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Geometria Anal´ıtica e Ca´lculo Vetorial - Aula 4 Alex Abreu Conteu´do 1 Volume e produto misto 1 2 Retas, ep´ılogo 2 3 Planos, ep´ılogo 3 1 Volume e produto misto Sejam u, v e w vetores no espac¸o. Tais vetores formam um paralelep´ıpedo como na figura abaixo. Sabemos que o volume do paralelep´ıpedo e´ dado pela fo´rmula S =Base×Altura. O que traduz para S = |u⊗ v|h. Mas como u⊗ v e´ perpendicular a plano formado por u e v a altura h e´ dada pela fo´rmula h = |w| cos(θ) onde θ e´ o aˆngulo formado por w e u⊗ v. Logo ficamos com S = |u⊗ v||w|| cos(θ)| = |〈u⊗ v,w〉| u w v h u⊗ v θ Definimos o produto misto (ou determinante) dos vetores u, v e w por det(u,v,w) = 〈u⊗ v,w〉 Proposic¸a˜o 1 O produto misto e´ trilinear e antisime´trico. Isto e´, tem as seguintes propriedades: 1. det(tu1 + u2,v,w) = t det(u1,v,w) + det(u2,v,w) 2. det(u, tv1 + v2,w) = t det(u,v1,w) + det(u,v2,w) 3. det(u,v, tw1 +w2) = t det(u,v,w1) + det(u,v,w2) 4. det(u,v,w) = − det(u,v,w) = − det(w,v,u) = − det(v,u,w) 5. det(e1, e2, e3) = 1 Prova. A trilinearidade segue da bilinearidade tanto do produto vetorial quanto do produto in- terno. Para provar a antisimetria, primeiro note que det(u,v,u) = 0, pois claramente o volume do paralelep´ıpedo e´ 0, isto significa que sempre que dois vetores forem iguais o determinante e´ 0. Da´ı podemos concluir det(u+w,v,u+w) = 0 dois vetores iguais det(u,v,u) + det(u,v,w) + det(w,v,u) + det(w,v,w) = 0 det(u,v,w) + det(w,v,u) = 0 det(u,v,w) = − det(w,v,u). 1 Por u´ltimo, temos det(e1, e2, e3) = 〈e1 ⊗ e2, e3〉 = 〈e3, e3〉 = 1. Cabe notar que so´ existe uma func¸a˜o que satisfaz as propriedades da Proposic¸a˜o 1. Se u = (x1, y1, z1), v = (x2, y2, z2) e w = (x3, y3, z3), enta˜o det(u,v,w) = det x1 x2 x3 y1 y2 y3 z1 z2 z3 = x1y2z3 + y1z2x3 + z1x2y3 − x1z2y3 − y1x2z3 − z1y2x3 Agora temos um crite´rio eficiente de coplanaridade. Os pontos A, B, C e D sa˜o coplanares se e somente se vale que det(B −A,C −A,D −A) = 0. 2 Retas, ep´ılogo Ja´ vimos duas formas de representar a reta, uma geral: l = {P |∃t ∈ R com P = A+ t(B −A)} (1) Onde A e B sa˜o dois pontos distintos na reta. E vimos tambe´m uma que vale so´ para retas no plano: l = {P |〈n, P 〉 = 〈n, A〉} (2) Onde A e´ um ponto na reta e n um vetor normal. Da Equac¸a˜o 2, tiramos a bem conhecida equac¸a˜o da reta no plano. Se n = (a, b) e c := 〈n, A〉 (note que n e A esta˜o fixos), enta˜o o ponto P = (x, y) esta´ na reta se e somente se ax+ by = c. (3) Ja´ da Equac¸a˜o 1, tiramos a chamada equac¸a˜o parame´trica da reta. Se A = (a1, b1) e B − A = (a2, b2) enta˜o o ponto P = (x, y) esta´ na reta se e somente se x = a1 + ta2 y = b1 + tb2 para algun t real. Note que se isolarmos o t nas equac¸o˜es acima, chegamos em algo do tipo: x− a1 a2 = y − b1 b2 que apo´s simplificac¸o˜es e´ da