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BASES DA ANAMNESE

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BASES DA ANAMNESE II
QUAL O FOCO DA ATUAL RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE?
O estudo desse relacionamento deve partir das seguintes premissas: 
• A relação médico-paciente constitui a parte fundamental 
da prática médica, devendo ser foco de atenção e estudo a 
partir do momento em que o estudante encontra-se com 
seu primeiro paciente, permanecendo assim durante toda 
a sua vida profissional 
• O exame clínico, especialmente a anamnese, continua 
sendo o elemento principal do tripé no qual se apoia a 
medicina moderna. Os outros dois componentes são os 
exames laboratoriais e os equipamentos que produzem 
valores, traçados e imagens dos órgãos 
• Para se entender o relacionamento com os pacientes, é 
necessário adquirir uma boa compreensão dos mecanismos psicodinâmicos envolvidos neste processo 
• A aprendizagem da relação médico-paciente está intimamente interligada à aprendizagem do método clínico e 
ambas dependem de treinamento prolongado, sempre sob 
supervisão 
• É indispensável a aquisição de conhecimentos básicos das 
Humanidades (filosofia, antropologia, psicologia, sociologia e outras), pois a relação médico-paciente ultrapassa o âmbito dos fenômenos biológicos, dentro do qual se costuma aprisionar a profissão médica. 
Atualmente, o paciente não mais se vê no papel tradicional de submeter-se sem queixas e sem perguntas a quaisquer medidas que o médico, supostamente infalível, acredite que são as melhores. Ele espera que a sua individualidade - ou cidadania no sentido mais correto desta expressão - seja respeitada, pois graças aos meios de comunicação, está muito 
mais bem informado sobre assuntos médicos que as gerações anteriores. 
Semiologia Médica - Porto
Todas as ações de saúde devem visar, hoje, não só a prolongar a vida dos pacientes, mas também a melhorar sua qualidade da vida. O médico, na relação com o paciente, deve sempre estar pensando nestes dois objetivos: viver mais, mas principalmente viver com melhor qualidade. Dar atenção especial à diminuição do sofrimento, aos sintomas que realmente afligem o paciente. Fazer o diagnóstico correto, mas sem esquecer de prestar especial atenção a o que o paciente realmente sente. Esses cuidados e apoio, muitas vezes, devem ser estendidos também aos familiares do paciente.
Semiologia Clínica - Isabela Benseñor
QUAIS OS TIPOS DE MODELOS DE RELAÇÃO MÉDICO-PACIENTE?
Características dos modelos de relação médico-paciente, de acordo com a classificação proposta por Robert Veatch (1972). 
	Modelo
	Autoridade
	Poder
	Relação de Poder do Médico
	Relação de Poder do Paciente
	Sacerdotal
	Médico
	Médico
	Dominação
	Submissão
	Engenheiro
	Médico
	Paciente
	Acomodação
	Variável
	Colegial
	-
	Igualitário
	Negociação
	Negociação
	Contratualista
	Médico
	Compartilhado
	Compromisso
	Compromisso
Modelo Sacerdotal 
O Modelo Sacerdotal é o mais tradicional, pois baseia-se na tradição hipocrática. Neste modelo o médico assume uma postura paternalista com relação ao paciente.  Em nome da Beneficência a decisão tomada pelo médico não leva em conta os desejos, crenças ou opiniões do paciente. O médico exerce não só a sua autoridade, mas também o poder na relação com o paciente. O processo de tomada de decisão é de baixo envolvimento, baseando-se em uma relação de dominação por parte do médico e de submissão por parte do paciente. Em função deste modelo e de uma compreensão equivocada da origem da palavra "paciente" este termo passou a ser utilizado com conotação de passividade. A palavra paciente tem origem grega, significando "aquele que sofre". 
Médico -> Paciente
Modelo Engenheiro 
O Modelo Engenheiro, ao contrário do Sacerdotal, coloca todo o poder de decisão no paciente. O médico assume o papel de repassador de informações e executor da ações propostas pelo paciente. O médico preserva apenas a sua autoridade, abrindo mão do poder, que é exercido pelo paciente. É um modelo de tomada de decisão de baixo envolvimento, que se caracteriza mais pela atitude de acomodação do médico que pela dominação ou imposição do paciente. O paciente é visto como um cliente que demanda uma prestação de serviços médicos.
