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Pratica De Ensino: trajetória da práxis

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PRÁTICA DE ENSINO: TRAJETÓRIA DA PRÁXIS 
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Wanderlei Sérgio da Silva 
Doutor em Geociências e Meio Ambiente pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita 
Filho – Unesp, mestre em Ciências (Geografia Humana) e graduado em Geografia pela 
Universidade de São Paulo – USP. Durante quinze anos, trabalhou no Instituto de Pesquisas 
Tecnológicas do Estado de São Paulo – IPT, com pesquisas relacionadas às geociências e ao meio 
ambiente. Atuou como consultor em trabalhos da área durante seis anos, totalizando cerca de cem 
projetos de pesquisa, em muitos deles atuando como coordenador de equipe. Em 2001, ingressou 
na Universidade Paulista – UNIP, onde lecionou disciplinas do curso presencial de Turismo 
relacionadas à geografia, ao meio ambiente e ao planejamento, bem como disciplinas didático-
pedagógicas do curso presencial de Psicologia (licenciatura). 
Atualmente, é membro da Coordenadoria de Estágios em Educação e professor nos cursos de 
Letras e Matemática da UNIP Interativa, sendo responsável pelas disciplinas relacionadas a Prática 
de Ensino, Didática Geral, Estrutura e Funcionamento da Educação Básica e Planejamento e 
Políticas Públicas da Educação. 
 
Taíz Maria Caldas Gonçalves de Oliveira 
Formada em Magistério, graduada em Letras (Português/Inglês) e pós-graduada em 
Psicopedagogia Clínica e Educacional, com Formação em Educação a Distância. Há mais de 
quinze anos, atua como docente, carreira esta que teve início na educação infantil e prosseguiu no 
ensino das línguas portuguesa e inglesa em instituições educacionais particulares de educação 
básica – incluso o EJA –, em curso preparatório para vestibulares e em cursos livres de idiomas, 
incluindo português para estrangeiros. É autora de poemas em antologia poética e de paradidáticos. 
Desenvolve trabalhos de orientação e correção de estágios na coordenadoria de estágios em 
educação. 
 
 
 
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) 
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por 
qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em 
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Universidade Paulista. 
 
 
3 
 
Prof. Dr. João Carlos Di Genio 
Reitor 
Prof. Fábio Romeu de Carvalho 
Vice-Reitor de Planejamento, Administração e Finanças 
Profa. Melânia Dalla Torre 
Vice-Reitora de Unidades Universitárias 
Prof. Dr. Yugo Okida 
Vice-Reitor de Pós-Graduação e Pesquisa 
Profa. Dra. Marília Ancona-Lopez 
Vice-Reitora de Graduação 
 
Unip Interativa – EaD 
Profa. Elisabete Brihy 
Prof. Marcelo Souza 
Prof. Dr. Luiz Felipe Scabar 
 Prof. Ivan Daliberto Frugoli 
 
 
Material Didático – EaD 
Comissão editorial: Dra. Angélica L. Carlini (UNIP) Dra. Divane Alves da Silva (UNIP) Dr. Ivan Dias 
da Motta (CESUMAR) Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT) Dra. Valéria de Carvalho (UNIP) 
Apoio: Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e 
Avaliação de Cursos 
Projeto gráfico: Prof. Alexandre Ponzetto 
Revisão: Valéria Nagy Andréia Andrade 
4 
 
 
 
 
Prática de Ensino: Trajetória da Práxis 
Apresentação...............................................................................................................6 
1. Contextualização da atividade ..........................................................................7 
2. O papel da prática e do estágio na formação de 
professores...................................................................................................... 09 
3. Observação e ação na escola 
........................................................................................................................ 12 
4. Observação e ação na sala de 
aula.................................................................................................................. 15 
5. A importância da experiência 
vivenciada........................................................................................................17 
6. Aplicação dessa experiência 
........................................................................................................................ 18 
SUMÁRIO 
5 
 
Apresentação 
De modo geral, a disciplina Prática de Ensino: Trajetória da Práxis tem como 
objetivo levá-lo a reflexões sobre a trajetória percorrida no âmbito da dimensão 
prática do seu curso e colocá-lo em contato com novos conceitos. 
O processo de construção de sua identidade profissional desenvolve-se pela 
vivência e identificação das necessidades e expectativas da escola inseridas em um 
contexto educacional, social e cultural. Neste curso você é gradativamente 
preparado para selecionar e organizar dados de maneira crítica e reflexiva, de modo 
a possibilitar melhor a compreensão da prática docente. O processo atinge seu 
clímax com a realização do estágio curricular supervisionado, momento ideal para o 
início das reflexões básicas acerca da sua formação. 
6 
 
