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Licitação: Procedimento Administrativo

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1. Licitação 
1.1 Conceito: 
procedimento administrativo: Poder Público seleciona a proposta mais vantajosa, na forma do edital, para 
celebrar um contrato administrativo 
> Proposta mais vantajosa ao interesse público? 
menor preço 
melhor técnica 
Edital: fixa “regras do jogo”: Administração e licitantes 
 
1.2 Fundamento: 
Art. 37, XXI, Constituição: “ressalvados os casos especificados na legislação, as obras, serviços, compras 
e alienações serão contratados mediante processo de licitação pública que assegure igualdade de 
condições entre todos os concorrentes, com cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, 
mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da lei, o qual somente permitirá as 
exigências de qualificação técnica e econômica, indispensáveis à garantia do cumprimento das obrigações” 
>> OBS: regra admite exceções (“ressalvados os casos especificados na legislação”): dispensa e 
inexigibilidade (Exemplos: Artigos 13, 24 e 25 da Lei nº 8.666/93 > Contratação Direta pela 
Administração) 
 
1.3 Competência Legislativa: Art. 22, XXVII, Constituição 
 
a) Normas Gerais: licitação e contratação: UNIÃO (caráter nacional: toda modalidade e território nacional) 
- Lei nº 8.666/93 
- Lei nº 10.520/02 
 
b) Normas Específicas: peculiaridades dos entes políticos: respectivos âmbitos e não contrariam as normas 
gerais 
>> OBS: alguns dispositivos da Lei nº 8.666/93 fixam normas específicas: aplicáveis às licitações e 
contratações realizadas pela União (STF - ADI nº 927) 
>> OBS: Lei nº 9.478/97 (regulamenta a ANP): Petrobrás (empresa estatal) não observará a Lei nº 
8.666/93, mas um procedimento simplificado definido por Decreto do Presidente da República 
 
- TCU: considera inconstitucional 
 
- STF: concedeu liminar no MS nº 25.888, impetrado pela Petrobrás em face do TCU, garantindo o uso 
do “procedimento simplificado” definido por Decreto Presidencial, até o julgamento definitivo do mérito 
 
1.4 Sujeição ao Procedimento Licitatório 
Art. 22, XXVII da Constituição 
Art. 1º, § único da Lei nº 8.666/93 
 
1.5 Procedimento licitatório: 
a) entes políticos: União, Estados, DF e Municípios (órgãos que os compõem > Administração Direta) 
b) pessoas jurídicas da Administração Indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades 
de economia mista) 
c) entidades controladas pelos entes políticos: entidades que realizam atividades de interesse público e 
que são controladas pelo Poder Público (suas contas são fiscalizadas pelos Tribunais de Contas). Exemplo: 
entes de cooperação, tais como a OSCIP 
d) fundos especiais 
(imprecisão legislativa: fundos são despersonalizados > gestor do fundo é que está sujeito à licitação) 
>> OBS: empresas públicas e sociedades de economia mista estão sujeitas à Lei nº 8.666/93 quando 
são prestadoras de serviços públicos 
 
Quando são exploradoras de atividade econômica, sujeitam-se a regime próprio (estatuto jurídico de 
natureza privada), na forma do Art. 173, § 1º, III da Constituição (ainda não regulamentado > 
aplica-se Lei nº 8.666/93) 
 
1.6 Princípios Aplicáveis às Licitações, 
 
Princípios gerais: princípios aplicáveis à Administração (Art. 37, caput e outros da Constituição) 
 
Princípios específicos: Art. 3º da Lei nº 8.666/93 
a) Isonomia entre os licitantes: 
igualdade de oportunidade em participar da licitação (para todos que tenham qualificação técnica e 
econômica) 
igualdade de tratamento 
 
b) Publicidade: 
públicos os atos que compõem o procedimento (para conhecimento dos licitantes e da população) > 
sigilo apenas do conteúdo das propostas antes da abertura dos envelopes 
públicos os motivos determinantes das decisões proferidas em todas as etapas do procedimento 
 
c) Vinculação ao instrumento convocatório: 
a partir da publicação das regras no edital de licitação, Administração e licitantes ficam estritamente 
vinculados à sua observância (regras se tornam “lei entre as partes”) 
 
d) Julgamento objetivo: 
O julgamento das propostas dos licitantes será baseado exclusivamente nos: 
> a) critérios fixados pelo edital 
> b) termos específicos das propostas 
 
e) Adjudicação compulsória: 
O objeto do certame válido será obrigatoriamente entregue ao licitante vencedor (não será contratado 
quem não participou da licitação; não haverá preterição na ordem de classificação das propostas; não 
será realizada nova licitação sobre o mesmo objeto, enquanto válida a anterior) 
 
f) Competitividade: 
Deve haver competição, para tanto, é necessário que haja mais de um interessado no objeto contratual 
a competição proporciona diversidade de propostas, cabendo à Administração escolher a mais 
vantajosa conforme a relação de custo-benefício (lembrando que tipifica crime qualquer fraude, 
combinação, ajuste ou conluio entre licitantes > Art. 90 da Lei nº 8.666/93) 
 
1.7 Etapas e Fases da Licitação 
- Etapas: 
a) Etapa Interna: órgão/entidade administrativa competente pratica atos necessários à abertura do 
certame licitatório antes da convocação dos eventuais interessados 
 
b) Etapa Externa: a partir da publicação do edital ou do envio das cartas-convites > instrumentos 
convocatórios (interessados ficam cientes das condições e dos requisitos) 
- Fases: Licitação: “procedimento” > diversas fases preordenadas 
(ordem cronológica preestabelecida em lei) - Em regra (Art. 43 da Lei nº 8.666/93): 
Edital / Habilitação / Classificação / Homologação / Adjudicação 
 
1-) Edital: “lei interna da licitação” (regras publicadas > Administração e licitantes conhecem e cumprem) 
- Art. 40: cláusulas essenciais do edital (Exemplos: descrição do objeto; relação de documentos; 
critérios de julgamento; minuta contratual; etc) 
- Art. 41, § 1º: impugnação do edital por qualquer cidadão no interesse da coletividade > Prazo: até 
cinco dias úteis antes da abertura dos envelopes 
- Art. 41, § 2º: impugnação do edital por qualquer licitante > Prazo: até dois dias úteis antes da 
abertura dos envelopes 
- Modificações no edital? -Divulgação com a mesma publicidade do texto original, reabrindo-se prazo para a 
modificação das propostas, exceto quando as alterações não são estruturais (Art. 21, § 4º) 
 
 
2-) Habilitação: apuração das condições de cada licitante (aptidão técnica e econômica) para cumprir o 
contrato 
Documentos de natureza jurídica, técnica, financeira, fiscal e trabalhista (Artigos 27 a 33) 
Administração deve justificar a pertinência de cada documento exigido (conforme o objeto licitado) 
Ao término dessa fase: 
> Licitante inabilitado: excluído do certame 
> Licitante habilitado: prossegue no certame 
 
Decisão pela habilitação / inabilitação: 
interposição de recurso (em cinco dias úteis) > efeito suspensivo 
 
3-) Classificação: propostas dos licitantes habilitados > análise da “Comissão Julgadora” do certame 
licitatório 
Classificação: dois momentos marcantes: 
a) Desclassificação: desclassificadas aquelas propostas desconformes e inexequíveis. 
OBS: quando todas as propostas são desclassificadas, a Comissão Julgadora pode abrir prazo de oito 
dias úteis para regularização das propostas desconformes (Art. 48, § 3º) 
 
b) Julgamento: as propostas conformes e exequíveis serão analisadas conforme os critérios do 
edital (Art. 45), estabelecendo-se a classificação propriamente dita (ordem que não admite 
preterição) 
 
4-) Homologação: fase em que os autos do procedimento são encaminhados para a autoridade 
administrativa com superioridade hierárquica, objetivando a ratificação quanto à licitude das fases 
anteriores 
A autoridade hierarquicamente superior deve anular a licitação ilegal (decisão vinculada) ou pode revogar a 
licitação inconveniente/inoportuna ao interesse público (decisão discricionária) 
 
5) Adjudicação: fase que encerra a licitação, consistente na entrega de seu objeto ao licitante vencedor 
Principais consequênciasjurídicas da adjudicação: 
a) o Poder Público só poderá celebrar o contrato, referente ao objeto licitado, com o licitante vencedor 
b) o vencedor é obrigado a manter os termos da sua proposta pelo prazo mínimo de sessenta dias 
c) caso o vencedor não mantenha sua proposta, a Administração convoca o segundo colocado, para 
ver se ele concorda em equiparar sua proposta àquela do vencedor, e assim sucessivamente, até o 
último classificado aprovado no certame licitatório. 
 
