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GÊNEROS DE TEXTOS JORNALISTICOS MATERIAL PARA ESTUDO

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REPORTAGEM
Assim como a notícia, a reportagem caracteriza um gênero textual veiculado em jornais impressos, transmitidos ao vivo, por meio eletrônico, e até mesmo em revistas.
Dessa forma, ao citarmos a notícia, torna-se essencial que façamos uma comparação entre ela e a reportagem, no intuito de evidenciarmos os traços que as demarcam. Enquanto que a notícia revela no mesmo dia ou no dia seguinte se um fato entrou para a história, a reportagem nos mostra como se deu tal ocorrência.
Como base em tais pressupostos, cumpre dizermos que a notícia se esgota no momento em que ela é manifestada. Já com a reportagem não podemos dizer que o mesmo ocorre, visto que ela somente se esgota mediante o desdobramento, a pormenorização dos fatos abordados. Assim sendo, há que se evidenciar dois fatores elementares: a notícia é tida como sinônimo de notificação, e a reportagem se situa, como dito anteriormente,  no detalhamento dos fatos, no questionamento de causa e efeito, na interpretação e no impacto. Razão pela qual se trata de um texto mais longo.
Sendo assim, o assunto abordado na reportagem pode ser narrado de forma interpretativa (ou seja, de forma a estabelecer conexões com acontecimentos passados ou com fatos relacionados); opinativa (retratada pela intenção de convencer o leitor acerca de uma opinião), e expositiva (revelada pela narração simples e objetiva do fato).
Ainda estabelecendo as semelhanças entre os dois gêneros, no que tange aos aspectos estruturais, a reportagem se assemelha à notícia, uma vez que se constitui de uma manchete ou título, título auxiliar (cujo intento é atrair a atenção do leitor), primeiro parágrafo, chamado de lide, e o corpo da reportagem.  
Em se tratando da linguagem, essa se manifesta seguindo o padrão formal da língua, perfazendo-se de um tom claro e objetivo. Tal objetividade nos remete a um importante aspecto, manifestado pelo fato de que a maioria dos jornais defende a neutralidade da imprensa em relação aos fatos e assuntos abordados. Contudo, em alguns casos, por mais que esses pressupostos se mostrem evidentes, é comum identificarmos traços voltados para um posicionamento mais pessoal por parte do jornalista ou da equipe de reportagem.
 
Por Vânia Maria do Nascimento Duarte 
NOTICIA
Ao estabelecermos familiaridade com o assunto em questão, este nos faz acreditar que sem nenhuma dúvida os gêneros se encontram presentes nas diversas situações que permeiam nosso cotidiano. Eis que estamos frente a uma delas, pois comumente assistimos às notícias, sejam elas retratadas por jornais impressos, transmitidas ao vivo pelos meios de comunicação e até mesmo divulgadas em meio eletrônico, razão pela qual integram os chamados gêneros do meio jornalístico. 
Em se tratando de suas características, torna-se relevante mencionar que a notícia, assim como os demais gêneros, possui uma finalidade proferida pelo discurso. Assim sendo, o objetivo principal que a ela se atribui é o de tão somente deixar o leitor/expectador informado acerca dos fatos que norteiam a sociedade. Outro aspecto relevante é que o emissor (no caso, quem a transmite) mesmo sendo alguém dotado de opiniões próprias, precisa manter-se imparcial o tempo todo – motivo pelo qual a objetividade representa um de seus traços peculiares, senão o principal. 
Pontuados alguns aspectos dignos de nota, resta-nos conhecer a maneira pela qual a notícia se constitui, tendo em vista que também representa suas partes elementares. Dessa forma, vejamos:
* Manchete ou título principal – Com vistas a despertar o interesse do receptor, apresenta-se de forma bastante evidente, geralmente grafada (o) em letras garrafais ou até mesmo numa dimensão maior que o restante do texto.
