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Ponto 14 - Civil

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PONTO 14 Direito Civil: Atos Unilaterais. Promessa de Recompensa. Gestão de Negócios. Pagamento Indevido. Enriquecimento sem Causa. Registros Públicos.
	ATOS UNILATERAIS
	Os atos unilaterais não são a mesma coisa que declaração unilateral de vontade. Entre os atos unilaterais de vontade, apenas um deles é também declaração unilateral de vontade. Há 4 atos unilaterais:
	A – Promessa de Recompensa (854)
	Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido.
	Trata-se declaração unilateral de vontade. Recompensa é a contrapartida por achar coisa móvel alheia perdida. Achar a coisa chama-se descoberta (1233). A descoberta existia no CC16 com o nome de invenção (forma de aquisição da propriedade móvel). O NCC não prevê a descoberta como aquisição: quem acha a coisa deve devolvê-la ao dono ou, caso não o encontre, à autoridade. Mas quem acha tem o direito de ser recompensado.
	Art. 1.233. Quem quer que ache coisa alheia perdida há de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor.
	Parágrafo único. Não o conhecendo, o descobridor fará por encontrá-lo, e, se não o encontrar, entregará a coisa achada à autoridade competente.
	Art. 1.234. Aquele que restituir a coisa achada, nos termos do artigo antecedente, terá direito a uma recompensa não inferior a cinco por cento do seu valor, e à indenização pelas despesas que houver feito com a conservação e transporte da coisa, se o dono não preferir abandoná-la.
	ACHAR COISA – DEVER DE RESTITUIÇÃO + DIREITO A INDENIZAÇÃO – NÃO É MODO DE AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE
	Parágrafo único. Na determinação do montante da recompensa, considerar-se-á o esforço desenvolvido pelo descobridor para encontrar o dono, ou o legítimo possuidor, as possibilidades que teria este de encontrar a coisa e a situação econômica de ambos.
	Nesse contexto entra a idéia de achádego (alvíssaras): é a recompensa por achar coisa perdida. Enfim, o que interessa é que aquele que perdeu coisa móvel pode prometer uma recompensa para quem achá-la. Ex: perda de cachorro (faixas nas ruas). A promessa de recompensa é uma declaração unilateral de vontade, logo é um ato unilateral.
	ACHÁDEGO – RECOMPENSA POR ACHAR COISA PERDIDA
	A promessa de recompensa, no entanto, pode ser mais ampla. Ex: concurso de monografias jurídicas (promessa de recompensa).
	Art. 854. Aquele que, por anúncios públicos, se comprometer a recompensar, ou gratificar, a quem preencha certa condição, ou desempenhe certo serviço, contrai obrigação de cumprir o prometido.
	Art. 855. Quem quer que, nos termos do artigo antecedente, fizer o serviço, ou satisfizer a condição, ainda que não pelo interesse da promessa, poderá exigir a recompensa estipulada.
	Note-se que, ainda que alguém não saiba da promessa, poderá exigir a recompensa.
	Art. 856. Antes de prestado o serviço ou preenchida a condição, pode o promitente revogar a promessa, contanto que o faça com a mesma publicidade; se houver assinado prazo à execução da tarefa, entender-se-á que renuncia o arbítrio de retirar, durante ele, a oferta.
	Art. 857. Se o ato contemplado na promessa for praticado por mais de um indivíduo, terá direito à recompensa o que primeiro o executou.
	Art. 858. Sendo simultânea a execução, a cada um tocará quinhão igual na recompensa; se esta não for divisível, conferir-se-á por sorteio, e o que obtiver a coisa dará ao outro o valor de seu quinhão.
	ATO PRATICADO POR MAIS DE 1 INDIVÍDUO – RECOMPENSA PARA QUEM EXECUTOU PRIMEIRO
 	EXECUÇÃO SIMULTÂNEA POR MAIS DE 1 INDIVÍDUO – COISA DIVISÍVEL - DIVISÃO DO QUINHÃO IGUALITARIAMENTE
	SE A COISA FOR INDIVISÍVEL - SORTEIO
	Art. 859. Nos concursos que se abrirem com promessa pública de recompensa, é condição essencial, para valerem, a fixação de um prazo, observadas também as disposições dos parágrafos seguintes.
	§ 1º A decisão da pessoa nomeada, nos anúncios, como juiz, obriga os interessados.
	§ 2º Em falta de pessoa designada para julgar o mérito dos trabalhos que se apresentarem, entender-se-á que o promitente se reservou essa função.
	§ 3º Se os trabalhos tiverem mérito igual, proceder-se-á de acordo com os arts. 857 e 858.