1.8 Contratação Direta 
- Doutrina > a Constituição adotou uma presunção: licitação acarreta a contratação mais vantajosa para a 
Administração 
- Art. 37, XXI da Constituição: restringe o alcance dessa presunção (“ressalvados os casos 
especificados na legislação”) > CONTRATAÇÃO DIRETA: hipóteses de dispensa e inexigibilidade da 
licitação 
- Contratação direta não é “contratação informal” contratação com dispensa ou inexigibilidade de 
licitação exige um procedimento de justificação (Art. 26), sob pena de configurar crime por violar tal 
formalidade (Art. 89) 
 
A) Inexigibilidade: inviabilidade de competição (impossível realizar o procedimento) 
- Inexigível porque o objeto licitado é SINGULAR: 
} bem singular: sua individualidade o torna incomparável 
} serviço singular: produção intelectual com estilo ou marca pessoal inigualável, de caráter científico, 
técnico ou artístico 
>> OBS: três pressupostos para haver licitação: 
a) pressuposto lógico: pluralidade de objetos 
b) pressuposto jurídico: interesse público na contratação 
c) pressuposto fático: pluralidade de interessados no objeto 
Falta de um dos pressupostos: Art. 25 da Lei nº 8.666/93: 
 
 
- rol exemplificativo das hipóteses de inexigibilidade 
Art. 13 da Lei nº 8.666/93: contratação de serviço técnico profissional de “natureza singular” > notória 
especialização Exemplo: parecer de jurista renomado 
 
B) Dispensa: competição é possível, mas o legislador determina que não haverá licitação naquele caso 
específico (dispensa da licitação nas hipóteses legais > rol taxativo) 
 
Nas hipóteses de dispensa do procedimento, a licitação pode ser “dispensada” ou “dispensável” 
 
Hipóteses de licitação dispensada: a lei não confere liberdade de escolha ao gestor, limitando-se a proibir 
a realização da licitação no caso concreto: Art. 17 da Lei 8.666/93 
Exemplo: doação ou permuta de bens entre órgãos e/ou entidades da própria Administração 
 
Hipóteses de licitação dispensável: a lei confere liberdade de escolha ao gestor, permitindo que ele 
promova ou não a licitação no caso concreto: Art. 24 da Lei 8.666/93 
 
Exemplos de licitações “dispensáveis”: 
a) pequeno valor (Art. 24, incisos I e II). Exemplo: montante legal definido previamente 
b) situações excepcionais (Art. 24, incisos III, IV, XIV,XVIII, XXVII). Exemplo: calamidade pública 
c) natureza do objeto (Art. 24, incisos X, XII, XV, XVII,XIX e XXI). Exemplo: produtos perecíveis 
d) pessoa do contratante (Art. 24, incisos VIII, XIII, XVI, XX, XXII, XXIV e XXVI). Exemplo: organizações 
sociais 
 
>> OBS: Dentre as licitações dispensáveis, a doutrina e a jurisprudência fazem referência aos seguintes 
termos “licitação deserta” e “licitação fracassada”: 
- licitação deserta: não houve interessados, sendo autorizada a contratação direta, mantidas as 
condições fixadas no edital. Exemplo: Art. 24, V da Lei nº 8.666/93 
- licitação fracassada: todos os interessados não conseguem êxito nas fases de habilitação e 
classificação. Exemplo: Art. 24, VII da Lei nº 8.666/93 
>> OBS: a doutrina aponta inúmeras impropriedades e até mesmo inversões conceituais da Lei nº 
8.666/93 quanto à classificação das hipóteses de dispensa e inexigibilidade, bem como entre as licitações 
dispensadas e dispensáveis 
 
1.9 Modalidades de Licitação 
Atualmente, nossas leis gerais sobre licitações estabelecem seis modalidades licitatórias: 
a) concorrência 
b) tomada de preços 
c) convite 
d) concurso 
e) leilão 
f) pregão 
Modalidades previstas expressamente: 
- as cinco primeiras: Art. 22, Lei nº 8.666/93 
- última (pregão): Art. 1º, Lei nº 10.520/02 
>> OBS: a modalidade consulta só tem aplicação com relação às Agências Reguladoras, conforme 
procedimento próprio, portanto, não equivale a uma “norma geral” aplicável à Administração como 
um todo! 
Essas modalidades licitatórias podem ser divididas em conformidade com dois critérios: 
a) Valor: concorrência, tomada de preços e convite 
b) Natureza do Objeto: concurso, leilão e pregão 
Quanto à modalidade de licitação aplicável, é possível substituir a modalidade menos rigorosa por 
uma mais rigorosa no tocante ao valor (Art. 23, § 4º), sendo vedado o inverso (substituir mais rigorosa 
por menos rigorosa) 
Tratando-se de obras executadas ou serviços prestados em fases ou parcelas, a modalidade cabível é 
a correspondente ao valor total do contrato (Art. 23, § 5º) 
 
 
1.10 Prazo de intervalo mínimo: 
- Cada modalidade possui um prazo de intervalo mínimo: lapso temporal mínimo entre a convocação dos 
interessados (edital/carta-convite) e a data da entrega das propostas 
 
- Objetivos do prazo de intervalo mínimo: 
a) tempo hábil à preparação da documentação necessária à habilitação 
b) qualquer alteração estrutural posterior à convocação: obriga a reabertura do “prazo de intervalo 
mínimo” 
 
- Quadro comparativo dos prazos de intervalo mínimo, conforme a modalidade licitatória: 
a) Concorrência: 
45 dias corridos (critérios: “melhor técnica” ou “técnica e preço”) 
 30 dias corridos (critério: “menor preço”) 
b) Tomada de Preços: 
30 dias corridos (critérios: “melhor técnica” ou “técnica e preço”) 
15 dias corridos (critério: “menor preço”) 
c) Convite: 
05 dias úteis (independentemente do critério) 
d) Concurso: 
45 dias corridos (independentemente do critério) 
e) Leilão: 
15 dias corridos (independentemente do critério) 
f) Pregão: 
08 dias úteis (independentemente do critério) 
 
Principais características das modalidades licitatórias: 
 
1. Concorrência 
- Modalidade genérica, com ampla divulgação e participação de qualquer interessado que preencha as 
condições fixadas no instrumento convocatório (Art. 22, § 1º) 
- Modalidade que pode ser exigida em razão do valor ou da natureza do objeto 
- Valor: contratos de alto valor (Art. 23, I, “c” e II, “c”): 
a) obras e serviços de engenharia: acima de R$ 1.500.000,00 
b) compras e serviços: acima de R$ 650.000,00 
 
Natureza do objeto: nos seguintes casos: 
a) compras e alienações de bens imóveis (exceto na alienação de bem imóvel mediante leilão, 
decorrente de decisão judicial e de dação em pagamento - Art. 19) 
b) concessões de direito real de uso 
c) licitações internacionais (exceto quando a Administração dispõe de cadastro internacional de 
fornecedores, caso em que se admite a tomada de preços, ou quando não haja no País nenhum 
fornecedor do bem ou serviço, caso em que se admite convite; mas em ambas as exceções serão 
observados os limites de valor fixados para cada modalidade) 
d) contratos de empreitada integral (quando se contrata a execução de um empreendimento em sua 
integralidade, com todas as etapas de obras, serviços e instalações necessárias) 
e) concessões de serviços públicos (comuns: regidas pela Lei nº 8.987/95; PPPs: regidas pela Lei nº 
11.079/04) 
 
2. Tomada de Preços 
- Modalidade de participação restrita aos interessados previamente cadastrados, em função do ramo 
de atividade e do potencial técnico e econômico (Registro Cadastral), desde que atendam às 
condições de cadastramento até o terceiro dia anterior à data definida para o recebimento das 
propostas (Art. 22, § 2º) 
- Modalidade exigida em contratos de médio valor (Art. 23, I, “b” e II, “b”): 
a) obras e serviços de engenharia: até R$ 1.500.000,00 
b) compras e serviços: até R$ 650.000,00 
 
 
3. Convite 
- Modalidade de participaçãorestrita aos convidados pela Administração, em número mínimo de 
três, estejam ou não cadastrados, dentre aqueles que pertençam ao ramo de atividade pertinente 
ao objeto da licitação 
- A participação será estendida aos não convidados cadastrados no mesmo ramo de atividade e que 
declarem interesse em participar com antecedência mínima de 24 horas da apresentação das propostas 
(Art. 22, § 3º) 
- Quando houver limitação de mercado ou manifesto desinteresse dos convidados, sendo 
impossível obter o número mínimo de três licitantes, essas circunstâncias deverão ser 
justificadas no processo, sob pena de repetição do convite (Art. 22, § 7º) 
- O instrumento convocatório nessa modalidade é a chamada carta-convite, cujo teor será afixado 
no átrio da unidade administrativa (local de costume), além de encaminhadas cópias aos 
convidados, sendo facultado à Administração promover sua publicação em Diário Oficial 
- Modalidade exigida em contratos de pequeno valor (Art. 23, I, “a” e II, “a”): 
a) obras e serviços de engenharia: até R$ 150.000,00 
b) compras e serviços: até R$ 80.000,00 
 
4. Concurso 
- Modalidade caracterizada pela natureza do objeto: escolha de trabalho técnico, científico ou artístico, 
mediante a instituição de prêmios ou remuneração aos vencedores, (Art. 22, § 4º) 
- Realizada mediante regulamento próprio, portanto, não segue um procedimento previsto em lei 
- A Comissão Julgadora dessa modalidade é chamada de Comissão Especial, pois é integrada por 
pessoas idôneas, que tenham conhecimentos específicos da área de seu objeto 
>> OBS: Não confunda essa modalidade de licitação com o “concurso público”, pois este é um 
procedimento administrativo destinado à escolha e admissão de agentes públicos! 
 
5. Leilão 
- Modalidade caracterizada pela natureza do objeto, pois, na forma do Art. 22, § 5º, é determinada 
pela necessidade de alienação, àquele interessado que oferecer o maior lance, igual ou superior 
ao valor da avaliação, dos seguintes bens: 
a) bens móveis inservíveis para a Administração 
b) bens legalmente apreendidos ou penhorados 
c) bens imóveis adquiridos mediante procedimento judicial ou dação em pagamento por dívidas com o 
Poder Público 
- Atenção: só será possível adotar tal modalidade quando o valor da avaliação daqueles bens, 
isolada ou globalmente, não ultrapassar a R$ 650.000,00, pois, neste caso, será obrigatória a 
modalidade concorrência (Art. 17, § 6º) 
- O procedimento do leilão não consta da Lei nº 8.666/93, portanto, sua realização segue a praxe 
administrativa, ficando a cargo de leiloeiro oficial ou de agente público designado para tanto 
pela Administração 
 
6. Pregão (Lei nº 10.520/02) 
- Modalidade caracterizada pela natureza do objeto: aquisição de bens e serviços comuns, isto é, 
aqueles cujos padrões de desempenho e qualidade possam ser definidos objetivamente pelo 
edital, por meio de especificações usuais do mercado (art. 1º e § único da Lei nº 10.520/02) 
> Exemplos de bens e serviços “comuns”: combustíveis, materiais de escritório, uniformes, 
serviços de limpeza, vigilância, jardinagem etc. 
- Atenção: como essa modalidade não é determinada pelo valor, mas pela natureza do objeto, 
admite-se o pregão para contratos de qualquer valor! 
 