* Título auxiliar – Como bem nos retrata o adjetivo “auxiliar” tem por objetivo acrescentar informações adicionais às já expressas pela manchete, tornando-a ainda mais atrativa.
* Lide (termo oriundo do inglês lead) – Este corresponde ao primeiro parágrafo. Normalmente revela alguns elementos fundamentais que viabilizam o perfeito entendimento do discurso, sempre procurando responder a perguntas básicas, tais como: onde aconteceu o fato? Com quem? Como? Quando? Por quê? O que ocorreu?
* Corpo ou texto da notícia – compreende o discurso propriamente dito, revelando de forma detalhada o fato exposto.
Tais elucidações sugere-nos constatarmos na prática todos os aspectos aqui ressaltados. Para tanto, analisemos o exemplo a seguir:
Câncer é segunda principal causa de mortes em todo o mundo
OMS diz que a doença só perde para doenças cardiovasculares. Fumo, infecções crônicas por vírus, obesidade, consumo de álcool e radiação são os principais fatores de risco
 
Câncer no pulmão é um dos tipos da doença que provocam a maioria dos óbitos
No Dia Mundial do Câncer, lembrado nesta sexta-feira (4), a Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que a doença é a segunda principal causa de mortes em todo o mundo – perde apenas para doenças cardiovasculares.
Tumores no pulmão, nas mamas, no fígado e na região colorretal provocam a maioria dos óbitos registrados por câncer. A incidência da doença, de acordo com o órgão, pode ser reduzida por meio de estratégias de prevenção, de detecção precoce e de tratamento.
Os fatores de risco listados pela OMS e relacionados ao câncer incluem o uso de tabaco; infecções crônicas por vírus como o da hepatite B e o HPV; sobrepeso e obesidade; radiação; hábitos alimentares ruins; sedentarismo; abuso no consumo de álcool; e exposição a substâncias químicas.
Câncer de mama e de cólon
Cento e cinquenta minutos (duas horas e meia) por semana de atividade física aeróbica moderada podem reduzir o risco de câncer de mama e de cólon, de acordo com uma pesquisa divulgada OMS. O órgão informou que a atividade física tem um papel importante na redução da incidência de certos tipos de tumores e que o sedentarismo é o quarto maior fator de risco quando se considera o total de óbitos registrados em todo o mundo.
De acordo com a OMS, atualmente, 31% da população global não pratica nenhum tipo de atividade física. O sedentarismo está associado a 3,2 milhões de mortes anuais, sendo 2,6 milhões em países pobres e em desenvolvimento, além de 670 mil óbitos prematuros (pessoas com menos de 60 anos).
Em 2008, quase 460 mil mulheres morreram em decorrência do câncer de mama e cerca de 610 mil homens por causa do câncer colorretal.
A orientação de 150 minutos por semana de atividade física aeróbica moderada vale para maiores de 18 anos. Entre 5 e 17 anos, a recomendação é de pelo menos 60 minutos de atividade física moderada ou alta.
 
Fonte: http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI208592-15257,00-CANCER+E+SEGUNDA+PRINCIPAL+CAUSA+DE+MORTES+EM+TODO+O+MUNDO.html
ELEMENTOS DO TEXTO JORNALISTICO
Encontramo-nos rodeados de gêneros textuais, disso ninguém pode duvidar. A recorrência deles é tão significativa que, desde o momento em que nos colocamos de pé, passamos a detectá-los como parte das nossas atividades rotineiras. Assim, jornais, outdoors, panfletos, manuais de instrução representam algumas das muitas situações sociocomunicativas que circundam o nosso cotidiano.  Dada essa ocorrência, o artigo em questão tem por objetivo deixá-lo (a) a par das características que norteiam uma dessas modalidades de que falamos anteriormente: os textos jornalísticos.
Possivelmente, ao folhearmos um jornal, nem nos atentamos para elas, haja vista que nosso propósito já se encontra bem definido: apenas nos mantermos informados acerca dos fatos que circundam o meio social como um todo.