	
	Art. 860. As obras premiadas, nos concursos de que trata o artigo antecedente, só ficarão pertencendo ao promitente, se assim for estipulado na publicação da promessa.
	B – GESTÃO DE NEGÓCIOS
	Gestão de negócios significa administração oficiosa de interesse alheio. Corresponde à situação em que alguém trata, espontaneamente, de interesse alheio em benefício de outrem. Ex: estou viajando com um amigo e ele morre. Providencio o traslado do corpo ao Brasil. / Meu vizinho viaja, e o seu telhado se deteriora. Espontaneamente resolvo arrumá-lo.
	Nessas hipóteses, nasce uma obrigação para outrem: ressarcir as despesas do gestor de negócios, sob pena de enriquecimento sem causa.
	O ato da gestão de negócios é unilateral, mas não é uma declaração unilateral de vontade.
	No CC16, ela vinha no mandato. Ocorre que este pressupõe prévio ajuste (contrato), o que não ocorre na gestão de negócios (que é unilateral).
	GESTÃO DE NEGÓCIOS – É ATO UNILATERAL, NÃO É CONTRATO (NÃO HÁ AJUSTE). ADMINISTRAÇÃO OFICIOSA DE INTERESSE ALHEIO.
	Art. 861. Aquele que, sem autorização do interessado, intervém na gestão de negócio alheio, dirigi-lo-á segundo o interesse e a vontade presumível de seu dono, ficando responsável a este e às pessoas com que tratar.
	Art. 862. Se a gestão foi iniciada contra a vontade manifesta ou presumível do interessado, responderá o gestor até pelos casos fortuitos, não provando que teriam sobrevindo, ainda quando se houvesse abatido.
	Art. 863. No caso do artigo antecedente, se os prejuízos da gestão excederem o seu proveito, poderá o dono do negócio exigir que o gestor restitua as coisas ao estado anterior, ou o indenize da diferença.
	Se houver mais prejuízos que proveito ao dono do negócio, deverá haver restituição ou indenização da diferença.
	Art. 864. Tanto que se possa, comunicará o gestor ao dono do negócio a gestão que assumiu, aguardando-lhe a resposta, se da espera não resultar perigo.
	Art. 865. Enquanto o dono não providenciar, velará o gestor pelo negócio, até o levar a cabo, esperando, se aquele falecer durante a gestão, as instruções dos herdeiros, sem se descuidar, entretanto, das medidas que o caso reclame.
	Art. 866. O gestor envidará toda sua diligência habitual na administração do negócio, ressarcindo ao dono o prejuízo resultante de qualquer culpa na gestão.
	Art. 867. Se o gestor se fizer substituir por outrem, responderá pelas faltas do substituto, ainda que seja pessoa idônea, sem prejuízo da ação que a ele, ou ao dono do negócio, contra ela possa caber.
	Art. 868. O gestor responde pelo caso fortuito quando fizer operações arriscadas, ainda que o dono costumasse fazê-las, ou quando preterir interesse deste em proveito de interesses seus.
	Art. 871. Quando alguém, na ausência do indivíduo obrigado a alimentos, por ele os prestar a quem se devem, poder-lhes-á reaver do devedor a importância, ainda que este não ratifique o ato.
	Art. 872. Nas despesas do enterro, proporcionadas aos usos locais e à condição do falecido, feitas por terceiro, podem ser cobradas da pessoa que teria a obrigação de alimentar a que veio a falecer, ainda mesmo que esta não tenha deixado bens.
	Parágrafo único. Cessa o disposto neste artigo e no antecedente, em se provando que o gestor fez essas despesas com o simples intento de bem-fazer.
	Art. 873. A ratificação pura e simples do dono do negócio retroage ao dia do começo da gestão, e produz todos os efeitos do mandato.
	Art. 875. Se os negócios alheios forem conexos ao do gestor, de tal arte que se não possam gerir separadamente, haver-se-á o gestor por sócio daquele cujos interesses agenciar de envolta com os seus.
	Parágrafo único. No caso deste artigo, aquele em cujo benefíciointerveio o gestor só é obrigado na razão das vantagens que lograr.
	C – PAGAMENTO INDEVIDO
	É o pagamento sem causa obrigacional. Corresponde a pagar algo que não está representado por aquela obrigação. Isso se chama indébito. Quem paga indevidamente pode pedir restituição àquele que recebeu, desde que prove que pagou por erro.
	PAGAMENTO INDEVIDO – DEVE HAVER ERRO
	O pagamento indevido gera uma obrigação, chamada de repetição de indébito: devolver o pagamento indevido. Isso é feito por meio da actio in rem verso (ação de repetição de indébito). Quem recebe esse pagamento indevido deve devolvê-lo para não ocorrer o enriquecimento sem causa. Aliás, no fundo, o pagamento indevido é uma espécie de enriquecimento sem causa.
