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Curso: Técnico em Química integrado ao Ensino Médio. Unidade curricular: Metrologia Química Professor: Clodoaldo Machado Alunas: Amanda Caroline do Nascimento e Milena Leithold. Data: 11 de Dezembro de 2018. RELATÓRIO PRÁTICA 3 1 INTRODUÇÃO A complexometria, é um tipo de volumetria que baseia-se nas reações de complexação. Essas reações envolvem um íon metálico M e um ligante L com formação de complexo suficientemente estável. Como exemplo, é possível citar uma reação que origina um complexo do tipo 1 : 1. (UFJF, 2011) M + L ⇌ ML Segundo UFJF (2011), entre as titulações com agentes complexantes monodentados e as com agentes polidentados, é mais preferível utilizar os agentes polidentados, uma vez que por apresentarem 2 ou mais grupos complexantes na molécula reagem com os metais em uma única etapa, além de serem mais seletivos do que os ligantes monodentados. Dentre os agentes complexantes mais utilizados encontra-se o ácido etilenodiaminotetracético (EDTA); ele é um ligante hexadentado que contém seis átomos capazes de atuar como bases de Lewis, conforme Figura 1. (UFJF, 2011) Figura 1 - Fórmula estrutural do EDTA Fonte: SINEX, Scott A. Em soluções extremamente alcalinas, com pH maior do que 12, todos os grupos carboxílicos estão desprotonados e o EDTA forma complexos estáveis, do tipo 1:1, com quase todos os metais multivalentes. (UFJF, 2011) Sendo assim, a aplicação da titulação complexométrica está relacionada, principalmente, na determinação de íons metálicos em solução a partir da formação de complexos. Segundo UFJF (2011), Os indicadores usados na volumetria de complexação, chamados de indicadores metalocrômicos, são agentes complexantes fracos que exibem cores diferentes na forma complexada e na forma livre. Quando esse indicador é adicionado à solução a ser titulada ocorre à formação de um complexo colorido com o analito: M + In ⇌ MIn no qual M representa o íon metálico e In o indicador utilizado. Sendo assim, previamente à titulação esse complexo é formado, mudando a coloração da solução e, a partir do momento em que o titulante for adicionado, ocorre a reação com o metal livre até que essencialmente ele acabe e, nesse ponto, começa a acontecer o deslocamento do metal do complexo MIn. MIn + Y ⇌ MY + In cor A cor B Isso constitui o ponto final da reação e é responsável pela mudança de cor que sinaliza o fim da titulação. Para essa reação ocorrer o complexo metal-titulante deve ser mais estável do que o complexo metal-indicador. (UFJF, 2011) Um dos indicadores mais utilizados é o Negro de Eriocromo T, também chamado de Negro de Solocromo ou Preto de Eriocromo T. Ele é usado exclusivamente na faixa de pH entre 7 e 11, no qual a forma azul do indicador predomina na ausência de íons metálicos. Embora o Erio T forme complexos vermelhos com aproximadamente 30 metais, somente poucos desses complexos tem a estabilidade necessária para permitir uma mudança de cor apropriada no ponto final de uma titulação direta com o EDTA. O indicador é usado mais freqüentemente na titulação direta de Mg2+ , Ca2+, Cd2+, Zn2+ e Pb2+. Íons como Al 3+, Cu 2+, Fe3+ e Ni2+ formam complexos tão estáveis com o Erio T que impedem a ocorrência da reação do ponto final. Esses íons “bloqueiam” o indicador e devem estar ausentes ou quimicamente mascarados quando o Erio T for usado como indicador. Em solução, o Erio T é lentamente oxidado pelo oxigênio dissolvido e um agente redutor como o ácido ascórbico é, algumas vezes, adicionado para retardar essa reação. Outra maneira de evitar a oxidação é adicionar o Erio T sólido na solução exatamente antes de iniciar a titulação. (UFJF, 2011) 2 OBJETIVO Determinar a quantidade de cálcio presente em uma amostra comercial de leite por meio do método de complexometria. 