- O objeto licitado é qualificado como “comum”, logo, o critério de julgamento será sempre o 
menor preço da proposta (não são considerados aspectos técnicos) 
- Essa modalidade possibilita a redução do preço das propostas iniciais por meio de novas 
propostas feitas em lances verbais daqueles participantes classificados na sessão pública 
(presencial ou virtual) por terem feito propostas de até 10% de diferença com relação à 
melhor proposta apresentada (Art. 4º, VIII da Lei nº 10.520/02) 
- O pregão não exige habilitação prévia e nem oferecimento de garantias para as propostas feitas > 
maior celeridade 
- O Decreto nº 3.555/00, que regulamenta o pregão no âmbito federal, veda a utilização desta 
modalidade para: 
a) contratações de obras e serviços de engenharia 
b) locações imobiliárias 
c) alienações em geral 
d) compras e contratações de bens e serviços de informática e automação 
- O procedimento será conduzido pelo pregoeiro, com eventual auxílio de uma equipe de apoio, 
em sua maioria, integrada por agentes públicos 
- O pregão também se notabiliza pela inversão das fases, pois a classificação das propostas 
antecede a habilitação, assim como a adjudicação antecede a homologação 
 
- As fases do pregão ficam assim: 
1) Edital 
2) Classificação 
3) Habilitação 
4) Adjudicação 
5) Homologação 
- O pregão pode ser realizado de forma presencial ou virtual, admitida a utilização dos recursos de 
tecnologia da informação, que viabilizam a disputa à distância (internet) 
 
>> OBS: Na esfera federal, o Decreto nº 5.450/05 determina ser obrigatória esta modalidade nas 
aquisições de bens e serviços comuns pela União, sendo preferencial a utilização de sua forma 
virtual (“pregão eletrônico”) 
 
2. Contratos Administrativos 
 
2.1 Conceito 
Contrato administrativo é o acordo de vontades entre a Administração Pública ou quem faça suas vezes e 
um particular, cuja vigência e condições de execução a cargo deste podem ser instabilizadas por aquela, 
desde que assegurado o equilíbrio financeiro deste ajuste 
 
2.2 Características 
a) Administração como “Poder Público”: Administração tem prerrogativas que garantem sua supremacia 
contratual 
b) finalidade pública: consecução do interesse coletivo 
c) forma prescrita em lei: observância do formato legal, conforme a modalidade contratual. Exemplo: 
termo escrito e lavrado na repartição competente ou escritura pública 
 OBS: admite-se, excepcionalmente, contrato verbal nas pequenas compras de pronto pagamento (valor de 
5% do limite para a modalidade licitatória convite - art. 60, § único da Lei nº 8.666/93) 
d) contrato de adesão: a Administração está vinculada às leis, regulamentos e interesses públicos, 
portanto, estabelece unilateralmente todas as cláusulas do contrato > “oferta de contrato” na íntegra 
aos interessados 
e) contrato intuitu personae: como regra, o contrato deve ser executado somente pelo contratado. 
Excepcionalmente, admite-se subcontratação e cessão do objeto, quando assim disposto previamente, 
desde a minuta constante do edital 
 
f) mutabilidade contratual: o contrato administrativo pode ser alterado unilateralmente pela Administração, 
quando assim requeira o interesse público 
g) cláusulas exorbitantes: cláusulas que “exorbitam” do direito comum, por serem ilícitas ou proibidas 
em contratos entre particulares, por colocarem as partes em desigualdade. Sua presença nos contratos 
administrativos decorre da supremacia do interesse público 
> Cláusulas exorbitantes explícitas ou implícitas 
> Art. 58 da Lei nº 8.666/93: relaciona a maioria dessas prerrogativas especiais, também conhecidas na 
doutrina como “cláusulas exorbitantes”: 
G.1. alteração unilateral: a Administração pode alterar o contrato administrativo, mesmo sem previsão 
contratual expressa (preceito de ordem pública irrenunciável pela Administração), devido à 
mutabilidade do interesse público, com ou sem culpa do contratado 
> OBS: as alterações unilaterais só podem atingir as cláusulas regulamentares do contrato (“de 
serviço”), estando vedada a alteração do objeto, da forma de execução ou da forma de pagamento 
G.2. rescisão unilateral: a Administração pode rescindir o contrato administrativo, mesmo sem previsão 
contratual expressa (preceito de ordem pública irrenunciável pela Administração), sendo aplicável 
somente aos casos especificados na Lei nº 8.666/93 
G.3. equilíbrio financeiro: preservação da equação econômico-financeira firmada pelas partes 
contratantes no momento da celebração contratual, a qual será restabelecida sempre que algum 
fator alheioà vontade das partes a abalar durante a execução prática do contrato 
G.4. reajuste tarifário: contratos administrativos com prazo de vigência superior a um ano conterão 
cláusulas prevendo a atualização dos valores cobrados pelos serviços prestados (tarifas ou preços 
públicos), para evitar desequilíbrio financeiro 
G.5. exceção do contrato não cumprido: no contrato privado, quando uma parte não cumpre o 
ajuste, a outra parte também pode deixar de cumpri-lo, por força da exceção do contrato não 
cumprido (“exceptio non adimpleti contractus”). Entretanto, nos contratos administrativos, essa 
regra não é admitida quando a Administração é inadimplente 
> O particular não pode deixar de cumprir suas obrigações contratuais se houver 
inadimplência da Administração, em face dos princípios da continuidade do serviço público e da 
supremacia do interesse público. Embora a Administração possa arguir tal exceção em seu 
favor, quando o contratado inadimplir o contrato 
> OBS: doutrina e jurisprudência vêm atenuando o rigor desse entendimento, bem como a Lei nº 
8.666/93 permite a suspensão da execução em uma única hipótese: quando a Administração 
deixar de efetuar o pagamento do contrato por mais de noventa dias consecutivos (art. 78, XV). 
Contudo, a falta de pagamento não dá ao contratado o direito automático à rescisão contratual, 
devendo pleiteá-la administrativa ou judicialmente 
G.6. controle e fiscalização contratual: prerrogativa do Poder Público de acompanhar e fiscalizar 
a execução contratual > objetiva determinar a regularização de falhas, cujo não atendimento 
acarreta a rescisão unilateral 
G.7. exigência de garantias: a Administração pode exigir do contratado certas garantias para a 
execução dos contratos de obras, serviços e compras, conforme previsão no edital de licitação > 
as garantias poderão ser resgatadas durante a execução do contrato, em caso de inadimplência 
do contratado. Exemplo: desconto no montante para fazer frente ao pagamento de multas 
impostas pela Adminsitração 
> Quando a garantia é resgatada parcial ou totalmente, o contratado fica obrigado a 
complementá-la ou restaurá-la, sob pena de rescisão unilateral. No mais, caso não seja utilizada, será 
devolvida ao final do contrato 
> A garantia não pode ultrapassar 5% (cinco por cento) do valor total do contrato, salvo contratos 
de grande vulto, em que pode ser exigido até 10 % (dez por cento) 
> Espécies de garantias requeridas pelo Poder Público: 
a) caução (obrigação assumida pelo próprio contratante, que oferece dinheiro ou títulos da dívida 
pública) 
b) seguro (obrigação assumida por uma companhia seguradora) 
c) fiança bancária (obrigação assumida por um banco) 
d) compromisso de entrega de material (obrigação assumida pelo fabricante, que se obriga a manter 
o fornecimento durante toda a execução contratual) 
G.8. anulação: a Administração pode declarar a nulidade do contrato administrativo, mesmo sem 
previsão contratual expressa (preceito de ordem pública irrenunciável pela Administração), por 
 
motivo de ilegalidade, respeitando os princípios da ampla defesa e do contraditório 
> Aplicação do Princípio da Autotutela (Súmula 473 do STF): anula-se o contrato ilegal, com efeito 
retroativo, impedindo que dele decorram efeitos jurídicos, sem solicitar autorização ao Poder 
Judiciário (autoexecutoriedade) 
> Se a falha for da Administração, o contratado será indenizado pelos trabalhos realizados e 
prejuízos sofridos 
G.9. retomada do objeto: prerrogativa existente para assegurar a continuidade da execução contratual, 
em caso de rescisão unilateral > Administração assume imediatamente o objeto do contrato, 
ocupando o local, as instalações e os empregados, além de executar as garantias oferecidas e 
de reter os créditos do contratante originário 
G.10. aplicação de penalidades: aplicadas pela Administração ao contratado, em razão da inexecução 
do contrato > aplica advertências, multas, suspensão provisória, declaração de inidoneidade, rescisão 
unilateral etc. 
> Declaração de “inidoneidade do contratado”: na forma do Art. 87, IV da Lei nº 8.666/93: proibição 
de participar de licitações e de contratar com a Administração, enquanto perdurarem os motivos 
determinantes da punição e por dois anos após sua reabilitação perante a Administração 
 
2.3 Objeto Contratual 
- Lei nº 8.666/93: objeto licitado = objeto contratual 
- obra, bem, serviço ou fornecimento desejado pela Administração, sobre o qual as partes contratantes 
fixarão seus respectivos direitos e obrigações 
- Objeto contratual deve ser: 
a) Possível: objeto de execução materialmente viável 
b) Lícito: objeto de execução conforme à ordem jurídica, à moralidade administrativa, à ordem pública e 
aos bons costumes 
c) Suscetível de apreciação econômica: objeto de execução com caráter patrimonial (representa grandeza 
econômica passível de mensuração 
 
2.4 Partes Contratantes 
São partes nos contratos administrativos: 
a) Administração Pública contratante: pode ser um ente político da Administração Direta (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios), ou uma das pessoas jurídicas que integram a 
Administração Indireta (autarquia, fundação, empresa pública e sociedade de economia mista), 
quando estas sejam prestadoras de serviços públicos 
 
b) particular contratado: pode ser pessoa física ou jurídica, sendo esta última de natureza mercantil, 
industrial ou de prestação de serviços 
 
2.5 Competência Legislativa 
- Somente as pessoas políticas (União, Estados, DF e Municípios), por meio dos respectivos Poderes 
Legislativos, podem legislar sobre contratos administrativos 
 