Pois bem, começaremos pelo título e subtítulo das matérias jornalísticas. Assim, a título de ilustrarmos as elucidações em questão, constatemos um exemplo:
PF prende 18 em ação contra pedofilia em 11 estados e Distrito Federal
Entre os investigados está um radialista, que foi preso em Fortaleza.
Rede compartilhava arquivos de pornografia infantil com 34 países, diz PF.
Retirado de G1 Rio Grande do Sul.*
Constatamos o título, em primeirainstância, o qual se constitui de algumas marcas discursivas, tais como: verbos expressos no presente do indicativo a fim de chamar a atenção do leitor sobre o fato em questão. Outro aspecto que também se demarca diz respeito ao fato de não haver sinal de pontuação. Não menos relevante, emerge a ordem sintática em que aparecem dispostos os elementos que compõem o discurso, uma vez materializada pela ordem direta (SUJEITO + PREDICADO + COMPLEMENTO). Quanto à estética das letras, percebemos que essas se apresentam em tamanho maior, quando comparado ao subtítulo.
Já ele (o subtítulo), a começar pelo tamanho das letras, apresenta-se em formato menor, pois se trata de uma complementação da ideia retratada no título, cujo intento é deixar o interlocutor ainda mais a par do que será tratado mediante a leitura na íntegra da matéria.
Somadas a esses elementos, podemos perceber que a maioria das matérias jornalísticas aparece acompanhada de imagens, gráficos e desenhos. Dessa forma, tais ilustrações são demarcadas pelalegenda e, muitas vezes, pelo chamado texto-legenda.
Acerca dessa primeira (legenda), cabe afirmar que se constitui de uma frase geralmente curta, a qual cumpre basicamente duas funções: descrever a ilustração e conferir um apoio maior à matéria jornalística, de modo a dar todo suporte necessário à clareza, à completude das informações prestadas. Assim, como ocorre no título, em se tratando do tempo verbal empregado, constatamos o presente do indicativo, e, quanto à pontuação, o que se evidencia é a ausência do ponto final.
Quanto ao texto-legenda, como bem nos aponta a nomenclatura, trata-se de uma complementação dos aspectos expressos na legenda, contendo informações adicionais acerca do assunto em referência.
Por Vânia Maria do Nascimento Duarte 
EDITORIAL
Este gênero textual nos parece bastante familiar, pois basta folhearmos as páginas de alguns meios de comunicação, como jornais e revistas, que lá o encontramos. Por essa razão, dizemos que ele integra os chamados gêneros do cotidiano jornalístico.
Podemos dizer que ele se caracteriza como um texto de natureza argumentativa em que a autoria não é identificada, uma vez que se trata da opinião de todo o veículo de comunicação a respeito de um determinado assunto, em geral, de algum fato polêmico.
Por se tratar de uma modalidade relacionada à linguagem escrita, o editorial é constituído de uma linguagem clara, objetiva e precisa, razão pela qual o emprego do padrão formal da linguagem é fator preponderante. Sendo assim, o gênero em questão obedece a uma estrutura convencional, retratada da seguinte forma:
* No primeiro e segundo parágrafos apresenta-se a ideia principal a ser debatida, também denominada de síntese. 
* Em seguida, tem-se o desenvolvimento, o qual constitui o corpo do editorial. Nele são apresentados os argumentos que fundamentam a ideia principal, de forma a convencer o interlocutor acerca da posição defendida.
* No último parágrafo apresenta-se a conclusão, a qual se constitui da solução para o problema evidenciado, como pode também apenas conduzir o leitor a uma reflexão sobre o assunto em pauta.