	No CC16, o pagamento indevido estava no capítulo do pagamento. Ocorre que o pagamento é uma forma de extinção de obrigação, enquanto o pagamento indevido é uma forma de criação de obrigação.
	Como exceção à regra de que é necessário demonstrar o erro para configurar o pagamento indevido, a Súmula 322 do STJ estabelece, quanto aos contratos de abertura de conta-corrente, que nas ações de repetição de indébito relacionados a esses contratos não se exige a prova do erro.
	PAGAMENTO INDEVIDO – FORMA DE CRIAÇÃO DE OBRIGAÇÃO. DEVE-SE PROVAR O ERRO
	PAGAMENTO – FORMA DE EXTINÇÃO DE OBRIGAÇÃO
	Art. 876. Todo aquele que recebeu o que lhe não era devido fica obrigado a restituir; obrigação que incumbe àquele que recebe dívida condicional antes de cumprida a condição.
	Art. 877. Àquele que voluntariamente pagou o indevido incumbe a prova de tê-lo feito por erro.
	Art. 878. Aos frutos, acessões, benfeitorias e deteriorações sobrevindas à coisa dada em pagamento indevido, aplica-se o disposto neste Código sobre o possuidor de boa-fé ou de má-fé, conforme o caso.
	Art. 879. Se aquele que indevidamente recebeu um imóvel o tiver alienado em boa-fé, por título oneroso, responde somente pela quantia recebida; mas, se agiu de má-fé, além do valor do imóvel, responde por perdas e danos.
	BEM IMÓVEL - ALIENANTE DE BOA-FÉ – RESTITUIÇÃO DA QUANTIA RECEBIDA
	BEM IMÓVEL – ALIENANTE DE MÁ-FÉ – RESTITUIÇÃO + PERDAS E DANOS
	Parágrafo único. Se o imóvel foi alienado por título gratuito, ou se, alienado por título oneroso, o terceiro adquirente agiu de má-fé, cabe ao que pagou por erro o direito de reivindicação.
	BEM IMÓVEL – ALIENAÇÃO A TÍTULO GRATUITO OU ALIENAÇÃO ONEROSA A TERCEIRO DE MÁ-FÉ – DIREITO DE REIVINDICAÇÃO
	Art. 880. Fica isento de restituir pagamento indevido aquele que, recebendo-o como parte de dívida verdadeira, inutilizou o título, deixou prescrever a pretensão ou abriu mão das garantias que asseguravam seu direito; mas aquele que pagou dispõe de ação regressiva contra o verdadeiro devedor e seu fiador.
	Art. 881. Se o pagamento indevido tiver consistido no desempenho de obrigação de fazer ou para eximir-se da obrigação de não fazer, aquele que recebeu a prestação fica na obrigação de indenizar o que a cumpriu, na medida do lucro obtido.
	Art. 882. Não se pode repetir o que se pagou para solver dívida prescrita, ou cumprir obrigação judicialmente inexigível.
	Art. 883. Não terá direito à repetição aquele que deu alguma coisa para obter fim ilícito, imoral, ou proibido por lei.
	Parágrafo único. No caso deste artigo, o que se deu reverterá em favor de estabelecimento local de beneficência, a critério do juiz.
	A previsão do parágrafo único do art. 883 traz a ideia de eticidade do Código Civil. Contudo, é de difícil aplicação. Outras hipóteses de pagamentos que não ensejam repetição: empréstimo para jogo ou aposta feito no ato de apostar (815), mútuo feito a pessoa menor (art. 588), pagamento de obrigação natural. 
	D – ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
	Este sempre foi um princípio do Direito Civil (princípio da proibição do enriquecimento sem causa). Hoje ele é mais do que isso: está positivado em 3 artigos (884-886). Consiste na conduta de alguém que faz nascer a obrigação de restituição para evitar o enriquecimento sem causa.
	O pagamento indevido é uma espécie de enriquecimento sem causa. Mas há outras situações, como a invasão de um imóvel com o fim de adquirir-lhe a propriedade.
	Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
	O enriquecer à custa de outrem não significa, necessariamente, que deverá haver empobrecimento da outra parte para que haja o enriquecimento sem causa. 
	Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
	Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
	Ex: lei revoga a a possibilidade de cobrança de uma taxa. A partir desta revogação, o valor não mais pode ser cobrando, pois caso contrário haverá enriquecimento sem causa, tornando possível a restituição.
