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CÍNICA MÉDICA I - CÁRDIO HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA Definição: A HAS é uma doença poligênica/multissistêmica de alta prevalência com envolvimento CV, renal , neuroendócrino, com forte componente genético e ambiental. - É o principal fator de risco para doenças cardiovasculares; - Não tratada, representa mortalidade cardíaca, vascular, cerebrovascular e renal elevadas . É a principal causa de morte no Brasil e América latina; - Principal problema de saúde no Brasil; - A cada aumento da PAS de 20 mmHg, da PAD de 10mmHG e de 10 anos na faixa etária, o risco de óbito dobraria. - Hoje, o ideal é manter o paciente abaixo de 140/90, devido aos dados acima! - A grande maioria dos pacientes com HAS podem ser classificados como pacientes primários - HAS essencial. Quando se associa HAS com DM o risco cardiovascular aumenta. Na população adulta, a prevalência é de 30%. Valorizar a História Clínica! HAS – História Natural - Durante a infância e adolescência o peso corporal é o maior determinante da PA. Antes dos 20 anos HAS é rara e quando ocorre associa-se a I. Renal; Estenose da Artéria Renal, Coarctação da Ao, entre outros. - Em indivíduos jovens com índices tensionais muito elevados deve-se procurar uma causa secundária de HAS. - Na maioria dos casos a HAS apresenta – se entre a 3ª e 6ª décadas - A prevalência aumenta com a idade sendo maior entre homens , invertendo essa tendência em idosos Classificação da PA Sistólica ( mmHg ) Diastólica ( mmHg ) Normal < 120 e < 80 Pré - hipertensão 120 a 139 ou 80 a 89 Estágio 1 140 a 159 ou 90 a 99 Estágio 2 > = 160 ou > = 110 Sistólica isolada > = 140 e < 90 A classificação auxilia no desenvolvimento de um objetivo para o tratamento. Maior risco de ↑PA: Idosos; Gênero; Etnia; Sedentários; Fatores genéticos; Obesidade; Ingesta de sal e alcool; Fatores ambientais - Diabetes e dislipidemias são fatores de risco que agem de forma sinérgica com a HAS; aumentam a probabilidade da HAS. O objetivo de tratamento de HAS em diabéticos é diminuir a possibilidade de lesão em órgãos alvo. Mecanismos: Volume intravascular SNA Renina – Angiotensina – Aldosterona Vascular Fisiopatologia: HAS primária (essencial) é multifatorial e poligênica. Envolve vários sistemas que interagem produzindo a hipertensão. Representa 95% dos casos de HAS HAS secundária representa aproximadamente 5% dos casos. Apresenta possibilidade de cura. HAS primária: envolve sistemas que podem alterar a PA através do DC e do RVP. Ou seja, apresenta influência do volume, do tônus adrenérgico dos vasos e da estrutura dos vasos, que geram a resistência vascular periférica. Esses fatores apresentam capacidade de autorregulação. São interativos no sentido de manter a pressão normal. Ex.: elementos vasoconstrictores trabalham contra elementos vasodilatadores. Só se desenvolve HAS uma vez que esses fatores entram em desequilíbrio. A PA é função do DC (Vol sistólico X FC), desta maneira uma ↑FC ou ↑Vol Sistólico pode envolver ↑DC e ↑PA. O ↑Vol sistólico é muitas vezes determinado pela quantidade de sal ingerido e pelo aumento do Vol Intravascular. A RVP é determinada pela função e pela estrutura vascular. Assim temos fatores desencadeadores e realimentadores da Pressão Arterial. Ex.: Vol Intravascular - o fluxo sanguíneo é função da pressão dentro do leito vascular e da resistência vascular. ↑Resistência : ↓Vol. Se temos uma maior ingesta de NaCl, expansão do volume sistólico e ↑DC, temos uma elevação inicial da PA, seguido de um aumento da resistência periférica e da normalização do DC e da PA. - Resistência como mecanismo regulador. - A elevação inicial da PA também desencadeia uma maior excreção de Na - A quebra dos mecanismos regulatórios fará com que essas reações ocorram em um único caminho e