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Pedagogia histórico-crítica[1]
 
Essa pedagogia é tributária da concepção dialética, especificamente na versão do materialismo histórico, tendo fortes afinidades, no que ser refere às suas bases psicológicas, com a psicologia histórico-cultural desenvolvida pela “Escola de Vigotski”. A educação é entendida como o ato de produzir, direta e intencionalmente, em cada indivíduo singular, a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo conjunto dos homens. Em outros termos, isso significa que a educação é entendida como mediação no seio da prática social global. A prática social se põe, portanto, como o ponto de partida e o ponto de chegada da prática educativa. Daí decorre um método pedagógico que parte da prática social onde professor e aluno se encontram igualmente inseridos, ocupando, porém, posições distintas, condição para que travem uma relação fecunda na compreensão e encaminhamento da solução dos problemas postos pela prática social, cabendo aos momentos intermediários do método identificar as questões suscitadas pela prática social (problematização), dispor os instrumentos teóricos e práticos para a sua compreensão e solução (instrumentação) e viabilizar sua incorporação como elementos integrantes da própria vida dos alunos (catarse).
Saviani  (2008) sugere o ano de 1979 como sendo o marco do surgimento da abordagem histórico-crítica. O então professor e coordenador do curso de doutorado em educação da PUC-SP começou com seus estudantes a discutir uma nova visão acerca da educação brasileira e esse olhar espalhou-se pelo país a fora tomando corpo e transformando pensamentos. Um grande veículo de comunicação possibilitou maior veiculação das propostas discutidas e publicadas pelo professor Saviani e seus colaboradores. A Revista da Associação Nacional de Educação (ANDE)  foi o espaço que o estudioso publicou suas primeiras missivas acerca da pedagogia histórico-crítica.
A cada ano que Saviani vem reorganizando teoricamente seus escritos sobre a educação e novos estudos acerca da temática abordada por ele vem sendo pesquisada e levada a cabo por muitos pesquisadores e estudantes de mestrado e doutorado. Costa (2007) realiza uma avaliação histórica sobre a atuação de Saviani na pós-graduação em Educação no Brasil, no recorte histórico de 1970 a 1996. Ela expõe no resumo de sua obra que
A análise dessas articulações presentes na vida de Dermeval Saviani, a universidade, a pós-graduação em educação, sua produção teórico-crítica e a organização de sociedades e associações de ordenamento político resultam num cenário único revelador de um educador crítico, original e presente na educação brasileira, condições possíveis de serem percebidas através das lutas políticas que foram "travadas" durante sua trajetória pessoal, acadêmica e profissional. O balanço crítico e os registros de atuação e produção de Dermeval Saviani comprovam sua inserção e engajamento, seu horizonte teórico esclarecido e problematizador, seu papel de intelectual sensível e produtivo, com atuação orgânica e emancipatória na educação brasileira recente [...] (COSTA, 2007, p. xii).
Ou seja, há um constante aperfeiçoamento acerca de seus estudos, pois os mesmos não estão engessados, estáticos, ao contrário, são alvos de críticas, análises e reconstruções; porque somos seres inacabados, incompletos e dotados de confrontos, entretanto não perdemos nossa essência (FREIRE, 1996).
Então o que vem a ser essa nova visão sobre educação? Em que base teórica o estudioso se firma? Saviani (2008, p. 88) usa a expressão pedagogia histórico-crítica no empenho de "[...] compreender a questão educacional com base no desenvolvimento histórico objetivo. Portanto, a concepção pressuposta nessa visão da pedagogia histórico-crítica é o materialismo histórico [...]". O estudioso busca superar as teorias não-críticas e as crítico-reprodutivistas, pois ambas não possuem o entendimento histórico sobre a educação, tampouco materialista. Para essas concepções a educação é isolada dos fenômenos sociais e também dos fenômenos históricos. Já a teoria crítica, que tem a pedagogia histórico-crítica como alicerce didático-metodológico sobre a educação, busca
[...] compreender a educação no seu desenvolvimento histórico-objetivo e, por conseqüência, a possibilidade de se articular uma proposta pedagógica cujo ponto de referência, cujo compromisso, seja a transformação da sociedade e não sua manutenção, a sua perpetuação [...] (ibidem, p. 93).