1 Contextualização da atividade 
É importante, neste momento, relembrar o contexto no qual esta atividade está 
inserida na dimensão prática do curso. Essa informação é passada em todos os 
livros-texto das disciplinas de Prática de Ensino, objetivando inseri-lo no contexto 
real da sua formação nesse particular, para que você “não se perca no meio do 
caminho”. 
A Prática de Ensino está sendo desenvolvida em seis semestres, com atividades 
distribuídas por eles. Naturalmente deve haver uma articulação entre elas, 
perpassando todo o curso. 
 
As atividades relacionadas à Prática de Ensino são as seguintes: 
 
 
 
De modo geral, a Prática de Ensino: Trajetória da Práxis, ora em 
desenvolvimento, visa, prioritariamente, ao apoio necessário para que você 
complete a carga horária de estágio iniciada no semestre anterior. Adicionalmente 
estão previstas atividades que irão enriquecer sua formação e contribuir para a sua 
qualificação no exercício da docência, basicamente com a apresentação de uma 
reflexão sobre a trajetória seguida durante o estágio. 
 Lembrete 
A Prática de Ensino perpassa todo o curso de modo a 
 articular, na segunda metade, o estágio curricular supervisionado. 
 
Na Prática de Ensino: Introdução à Docência, o objetivo era levá-lo a perceber a 
existência da educação que está ao seu redor e que o acompanha por toda a vida, 
influenciando-o – e a todos que o rodeiam –, não se restringindo ao ambiente 
escolar, ou seja, ocorrendo também em outros ambientes educativos. 
Em seguida, a Prática de Ensino: Observação e Projeto objetivou a análise dos 
termos “observação” e “projeto”, a fim de levá-lo a uma aproximação dessa 
educação que o rodeia, dirigindo o seu olhar à observação mais próxima das 
 
7 
 
escolas e de outros ambientes onde a educação ocorre (teatros, parques, ginásios 
de esporte etc.). Depois, foi solicitado a você que elaborasse um pequeno projeto 
pedagógico de integração entre um ambiente não escolar e uma escola. 
Unidade I 
Em Prática de Ensino: Integração Escola X Comunidade, o objetivo foi aproximá-
lo ainda mais da educação, por meio da observação e do estudo integrado entre 
uma unidade escolar e a comunidade onde ela está inserida. 
Na Prática de Ensino: Vivência no Ambiente Educativo, teve início o seu estágio 
de observação, participação e regência em unidades escolares. 
Agora, em Prática de Ensino: Trajetória da Práxis, o seu estágio será enriquecido 
com a reflexão sobre a trajetória seguida, visando ao término com qualidade e 
estímulo.8 
 
2 O papel da prática e do estágio na formação de professores 
Do ponto de vista conceitual, “práxis” significa “ação prática”. Sendo assim, neste 
texto, trata-se de reflexões e esclarecimentos de alguns pormenores vinculados à 
trajetória da ação prática desenvolvida no período do estágio curricular 
supervisionado. 
Observação 
Práxis = ação prática. A sua trajetória é o objeto desta disciplina. 
A prática de ensino e o estágio supervisionado, em verdade, assumem um papel 
antes de tudo aglutinador na formação de professores. Considerados modos de um 
fazer docente, são constituídos pelas ações e práticas que demandam o embate 
com a realidade social, educacional e escolar. 
O estágio pode ser definido como um espaço de aprendizagem e de saberes, 
mesmo que estejam incluídas as atividades tradicionais de observação, participação 
e regência, desde que estas sejam redimensionadas a uma perspectiva reflexiva e 
investigativa. 
As escolas de educação básica – em especial as públicas – passam por um 
momento extremamente problemático em relação à qualidade do processo ensino-
aprendizagem. Nesse contexto, a formação do professor tem sido pauta obrigatória 
nas discussões que visam à busca de melhorias, porque o professor é peça-chave 
no processo. 
O papel do atual estagiário assume proporções importantes quando pensamos na 
sua futura atuação em sala de aula e na escola como um todo. Além do importante 
papel de auxiliar os alunos no seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e social, o 
futuro professor deve ter formação política suficiente para entender, criticar e 
procurar soluções para os diferentes problemas a serem vivenciados no sistema 
educacional. As escolas públicas de educação básica, de modo geral, passam por 
um momento cuja boa formação de professores é crucial. 
A escola é muito mais do que a sala de aula, é mais do que regras de linguagem 
e matemática, do que muros e grades. Em certo sentido, a escola é a vida em 
processo e, como tal, precisa ser conhecida na sua integridade (no presente), para 
que possa ser compreendida (no futuro). 
 
