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ENDOCRINOLOGIA - AULA 2 DIABETES MELLITUS - TRATAMENTO * Não-farmacológico: - terapia nutricional: redução de gordura saturada, gordura trans e colesterol (ácido graxo saturado: < 7% do total de calorias; ácido graxo trans: <= 2% do total de calorias; colesterol: < 200mg/dia), aumento da ingestão de ômega 3, aumento da ingestão de fibras solúveis - 14g de fibras/1000kcal - oferta de grãos integrais, leguminosas, hortaliças e frutas (aveia, legumes); carboidratos: 45-60% do requerimento energético (não inferiores a 130g/dia); proteínas: 15-20% do valor energético total. - atividade física: Atividade física aeróbica (diária ou a cada 2 dias, intensidade moderada: 150min/semana ou 30-60min/dia - 5x/semana; alta intensidade: 75min/semana (ou combinação de ambos) Exercícios de resistência/fortalecimento muscular: 2-3x/semana Exercícios de flexibilidade/alongamento: diariamente - MEVI - Mudança de Estilo de Vida * Farmacológico: - antidiabéticos orais - antidiabéticos injetáveis - insulinoterapia Sensibilizadores de insulina (biguanidas e tiazolidinedionas): - já entra com tratamento medicamentoso, devido riscos de complicação da doença em pacientes diabetes mellitus tipo 2 com diagnóstico tardio - paciente pré-diabético inicia com tratamento farmacológico, na maioria das vezes, para evitar que ele evolua para diabético - diminui a resistência insulínica Quem é o representante principal da biguanidas? METFORMINA. E das tiazolidinedionas (glitazonas)? PIOGLITAZONA. 1) Biguanidas: - diminui gliconeogênese hepática (principal) - aumenta sensibilidade periférica à insulina - diminui turnover de glicose no leito esplâncnico - Metformina - diminui HbA1c 1% a 2%, Gj: 20-30%, GPP: 30-40% - 1 a 3x/dia - náuseas, epigrastalgia, diarreia, dor abdominal - acidose láctica (rara) - contraindicada em qualquer insuficiência ou descompensação: falência renal, hepática, cardíaca ou pulmonar - muitas vezes está relacionada à perda de peso Nota: em sonoterapia não ocorre hipoglicemia - melhores candidatos: pacientes com hiperglicemia leve ou obesos, - não recomendada em: creatinina sérica elevada (>= 1,5mg/dL homens e >= 1,4mg/dL mulheres) 2) Glitazonas: - aumenta a resposta tissular à insulina (músculo e gordura) - depende da presença de insulina e resistência à sua ação - potência: diminui HbA1c 0,5% a 1,3% - dose: 1x/dia - efeitos adversos: edema, aumento de peso, anemia, ICC - risco principal: falência hepática - mecanismo de ação: droga é administrada e se liga à fração PPAR-gama, ativando o ácido retinoico, favorecendo a transcrição gênica, aumentando o metabolismo proteico, lipídico e glicérico do paciente - é indicada na esteatose hepática por retira gordura visceral e a leva para tecido subcutâneo - ativação dos receptores nucleares da classe PPAR-y controlam mecanismos intracelulares tão variados como diferenciação celular, metabolismo lipídico ação insulínica, imunidade, proliferação celular e tumorigênese - melhores candidatos: obesidade, resistência à insulina - não recomendado: se ALT > 1,5x valor superior da normalidade, se ICC presente (classes III e IV) - dose inicial: como sonoterapia: rosiglitazona 1mg 1x/dia (não mais utilizada), pioglitazona 30mg 1x/dia, com alimento - ajuste de dose: pioglitazone 45mg 1x/dia em 4-8 semanas - parar se não houver melhora em 8-12 semanas - parar tratamento: ALT >= 3x valor superior da normalidade Secretagogos de insulina (sulfonilureias e glinidas): - induzir secreção de insulina, “chicoteando” o pâncreas para produzir insulina - mecanismo de ação: vão atuar nas células B pancreáticas. A droga foi consumida e os canais de potássio das células B irão se fechar. Com o fechamento, haverá despolarização