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C) BIOQUÍMICA AGRÍCOLA AUTORES TÚLIO DE ORLEANS GADELHA COSTA MARIA ISABEL GALDAMES PORTUS 131 Bioquímica agrícola Introdução A vida no seu nível básico é um fenômeno bioquímico, sendo a sua atividade celular, que mantém a vida nos organismos vivos, resultado de interações moleculares, de reações químicas e da organização e regulação de processos bioquímicos. Além disso, no nível molecular existe uma notável similaridade química desses processos, mesmo sendo os organismos vivos macroscopicamente altamente heterogêneos. Neste caderno foram traçados os principais tópicos e conceitos básicos necessários para compreender os processos químicos e metabólicos que mantém a vida. Serão estudadas as estruturas químicas e a função das biomoléculas, que compõem os organismos animal e vegetal, as interações moleculares que ocorrem no meio aquoso interno, as transformações químicas enzimáticas e a organização e a regulação dos processos metabólicos de obtenção de energia. A bioquímica é uma disciplina básica e está na interface de várias áreas de conhecimento que compartilham a conservação da vida: a biologia, a ciência dos alimentos, a genética, a citologia, a fisiologia, a imunologia, a histologia, a fisiologia e a biotecnologia. Para o Curso de Ciências Agrárias, o conhecimento adquirido na disciplina permitirá expandir a capacidade de compreensão da base química da manutenção da vida e da saúde, e assim conduzir da melhor forma o bem estar humano e a qualidade de vida em todos seus aspectos. Palavras dos professores autores Caros alunos do curso de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas, a disciplina “Bioquímica para Ciências Agrárias” irá propiciar uma viagem pelo maravilhoso mundo das biomoléculas. Vamos conhecer e identificar suas estruturas, seus funcionamentos e suas características físico-químicas, propiciando futura relação, em termos moleculares, dos princípios organizacionais que fundamentam a vida em todas as suas diferentes formas. Em resumo conheceremos a lógica molecular da vida. A disciplina de Bioquímica, na modalidade Educação a Distância (EaD) é um grande desafio, tanto para o aluno quanto para o professor. A EaD vem sendo apontada pelos educadores, como a alternativa mais viável e eficiente para promover a capacitação de mão-de-obra qualificada nos lugares mais remotos, possibilitando o ensino através do uso de tecnologias midiáticas emergentes como a internet. Deste modo, as possibilidades educacionais que se abrem são inúmeras. Introdução Palavras dos autores 132 Bioquímica agrícola No presente caso, usaremos várias formas de abordagem didática tendo em vista atingir os objetivos de aprendizagem. Porém, é indispensável a participação e a dedicação de vocês nas atividades, para que vocês possam descobrir suas potencialidades, capacidade de trabalho e de desenvolvimento intelectual. Queremos destacar também que a qualidade na formação de um profissional, principalmente na sua graduação, depende de vários aspectos que vão desde ao acesso a livros, Internet e laboratórios. Mas o principal responsável para ser um bom profissional é o próprio aluno. Então vamos à luta e boa sorte. Orientações para estudo O conteúdo de bioquímica, indicado nas diferentes unidades de estudo, deverá ser cuidadosamente lido, consultando simultaneamente o material disponibilizado no ambiente virtual, textos e figuras disponíveis em “power point”, textos interativos, exercícios, e sites disponíveis na internet, sobre a unidade a ser trabalhada. Além disso, será necessária a pesquisa dos assuntos indicados na coluna de indexação do caderno guia, para cada unidade de estudo, utilizando a internet ou livros indicados nas referências e desenvolver as atividades de cada unidade. Ao mesmo tempo, é importante registrar suas dúvidas as quais poderão ser esclarecidas pelos professores, pelos tutores, os