- Art. 22, XXVII da CF: 
> União: normas gerais de licitação e contratação, aplicáveis em todo território nacional 
(Administração Direta e Administração Indireta) 
> Estados, DF e Municípios: normas específicas em matéria de contratação, concernentes às suas 
peculiaridades, aplicáveis somente nos respectivos âmbitos de atuação, desde que não venham contrariar as 
normas gerais editadas pela União 
 
2.6 Vigência e eficácia 
- REGRA: a vigência e a produção dos respectivos efeitos do contrato administrativo tem início a partir da 
assinatura do ajuste ou em data posterior, previamente definida no momento da assinatura 
> Eficácia: efeitos prospectivos (“ex nunc”) ??????????? 
- EXCEÇÃO: pactuada a produção de efeitos retroativos, (“ex tunc”), desde que não ocorram prejuízos 
ao interesse público e nem gerem novos dispêndios de recursos públicos. A retroação não é vedada pela Lei 
nº 8.666/93, mas é vedada pela Lei nº 4.320/64 (exigência de prévio empenho das despesas públicas) 
 
 
2.7 Princípios dos Contratos Administrativos 
- Contratos administrativos são regidos pelos princípios norteadores da Administração Pública em geral, 
bem como pelos pilares do regime jurídico de Direito Público: 
a) supremacia do interesse público (prerrogativas especiais); 
b) indisponibilidade do interesse público (interesse público está acima de qualquer convenção 
particular) 
- Nos contratos administrativos não é admitida a aplicação do princípio do direito privado conhecido 
como “pacta sunt servanda” (cláusulas contratuais imutáveis), pois a Administração deve observar a 
mutabilidade do interesse público 
 
 
2.8 Modalidades Contratuais 
- Art. 6º, I e II da Lei nº 8.666/93: 
 
a) contrato de obra (art. 6º, I): limitado no tempo e predomínio do material sobre a atividade 
Formas de execução: 
A.1) execução direta (art. 6º, VII): a Administração executa a obra por seus próprios meios 
A.2) execução indireta (art. 6º, VIII): a obra é executada por terceiros contratados, que se submetem 
aos regimes: 
A.2.1) empreitada: 
A.2.1.1. empreitada por preço global: a execução é feita por preço certo e total 
A.2.1.2. empreitada por preço unitário: a execução é feita por preço certo de unidades 
determinadasA.2.1.3. empreitada integral: a execução é feita por meio de um empreendimento em 
sua totalidade, com todas as etapas das obras, serviços e instalações, a serem entregues em 
condições de operação 
A.2.2) tarefa: contratação de mão-de-obra para pequenos trabalhos, por preço certo 
 
b) contrato de serviço (art. 6º, II): contínuo no tempo e predomínio da atividade sobre o material 
B.1) serviços comuns: não necessitam de habilitação técnica ou especial (prestados por qualquer 
pessoa) 
B.2) serviços técnicos profissionais: exigem capacitação e/ou habilitação especial para sua prestação 
 
c) contrato de fornecimento: ajuste administrativo para a aquisição de coisas móveis necessárias à execução 
de obras ou à prestação de serviços da Administração 
 
d) contrato de gerenciamento: ajuste administrativo em que a Administração atribui a particular o 
gerenciamento de um empreendimento de interesse público, especialmente quando a sua condução 
requeira notória especialização 
 
2.9 Inexecução Contratual 
 
Artigos 77 a 80 da Lei nº 8.666/93: 
- Contrato administrativo, em regra, é precedido de licitação e deverá ser cumprido fielmente pelo 
licitante vencedor (“pacta sunt servanda”), sob pena de sua responsabilização, enquanto as condições 
iniciais permanecerem as mesmas 
- Contudo, o contrato administrativo está sujeito às causas de inexecução culposas, chamadas de 
ÁLEAS: 
 
a) áleas ordinárias: riscos empresariais comuns, presentes em qualquer atividade, eventualmente 
surgidos durante a execução contratual, embora previsíveis pelas partes 
> Particular contratado responde por “áleas ordinárias”, sem direito de revisão das cláusulas 
contratuais, pois tais riscos são inerentes às atividades empresariais 
 
 
b) áleas extraordinárias: eventos anormais, surgidos durante a execução contratual, mas imprevisíveis 
pelas partes ou, embora previsíveis, tenham gerado consequências incalculáveis 
 
> Particular contratado responde por “áleas extraordinárias”, com direito de revisão das 
cláusulas contratuais, a fim de reequilibrar o excessivo ônus financeiro que sobre ele recaiu em 
virtude da ocorrência anormal 
- As cláusulas vigentes no momento da celebração, quando substancialmente alteradas pela 
ocorrência de um evento posterior, alheio à vontade das partes contratantes e causador de profunda 
modificação no equilíbrio econômico-financeiro contratual, deverão passar por uma REVISÃO, ou seja, 
serão adaptadas à ocorrência dos fatos supervenientes 
 
2.10 - Teoria da Imprevisão (“rebus sic stantibus”): 
 
Quatro hipóteses de aplicação da “Teoria da Imprevisão”: 
 
a) Força Maior / Caso Fortuito: eventos imprevisíveis ou inevitáveis que impedem ou tornam 
excessivamente onerosa a execução contratual 
 
> Lei nº 8.666/93 não define “caso fortuito” ou “força maior” e lhes confere tratamento igual: 
acarretam a rescisão do contrato quando impedem sua execução (art. 78, XVII), bem como 
autorizam a revisão de suas cláusulas, por acordo entre as partes, quando seja possível recompor o 
equilíbrio econômico-financeiro e executar o contrato (art. 65, II, “d”). 
 
> Nos casos de rescisão, por impossibilidade de execução contratual, o particular contratado 
que não tiver concorrido com culpa, terá direito: de ressarcimento dos prejuízos comprovados; de 
devolução da garantia; de perceber os pagamentos devidos pela execução do contrato até a data da 
rescisão; de pagamento do custo da desmobilização (art. 79, § 2º) 
 
> Em suma, na situação acima, a Lei nº 8.666/93 equipara tal situação à “culpa da Administração” 
 
b) Fato do Príncipe: determinação geral da Administração que não tem como objeto direto ou específico 
o contrato administrativo, mas o atinge de forma indireta (reflexa), impedindo ou onerando 
substancialmente a sua execução, a ponto de autorizar sua rescisão ou revisão, conforme o caso. 
Exemplo: criação de um novo tributo 
 
c) Fato da Administração: ação ou omissão da Administração que tem no contrato administrativo o seu 
objeto, isto é, atinge a avença de forma direta (específica), impedindo ou retardando sua execução, 
de modo a autorizar a sua rescisão ou a sua suspensão até a normalização da situação. 
Exemplos: suspensão da execução contratual por ordem escrita da Administração, por prazo superior a 
120 dias; atraso superior a 90 dias dos pagamentos devidos pela Administração; não liberação, por 
parte da Administração, de área, local ou objeto para execução de obra, serviço ou fornecimento, 
nos prazos contratuais 
 
d) Interferências Imprevistas: elementos materiais existentes no momento da celebração do contrato, 
mas absolutamente excepcionais ou incomuns, permanecendo desconhecidos até o momento da 
execução contratual, tornando-a extremamente dificultosa e onerosa. Neste caso, a disposição 
genérica do art. 65, II, “d”, autoriza a revisão do contrato via termo de aditamento. Exemplo: 
estudos geológicos não conseguem detectar a presença de rochas em área tradicionalmente arenosa, 
tornando muito onerosa a perfuração subterrânea para a construção da estação de Metrô prevista 
no projeto da obra 
> Hely Lopes Meirelles denomina tal hipótese de “circunstâncias supervenientes” 
> A possibilidade de revisão contratual fica evidente nos §§ 1º e 2º do art. 65 da Lei nº 
8.666/93, que estabelece percentuais de acréscimos ou supressões à avença original 
OBS: No âmbito federal, ainda existe a possibilidade de REPACTUAÇÃO (Decreto Presidencial nº 
2.271/97), que prevê a possibilidade de repactuar contratos que tratam de serviços executados 
de forma contínua, visando à adequação aos novos preços do mercado 
 
 
2.11 Extinção Contratual 
- Ruptura do vínculo contratual, pondo fim à avença 
- Modalidades de extinção do contrato administrativo: 
 
a) término do prazo: findo o prazo contratual prefixado e as eventuais prorrogações previstas 
 
b) conclusão do objeto: as partes cumprem integralmente suas prestações contratuais, nos termos 
pactuados 
 
c) desaparecimento do contratado: como o contrato administrativo é personalíssimo (“intuitu 
personae”), a morte ou falência do contratado, por exemplo, extinguem o vínculo com a 
Administração, que não é obrigada a mantê-lo com outrem (sucessores, por exemplo) 
 
d) desaparecimento do objeto: o objeto pode desaparecer em razão de um fato da natureza ou por 
um comportamento humano não imputável a qualquer um dos contratantes, extinguindo o contrato, 
que não pode continuar sem objeto 
 
e) rescisão: administrativa, amigável ou judicial 
- e1) Rescisão Administrativa: determinada por ato unilateral da Administração, que deve ser escrito 
e motivado (razões de interesse público): “cláusula exorbitante” > Art. 79, I da Lei nº 8.666/93 
 
> Quando o contratado particular não tiver concorrido para a tomada desta decisão, ele será 
indenizado por danos emergentes e lucros cessantes 
 
> Quando o contratado particular estiver inadimplente (inexecução culposa), a decisão da 
Administração será precedida de processo administrativo, assegurando-lhe o direito ao contraditório 
e à ampla defesa (art. 5º, LV da CF) 
 
- e2) Rescisão Consensual: amigável, por acordo entre as partes contratantes, reduzido a termo, 
desde que haja conveniência para a Administração (reflete uma situação de interesse público) > Art. 
79, II da Lei nº 8.666/93 
 
