Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIREITO EMPRESARIAL APLICADO I ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL. AULA -07 PROFª: Maria Elci Moreira Galvão Fortaleza, 2018 null null null null OBJETIVOS DA AULA Compreender conceito de Estabelecimento Empresarial; Identificar os elementos formadores do Estabelecimento Empresarial; Analisar o conceito e a natureza jurídica do aviamento e da clientela null null null null null ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Conceito: Considera-se estabelecimento todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa, por empresário, ou por sociedade empresária. (art. 1.142 do CC) Para Oscar Barreto Filho, “O estabelecimento comercial é um complexo de bens, materiais e imateriais que constituem o instrumento utilizado pelo comerciante para a exploração de determinada atividade mercantil.” Segundo, Sylvio Marcondes Machado: “Estabelecimento comercial designa o complexo de meios idôneos, materiais ou imateriais pelos quais o comerciante explora determinada espécie de comércio.” null null null null null ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL Conceito: Conforme, decisão do STJ: 3. O “estabelecimento comercial” é composto por patrimônio material e imaterial, constituindo exemplos do primeiro os bens corpóreos essenciais à exploração comercial, como mobiliários, utensílios e automóveis, e, do segundo, os bens e direitos industriais, como patente, nome empresarial, marca registrada, desenho industrial e o ponto (...) (Resp 633.179/MT, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Quarta Turma, j. 02.12.2010, Dj e 01.02.2011). null null null null null NATUREZA JURÍDICA DO ESTABELECIMENTO É uma universalidade de fato. São fatores autônomos que ganham valor patrimonial pelo fato de estarem ligados e organizados, finalisticamente. Em outras palavras, o estabelecimento do empresário transcende à soma dos bens que o compõem, constituindo-se bem móvel incorpóreo, objeto de direitos e suscetível de negociação. (Waldo Fazzio) null null null null ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL ART. 1.142 CC MERCADORIA FROTA MAQUINÁRIO... null null null null ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL O art.1.143, do CC, estatui que “pode o estabelecimento ser objeto unitário de direitos e de negócios jurídicos, translativos ou constitutivos, que sejam compatíveis com sua natureza”. É uma pluralidade de coisas homogêneas e heterogêneas que, embora preservando sua autonomia funcional, são unificadas mercê de valoração subjetiva (feita por seu proprietário) ou objetiva (reconhecida pelo Direito). null null null null null TRESPASSE Trespasse corresponde à alienação do estabelecimento empresarial e encontra-se fundamentado nos arts. 1.144 ao 1.149 do CC. O contrato de alienação deve ser celebrado por escrito para que possa ser arquivado na Junta comercial e publicado pela imprensa oficial, pois só produz efeitos quanto a terceiros depois de averbado à margem da inscrição do empresário ou da sociedade empresária e publicado – CC/2002, art.1.144 null null null null null TRESPASSE DO ESTABELECIMENTO Quando o empresário não tiver saldo suficiente para honrar as obrigações com seus credores se faz necessário a concordância dos credores. O silêncio em relação à notificação de venda significa aprovação dos credores no trespasse do estabelecimento empresarial. (art. 1.145, CC) Se o empresário ou a sociedade empresária for saudável não precisará da concordância de seus credores. null null null null O TRESPASSE E A RESPONSABILIDADE DOS DÉBITOS ANTERIORES: ALIENANTE X ADQUIRENTE. Sobre a alienação do estabelecimento, ou seja, o trespasse, os débitos anteriores, desde que contabilizados, são da responsabilidade do adquirente, mas o devedor primitivo continua solidariamente obrigado pelo prazo de um ano. (art1.146CC/02); Quanto aos créditos vencidos, esse prazo é contado a partir da publicação do contrato. Quanto aos outros créditos (vincendos), da data do vencimento. Claro que o adquirente já responde pelo passivo do alienante, no que se refere aos débitos da natureza trabalhista (art. 448 da CLT) e tributária (art. 133 do CTN). null null null null null null O TRESPASSE E A RESPONSABILIDADE DOS DÉBITOS ANTERIORES: ALIENANTE X ADQUIRENTE O adquirente não responde, pelas obrigações do alienante, quando se adquiriu o estabelecimento empresarial mediante lance dado em leilão judicial promovido em processo de recuperação judicial ou falência, inclusive as de natureza trabalhista e fiscal (LF, arts. 60, parágrafo único e 141,II) A TRANSFERÊNCIA DO PASSIVO O adquirente será sucessor do alienante, podendo os credores deste demandar aquele para cobrança de seus créditos. null null null null null ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO Quando o contrato for silente, a venda do estabelecimento implica, automaticamente, a obrigação imposta ao alienante de não se estabelecer, nos cinco anos seguintes, com o mesmo ramo de negócio. Art. 1.147. Não havendo autorização expressa, o alienante do estabelecimento não pode fazer concorrência ao adquirente, nos cinco anos subseqüentes à transferência. Parágrafo único. No caso de arrendamento ou usufruto do estabelecimento, a proibição prevista neste artigo persistirá durante o prazo do contrato null null null null null ALIENAÇÃO DO ESTABELECIMENTO Art. 1.148. Salvo disposição em contrário, a transferência importa a sub-rogação do adquirente nos contratos estipulados para exploração do estabelecimento, se não tiverem caráter pessoal, podendo os terceiros rescindir o contrato em noventa dias a contar da publicação da transferência, se ocorrer justa causa, ressalvada, neste caso, a responsabilidade do alienante. A cessão dos créditos do alienante será eficaz a partir da publicação do trespasse. Entretanto, nos termos do art. 1.149 do CC do 2002, o devedor de boa-fé que pagar ao cedente ficará exonerado. null null null null null AVIAMENTO O aviamento, é a capacidade do estabelecimento de produzir lucros. Essa capacidade de produzir lucros tem origem no conjunto de bens selecionados pelo empresário e na organização a eles oferecida, sendo uma consequência do trabalho intelectual do empresário ao organizar os seus bens. Segundo Fábio Ulhôa Coelho, aviamento é identificado como sinônimo de fundo de empresa, definindo-o como "sobrevalor, agregado aos bens do estabelecimento empresarial em razão da sua racional organização pelo empresário A expressão aviamento traduz a ideia de organização eficiente que resulta na atração de clientela que se reflete na capacidade lucrativa do estabelecimento. null null null null null null AVIAMENTO Oscar Barreto Filho, "o aviamento existe no estabelecimento, como a beleza, a saúde ou a honradez existem na pessoa humana, a velocidade no automóvel, a fertilidade no solo, constituindo qualidades incindíveis dos entes a que se referem. O aviamento não existe como elemento separado do estabelecimento e, portanto, não pode constituir em si e por si objeto autônomo de direitos, suscetível de ser alienado, ou dado em garantia". null null null null null “PONTO COMERCIAL / PONTO EMPRESARIAL” O ponto comercial, ou modernamente ponto empresarial diz respeito ao local onde o empresário ou sociedade empresária fixa seu estabelecimento, escolhendo-o estrategicamente, diante do esperado fluxo de clientes. (Edilson Enedino das Chagas). O ponto comercial surge em decorrência da atividade exercida no estabelecimento, colocando à disposição dos consumidores as mercadorias de que, eventualmente, necessitam. null null null null A IMPORTÂNCIA DA LOCALIZAÇÃO DO “PONTO EMPRESARIAL” Em função do ramo de atividade explorado pelo empresário, a localização do estabelecimento empresarial pode representar acréscimo substancial no seu valor. Não basta dizer, simplesmente, que o ponto é o local onde se localiza a empresa. Não é só isso. É o local qualificado pelo fato de lá situar-se a empresa null null null null ESTABELECIMENTO EMPRESARIAL null null null null LOCAÇÃOEMPRESARIAL TUTELA LEGAL O empresário que esteja estabelecido em seus próprio imóvel, a proteção jurídica deste valor se faz pelas normas ordinárias de tutela da propriedade imobiliária do direito civil. Caso o empresário esteja estabelecido em imóvel alheio, que locou, a proteção jurídica do valor agregado pelo estabelecimento seguirá a disciplina da locação não-residencial prevista no Art.51 da Lei de Locações (Lei nº 8.245/91). null null null null LOCAÇÃO EMPRESARIAL - TUTELA A lei confere proteção especial às locações empresariais em função do valor que o empresário agrega ao estabelecimento (aviamento) no exercício de sua atividade. O estabelecimento é fator essencial para a obtenção de bons resultados, tanto pelas facilidades que oferece como pela aptidão para atrair freguesia, razão pela qual ostenta considerável valor patrimonial. null null null null LOCAÇÃO EMPRESARIAL - TUTELA Sendo o ponto de negócio, um dos mais relevantes elementos do estabelecimento empresarial, senão o mais relevante, o ordenamento jurídico lhe confere uma proteção especial, que se manifesta, sobretudo, quando o ponto é alugado. Essa proteção especial conferida ao ponto de negócio pelo arcabouço jurídico-comercial é caracterizada, basicamente, pela possibilidade de o empresário locatário permanecer no imóvel locado mesmo contra a vontade do locador. null null null null LOCAÇÃO EMPRESARIAL VANTAGEM DA TUTELA A lei confere ao empresário locatário, quando preenchidos certos requisitos, o direito à renovação compulsória do contrato de aluguel DIREITO DE INERÊNCIA - é a proteção que a lei confere ao valor agregado ao estabelecimento pelo uso de um mesmo ponto durante certo lapso temporal. A Lei confere ao locatário empresário, a prerrogativa de pleitear a renovação compulsória do contrato de locação. null null null null LOCAÇÃO EMPRESARIAL VANTAGEM DA TUTELA O direito de inerência do locatário, é relativo, pois deve ser respeitado o direito de propriedade que o locador exerce sobre o imóvel, fundamento constitucional. O locatário que não puder exercer o seu direito de inerência, em virtude da tutela constitucional da propriedade, deverá ser indenizado pelo valor que acresceu ao bem locado, em determinadas situações. null null null null LOCAÇÃO EMPRESARIAL VANTAGEM DA TUTELA A renovação compulsória do contrato de locação será exercida através de “ação renovatória”. Que deve ser impetrada entre 1 ano , no máximo, a seis meses, no mínimo, imediatamente anteriores ao término do contrato em vigor, sob pena de decadência do direito (LL, art.51, § 5º). Este prazo é, insuscetível de interrupção, suspensão ou dilação, levando à extinção do direito não exercido nele. null null null null LOCAÇÃO EMPRESARIAL REQUISITOS ESSENCIAIS Para que uma locação possa gozar dos privilégios legais, deverá atender a três requisitos,(Art.51 da Lei nº 8.245/91). O locatário deve ser empresário - atividade econômica - logo ficam excluídas as associações civis sem fins lucrativos, as fundações e etc.. O contrato deve ser por escrito e por tempo determinado de, no mínimo, 5 anos, admitida a soma dos prazos de contratos sucessivamente renovados por acordo amigável. O locatário deve se encontrar na exploração do mesmo ramo de atividade econômica pelo prazo mínimo e ininterrupto de 3 anos, à data da propositura da ação renovatória. null null null null O LOCADOR PODE PEDIR O IMÓVEL O locador pode pedir o imóvel nas seguintes situações: 1) Locá-lo a terceiro, que tenha oferecido melhores condições, apresentando a proposta formulada, com o valor e especificação do ramo empresarial a ser explorado, que não poderá ser o mesmo do locatário, (LL, art 72,III) OBS. O documento deverá estar assinado pelo ofertante e duas testemunhas. O locatário poderá aceitar as ofertas formuladas pelo terceiro e permanecer no imóvel. null null null null O LOCADOR PODE PEDIR O IMÓVEL Insuficiência da proposta de renovação apresentada pelo locatário, (LL, art. 72,II). Em sua ação renovatório deverá o empresário apresentar uma proposta de novo aluguel. Caso o locatário não melhore a proposta, a locação não será renovada. OBS. Algumas decisões judiciais têm determinado a renovação pelo valor de aluguel apurado em perícia, compatibilizando-se dessa forma os interesses das partes. null null null null O LOCADOR PODE PEDIR O IMÓVEL O locador pode pedir o imóvel nas seguintes situações: 2- Reforma substancial no prédio locado (LL, art. 52,I). Se o poder público obriga o locador a introduzir reforma no imóvel ou se o proprietário quer reformá-lo, para valorização do patrimônio. OBS. O locatário não terá direito de inerência ao ponto. Caso o início das obras de reformas retarde por mais de 3 meses contados da desocupação, será devida uma indenização ao locatário. null null null null O LOCADOR PODE PEDIR O IMÓVEL O locador pode pedir o imóvel nas seguintes situações: 3- Uso próprio (LL, art. 52,II). O proprietário pode