	Art. 886. Não caberá a restituição por enriquecimento, se a lei conferir ao lesado outros meios para se ressarcir do prejuízo sofrido.
	Isso demonstra que a ação de enriquecimento sem causa é subsidiária.
	“A inexistência de negócio jurídico válido e eficaz é, em regra, uma justa causa para o enriquecimento” (Enunciado 188 da III Jornada de Direito Civil do CJF).
	Concluindo, nos 4 institutos do ato unilateral (promessa de recompensa, gestão de negócios, pagamento indevido e enriquecimento sem causa), nasce uma obrigação independentemente de contrato, ato ilícito ou declaração unilateral de vontade (exceto na promessa de recompensa). Todos eles têm em comum a obrigação de restituição, com o fim de evitar o enriquecimento sem causa.
	A ação que objetiva evitar ou desfazer o enriquecimento sem causa denomina-se actio in rem verso. Seus requisitos são o enriquecimento do réu, o empobrecimento do autor (não necessariamente, comovimos), a relação de causalidade, a inexistência de causa jurídica para o enriquecimento e a inexistência de ação específica (subsidiariedade da actio in rem verso). Ex: o locador que alega o enriquecimento sem causa do locatário pode ajuizar a ação de despejo, em vez da actio in rem verso.
	A principal modalidade de ação in rem verso é a ação de repetição de indébito. Ex: credor perde o direito de executar o cheque por força da prescrição. Pode promover esta ação contra o emitente ou outros obrigados da cártula, que se locupletaram com o não-pagamento do cheque.
	ACTIO IN REM VERSO – VISA ATINGIR O ENRIQUECIMENTO SEM CAUSA
	
REGISTROS PÚBLICOS (1245 a 1247 e Lei nº 6.015/73)
TRATAMENTO CONSTITUCIONAL E SEU REGULAMENTO LEGAL
Compete privativamente a União legislar sobre Registros Públicos (art. 22,XXV), sendo gratuito para os reconhecidamente pobres, na forma da lei, o registro civil de nascimento e a certidão de óbito (art. 55o, LXXVI).
Dispõe o art. 236 que “os servicos notariais e de registro são exercidos em caráter privado, por delegação do Poder Publico”. Lei regulara as atividades, disciplinara responsabilidade civil e criminal dos notários, dos oficiais de registro e de seus prepostos, e definira a fiscalizacão de seus atos pelo Poder Judiciário. Lei federal estabelecera normas gerais para fixacão de emolumentos relativos aos atos praticados pelos servicos notariais e de registro. O ingresso na atividade notarial e de registro depende de concurso publico de provas e títulos, não se permitindo que qualquer serventia fique vaga, sem abertura de concurso de provimento ou de remocão, por mais de seis meses. Ja o art. 32 do ADCT: “o disposto no art. 236 não se aplica aos servicos notariais e de registro que ja tenham sido oficializados pelo Poder Publico, respeitando-se o direito de seus servidores”. 
Só a União pode legislar sobre a competência, forma e o regime dos registros públicos. Isto e,so a ela cabe reger essa função publica. Entretanto, e essa funcão exercida por órgão estaduais. Assim, é competente o Estado federado para as normas administrativas referentes aos registros públicos.
DELEGAÇÃO E FÉ PÚBLICA. Art. 3º Notário, ou tabelião, e oficial de registro, ou registrador, são profissionais do direito, dotados de fé pública, a quem é delegado o exercício da atividade notarial e de registro (Lei n.º 8.935/94).
Assim, a Administração Pública, com a delegação:
passa a atuar fora de seus quadros, certo que o registrador e o notário não são servidores da administração direta, mas ocupem cargos públicos, conforme definiu o Pleno do STF;
legitima os delegados para prática de atos que regulam interesses privados ou da própria administração, dando-lhes eficácia.
A delegação do serviço de registro e notarial é um ato administrativo complexo,irrevogável desde o ato perfeito e acabado da outorga, só podendo ser cassadanas hipóteses legais, obedecido o devido processo legal. É ainda permanente e estável desde o início, não submetida ao estágio probatório de três anos pelo qual passa o servidor público da administração direta e indireta, não estando sujeito à aposentadoria compulsória ao atingir 70 anos de idade, segundo decidiu o STF, asseverando que a aposentadoria compulsória só se aplica aos servidores de cargos efetivos (art. 40, § 1º, II, da CF - EC 20/98). O delegado não é nomeado, mas recebe outorga de delegação. O término da delegação acontece por extinção ou perda. A delegação se extingue por fatos próprios da vontade do registrador (aposentadoria facultativa e renúncia) e por fatos estranhos a ela (morte, invalidez, perda por sentença judicial). A Lei n.º 8.934/94 não contemplou a hipótese de aposentadoria compulsória.