9 
 
Do ponto de vista filosófico, este é um momento especial para a sua formação 
como professor. Paulo Freire (1998) já apontava que 
na formação permanente dos professores, o momento 
fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática. É pensando 
criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar 
a próxima prática. O próprio discurso teórico, necessário à 
reflexão crítica, tem de ser de tal modo concreto que quase se 
confunda com a prática (FREIRE, 1998 apud BARREIRO & 
GEBRAN, 2006, p. 126). 
Pense em você mesmo como um profissional. Um professor não apenas 
reproduz conhecimento, mas pode, por meio de uma reflexão crítica, fazer do seu 
trabalho em sala de aula um espaço de transformação individual e social. É na ação 
refletida e no redimensionamento de sua prática que é possível ao docente ser 
agente de mudanças na escola e na sociedade. 
O estágio curricular, neste curso trabalhado no âmbito das disciplinas Prática de 
Ensino: Vivência no Ambiente Educativo e Prática de Ensino: Trajetória da Práxis, 
ora em desenvolvimento, articula a teoria e a prática. Essa relação, na sua formação 
como professor, constitui, portanto, o núcleo articulador do seu currículo, permeando 
todas as disciplinas. 
O estágio deve ser norteado por alguns princípios, dentre os quais se destacam: 
• a docência é a base da identidade do seu curso de formação; 
• o estágio é um importante momento de integração entre teoria e prática; 
• o estágio não se resume à aplicação imediata, mecânica e instrumental de 
técnicas rituais, princípios e normas aprendidas na teoria; 
• o estágio é o ponto de convergência e equilíbrio entre o aluno e o futuro 
professor. 
Deve-se atribuir valor e significado ao estágio curricular supervisionado, 
considerando-o muito mais que um simples cumprimento de horas formais exigidas 
pela legislação, como um lugar por excelência para que você, futuro professor, reflita 
sobre a sua formação e a sua ação, e, dessa forma, possa aprofundar 
conhecimentos e compreender o seu papel e o papel da escola na sociedade. 
10 
 