- e3) Rescisão Judicial: determinada pelo Poder Judiciário, mediante provocação do contratado 
particular que consegue, nos termos da legislação, comprovar que a Administração está 
inadimplente > Art. 79, III da Lei nº 8.666/93 
 
f) anulação: rescisão do contrato por ilegalidade, tanto na formalização quanto na execução > 
declaração de nulidade (judicial ou autotutela) > contrato não gera direitos nem obrigações entre as 
partes, só subsistindo seus efeitos em relação a terceiros de boa fé3. Serviços Públicos 
 
3.1 Conceito de Serviço Público 
 
CONCEITO: Serviço Público é toda utilidade ou comodidade material prestada diretamente à população 
pela Administração Pública ou pelos seus delegatários, sob regime total ou parcialmente de direito público, a 
fim de satisfazer as necessidades ou interesses da coletividade 
 
Conceitos doutrinários consagrados revelam os seus principais aspectos (ELEMENTOS): 
 
a) Elemento Subjetivo: (“QUEM” presta e “PARA QUEM” é prestado?): o serviço público será sempre uma 
incumbência direta ou indireta do Poder Público (Art. 175, caput da CF), que é prestado aos cidadãos 
administrados, ou seja, a sua prestação é destinada à população em geral 
 
b) Elemento Formal: (“COMO” presta?): o serviço público é atribuído por lei, seguindo um regime de direito 
público que admite a incidência de regras de direito privado, tais como as normas de defesa do consumidor 
c) Elemento Material: (“O QUE” presta?): o serviço público é uma atividade concreta que oferece vantagens e 
comodidades aos usuários (ainda que economicamente deficitárias), baseadas em sua relevância social 
d) Elemento Finalístico: (“PARA QUE” é prestado?): o serviço público é prestado visando ao atendimento do 
interesse público, isto é, seu escopo é satisfazer os anseios da coletividade em um dado momento histórico 
 
3.2 Evolução Histórica dos Serviços Públicos 
 
- Com a evolução da atuação da Administração Pública, especialmente após a Primeira Grande Guerra, 
surge o Estado do Bem-Estar Social ou Estado Providência (“Welfare State”), que se distancia dos princípios 
liberais típicos do Estado Polícia (“Ètat Gendarme”), pois o âmbito de atuação estatal se amplia para 
também abranger atividades prestacionais, até então consideradas típicas do regime jurídico de direito 
privado, que passaram a ser contempladas pelo nosso ordenamento como atividades de interesse público. 
Exemplos: Art. 21, XI e XII da CF; Art. 25, § 2º da CF; Art. 30, V da CF 
 
- Essa ampliação gerou a “crise na noção de serviço público”, pois os elementos que os identificam 
(subjetivo, formal, material e finalístico) precisaram ser revistos, para que o conceito de serviço público 
corresponda à atual realidade da Administração (enorme gama de atribuições) 
> Elemento subjetivo: não só o “Estado” presta serviços públicos, mas também os particulares 
delegatários 
> Elemento formal: nem todo serviço público será prestado sob regime jurídico exclusivamente de direito 
público, sendo agregados elementos típicos do regime de direito privado (delegatários e “empresas 
estatais”) 
> Elemento material: legislador passa a considerar como da competência da Administração atividades 
comerciais, industriais e sociais, quando socialmente relevantes as suas prestações em um dado momento 
histórico 
> Elemento finalístico: os serviços públicos devem atender ao interesse público, estando contida nesta 
noção a busca pela obtenção de superávits financeiros em parceria com particulares, os quais, por sua 
vez, buscam obter lucros 
 
3.3 Princípios Específicos dos Serviços Públicos 
- A prestação de serviços públicos deve observar todos os princípios gerais da Administração Pública 
- Há também princípios específicos a observar, centrados na ideia de ADEQUAÇÃO > a prestação dos 
serviços só será “adequada” quando atender aos seguintes princípios: 
a) Princípio da Continuidade: a prestação dos serviços públicos deve ser contínua (não pode haver 
interrupção) 
> Exercício do direito de greve? 
O exercício do direito de greve não é absoluto, embora previsto constitucionalmente (celetistas: Art. 
9º da CF; estatutários: Art. 37, VII da CF), prevalecendo os limites fixados em lei específica, por exemplo, 
na Lei nº 7.783/89, para que a prestação não seja interrompida pela greve 
> Razões de ordem técnica ou de segurança? 
A manutenção das instalações necessárias às prestações, por vezes, demandam a interrupção do 
serviço, na forma do Art. 6º, § 3º, I da Lei nº 8.987/95. (Exemplo: Metrô paralisa a prestação do 
serviço durante as madrugadas) 
> Inadimplência do usuário do serviço? 
O serviço não será prestado ao usuário inadimplente, após prévio aviso, conforme Art. 6º, § 3º e inciso 
II da Lei nº 8.987/95 > Ponderação: coibição ao enriquecimento ilícito X preservação da dignidade humana 
 
b) Princípio da Mutabilidade: a prestação dos serviços pode ser modificada unilateralmente pela 
Administração, pois o interesse público é dinâmico, daí existirem “cláusulas exorbitantes” nos contratos 
administrativos, embora seja preservado o equilíbrio financeiro contratual 
 
c) Princípio da Modicidade das Tarifas: a prestação dos serviços deve ser acessível aos usuários, de forma 
que a contraprestação cobrada pela utilização deve ser módica. 
> Art. 6º, § 1º da Lei nº 8.987/95: serviço adequado é prestado em contrapartida de tarifas moderadas > 
melhor relação custo/benefício possível 
 
 
d) Princípio da Generalidade: a prestação dos serviços está voltada ao atendimento de todos os 
interessados na utilização, sem estabelecer discriminações ilegítimas entre os usuários > impessoalidade e 
isonomia na prestação 
 
e) Princípio da Atualidade: a técnica empregada na prestação do serviço público precisa ser compatível 
com o atual estágio de desenvolvimento tecnológico. 
> Art. 6º, § 2º da Lei nº 8.987/95: “a atualidade compreende a modernidade das técnicas, do equipamento 
e das instalações e a sua conservação, bem como a melhoria e expansão do serviço” 
Proíbe-se o retrocesso da técnica na prestação. (Exemplo: não é possível substituir o ônibus por veículos de 
tração animal no serviço de transporte de passageiros) 
 
f) Princípio da Cortesia: o serviço e as informações de interesse do usuário devem ser prestados com 
gentileza e educação > o prestador deve se atentar para promover um atendimento cordial ao usuário 
do serviço. Exemplo: prestando informações claras para sua correta utilização 
> Art. 6º, § 1º da Lei nº 8.987/95, integrando o conceito de serviço adequado 
 
g) Princípio da Segurança: a prestação do serviço não pode colocar em risco a integridade dos usuários, dos 
prestadores e da coletividade em geral 
> Art. 6º, § 1º da Lei nº 8.987/95, integrando o conceito de serviço adequado 
 
3.4 Formas de Prestação dos Serviços Públicos: 
 
a) Prestação Centralizada: Serviço público prestado pela Administração Direta: entes federativos (União, 
Estados, Distrito Federal e Municípios), por meio de órgãos despersonalizados que compõem 
internamente tais pessoas políticas 
b) Prestação Descentralizada: Serviço público prestado por pessoa diferente do ente federativo a quem a 
Constituição originariamente atribuiu a titularidade para a prestação 
 Subdivide-se em duas espécies: 
b.1) descentralização por serviços: serviço prestado por pessoas jurídicas que integram a 
Administração Indireta (autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista) 
> Fundamento: Art. 37, XIX da CF 
> Regime de OUTORGA: a lei lhe transfere: titularidade do serviço + execução do serviço 
* OBS: na “descentralização por serviços” não existe relação hierárquica entre Administração Direta 
e Indireta, mas uma mera relação de vinculação, conhecida como “tutela” (supervisão ou 
controle finalístico) exercida pela Administração Direta sobre a pessoa jurídica integrante de sua 
Administração Indireta, a fim de assegurar que esta última esteja cumprindo a finalidade 
primordial de sua criação, que é a adequada prestação do serviço. 
b.2) descentralização por colaboração: serviço prestado por particulares (concessão, permissão ou 
autorização) 
> Fundamento: Art. 175 da CF 
> Regime de DELEGAÇÃO: a lei lhe transfere: somente a execução do serviço 
c) Prestação Desconcentrada: serviço público prestado por órgão integrante da Administração (Direta ou 
Indireta), que tenha competênciaespecífica para tanto e que pertença à pessoa política ou à 
pessoa jurídica que detenha a titularidade do serviço 
Subdivide-se em duas espécies 
c.1) prestação desconcentrada centralizada: o órgão competente integra a estrutura da Administração 
Direta do ente federativo que tem a titularidade do serviço a prestar 
c.2) prestação desconcentrada descentralizada: o órgão competente integra a estrutura da 
Administração Indireta (pessoa jurídica autônoma) que tem a titularidade do serviço a prestar 
* OBS: a “desconcentração” ocorre sempre no âmbito interno da Administração (Direta ou Indireta), ou 
seja, no âmbito da mesma pessoa jurídica, sendo observada uma relação hierárquica (relação de 
subordinação) entre o órgão executor do serviço (subordinado) e a pessoa política ou jurídica titular do 
serviço (superior) 
d) Prestação Direta: serviço público prestado pela Administração (Direta ou Indireta) 
e) Prestação Indireta: serviço público prestado por particulares, mediante delegação do Poder Público 
(concessão, permissão ou autorização), aos quais é atribuída apenas a sua execução 
 
