Buscar

PPEI - Modelos Pedagógicos e Epistemológicos (2)

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
PESQUISA E PRÁTICA EM EDUCAÇÃ0 I
EDUCAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
MODELOS PEDAGÓGICOS E 
MODELOS EPISTEMOLÓGICOS
Cheila Szuchmacher
introdução
Esse capítulo se destina a discutir as características de três modelos pedagógicos:
Pedagogia Diretiva;
Pedagogia Não- diretiva e;
Pedagogia Relacional.
Cada modelo pedagógico está fundamentado numa teoria epistemológica, ou seja, numa teoria de conhecimento:
Pedagogia Diretiva Empirismo
Pedagogia Não- diretiva Apriorismo 
Pedagogia Relacional Construtivismo
PEDAGOGIA DIRETIVA
A Pedagogia Diretiva também é conhecida como Tendência Tradicional de Ensino. 
Como é a aula numa Perspectiva Tradicional ou Diretiva?
O professor fala e o aluno escuta!
O professor dita e o aluno copia!
O professor decide e o aluno executa!
Os professores que adotam a Pedagogia Diretiva acreditam que o conhecimento acontece quando é transmitido do professor para o aluno. Nessa perspectiva, o professor é o centro do processo de ensino.
Segundo a epistemologia (conhecimento) que embasa a prática desse professor, o indivíduo, ao nascer, nada tem em termos de conhecimento - é como uma folha de papel em branco. Portanto, os conhecimentos e a capacidade de aprender veem do meio físico e social.
Empirismo é o nome dessa explicação que atribui a criação e o desenvolvimento do conhecimento ao meio físico e natural. Para os empiristas os seres humanos nascem como uma tábula rasa e através dos cinco sentidos captam os conhecimentos do meio.
O professor que adota a Pedagogia Diretiva considera que o aluno é uma tábula rasa não só ao nascer, mas também diante de cada novo conteúdo apresentado. Assim, a epistemologia (conhecimento) que fundamenta esse professor aponta que o sujeito é totalmente determinado pelo objeto ou pelos meios físicos e social. No seu imaginário, o aluno só aprende se o professor ensina.
Tudo que o aluno tem a fazer é submeter-se à fala do professor: ficar em silêncio, prestar atenção, ficar quieto e repetir tantas vezes quantas forem necessárias, escrevendo e lendo até aderir em sua mente, o que o professor deu. Epistemologicamente, essa relação pode ser assim representada: 
Professor (O) e Aluno (S)
 S O
A Pedagogia Diretiva, legitimada pela epistemologia (teoria do conhecimento) empirista, configura o quadro da reprodução da ideologia; da reprodução do autoritarismo, da coação, do silêncio e da morte da crítica, da criatividade e da curiosidade. Nessa sala de aula a disciplina escolar é exercida a todo rigor e o aluno dela egresso entrará no mercado de trabalho sem qualquer capacidade de transformar e realizar qualquer critica.
O produto pedagógico dessa escola é alguém que renunciou o direito de pensar e que deixou de acreditar que sua ação seria capaz de provocar qualquer mudança. Traduzindo o modelo epistemológico em modelo pedagógico tem-se a seguinte relação:
 A P
O professor (P), representante do meio social, determina como será o aluno (A) que é tábula rasa diante de cada novo conteúdo. Nessa relação o aluno jamais ensinará e o professor jamais aprenderá, pois o professor ensina e o aluno aprende. Esse é o modelo do fixismo, da reprodução e da repetição. Nada de novo pode acontecer.
Pedagogia não-diretiva
De acordo com esse modelo o professor é um auxiliar do aluno, um facilitador. O aluno já traz um saber que precisa, apenas, trazer à consciência, organizar ou rechear de conteúdos. Segundo a pedagogia não-diretiva o professor deve interferir o mínimo possível. Qualquer ação que o aluno é, a priori, boa e instrutiva. 
O professor que segue a pedagogia não-diretiva acredita que o aluno aprende por si mesmo e que ele (professor) pode, no máximo, despertar o saber que já existe no aluno. A epistemologia que sustenta esse modelo é a apriorista e pode ser representada da seguinte forma: Professor (O) e Aluno (S)
 S O
Apriorismo vem de a priori, isto é, aquilo que é posto antes como condição do que vem depois.
Mas, o que é posto antes? A bagagem hereditária.
Esta epistemologia acredita que o ser humano nasce com o conhecimento já programado na sua herança.
O professor imbuído de uma epistemologia apriorista, na maioria das vezes, renuncia àquilo que é a característica fundamental da ação docente: a intervenção no processo de aprendizagem do aluno. Essa perspectiva é perigosa, pois considera as capacidades e as deficiências dos alunos provenientes da bagagem hereditária. 