Em sentido mais amplo, o estágio deve efetivar a articulação do seu curso de 
licenciatura com as escolas de educação básica, sejam públicas ou privadas, 
servindo, assim, para o aprimoramento da formação profissional da educação, 
promovendo uma ação mais comprometida com o processo educativo. 
As práticas desenvolvidas pelas diferentes disciplinas do curso, articuladas, 
favorecem a sistematização coletiva dos novos conhecimentos adquiridos, 
preparando-o, como futuro professor, a compreender, de forma mais profunda, a 
prática docente e refletir sobre as possibilidades de transformação social no 
exercício da sua profissão. 
Unidade I 
A prática de ensino (que permeia todo o curso) e o estágio curricular 
supervisionado (que integra a segunda parte do curso de formação) devem 
contemplar a formação de um professor capaz de atender às demandas de uma 
realidade que se renova a cada dia; deve propiciar a você não apenas uma vivência 
em sala de aula, mas o contato com a dinâmica escolar nos seus mais diferentes 
aspectos. A partir da observação do ambiente escolar e da sala de aula, a trajetória 
da práxis por você vivenciada favorece a reflexão e o desenvolvimento de ações 
coletivas e, ao mesmo tempo, integradoras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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3 Observação e ação na escola 
Na trajetória da práxis, a observação a ser realizada na escola deve ser pautada 
por uma perspectiva investigativa da realidade. Ao mesmo tempo em que as 
observações servem para compreender as práticas institucionais e as ações na 
escola, fundamentais para a sua formação, elas servem para balizar suas ações 
como futuro professor, no sentido de facilitar a compreensão da realidade, dos fatos 
e da prática docente. 
O hábito e a capacidade de observar adquiridos por você, no âmbito da dimensão 
prática do curso desde a disciplina Prática de Ensino: Observação e Projeto, o 
ajudarão a planejar adequadamente seu trabalho educativo, a avaliar quando ele 
deve ser mudado e em que sentido, de modo a construir conhecimentos, 
competências e habilidades que sejam extensivos aos seus futuros alunos. Na 
prática, durante o estágio, é sempre importante lembrar que a observação é uma 
técnica de investigação científica para coleta de dados, muito relevante quando se 
tem claro seu objeto de estudo; caso contrário, podem-se coletar informações inúteis 
e desconsiderar outras essenciais. 
Após receberem as orientações técnicas para a realização do estágio, os alunos 
costumam centrar sua atenção no processo de observação da escola como um todo, 
procurando conhecer seu espaço físico e entorno, inteirando-se de sua estrutura e 
de seu funcionamento, da organização pedagógica e administrativa e das relações 
interpessoais que acontecem na escola. Em síntese, nessa fase do estágio, 
investiga-se a escola, seu entorno e a relação dela com a comunidade. Algumas 
indagações básicas devem permear esse momento: 
• como é a escola e em que estágio de desenvolvimento ela está? 
• como eu vejo essa escola? 
• como ela se vê? 
• como a comunidade vê a escola e vice-versa? 
 Para inteirar-se da realidade da escola, passa-se necessariamente pela análise 
do contexto social e histórico em que ela se insere e pela percepção da realidade 
social, em processo contínuo de transformação, procurando compreender suas 
múltiplas determinações, contradições, expressões e relações. 
 
12 
 
ObservaçãoPerceber o extraordinário no ordinário. Este é o grande 
desafio na busca do diferencial no estágio. 
Compreender o que há de extraordinário no que parece ordinário é um grande 
desafio e poderá favorecer a construção de novas ações e novas práticas. Isso 
implica necessariamente atenção e observação mais acuradas a respeito do que 
ocorre ao nosso redor e que normalmente passaria despercebido. 
O estágio permite que você compreenda melhor como as ações e as relações se 
deflagram no espaço escolar e, a partir daí, propicia mais uma vez a construção e 
reconstrução contínua de novas ações investigativas, reflexivas, analíticas e 
interpretativas. 
Para uma boa análise e interpretação da realidade investigada, é de fundamental 
importância saber como os dados serão registrados e organizados. Não basta 
apenas ser capaz de responder à lista de indagações, e sim compreender que 
significados atribuir ao conjunto de dados coletados e como eles podem contribuir 
para as investigações e problematizações. 
Os registros das ações significativas do cotidiano escolar e sua socialização 
favorecem o enriquecimento e o aprimoramento da formação de professores. O 
contato com o conjunto de sujeitos inseridos no contexto escolar permite que, por 
meio de suas falas e ações, você possa visualizar possibilidades de inserção na 
busca por soluções de determinados problemas. 
Esse processo propicia entender o espaço escolar como um espaço que permite, 
ao mesmo tempo, formação individual e coletiva, onde cada pequena ação tem 
potencial para gerar uma postura permanente de questionamento da prática 
educativa que ali se desenvolve, bem como o desencadeamento de projetos de 
investigação que abordem o conhecimento da realidade escolar, a prática de 
reflexão sobre essa realidade e a proposição de novas ações. 
É importante mencionar que na trajetória da práxis a observação e a ação na 
escola promovem o envolvimento do estagiário em diferentes ações e projetos, 
aprofundando as relações estabelecidas com alunos e professores da escola. O 
confronto dessas vivências com aquelas trazidas da universidade, muitas vezes, 
pode constituir-se em momentos de tensão entre as partes. Para evitar que isso 
ocorra, é bom que você saiba trabalhar bem seus relacionamentos coletivos, tenha 
13 
 
sensibilidade para o enriquecimento que a ressignificação de valores e saberes pode 
promover, tendo em vista os universos e valores diferentes que, nesse caso, se 
cruzam. 
14 
 