3.5 Competência na Prestação dos Serviços Públicos: 
As competências para a prestação de serviços públicos vêm discriminadas na Constituição, sendo certo 
que NÃO há hierarquia, mas diferentes campos de atuação 
- Competências da União: taxativas > Art. 21 da CF. Exemplo: defesa nacional 
- Competências dos Municípios: interesses locais (peculiar interesse) > Art. 30 da CF. Exemplo: promover o 
ordenamento territorial do solo urbano 
- Competências dos Estados: residuais (remanescentes) > Art. 25, § 1º da CF. Exemplo: Metrô 
 EXCEÇÃO: também é da competência estadual, por disposição constitucional expressa, a exploração 
dos serviços locais de gás canalizado (Art. 25, § 2º da CF) 
- Competências do Distrito Federal: cumulativas (estaduais + municipais) > Art. 32, § 1º da CF 
- Competências de atuação de todos os entes federativos (paralelamente): comuns > Art. 23 da CF. 
Exemplo: preservação ambiental 
> OBS: a titularidade de um serviço público pertence apenas à Administração, sendo indelegável 
(intransferível) para particulares, os quais serão delegatários apenas da execução de um serviço público 
> é tecnicamente incorreto se falar em “privatização de serviços públicos” 
> Quem fixa as regras sobre a prestação de serviços públicos é seu titular (Admin Direta ou Indireta) 
 
3.6 Intervenção do Estado no Domínio Econômico: 
 
Constituição: clara divisão em dois setores de atuação da Administração: 
a) Serviços públicos (Art. 175 e 176 da CF) - campo de atuação típico do Poder Público (Administração) 
. Fundamentos: finalidade pública e prestação adequada 
. Atuação do Poder Público (Administração): 
REGRA: prestador 
EXCEÇÃO: delegante da prestação (delega a execução da prestação dos serviços públicos a particulares 
contratados, denominados “delegatários”). Exemplos: Auto-BAN e Alstom 
b) Domínio Econômico (“Ordem Econômica”): (Art. 170 a 174 da CF) campo de atuação típico dos particulares 
(iniciativa privada 
. Fundamentos: valorização do trabalho e livre iniciativa 
. Atuação do Poder Público (Administração): 
REGRA: agente normativo e regulador (fiscaliza e regulamenta) 
EXCEÇÃO: explora atividade econômica somente quando necessário aos imperativos da segurança 
nacional ou à relevante interesse coletivo (Art. 173 da CF) > para tanto, mediante lei específica, são 
instituídas pessoas jurídicas privadas que integram a Administração Indireta (empresas públicas e 
sociedades de economia mista). Exemplo: Caixa Econômica Federal e Petrobrás 
OBS: na forma do Art. 173, § 1º e do Art. 37, XIX, ambos da CF, tais “empresas estatais” passam a concorrer 
com a iniciativa privada, razão pela qual são reguladas basicamente pelo direito privado, pois a 
intervenção estatal (com as suas prerrogativas e sujeições especiais) não objetiva prejudicar a livre 
concorrência, em vez disso, visa à preservação do interesse nacional 
 
Principais intervenções estatais no domínio econômico: 
a) Monopólio: regime de exclusividade para a atuação estatal em algumas áreas predeterminadas do mercado, 
as quais não se submetem à concorrência típica da iniciativa privada. Exemplo: minerais nucleares (Art. 177, V 
da CF) 
b) Repressão ao Abuso do Poder Econômico: medidas governamentais que impedem a formação de cartéis 
e/ou práticas comerciais abusivas, buscando coibir a dominação dos mercados, a eliminação da concorrência 
e o aumento arbitrário dos lucros 
> Fundamento: Art. 173, § 4º da CF, atualmente, regulamentado pela Lei nº 12.529/2011 
> Fiscalização: CADE - Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Autarquia Federal vinculada ao 
Ministério da Justiça) 
c) Controle do Abastecimento: a União, exclusivamente, pode optar por tomar medidas que obrigam os 
agentes do mercado a fornecer produtos, bens e serviços considerados indispensáveis à população 
> Exemplo: apreensão de bovinos nas fazendas, para fornecimento de carne à população (“Plano Cruzado”, 
em 1986, durante o Governo de José Sarney) 
d) Tabela de Preços: a União, exclusivamente, pode realizar excepcional tabelamento dos preços praticados no 
mercado pela iniciativa privada, buscando coibir abusos dos agentes econômicos que coloquem em risco 
o interesse da coletividade 
 
4. Concessões de Serviços Públicos 
 
4.1 Introdução 
- Fundamento: Art. 175, caput, da Constituição: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente 
ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos” 
> OBS: Quando o Poder Público (Administração Direta ou Indireta) transfere a prestação de um 
serviço público para um particular contratado, sob regime de concessão ou permissão (DELEGAÇÃO), 
ocorre a transferência apenas da execução do serviço, jamais da sua titularidade, que continua sendo 
do Poder Público 
 
- Regulamentação infraconstitucional: Lei nº 8.987/95 
> Lei nº 8.987/95: lei ordinária de âmbito nacional, que estabelece as normas gerais sobre concessões 
e permissões da prestação de serviços públicos 
> Os Poderes Legislativos dos entes federativos poderão fixar normas específicas (caráter 
suplementar): preservação das peculiaridades eventualmente existentes (Exemplo: bonde do Pão-de-
açúcar, no Rio de Janeiro-RJ; teleférico de Campos de Jordão-SP; etc.) 
 
4.2 CONCESSÃO: conceito e principais características 
- CONCEITO LEGAL: Art. 2º, II da Lei 8.987/95: 
define a concessão como forma de delegação da prestação de serviços públicos: 
> “concessão de serviço público: a delegação de sua prestação, feita pelo poder concedente, mediante 
licitação, na modalidade de concorrência, à pessoa jurídica ou consórcio de empresas que demonstre 
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco e por prazo determinado” 
 
- CARACTERÍSTICAS: 
a) a concessão tem natureza contratual, pois há um acordo de vontades firmado entre Administração 
(“poder concedente”) e particular delegatário (“concessionário”), cuja avença representa uma 
confluência de interesses, pois a Administração deseja que o serviço público seja prestado 
adequadamente à coletividade e o concessionário deseja obter lucro lícito mediante a prestação do 
serviço, daí a celebração de um contrato administrativo 
> Conforme o Art. 175, caput e § único, I da CF, o legislador constituinte se refere à concessão da 
prestação de serviço público prescrevendo que a lei disporá sobre “o caráter especial de seu contrato e de 
sua prorrogação” 
 
b) a concessão é feita ao particular vencedor da licitação, somente em sua modalidade mais rígida, qual 
seja: a concorrência > apuração detalhada da aptidão técnica e econômica e das condições de sua 
execução prática 
 
c) somente pessoa jurídica regularmente constituída poderá ser concessionária, portanto, não será 
admitida a concessão da prestação de serviço públicoà pessoa física 
 
d) a concessão será cumprida, nos termos contratuais, que veicula direitos e deveres para ambas as 
partes contratantes (poder concedente e concessionária), contudo, frise-se, por conta e risco do 
concessionário, nos termos do Art. 2º, II e do Art. 25, ambos da Lei nº 8.987/95 
> Responsabilidade objetiva da concessionária, tanto pelas obrigações contraídas quanto pelos danos 
causados: responsabilidade baseada no nexo causal entre a prestação do serviço e o dano causado (não 
requer comprovação de dolo ou culpa) > Art. 37, § 6º da CF 
> Nos termos do Art. 25 da Lei nº 8.987/95: “incumbe à concessionária a execução do serviço 
concedido, cabendo-lhe responder por todos os prejuízos causados ao poder concedente, aos usuários 
ou a terceiros, sem que a fiscalização exercida pelo órgão competente exclua ou atenue essa 
responsabilidade” 
> O dever de fiscalização da prestação, que deve ser exercido pela Administração NÃO exime nem diminui 
a responsabilidade da concessionária por eventuais danos causados aos usuários do serviço ou a terceiros 
> a Administração (poder concedente) terá responsabilidade subsidiária sempre que, esgotadas as forças 
do concessionário, restar por satisfazer certo montante decorrente de obrigações originadas diretamente 
da prestação dos serviços. 
 
 
e) a concessão vigerá por prazo determinado: um lapso temporal especificado expressamente no edital (art. 
18, I), bem como no próprio contrato de concessão (art. 23, I), portanto, não pode ser celebrado 
contrato de concessão de serviço público sem prazo ou por prazo indeterminado 
> a Lei nº 8.987/95 não fixa prazo máximo de duração da concessão, podendo ser fixado prazo legal 
específico pelos entes federativos “concedentes” > Parâmetros: demora do retorno do investimento 
realizado pelo particular e o valor da tarifa cobrada dos usuários 
> a Lei nº 8.987/95 permite cláusulas contratuais que autorizem a prorrogação do prazo originário (art. 23, 
XII) 
 
f) a concessão de serviços públicos é personalíssima (contrato “intuitu personae”) > segurança dos 
interesses da Administração: concessionário “selecionado” em um procedimento licitatório 
> Excepcionalmente: Subconcessão parcial ou total do seu objeto, com a cessão ou transferência total 
ou parcial dos direitos e obrigações existentes, desde que haja: previsões expressas: edital e contrato 
celebrado, para comprovar que houve prévia e expressa anuência da Administração (Artigos 26 e 27 da 
Lei nº 8.987/95) 
> Na subconcessão, o contrato será cumprido pelo subconcessionário nos mesmos termos da 
celebração originária feita entre concessionário vencedor da licitação e a Administração, embora não haja 
relação jurídica entre o concessionário e o subconcessionário (§ 2º do art. 26 da Lei nº 8.987/95) 
 
4.3 Objeto contratual 
- Contrato de concessão da prestação de serviço público contém o conjunto de direitos e obrigações 
das partes, conforme consignado no edital de licitação e seus anexos, os quais deverão ser contemplados 
na proposta vencedora 
- Rol exemplificativo da Lei nº 8.987/95: 
a) Direitos e obrigações dos usuários: Arts 7º e 7º-A 
b) Encargos do poder concedente: Art. 29 
c) Encargos do concessionário: Art. 31 
 