Registro é a inscrição ou transcrição do documento, em que se instrumenta o ato, em livros públicos, mantidos pelos ofícios de registros ou pelos departamentos e repartições públicas.
Averbação é o ato pelo qual se anota, em assento ou documento anterior, fato, que altere, modifique ou amplie o conteúdo do mesmo assento ou documento.
Lei de Registros Públicos (Lei 6.015/73):
Art. 1º Os serviços concernentes aos Registros Públicos, estabelecidos pela
legislação civil para autenticidade, segurança e eficácia dos atos jurídicos,
ficam sujeitos ao regime estabelecido nesta Lei.
§ 1º Os Registros referidos neste artigo são os seguintes:
I - o registro civil de pessoas naturais;
II - o registro civil de pessoas jurídicas;
III - o registro de títulos e d ocumentos;
IV - o registro de imóveis.
§ 2º Os demais registros reger-se-ão por leis próprias.
 
REGISTRO DE IMÓVEIS:
É uma aquisição derivada. Refere-se a um vínculo jurídico entre o ex-dono e o dono atual. As qualidades e os vícios se transmitem ao adquirente.
No sistema francês, o registro de propriedade se adquire com o consenso (contrato), independentemente de qualquer formalidade. O registro não é, naquele sistema, constitutivo do direito de propriedade, mas meramente publicitário. No sistema alemão, há uma série de etapas até a aquisição da propriedade.
No sistema romano, adotado pelo Brasil, a aquisição se dá por uma operação bifásica: título + registro. O título torna a pessoa credora. Já o registro converte o direito obrigacional em real. O registro é CONSTITUTIVO (art. 1227 do NCC). 
Art. 1.227. Os direitos reais sobre imóveis constituídos, ou transmitidos por atos entre vivos, só se adquirem com o registro no Cartório de Registro de Imóveis dos referidos títulos (arts. 1.245 a 1.247), salvo os casos expressos neste Código.
Só a lei pode prever exceções nas quais se admite a propriedade sem registro. É o caso da aquisição causa mortis, do usucapião e do casamento, por exemplo. A regra do registro vale para aquisições derivadas e intervivos.
O registro é previsto, por exemplo, de formas diferentes no sistema alemão e no sistema brasileiro. Na ALE, o registro é abstrato, desvincula-se do título que lhe deu origem. No sistema brasileiro, o registro é, além de constitutivo, CAUSAL. Ou seja, ele não se desliga do título que lhe deu origem: segue a sua sorte jurídica (os vícios do título contaminam o registro).
O sistema brasileiro é, portanto, misto (entre os sistemas francês e alemão). O Brasil não adotou o sistema lusitano, pois em Portugal o registro é meramente publicitário.
REGISTRO – CONSTITUTIVO E CAUSAL
BRASIL – SISTEMA MISTO (MISTURA SISTEMAS FRANCÊS E ALEMÃO)
PRINCÍPIOS DO REGISTRO DE IMÓVEIS
Além de constitutivo e causal, e aquisição derivada decorrente de ato intervivos, pode-se dizer que o registro segue estes princípios:
A- PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
 O registro confere publicidade às transações imobiliárias, valendo contra terceiros. Qualquer pessoa poderá requerer certidão do registro sem informar ao oficial ou ao funcionário o motivo ou interesse do pedido (LRP, art. 17). Todos têm direito de ter acesso às informações registradas.
B– PRINCÍPIO DA INSCRIÇÃO
Só se adquire direito real sobre imóvel com o registro. Exceções: aquisição originária, causa mortis e nas situações previstas em lei (casamento – transferências de bens na comunhão).
C– PRINCÍPIO DA FORÇA PROBANTE, DA PRESUNÇÃO OU DA VERACIDADE CADASTRAL (1245 e 254 da Lei nº 6.015/73)
Art. 1.245. Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o registro do título translativo no Registro de Imóveis.
§ 1o Enquanto não se registrar o título translativo, o alienante continua a ser havido como dono do imóvel.
§ 2o Enquanto não se promover, por meio de ação própria, a decretação de invalidade do registro, e o respectivo cancelamento, o adquirente continua a ser havido como dono do imóvel.
Consagra a causalidade do registro. É titular do direito real aquele que consta como tal no registro imobiliário. Mas a presunção é relativa, pois o registro é causal - depende de título. Se não houver título, não há registro.
D- PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE
Está previsto no art. 237 da Lei 6.015. Só pode transmitir direito real quem constar como seu titular no registro de imóvel.
