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2- Apostila Primeira

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Profº. Ms. Flawbert Farias Guedes Pinheiro
flawbertguedes@ig.com.br
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QUANDO ACORDAMOS E TOMAMOS BANHO, CELEBRAMOS CONTRA TO DE CONSUMO COM A EMPRESA QUE FOR- NECE ÁGUA.
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QUANDO PEGAMOS UM TRANSPORTE COLETIVO PARA IRMOS AO TRABALHO, CELEBRAMOS UM CONTRATO DE TRANSPORTE.
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QUANDO VAMOS AO MERCADO E AZEMOS AS COMPRAS, CELEBRAMOS UM CONTRATO.
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A quem entenda que o CDC nasceu inconstitucional por ferir o Princípio da Igualdade, tendo em vista que a lei foi feita para proteger os consumidores.
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Com esse último enfoque podemos dizer que o CDC NÃO É INCONSTITUCIONAL, pois enquanto o consumidor estiver num patamar de vulnerabilidade perante o fornecedor, deverá ser tratado legalmente de forma diferente, para se alcançar uma relação de igualdade entre esses dois sujeitos da relação de consumo.
DIREITO DO CONSUMIDOR
Conceito: Conjunto de normas, estabelecidas na Lei 8.078/90 (CDC), que regula as relações de consumo, travadas entre os consumidores, parte vulnerável, e os prestadores de serviço e/ou os vendedores de produtos. Possui caráter inter e multidisciplinar, um verdadeiro microssistema jurídico.
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O CDC só será aplicado quando houver uma relação jurídica de consumo, caso contrário será aplicado o Código Civil. Para tanto é de suma importância o estudo dos sujeitos da relação de consumo: fornecedor e consumidor.
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DIGAMOS QUE JOÃO QUERENDO COMPRAR UM AUTOMÓVEL NOVO RESOLVE VENDE O SEU AUTOMÓVEL A MARIA. JOÃO POSSUI SOMENTE O REQUISITO DA ONEROSIDADE (VENDER O CARRO COM UM DETERMINADO VALOR), MAS NÃO POSSUI O REQUISITO DA HABITUALIDADE (TER A ATIVIDADE DE VENDER CARROS). NESTE CASO, APLICA-SE O CÓDIGO CIVIL NO QUE TANGE AO CONTRATO DE COMPRA E VENDA. ENTRETANTO, SE JOÃO FOSSE DONO DE UMA REVENDA DE AUTOMÓVEIS E VENDESSE COMO PARTE DE SUA ATIVIDADE ECONÔMICA UM AUTOMÓVEL A MARIA, DESTINATÁRIA FINAL DO PRODUTO, ESTARÍAMOS DIANTE DE UMA RELAÇÃO DE CONSUMO ONDE INCIDIRIAM AS NORMAS DO CDC.
EXEMPLO HIPOTÉTICO 
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Como trata-se de um tema amplamente divulgado e debatido nos veículos de comunicação, não é raro escutarmos condôminos que alegam ser vítimas do descumprimento às normas de direito do consumidor pelo condomínio e, ou, imobiliária – quando esta atua como mandatária do condomínio, e que queiram ver aplicadas regras das relações de consumo. 
Ocorre que entre condomínio e condôminos, e entre estes, não há relação de consumo. O condomínio edilício é considerado propriedade especial. Neste tipo diferenciado, há partes de uso comum, cuja propriedade é exercida simultaneamente pelos comunheiros e partes de uso privativo, que é exercida com a exclusão dos demais condôminos. 
A relação jurídica que vincula os condôminos é justamente a necessidade de rateio das despesas sobre as áreas e coisas comuns, inerentes à existência do próprio condomínio, tais como, água, luz, limpeza, empregados, entre outras. Assim, nas relações travadas entre condôminos e condomínio não estão presentes as figuras de consumidor e fornecedor, motivo pelo qual não se aplica o Código de Defesa do Consumidor. 
CONDOMÍNIO 
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Não obstante, há relação de consumo entre condomínio e o fornecedor ou prestador de serviço, quando aquele adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final, sendo perfeitamente plausível a aplicação das normas de defesa do consumidor. São exemplos de relação de consumo, quando o condomínio contrata uma empresa de engenharia para executar determinada obra, quando o condomínio adquire determinado produto de limpeza, entre outros tantos exemplos da vida cotidiana.