Médico <- Paciente
Modelo Colegial 
O Modelo Colegial não diferencia os papéis do médico e do paciente no contexto da sua relação. O processo de tomada de decisão é de alto envolvimento. Não existe a caracterização da autoridade do médico como profissional, e o poder é compartilhado de forma igualitária. A maior restrição a este modelo é a perda da finalidade da relação médico-paciente, equiparando-a a uma simples relação entre indivíduos iguais.
Médico <-> Paciente
Modelo Contratualista 
O Modelo Contratualista estabelece que o médico preserva a sua autoridade, enquanto detentor de conhecimentos e habilidades específicas, assumindo a responsabilidade pela tomada de decisões técnicas. O paciente também participa ativamente no processo de tomada de decisões, exercendo seu poder de acordo com o estilo de vida e valores morais e pessoais. O processo  ocorre em um clima de efetiva troca de informações e a tomada de decisão pode ser de médio ou alto envolvimento, tendo por base o compromisso estabelecido entre as partes envolvidas. 
Médico <-> Paciente
Em 1992, Ezequiel Emanuel e Linda Emanuel propuseram uma alteração na denominação para dois modelos, chamando o modelo sacerdotal de paternalístico e o modelo do engenheiro de informativo. Não se referem ao modelo colegial e subdividem o modelo contratualista em dois outros, interpretativo (médio envolvimento) e deliberativo (alto envolvimento), de acordo com o grau de autonomia do paciente. Estes autores chegam a comentar a possibilidade de um quinto modelo que seria o modelo instrumental, onde o paciente seria utilizado pelo médico apenas como um meio para atingir uma outra finalidade. Dão como exemplo a utilização abusiva de pacientes em projetos de pesquisa, tal como o realizado em Tuskegee.
Modelos de Relação Médico-Paciente ufrgs
Quais são os tipos de médicos existentes baseado nos aspectos da personalidade? E como eles se comportam?
• Médico ativo/paciente passivo: nesta condição, o paciente 
abandona-se por completo e aceita passivamente os cuidados médicos, sem mostrar necessidade ou vontade de compreendê-los. Essa é a situação característica da medicina de urgência e emergência. Quanto mais ativo e seguro se mostrar o médico, mais tranquilo e seguro ficará o paciente 
• Médico direciona/paciente colabora: o profissional assume seu papel de maneira, até certo ponto, autoritária. O paciente compreende e aceita tal atitude, procurando colaborar. Um exemplo clássico dessa situação é a relação entre o médico e o paciente internado em regime hospitalar 
• Médico age/paciente participa ativamente: o clínico define os caminhos e os procedimentos, e o paciente compreende e atua conjuntamente. As decisões são tomadas após troca de ideias e análise de alternativas. Assim, o atendido assume responsabilidade frente ao processo de tratamento de sua doença. Há, então, um redimensionar de papéis, uma parceria entre o médico e o paciente, corretamente designada aliança terapêutica. O melhor exemplo dessa situação é a relação médico-paciente na Estratégia da Saúde da Família. 
Semiologia Médica - Porto
O que seria o médico ideal?
Cada um destes tipos de relacionamento será adequado de acordo com as circunstâncias. Saber discerni-los e reconhecer os mecanismos de defesa implicados em cada um caracterizam o bom profissional e corroboram para a boa prática médica. Embora a escolha do tipo de relacionamento pareça ser "consciente': ela atende às necessidades inconscientes e afetivas do médico e do paciente. No primeiro tipo de relação, por exemplo, o desejo de proteção por parte do paciente se harmoniza com a ação decidida, pronta e enérgica do médico. Apropriar-se dos sentimentos inconscientes- que deixam de sê-los para se tornarem parte do mundo consciente- é a melhor maneira de valorizar as emoções que perpassam as relações humanas.Aí se encontra uma das maiores contribuições para a medicina moderna vinda de Freud, que sistematizou os conhecimentos nessa área. É esse conhecimento que instrumentaliza o profissional para uma postura de "cuidado" de seu paciente. Médico cuidador, segundo Winnicott, diferencia-se de médico curador, exatamente pela capacidade humana de atender seu paciente, de modo global e holístico, ampliando o conceito de médico curador, que somente se envolve com a cura da doença, o que frequentemente não é alcançado, originando profunda frustração. "O médico sempre desempenha um papel ativo: o paciente pode manter-se passivo, embora cooperativamente passivo" (M. Balint). 