Será que uma criança com dificuldades, entregue a si mesma, em uma sala de aula não-diretiva, se desenvolverá como deveria? Traduzindo em relação pedagógica o modelo epistemológico apriorista temos:
 A P
O aluno (A), pelas suas condições prévias, determina a ação ou inanição do professor (P). O resultado desse modelo é um processo que caminha para o fracasso. O professor é despojado de sua função (ensinar) e o aluno é levado a um status que ele não pode sustentar. Assim, quando o aluno não aprende a situação é explicada como déficit herdado impossível de ser superado.
Pedagogia relacional
O professor e os alunos entram na sala de aula. O professor traz algum material que, presume, tem significado para os alunos. Propõe que eles explorem o material. Esgotada a exploração do material, o professor realiza algumas perguntas, explorando os diferentes aspectos do material.
O professor pode solicitar, em seguida, que os alunos representem o material, desenhando, pintando, escrevendo, fazendo cartunismo, teatralizando etc. A partir daí, discute-se a direção, a problemática e o material das próximas aulas. As matérias que envolvem laboratório constituem um campo, ainda mais aberto, para todos os tipos de experiência.
No caso acima é possível perceber que o professor compreende que o aluno só aprenderá algum conhecimento novo, se ele agir e problematizar a sua ação. O professor sabe que há duas condições necessárias para que algum conhecimento novo seja construído:
Que o aluno aja sobre o material que o professor presume que tenha algo de cognitivamente interessante, isto é, que seja significativo para o aluno - essa ação do aluno Piaget denominou assimilação.
b) Que o aluno responda para si mesmo as perturbações (acomodação) provocadas pela assimilação do material;
O professor construtivista não acredita que o aluno é uma tábula rasa, isto é, que o aluno frente a um conhecimento novo, seja totalmente ignorante e tenha de aprender tudo da estaca zero. Ele acredita que tudo que o aluno construiu até hoje em sua vida serve de patamar para continuar a construir. 
Portanto a aprendizagem é, por excelência, construção. Professor e aluno determinam-se mutuamente. Abaixo encontra-se a representação da epistemologia desse professor: 
 S O
Na Pedagogia Relacional o professor tem o saber da área que leciona construído e sistematizado. Para ele, o aluno possui uma história de conhecimento já percorrida e também é portador de uma herança biológica. Para Piaget, mentor da epistemologia relacional, não se pode exagerar a importância da bagagem hereditária nem a importância do meio social.
Para Piaget o conhecimento tem início quando o recém nascido age, assimilando alguma coisa do meio físico ou social. Esse conteúdo assimilado, ao entrar no mundo do sujeito, provoca perturbações, pois traz consigo algo novo para o qual a estrutura assimiladora não tem instrumento. Então, o sujeito precisa refazer seus instrumentos de assimilação em função da novidade. Esse refazer sobre si mesmo é a acomodação.
No mundo interno do sujeito, algo novo foi criado. Algo que é a síntese (união) entre aquilo que já existia como herança genética e o conteúdo assimilado do meio físico e social. O sujeito cria uma outro, dentro dele mesmo, que não existia originariamente. Nessa perspectiva,
o professor, além de ensinar, precisa aprender o que seu aluno já construiu até o momento.
Paulo Freire alerta que, o professor, além de ensinar, passa a prender; e o aluno, além de aprender, passa a ensinar. Traduzindo pedagogicamente o modelo epistemológico, temos:
 A P
EPISTEMOLOGIA
EPISTEMOLOGIA
PEDAGOGIA
PEDAGOGIA
Teoria
Modelo
Teoria
Modelo
EMPIRISMO
S O
A P
DIRETIVA
APRIORISMO
S O
A P
NÃO-DIRETIVA
CONSTRUTIVISMO
S O
A P
RELACIONAL
Antes de entrar em sala de aula, cada professor deveria se perguntar que tipo de cidadão ele quer que seu aluno seja. Se ele deseja contribuir para a formação de um cidadão subserviente, dócil, cumpridor de ordens sem questionar o significado das mesmas ou se ele deseja contribuir para a formação de um indivíduo pensante, crítico e reflexivo.
referência:
BECKER, Fernando. Educação e construção do conhecimento. Rio de Janeiro: Artmed, 2011.

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando