ser feito numa sequência lógica: a) órgãos genitais externos- vulva b) órgãos genitais internos- vagina, útero, trompas e ovários * * MONTE DE VÊNUS – DISTRIBUIÇÃO DE PÊLOS *GRANDES LÁBIOS * PEQUENOS LÁBIOS * VESTÍBULO VULVAR * CLÍTORES*MEATO URETRAL *GLÂNDULAS DE BARTHOLIN * FÚRCULA VAGINAL * PERÍNEO *HÍMEM OU CARÚNCULAS * * *Períneo- presença de rupturas, prolapsos, lesões de pele, hipocromias e hipercrômias. *EXAME ESPECULAR Utilizar espéculo bivalvar (Collins) Número 1 (pequeno): nulíparas, idosas e menopausadas. Número 2 (médio): já tiveram filhos Número 3 (grande): pacientes com extensas roturas perineais. * * Introduza o espéculo , na posição vertical ligeiramente inclinado. * *Já introduzido faça uma rotação de 90°, deixando-o na posição transversa. *Uma vez totalmente introduzido na vagina abra-o lentamente e com delicadeza. * *Ectocérvice: epitélio escamoso ou pavimentoso; *Endocérvice: epitélio cilíndrico glandular ou colunar simples. Orifício cervical externo ectocervice endocervice * *JEC= Junção escamo-colunar: limite entre o epitélio pavimentoso (escamoso) e o cilíndrico (glandular). *EXAME GINECOLÓGICO *Observar vagina – coloração rósea, rugosidade, trofismo, comprimento (parede anterior 6-7 cm e parede posterior 8-9 cm), elasticidade, fundo de sacos, presença de secreção ou corrimentos). *Observar colo do útero – coloração, forma, volume e orifício externo, junção escamo-colunar (JEC ). *Teste de Schiller (iodo) *EXAME DOS ÓRGÃO GENITAIS INTERNOS * *Nulíparas –OCE puntiforme *Multíparas – OCE em fenda *Pós menopausa- difícil identificar orifício, pelo colo atrófico * *Não utilizar anticoncepcionais locais, espermicidas, nas 48 horas anteriores ao exame. *O exame não deve ser feito no período menstrual, pois a presença de sangue pode prejudicar o diagnóstico citológico. *Em algumas situações particulares, como em um sangramento anormal, a coleta pode ser realizada. *COLETA DE MATERIAL PARA EXAME DIRETO DO CONTEÚDO VAGINAL É efetuado coletando com uma espátula um raspado do fundo de saco vaginal que será diluído em lâmina previamente preparada com 2 a 3 gotas de soro fisiológico, KOH a 10% ou outros corantes. * *Teste de Papanicolau, também conhecido como citopatológico, preventivo, exame de Papanicolau, pap test, citologia oncótica, citologia esfoliativa. *É um método desenvolvido pelo médico George Papanicolau para identificação, ao microscópio, de células neoplásicas malignas ou pré-malignas, desenvolvido para o colo uterino. *Primeiro utilizará a espátula de Ayre com sua extremidade fenestrada, que será adaptada ao orifício cervical externo, fazendo uma rotação de 360º, possibilitando o raspado sobre a junção escamo colunar na maior parte das vezes. * A seguir, será utilizada uma escova endocervical, que será introduzida nos primeiros 2 cm do canal, rotando várias vezes no canal cervical. *Nas duas modalidades de coleta, o material deverá ser colocado sobre a lâmina de forma tênue e continuada em toda sua extensão, sendo imediatamente fixado com “fixador citológico” (polietilenoglicol ou álcool etílico a 95%). * * * *Antes de realizar o teste, aplicar ácido acético a 5% embebido em algodão para se obter um colo limpo e com bons contrastes dos tecidos e das modificações patológicas. *Podem ser visualizados: lesões de colo e ectopias. *É feito através da deposição da solução de Lugol (iodo-iodetada) no colo uterino, que provoca uma coloração marrom acaju nas células que contêm glicogênio, como é o caso das células das camadas superficiais do epitéio que recobre o colo e a vagina. * A intensidade da coloração é proporcional à quantidade de glicogênio contido nas