que o indivíduo desenvolva HAS. Papel da SNA: α: estimula a expansão de volume → ↑PA β: estimula o Sistema RAA e aumento da contratilidade → expansão de volume → ↑PA α e β: estimula ↑PA β periférico: vasodilatação Receptores alfa são ativados por Norepinefrina Receptores beta são ativados por epinefrina A ativação dos alfa 1 produz vasoconstricção ( pós sinaptico ) A ativação dos alfa 2 produzem Nora e induzem FB (-) A ativação renal de receptores adrenérgicos produz maior reabsorção de Na A ativação beta 1 eleva a produção de renina pelo rim A ativação beta 2 relaxa a musculatura vascular resulta em vasodilatação β-bloqueadores: além do efeito vasodilatador, age principalmente diminuindo o DC, por diminuir a contratilidade (FC), mas também diminui a renina. - efeito útil na tentativa de controlar a PA. - não deve ser utilizado em pacientes em indivíduos com doença arterial periférica, por ser vasodilatador, agravando o quadro. Obesidade e HAS ligada a apnéia do sono: ↑PA - estimula barorreceptores - ↓fluxo simpático - ↓DC e PA ↓ Com o tempo, esses barorreceptores podem se adaptar à níveis continuamente elevados de PA = perda de um elemento regulador. SRAA: Ação da angio II: vasoconstrictor e remodeladora do vaso, ao mesmo tempo que libera aldosterona. - gera mecanismo contrarregulador no sentido de manter a homeostase, os níveis de RVP em níveis estáveis. Fator vascular: No hipertenso, alterações mecânicas podem gerar remodelamento vascular. A persistência dos níveis pressóricos elevados pode gerar diminuição da luz de pequenas artérias e arteríolas (remodelamento). Raio do vaso e complacência das AA como determinante da PA. Pequenas reduções no raio do vaso eleva muito a resistência ao fluxo. No hipertenso alterações mecânicas podem determinar remodelamento vascular e diminuir a luz de pequenas artérias e arteríolas. A rigidez vascular tem um valor preditivo independente para eventos cardiovasculares. O endotélio é modulador da luz vascular por liberar substâncias vasoativas, sendo essa modulação deficiente nos hipertensos. Fator vascular pode ser causador e perpetuador de hipertensão a medida que o paciente sofre dano estrutural. A PA é o desequilibrio entre os fatores tróficos vasodilatadores, no sentido negativo, e os fatores tróficos vasoconstrictores, no sentido positivo, ou seja, aumentados. Esse processo vai evoluir em um período longo, de forma crônica, onde se tem vasoconstricção, ↑DC e retenção hidrossalina. Isso vai gerar Hipertrofia arterial, Hipertrofia miocárdica e Redução da função renal como elemento perpetuador do processo hipertensivo. Com o tempo obtemos níveis tensionais cada vez mais elevados e alterações estruturais secundárias a própria hipertesão. Essas alterações secundárias vão gerar o que se chama de lesão em órgão alvo (IAM, AVC, I. Cardíaca, I. Renal). HAS e o Coração: Adaptações estruturais e funcionais (+ genética e hemodinâmica) → HVE; ICC; DAC aterosclerótica; D. Microvascular; Arritmias cardíacas → Cardiopatia hipertensiva - O controle agressivo da PA pode fazer regredir ou reverter a HVE - A ICC relaciona-se à disfunção sistólica e diastólica - 33% dos com ICC tem função sistólica normal e diastólica alterada. - A HVE e isquemia exacerbam a disfunção diastólica (no momento da isquemia o coração enrijece - B4) HAS e as Artérias periféricas: São responsáveis pela patogenia e órgão alvo, podem ser remodeladas através da hipertensão São comprometidos a longo prazo Aqueles com DAP (doença arterial periférica) tem maior risco de desenvolver D. Cardiovascular A claudicação intermitente é o sintoma da DAP - ao deambular/praticar atividade física o paciente sente dor (processo isquêmico) na panturrilha = "angina" nos MMII. Relação ↑consumo O2/fluxo mantido. HAS e o Cérebro: A HAS é maior fator de Risco para desenvolver AVE ( 2ª