monitores ou em debate com os colegas no ambiente virtual. O desenvolvimento das atividades ao longo do tempo disponível para a disciplina será feito, utilizando diferentes ferramentas de aprendizagem e vias de comunicação, do sistema de ensino de EaD. Dedicação e responsabilidade são indispensáveis na obtenção dos objetivos de aprendizagem propostos para disciplina de Bioquímica Agrícola. Ementa Conceito e importância da bioquímica. Estudo geral dos glicídeos, lipídeos, aminoácidos e proteínas. Enzimas, vitaminas e coenzimas. Bionergética. Fotossíntese. Hormônios vegetais e animais. Noções gerais sobre o metabolismo. Orientações para estudo Ementa 133 Bioquímica agrícola Unidade 1 Composição química da célula Objetivos de aprendizagem 1. Demonstrar conhecimento dos conceitos básicos da bioquímica celular e da atividade metabólica através das atividades constantes na coluna de indexação. 2. Desenvolver atividades práticas de compreensão e aplicação dos conceitos básicos da química das moléculas biológicas. 3. Fixar, mediante exercícios práticos e teóricos, o conteúdo das unidades de estudo. 4. Desenvolver habilidades para pesquisar na biblioteca virtual. 5. Integrar as diferentes formas de aprendizagem tendo em vista vivenciar, estruturar e organizar seu próprio conhecimento sobre a química que mantém a vida. Unidade 1 Composição química da célula Síntese: nesta unidade estudaremos os elementos químicos encontrados na célula, a molécula de água nos sistemas biológicos, o ambiente iônico intracelular, membranas biológicas e os aspectos nutricionais. 1.1 Elementos químicos encontrados na célula A célula, a unidade estrutural e funcional de todos os organismos vivos, é constituída de biomoléculas, macromoléculas e íons, tendo como elemento essencial a água. Os organismos vivos sintetizam e mantêm suas estruturas celulares, a partir da condensação de subunidades e de energia química, obtida da degradação e oxidação dos alimentos. As subunidades das biomoléculas: aminoácidos, monossacarídeos e nucleotídeos se auto-organizam formando distintas biomoléculas, macromoléculas, supramoléculas, organelas e membranas biológicas, segundo os modelos estruturais comuns a todos os organismos vivos. A identidade estrutural e funcional de cada célula ou organismo é determinada pelo conjunto distinto de moléculas e íons. 1.2 A molécula de água nos sistemas biológicos Nos organismos vivos, a água atua como solvente e como meio de suspensão e de interação dos componentes celulares. 1.2.1 Estrutura química da água A molécula de água é formada por dois átomos de hidrogênio e um átomo de oxigênio, unidos por ligação covalente simples. A diferença 134 Bioquímica agrícola Unidade 1 Composição química da célula de eletronegatividade entre seus átomos origina um arranjo espacial tetraédrico e o caráter dipolar da molécula. Figura 1- Estrutura química da molécula de água. Algumas características químicas responsáveis pelas propriedades físico-químicas excepcionais e exclusivas da água são excelentes solventes e meio de interação molecular. 1.2.2 Propriedades físico-químicas da água Propriedades como o alto ponto de ebulição, de fusão e calor de vaporização, estão determinadas pela alta capacidade de formar pontes de hidrogênio e interações iônicas (FIG. 2). 104,5º O H H O HH Ligação de Hidrogênio 0,177 nm Ligação Covalente 0,0965 nm Figura 2- Ponte de hidrogênio entre duas moléculas de água. As Interações fracas, intra e inter molecular, estabilizam o arranjo tridimensional das biomoléculas no meio aquoso. 1.2.3 Conceito de pH A quantidade de prótons livres presentes numa solução aquosa pode ser avaliada através do pH ou potencial de hidrogênio, definida como o logaritmo negativo da concentração molar de prótons. pH = - log [H+] A vida na terraexiste graças á água. Destaque a importância da água para os organismos vivos. 