4 Observação e ação na sala de aula 
No momento seguinte à trajetória da práxis vivenciada no estágio, você, como 
aluno-estagiário, deve ter retomado o processo de observação, só que agora do 
espaço da sala de aula, o que deve ter suscitado questionamentos sobre a prática 
pedagógica na sua singularidade, possibilitando a apreensão das condições que 
interferem na ação educativa e nos sujeitos nela envolvidos. 
A exemplo do momento anterior (de observação e ação na escola como um 
todo), você deve se pautar na perspectiva investigativa da realidade e ter clareza no 
que fará em sala de aula; não pode perder de vista que ela serve, antes de tudo, 
para a construção de habilidades e competências apoiadas em conhecimentos. 
Sua presença na sala de aula (como costuma ocorrer com a maior parte dos 
estagiários de cursos de licenciatura) pode causar certa desestabilização nos alunos 
e insegurança no professor em relação à própria imagem. Ele pode sentir-se 
questionado no que diz respeito aos seus conhecimentos específicos e 
pedagógicos, à sua competência e à forma como se relaciona com seus alunos. Por 
isso é normal que ele tente fugir de determinadas situações, seja omitindo-se, seja 
tentando passar uma imagem diferente da real. Ele faz isso para negar aquela 
imagem que lhe está sendo imputada, a partir da percepção que o estagiário tem 
dele. 
 
Essa linha que se institui entre estagiários e professores é tênue e precisa ser 
trabalhada muito bem, a fim de que não se estabeleçam práticas competitivas com o 
professor baseadas em saberes que você, como estagiário, julga ter e naqueles que 
atribui ou não ao professor. Também nesse momento o processo de construção 
coletiva pode trazer contribuições positivas para a prática docente. 
Essa reflexão sobre a prática docente, para você, implica compreender e analisar 
como ela se concretiza no cotidiano escolar, em ações individuais e coletivas que 
expressam as concepções que os docentes têm sobre seu mundo, a sociedade, a 
educação, a escola e, em mais detalhes, o processo ensino-aprendizagem. 
No estágio de observação em sala de aula, a exemplo da observação da escola, 
deve-se estar atento ao que será analisado e de que maneira será registrado. Além 
das questões pontuais e objetivas, definidas claramente, há outras de natureza 
subjetiva que interferem no julgamento e podem nos levar a realizar uma leitura e 
compreensão equivocadas da realidade. Por isso, todo o cuidado é pouco. 
15 
 
Novamente, trata-se de perceber o que há de extraordinário no que parece 
ordinário. Mais do que detalhes perceptivos, é necessário que você seja capacitado 
a desenvolver posturas corretas de observação, levantar hipóteses, avaliar, analisar 
cotidianamente a sala de aula, desenvolver competências e habilidades, a fim de 
perceber a necessidade permanente de redimensionar sua prática docente futura. 
Sua atuação como estagiário e como futuro professor não deve ser pautada por 
um processo pedagógico de reprodução do saber. As novas exigências sociais têm 
direcionado e encaminhado a ação docente para novos rumos, ou seja, um 
professor diferente, capaz de se ajustar às novas realidades da sociedade, do 
conhecimento, dos meios de comunicação, da cultura e dos alunos em seus 
diferentes contextos. 
 