causa mundial de óbito) A incidência de AVE é proporcional aos níveis tensionais e a HAS sistólica após os 65 anos é a mais relacionada ao AVE . Declínio cognitivo (gradual no hipertenso mal tratado)Encefalopatia hipertensiva – distúrbio da auto regulação – cefaleia , náuseas , vômitos (desenvolvido a partir do comprometimento vascular; pacientes com nível sistólico elevado). Sinais neurológicos focais , déficit cognitivo que pode evoluir para o torpor e coma. HAS e o RIM: O risco renal é mais relacionado a elevação sistólica Afrodescendentes desenvolvem mais D. renal - apresentam HAS mais grave que o caucasiano. - gde percentual é volume-dependente, respondendo bem a diuréticos. - geralmente assintomáticos por longos períodos, apresentando sintomatologia quando já atingiu órgão alvo. A proteinúria é um marcador para evolução e gravidade da DRH. Paciente com Doença Renal Hipertensiva, quando apresenta proteinúria de 24h > 1g carreia maior risco de desenvolver lesões renais mais graves. O rim é alvo com é a principal causa secundária da HAS 02 caminhos vasculares que levará a lesão renal e realimentará a HAS. HAS – História Clínica: A maioria dos pacientes com HAS mínima ou moderada são assintomáticos Cefaléia ocorre geralmente nos com HAS grave (matinal - o ritmo circadiano faz com que nas primeiras horas da manhã a PA seja mais elevada - e occiptal) Histórico de palidez, sudorese, tontura, cansaço fácil, palpitação (atividade adrenérgica aumentada) Sintomas presentes em geral relacionam – se com DCVH - mais relacionadas com lesão no órgão alvo História completa – H. Familiar e pessoal Fatores de Risco Causas secundárias Estilo de vida – dieta, tabagismo, alcool Uso de medicamentos que possam interferir no tratamento ou causar HAS ( estrogênios , AINE , descongestionantes) HAS – Exame Físico (avaliação para lesão em alvo) Avaliar o pulso – aumento da prevalência de FA Palpar a tireoide (causa secundária importante); Avaliar sinais de hipo e hiperfunção da tireoide Avaliação e ausculta dos pulsos Fundo de olho – avaliação direta de artérias e arteríolas Ictus propulsivo, sustentado e deslocado; A2 hiperfonética; B4 (rigidez aumentada; hipertrofia concênrica) Sopro abdominal – H. renovascular Rins palpáveis na D. renal policística Avaliar sinais de ICC Exame neurológico *aneurisma é mais uma condição do que causa! Fundo de olho: Aumento do reflexo arteriolar à luz; Efeitos de cruzamentos A-V; Hemorragias e exudatos; Papiledema na HAS malígna HAS – Medidas da PA O diagnóstico não pode ser baseado em uma só aferição ( deve ser avaliado em 2 ou 3 visitas ) Excluir qualquer fator que possa interferir; Evitar fumo pelo menos 30 min antes da aferição Utilizar manguito de tamanho apropriado ( 1/3 da porção superior do braço ) Iniciar a aferição após 5 min descanso com o paciente sentado ou em posição supina A medida deve ser feita 2 x em ambos os braços 20 a 30% dos pacientes tem hiperatividade adrenérgica no momento da medida em um consultório médico MAPA - Indicações HAS do Jaleco Branco Elevações de PA Borderline Avaliar terapia medicamentosa Avaliar prognóstico em pacientes com dano em coração, rins, vasos Uso de rotina é controverso - As Pressões avaliadas em casa ou ambulatorialmente em 24 h são Inferiores as avaliadas em consultório e preveem lesões em órgãos alvo de forma mais acurada. - O IAM e o AVE tendem a ser mais frequentes nas primeiras horas da manhã quando níveis tensionais são mais elevados . - A PA deve acompanhar uma curva e no período noturno ela tem um descenso específico. A atenuação deste descenso tende a ser associada a maior risco cardiovascular. A PA noturna deve ser 10 a 20 % inferior a diurna - PA de vigília = 135x85; PA do sono = 120x75 HAS – avaliação laboratorial EAS Albuminúria; Uréia e Creatinina Na , K , Ca , TSH (função