células. Assim, o iodo cora fracamente as regiões de epitélio atrófico e não cora a mucosa glandular que não contém glicogênio. As zonas que apresentam modificações patológicas não adquirem coloração, sendo chamadas iodo- negativas ou Teste de Schiller positivo. * Ao contrário, quando o colo apresenta-se totalmente corado pelo iodo teremos colo iodo positivo ou Teste de Schiller negativo. Antes da colocação da solução de Lugol deve-se retirar secreções que eventualmente recubram o colo, as quais provocariam falsos resultados iodo negativos ou Schiller positivo. * TESTE DE SHILLER NEGATIVO COLO NORMAL COLO COM ALTERAÇÕES CAUSADAS PELO HPV TESTE DE SHILLER POSITIVO * *Feche o espéculo e retire-o delicadamente. *Oriente a paciente para que venha retirar o exame conforme rotina da unidade de saúde. *Envie as lâminas ao laboratório. * Satisfatório - Condição que oferece elementos mínimos para adequada observação das células, tendo-se certeza de ter atingido a junção escamo-colunar da cérvice (JEC) na colheita. *Nos casos satisfatórios, pode haver limitações que devem ser citadas: Ausência de dados Clínicos; a. Presença de sangue Infiltrado inflamatório; b. Áreas espessas; c. Dessecamento; d. Ausência de células Endocervicais; e. Outras causas Condições que dificultem a avaliação citológica por encobrirem as células, porém permitindo avaliação de 25 a 50% dos elementos celulares. A ausência de elementos de zona de transformação (células glandulares endocervicais e metaplásicas) também limita a avaliação, uma vez que sugere não ter sido a colheita feita na JEC. Seguir rotina de rastreamento * Insatisfatório por: *Falta de identificação da lâmina ou identificação errada; * Identificação da lâmina não coincide com a do formulário; * Material escasso; *Hemorragia; *Dessecamento; * Áreas espessas; *Purulento; * Lâmina danificada ou ausente; * Outras causas Quando o citologista não consegue visualizar mais de 25% dos elementos celulares, devido infiltrado purulento ou hemorrágico, ressecamento e outros artefatos. Ou quando há escassez de elementos celulares (< 10% do esfregaço coberto por células), o material é considerado inadequado. Repetir o exame com 6 a 12 semanas. * Informar a paciente do exame *Bidigital (indicador e médio) ou unidigital (indicador) *Simples ou combinado (bimanual) * Calçar luvas esterilizadas e usar vaselina líquida *Verificar : paredes vaginais, fundo de saco, colo (forma, comprimento e consistência) *Avaliar útero: situação, orientação, forma, volume, superfície e sensibilidade *Avaliar anexos: ovários e trompas *Toque retal para avaliar massas quando necessário. * * *Mastalgia *Sangramento Uterino anormal *Corrimento Vaginal *Úlceras genitais *Dor pélvica •MASTALGIA *Dor na mama *Acomete 70% das mulheres em algum momento de suas vidas *< 5-8% dos cânceres associam-se com a dor SEM RELAÇÃO COM O CÂNCER *Cíclica ou Acíclica, Origem mamária ou não *Principais queixas ginecológicas na APS * * Doença de Mondor é uma inflamação das veias sob a pele das mamas e da caixa torácica, e é também conhecida como tromboflebite superficial. cartilagem que liga as costelas ao esterno * *MASTALGIA / INGURGITAMENTO MAMÁRIO CRIANÇA ADOLESCENTE ADULTA CLIMATÉRIO Uni OU bilateral Bebês nascidos a termo, de ambos os sexos Regride espontaneamente Pode haver secreção leitosa É uma alteração fisiológica Aumento da sensibilidade e dor em uma ou ambas as mamas Período pré-menstrual Desaparece com a menstruação Cíclico Aumento da sensibilidade e dor em uma ou ambas as mamas Período pré-menstrual Desaparece com a menstruação Cíclico Dor mamária acíclica, com origem na mama ou não (descobrir