135 Bioquímica agrícola Unidade 1 Composição química da célula 1.2.4 Solução tampão Os grupos ácidos das moléculas orgânicas são capazes de liberar prótons (H+), porém, são considerados ácidos fracos, devido à baixa constante de dissociação e à baixa capacidade de liberar H+. Porém, a ionização de um ácido fraco pode ser induzida pela presença de ácidos e bases fortes. Assim, num determinado pH, os grupos ácidos podem estar na forma ácida, não ionizada (-COOH) na forma de base conjugada, ionizada (-COO-), ou existir em ambas formas em proporções diferentes. A presença da forma ácida e da base conjugada do mesmo ácido, em proporções semelhantes no meio aquoso, origina um tampão, solução com a capacidade de manter estável o pH, ao adicionar pequenas quantidades de ácido ou base. A estabilidade do pH nessa solução se deve à alta afinidade por próton da base conjugada e aos prótons liberados durante a ionização do ácido orgânico. 1.2.5 Equilíbrio ácido-base As reações químicas, que mantêm a atividade celular, liberam continuamente subprodutos ácidos, os quais tendem a mudar a concentração de íons de hidrogênio no meio interno. Nas células musculares, o pH dos líquidos intracelulares é mais baixo que o plasma, em torno de 6,9 o qual pode chegar a diminuir a pH 6,4, após o exercício extenuante. A manutenção da concentração de íons de hidrogênio, dentro da faixa permitida nos líquidos intracelular e intersticial, depende da formação de ácido carbônico e da eliminação de CO2 nos pulmões; da eliminação de íons pelos rins e da ação tamponamento das proteínas e fosfatos intracelulares. A manutenção do pH do plasma sangüíneo entre pH 7,35 e 7,45, pelo sistema de tampão de bicarbonato é fundamental e essencial para a saúde. Porém, podem ocorrer distúrbios no equilíbrio ácido base, com diminuição do pH para menos de 7,35, como na cetoacidose diabética e na acidose láctica, ou de aumento do pH para mais de 7,45, alcalose provocada pela eliminação massiva do conteúdo gástrico de natureza ácida, ou tratamentos com diuréticos. 1.3 Ambiente iônico intracelular Os fluídos intracelulares constituem de 55 a 65% do peso corporal, já o fluído extracelular e o plasma sanguíneo de 25 a 35%. O Pesquise sobre as funções da água. E relate o efeito do suor durante o exercício físico. Desenhe os diferentes grupos químicos polares e crie um arquivo para consulta. 136 Bioquímica agrícola Unidade 1 Composição química da célula plasma sangüíneo e o fluído intersticial são mantidos numa osmolaridade próxima ao do citoplasma. No entanto, o citosol contém concentrações mais altas de biomoléculas e íons que o meio extracelular, de maneira que a pressão osmótica favorece a entrada de água. Nos fluidos intracelular e extracelular, a distribuição de água, a concentração de eletrólitos e a estabilização de pH são essenciais para a saúde. 1.3.1 Osmose A osmose refere-se ao movimento de água através de uma membrana semipermeável, causado pela diferença de pressão osmótica. As células bombeiam ativamente íons como o potássio para o interior da célula e sódio para o fluído intersticial, a fim de manter o equilíbrio osmótico. Soluções que apresentam a mesma osmolaridade são chamadas de isotônicas. Quando a célula está numa solução isotônica não ganha nem perde água, já numa solução hipertônica, com osmolaridade maior que o citosol, a água flui do citosol para a solução e a célula murcha. Em uma solução hipotônica de osmolaridade menor, a célula incha pelo excesso de água interna, e eventualmente se rompe causando a lise osmótica. As macromoléculas de armazenamento de glicose, chamadas de glicogênio, localizadas principalmente nas células hepáticas e musculares, proteínas e ácidos nucléicos têm pouco efeito na osmolaridade celular. No entanto, a quantidade massiva de glicose e sais pode provocar um aumento significativo de pressão osmótica, pouco benéfica para a atividade celular. 