tireoidiana) Glicemia de jejum, perfil lipídico Hemograma ECG Hipertensão Essencial → HAS estabelecida → RVP alta e DC N ou diminuído (já houve ↑pós carga e ↓ do vol sistólico) → HAS branda ou Lábil em jovens → DC aumentado e RVP N (paciente encontra-se perdendo os mecanismos reguladores e iniciando a desenvolver ↑RVP) → Atividade da Renina Plasmática: → 10 a 15% alta → Forma vasoconstrictora (*afro americanos) → 25% baixa → Forma Volume Dependente **Nem todo paciente apresenta alteração na atividade renina plasmática! O Tratamento da HAS significa: diminuição na incidência de eventos coronarianos AVE não fatal, IC, I renal. → Fundamental para evitar lesão de órgão alvo!!! Modificar estilo de vida – em hipertensos e pré hipertensos. - ↓ponderal e ↓NaCl da dieta previnem o desenvolvimento de HAS. Perder peso ↓PA e ↑sensibilidade a insulina - Atividade física - Redução do consumo de álcool Tratamento Medicamentoso deve ser iniciado para níveis tensionais = ou > a 140/90 - Quando eficaz reduz o risco de AVE e IC em 5 anos - É a única forma de reduzir a progressão da I . Renal - A associação de agentes com efeito complementar é necessária para atingir níveis tensionais alvo - A escolha do anti hipertensivo deve ser individualizada Escolher o anti hipertensivo – O que levar em conta? O tratamento da HAS é individualizado para cada paciente, pois leva em consideração detalhes como: Condições Clínicas, Socioeconômicas e Dietéticas; Idade; Gravidade da HAS; Fatores de risco; Comorbidades; Custo; Frequência da dosagem; Efeitos colaterais A aderência do paciente ao tratamento é a etapa mais difícil e a mais importante!! Vai depender da forma de avaliação e de medicação. - quanto mais tempo o paciente gastar tomando medicamento, menor a adesão (tomar medicamento poucas vezes ao dia) - preferir monodrogas = dose única diária Metas para a PA Pressões inferiores a PAS 135 a 140 e PAD 80 a 85 – reduzem desfechos cardiovasculares Metas mais agressivas são recomendados a diabéticos, DAC, D. renal crônica e com proteinúria de 1g/dia (120/80 ), IC. A associação de drogas com metade da dose padrão tem efeito aditivo positivo e menos efeitos colaterais . Pequenas elevações nos níveis de creatinina durante tratamento eficaz não reflete agravo de doença renal mas resposta hemodinâmica a queda da pressão no glomérulo . HAS secundária Doenças do parênquima renal; Hipertensão renovascular (aterosclerótica e displasia fibromuscular) Aldosteronismo primário; Síndrome de Cushing; Feocromocitoma; Apnéia obstrutiva do sono (50%); Coarctação da Aorta; Doenças da tireóide; Acromegalia; Obesidade e síndrome metabólica (resistência a insulina, obesidade abdominal, dislipidemia e HAS) Terapia Medicamentosa Classe Exemplos Outras Indicações Problemas Diuréticos Tiazídicos ( TCP ) HCTZ , clortalidona DM , dislipidemias, Hipopotassemia, hiperuricemia Alça Furosemida IC , I.Renal 1 Antagonista da aldosterona Espironolactona ICC , aldosteronismo primário IR , hiperpotassemia Retentores de K Amilorida , triantereno IR , hiperpotassemia Betabloqueadores Atenolol , propranolol Carvedilol Angina , IC , taquicardia , taquiarritmia Asma ,DPOC , BAV , DNS Antagonistas alfa seletivos Prazozina , doxazosina HBP Simpaticolíticos centrais Clonidina e metildopa IECA Captopril , ramipril , enalapril Pós IAM , DAC , ICC nefropatia I.Renal , estenose da A Renal Gravidez , hiperpotassemia Antagonistas da Angiotensina II ( AT1 ) Valsartana , losartana ICC , nefropatia do DM , Intolerância a IECA I.Renal , estenose da A Renal Gravidez , hiperpotassemia Inibidores de renina alisquireno Nefropatia do DM gravidez Antagonista do Cálcio Anlodipina , diltiazen Angina , taquiarritmias IC Disfunção grave de VE Bloqueios AV Vasodilatadores diretos Hidralazina , minoxidil DAC grave
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