Lembrete 
Sua atuação profissional como professor não se restringe 
à reprodução do saber. Seja diferente... 
Assim, a busca de uma nova identidade que envolve reflexão permanente sobre 
sua ação docente vai-se (re)construindo no cotidiano da sala de aula, que deixa 
gradativamente de ser o espaço de reprodução do saber e passa a configurar-se 
como espaço de formação, tanto para o aluno quanto para o professor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
5 A importância da experiência vivenciada 
A experiência vivenciada no estágio deve levá-lo a ver-se como futuro professor. 
O conjunto de atividades possibilitou a você vivenciar e experimentar uma prática 
pedagógica integradora, reflexiva, em que a relação teoria versus prática constitui-se 
na matriz do processo educativo, orientando a comunicação com a realidade social. 
É uma rica oportunidade de aprendizagem, pois interliga o conhecimento teórico ao 
prático, o que leva a reflexões profundas sobre o conhecimento das diferentes 
disciplinas do curso, principalmente aquelas que se ligam mais diretamente ao 
processo de Prática de Ensino. 
Neste curso, a prática de ensino perpassa suas atividades em disciplinas 
articuladas. No primeiro momento, você pôde aprender a perceber a educação que 
ocorre ao seu redor e o influencia a refletir sobre ela e revisar seus conhecimentos. 
Trata-se de uma experiência ímpar, pois, ao contrário do que faz a maior parte das 
disciplinas, ao invés de afunilar sua visão sobre o tema, age no sentido contrário, 
abrindo seus olhos sobre o seu futuro campo de atuação profissional: a educação. 
Na sequência, você aprendeu conceitos e técnicas extremamente importantes 
para o seu desenvolvimento profissional: observação e projeto. Teve a oportunidade 
de compreender a importância de ampliar o seu olhar sobre a realidade, passando 
do “olhar” para o “observar”. Foiincentivado a ter atenção permanente durante o 
curso e a dar forma às suas ideias, uma experiência que servirá de apoio para toda 
a sua vida profissional. 
Em seguida, foi passada a você a noção de relevância da articulação entre a 
escola e a comunidade onde ela está inserida. Toda escola cumpre uma função 
social junto à comunidade e pode colaborar para a solução de problemas por ela 
enfrentados. A noção dessa verdade representa uma experiência adquirida na raiz, 
que perdurará por toda a sua carreira profissional. 
No estágio de observação, participação e regência, você pôde vivenciar 
diretamente o ambiente escolar com todas as suas nuances. Detalhes a respeito 
estão presentes em todos os demais capítulos deste texto, demonstrando a 
experiência única que ele representa. 
Finalmente, você terá a oportunidade de refletir um pouco mais sobre essa 
experiência no exercício da disciplina Prática de Ensino: Reflexões. No conjunto, 
caso você tenha aproveitado as oportunidades, as experiências individuais e 
coletivas acumuladas o seguirão e farão diferença na qualidade de sua atuação 
como docente. 
17 
 
6 Aplicação dessa experiência 
Refletir sobre sua formação docente e a prática educativa implica conceber um 
processo no qual o professor se coloca como agente e sujeito de sua ação, além do 
processo de construção e reconstrução do conhecimento. Cotidianamente ele deve 
ser repensado e realimentado, articulando-se com as concepções teóricas que vêm 
sendo discutidas nas diferentes instâncias educativas. 
Implica compreender como esse processo é concretizado e viabilizado no 
cotidiano escolar, em ações individuais e coletivas que expressam a concepção que 
os professores têm do mundo; não um processo simplesmente de reprodução do 
saber acumulado, mas um processo de formação de um professor diferente, um 
professor que motive seus alunos a mudarem para melhor. 
Por definição, “motivação” é apresentar a alguém estímulos e incentivos que lhe 
favoreçam determinado tipo de conduta. Em sua futura atuação como professor 
significa oferecer aos seus alunos os estímulos e incentivos apropriados para tornar 
a aprendizagem e sua aplicação mais eficazes. Por mais que disponham de 
recursos didáticos e procedimentos de ensino variados, a maior fonte de motivação 
continua sendo a personalidade do professor. Não é à toa que alunos geralmente 
preferem matérias lecionadas por professores amigos, ou associadas a situações 
agradáveis, ou a procedimentos de ensino adequados. 
Como professor, você não atuará apenas por intermédio daquilo que dirá e fará, 
mas pelo que você é e representará para seus alunos. Segundo Piletti (2001), 
pesquisa realizada pela revista norte-americana Times revelou que os melhores 
professores dos Estados Unidos não eram os que utilizavam técnicas de ensino 
mais refinadas, mas aqueles que, estimulados pelo seu próprio entusiasmo, 
encontravam maneiras próprias de se comunicar e ensinar. 
Outro estudo que pode ajudar a estimulá-lo no exercício da profissão e na 
aplicação correta da experiência obtida durante sua formação foi desenvolvido pela 
Universidade da Califórnia, também nos Estados Unidos, e sintetiza os cinco tipos 
diferentes de professores: 
o instrutor ou professor de autômatos: 
• procura desenvolver no aluno a capacidade de responder imediatamente, sem 
necessidade de pensar; 
18 
 
• incentiva o aluno a recitar definições, explicações e generalizações que 
memorizam a partir de suas exposições ou de um texto indicado por ele;: 
• é a autoridade máxima na sala de aula e não admite diálogo. 
o professor que se concentra no conteúdo 
• sua maior preocupação é cumprir sistematicamente o conteúdo programático 
da sua disciplina; 
• dá pouca importância à originalidade do aluno e muita importância ao estudo 
da matéria que já foi descoberta no passado; 
• não acredita que o processo de ensinar e aprender deva consistir em uma 
atividade conjunta entre professor e aluno; 
• valoriza o aluno que domina totalmente a matéria apresentada nas aulas ou 
nos textos recomendados. 
 