Região dá exemplo ao ampliar o Ficha Limpa
A região de Araçatuba sai na frente e abre caminho para um debate de interesse nacional ao discutir e aprovar mecanismos que ampliam a exigência de "ficha limpa" para a ocupação de cargos públicos e acomodação de apadrinhados. Reportagem publicada hoje pela Folha da Região revela que a Câmara de Lins acaba de aprovar lei estendendo a abrangência para o preenchimento de cargos de confiança na administração municipal.
A lei nacional sancionada no ano passado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ainda questionada na Justiça por políticos de "ficha suja" que se sentiram prejudicados, só é aplicada a candidatos a cargos eletivos, nos níveis federal, estadual e municipal. Pela proposta de Lins, que já chegou a Penápolis - aprovada em primeira discussão na última semana - postulantes a nomeação em cargos públicos também não poderão ter condenação em segunda instância. Por essa lei - em processo de gestação também na Câmara de Andradina - até apadrinhado terá de ser "ficha limpa".
Os argumentos são absolutamente pertinentes. Primeiro, por uma questão de princípio. Além disso, entre os ocupantes de cargos de confiança nas administrações públicas estão aqueles que, direta ou indiretamente, vão lidar com dinheiro público e estar em contato frequente com bens públicos. Portanto, nada mais lógico do que estender a eles a exigência de uma ficha corrida acima de qualquer suspeita.
Outra grande relevância dessa proposta é a possibilidade de dificultar a acomodação, em cargos de confiança, dos políticos que têm suas candidaturas indeferidas por causa da sujeira da ficha e rapidamente vão procurar amparo sob as asas acolhedoras de algum companheiro eleito. A ampliação da lei federal, em curso nesses municípios, promete efeitos tão polêmicos quanto moralizadores. No País em que política virou sinônimo de falcatrua, debater esse tema deve ser interesse não só da população, mas especialmente de políticos que respeitam seu próprio nome e não admitem ser jogados na vala comum dos picaretas.
Está aí uma oportunidade para a Câmara de Araçatuba ocupar melhor seu tempo com algo certamente mais importante e mais oportuno do que a discussão sobre o aumento no número de vereadores. O que impede o Legislativo de Araçatuba de seguir o bom exemplo dos seus vizinhos e também servir de exemplo para o Brasil? E antes que se fale em discriminação, é bom recordar que os interesses da população devem estar sempre muito acima dos interesses geralmente nebulosos de qualquer elemento fichado.
Fonte: http://www.folhadaregiao.com.br/Materia.php?id=273244
Por Vânia Maria do Nascimento Duarte 
CRÔNICA ARGUMENTATIVA
Por meio do texto “Crônica”, você pôde constatar acerca dos traços peculiares que norteiam esse singular gênero textual. Assim, entre os muitos aspectos checados, verificou que tal modalidade, a partir de um fato corriqueiro, materializa-se pelo brilhante trabalho que o emissor/cronista realiza com a linguagem, o que faz com que muitas vezes nos deparemos com as chamadas marcas de autoria, evidenciadas por uma profunda reflexão acerca de assuntos amplamente discutíveis.
Assim, por meio desse nosso encontro, proporcionaremos a você a oportunidade de estabelecer familiaridade com mais uma das circunstâncias comunicativas que norteiam nosso cotidiano enquanto usuários assíduos da língua –a crônica argumentativa. Talvez (para não afirmarmos categoricamente) na própria caracterização resida o elemento-chave para chegarmos às conclusões de que necessitamos para nosso perfeito entendimento. “Argumentativa”, pois, é o termo que nos remete à noção voltada para a formulação de uma tese (uma ideia passível de discussão), justificada, sobretudo, por meio de argumentos convincentes, plausíveis, associados à exemplificação, cujo intuito é de tão somente conferir ainda mais credibilidade para o interlocutor.
É como se o cronista, além de narrar um determinado fato, tivesse (e realmente tem) a oportunidade de expor o que pensa acerca de um determinado assunto. Dessa forma, ao estabelecermos contato com a modalidade em pauta, tão logo, por meio de um instinto persuasivo, convincente, identificamos a intencionalidade, a proposta desse alguém, muitas vezes se fazendo conhecido naquelas últimas páginas das renomadas revistas.
Para melhor exemplificar, escolhemos uma crônica de ninguém menos que Lya Luft, cujo título se demarca por: “Quanto nós merecemos?”
O ser humano é um animal que deu errado em várias coisas. A maioria das pessoas que conheço, se fizesse uma terapia, ainda que breve, haveria de viver melhor. Os problemas podiam continuar ali, mas elas aprenderiam a lidar com eles.
Sem querer fazer uma interpretação barata ou subir além do chinelo: como qualquer pessoa que tenha lido Freud e companhia, não raro penso nas rasteiras que o inconsciente nos passa e em quanto nos atrapalhamospor achar que merecemos pouco.
Pessoalmente, acho que merecemos muito: nascemos para ser bem mais felizes do que somos, mas nossa cultura, nossa sociedade, nossa família não nos contaram essa história direito. Fomos onerados com contos de ogros sobre culpa, dívida, deveres e… mais culpa. Um psicanalista me disse um dia: – Minha profissão ajuda as pessoas a manter a cabeça à tona d’água. Milagres ninguém faz.
Nessa tona das águas da vida, por cima da qual nossa cabeça espia – se não naufragamos de vez –, somos assediados por pensamentos nem sempre muito inteligentes ou positivos sobre nós mesmos.
As armadilhas do inconsciente, que é onde nosso pé derrapa, talvez nos façam vislumbrar nessa fenda obscura um letreiro que diz: “Eu não mereço ser feliz. Quem sou eu para estar bem, ter saúde, ter alguma segurança e alegria? Não mereço uma boa família, afetos razoavelmente seguros, felicidade em meio aos dissabores”. Nada disso. Não nos ensinaram que “Deus faz sofrer a quem ama”?
Portanto, se algo começa a ir muito bem, possivelmente daremos um jeito de que desmorone – a não ser que tenhamos aprendido a nos valorizar.
Vivemos o efeito de muita raiva acumulada, muito mal-entendido nunca explicado, mágoas infantis, obrigações excessivas e imaginárias. Somos ofuscados pelo danoso mito da mãe santa e da esposa imaculada e do homem poderoso, pela miragem dos filhos mais que perfeitos, do patrão infalível e do governo sempre confiável. Sofremos sob o peso de quanto “devemos” a todas essas entidades inventadas, pois, afinal, por trás delas existe apenas gente, tão frágil quanto nós.
Esses fantasmas nos questionam, mãos na cintura, sobrancelhas iradas: – Ué, você está quase se livrando das drogas, está quase conquistando a pessoa amada, está quase equilibrando sua relação com a família, está quase obtendo sucesso, vive com alguma tranquilidade financeira… será que você merece? Veja lá!
Ouvindo isso, assustados réus, num ato nada falho tiramos o tapete de nós mesmos e damos um jeito de nos boicotar – coisa que aliás fazemos demais nesta curta vida. Escolhemos a droga em lugar da lucidez e da saúde; nos fechamos para os afetos em lugar de lhes abrir espaço; corremos atarantados em busca de mais dinheiro do que precisaríamos; se vamos bem em uma atividade, ficamos inquietos e queremos trocar; se uma relação floresce, viramos críticos mordazes ou traímos o outro, dando um jeito de podar carinho, confiança ou sensualidade.
Se a gente pudesse mudar um pouco essa perspectiva, e não encarar drogas, bebida em excesso, mentira, egoísmo e isolamento como “proibidos”, mas como uma opção burra e destrutiva, quem sabe poderíamos escolher coisas que nos favorecessem. E não passar uma vida inteira afastando o que poderia nos dar alegria, prazer, conforto ou serenidade.
No conflitado e obscuro território do inconsciente, que o velho sábio Freud nos ensinaria a arejar e iluminar, ainda nos consideramos maus meninos e meninas, crianças malcomportadas que merecem castigo, privação, desperdício de vida. Bom, isso também somos nós: estranho animal que nasceu precisando urgente de conserto.
Alguém sabe o endereço de uma oficina boa, barata, perto de casa – ah, e que não lide com notas frias?
CRITICA
Ao nos referirmos acerca deste gênero – aqui representado pela crítica –, cumpre ressaltarmos algumas considerações de relevante teor: como o fato de o jornal não ser concebido apenas como um veículo de comunicação cujo objetivo é somente informar e muitas vezes opinar sobre acontecimentos relativos ao cotidiano. Há também uma tendência manifestada pela preocupação em deixar seus leitores a par dos acontecimentos sociais e culturais de forma geral, informando-os das inúmeras opções de lazer e cultura que um determinado lugar oferece.
Mediante tal intento, constata-se uma seção em que podemos encontrar opções no que se refere às programações de cinemas, teatros e shows, bem como exposições, passeios, entre outros. Nela evidencia-se a participação de um crítico, cuja função é fazer uma análise a respeito dessas atrações.
Assim sendo, devemos considerar a crítica como um gênero textual situado na esfera jornalística, que tem por finalidade descrever um objeto cultural, representado por um livro, filme, peça teatral, CD, entre outros, conduzindo o leitor a apreciá-lo ou não.
No que se refere aos aspectos estruturais, cumpre dizer que sua estrutura é relativamente livre, no entanto, deve apresentar alguns elementos essenciais, tais como a descrição do objeto e sua avaliação crítica. Dessa forma, mediante a avaliação de uma peça teatral é necessário que haja a identificação do autor do texto, diretor, preço do ingresso, horário das sessões, sala de espetáculo, entre outros fatores. O mesmo ocorre na avaliação dos demais objetos culturais, como por exemplo, no caso de um CD, torna-se necessário ressaltar informações relativas ao nome, tanto do CD quanto do artista que o produziu, à gravadora, aos músicos que participaram, ao preço, à data de lançamento, etc.
Em face desses pressupostos, notamos que a crítica possui um caráter argumentativo, visto que o emissor, ao mencionar aspectos negativos e positivos do objeto cultural analisado, precisa apresentar argumentos que realmente reforcem seu ponto de vista, de modo a transmitir sua credibilidade ao leitor.
Por Vânia Maria do Nascimento Duarte 
CRONICA
Estrutura previamente definida, características marcantes, obediência fidedigna ao padrão formal da linguagem – eis alguns dos requisitos inerentes à produção textual, aqui enfatizada de forma especial ao elegermos o trabalho com os gêneros.
Imagine você, nesse exato momento, produzindo um texto no qual pudesse mesclar a oralidade, mas também não se esquecendo de que o culto ao formalismo é extremamente necessário. Pense também num texto em que você pode se sentir, de certa forma, livre para trabalhar a comicidade, até mesmo a expressão de opiniões, mas, sobretudo, aquele texto em que podemos realizar uma análise a partir de uma tema banal (concebido no bom sentido), de um assunto extraído de fatos que norteiam o cotidiano. Pois bem, após se certificar desses detalhes, provavelmente que estará apto a produzir o gênero que elegemos para nossa discussão: a crônica.
Assim, para reforçar ainda mais nossa tese, constatemos acerca do que nos pontua um dos mais renomados críticos literários, Antônio Cândido:
A crônica não é um “gênero maior”. Não se imagina uma literatura feita de grandes cronistas, que lhe dessem o brilho universal dos grandes romancistas, dramaturgos, e poetas. Nem se pensariam em atribuir o Prêmio Nobel a um cronista, por melhor que fosse. Portanto, parece mesmo que a crônica é um gênero menor.
“Graças a Deus” – seria o caso de dizer, porque sendo assim ela fica perto de nós.