querer utilizar o imóvel, seja para finalidades econômicas ou não. O locador pode, em qualquer caso, pretender a retomada para uso próprio, ainda que seu objetivo seja o de competir com o locatário. OBS. Caso o locador venha explorar a mesma atividade explorada pelo locatário, será devida indenização pela perda do ponto, para que não se caracterize como enriquecimento indevido do locador. null null null null O LOCADOR PODE PEDIR O IMÓVEL 4- Retomar o imóvel para uso próprio ou para transferência de fundo de comércio existente há mais de um ano, sendo detentor da maioria do capital o locador, seu cônjuge, ascendente ou descendente. (LL, art. 52,II). O imóvel não poderá ser destinado ao uso do mesmo ramo do locatário, salvo se a locação também envolvia o fundo de comércio, com as instalações e pertences. Ex.: locação de imóvel, com instalações destinadas especificamente a determinada finalidade, como sucede com postos de serviços e abastecimento de automóveis, pode o proprietário retomá-lo para explorar o mesmo ramo. null null null null LOCAÇÃO EMPRESARIAL - SHOPPING CENTER Os contratos celebrados sobre imóveis localizados em áreas de shoppings centers têm natureza locacional, o que enseja aos contratantes plena liberdade para pactuar. A locação que orienta as relações entre empresários e a administradora do shopping observa regime especial, com regras complexas diversas das locações ordinárias. Claro que essa circunstância não confere à administradora adotar medidas peculiares às autoridades judiciais. De tal arte que, mesmo em caso de rescisão contratual, com devolução de equipamentos e eventual direito à indenização, a administradora deve valer-se dos meios processuais adequados null null null null LOCAÇÃO EMPRESARIAL - SHOPPING CENTER A lei reconhece o direito de inerência ao ponto aos locatários de espaços em Shopping Centers, (LL, art.52, § 2°), mas, em determinadas situações, as renovação compulsória pode representar um entrave ao pleno desenvolvimento do complexo. Obs. O empresário inquilino de loja em shopping center não tem a faculdade de interromper unilateralmente suas atividades, intentando alterar o tipo de empresa que lá exerce, pois, que não lhe compete escolher, com exclusividade, a natureza da atividade a ser explorada na dependência locada. null null null null PENHORA DO FATURAMENTO DA EMPRESA É viável a penhora do faturamento obtido pela empresa no estabelecimento? Não existe impedimento, pois se a lei permite a penhora do próprio estabelecimento comercial ou concede ao credor o usufruto da própria empresa, com maior razão há de se admitir a penhora de parte do faturamento. Deve-se observar o art. 865 do CPC, “penhora do estabelecimento somente será determinada se inexistir outro meio eficaz para a satisfação do crédito executado Art. 866 do CPC, se o executado não tiver outros bens penhoráveis, ou se estes forem de difícil alienação ou insuficientes para fazer frente ao crédito executado,o juiz poderá ordenar a penhora de percentual de faturamento da empresa. null null null null DIFERENÇA ENTRE FREGUESIA E CLIENTELA Freguesia ou clientela é o conjunto de pessoas que habitualmente , buscam bens e serviços fornecidos por um empresário. A lei brasileira trata, indistintamente, freguês e cliente; significam a mesma coisa CLIENTELA - conjunto de pessoas que habitualmente negociam com o estabelecimento, contingente humano que o empresário sabe consumidor de suas mercadorias. Cliente - é habitual FREGUESIA - supõe a viabilidade de atrair futuros clientes, em decorrência da organização dos fatores que compõem o estabelecimento. Freguês - é eventual null null null null Caso Concreto: Marcus Vinícius, recentemente aposentado, quer investir suas economias em um novo empreendimento. Interessa-se na compra de um estabelecimento empresarial no ramo de alimentação. Marcus Vinicius e procura você advogado sobre as cautelas necessárias para a aquisição do estabelecimento em relação às obrigações já constituídas pelo alienante. DIREITO EMPRESARIAL null null null null Questão Objetiva: Quanto à Natureza Jurídica do Estabelecimento Empresarial, é correto afirmar que: a)( ) é um sujeito de direito; b)( )é uma universalidade de direito; c)( ) é um bem imóvel; d)( ) é uma universalidade de fato; DIREITO EMPRESARIAL null null null null
Compartilhar