Para tanto, o entendimento sobre a educação escolar é compreendido como ela se manifesta no momento atual, contudo entendida como resultado de um grande processo de transformação histórica e social. Nesse sentido o educador assume outro papel.  Nessa visão crítica de educação, ele se diferencia daquele profissional das outras duas teorias, pois "[...] o professor, enquanto alguém que, de certo modo, apreendeu as relações sociais de forma sintética, é posto na condição de viabilizar essa apreensão por parte dos alunos, realizando a mediação entre o aluno e o conhecimento que se desenvolveu socialmente" (ibidem, p. 144).    
Qual será a metodologia utilizada pelo docente para desenvolver suas atividades pedagógicas pautadas na Pedagogia Histórico-crítica? "O ponto de partida do novo método não será a escola, nem a sala de aula, mas a realidade social mais ampla [...]" (GASPARIN, 2007, p. 03). Isso se dar porque "[...] os conteúdos reúnem dimensões conceituais, científicas, históricas, econômicas, ideológicas, políticas, culturais, educacionais que devem ser explicitadas e apreendidas no processo ensino-aprendizagem" (ibidem, p. 02). Pois esses mesmos conteúdos são obras históricas de como os seres humanos governam sua vida nas relações sociais de trabalho em cada modo de produção.
2 Uma Didática para a Pedagogia Histórico-Crítica
 
A teoria construída por Saviani parte da prática social inicial do conteúdo, ou seja, toma como ponto de partida que os estudantes e o educador já possuem conhecimento, mesmo que precário; depois realiza a problematização, onde se explicita os principais problemas da prática social; em seguida realiza a instrumentalização, que são as ações didático-pedagógicas para a aprendizagem; progredindo constrói a catarse, que é a expressão elaborada da nova forma de entender a prática social; e por fim concretiza esse percurso na prática social final do conteúdo que é uma nova proposta de ação a partir do conteúdo aprendido.  Vejamos, sem nos estendermos, cada um dos cinco passos propostos pela Pedagogia Histórico-crítica e sistematizados por Gasparin.
O primeiro passo dessa caminhada pedagógica - prática social inicial do conteúdo - é o momento em que o educador apresenta aos educandos o tema a ser estudado, contudo sem conceituá-lo. Busca-se neste momento desafiar o educando, estimulá-lo, sacudi-lo, sensibilizá-lo acerca do objeto de conhecimento. Para tal feito faz-se necessário conhecer as aspirações que os educandos possuem acerca da temática a ser trabalhada. Deve-se construir uma relação entre os conceitos empíricos dos aprendizes com os conteúdos escolares, por isso
Conhecer a realidade dos educandos implica em fazer um mapeamento, um levantamento das relações do conhecimento dos alunos sobre o tema de estudo. A mobilização é o momento de solicitar a visão/ concepção que os alunos têm a respeito do objeto (senso comum, "sincrese") [VASCONCELOS, 1993, p. 48 apud GASPARIN, 2007, p. 17].
Desse modo, o educador que possui uma visão clara e sintética da realidade busca entender e posicionar a visão sincrética que os educandos possuem acerca da temática para assim alavancar o percurso trilhado no entendimento que compreende o conhecimento como uma produção humana, a partir dos modos de produção social.
Assim, podemos afirmar que
A Prática Social Inicial é sempre uma contextualização do conteúdo. É um momento de conscientização do que ocorre na sociedade em relação àquele tópico a ser trabalhado, evidenciando que qualquer assunto a ser desenvolvido em sala de aula já está presentena prática social, como parte constitutiva dela (GASPARIN, 2007, p. 24).
Ela se manifesta constantemente, pois não se finda à medida que os demais passos da aprendizagem vão ocorrendo. Ela é o "[...] pano de fundo sobre o qual e em função do qual se trabalha um conteúdo [...]" (ibidem, p.32). Lembrando que não devemos nos fixar somente nos interesses imediatos dos educandos para não cairmos no campo da superficialidade, do fazer pelo fazer, do deixar que os acontecimentos ocorram pela livre expressão dos sujeitos aprendentes. Temos que ir além dos desejos dos estudantes e por isso.