Art. 237 - Ainda que o imóvel esteja matriculado, não se fará registro que dependa da apresentação de título anterior, a fim de que se preserve a continuidade do registro.
Em situações causa mortis ou aquisição originária, por exemplo, o registro não é necessário para ser dono. Porém, para ser transferido a terceiros, é necessário haver o registro, de forma a que possa ser respeitado o princípio da continuidade. Caso contrário, não constará o nome do adquirente (originário ou causa mortis) no registro.
AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA – DESNECESSÁRIO O REGISTRO, SALVO PARA FINS DE CONTINUIDADE (POSTERIOR TRANSMISSÃO A TERCEIROS)
A – B – C – D.
Supondo que o negócio A-B não existiu, em virtude de falsificação da assinatura de A, podemos dizer que não há título que dê causa ao registro de B. Logo, A pode reaver sua propriedade que está com D. Houve evicção. A poderia propor uma ação de declaração de inexistência de relação jurídica cumulada com reintegração de posse.
Isso ocorre porque o registro é causal, e gera presunção relativa. Coube prova em contrário, pois não havia título a legitimar a propriedade, o registro de B.
Obviamente, caberia direito de regresso de D contra C ou B. E mais: enquanto foi possuidor de boa-fé, caberiam indenização por benfeitorias e também os frutos. 
D só poderia ficar com a propriedade se, somado o tempo de B, C e D, fossem cumpridos os requisitos de usucapião. Aí seria uma nova causa de aquisição de propriedade. Haveria aquisição originária, a qual poderia romper a cadeia de continuidade. (Mesmo assim, após a usucapião, seria necessário o registro, para fins de marcar a continuidade).
E– PRINCÍPIO DA ESPECIALIDADE
	Art. 176 da Lei 6.015. O registro deve dizer qual é o imóvel. O imóvel deve ser perfeitamente descrito, individualizado e inconfundível. 
	Os requisitos estão no artigo. É um princípio muito importante. Se o imóvelfor mal descrito, poderá haver fraude.
	Registros imprecisos – os registros anteriores a 73 não atendem ao princípio da especialidade. Quando eles derem origem a novos imóveis, devem ser especializados, em obediência à Lei nº 6.015/73.
	A grilagem se baseia muito na desobediência ao princípio da especialidade.
	Ação de retificação de registro imobiliário (212 a 214 da Lei nº 6.015/73) – mudou-se o processo em 2004. Antes, a retificação era judicial. Agora, a retificação é feita pela via administrativa, perante o próprio oficial do registro. Ele verifica se os confrontantes concordam com o pedido para averbar e retificar o registro. Se houver impugnação do confrontante, o oficial encaminha o caso ao juiz.
	Portanto, o juiz só recebe as retificações impugnadas, as quais serão analisadas numa esfera atípica. Sempre que o juiz verificar que a retificação esconde questão maior (reivindicação, usucapião), ele indeferirá a retificação e remeterá os autos para a via ordinária.
	
	F– PRINCÍPIO DA PRIORIDADE
	Está previsto nos artigos 1246 do NCC e 182 e 205 da Lei nº 6.015/73.
	O princípio da prioridade diz que, se houver concurso entre direitos / títulos contraditórios no registro de imóveis, prevalecerá aquele que foi protocolado primeiro (e não o que obtiver primeiramente a escritura).
	Art. 1.246. O registro é eficaz desde o momento em que se apresentar o título ao oficial do registro, e este o prenotar no protocolo.
	Art. 182 - Todos os títulos tomarão, no Protocolo, o número de ordem que lhes competir em razão da sequência rigorosa de sua apresentação.
Os direitos reais se graduam a partir do seu aparecimento no registro de imóvel.
PRENOTAÇÃO: instrumento que garante a prioridade. Corresponde à preferência obtida com o protocolo. O oficial prenota o registro prioritário.
	A prenotação tem prazo de validade de 30 dias. Nesse período, ou o oficial registra ou devolve. Após 30 dias, a prenotação perde automaticamente a eficácia (205).
Art. 205 - Cessarão automaticamente os efeitos da prenotação se, decorridos 30 (trinta) dias do seu lançamento no Protocolo, o título não tiver sido registrado por omissão do interessado em atender às exigências legais.
G– PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Está previsto no artigo 198 e nos seguintes da Lei nº 6.015/73. Estipula que o oficial, ao receber o registro, deve fazer um exame para verificar se o título pode ou não estar no registro, ou seja, se não há violação a princípios ou a norma cogente.