da membrana da célula B. Haverá abertura dos canais de cálcio, o Ca+ vai entrar e favorecer a exocitose celular, permitindo a excreção de insulina. - melhores candidatos: duração de doença < 5 anos - não recomendados em: insuficiência renal e hepática - glimepirida, gliclazida, glibenclamida, nateglinida, repaglinida - ajuste: semanal - método de monitorização: automonitorização glicêmica - efeitos colaterais: hipoglicemia, aumento de peso Raras: reações alérgicas, manifestações gastrointestinais Muito raras: transtornos hematológicos - efeito antabuse-símile e hiponatremia (clorpropamida) - contra-indicações: gestação (somente insulina), alergia ou hipersensibilidade ao medicamento, insuficiência hepática, insuficiência renal Inibidores da alfa-glicosidase (acarbose e miglitol): - alfa-glicosidase é uma enzima que metaboliza carboidratos, quebrando polissacarídeos em monossacarídeos - acarbose bloqueia a absorção proximal, melhorando as glicemias pós-prandiais - melhores candidatos: hiperglicemia pós-prandial importante - não recomendadas em doenças hepáticas ou intestinal - efeitos adversos: flatulências e diarreia - automonitorização de dosagem Incretinomiméticos (análogos de GLP-1 e Inibidores de DPP-4): - enzimas liberadas no trato gastrointestinal após ingesta de alimentos para favorecer o aumento da secreção das células B pancreáticas e inibir as células alfa pancreáticas para impedir a formação de glucagon - Incretinas - Glucagon-Like Peptide-1: peptídeos secretados pelo intestino durante absorção de carboidratos, aumento da secreção de insulina, redução da glicemia pós-prandial (retardo do esvaziamento gástrico), estimulação da diferenciação e maturação de células beta e aumento da massa de células beta, leva à perda de peso por sensação de saciedade - Exenatide (Byetta), 2x/dia - Liraglutida (Victoza), 1x/dia - Inibidores da dipeptidil-peptidase IV (DPP-IV): enzima responsável pela degradação do GLP-1: vildagliptina (Galvus), sitagliptina (Januvia), saxafliptina (Onglyza), linagliptina (Trayenta), alogliptina (Nesina) Amilinomiméticos: - terão efeito sobre glucagon e insulina - representante: Pranlintida - mecanismo: diminuem a secreção de glucagon, lenificam o esvaziamento gástrico, aumentam a saciedade - vantagens: perda ponderal, redução dos picos glicêmicos pós-prandiais - desvantangens: efeitos colaterais gastrointestinais (náuseas e vômitos🤮), hipoglicemia/injetável Inibidores do Cotransporte Sódio-Glicose (SGLT-2): - têm ação glicosúrica, ou seja, liberam a glicose na urina - Glifozinas - inibidores do transportador 2 de sódio e glicose (SGLT-2) - ação: inibição da reabsorção renal de glicose, aumento da eliminação renal de glicose (glicosúria) - desfecho: melhora do controle glicêmico e da perda ponderal - representantes: Dapaglifozina, Canaglifozina, Empaglifozina Ipraglifozina, Topoglifozina - efeitos adversos: risco aumentado para infecções urogenitais (ITU e infecção genital fúngica (vulvovaginites) - não são recomendadas em pacientes com CICr <= 60mL/min - inibe a absorção da maioria da glicose, permitindo que esta saia pela urina Insulinas: - quanto iniciar insulinoterapia no paciente? DM Tipo 1: imediato DM gestacional: não necessariamente de forma imediata - objetivos: suplementação da produção endógena de insulina no estado basal, modulação da produção hepática de glicose, facilitação da utilização de glicose pelos tecidos muscular e adiposo (estado pós-prandial) - possibilitar o controle metabólico mais próximo no normal (minimizando o risco de hipoglicemia e o ganho de peso), redução da incidência de complicações micro e macrovasculares - ao diagnóstico: terapia inicial no DM1, glicemias ao acaso >= 270mg/dL e/ou HbA1c >= 9% + sintomas (polis), grande perda de peso, descompensação aguda hiperglicêmica (cetoacidose diabética e estado hiperglicêmico hiperosmolar) - ao longo do tratamento: gravidez, falha do tratamento oral (sonoterapia ou em associação), doenças agudas graves (sepse, IAM, AVC), ambiente hospitalar, corticoterapia, cirurgias, enfermidade intercorrente com hiperglicemia - insulina é um hormônio anabólico; se há emagrecimento importante, é sinal de catabolismo - Tipos disponíveis: Ultrarrápida: Aspart,Lispro, Glulisina, início 10-15min, pico 1-1,5h, duração 3 - 5h, 3,5 - 4,75h, 3 - 5h (respectivamente) Rápida: Regular, início 30min, pico 2-4h, dura 6-8h Intermediária: NPH, início 2-4h, pico 4-10h, duração 12-18h Longa: Detemir, Glargina, início 90 min, sem pico, duração 16-24h, até 24h (respectivamente) Ultralonga: Degludeca, início 2-4h, sem pico, duração até 42h - Aplicabilidade: Ação rápida - glicemia pós-prandial Ação ultrarrápida - glicemia pós-prandial Ação intermediária - glicemia de jejum, interprandial, durante a noite e a madrugada Ação lenta - insulinemia basal Ação ultralenta - insulinemia basal - Qual é o esquema? Convencional: alimentação e atividade física estruturadas de acordo com a quantidade de insulina Intensivo: quantidade de insulina é que se adequa à alimentação e atividade física - no começo pode haver controle com dose única diária - normalmente, duas aplicações - NPH+regular antes do desjejum e jantar: 2/3 da dose pela manhã, pela manhã - 2/3 de NPH, à noite - 50% de NPH 1) Esquema Basal-Bolus: - Insulina basal: Suprimir a produção hepática de glicose de jejum e inter-radial ~50% das necessidades diárias Ajuste: glicemia de jejum - Insulina em Bolus (refeições) 2) Esquema de Insulina Intensiva: -Três injeções ao dia: Dose manhã: 2/3 total - 2/3 de NPH + 1/3 de regular Dose noturna (antes do jantar): 1/2 de regular (antes do jantar) + 1/2 de NPH (ao deitar) Qual a dose? - dose inicial: 0,2 a 0,5U/kgdia Intervalo entre os reajustes = 3 dias Dose usual = 0,5 a 1,0 U/kg/dia 1,5 U/kg/dia na adolescência, no stress > 2 U/kg/dia = resistência insulínica Não existe dose máxima, deve-se apenas dar o suficiente para impedir hiperglicemia sem induzir hipoglicemia. Complicações: - Lipodistrofia - Edema - ganho de peso - lipoatrofia - formação de anticorpos anti-insulina - alergia - hipoglicemia Automonitorização glicêmica capilar (AGC) no DM1: - glicemias pré-prandiais: desjejum, almoço, lanche, jantar avaliam a dose de insulina basal - glicemias pós-prandiais: pós-desjejum, pós-almoço, pós-lanche, pós-jantar Avaliam as doses de insulinas de ação rápida ou ultra-rápida - madrugada: (˜3h): avalia a dose basal noturna Problema na evolução: - Glicemias de jejum sempre alteradas Onde está o problema? Estilo de vida, dose NPH regular noturna baixa… AS 3 POSSIBILIDADES: Efeito Somogyi: hiperglicemia matinal em resposta à uma hipoglicemia na madrugada Queda dos níveis de insulina Fenômeno do alvorecer (dawn phenomenon): sempre que vamos, fisiologicamente, adormecendo, o cortisol vai diminuindo. A glicemia começa a atingir níveis mais baixos. Ao acordar, há um pico de cortisol, que aumenta a glicemia. Quem não sofre de diabetes, normatiza o valor da glicemia com a compensação do pâncreas. Quem sofre de diabetes, acorda com hiperglicemia. Este é o fenômeno do alvorecer. Quem é acometido por ele, precisa ter o valor de NPH aumentado. Novo problema na evolução: - glicemias pós-prandiais alteradas O que fazer? Aumentar a dose de insulina regular antes das refeições. Sucesso do Tratamento: Depende de: motivação do médico, motivação do paciente, educação do paciente e familiares, acesso à automonitorização, insulina, antidiabéticos orais, etc.
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