origem da dor) Constante ou intermitente Não relacionada ao ciclo menstrual Alivia com anti-inflamatórios Dor relacionada ao CA de mama Unilateral, constante e intensa Raramente será o primeiro sintoma *Principais queixas ginecológicasna APS *SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL Menstruação normal I. Intervalo: 22 a 34 dias (média 28) II. Duração : 2 a 7 dias (média 3 a 5 dias) III. Quantidade: 20 a 80 ml por dia (média 40 ml) IV. Fluxo: vermelho escuro e sem coágulos Distúrbios menstruais: alterações nos parâmetros do ciclo menstrual por mais de três ciclos consecutivos, podendo ocorrer alteração de um ou mais parâmetros * *Sangramento pré-menstrual: É um sangramento escasso, que ocorre alguns dias antes da menstruação, geralmente de cor escura, tipo borra de café. * Sangramento intermenstrual: E o que ocorre entre os ciclos menstruais regulares. * Sangramento pós-menopausa: E o que ocorre um ano após a parada da menstruação, em mulheres com idade > 40 anos. *Hipermenorreia: É o sangramento menstrual de duração aumentada (D > 8 dias). *Hipomenorreia: É o sangramento menstrual de duração diminuída. *Polimenorreia: É o sangramento menstrual que ocorre com intervalos regulares diminuídos (I < 21 dias). *Oligomenorreia: É o sangramento menstrual que ocorre com intervalos aumentados (I > 35 dias e < 90 dias). *Distúrbios menstruais *Menorragia: É o sangramento menstrual em que há aumento da quantidade do fluxo (Q > 80 ml), mas com intervalos regulares. Alguns autores definem Menorragia como sangramento prolongado(> 7 dias) ou excessivo(> 80 ml), ocorrendo em intervalos regulares. * Metrorragia: É o sangramento menstrual com intervalo irregular, frequente e de quantidade variável. *Sinusorragia: sangramento genital de pequeno volume após o coito *Amenorreia Primária: ➢ Sem menstruação e sem características sexuais secundárias até os 14 anos ➢Sem menstruação e com ou sem características sexuais secundárias até os 16 anos *Amenorreia secundária: ausência da menstruação por 3 ciclos consecutivos. *Sangramento Uterino Disfuncional *É o sangramento anormal decorrente de alterações hormonais, e não de uma lesão, uma infecção, uma gravidez ou um tumor. *Ocorre mais comumente no início e no fim dos anos reprodutivos: 20% dos casos ocorrem em adolescentes 50% em mulheres com mais de 40 anos * *SANGRAMENTO UTERINO ANORMAL CRIANÇA ADOLESCENTE ADULTO CLIMATÉRIO Sangramento vaginal alguns dias após o nascimento, decorrente de queda dos níveis hormonais devido à passagem transplacentária, não é considerada patológica 85% DOS CICLOS ANOVULATÓRIOS NO PRIMEIRO ANO, E ATÉ MESMO APÓS 4 ANOS DA MENARCA MENORRAGIA LEIOMIOMA UTERINO HIPERPLASIA ENDOMETRIAL (ENDOMETRIO NORMAL ATÉ 5 mm NO ULTRASSON) VULVOVAGINITES- escoriações CORPO ESTRANHO- corrimento fétido MENARCA- puberdade precoce? (<9 anos) EXCLUIR PATOLOGIA ORGÂNICA OU GRAVIDEZ Obs: Um sangramento com duração superior a sete dias, com volume maior do que 80 ml, que determina níveis de hemoglobina inferiores a 10 g/dl ou que apresente coágulos, merece ser investigado. INVESTIGAR CAUSAS DE ANOVULAÇÃO (GRAVIDEZ OU AUMENTO DE PROLACTINA) FALÊNCIA OVARIANA/ ESGOTAMENTO FOLICULAR *Principais queixas ginecológicas na APS *CORRIMENTO Presença de fluxo vaginal anormal é uma das principais queixas ginecológicas feitas ao médico na APS. O aspecto da secreção vaginal isoladamente nunca deve ser a base fundamental para o diagnóstico etiológico. A secreção vaginal anormal pode ser dividida em 3 grandes grupos: MUCORREIA VULVOVAGINITES CERVICITES. * *Secreção vaginal fisiológica , tipo “clara de ovo”, com aumento sintomático em seu volume. *5-10% das