1.3.2 Regulação do volume celular A regulação do balanço hídrico depende dos mecanismos hipotalâmicos de controle de sede; do hormônio antidiurético liberado pela hipófise (ADH) e da função renal, retenção e excreção da água pelos rins. Uma variação de 2% na osmolaridade do fluido extracelular desencadeia a sede e a liberação do hormônio antidiurético produzido pela hipófise. Além disso, a perda de água corporal pode resultar da pouca quantidade ingerida, ou da perda massiva de água, nos casos de diarréias ou sudorese severa, na diabetes mellitus. Já o excesso de água corporal resulta do aumento do influxo de líquidos, produzido pela administração intravenosa excessiva ou diminuição da excreção. 1.4 Membranas biológicas A bicamada lipoprotéica delimita a célula do meio externo. Funciona como uma barreira hidrofóbica impermeável a íons e a moléculas 137 Bioquímica agrícola Unidade 1 Composição química da célula hidrossolúveis. Altamente seletiva no transporte de molécula é o elemento mediador de comunicação e de reconhecimento celular. Figura 3 - Bicamada lipídica das membranas biológicas. Fonte: Nelson; Cox; Lehninger, 2005. Muitos processos bioquímicos estão associados às membranas biológicas, como a respiração celular na membrana interna da mitocôndria a fotossíntese no cloroplasto, a ação de receptores específicos e a transmissão do impulso nervoso, na membrana plasmática. 1.4.1 Componentes químicos das membranas As membranas biológicas são altamente heterogêneas quanto à composição química. São constituídas por diferentes glicolipídios e fosfolipídios de natureza anfipática, organizados formando uma bicamada lipídica. Associados a diferentes tipos de proteínas e o colesterol que formam um mosaico fluido bidimensional, devido à mobilidade de seus lipídios, como pode ser visualizado na Figura 4. Figura 4 - Componentes químicos de membrana. Fonte: psicofilipe.wordpress. Membrana plasmática, 2009. 1.4.2 Propriedades físico-químicas das membranas O interior hidrofóbico da bicamada lipídica está em constante movimento devido à rotação das ligações C-C, das caudas hidrofóbicas dos ácidos graxos e as mudanças das forças de Van der Waals que estabilizam os arranjos paralelos dos fosfolipídios. O grau de fluidez da membrana está determinado pela temperatura de transição e pela natureza química desses ácidos graxos. Assim, quanto maior for o teor de ácidos graxos com 138 Bioquímica agrícola Unidade 1 Composição química da célula cadeia longa e saturada, maior será a temperatura de transição, na qual os lipídios de membrana se tornam mais fluidos. Abaixo da temperatura de transição, as cadeias estão mais ordenadas e interagem fortemente, através das interações de Van der Waals. A alteração do estado físico, pelo aumento de temperatura, deve-se à diminuição do grau de interação entre as cadeias de hidrocarbonetos, localizadas no interior da bicamada. 1.1.3 Transporte através das membranas biológicas As proteínas e lipídios das membranas biológicas interagem entre si e se movimentam na camada lipídica, gerando mudanças na conformação de receptores e transportadores. As proteínas das membranas biológicas viabilizam o transporte de diferentes moléculas polares e iônicas, solúveis em água, através da bicamada hidrofóbica. No entanto, as moléculas apolares ou hidrofóbicas pequenas, como esteróides e vitaminas lipossolúveis, difundem-se livremente através da bicamada lipídica. As proteínas controlam o fluxo de nutrientes e o fluxo de produtos de degradação, para isso dispõem de transportadores específicos, regulando, dessa forma, a composição do meio intracelular. 1.4.4 Tipos de transporte O sistema de transporteé formado por proteínas integradas na forma de um canal que atravessa a bicamada lipídica de interior hidrofílico, originando diferentes tipos de transportadores (FIG. 5). Figura 5 -Tipos de transporte facilitado mediado por proteínas. Fonte: Nelson; Cox; Lehninger, 2005. Em alguns casos, a proteína que forma o canal não se liga aos compostos transferidos, é o caso das aquarinas, que facilitam a passagem de água através das membranas. Outras proteínas transportadoras como permeasses ou translocases se ligam de forma reversível à molécula a ser transportada. 