3 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL Reagentes: Água deionizada (H2O), tampão amoniacal, preto de eriocromo T e leite em pó da marca Elegê. Equipamentos, materiais e vidrarias: Suporte universal, garras, bureta, erlenmeyers, béquer, balança semi-analítica, espátula, proveta. Inicialmente foram pesados, nos próprios erlenmeyers, utilizando uma balança semi-analítica, 0,60 g de leite em pó da marca Elegê. Após a pesagem da massa necessária nos 4 erlenmeyer que seriam utilizados, adicionou-se água deionizada até a completa dissolução das massas. Seguidamente, foram adicionados 4 mL de tampão amoniacal com auxílio de uma proveta e três gotas do indicador preto de eriocromo T. Após a adição de todas os compostos necessários ao erlenmeyer, transferiu-se aproximadamente 50 mL de uma solução de EDTA 0,02 mol/L para um béquer. A solução foi posteriormente utilizada para preencher todo o volume da bureta. Com o titulante e o titulado devidamente preparados deu-se início a titulação, sempre preenchendo-se o volume total da bureta após a realização da titulação de cada amostra. Após notar problemas com a prática, o grupo foi instruído pelo docente responsável a realizar outra titulação, desta vez com uma nova massa do mesmo leite em pó. A nova massa pesada foi de 0,10 g, pesada em balança semi-analítica e em duplicata, nos erlenmeyers dos quais se faria o uso para a realização da titulação. Assim como as demais, a massa foi solubilizada em água deionizada, adicionando-se ainda a mesma quantidade do tampão e do indicador. Com o novo titulado pronto, preencheu-se o volume da bureta e deu-se início a titulação. Novamente, alguns problemas foram observados e, devido à falta de tempo, o docente instruiu os grupos a recolherem os dados de um outro grupo (Karoline e Augusto) para elaboração do relatório, visto que a prática realizada pelos mesmos obteve resultados corretos. Sendo assim, o procedimento realizado pelo grupo citado descreve-se abaixo: Inicialmente se fez necessário realizar a preparação do aparato de titulação, para tal, utilizou-se de um suporte universal, ao qual foi fixado uma garra, onde foi acoplado a bureta, posteriormente foi realizado a ambientalização da mesma com a solução de EDTA. Em seguida foi realizado a preparação da amostra, foram separados 4 erlenmeyers, nos quais foram pesados 0,60 gramas do leite em pó a ser analisado. Posteriormente foi adicionado 4 mL da solução tampão amoniacal pH 10, esse procedimento foi realizado na capela e com a utilização de luvas. Após a adição da solução tampão amoniacal, foi adicionado 3 gotas do indicador negro de eriocromo-T. Por fim a bureta foi preenchida em sua totalidade, compreendendo 25 mL, com a solução de EDTA 0,01 M, para dar continuidade à prática. (BORGERT; KAPPES, 2018) Após o término da prática o EDTA que não foi utilizado foi devolvido para o recipiente de origem e os efluentes foram depositados em um balde, junto com os dos demais grupos, para posterior tratamento e descarte apropriadodos resíduos. 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES Em toda e qualquer prática se faz necessária a tomada de alguns cuidados, alguns destes, tais como ambientalizar a bureta e garantir que não haja bolhas de ar ao longo da coluna, após a adição do titulante; a escolha do indicador correto; a atenção para identificar o ponto de viragem, entre outros, podem ser citados como tidos ao longo da realização da presente prática. Torna-se válido ressaltar o motivo e importância da utilização de uma solução tampão neste tipo de titulação. A justificativa para tal se dá pelo fato de que, o EDTA precisa reagir com o íon metálico, porém para que isso ocorra, os íons de hidrogênio que estão ligados aos grupos carboxilatos precisam ser removidos. Segundo UFJF (2011), em soluções fortemente básicas esses hidrogênios são removidos por reação com o íon hidróxido. Em soluções mais ácidas os íons metálicos devem ser capazes de deslocar os íons hidrogênio. Uma vez que os íons metálicos diferem significativamente na sua habilidade para deslocar esses íons, a acidez da solução pode ser usada para “regular” a reatividade do EDTA com os íons metálicos. Por exemplo, muitos íons metálicos reagem quantitativamente com uma quantidade estequiométrica de EDTA em pH 10, mas apenas poucos, como o Fe3+ e o Hg22+, também reagem quantitativamente em pH 2. Normalmente, as soluções a serem tituladas com EDTA são tamponadas de modo que o pH permaneça constante mesmo com a liberação de íons hidrogênio à medida que o complexo vai sendo formado. Portanto, o pH é normalmente ajustado no valor mais baixo que torna