Essa verificação é chamada de QUALIFICAÇÃO. Primeiro se verifica a existência de violação a princípios (inscrição, presunção, continuidade, especialidade, prioridade), depois a existência de violação a norma cogente (de ordem pública – ex: CND / capacidade do alienante). O vício será aferido extrinsecamente – análise exterior do título (não se investigam fatos).
Qualificação positiva: título perfeito. Qualificação negativa: devolução de título em função de algum problema. Pode haver devolução, inclusive, de título judicial.
Nota devolutiva: é o documento que explica as razões da devolução. O interessado, se não se conformar com a exigência, pede que o oficial suscite uma dúvida – o oficial será obrigado a suscitá-la ao Juiz Corregedor Permanente, que julgará essa dúvida por meio de processo administrativo. Caso entenda a dúvida improcedente, o título poderá ser registrado. 
É bom ressaltar que a sentença desse juiz tem força apenas administrativa, ou seja, não faz coisa julgada material. Só que ela vincula o oficial, o qual deverá adotar seu entendimento em casos futuros.
Caso julgada procedente a dúvida, pode haver recurso.
	H- PRINCÍPIO DA TERRITORIALIDADE: 
	É o que exige o registro na circunscrição imobiliária da situação do imóvel. A escritura pode ser lavrada no Cartório de Notas de qualquer localidade, mas o registro só pode ser efetuado no Registro de Imóveis da situação do imóvel, o que, sem dúvida, facilita a pesquisa em torno dos imóveis (LRP, art. 169).
	I-PRINCÍPIO DA INSTÂNCIA:
Não permite que o oficial proceda a registros de ofício, mas somente a requerimento do interessado, ainda que verbal (LRP, art. 13). Até mesmo a instauração de procedimento de dúvida será feita a requerimento do interessado (art. 13 e 198, LRP).
J- PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE:
O oficial e seus prepostos são responsáveis pelos danos decorrentes dos registros realizados equivocadamente. Trata-se de responsabilidade objetiva.
DÚVIDA. A Dúvida é pedido de natureza administrativa, formulada pelo oficial, a requerimento do apresentante de título imobiliário, para que o juiz decida sobre a legitimidade de exigência feita como condição de registro pretendido. 
Tão logo o título seja protocolizado, faz-se a prenotação, devendo o oficial examiná-lo. Se estiver em ordem, será registrado. Havendo exigência a ser satisfeita, indicá-la-á por escrito, tendo o interessado 30 dias para a regularização. Não se conformando o apresentante com a exigência do oficial, será o título, a seu requerimento e com a declaração de dúvida, remetido ao juízo competente para dirimi-la (LRP, art. 198). Neste caso, o prazo de 30 dias permanecerá suspenso, até a solução ser dada pelo juiz. 
Suscitada a dúvida pelo oficial (suscitante), a pedido do interessado, cujo procedimento é de jurisdição voluntária (em que o juiz administra interesses privados), será o apresentante do título (suscitado) cientificado do seus termos, para impugná-la. O MP será ouvido, e a dúvida julgada, por sentença. Se procedente, poderão interpor recurso de apelação o interessado, o MP e o terceiro prejudicado. Se improcedente, não poderá o oficial apelar, por falta de legítimo interesse, tendoa suscitado apenas por dever de ofício. Todavia, poderão fazê-lo o representante do MP e o terceiro prejudicado. O recurso será endereçado ao Tribunal de Justiça. Mantida a sentença de improcedência, o interessado apresentará de novo os documentos, para que se proceda o registro (LRP, art. 203). 
Quando é o próprio interessado que peticiona diretamente ao juiz, requerendo a instauração do procedimento de dúvida (passando, então, a suscitante, e o oficial a suscitado), o expediente denomina-se dúvida inversa, não prevista na LRP, mas em geral admitida pelos juízes, por uma questão de economia processual.
PRINCÍPIOS IMPORTANTES DO REGISTRO: INSCRIÇÃO, PRESUNÇÃO, CONTINUIDADE, ESPECIALIDADE, CAUSALIDADE, LEGALIDADE, PRIORIDADE
	CARACTERÍSTICAS ESSENCIAIS: CONSTITUTIVO, CAUSAL E CONTINUIDADE
REGISTROS: PRENOME, SOBRENOME E MUDANÇA DE NOME
Nome é a designação pela qual a pessoa identifica-se no seio da família e da sociedade. Limongi França considera que a natureza jurídica do nome é de um direito de personalidade.
São elementos do nome: 1 – prenome, 2- sobrenome/apelido familiar e, em alguns casos, 3- agnome, sinal que distingue pessoas de uma mesma família (Júnior, Filho, Neto). Axiônimo é a designação que se dá a forma cortês de tratamento ou à expressão de tratamento. Ex. Excelência, senhor, doutor.