mulheres *SEM ODOR, PRURIDO OU DISPAREUNIA *pH vaginal normal (3,8- 4,2), lactobacilos em abundância Causas: Ectopia cervical- maior produção de muco pelo epitélio endocervical enquanto em contato com o ácido vaginal. Durante a gestação- maior circulação sanguínea na região vaginal. * *Frequência em ordem decrescente * *Desequilíbrio da flora vaginal normal: LACTOBACILOS MICROORGANISMOS ANAERÓBIOS *REPRESENTA 40% DAS VULVOVAGINITES *Flora mista: Gardnerella vaginallis, Bacteroides sp, Mobiluncos sp, micoplasma, entre outras. *Não é classificada como IST, mas pode ser precipitada por relação sexual. * *Secreção vaginal com aspecto branco-acinzentado, cremosa, aderente as paredes vaginais e ao colo, com odor fétido, mais acentuado após o coito e durante o período menstrual , sem sintomas inflamatórios. *Critérios diagnósticos de Amsel (presença de 3 dos 4 critérios): 1) Corrimento vaginal acinzentado e homogêneo 2) pH vaginal superior a 4,5 3) Liberação de odor fétido quando aplicado KOH a 10% sobre a secreção distendida em lâmina (whiff test ou teste das aminas positivo) 4) Presença de clue cells no exame bacterioscópico (células epiteliais vaginais recobertas por gardnerella tornando sua aparência granulosa e seus limites imprecisos) * *1ª OPÇÃO: Metronidazol 400 a 500 mg VO de 12/12 horas por 7 dias (pode usar na gestante a partir do 2º trimestre - NA GESTANTE MELHOR OPÇÃO É A SISTÊMICA) *2ª OPÇÃO: Metronidazol 2g VO dose única Metronidazol gel , 0,75%, um aplicador cheio (5g), via vaginal por 5 dias Clindamicina 300mg, VO , de 12/12 horas por 7 dias Creme de clindamicina , 2%, um aplicador cheio (5g), via vaginal à noite por 7 dias *O TRATAMENTO DO PARCEIRO NÃO É RECOMENDADO DE ROTINA * *20-25% dos corrimentos vaginais infecciosos *Fungos gram +, saprófitas -Candida albicans é o + comum , 85-90% - outras espécies não albicans , 10-15% O Candida albicans é comensal em 40 % das mulheres. Fatores predisponentes: 1. Gravidez 2. Diabetes mellitus descompensada 3. Obesidade 4. Uso de ACO de alta dosagem 5. Uso de antibióticos, corticosteroides e imunossupressores 6. Alterações do sistema imunológico 7. Hábitos de higiene 8. Vestuários inadequados 9. Contato com substâncias alérgenas ou irritantes *Candidíase vaginal *Corrimento branco- acinzentado, grumoso, com aspecto de “leite coalhado”, hiperemia, edema vulvar, fissuras e macerações, ardor ou dor à micção, prurido intenso, dispareunia superficial (de introito). Vagina e colo recobertos por placas brancas ou branco-acinzentadas aderidas à mucosa. *pH vaginal inferior a 4,5 *Presença de hifas e esporos em secreção vaginal após aplicação de KOH (identificado em 65% dos casos)- EXAME A FRESCO. * *1ª OPÇÃO :Miconazol creme a 2% - 1 aplicador (5g) via vaginal por 7 noites Nistatina 100.000 UI – 1 aplicador via vaginal por 14 noites Clotrimazol creme a 1% - 1 aplicador (5g) via vaginal por 6 a 12 noites *2ª OPÇÃO: Fluconazol 150 mg VO dose única Itraconazol 200mg VO de 12 /12 horas por 1 dia Cetoconazol 400mg VO por 5 dias Para as gestantes somente os derivados azólicos tópicos estão indicados (por pelo menos 7 dias) Só trata o parceiro se com balanopostite ou na candidíase vulvovaginal recorrente (de forma empírica). Nos demais casos não é necessário rotineiramente. * *10-15 % dos corrimentos vaginais infecciosos *25% das vulvovaginites *Muitas vezes assintomáticas *Trichomonas vaginalis – protozoário anaeróbio flagelado com movimento contínuo característico *Corrimento abundante, amarelado ou amarelo-esverdeado, bolhoso, fétido, prurido e/ou irritação vulvar intenso, dor pélvica, dispareunia, sintomas urinários, hiperemia de