possível a complexação. Vale ressaltar que, em valores altos de pH muitos íons metálicos tendem a hidrolisar e até mesmo a precipitar como hidróxidos, por isso em muitas titulações a concentração do cátion é mantida tão baixa quanto 0,010 mol/L a 0,0010 mol/L para diminuir as chances de precipitação. Além disso, para minimizar esse problema, são adicionados agentes complexantes auxiliares que reagem com o íon metálico evitando a sua precipitação quando o meio se tornar básico. Esse complexo formado deve ter estabilidade intermediária entre o hidróxido metálico e o complexo metal-EDTA. Dessa forma, ele se formará preferencialmente ao hidróxido, mas o íon metálico será liberado à medida que o EDTA for sendo adicionado. A amônia é especialmente usada para esse propósito porque forma complexos solúveis com a maioria dos metais de transição e quando misturada com o seu ácido conjugado o íon amônio forma um tampão básico, que foi utilizado na presente prática. Referente ao indicador utilizado, o Negro de Eriocromo T, a mudança de coloração esperada é da forma azul do indicador (Figura 2), predominante na ausência de íons metálicos, para um azul mais escuro, assemelhando-se ao roxo escuro. Figura 2: Amostras de leite tituladas com EDTA após identificação do ponto final de titulação Fonte: Borgert e Kappes, 2018 Durante a titulação utilizando 0,60 g como massa do leite em pó, deparou-se com um certo obstáculo, que pode ser verificado a partir dos valores presentes na Tabela 1. Tabela 1. Titulações realizadas utilizando 0,6 g de leite em pó e EDTA 0,02 M. Titulações realizadas Titulado (Ca2+) Titulante (EDTA) 1ª 0,6 g 5,6 mL 2ª 0,6 g 9,1 mL 3ª 0,6 g + 25,0 mL É possível verificar a discrepância dos valores utilizados de titulante, acarretando assim grande erro a toda a análise de dados. Para diminuição dos erros associados, sugere-se que o volume de titulante permaneça igual ou superior a 10 e inferior a 25 mL, uma vez que estando nessa faixa o erro associado já é menor do que se o volume utilizado fosse menor que 10 mL. Sendo assim, por recomendação do professor, a massa foi substituída para 0,1 g de leite em pó. Todavia, ao iniciar-se a titulação, os mesmos empecilhos foram encontrados. Nenhuma das amostras da dupla atingiu o ponto de equilíbrio com 25 mL de EDTA, entretanto, algumas duplas conseguiram atingir com volumes entre 5 e 10 mL de EDTA para a mesma massa (0,1 g). A possível justificativa para obtenção de valores inconclusivos, se dá pelo fato da solução de EDTA não estar padronizada, além de ter atingido o prazo de validade há cerca de 1 ano, mostrando-se não eficiente para a utilização. Isso se deve pois o EDTA encontrava-se degradado e, devido a isso, não realizava a sua função, que era complexar o meu composto. Como não havia tempo hábil para preparo e padronização de outra solução de EDTA e para que os alunos conseguissem atingir o objetivo proposto pela prática, a solução encontrada foi a utilização dos valores obtidos por outro grupo para este cálculo. O grupo que obteve os valores que serão utilizados no presente relatório para cálculo da concentração de Ca2+ na amostra de leite em pó, fez o uso de uma solução de EDTA padronizada que fora utilizada em uma prática de outra unidade curricular, e por não haver volume suficiente para todos os grupos, limitaram-se a fazê-los eles mesmos e compartilhar o resultado com os demais. Os valores obtidos na titulação podem ser verificados na Tabela 2. Tabela 2. Titulações realizadas utilizando 0,60 g de leite em pó e EDTA padronizado. Titulações realizadas Titulado (Ca2+) Titulante (EDTA) 1ª 0,60 g 22,3 mL 2ª 0,60 g 22,5 mL 3ª 0,60 g 22,7 mL 4ª 0,60 g 22,7 mL A partir dos valores pode-se calcular a média aritmética, concentração de Ca 2+, bem como realizar o teste Q para verificação de resultados espúrios e desvio padrão, para expressar corretamente o valor encontrado nesta determinação. Concentração para 22,3 mL: 0,01 mol --- 1000 mL x mol ------- 22,3 mL x = 0,000223 mols de EDTA 0,000223 mols de EDTA -- 0,6 g de Ca2+ x ----------- 300 g x = 0,1115 mols de Ca 2+ 0,1115 mols de Ca2+ --- x 1 mol ---- 40,08 g x = 4,46892 g de Ca2+ em 300 g de leite em pó 4,46892 g de Ca 2+ --- 300 g x ----------- 20 