139 Bioquímica agrícola Unidade 1 Composição química da célula A velocidade de transporte é determinada pelo número e pela saturação dos sítios de ligação. Muitas permeasses são co-transportadoras quando o transporte de uma molécula depende da transferência simultânea de outra molécula, no mesmo sentido simporte, ou no sentido oposto antiporte. O transporte de compostos mediado por translocases pode ser feito a favor ou contra um gradiente de concentração. O transporte a favor de um gradiente de concentração é chamado de transporte facilitado passivo. Quando o transporte ocorre contra um gradiente de concentração, é chamado de transporte ativo. A energia para o transporte ativo é obtida da energia gerada na hidrólise de uma ligação fosfoester de ATP ou do gradiente eletroquímico gerado no bombeamento de prótons. O transporte de macromoléculas, tais como: proteínas, ácidos nucléicos, polissacarídeos, entre outras, é feito através de endocitose e exocitose. Nesses processos, os componentes são transportados por vesículas delimitadas por membranas, formadas por invaginação ou evaginação da membrana plasmática. 1.5 Aspectos nutricionais Células, tecidos, órgãos e indivíduos, precisam dos nutrientes adquiridos na alimentação para manter-se ativos. Os carboidratos, os lipídios e as proteínas, chamados de macronutrientes, fornecem a energia necessária para realizar a atividade celular e as subunidades necessárias para a síntese dos constituintes celulares. Já os micronutrientes, vitaminas e minerais, atuam como moduladores ou biorreguladores dos processos metabólicos que comandam a atividade celular. A nutrição, como ciência, avalia os requisitos qualitativos e quantitativos da alimentação, necessários para a manutenção da saúde. Os requisitos nutricionais variam de acordo com a idade, sexo e estilo de vida do individuo. A bioquímica metabólica permite o entendimento dos conceitos modernos da nutrição e dos tipos de recursos nutricionais requeridos para cada condição de atividade metabólica. Na prática, a pirâmide alimentar nos permite visualizar de forma rápida, os tipos de alimento, as quantidades e as proporções necessárias para obter uma dieta alimentar saudável. Por outro lado, de maneira geral, um peso corporal constante é um bom indicativo de que a energia existente na alimentação é suficiente para as necessidades imediatas. Em condições de equilíbrio energético ou balanço calórico, as calorias ingeridas na dieta são iguais ao consumo de energia. No entanto, os requisitos nutricionais essenciais são definidos em função das moléculas não sintetizadas pelo organismo e que necessariamente devem ser Verifique a relação que existe entre a composição química de lipídios e a tem- peratura ambiental. 140 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas ingeridas diariamente. Isto inclui aminoácidos, ácidos graxos insaturados, vitaminas, minerais, água e fibras na dieta alimentar, além da fonte de energia, proveniente de carboidratos ou lipídios e eventualmente de proteínas. A energia consumida por um indivíduo depende de quatro fatores: a) taxa metabólica basal, gasto energético para manter as funções fisiológicas sob condições de repouso b) efeito termogênico, energia gasta no processo digestivo c) atividade física, variável principal que altera o gasto energético d) temperatura ambiental: temperaturas baixas e altas causam aumento do gasto energético devido ao resfriamento corporal. É importante também lembrar que a ingestão alimentar deve estar de acordo com as necessidades calóricas de cada indivíduo, de acordo com a idade, sexo, estilo de vida e atividades físicas