Então, realizar este primeiro passo é ter em mente que os conteúdos são produzidos e organizados pelos Homens e expressos nas instituições sociais, assim os estudantes não devem aprender apenas aquilo que aspiram, entretanto devem tomar posse do que é socialmente imprescindível para os cidadãos de hoje. 
Seguindo o caminho das pedras, temos a problematização como passo seguinte, a qual "[...] é o fio condutor de todo o processo de ensino-aprendizagem [...]" (ibidem, 49).  É agora que se inicia o trabalho com o conteúdo sistematizado, pois ele é entendido como uma construção histórica, não natural; ele serve para responder às necessidades humanas.
Em razão disso, podemos, com base nos estudos de Gasparin (2007, p. 35) afirmar que "a problematização é um elemento-chave na transição entre a prática e a teoria, isto é, entre o fazer cotidiano e a cultura elaborada. É o momento em que se inicia o trabalho com o conteúdo sistematizado". Esses conteúdos irão responder às dificuldades postas pela prática social, por isso deve haver uma seleção criteriosa acerca desses conteúdos que irão servir para mostrar a realidade.
Contudo temos que ter em mente que a problematização
[...] não pode ser apenas uma estratégia pela qual um conjunto de conteúdos preelaborados, dado ao professor, passaria por um processo de seleção em função das questões relevantes para a prática social. Haveria então um enlaçamento artificial entre os conteúdos necessários em uma determinada cultura e aqueles pontos que a prática social de um determinado grupo considera relevantes (WACHOWICZ, 1989, p. 100 apud GASPARIN, 2007, p. 38).
Então os principais problemas lançados pela prática social devem servir como trilho para amenizar os problemas existente no meio em que se está inserido, e quem vai ajudar nesta empreitada são os conteúdos preestabelecidos pelo currículo escolar e escolhidos pelo docente como necessários a serem dominados, ou os conhecimentos discutidos em uma unidade do programa da disciplina trabalhada que resolverão as questões postas pela prática social (SAVIANI, 2007).
Chegamos agora ao ponto onde os confrontos são essenciais no processo de ensino-aprendizagem. Na instrumentalização os estudantes e o objeto da sua aprendizagem são postos frente a frente através da mediação do educador. É constantemente um triângulo equilátero, visto que nos remete a uma relação triádica marcada pelas deliberações sociais e singulares que caracterizam os sujeitos aprendentes, o professor e o conteúdo (GASPARIN, 2007).
Esta relação se torna o ápice deste procedimento de ensino. Porque as dúvidas, as inquietações, os confrontos são pertinentes ao desenvolvimento do conhecimento e assim da sociedade por inteiro. O professor assume seu real papel de mediador ajudando seus estudantes a construírem sua representação mental do objeto do conhecimento.
Tendo em vista os dizeres de Saviani (2007, p. 71) a instrumentalização é o momento em que os estudantes se apropriam dos
[...] instrumentos teóricos e práticos necessários ao equacionamento dos problemas detectados na prática social [...] Trata-se da apropriação pelas camadas populares das ferramentas culturais necessárias à luta social que travam diuturnamente para se libertar das condições de exploração em que vivem.
Na atualidade esta máxima do "método" torna-se ímpar, pois a educação passou, por muitos, a ser concebida como um bem de produção, possuindo um valor econômico próprio e desse modo vem sendo colocado em determinação direta das condições de funcionamento do mercado capitalista: algo intolerável (SAVIANI, 2005).
O quarto passo é o trecho do percurso em que o educando sinaliza o quanto incorporou dos conteúdos trabalhados; qual seu novo grau de aprendizagem. Na prática é o resumo que o estudante faz do conteúdo aprendido, é sua manifestação acerca do novo conceito alcançado.
Saviani (2007, p. 72) explica dizendo que cartase é
O momento da expressão elaborada da nova forma de entendimento da prática social a que se ascendeu [...] trata-se da efetiva incorporação dos instrumentos culturais, transformados agora em elementos ativos de transformação social [...] Daí porque o momento catártico pode ser considerado o ponto culminante do processo educativo, já que é aí que se realiza pela mediação da análise levada a cabo no processo de ensino, a passagem da síncrese à síntese; em conseqüência, manifesta-se nos alunos a capacidade de expressarem uma compreensão da prática em termos tão elaborados quanto era possível ao professor. 