forma da Equac¸a˜o 3. Agora vamos ver retas no espac¸o. Sabemos que para retas no espac¸o a Equac¸a˜o 2 na˜o funciona mais. Mas a Equac¸a˜o 1 ainda serve. Portanto temos ainda a equac¸a˜o parame´trica da reta. Se A = (a1, b1, c1) e B−A = (a2, b2, c2), enta˜o o ponto P = (x, y, z) esta´ na reta definida pelos pontos A e B se e somente se x = a1 + ta2 y = b1 + tb2 z = c1 + tc2 para algum t real. De novo, se isolarmos o t ficamos com x− a1 a2 = y − b1 b2 = z − c1 c2 (4) que e´ chamada equac¸a˜o reduzida (ou equac¸a˜o sime´trica) da reta (note que essa forma so´ vale quando a2, b2, c2 6= 0, fica como exerc´ıcio estudar os outros casos). Por fim, sabemos que u ⊗ v = 0 se e somente se a a´rea do paralelogramo formado por u e v e´ 0, ou seja, se e somente se os vetores u e v tem a mesma direc¸a˜o. Portanto, se na Equac¸a˜o 1, chamarmos v := B −A e aplicarmos o produto vetorial no ponto P na reta ficamos com: v ⊗ P = v ⊗ (A+ tv) = v ⊗A+ t(v ⊗ v) = v ⊗A 2 portanto podemos escrever: l = {P |v⊗ P = v ⊗A} (5) Cabe notar tambe´m que uma reta e´ intersec¸a˜o de dois planos, e logo quando virmos a Equac¸a˜o 8 poderemos descrever a reta como o sistema abaixo. Ou seja, o ponto P = (x, y, z) esta´ na reta se e somente se a1x+ b1y + c1z = d1 a2x+ b1y + c1z = d2 para a1, b1, c1, d1, a2, b2, c2, d2 apropriados. Atenc¸a˜o. As equac¸o˜es da reta na˜o sa˜o u´nicas, por exemplo as equac¸o˜es 3x+y = 1 e −6x−y = −2 representam a mesma reta. Da mesma forma que se escolhermos outros pontos C e D a reta ficara´ da forma l = {P |∃t ∈ R com P = C + t(D − C)}. 3 Planos, ep´ılogo Como para a reta, ja´ vimos duas formas de caracterizar o plano. A primeira, se temos 3 pontos A, B e C no plano α enta˜o α = {P |∃t, s ∈ R com P = A+ t(B −A) + s(C −A)}. (6) E a segunda, se temos A um ponto no plano e n um vetor perpendicular ao plano, enta˜o α = {P |〈n, P 〉 = 〈n, A〉}. (7) Da Equac¸a˜o (7), tiramos a equac¸a˜o geral do plano. Se n = (a, b, c) e d := 〈n, A〉, enta˜o o ponto P = (x, y, z) esta´ no plano α se e somente se ax+ by + cz = d. (8) E dada a equac¸a˜o geral do plano conseguimos facilmente obter um vetor normal n, simplesmente fazendo n = (a, b, c). Ja´ da Equac¸a˜o (6), tiramos a equac¸a˜o parame´trica do plano. Se A = (a1, b1, c1), B − A = (a2, b2, c2) e C −A = (a3, b3, c3), enta˜o o ponto P = (x, y, z) esta´ no plano se e somente se x = a1 + ta2 + sa3 y = b1 + tb2 + sb3 z = c1 + tc2 + sc3. Note que se eliminarmos t e s do sistema acima, recairemos numa equac¸a˜o da forma da Equac¸a˜o (8). Um outro jeito de chegarmos a equac¸a˜o geral do plano, e´ usando o crite´rio de coplanaridade feito no fim da sec¸a˜o 1 (trocando D por P ). Ou seja, o ponto P esta´ no plano α se e somente se det(P −A,B −A,C −A) = 0, ou α = {P | det(P −A,B −A,C −A) = 0}. 3
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