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Conceito: Entende-se por relação de consumo, toda relação jurídico-obrigacional que liga um consumidor a um fornecedor, tendo como objeto o fornecimento de um produto ou a prestação de um serviço, ou ambas as coisas.
A relação jurídica de consumo possui três elementos, a saber: 
o subjetivo;
o objetivo e;
o finalístico. 
 Por elemento subjetivo devemos entender as partes envolvidas na relação jurídica, ou seja, o consumidor e o fornecedor. 
 Já por elemento objetivo devemos entender o objeto sobre o qual recai a relação jurídica, sendo certo que, para a relação de consumo, este elemento é denominado produto e/ou serviço. 
 O elemento finalístico traduz a ideia de que o consumidor deve adquirir ou utilizar o produto ou serviço como destinatário final.
A RELAÇÃO JURÍDICA DE CONSUMO
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A definição de consumidor no CDC não envolve meramente a relação contratual entre adquirente e o fornecedor, mas tem o intuito de proteger, também, as vítimas dos atos ilícitos pré-contratuais, tais como a publicidade enganosa, além das práticas comerciais abusivas, sejam ou não compradoras ou destinatárias finais.
CONCEITO DE CONSUMIDOR
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.
Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
CONCEITOS DE CONSUMIDOR, FORNECEDOR, 
PRODUTO E SERVIÇO, FORNECIDOS PELO CDC
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Ainda que o CDC tenha trazido claramente um conceito para consumidor (art. 2º), sua aplicação prática não é simples. A doutrina aponta três correntes ou teorias possíveis para orientar a identificação do consumidor:
a) Teoria finalista (subjetiva) - O consumidor é aquele que retira definitivamente de circulação o produto ou serviço do mercado. Adquire produto ou utiliza serviço para suprir uma necessidade ou satisfação eminentemente pessoal ou privada, e não para o desenvolvimento de uma outra atividade de cunho empresarial.
No que diz respeito à pessoa jurídica, esta poderá ser considerada consumidora desde que o produto ou serviço adquirido não tenha qualquer conexão, direta ou indireta, com a atividade econômica por ela desenvolvida, e que esteja demonstrada a sua vulnerabilidade ou hipossuficiência (fática, jurídica ou técnica) perante o fornecedor. Destarte, a pessoa jurídica que não tenha intuito de lucro será sempre considerada consumidora, tais como as associações, fundações, entidades religiosas e partidos políticos.
Não pode, portanto, adquirir o bem ou serviço como insumo, para uso profissional, revendê-lo etc.
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FORNECEDOR + CONSUMIDOR = RELAÇÃO DE CONSUMO
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PONTO CRUCIAL PARA CLASSIFICAR ALGUÉM NA FIGURA DO CONSUMIDOR PREVISTA NO C.D.C. É O DE QUE ESTE SEJA O DESTINATÁRIO FINAL DO PRODUTO OU SERVIÇO ADQUIRIDO OU UTILIZADO, OU O ELO FINAL DA CADEIA PRODUTIVA. 
AQUELE QUE COMPRA PARA REVENDA NÃO É CONSUMIDOR FINAL. POR EXEMPLO: FÁBRICA DE IOGURTES QUE COMPRA LEITE DE UMA FAZENDA, OU UMA LOJA QUE VENDE CARROS E OS COMPRA DA FÁBRICA. NESSE CASO, OS COMPRADORES ESTÃO ADQUIRINDO INSUMOS PARA SUAS ATIVIDADES - O QUE DESCARACTERIZA POR SI SÓ A RELAÇÃO CONSUMERISTA.
NO ENTANTO, QUANDO AQUELA MESMA LOJA COMPRAR UM CARRO PARA SUAS NECESSIDADES, ELA SERÁ CONSUMIDORA FINAL.
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b) Teoria maximalista - Para ser considerado consumidor basta que este utilize ou adquira produto ou serviço na condição de destinatário final, não interessando o uso particular ou empresarial do bem. 
Assim a definição do art. 2º deve ser interpretada o mais extensamente possível, segundo esta Teoria, para que as normas do CDC possam ser aplicadas a um número cada vez maior de relações no mercado.