 
4.4 Formas de Extinção das Concessões 
 
Art. 35 da Lei nº 8.987/95: 
 
a) Termo: extinção da concessão pelo término do prazo inicialmente previsto > forma natural de sua 
extinção 
b) Encampação: extinção da concessão durante a sua vigência, por razões de interesse público > Poder 
Público pode determinar unilateralmente a encampação, desde que haja: 
- autorização legislativa específica; 
- decisão motivada; 
- concessionário previamente indenizado 
c) Caducidade: extinção da concessão durante a sua vigência, por descumprimento das obrigações 
contratuais pelo concessionário > Poder Público pode determinar unilateralmente a caducidade, 
desde que aberto procedimento administrativo (contraditório/ampla defesa) 
d) Rescisão: extinção da concessão durante a sua vigência, por descumprimento das obrigações contratuais 
pelo Poder concedente > legitimidade para pleitear a rescisão é do concessionário, mas depende de 
autorização judicial: Art. 39, § único da Lei nº 8.987/95 > veda a interrupção ou paralisação da prestação 
do serviço até que haja o trânsito em julgado da decisão judicial que o autoriza 
e) Anulação: extinção da concessão durante a sua vigência, por razões de ilegalidade > legitimidade 
para pleitear é tanto do Poder Concedente, no exercício do poder de autotutela (Súmula nº 473 do 
STF), quanto do concessionário, por meio de ação judicial cabível 
f) Falência: extinção da concessão durante a sua vigência, por falta de condições financeiras do 
concessionário, que teve sua falência decretada > Poder Público pode determinar unilateralmente 
a extinção da concessão por motivo de falência 
> OBS: há possibilidade de continuidade da prestação do serviço pelo concessionário que demonstre 
ter obtido aprovação de um “plano de recuperação judicial” 
 
 
4.5 Consequências da Extinção das Concessões: 
a) Reassunção: retomada da execução do serviço pelo Poder concedente (titular), em razão da extinção 
da concessão (Art. 35, § 2º da Lei nº 8.987/95) 
b) Reversão: transferência dos bens do concessionário, utilizados diretamente na prestação do serviço 
público, para o patrimônio do Poder concedente (titular), mediante indenização, objetivando preservar 
sua continuidade 
 
4.6 Outras delegações da prestação de serviços públicos 
 PERMISSÃO 
- Fundamento: Art. 175, caput, da Constituição: “Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente 
ou sob regime de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços públicos” 
 
- Regulamentação infraconstitucional: Lei nº 8.987/95 
> Lei nº 8.987/95: lei ordinária de âmbito nacional, que estabelece as normas gerais sobre concessões e 
permissões da prestação de serviços públicos 
 
- CONCEITO LEGAL: Art. 2º, IV da Lei 8.987/95: 
“delegação, a título precário, mediante licitação, da prestação de serviços públicos, feita pelo Poder 
concedente à pessoa física ou jurídica que demonstre 
capacidade para seu desempenho, por sua conta e risco” 
 
- CARACTERÍSTICAS: 
a) Quanto aos delegatários: a permissão pode favorecer pessoas físicas e jurídicas 
b) Quanto ao capital: a permissão exige menor aporte de capital (menor investimento na ótica da 
Administração) 
c) Quanto ao prazo: a permissão pode ser por prazo determinado ou indeterminado (caráter precário 
> autoriza o Poder Público a extinguir unilateralmente o vínculo sem ocasionar direito à indenização ao 
permissionário 
d) Quanto à licitação: a permissão pode ser outorgada mediante qualquer modalidade compatível com 
seu objeto 
e) Quanto à autorização legislativa: a permissão depende de simples autorização legislativa, 
dispensando a edição de lei específica 
 
 AUTORIZAÇÃO 
- Modalidade de delegação da prestação de serviços públicos que não está prevista no Art. 175 da 
Constituição 
> Entretanto, o Art. 21, XI e XII da Constituição serve de base para a subsistência do instituto dentre 
nós, pois estes dispositivos enumeram serviços públicos cuja prestação incumbe à União e ambos 
se iniciam com a expressão: “explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou 
permissão” 
> No mais, o Art. 223 da Constituição faz referência ao instituto da autorização como espécie de delegação 
da prestação dos serviços públicos de rádio e TV 
- NÃO possui norma geral regulamentadora e nem “conceito legal” > não é regida pela Lei nº 8.987/95! 
 
- CARACTERÍSTICAS: 
a) serviço público “autorizado” é aquele que o Poder concedente transfere a execução da prestação 
a particular visando ao atendimento de interesses coletivos instáveis ou de emergência transitória, 
razão pela qual é a única modalidade de delegação que dispensalicitação 
b) modalidade de delegação que dispensa a celebração de contrato, porque basta um ato unilateral, 
discricionário e precário do Poder concedente, formalizado mediante edição e assinatura de um mero 
“Termo de Autorização” 
> Autorização é considerada um ato administrativo do Poder concedente (unilateral, discricionário e 
precário) 
c) modalidade de delegação adequada para todos aqueles serviços públicos que não exigem execução pela 
própria Administração e nem grande especialização. Exemplos: táxi, despachante, segurança particular 
de residências ou estabelecimentos, etc. 
 
 
d) serviços públicos autorizados são precaríssimos, pois, como regra, são prestados por prazo 
indeterminado, sendo revogáveis a qualquer tempo e o delegatário não faz jus a indenização, embora o 
cometimento de irregularidades lhe sujeite à aplicação de sanções pelo Poder concedente, inclusive, a 
própria “cassação da autorização” 
 
4.7 Parcerias Público-Privadas (PPPs) 
 
- Parcerias público-privadas: espécies de concessão, conhecidas como concessões de “segunda geração”, 
pois foram criadas em momento posterior: Lei nº 11.079/04 (após as concessões regulamentadas pela 
Lei nº 8.987/95) 
 “Parcerias público-privadas”, assim como as concessões, permissões e autorizações, são celebradas por 
particulares que buscam a obtenção de lucros em suas atividades, ainda que estas coincidam com 
o interesse público 
- As “PPPs” foram concebidas para serem instrumentos jurídicos aptos a incentivar o investimento 
privado no setor público, celebradas entre a Administração (parceiro público) e o investidor particular 
(parceiro privado) 
- A competência para estabelecer normas gerais sobre as “PPPs” é da União, conforme Art. 22, XXVII da 
CF, que determina ser competência privativa da União legislar sobre normas gerais de licitação e 
contratação > Lei nº 11.079/04: lei de âmbito nacional, sendo aplicável à Administração Direta e Indireta 
de todas as esferas federativas, exceto os seus Artigos 14 a 22, os quais são aplicáveis somente à 
União (âmbito federal) 
 
- Estados, DF e Municípios poderão legislar de forma suplementar no que respeita às normas 
específicas que atendam suas peculiaridades, desde que não conflitem com as normas gerais editadas 
pela União (Lei nº 11.079/04) 
 
- Além disso, aplica-se subsidiariamente o disposto na Lei nº 8.987/95 à disciplina das “PPPs” 
 
 Conceito e características das PPPs: 
Conceito: “contratos administrativos de delegação, nas espécies concessão administrativa e concessão 
patrocinada, com duração entre cinco e trinta e cinco anos, mediante prévia licitação na modalidade 
concorrência, cujo objeto tenha valor igual ou superior a vinte milhões de reais, caracterizados por um 
compartilhamento de riscos e ganhos entre parceiro público e parceiro privado, sendo geridos por uma 
sociedade de propósito específico previamente constituída para esta finalidade” 
 
Principais características das “PPPs”: 
a) delegação peculiar: as “PPPs” têm características que as diferenciam das demais delegações aos 
particulares, razão pela qual a Lei nº 8.987/95 tem apenas aplicação subsidiária (Art. 3º, § 1º da Lei 
nº 11.079/04) 
 
b) duas modalidades: modalidades de “PPPs”, definidas nos §§ 1º e 2º do art. 2º da Lei nº 
11.079/04, a saber: “concessão patrocinada” e “concessão administrativa” 
 
b.1- Concessão Patrocinada: modalidade de parceria público-privada que tem por objeto a 
concessão de serviços públicos ou de obras públicas, cujo financiamento se dá pela cobrança de 
tarifa dos usuários somada à contraprestação pecuniária paga pelo parceiro público ao parceiro 
privado 
> Essa contraprestação pecuniária complementar ao valor da tarifa cobrada dos usuários é 
denominada subsídio, prêmio ou patrocínio e se presta para agilizar a amortização dos 
investimentos feitos pelo parceiro privado. 
> Em regra, a concessão patrocinada é utilizada para a delegação de serviços públicos ou de obras 
públicas de fruição individualizada (“uti singuli”), quando o empreendimento não é autossustentável 
financeiramente ou para servir de instrumento de redução das tarifas cobradas dos usuários. 
Exemplo: construção e gestão de uma linha de Metrô 
 
 
b.2- Concessão Administrativa: modalidade de parceria público-privada que tem por objeto a 
concessão de serviços públicos de que a Administração seja usuária direta ou indireta, ainda que 
envolva execução de obra ou fornecimento e instalação de bens, cujo financiamento se dá 
basicamente pela contraprestação pecuniária paga pelo parceiro público ao parceiro privado. 
> Em regra, a concessão administrativa é utilizada para a delegação de serviços públicos de 
fruição generalizada (“uti universi”), pois, nestes casos, não é possível a cobrança de tarifa dos 
usuários Exemplo: construção e gestão de uma penitenciária 
 
c) prazo determinado: as “PPPs” obrigatoriamente estão submetidas a um prazo determinado de vigência. 
Na forma do Art. 2º, § 4º, II e do Art. 5º, caput, I, a Lei nº 11.079/04 fixa os prazos (mínimo e máximo) de 
duração contratual: entre 05 anos e 35 anos, incluindo eventual prorrogação 
 
d) Limites Contratuais: 
- Valor: a concessão deve envolver um valor contratual igual ou superior a vinte milhões de reais, na 
forma do Art. 2º, § 4º, I da Lei nº 11.079/04. Ressaltando que não houve a fixação de valor máximo pelo 
legislador! 
- Objeto: na forma Art. 2º, § 4º, III da Lei 11.079/04, a concessão não pode ter como “objeto único”: 
a) fornecimento de mão-de-obra; 
b) fornecimento e instalação de equipamentos; 
c) execução de obra pública 
 