realizadas. De modo geral, considera-se uma dieta alimentícia de baixas calorias o consumo de 1600kcal, média a de 2200kcal e de alto potencial calórico a de 2800kcal. Uma nutrição adequada é um dos fatores determinantes no preparo físico e no desempenho atlético. Atletas, em geral, necessitam de uma maior quantidade de calorias, de um volume maior de líquidos e de pequenas quantidades adicionais de proteínas, vitaminas e minerais. O bom hábito alimentar é primordial, não existe nenhum alimento ou substância química, que substitua a habilidade motora e o treinamento físico, porém a boa nutrição melhora o condicionamento físico. A manutenção e a vitalidade dos organismos requerem a conservação e a reposição equilibrada dos componentes químicos e das biomoléculas. A água e concentração de íons são determinantes para a conservação da vida. Unidade 2 Estrutura-química e função das biomoléculas Síntese: estudaremos agora as características das biomoléculas, as proteínas e aminoácidos, os carboidratos, lipídios, ácidos nucléicos e síntese de proteínas. 2.1 Características das biomoléculas São constituídas de C, H, O e N, tendo como elemento químico principal o átomo de carbono. A característica química é definida pela composição e proporção desses elementos químicos, pelos tipos de ligação química, covalentes e fracas, pelos tipos de grupos funcionais e pelo arranjo tridimensional no meio aquoso. A conformação das biomoléculas é crucial para a atividade biológica. 141 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas 2.2 Proteínas e aminoácidos As proteínas são os biopolímeros mais abundantes e importantes nos sistemas biológicos, correspondem de 25 a 30% do peso seco da célula. São altamente diversas na forma, tamanho e função e participam na maioria dos processos biológicos, tais como: catálise enzimática, transporte, reserva nutricional, hormonal, defesa, mecânica e estrutural. O aspecto funcional e estrutural das proteínas está relacionado com a sequência dos aminoácidos ao longo do esqueleto carbônico, com o nível de organização estrutural e com o arranjo espacial tridimensional. A estrutura química básica dos aminoácidos apresenta um átomo de carbono assimétrico ou carbono alfa, unido a quatro grupos químicos diferentes por ligação covalente simples (FIG. 6). Figura 6 - Estrutura química básica dos aminoácidos. São vinte os aminoácidos primários que formam parte das proteínas funcionais e estruturais, e se diferenciam pelo radical, que pode ser: alifático ou aromático; polar ou neutro; ácido ou básico; hidrofílico ou hidrofóbico; com ou sem afinidade pela água, respectivamente. A cadeia polipeptídica de proteínas origina-se pela condensação de aminoácidos unidos por ligação covalente do tipo amida ao interagir o grupo alfa carboxílico (-COOH) do primeiro aminoácido com o grupo amino (-NH3 +) do segundo aminoácido, com a perda de uma molécula de água (FIG. 7). As proteínas são altamente heterogêneas quanto à função, composição, forma e nível de organização espacial da estrutura molecular. Nas proteínas funcionais incluem-se as proteínas transportadoras, as enzimas, as de defesa e as de Pesquise e faça um paralelo entre o consumo de calorias e atividade física. Aminoácidos Ácidos Aminoácidos Hidrófobos Aminoácidos Básicos Aminoácidos Polares ArgininaLisina Histidina Ácido Glutâmico Ácido Aspártico Treonina Cisteína Asparagina TirosinaGlutaminaSerinaGlicina TriptófanoFenilalaninaMetionina Alanina Valina Prolina COOH HN-C-H HC2 CH2 CH2 CH3 CH2 +H N -C-H3 COOH H C-CH3 IsoleucinaLeucina CH2 CH3H C3 CH +H N -C-H3 COOH CH3H C3 CH +H N -C-H3 COOH +H N -C-H3 COOH CH3 +H N -C-H3 COOH +H N -C-H3 COOH +H N -C-H3 COOH CH2 CH CHN H CH2CH2 CH2 CH3 S CH2 +H N -C-H3 COOH OH CH2 H +H N -C-H3 COOH +H N -C-H3 COOH CH2 O NH2 C +H N -C-H3 COOH CH2 OH +H N -C-H3 COOH NH2 C CH2 NH2O +H N -C-H3 COOH +H N -C-H3 COOH HC-OH Ch3 CH2 SH +H N -C-H3 COOH NH2 C CH2 NH2O +H N -C-H3 COOH NH2 C CH2 NH2O CH2 +H N -C-H3 COOH CH2 CH2 CH2+NH3 +H N -C-H3 COOH CH2 CH2 CH2 NH C NH2 +2HN CH2 C +H N -C-H3 COOH C H HC HNHN Figura 7 - Principais classes dos aminoácidos. 