Semiologia Médica - Porto
 Quais os aspectos fundamentais na relação médico paciente?
Balint enfatizou três aspectos importantes da relação médico-paciente, nem sempre levados em conta. O primeiro aspecto é o reconhecimento de que o médico é um "remédio" ou "medicamento". Uma relação adequada do médico com seu paciente tem um efeito terapêutico importante e, muitas vezes, é a parte mais importante do tratamento. Esse conceito de o médico fazer parte do tratamento enfatiza a natureza bastante dinâmica da relação médico-paciente e de o paciente poder ser beneficiado ou prejudicado pela forma com que o médico se relaciona com ele. 
O segundo aspecto é a possibilidade de o médico fazer um diagnóstico mais profundo do paciente, que inclui uma compreensão não apenas da doença, mas sim da personalidade do paciente, de como a doença afeta sua personalidade em especial, das interações do paciente com sua família, seu ambiente social e de trabalho, e da possibilidade de o médico influenciar em 
todas essas relações. Por outro lado, é importante, também, o reconhecimento de que o paciente e o todo que o cerca influenciam, às vezes de forma importante, o médico. 
O terceiro aspecto da relação médico-paciente enfatizado por Balint é o papel do médico como professor, orientador do paciente e de sua família, o que tem, muitas vezes, um efeito também importante no tratamento do paciente.
Semiologia Clínica - Isabela Benseñor
Quais são os princípios bioéticos da relação médico-paciente?
O médico, em todo relacionamento com seus pacientes, deve ter sempre presente em sua mente aqueles que são considerados os quatro princípios fundamentais da moderna Bioética: beneficência, não-maleficência, justiça e autonomia. 
Beneficência e não-maleficência - o médico, em todas as suas atitudes, deve sempre procurar fazer apenas aquilo que visa a beneficiar o paciente (beneficência) e evitar sempre qualquer atitude que possa prejudicá-lo, causar dano ou piorar suas condições de saúde (não-maleficência). 
Justiça - o médico deve fazer o possível para que todos os pacientes possam ter acesso aos cuidados de saúde de qualidade equivalente. Todos os cidadãos têm direito a cuidados de saúde de qualidade. É óbvio que a aplicação desse princípio implica muitas vezes mudanças políticas, sociais, culturais, da estrutura dos serviços de saúde. Mas é importante que o médico tenha sempre clara consciência da importância de ele, como médico e cidadão, ser também um agente contribuindo para essas mudanças. 
Autonomia - o médico deve respeitar os desejos do paciente, informá-lo e consultá-lo sobre tudo o que diz respeito a sua saúde, diagnósticos, prognóstico, procedimentos diagnósticos e terapêuticos. 
Respeitar a autonomia do paciente não implica, em nossa opinião, uma atitude passiva do médico deixando a cargo do paciente a escolha entre todas as opções possíveis de procedimentos diagnósticos e de tratamento, como tem sido, com frequência, a prática de muitos médicos em alguns países do hemisfério norte. O médico, ao assumir o cuidado de um paciente, deve exercer 
o papel de seu "advogado", desejar sempre aplicar a solução que considera a melhor possível e tentar convencer o paciente e seus familares, caso acredite que realmente escolheu a melhor opção. Deve, nesse sentido, adotar uma postura mais ativa, dialogando, explicando, ouvindo. Entretanto, caso o paciente prefira outra alternativa, apesar de não ser a preferida pelo médico, este deve respeitar a opção do paciente.