Valendo-nos da afirmação de Saviani podemos dizer que o estudante sai do senso comum, de suas concepções caóticas pra entrar no plano científico. Ele passa a entender a realidade com base em um olhar holístico, mais consistente e melhor estruturado. Segundo Gasparin (2007, p. 133), "[...] os conteúdos tornam-se verdadeiramente significativos porque passam a fazer parte integrante e consciente do sistema científico, cultural e social de conhecimentos [...]", para assim, realizarmos a elaboração teórica da nova síntese e a expressão prática dela.
Por último, temos a prática social final que é o mesmo nível de desenvolvimento real denominado por Vygotsky. Visto que, neste momento constatamos que o estudante já consegue realizar suas atividades sem ajuda da pessoa mais experiente. Através deste prisma, temos que
A Prática Social Final é a confirmação de que aquilo que o educando somente conseguia realizar com a ajuda dos outros agora o consegue sozinho, ainda que trabalhando em grupo. É a expressão mais forte de que de fato se apropriou do conteúdo, aprendeu, e por isso sabe e aplica. É o novo uso social dos conteúdos científicos aprendidos na escola (ibidem, p. 148).
Por isso que
Cabe ao ensino escolar, portanto, a importante tarefa de transmitir à criança os conteúdos historicamente produzidos e socialmente necessários, selecionando o que desses conteúdos encontra-se, a cada momento do processo pedagógico, na zona de desenvolvimento próximo [...] (DUART)
Como já mencionado, é através da apropriação dos conhecimentos que os dominantes apreendem, que os dominados podem sair desta condição de domados, de suprimidos à servidão, pois a educação é um direito de todos. Contudo esta máxima vem sendo suprimida com a prática de realizar uma educação pobre para os pobres e uma educação rica pra os ricos (DEMO, 2004).
A prática social final é a manifestação da nova atitude dos educandos, suas intenções. É a proposta de ação que, em parceria com o educador, os estudantes elaboram colocando em pauta seu compromisso com a prática social. Ou seja, é a concordata com a melhora de seu desempenho depois de ter adquirido determinado conhecimento. Ou como melhor explica Gasparin (2007, p. 149)
A Prática Social Final é a nova maneira de compreender a realidade e de posicionar-se nela, não apenas em relação ao fenômeno, mas à essência do real, do concreto. É a manifestação da nova postura prática, da nova atitude, da nova visão do conteúdo no cotidiano. É, ao mesmo tempo, o momento da ação consciente, na perspectiva da transformação social, retornando à Prática Social Inicial, agora modificada pela aprendizagem.
É em razão disso que esta fase viabiliza aos aprendentes agir de forma autônoma e criativa. Buscando realizar operações mentais e/ou materiais com suas próprias "pernas", progredindo do nível de desenvolvimento potencial para o nível de desenvolvimento real, pontos essenciaisdefendidos por Vygotsky nos seus estudos sobre a aquisição da aprendizagem pelo ser humano.
CONCLUSÃO
Compreendendo que a formação docente deve perpassar desde os fundamentos teóricos até os fundamentos metodológicos, precisamos atentar para os desafios que nossa sociedade lança a todos, e ainda as ideologias que o mundo oficial persiste em inculcar na formação de nossos educadores.
Então, partir dos pressupostos da pedagogia histórico-crítica é uma alternativa que pode nos libertar das amarras do mundo oficial e endossar o clamor pela resistência que o mundo real tanto precisa para combater as fragilidades da formação docente e eliminar a reprodução da sociedade. Para tanto, os fundamentos filosóficos da pedagogia instituída por Saviani faz-se como elemento de luta e de solo firme para nossa caminhada.
Precisamos, finalmente, compreender a educação no seu desenvolvimento histórico-objetivo, como nos alerta Saviani (2008), em razão disso, nos comprometermos com a transformação da sociedade e não na sua perpetuação. Encarando o trabalho pedagógico como essência da realidade do educador e o saber como meio de produção que disponibilizará forças para a mudança social que tanto almejamos

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