o professor que se concentra no processo de instrução: 
• procura impor um modelo de raciocínio aos alunos; 
• dá mais importância ao processo de aprender do que ao produto da 
aprendizagem (conteúdo); 
• exige que seus alunos demonstrem, nos exercícios, provas e discussões, que 
sabem imitar seus métodos, bem como sua maneira de usar os dados existentes 
sobre determinado assunto. 
 
o professor que se concentra no intelecto do aluno: 
• sua maior preocupação é desenvolver as habilidades intelectuais do aluno; 
• utiliza a análise e a solução de problemas como o principal método de ensino; 
 
• dá mais importância ao intelecto do que às atitudes e emoções demonstradas 
pelo aluno. 
 
 
19 
 
o professor que se concentra na pessoa total: 
 
• não acredita que o desenvolvimento intelectual deva ou possa ser desligado 
dos outros aspectos da personalidade do aluno; 
• trata o aluno integralmente como pessoa, pois acredita que, separando o 
aspecto intelectual dos demais, o crescimento do aluno na direção de um ser adulto 
e cidadão fica seriamente comprometido. 
 
 Observação 
Professor? Educador? Orientador? Pesquise o significado didático dos termos e 
veja qual mais se encaixa em seu perfil. 
Unidade I 
Qual dos tipos mencionados você pretende ser? Ou que aspectos de cada tipo 
fazem parte, hoje, da sua personalidade? Motivar os alunos não é tarefa fácil. O 
importante é fazer uma autoanálise. 
Ressalta-se também que a articulação entre a teoria e a prática é um processo 
constante e definidor da qualidade da sua formação como sujeito, porque lhe abre 
as portas para uma permanente busca de respostas acerca de fenômenos e 
contradições vivenciados no cotidiano da sua prática, ou seja, na sua experiência. 
Por fim, a reflexão constante o encaminhará para o desenvolvimento incessante 
de competências que se configuram como conhecimentos e ações necessários ao 
exercício da sua profissão, nas suas dimensões humana, política e técnica, e 
inseridos em um processo permanente de construção e reconstrução da prática 
docente. 
Como em qualquer prática, não temos respostas para todas as questões que 
surgiram e continuarão surgindo, mas temos disposição para continuar pesquisando 
e buscando caminhos que possam auxiliar a formação de professores críticos e 
atuantes. 
Procurar melhorias para os aspectos injustos da nossa realidade educacional é o 
objetivo último do trabalho e, para tanto, precisamos de profissionais que tenham 
condições de propiciar essa transformação. 
 
20 
 
 
Resumo 
De início, é importante saber a contextualização da disciplina na dimensão do 
curso. Essa prática encontra-se, de modo ideal, prevista para o quinto semestre do 
curso, havendo uma articulação entre ela e as demais práticas. 
 
A Prática de Ensino: Trajetória da Práxis visa à orientação na finalização do seu 
estágio, enriquecendo-o com a reflexão sobre a trajetória seguida, com o objetivo de 
chegar ao término com qualidade e estímulo. 
Adicionalmente você se depara com informações que o ajudam a refletir sobre a 
importância do estágio e das demais atividades práticas, não apenas no seu curso 
de formação, mas em todo e qualquer curso de formação de professores. A ideia é 
auxiliá-lo no que realmente importa, distinguindo esse aspecto com maior facilidade 
na sua reflexão futura já como professor atuante na educação básica. 
A partir daí, a reflexão passa por um afunilamento, culminando na importância 
dessa reflexão na sua formação e na sua futura atuação profissional. 
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Referências 
BARREIRO,I. M. F.; GEBRAN, R. A. Prática de ensino e estágio supervisionado na 
formação de professores. São Paulo: Avercamp, 2006. p. 126. 
GARCIA, W. E. Educação: visão teórica e prática pedagógica. São Paulo: McGraw-
Hill do Brasil, 1981. 
PICONEZ, S. C. B. A prática de ensino e o estágio supervisionado. Campinas: 
Papirus, 2007. PILETTI, C. Didática geral. São Paulo: Ática, 2001. p. 258. 
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