Semiologia Clínica - Isabela Benseñor
Além desses princípios bioéticos, outros valores se tornam cada vez mais necessários no cotidiano profissional, como o respeito à alteridade (respeitar a diferença no outro) e o sigilo (respeitar o segredo sobre as informações do paciente).
Semiologia Médica - Porto
Como são os aspectos psicodinâmicos da relação médico-paciente?
Os principais fenômenos psicodinâmicos da relação médico-paciente são os mecanismos de transferência e contratransferência. Tais conceitos provêm da psicanálise e, na prática médica cotidiana, constituem um vasto arsenal terapêutico que independe de técnicas psicoterápicas especiais e que é indissociável do trabalho de qualquer médico.
Qual a importância de se conhecer tipos de temperamentos das pessoas?
Às vezes, a relação médico-paciente é iniciada com uma carga afetiva muito intensa, como ocorre com os pacientes em grande sofrimento físico ou emocional.
O que é transferência e contratransferência? E resistência? 
Transferência diz respeito aos fenômenos afetivos que o paciente passa (transfere) para a relação que estabelece com o 
médico. São sentimentos inconscientes vividos no âmbito de seus relacionamentos primários com os pais, irmãos e outros 
membros da família. Se o médico consegue, logo de início, compreender tal situação, propiciando ao paciente a oportunidade de se apoiar emocionalmente nele, é imediata a transferência positiva, que se define pelo momento em que o paciente vivenda o relacionamento de maneira agradável, confirmando a expectativa que tinha de encontrar no médico uma pessoa disponível, atenciosa e com capacidade para ajudá-lo. Do ponto de vista psicodinâmico, o paciente estaria transferindo para o médico o afeto já sentido por outra pessoa, quase sempre o pai ou a mãe. Pode ocorrer o contrário se o paciente reviver fatos desagradáveis de relações anteriores, definindo-se, então, a transferência negativa ou resistência. 
Os fenômenos relatados também ocorrem em sentido contrário, ou seja, do médico para o paciente, sendo denominados contratransferência, que seria a passagem de aspectos afetivos do médico para o paciente. Do mesmo modo, entram em jogo 
mecanismos inconscientes originados de sentimentos já vividos pelo médico em relações anteriores com seus pais, filhos, cônjuge ou outras pessoas da família. 
Chama-se resistência qualquer fator ou mecanismo psicológico inconsciente que comprometa ou atrapalhe a relação médico-paciente. Os fenômenos de resistência podem surgir no momento da primeira consulta e serem reforçados ao longo da convivência entre o médico e o paciente. Exemplos simples de resistência são os esquecimentos de horário, o adiamento ou a recusa em fazer os exames solicitados, o uso irregular ou o abandono de tratamentos, o não seguimento de regimes alimentares.
Outras vezes, a resistência consiste em ocultar ou deturpar sintomas ou fatos relacionados com a doença, como acontece com aqueles que negam o uso de bebidas alcoólicas mesmo ao apresentar claras evidências de intoxicação etílica. Fenômenos de resistência podem ser interpretados como contestação à autoridade do médico, cabendo a ele compreender estes fenômenos psíquicos para manter-se sempre na condução do relacionamento com o paciente. 
Qual é o papel do médico nesta relação?
Cabe ao médico a tarefa de detectar essas manifestações procurando desenvolver mecanismos que as neutralizem. Se ele não conseguir proceder dessa maneira, inevitáveis consequências advirão, como o paciente não confiar em suas decisões, sentir dificuldade em seguir as prescrições ou interromper o tratamento. Além disso, não terão qualquer valor as palavras que o clínico proferir para avaliar preocupações, medos e ansiedades do paciente. (transferência e recusa)
É fundamental saber reconhecer seus próprios sentimentos, fraquezas e problemasemocionais despertados nessa situação, mantendo-os sob controle. Defesas são necessárias, mas devem ser adequadas para não perturbar a relação que se inicia. É natural, e até necessário, que o médico sinta afeto pelo paciente, mas também é preciso saber dosar adequadamente esse sentimento. Não é incomum o desenvolvimento de uma sensação erótica que precisa ser percebida e vista sob o prisma da responsabilidade profissional e ética, única maneira de manter a relação médico-paciente dentro dos limites corretos para o exercício da profissão. (contrarreferência)
O que é ser paciente?