mucosa com placas avermelhadas (colpite difusa e/ou focal com aspecto de framboesa) e teste de Schiller positivo , com aspecto “tigróide” * *Presença de protozoário móvel em exame a fresco *pH vaginal em torno de 5 a 7 *Transmissão predominantemente sexual *Existe a necessidade de tratar o parceiro sempre que possível *Oferecer exames para outras IST como HIV, sífilis e hepatite B * *Deve ser preferencialmentesistêmico *É uma IST e exige o tratamento do parceiro , quando possível, além de investigar outras IST *1ª OPÇÃO: Metronidazol 2g, VO dose única(também para a gestante) Metronidazol 400 a 500mg , VO, de 12/12 horas por 7 dias *2ª OPÇÃO: Secnidazol 2g , VO , em dose única(comp. 1g) Tinidazol 2g, , VO, em dose única (comp. 500mg) Na amamentação pode usar o metronidazol, mas requer suspensão do aleitamento por 12 horas e do tinidazol por 72 horas. EFEITO ANTABUSE Abstinência por 24 a 72 horas de álcool * *Infecção do canal cervical. *Podem ser divididas em gonocócicas e não-gonocócicas *Maioria das vezes assintomática. *Transmissão sexual *Existe a necessidade de tratar o parceiro sempre que possível *Oferecer exames para outras IST como HIV, sífilis e hepatite B *Secreção mucopurulenta visível no canal cervical ou presente no swab endocervical, podendo estar associada à secreção vaginal anormal. *Fácil sangramento á mobilização do colo uterino seja por coito, coleta de exame citológico ou introdução do espéculo. * *Neisseria gonorrhoeae *Transmissão sexual *60-80% assintomáticas *Predileção por pH alcalino *Exame bacteriológico de material coletado do endocérvice evidenciando diplococos gram – negativos agrupados aos pares no interior dos leucócitos. *Quando sintomáticas: Secreção purulenta do canal endocervical, associada a um colo uterino friável , disúria e polaciúria, dor pélvica e hiperemia vaginal * *Chlamydia trachomatis e outros patógenos *Geralmente assintomática *Quando sintomático: corrimento mucopurulento nos casos de endocervicite *Mais de 1/3 terão DIP *1/5 poderão se tornar inférteis *1/10 poderá ter gestação ectópica além de dor pélvica crônica *Detecção de antígenos pelo imunofluorescência direta e ELISA, cultura celular. * GONORREIA •Ceftriaxona 125 mg IM dose única •OU •Ciprofloxacina 500 mg VO dose única CLAMÍDIA •Azitromicina 1g VO dose única •OU •Doxiciclina 100 mg de 12/12 horas por 7 dias Não utilizar Ciprofloxacina em menores de 18 anos – devido a alterações nas cartilagens de crescimento (artropatia) * CRIANÇA ADOLESCENTE ADULTO CLIMATÉRIO Vaginites inespecíficas (secundárias a má higiene, parasitoses intestinais, corpos estranhos, infecções cutâneas) Vaginose bacteriana Candidíase Tricomoníase Vaginose bacteriana Candidíase Tricomoníase Corrimentos infecciosos resistentes ao antimicrobiano-neoplasia genital * * * *DOR PÉLVICA Classificada em dor pélvica aguda, cíclica ou crônica * *Inicio súbito, aumento abrupto e evolução curta *Localização pode não corresponder ao ponto de origem, quando dor visceral é descrita inicialmente como sensação de pressão, profunda, mal localizada *Frequentemente associada a respostas reflexas profundas autonômicas, tais como náuseas, vômitos, sudorese, apreensão o que não se apresenta na dor pélvica crônica *Se associa a sinais inflamatórios ou infecção, tais como febre ou leucocitose que estão ausentes na dor crônica *Início rápido da dor é o sinal mais consistente de isquemia ou perfuração de vísceras da cavidade EXAMES DIAGNÓSTICOS BÁSICOS: HEMOGRAMA, EXAME QUALITATIVO DE URINA, FRAÇÃO BETA DO HCG, VHS, PCR ULTRASSOM E/OU TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA * *FREQUENTEMENTE INFECÇÃO POLIMICROBIANA *Neisseria gonorrhoeae, Chlamydia trachomatis (+COMUNS) *CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS (presença de todos os critérios maiores mais um critério menor ou na presença de apenas um critério elaborado): 1. Critérios maiores: dor pélvica, dor à palpação dos anexos, dor à mobilização de colo uterino 2. Critérios menores: febre, secreção vaginal ou cervical, massa pélvica, hemograma infeccioso, VHS elevada, PCR elevada, comprovação laboratorial de infecção por gonococos, clamídia ou micoplasma 3. Critérios elaborados: evidência histopatológica de endometrite, presença de abscesso tubo-ovariano ou em fundo de saco de Douglas em ecografia, laparoscopia com evidência de doença inflamatória pélvica. * *FATORES DE RISCO: 1. MULTIPLOS PARCEIROS 2. ROMPIMENTO DA BARREIRA DO COLO: DIU, CURETAGEM, BIÓPSIA ENDOMETRIAL 3. MULHERES JOVENS , BAIXA RENDA E BAIXA ESCOLARIDADE * REGIME A Levofloxacima 500 mg VO uma vez ao dia por 12 dias Ou Ofloxacina 400mg, VO, de 12/12 horas por 14 dias Com ou sem Metronidazol 500 mg VO de 12 em 12 horas REGIME B Ceftriaxona 250 mg IM dose única Mais Doxiciclina 100 mg, VO de 12 /12 horas por 14 dias Com ou sem Metronidazol 500 mg VO de 12 em 12 horas OU OS PARCEIROS DEVEM SER EXAMINADOS E TRATADOS CASO TENHA OCORRIDO CONTATO SEXUAL COM O PACIENTE ACOMETIDO PELO PROCESSO INFECCIOSO NOS ÚLTIMOS 60 DIAS QUE PRECEDERAM O APARECIMENTO DOS SINTOMAS. Reexaminar a paciente após 72 horas do início do tratamento, caso não melhore, internação é a opção. Gestantes devem ser tratadas com antibióticos EV em ambiente hospitalar. * SINAIS DE ALERTA: Atraso menstrual, amenorreia ou gravidez confirmada. Parto ou abortamento recentes. Febre, calafrio, hipotensão, taquicardia, taquipneia. Distensão ou rigidez abdominal, sinais de irritação peritoneal. História de violência sexual. * *Tem como características dor no abdome inferior, contínua e intermitente, com duração maior de seis meses, não associada à gestação, ato sexual ou menstruação. • 60% “problemas” psicológicos • 60 a 80% laparoscopia não conclusiva * *Associada ao ciclo menstrual (dismenorreia: é definida como dor pélvica associada ao período menstrual, com ou sem associação a sintomas sistêmicos) *Afeta aproximadamente 50% das mulheres em idade reprodutiva, sendo que em 10% apresenta-se com intensidade suficiente para interferir no cotidiano (AMB, 2012). *Pode ser primária ou secundária * *Causada por aumento das prostaglandinas no útero no final do ciclo menstrual, com aumento do tônus uterino e contrações. *A paciente refere o início do quadro ainda na adolescência, meses após a menarca, coincidindo habitualmente com o início dos ciclos ovulatórios. Habitualmente, a dor se inicia ao mesmo tempo ou logo após o início do sangramento, podendo ocorrer horas antes; perdura por 48 a 72 horas e em geral cessa ou apresenta alívio com o uso de analgésicos comuns. A dor, na maior parte das vezes, não é progressiva, mantendo-se estável com o passar dos anos. *Exame físico pouco revelador e exames laboratoriais normais. *Diagnóstico clínico, por exclusão de dismenorreia secundária ENDOMETRIOSE Presença de tecido endometrial fora da cavidade uterina. Prevalência estimada em 10% Pode ser assintomático Infertilidade, dor pélvica e dispareunia Dor cíclica e progressiva, surgindo ou piorando nos períodos pré-menstrual e menstrual Exame físico inexpressivo Diagnóstico laparoscópico * *Pode iniciar algumas semanas antes da menstruação e permanecer alguns dias depois *Principais causas: endometriose, adenomiose e uso de DIU. * “Deus fez as mulheres belas. O diabo as fez espertas.” Leonid S. Sukhorukov
Compartilhar