Por essa Teoria, todos os exemplos colocado na corrente finalista acima são considerados como sendo de relação de consumo, pouco importando a destinação que será dada ou não ao bem, se é destinado a insumo ou não, se é destinado à pessoa ou à família ou não.
O consumidor é visto puramente de forma objetiva, ou seja, não se vê a finalidade que se dará ou não ao produto ou serviço.
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c) Teoria Finalista Mitigada – O destinatário final seria aquele que põe fim na cadeia de produção, entretanto, tal definição é mitigada,
relativizada, com o reconhecimento da vulnerabilidade. Ou seja, se a pessoa física ou jurídica, mesmo não colocando fim na cadeia de produção, tiver sua vulnerabilidade reconhecida, será considerada consumidora.
Reconhecem-se três tipos de vulnerabilidade:
Técnica – O consumidor não conhece as técnicas do produto ou serviço, podendo ser facilmente levado a erro.
Econômica – Seria a própria ignorância da seara jurídica, contábil, econômica etc.
Fática – A real vulnerabilidade decorrente da essencialidade que a pessoa precisa do produto ou serviço, tendo que submeter-se às exigências do fornecedor. 
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Exemplos dessa Teoria seriam:
O pequeno empresário que compra cadeiras para o seu pequeno restaurante, de uma grande sociedade empresária fabricante de móveis.
Há relação de consumo, pois é o caso de vulnerabilidade entre o pequeno empresário e a grande sociedade empresária.
Resp. 468.148SP, Min. Carlos Alberto Mendes, Terceira Turma, unânime, em tal recurso foi considerado consumidora a pessoa jurídica SBC Serviços de Terraplanagem Ltda., ao crédito bancário para compra de tratores a serem utilizados em sua atividade econômica.
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CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO
Coletividade de pessoas - O art. 2º, parágrafo único, equipara consumidor “a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo”.
Vítima de acidente de consumo - No capítulo referente à responsabilidade civil pelo fato do produto e do serviço, prevê o art. 17 a equiparação a consumidor de todas as vítimas do evento.
OBS.: Assim, por exemplo, apesar de não se caracterizar como consumidor stricto sensu, a criança, filha do adquirente, que ingere produto defeituoso e vem a adoecer por fato do produto, é consumidor equiparado e se beneficia de todas as normas protetivas do CDC aplicáveis ao caso.
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BANCO DEVE INDENIZAR SEQUESTRADO POR PERMITIR SAQUE ALTO
A liberação de quantia vultosa na boca do caixa, sem limitação de saque, demonstra negligência do banco e o torna responsável por danos ao consumidor que sacou a quantia. Esse foi o entendimento da 3ª Turma do Superior Tribunal de Justiça ao determinar que o Banco do Brasil pague R$ 130 mil de indenização a um homem sequestrado cujo irmão sacou R$ 90 mil para pagar o resgate.
O crime ocorreu em 1999, em Apucarana (PR). O irmão da vítima, correntista do banco, foi quem retirou o dinheiro na boca do caixa em Maringá, no mesmo estado, e depositou o valor exigido numa conta corrente do BB em São Luís (MA). Quando a polícia conseguiu libertar o refém e prender os envolvidos, no mesmo dia, a quantia depositada já havia sido integralmente sacada.
O homem sequestrado responsabilizou o banco pela ausência de medidas de proteção. Em resposta, o BB negou a prestação de serviço defeituoso, disse que não poderia ser responsabilizado por culpa exclusiva de terceiro e sustentou que não incide o CDC no caso. O juízo de primeiro grau julgou o pedido improcedente, mas o Tribunal de Justiça do Maranhão (TJ-MA) acabou reconheceu relação de consumo e negligência no procedimento.
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Conduta desidiosa
Para o ministro Paulo de Tarso Sanseverino, relator de recurso especial no STJ, o fato de o autor não ser correntista do BB não afasta a sua condição de consumidor, pois ele foi diretamente atingido pelo defeito na prestação do serviço bancário. Toda e qualquer vítima de acidente de consumo equipara-se ao consumidor para efeito da proteção conferida pelo CDC afirmou.
