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Cirurgia de pequenos animais III 1-) Laparotomia – Celiotomia • Definição: - Incisão ou abertura da cavidade celomática(abdômen) - Laparo = Cavidade abdominal ou flanco - Tomia = Incisão, corte, abertura • Indicação: - Cistos ovarianos - Hiperplasia endometrial cística - Neoplasias ovarianas • Anatomia cirúrgica: • Incisões para laparotomia: → Pela linha média ventral: Da região do xifoide ao púbis - Técnica mais utilizada, feita em cima da linha alba, uma região avascularizada *** Para correção de Shunt, é feita uma incisão pré e retro-umbilical para visualização do vaso anômalo *** Para fazer uma adrenalectomia também é realizada uma incisão pré e retro-umbilical - Pré-umbilical: Cranial ao umbigo – Para realizar uma lobectomia hepática - Retro-umbilical: Caudal ao umbigo – Para remoção de um cálculo vesical(cistotomia) → Paracostal: Paralelo a última costela - Incisão sobre o músculo → Paramediana: Paralela à linha média - Incisão sobre o músculo - Retirada de um testículo ectópico → Pelo flanco: Lateral ao animal - Incisão sobre o músculo - Cesariana em grandes animais ∆ As incisões feita sobre o músculo não são técnicas de primeira escolha pois, a cicatrização é mais demorada, os pacientes apresentam mais dor e aumentam as chances de sangramento • Técnica de laparotomia: → Abertura da cavidade abdominal: I- Animal em decúbito dorsal, tricotomia ampla, antissepsia, colocação dos panos de campo e fixação com as pinças Backaus II- É feito uma incisão na pele sobre a linha média ventral com lâmina de bisturi III- Depois é feita a divulsão(afastamento) do tecido subcutâneo até visualizar a linha alba, feito com a tesoura Mayo e pinças IV- Fazer a tração do musculo reto abdominal com a pinça Allis e é colocado um segundo pano de campo. É feita a tração com a pinça Allis para não cortar nenhuma estrutura de dentro V- É feita uma pequena incisão com a lâmina de bisturi sobre a linha alba VI- Aumentar a pequena incisão pré-umbilical e retro-umbilical com a tesoura Mayo VII- Colocação dos afastadores de Farabeuf → Fechamento da cavidade abdominal: I- Suturar músculo reto abdominal + fáscia externa • Sutura: Ponto simples interrompido ou ponto simples continuo ou sultan(em “x”) • Nó: De cirurgião + 3 nós completos verdadeiros • Fio: Nylon preto, não absorvível, mais resistente II- Suturar o tecido subcutâneo • Sutura: Ponto simples contínuo • Nó: De cirurgião + 3 nós completos verdadeiros • Fio: Poligalactina, absorvível ou Poligrecapone, absorvível III- Suturar a pele • Sutura: Ponto simples continuo, ponto simples interrompido, padrão em “U”, sultan, colchoeiro, intradérmico • Nó: De cirurgião + 3 nós completos verdadeiros • Fio: No intradérmico pode usar o poligalactina, ou poligracapone OBS: Se não fizer a sutura corretamente o animal pode sofrer de evisceração A abertura é feita em três planos, então é necessário fazer a sutura em três planos - A fáscia interna e o peritônio após a incisão tendem a retrair, mas essas estruturas não precisam obrigatoriamente estar englobadas na sutura - A fáscia externa que dá resistência a sutura, ela precisa estar englobada na sutura dos músculos reto abdominais 2-) Piometra • Definição: - Processo inflamatório e infeccioso do útero - Pio = Pus - Metro = Endométrio - Afecção comum em cadelas - Ocorre na fase de diestro da cadela - Em gatas é pouco frequente fazerem piometra, elas só liberam o óvulo e fazem o corpo lúteo se tiverem o estimulo da cópula. Se tiverem o estimulo estas entraram em diestro e só assim estarão susceptíveis a ter piometra • Fisiopatologia: × Pró-estro: Média de 9 dias, o folículo ovariano está começando a crescer × Estro: Média de 9 dias - Ocorre a liberação do ovulo pelo folículo ovariano, com formação do corpo hemorrágico e posterior formação do corpo lúteo - O corpo lúteo secreta progesterona e está faz a proliferação(hiperplasia das glândulas endometriais) de todas as células endometriais para preparar o útero para a gestação - A progesterona aumenta a secreção intrauterina das glândulas endometriais e diminui a motilidade do útero e o fechamento da cérvix, para fazer um ambiente favorável para a gestação × Diestro: 5 a 6 meses - Durante está fase a progesterona está circulante no corpo da cadela para poder manter a gestação × Anestro: Alguns dias - Na fase de diestro uma bactéria do trato geniturinário adentra o útero fazendo uma infecção ascendente dando início a piometra - O útero começa a ficar cheio de pus, com aumento uterino e aumento de volume abdominal com dor e desconforto abdominal e secreções vaginais - Essa infecção do útero pode piorar pois as bacterinas e suas toxinas podem cair na circulação sanguínea - Quando elas alcançam a circulação sanguínea o animal já apresenta febre, apatia, hiporético - As bactérias que alcançaram a circulação começam a formar imunocomplexos, complexos antígeno+anticorpo - Esses imunocomplexos começam a se depositar nos rins - Essa deposição pode