Antônio Cândido
Tal modalidade, por sua vez, apresenta-se oscilando entre o universo literário e o jornalístico, e costuma ser veiculada em jornais e revistas. De tão cotidiana que se apresenta, concebida no seu sentido literal, basta folhearmos as primeiras páginas dos jornais que lá ela se encontra, costumeiramente retratando acerca de assuntos polêmicos e atuais, acima de tudo.
Outro aspecto a que, necessariamente, devemos no ater reside no fato de que a crônica segue o padrão dos textos narrativos, ou seja, ela se constitui daquela gama de elementos dos quais já temos conhecimento, tais como: personagens, tempo, espaço (ainda que resumidos) e narrador, podendo esse se apresentar em 1ª (personagem) ou 3ª pessoa (observador). Nesse sentido, vale afirmar que, pautando nos moldes narrativos, a crônica se baseia no desenrolar das ações, isto é, primeiramente se tem a introdução (apresentação), perpassando pela complicação, indo até ao clímax e se “desaguando” no desfecho final, que pode se materializar de forma cômica (engraçada), triste, alegre ou até mesmo trágica.
No que tange à linguagem, com antes afirmado, há a possibilidade de mesclar ambas as modalidades (linguagem padrão ou coloquial), tudo isso – frisamos - a depender daintencionalidade a que se pretende conquistar mediante a interlocução, evidentemente. Não se esquecendo, também, do tempo, haja vista que ele pode se materializar tanto no presente quanto no pretérito perfeito do modo indicativo.
Vale lembrar, ainda, que o assunto, embora seja extraído de fatos corriqueiros, ganha um toque todo especial, muitas vezes até poético, mediante o trabalho que o emissor realiza com a linguagem, abrilhantando-a com sutileza e requinte.
Por Vânia Maria do Nascimento Duarte
CARTA DO LEITOR
O gênero em questão parece-nos tão familiar que basta apenas folhearmos as páginas de alguns jornais ou revistas para constatarmos sua evidência. Como bem retrata sua denominação, a carta do leitor constitui-se em um espaço destinado somente a ele para que possa deixar suas impressões acerca de uma matéria com a qual estabeleceu contato.
Mas, afinal, será que o objetivo retratado por tais impressões é o de somente elogiar? Não somente este, mas também o leitor poderá fazer uma crítica, até mesmo sugerindo melhoria, expressar sua dúvida acerca de algum assunto que não foi expresso assim de forma tão clara, entre outras propostas. No instante em que se propõe a relatar algo, o leitor pode referir-se às ideias expressas pelo discurso, à maneira pela qual ele foi abordado ou até mesmo à qualidade que a ele se atribui. Outra possibilidade de igual pertinência revela-se no fato de o leitor fazer alusão a uma determinada carta já retratada por outro leitor, concordando ou não com o ponto de vista expresso por esta.
No que se refere à linguagem podemos dizer que ela costuma variar, isto é, no caso de tratar-se de um público jovem, obviamente que o discurso irá atender às exigências deste, pautando-se por uma mensagem um pouco mais informal. Já no caso de tratar-se de um público mais exigente, não tenha dúvida de que o padrão formal se revelará com mais expressividade.
Outros dois aspectos são dignos de nota. Um é quanto à forma pela qual as cartas são registradas no próprio veículo de comunicação; ou seja, quando muito extensas, as pessoas responsáveis pela edição encarregam-se de reduzi-las, embora mantendo o assunto principal. O outro diz respeito à estrutura da qual ela se compõe, assemelhando-se às demais cartas, constando-se dos seguintes elementos:
* Data;
* Vocativo;
* Corpo do texto;
* Despedida;
* Assinatura.
ARTIGO DE OPINIÃO
O fato de nos posicionarmos mediante os fatos que circundam o cotidiano faz de nós seres autônomos, democráticos, uma vez que nos permite revelar nossos sentimentos, expressar nossas opiniões, enfim, compartilhar nossas experiências frente à realidade que nos cerca.