Ele disse ainda que a 2ª Seção da corte já firmou o entendimento de que as instituições bancárias respondem objetivamente por danos causados por fraudes ou delitos praticados por terceiros, inclusive a não correntistas. O ministro avaliou que o prejuízo não decorreu apenas do fato de terceiro, pois houve a colaboração da conduta desidiosa dos prepostos (funcionários representantes) do banco. A Turma não reviu as provas do processo, pois isso é vedado em Recurso Especial. Com informações da Assessoria de Imprensa do STJ.
REsp 1.374.726
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CONCEITO DE FORNECEDOR
O conceito de fornecedor é encontrado no Caput do art. 3º do CDC, in verbis:
Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.
Fornecedor pode ser o fabricante originário, o intermediário ou o comerciante/empresário (aquele que vende), bastando que faça disso sua profissão ou atividade principal.
O CDC colocou dois requisitos para se caracterizar o fornecedor: habitualidade e onerosidade.
A pessoa, por exemplo, que leva diariamente o filho da vizinha ao colégio, sem nada cobrar, o faz de forma altruística, não sendo portanto considerado fornecedor de um serviço. Faz um mero favor.
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ADVOGADO E SEU CLIENTE
A doutrina e a jurisprudência são divergentes. Temos duas posições:
Não há relação de consumo – Aplica-se a Lei 8.906/64 (Estatuto da OAB).
Há relação de consumo – Advocacia é uma atividade exercida de forma habitual e onerosa, portanto sujeita as normas do CDC. 
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SERVIÇOS APARENTEMENTE GRATUITOS
EMBORA APARENTEMENTE GRATUITOS O FORNECEDOR SE APROVEITA DESSES SERVIÇOS PARA ANGARIAR CLIENTELA E OPTER LUCRO. É O CASO, POR EXEMPLO DOS ESTACIONAMENTOS GRATUITOS DE SHOPPING CENTERS OU SUPERMERCADOS, QUE EMBORA GRATUITOS ESTÃO SUJEITOS AS NORMAS DO CDC.
SÚMULA 130 DO STJ: “A EMPRESA RESPONDE, PERANTE O CLIENTE, PELA REPARAÇÃO DE DANO OU FURTO DE VEÍCULO, OCORRIDOS EM SEU ESTACIONAMENTO”.
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CONCEITO DE PRODUTO
O conceito de produto está inserido no § 1º do art. 3º do CDC.
Art. 3º 
(...)
§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
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CONCEITO DE SERVIÇO
O conceito de serviço está inserido no § 2º do art. 3º do CDC.
Art. 3º
(...)
§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter Trabalhista.
IMPORTANTE: Se fosse possível a aplicação do CDC nas relações trabalhistas, o trabalhador, parte vulnerável na relação de emprego, passaria a ser fornecedor, o sujeito mais forte na relação jurídica de consumo, vez que presta serviço de forma remunerada e habitual. Razão pela qual a ressalva do CDC, para que não haja choque entre a CLT (que defende o trabalhador) com o CDC (que defende os consumidores).
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A Lei 8.078/1990 define os elementos que compõem a relação jurídica de consumo, em seus artigos 2º e 3º: elementos subjetivos, consumidor e fornecedor; elementos objetivos, produtos e serviços, respectivamente. Segundo estas definições, podemos afirmar que: 
I. Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços
II. Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária e as decorrentes das relações de caráter trabalhista. 
III. Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.
IV. Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.
Marque a alternativa CORRETA: 
a) Apenas as assertivas I, III e IV estão corretas.
b) Apenas as assertivas II e III estão corretas.
c) Apenas as assertivas II e III estão incorretas.
d) Apenas a assertiva I está correta.
e) Apenas as assertivas
II e IV estão corretas.
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO
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A identificação das relações de consumo é essencial para diferenciar a norma que deve ser aplicada ao caso concreto. Nessa linha, pode-se afirmar que não haverá consumidor quando a relação jurídica estiver vinculada à seguinte situação: 
a) contrato de compra e venda de veículo automotor.
b) cobrança de cotas condominiais em atraso.
c) prestação de contas contra instituição financeira.
d) reclamação por defeito em telefone sem fio.
e) compra de televisão e aparelho de som.

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