O ser humano é uma unidade biopsicossocial e espiritual, e seus aspectos afetivos são o que mais o diferenciam dos outros animais. O paciente é um ser humano, com uma Identidade de gênero, de certa idade, com uma história individual e personalidade exclusiva. Não é um tubo de ensaio no qual se coloniza alguma espécie de microrganismo, nem uma cobaia que sofreu a agressão de um agente patogênico. Tampouco é uma máquina que teve um de seus componentes avariado. Para avaliá-lo, o médico se vale de sua capacidade de sentir e de estabelecer um relacionamento positivo ou favorável, ou seja, é preciso que tenha empatia e compaixão. 
Como agir com o paciente ansioso? 
O reconhecimento da ansiedade se faz pelas manifestações psíquicas e somáticas que a acompanham: inquietude, voz embargada, mãos frias e sudorentas, taquicardia e boca seca. Alguns pacientes esfregam as mãos sem interrupção, enquanto outros têm as tremulas. Bocejos repetidos ou fumar um cigarro atrás do outro também indicam o desejo inconsciente de o enfermo reforçar suas defesas psicológicas.
O examinador: Deve demonstrar segurança e tranquilidade, conduzindo a entrevista sem precipitar a indagação dos fatos que possam avivar ainda mais a ansiedade do paciente. É preferível gastar alguns minutos conversando sobre fatos aparentemente desprovidos de valor, de modo a dar tempo para um certo relaxamento da tensão.
Por outro lado, não são corretar nem surtem efeito as tentativas de acalmar o paciente exortando-o a ficar tranquilo e dizendo de antemão que ele não tem nada ou que sua doença não é grave.
Com o sugestionável?
O paciente sugestionável costuma ter excessivo medo de adoecer, vive procurando médicos e realizando exames para confirmar sua higidez, mas, ao mesmo tempo, teme exageradamente a possibilidade de os exames mostrarem alguma enfermidade. Tais pacientes são muito impressionáveis e, quando se deparam com alguma campanha contra determinada doença, começam a sentir os sintomas mais divulgados. Isto ocorre, por exemplo, nas campanhas contra a hipertensão arterial e nas que visam despertar o interesse pela prevenção do câncer. Tais pacientes são também muito ansiosos. O médico deve conversar com eles com cuidado, pois uma palavra mal colocada pode desencadear ideias de doenças graves e incuráveis. Em contrapartida, deve aproveitar esta sugestionabilidade para despertar nesses pacientes sentimentos positivos e favoráveis que eliminam a ansiedade e as preocupações injustificadas. 
Como tratar o paciente hipocondríaco?
É o que tem mania de doença e gosta de relatar seus padecimentos. São pessoas muito sugestionáveis e precisamos ter cuidado na maneira de falar com elas, pois frequentemente a partir de uma explicação mal compreendida desenvolvem novas fantasias que vão juntar-se às que elas próprias engendraram. O hipocondríaco sempre tem alguns diagnósticos a oferecer à guisa de queixas. 
O examinador: Contradizê-lo não ajuda em nada. Ridicularizá-lo o só trará dificuldades no estabelecimento de uma boa relação médico/paciente. Ouvi-lo com paciência e compreensão e atitudes firmes bem fundamentadas são as qualidades necessárias no relacionamento com o paciente hipocondríaco.
Como cuidar do deprimido? Do que chora?
O paciente deprimido aparenta desinteresse por si mesmo e pelas coisas que acontecem ao seu redor. Tem forte tendência a se isolar e durante a entrevista reluta em descrever seus padecimentos, ignorando ou respondendo pela metade ás nossas perguntas. É comum que se ponha cabisbaixo, os olhos sem brilho, a face toda exprimindo tristeza, não sendo raro que caia em pranto durante o exame. Relata choro fácil e imotivado, despertar precoce, inapetência, redução da capacidade de trabalho e perda da vontade de viver. 
O examinador: É necessário conquistar sua atenção e sua confiança. Só se consegue isto demonstrando sincero interesse pela sua pessoa. Moderada dose de otimismo deve transparecer na linguagem e no comportamento do médico.
AOS QUE CHORAM: 
A primeira coisa é fazer é deixa-lo chorar sem indagação e sem querer consola-lo com palavras vazias ou exortações inúteis. Os pacientes quase sempre se sentem embaraçados quando acabam de chorar, mas confessam que estão aliviados e a entrevista pode ser retomada até com mais facilidade. As lágrimas podem representar o início de uma relação médico – paciente em nível mais profundo e, portanto, de melhor qualidade. Pequenos gestos um leve toque na mão do paciente ou palavras de compreensão, ou apenas um silencio respeitoso, podem ajudar o paciente a sair daquela situação, que não deve prolongar-se demasiadamente. 
Como agir com o paciente eufórico? Com o hostil?
EUFÓRICO
O paciente eufórico fala e movimenta-se exageradamente. Sente-se muito forte e sadio e fica fazendo referência as suas qualidades. Seu pensamento é rápido, muda de assunto inesperadamente, podendo haver dificuldade de ser compreendido.
É necessário ter paciência para examiná-lo. Deve-se observar se esta é a maneira de ser do paciente (temperamento hipomaníaco), se está intimamente relacionado com outras doenças (hipertireoidismo, hiperatividade) ou se está de fato apresentando uma exaltação patológica do humor. Nesses casos, a euforia pode ser sintoma de transtorno bipolar.
HOSTIL
Muitas situações podem determinar este comportamento. Doenças incuráveis ou estigmatizastes costumam induzir, gradativamente, uma atitude de hostilidade contra o médico ou contra a medicina de maneira geral. Operações mal sucedidas, complicações terapêuticas ou decisões errôneas de outros médicos podem provocar um comportamento hostil que o paciente não é capaz de esconder diante d os médicos de uma maneira geral. No fundo, ele perde a crença na medicina. 
O examinador: A pior conduta consiste em adotar uma posição agressiva, revidando com palavras ou atitudes a hostilidade do paciente. Serenidade e autoconfiança são qualidade básicas do examinador.
Como tratar do paciente inibido ou tímido?
O paciente inibido ou tímido não encara o médico, senta-se à beira da cadeira e fala baixo. Não é difícil notar que ele não está à vontade naquele lugar e naquele momento. Não se deve confundir timidez com depressão. O médico pode ajudá-lo a vencer a inibição, que pode ser um traço da personalidade do paciente, mas às vezes se origina no medo de uma doença incurável. Para isso, uma demonstração de interesse pelos seus problemas é fundamental. Algumas palavras amistosas sempre ajudam. 
Os pacientes pobres e os da zona rural, ao se deslocarem para uma cidade grande e entrarem em um ambiente diferente - carpetes, secretárias, interfones, ar-condicionado, mobiliário moderno -, podem ficar muito inibidos. 
A tendência desses pacientes é falar pouco e responder afirmativamente - para agradar ao médico - às perguntas que lhes 
são formuladas. São as maiores vítimas dos médicos autoritários. 
Como cuidar do paciente psicótico? 
Estabelecer uma relação com o paciente psicótico costuma ser difícil para o estudante ou até mesmo para o médico pouco 
experiente nesta área. O psicótico vive em um mundo fora da realidade do médico. Alucinações, delírios, pensamentos desorganizados fazem com que estes coloquem-se em uma posição de difícil acesso.
Qual a atenção que deve ser dada ao paciente em estado grave? E com o paciente fora de possibilidade terapêutica (terminal)?
GRAVE
É necessário ser objetivo e só fazer o que for estreitamente necessáriopara colher os dados que permitirão o diagnóstico. As perguntas têm de ser diretas e objetivas, pois a capacidade de colaborar está reduzida, e todas as manobras devem ser feitas com a preocupação de não aumentar o sofrimento do paciente. 
Negação: Não adianta o médico confrontar a negação do paciente. É mais conveniente calar-se e deixá-lo vivenciar sua frustração, falando apenas o essencial e respondendo às questões de maneira sincera e serena.
Raiva: Nessa fase, o grau de dificuldade da relação médico-paciente alcança seu nível máximo, pois o paciente mostra-se decepcionado com a medicina e o profissional pode ser o alvo de suas palavras de desespero e raiva. 
Negociação: Promessas de mudança de vida, reconciliação com pessoas da família, busca de Deus compões suas atitudes nessa fase de negociação, na qual o médico pode ter papel muito ativo, apoiando e conversando abertamente com ele.
Depressão: Nessa fase, o médico que saiba compreender o que o paciente está passando é decisivo para o alívio de suas angústias. É desnecessário se expressar com palavras duras. Mas a verdade precisa imperar na relação do médico com o paciente e a família . 
Aceitação: Aqueles que têm uma formação religiosa ou um desenvolvimento espiritual mais avançado estão mais bem preparados para aceitar a morte do que as pessoas que se apoiaram apenas em objetivos materiais para viver.
É necessário reconhecer estas fases para que o médico procure adotar as atitudes mais adequadas para cada uma delas.
Como agir com o paciente de pouca inteligência? 
É fácil reconhecer este tipo de paciente e é preciso fazê-lo para que se adote raciocínio simples e linguagem adequada, ao nível da compreensão do doente. Do contrario, ele se retrairá ou nos dará respostas simplesmente despropositadas, pelo simples fato de não estar compreendendo nossa conversa. Prefere retrair-se do que deixar transparecer a incapacidade de nos entender. 
O examinador: perguntas simples e diretas, usando apenas palavras corriqueiras, ordens precisas e curtas e muita paciência são os ingredientes para se conseguir um bom relacionamento com tal tipo de paciente.
Como tratar de paciente surdo?
Atualmente tem-se dado ênfase ao aprendizado da linguagem de sinais (Libras). A própria avaliação das escolas médicas feita pelo Ministério da Educação prevê o ensino desta linguagem como um item a ser avaliado. Escolas de excelência, avaliadas com nota máxima, contêm em seu currículo aulas de Libras para que os estudantes desenvolvam uma anamnese adequada com os pacientes surdos. 
Quase sempre alguma pessoa da família faz o papel de intérprete, e, neste caso, a entrevista assume características idênticas às que exigem a participação de uma terceira pessoa. 
Também os pacientes que se tornaram surdos ao longo do tempo (idosos, perda da audição por doença degenerativa ou trauma) requerem uma comunicação especial. Falar pausadamente, olhando nos olhos do paciente, pronunciando cuidadosamente as palavras, evitando gritar, pode facilitar a comunicação, permitindo que este faça uma leitura labial.
Qual atenção dada para crianças e adolescentes? 
A criança é um ser único, com etapas de desenvolvimento bem definidas, e não um "adulto pequeno". Ao atender uma 
criança, o médico deverá ter conhecimento básico de crescimento e desenvolvimento não só do ponto de vista orgânico, mas também do ponto de vista emocional. 
Relacionar-se com pacientes pediátricos implica uma relação com pai, mãe e toda a família. A criança não procura o médico sozinha, o faz acompanhada de um cuidador (pai, mãe, avós, tios, irmãos, entre outros adultos). A relação médico-paciente torna-se complexa, principalmente porque o conceito de família tem sido ampliado. Muitas vezes cabe ao profissional conversar com a mãe, o marido desta, o pai e a sua esposa e orientá-los, pois os quatro estão, de forma ativa, envolvidos com o processo de saúde/ doença da criança. 
Comumente, as crianças têm medo do médico e dos aparelhos. Este receio é explicável porque elas temem o desconhecido. E, em muitas culturas, são amedrontadas por meio de ameaças como: "Se não ficar quieto, vai tomar injeção!" Talvez a qualidade mais importante para lidar com elas seja a bondade, traduzida na atenção, no manuseio delicado e no respeito pela sua natural insegurança. Conquistar a confiança e a simpatia de uma criança é mais que um ato profissional. É um ato de amor cujo significado será facilmente percebido pelo médico sensível. 
A relação médico-paciente adolescente é de extrema peculiaridade e envolve aspectos de difícil manuseio pelos médicos e estudantes - sexo, drogas ilícitas, gravidez precoce, alterações corporais (tatuagens, uso de piercings) -,devendo, por isso, ser discutida de modo particular.
Qual o papel da família nesta relação?
A efetivação da proposta do Sistema Único de Saúde (SUS), de implantação da Estratégia de Saúde da Família (ESF) em todo o território nacional, coloca o médico e o estudante, principalmente, frente a um novo “paciente"- a família. Nessa nova circunstância tudo é diferente: surge o conceito de "consulta domiciliar': estratégias de abordagem domiciliar, consultas coletivas e até uma reflexão sociológica já demonstrada em pesquisas: o animal de estimação ou pet (gato, cão) como membro da família. 
Cabe ao profissional munir-se de conhecimentos da área da família (psicologia, antropologia, sociologia) e da promoção de saúde para conseguir um bom relacionamento dentro desse novo paradigma. A bioética é essencial nesses atendimentos, e novos conceitos vêm sendo cunhados em todas as profissões da saúde. A definição de família é bastante complexa e abrange núcleos muito diferenciados como possibilidades de cenários familiares. Hoje se trabalha com famílias nucleares, ampliadas, monoparentais, reconstituídas, homossexuais etc. 
Quando um médico visita um lar para atender uma família, mobilizam-se, dentro dele, todas as emoções que ele próprio vivenda (ou vivenciou) no seio de sua própria família, dando origem a transferências e contratransferências de suma importância. 
Como é o trabalho com estudantes de medicina?
Para trabalhar em qualquer hospital, o estudante de medicina precisa estar uniformizado e ter aparência agradável (asseio corporal, unhas aparadas, cabelos penteados e, quando longos, seguros por presilhas, sapatos limpos e um aspecto saudável). Outra particularidade importante é seu comportamento e sua maneira de agir. O hospital é uma instituição que tem normas de funcionamento especialmente dirigidas para o bem -estar dos pacientes. Os estudantes devem ser comedidos em suas atitudes, linguagem e comportamento. As brincadeiras, os ditos jocosos, as discussões de assuntos estranhos ao ensino e ao interesse dos enfermos devem ser deixados para outra oportunidade e outro local. O ambiente hospitalar (ou qualquer outro em que se cuida de doentes) exige respeito e discrição. Deve ser sempre lembrado que o ambiente hospitalar é, também, repleto de agentes infectantes (vírus, bactérias etc.), de forma que os estudantes devem evitar encostar-se em paredes, sentar-se ao chão ou nos leitos vagos, e, obviamente, devem lavar as mãos de forma adequada, sempre que forem manusear um paciente. 
Como deve ser as discussões dos casos clínicos atendidos por estudantes?
Os professores e estudantes, incluindo os residentes, também precisam estar atentos a estes aspectos, não se esquecendo de que a formação ética e humanística é indissociável do preparo técnico. Comentários inadequados, expressões que traduzem dúvidas diagnósticas de doenças malignas ou incuráveis e prognósticos pessimistas podem ser fonte de ansiedade e sofrimento psíquico, aumentando seu padecimento. Em princípio, os médicos, professores e estudantes devem se abster de comentários além dos exigidos para a obtenção de dados clínicos e, mesmo assim, escolhendo de forma cuidadosa os termos a serem usados.
Além disso, é necessário desenvolver o hábito de discutir o diagnóstico diferencial, as hipóteses diagnósticas,as medidas terapêuticas e o prognóstico em outro local, longe dos pacientes. É sempre aconselhável, ao final da discussão, fazer um breve resumo para o paciente, usando-se o modelo explicativo leigo e não o "jargão médico". Assim procedendo, o paciente se sentirá acolhido e respeitado e tornar-se-á senhor de sua doença. Agindo assim, concilia-se o interesse do paciente, que deve estar sempre em primeiro lugar, com o dos estudantes, que estão ali fazendo aprendizado prático. O paciente nunca deve ser colocado na condição de cobaia ou objeto. Prevalece, sobretudo, sua condição humana. 
Como perceber mensagens indiretas dos pacientes?
Qual a melhor forma de orientar o relato do paciente?
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Como avaliar a fidedignidade das informações fornecidas?
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