Assim, uma vez desempenhando nosso papel de seres iminentemente sociais, temos o privilégio de compartilhar desses momentos tanto na oralidade quanto na escrita. Em se tratando desta última, vale mencionar que há circunstâncias comunicativas específicas que nos permitem revelar nossas opiniões acerca de uma matéria publicada em um jornal, revista, como também ressaltar nosso ponto de vista acerca de um determinado assunto, mais precisamente aquele que faz parte do conhecimento do público em geral, como, por exemplo, um fato polêmico. Estamos falando da carta de leitor, que nos é bastante familiar, e também do artigo de opinião, todos integrando os chamados gêneros jornalísticos.
Mediante tais elucidações, elegemos o artigo de opinião como foco de nossa discussão. Para tanto, prestemo-nos ao estudo das características que norteiam esse gênero, levando-se em conta sua recorrência no dia a dia e, sobretudo, o fato de ser uma modalidade bastante requisitada nos exames de vestibulares e concursos públicos. Partindo desse pressuposto, é sempre bom estarmos cientes de suas reais características, uma vez descritas a seguir:
O artigo de opinião tem por finalidade a exposição do ponto de vista acerca de um determinado assunto, razão pela qual a argumentação revela ser sua marca principal. Por essa razão, contém as mesmas características dos textos dissertativos, compondo-se das seguintes partes:
- Título;
- Parágrafo introdutório, no qual os elementos principais da ideia a ser retratada são evidenciados.
- Desenvolvimento, no qual são expostos os argumentos em defesa de um ponto de vista a ser defendido;
- Conclusão, na qual ocorre o fechamento de todas as ideias abordadas ao longo do discurso.  
Por Vânia Maria do Nascimento Duarte 
A ENTREVISTA
Cotidianamente nos deparamos com pessoas sendo entrevistadas nas ruas da cidade, lemos entrevistas divulgadas nos jornais de grande circulação e assistimos a entrevistas proporcionadas pelos programas televisivos.
Trata-se de um gênero textual informativo e essencialmente oral, cujo objetivo é fazer com que o telespectador conheça melhor as opiniões da pessoa entrevistada que, por sua vez, é uma figura relevante para o público-alvo.
É de fundamental importância que o entrevistador se mantenha de forma imparcial perante ao entrevistado, pois a objetividade resulta na credibilidade das informações, ora transmitidas ou divulgadas.
Para que haja eficácia no trabalho do entrevistador, é necessária uma elaboração prévia de um roteiro abordando questões específicas, de modo a não confundir o entrevistado com “rodeios sem fundamento”.
O texto da entrevista compõe-se dos seguintes elementos:
Manchete ou Título: Deve provocar interesse por parte do telespectador/leitor. Como por exemplo, uma frase que provoque um efeito de sentido.
Apresentação: Nesta parte fala-se do entrevistado e de sua autoridade ou relevância no assunto em questão, como por exemplo, sua experiência profissional, sua vivência perante determinada situação. Também se apresenta os pontos principais da entrevista.
Perguntas e Respostas: É o texto da entrevista propriamente dita, em que o nome do entrevistador (ou do órgão para o qual trabalha) e o do entrevistado aparecem antes da fala de cada um.
Nem sempre todas as entrevistas seguem este mesmo padrão. Algumas apresentam perguntas e respostas mais breves, outras trazem um texto introdutório mais detalhado, com informações como: local, data e duração da entrevista. Outras ainda, optam por não apresentar perguntas e respostas, preferem transcrevê-las utilizando-se do discurso indireto.
Antes da transcrição final costuma-se fazer uma seleção dos melhores trechos, adaptando-os ao estilo padrão da linguagem, porém não é permitido alterar o estilo da fala do entrevistado.
A postura adotada tem como finalidade apenas àquelas mudanças necessárias, visando a harmonia do trabalho.
Por Vânia Maria do Nascimento Duarte