g x = 0,297928 g (ou 297,928 mg) Concentração para 22,5 mL: 0,01 mol --- 1000 mL x mol ------- 22,5 mL x = 0,000225 mols de EDTA 0,000225 mols de EDTA -- 0,6 g de Ca2+ x ----------- 300 g x = 0,1125 mols de Ca 2+ 0,1125 mols de Ca2+ --- x 1 mol ---- 40,08 g x = 4,509 g de Ca2+ em 300 g de leite em pó 4,509 g de Ca2+ --- 300 g x ----------- 20 g x = 0,3006 g (ou 300,600 mg) Concentração para 22,7 mL: 0,01 mol --- 1000 mL x mol ------- 22,7 mL x = 0,000227 mols de EDTA 0,000227 mols de EDTA -- 0,6 g de Ca2+ x ----------- 300 g x = 0,1135 mols de Ca 2+ 0,1135 mols de Ca2+ --- x 1 mol ---- 40,08 g x = 4,54908 g de Ca2+ em 300 g de leite em pó 4,54908 g de Ca2+ --- 300 g x ----------- 20 g x = 0,303272 g (ou 303,272 mg) Teste Q: Para a realização do Teste Q foi utilizado a seguinte fórmula, para verificação de resultados espúrios: Resultados em ordem decrescente: 303,272 mg 303,272 mg 300,600mg 297,928 mg Q 1 = | 297,928 - 300,600 | / (303,272 - 297,928) Q1 = 2672 / 5344 Q1 = 0,5 Q2 = | 303,272 - 303,272 | / (303,272 - 297,928) Q2 = 0 / 5344 Q2 = 0 Comparando o resultado com a Figura 3, que expõe os valores críticos para índice de confiabilidade, é possível visualizar que nenhum valor é espúrio à índice de confiabilidade de 90%, 95% e 99%. Figura 3 - Valores críticos para índice de confiabilidade Fonte: American Chemical Society, 1991 Desvio padrão: s = 2,558 mg Média aritmética: (303,272 + 303,272 + 300,600 + 297,928) / 4 = 301,268 mg Desse modo, a medida analisada expressa-se como sendo (301,268 ± 2,558) mg com índice de confiabilidade de 99%. Comparando-se com o rótulo do produto, exibido na Figura 4, pode-se afirmar que a quantidade de cálcio encontrada não está condizente com o rótulo, visto que a faixa de variação da concentração encontra-se acima do valor teórico. Destarte, torna-se válido ressaltar que toda e qualquer análise/atividade prática está sujeita a erros, assim sendo existe uma série de fatores que exercem influência para a ocorrência de erros durante todo o processo, que pode vir a influenciar diretamente o resultado final da análise. Como fatores de erros que podem vir a exercer maiores influência na presente prática podemos destacar: a metodologia utilizada, sendo esses os reagentes utilizados, bem como o indicador escolhido para a titulação; além disso, destaca-se o erro do próprio operador quanto à observação do ponto de viragem, que pode influenciar no volume utilizado do titulante e, portanto, na medida analisada. Figura 4 - Rótulo do leite em pó desnatado da marca Elegê Fonte: acervo do grupo 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Apesar dos empecilhos que se fizeram presente ao longo da atividade prática, pode-se dizer que o objetivo desta foi atingido, visto que mesmo com a titulação não sendo conduzida da maneira esperada, foi possível calcular a concentração de cálcio presente na amostra e observar como se dá o processo de titulação complexométrica. Outrossim, o próprio problema com o titulante, é um fator que contribui para formação de conhecimento dos estudantes, uma vez que na ocorrência de um erro e/ou algo inesperado faz-se necessária a investigação deste. Desse modo, os resultados são válidos no quesito aprendizagem, todavia para afirmação concreta de que o valor de cálcio encontra-se em maior quantidade que a relatada em seu rótulo, fariam-se necessários mais e melhores testes e análises, visto que, por se tratar de uma prática desenvolvida em um laboratório de ensino aprendizagem, são inúmeros os erros associados que comprometem a credibilidade do resultado final. Destarte, o desenvolvimento da atividade contribui imensamente para compreensão prática dos assuntos lecionados em sala de aula, evidenciando as possibilidades de aplicação desta técnica e sua importância. Ademais, por conduzir-se esta com responsabilidade, acresceu-se a autonomia em laboratório dos alunos, além de ter-se contribuido com mais uma experiência de grande importância para a atuação de um técnico em química dentro de um laboratório. REFERÊNCIAS UFJF. Aula prática 10. 2011. Disponível em: <http://www.ufjf.br/baccan/files/2011/05/Aula_Pratica_10.pdf> Acesso em: 03 dez. 2018
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