causar uma glomerulonefrite imunomediada - Essa glomerulonefrite imunomediada faz com que a taxa de filtração glomerular diminua - A baixa taxa de filtração faz com que aumente a concentração de creatinina e ureia fazendo uma azotêmia renal, o animal então começa a ficar apático, anoréxico e apresentando êmese, o animal começa a piorar sistemicamente - Quando as bactérias alcançam a circulação suas toxinas se encaminham até os receptores de ADH e bloqueiam eles, fazendo com que a diurese aumente - Essa diurese se manifesta em uma poliúria e uma polidpsia compensatória com uma desidratação consequente - Existe um tipo de piometra, chamada piometra fechada, quando não há secreção vaginal, quando há a presença de secreção chama-se piometra aberta - Na piometra fechada é mais difícil do tutor perceber que há algo de errado com o animal, então estes chegam com quadros mais avançados; a piometra aberta é mais fácil de ser diagnosticada pela drenagem de secreção pela vagina • Sintomas: - Aumento de volume abdominal - Dor e desconforto abdominal - Secreção vaginal - Anorexia - Febre - Apatia - Êmese • Diagnóstico: × US abdominal: - Aumento de volume de cornos uterinos com conteúdo anecogênico e alta celularidade - Pode ser apresentados algumas vezes cistos ovarianos indicando alteração hormonal × Bioquímico: - Dosagem de uréia e creatinina × Hemograma: - Leucocitose por Neutrofilia com desvio a esquerda(aumento de bastonetes) - Monocitose • Tratamento clínico de suporte: - Fluidoterapia - Antibioticoterapia: Amoxicilina(penicilinas semi sintéticas), Cefalosporina(Cefalexina), quinolonas(Norfloxacino) - Analgésico: Dipirona, Tramadol, Escopolamina(Buscopan) - Antiemético: Ondansetrona(Vonau), Maropitant(Cerenia), Metroclopramida(Plasil) - Antiácido: Omeprazol(inibe bomba H+), Ranitidina *** Anti-inflamatório não são utilizados pois o animal já está com a taxa de filtração glomerular diminuída e este diminuiu as prostaglandinas fazendo vasoconstrição das arteríolas renais, diminuindo ainda mais a taxa de filtração glomerular, causando mais lesão renal e mais aumento de metabolitos (ureia e creatinina) ∆ Pode-se utilizar a prostaglandina, ela fará a lise do corpo lúteo diminuindo a secreção de progesterona - Essa diminuição de progesterona faz com que o útero contraia expelindo a secreção - Esse fármaco somente deverá ser utilizado em piometras abertas, pois se a cérvix estiver fechada e houver essa contração uterina poderá ocorrer o rompimento do útero e consequente extravasamento para cavidade • Tratamento cirúrgico – Ovariosalpingohisterectomia - OSH → Anatomia cirúrgica: - Tomar cuidado pois os vasos são recobertos por gordura, então quanto mais gordo for o animal, mais difícil será a visualização dos vasos ovarianos - Pedículo = Ligamento suspensório(segura o ovário na parede do abdômen) + bolsa ovariana(gordura) + ovário + artéria ovariana + veia ovariana - Do lado esquerdo do animal a veia ovariana tem comunicação direta com a veia renal, necessário cuidado para não ligar a veia renal e cortar o aporte sanguíneo do rim esquerdo, por isso sempre fazer a ligadura próximo ao ovário esquerdo. Se isso ocorrer irá chegar sangue pela veia renal e este irá se acumular no rim lesando o órgão - Tomar cuidado para não fazer ligadura no ureter(se encontra próximo a região do pedículo), fazendo com que esta estrutura se dilate, dilatando o parênquima renal causando uma hidronefrose com consequente azotêmia no pós operatório - Coto uterino: É o resto do útero que ficará dorsal à bexiga, somente isso que resta após a OSH - O ovário do lado direito fica mais cranial do que o esquerdo - Tomar cuidado para não deixar resquício de ovário, se isso ocorrer o animal poderá ciclar e até ter piometra de coto uterino → Técnica de OSH – Técnica clássica das três pinças: ∆ Abertura da cavidade abdominal feita pela laparotomia pela linha média ventral como vista acima I- Será feita a tração do corno uterino para fora da cavidade para realizar a colocação das três pinças hemostáticas Kelly no pedículo(ligamento suspensório, veia ovariana e artéria ovariana) II- Coloca-se a primeira pinça distal(1) ao ovário, uma medial(2) e outra proximal(3) III- Então faz-se uma incisão entre a 3° e a 2° pinça, nesse momento a 3° pinça é retirada do pedículo e é feita uma ligadura abaixo da 2° pinça e outra ligadura abaixo da 1° pinça IV- Depois coloca-se outras três pinças em região de corpo uterino dorsal à bexiga. V- Coloca-se a primeira pinça distal(1) ao corpo do útero, uma medial(2) e outra proximal(3) VI- Então faz-se uma incisão entre a 3° e 2° pinça, e nesse momento a 3° pinça é retirada do corpo uterino e é feita uma ligadura abaixo da 2° pinça e outra ligadura abaixo da 1° pinça ∆ Fios utilizados para fazer a ligadura: - Nylon, Poligalactina, Poligrecapone V- Realizar o fechamento da cavidade abdominal como explicado na técnica de laparotomia pela linha média ventral como vista à cima
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