e) Formalidades essenciais: (Art. 10, Lei nº 11.079/04): 
1. contrato administrativo 
2. licitação na modalidade de concorrência 
> Em regra, o critério de julgamento das “PPPs” é o 
menor valor da contraprestação pecuniária a ser paga pelo parceiro público ao parceiro privado. 
Contudo, o edital pode combinar o menor valor da contraprestação pecuniária com a melhor técnica. 
> Após as propostas escritas, pode haver a segunda rodada de lances entre as melhores propostas 
(diferença máxima de 20% entre elas), que podem ser oferecidas via lances em viva voz, conforme o Art. 
12, § 1º, II da Lei nº 11.079/04 
> Art. 13 da Lei nº 11.079/04: prevê a possibilidade de inversão da ordem das fases de habilitação e 
classificação (julgamento das propostas), sendo feita esta antes daquela, a fim de tornar o 
procedimento licitatório mais célere 
3. autorização da autoridade administrativa competente (fundamentada em estudos técnicos) 
4. adequação orçamentária (LOA, LDO e PPA) 
5. submissão à consulta pública (sobre a minuta do edital de licitação e do contrato, via colheita de 
sugestões públicas por, no mínimo, 30 dias) 
6. prévio licenciamento ambiental (somente quando houver impacto ambiental significativo na forma 
da legislação específica) 
7. autorização legislativa específica (somente quando celebrada na modalidade “concessão patrocinada" 
e quando mais de 70% da remuneração do parceiro privado for paga mediante contraprestação 
pecuniária do parceiro público 
 
f) repartição objetiva de riscos: nas “PPPs”, o parceiro público compartilha os riscos do 
empreendimento com o parceiro privado, na forma do Art. 4º, VI e do Art. 5º, III da Lei nº 11.079/04 > 
preservação do equilíbrio econômico-financeiro do contrato, com a revisão de suas cláusulas mesmo se 
houver caso fortuito, força maior, fato do príncipe e álea econômica extraordinária 
 
g) garantias: na forma do art. 8º da Lei nº 11.079/04, há um rol exemplificativo de garantias que poderão 
ser concedidas pelo parceiro público ao parceiro privado: 
1) vinculação de receitas públicas, exceto as de impostos, nos moldes do art. 167, IV da CF; 
2) fundos garantidores; 
3) contratação de “seguro garantia” com companhias seguradoras não controladas pelo Poder Público; 
4) garantiasprestadas por organismos internacionais ou instituições financeiras não controladas 
pelo Poder Público; 
5) empresa estatal criada para esta finalidade 
 
 
h) sociedade de propósito específico: o regime jurídico das “PPPs” é caracterizado pela prévia 
constituição de uma pessoa jurídica privada legalmente denominada “sociedade de propósito 
específico”, encarregada de implantar e gerir o objeto da parceria, na forma do Art. 9º da Lei nº 
11.079/04, funcionando como uma espécie de órgão de gestão e fiscalização 
> Essa “sociedade de propósito específico” pode assumir a forma de companhia aberta (negociação de 
suas ações em bolsa de valores). Contudo, a transferência de seu controle acionário estará 
condicionada à autorização expressa da Administração Pública, nos termos do edital e do contrato (Art. 
9º, §§ 1º e 2º da Lei nº 11.079/04) 
 
i) indelegabilidade do “ poder de império” estatal: exclusividade da atuação do parceiro público no 
cumprimento de funções regulatórias, jurisdicionais e relacionadas ao exercício do poder de polícia 
 
j) responsabilidade fiscal: a gestão financeira e orçamentária das “PPPs” deve ser exercida nos moldes 
fixados pela Lei Complementar nº 101/2000 (LRF) 
 
k) sustentabilidade financeira: os projetos contemplados pelas “PPPs” deverão trazer vantagens 
socioeconômicas à coletividade e, como regra, deverão ser autossuficientes do ponto de vista 
financeiro 
 
5. Agentes Públicos (classificações; cargo, emprego e função pública; regime jurídico-constitucional; 
acesso aos cargos) 
 
5.1 Introdução 
Agente Público: toda pessoa física que exerça cargo, emprego ou função públicas > designação mais 
genérica para se referir a todos que possuam algum vínculo jurídico-laboral com a Administração 
Pública, mesmo que em caráter temporário e ainda que não remunerado 
Regulamentação constitucional: Artigos 37 a 42 da CF 
 
5.2 Classificações dos “Agentes Públicos” 
a) Agentes Políticos: 
> Titulares de cargos estruturais: funções de alta direção da Administração Pública (membros dos 
Poderes): vinculação é institucional e não meramente profissional, pois eles NÃO têm vínculo 
empregatício 
> Em regra, ingressam via eleições, desempenhando mandatos eletivos por prazo determinado, ao 
término do qual deixará de ter qualquer relação com a Administração 
Exemplos: membros dos Poderes Legislativos, Presidente da República, Governadores, Prefeitos e 
respectivos Vices, Ministros de Estado e Secretários Estaduais, Distritais e Municipais 
 
b) Cargos em Comissão ou Comissionados: 
> Art. 37, V da CF: titulares de cargos de confiança: reservados às atribuições de direção, chefia e 
assessoramento 
> Cargos acessíveis a qualquer pessoa da confiança da autoridade política nomeante, sem concurso 
público, que tenha capacidade técnicao (cargos “ad nutum”: cargos de livre nomeação e exoneração) 
Exemplos: Chefe de Gabinete, Assessor Parlamentar e Subprefeitos 
OBS: a legislação estabelecerá os casos, condições e percentuais em que os cargos comissionados serão 
preenchidos por servidores públicos de carreira: chamadas “funções de confiança”, desde que suas 
atribuições sejam de direção, chefia e assessoramento. Exemplo: Diretor de Divisão, Chefe de Seção 
(cargo sempre provido por servidor de carreira concursado) 
 
c) Contratados Temporários: 
> Art. 37, IX da CF: “a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo determinado para atender a 
necessidade temporária de excepcional interesse público” 
> Lei nº 8.745/93: regulamenta a “contratação temporária” aplicável às pessoas de direito público de 
âmbito federal, cujo recrutamento dispensa aprovação em concurso público, bastando um mero processo 
seletivo simplificado, vigorando enquanto estiver caracterizada a necessidade temporária de excepcional 
interesse público 
 
 
d) Agentes Militares: 
> Titulares de cargos cujos direitos e deveres constam de um “Estatuto Funcional” (lei regulamentadora), 
baseada em hierarquia e normas disciplinares próprias. São eles: 
a) membros da Polícia Militar; 
b) membros do Corpo de Bombeiros Militar (servidores estatutários dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Territórios, cujas patentes dos oficiais são conferidas pelos respectivos Governadores, na forma do Art. 
42, § 1º da CF); 
c) membros das Forças Armadas, constituídas pelos Comandos da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, 
instituições nacionais permanentes e regulares (servidores estatutários da União, cujas patentes dos 
oficiais são conferidas pelo Presidente da República, na forma do Art. 142 da CF) 
> Vedações: Art 142, §3º CF: sindicalização, greve, acumulação de cargos e filiação a partidos políticos 
 
e) Servidores Estatutários: 
> Titulares de cargos, embora não sejam militares, pois seus direitos e deveres também constam de 
um “Estatuto Funcional” (lei regulamentadora) 
> O regime estatutário é o regime comum de contratação de agentes públicos pela Administração 
Direta (órgãos integrantes dos entes federativos, isto é, União, Estados, Distrito Federal e Municípios), 
assim como pelas pessoas jurídicas de direito público da Administração Indireta (Autarquias e Fundações 
Públicas) 
Exemplo: no âmbito federal, o regime jurídico estatutário vem disciplinado na Lei nº 8.112/90, conhecida 
como “Estatuto do Servidor Público Federal” 
> Servidores estatutários são selecionados por concurso público para ocupar cargos públicos e adquirem 
estabilidade após se sujeitarem a um estágio probatório, portanto, o regime de CARGO é mais 
vantajoso ao agente, pois lhe protege das pressões políticas decorrentes da alternância partidária na 
direção da Administração 
> Servidores estatutários também possuem vários direitos trabalhistas, elencados no Art. 39, § 3º da CF 
 
f) Empregados Públicos: 
> Titulares de empregos, pois seus direitos e deveres constam de um regime jurídico contratual, regido 
pela “Consolidação das Leis do Trabalho” (CLT) 
> Empregados públicos são selecionados por concurso público para ocupar empregos públicos, 
tendo uma vinculação contratual com a Administração, por isso, são conhecidos como “celetistas” 
> Os empregados públicos NÃO passam por estágio probatório, sujeitando-se ao período de 
experiência com duração de noventa dias, previsto no Art. 445, § único da CLT, e também NÃO 
adquirem estabilidade, portanto, o regime de EMPREGO é menos protetivo ao agente, embora a 
demissão de empregados públicos dependa de motivo comprovado em regular processo 
administrativo, que lhe assegure o contraditório e a ampla defesa 
> O regime de emprego é o regime comum de contratação de agentes públicos pelas pessoas jurídicas 
de direito privado da Administração Indireta (Empresas Públicas e Sociedades de Economia Mista), bem 
como para o exercício de funções materiais subalternas nas pessoas jurídicas de direito público 
> OBS: é possível encontrar também empregados públicos em pessoas jurídicas de direito público 
contratados antes da Constituição Federal de 1988, quando não havia restrição ao uso do regime de cargo 
ou emprego 
> OBS: importante destacar que a EC nº 19/98 alterou a redação do Art. 39 da Constituição, permitindo 
ao legislador escolher entre os regimes de CARGO ou de EMPREGO, independentemente da 
natureza jurídica da entidade contratante > Contudo, no julgamento da ADI nº 2.135, o STF concedeu 
medida liminar suspendendo a nova redação da norma, de modo a restabelecer o regime de cargo como 
predominante nas contratações para pessoas jurídicas de direito público da Administração 
 
g) Particulares em Colaboração com a Administração (Agentes Honoríficos): 
> Titulares de função pública: são pessoas físicas que prestam relevantes serviços ao Poder Público, sem 
vínculo empregatício, com ou sem remuneração e, como regra, com vínculo transitório com a Adm 
> São agentes públicos “de fato”, também chamados por Hely Lopes Meirelles

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