PRENOME. O prenome pode ser livremente escolhido pelos pais, desde que não exponham o filho ao ridículo (LRP, art. 55, § único). Configurada a hipótese, o oficial de registro pode recusar-se a efetuar o registro.
SOBRENOME. Sobrenome é o sinal que identifica a procedência da pessoa, indicando a sua filiação ou estirpe. É imutável (LRP, art. 56). Adquire-se com o nascimento (art. 55). Portanto, não é escolhido. Mesmo que a criança seja registrada somente com o prenome, o sobrenome faz parte, por lei, de seu nome completo, podendo o escrivão lançá-lo de ofício.
FILHOS FORA DO CASAMENTO. O registro dos filhos havidos fora do matrimônio é regido pelos arts. 59 e 60 da LRP: não será lançado o nome do pai sem que este expressamente autorize. 
Hoje, a Lei n.º 8.560/92 obriga os escrivães do Registro Civil a remeter ao juiz os dados sobre o suposto pai, que será convocado para reconhecer voluntariamente o filho. Não o fazendo, os dados serão encaminhados ao MP, que poderá promovera ação de investigação de paternidade. O reconhecimento dos filhos havidos fora do casamento é irrevogável e será feito pelos modos previstos no art. 1.609 do CC, que admite inclusive que se faça por escrito particular, a ser arquivado em cartório, e também por qualquer espécie de testamento.
ALTERAÇÃO DO NOME. Acerca da alteração do nome, foram feitas alterações no art. 57 da LRP:
Art. 57. A alteração posterior de nome, somente por exceção e motivadamente, após audiência do Ministério Público, será permitida por sentença do juiz a que estiver sujeito o registro, arquivando-se o mandado e publicando-se a alteração pela imprensa, ressalvada a hipótese do art. 110 desta Lei. (Redação dada pela Lei nº 12.100, de 2009).
§ 8o O enteado ou a enteada, havendo motivo ponderável e na forma dos §§ 2o e 7o deste artigo, poderá requerer ao juiz competente que, no registro de nascimento, seja averbado o nome de família de seu padrasto ou de sua madrasta, desde que haja expressa concordância destes, sem prejuízo de seus apelidos de família. (Incluído pela Lei nº 11.924, de 2009)
Segundo o art. 58 da LRP e seu parágrafo único, o “prenome será definitivo, admitindo-se, todavia, a sua substituição por apelidos públicos notórios” e a “substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o MP”.
Igualmente é possível a mudança do prenome que exponha o portador ao ridículo, se o oficial não o houver impugnado. A pretensão depende de distribuição, perante o juiz, de procedimento de retificação de nome (LRP, art.109). A jurisprudência admite a retificação não só do prenome como também de outras partes esdrúxulas do nome. A jurisprudência ampliou as possibilidades de alteração do prenome, autorizando a tradução de nomes estrangeiros, para facilitar o aculturamento dos alienígenas que vêm fixar-se no Brasil. Também pode haver mudança do prenome em caso de adoção (art. 47, §§ 5º e 6º doECA).
Art. 56 de LRP: O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. Decorrido o prazo decadencial de 1 ano após a maioridade, essas alterações ainda poderão ser feitas, não mais administrativamente, mediante apresentação do pedido em cartório, mas, por exceção e motivadamente, em ação de retificação do nome. A homonímia tem sido uma justificativa utilizada e aceita para a referida alteraçãodo nome, pois é causadora de confusões e prejuízos. No §7º do art. 57, de proteção às vítimas e testemunhas ameaçadas, permitiu-se a averbação da sentença concessiva da alteração do nome, deferida como medida de proteção, sem menção ao nome alterado.
RETIFICAÇÃO. É possível ainda se obter a retificação do prenome em caso de erro. Houve inovação legislativa em 2009 sobre o tema, que modificou o art. 110 da LRP. Os erros que não exijam qualquer indagação para a constatação imediata de necessidade de sua correção poderão ser corrigidos de ofício pelo oficial de registro no próprio cartório onde se encontrar o assentamento, mediante petição assinada pelo interessado, representante legal ou procurador, independentemente de pagamento de selos e taxas, após manifestação conclusiva do Ministério Público. Procedimento: requerimento > MP > se o MP entender que o pedido exige maior indagação, requererá ao juiz a distribuição dos autos a um dos cartórios da circunscrição, caso em que se processará a retificação, com assistência de advogado, observado o rito sumaríssimo > Deferido o pedido, o oficial averbará a retificação à margem do registro, mencionando o número do protocolo e a data da sentença e seu trânsito em julgado, quando for o caso.

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