142 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas reserva nutricional. Entre as proteínas estruturais, temos as proteínas que promovem a sustentação estrutural das células e tecidos, como o colágeno e a queratina. Conforme sua composição, temos: proteínas simples, constituídas somente por aminoácidos, e proteínas conjugadas, formadas por uma cadeia polipeptídica de aminoácidos unida a outros grupos químicos como lipídios, carboidratos, coenzimas, protoporfirinas ou metais, denominados grupos prostéticos. Segundo o número de cadeias polipeptídicas, temos as proteínas monoméricas, com uma cadeia polipeptídica, e as proteínas oligoméricas, formadas por mais de uma unidade ou monômeros, proteínas de estrutura e função complexa. Quanto à sua forma, temos proteínas fibrosas, de estrutura espacial alongada e fibrilar; e proteínas globulares, de forma esférica ou globular. 2.2.1 Organização estrutural das proteínas As proteínas possuem vários níveis de organização espacial. A estrutura primária, seqüência dos aminoácidos ao longo da cadeia polipeptídica é pré-definida pela informação genética, armazenada na seqüência de nucleotídeos do DNA. A estrutura primária de uma proteína pode variar quanto à composição, número ou seqüência de aminoácidos. A estrutura primária é degradada por hidrólise enzimática de proteases ou peptidases, as quais quebram as ligações peptídicas liberando peptídeos menores ou aminoácidos livres, ou por hidrólise química, utilizando 1M de ácido clorídrico a 100°C por 24 horas. A estrutura primária é o arranjo estrutural mais simples e importante na organização estrutural, pois a partir dele se derivam os outros arranjos espaciais, a estrutura secundária, terciária e quaternária (FIG. 9). Estrutura primária Residuos de aminoácidos Estrutura secundária alfa-hélice cadeia polipetídica Subunidade montadas Estrutura terciária Estrutura quatemária Lys Gys Gys Lea Lea Val Aut His �gura 9 veri�car o texto da legenda Figura 9 - Níveis de organização da estrutura tridimensional. Fonte: Nelson; Cox; Lehninger, 2005. C O OH CH H N H H + C O OH CH H N H H H2O C OCH H N H H C O OH CH H N H Ligação Peptídica C-Terminal N-Terminal Dipeptídeo Procure conhecer as diferentes funções dos aminoácidos modificados. Figura 8 - Formação da ligação peptídica. 143 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas A estrutura secundária é o arranjo espacial dos aminoácidos, já na estrutura primária, originada pela rotação do esqueleto carbônico nos carbonos adjacentes à ligação peptídica, a interação espacial e de carga entre os radicais dos aminoácidos, próximos entre si na cadeia polipeptídica, e a interação com o meio aquoso. Observam-se dois arranjos possíveis na estrutura secundária. Alfa hélice, a forma mais comum, caracteriza- se pela formação de uma hélice em espiral formada a cada 3,6 resíduos de aminoácidos por volta, onde as cadeias laterais dos aminoácidos se localizam na parte externa da hélice, evitando o impedimento espacial entre os átomos. A α-hélice é estabilizada por pontes de hidrogênio entre as ligações peptídicas. A folha beta, folha pregueada, ou estrutura-β, envolve 2 ou mais segmentos da molécula, os quais adotam arranjos paralelos ou antiparalelos estabilizados por pontes de hidrogênio entre as ligações peptídicas na posição paralela. A estrutura terciária refere- se ao arranjo espacial da cadeia polipeptídica em estrutura secundária, enovelada ou enrolada em forma globular ou esférica, forma tridimensional originada pela interação entre os diferentes radicais dos aminoácidos e a interação desses com o meio aquoso. A estrutura terciária é estabilizada por diferentes tipos de interações intermoleculares, pontes de hidrogênio, hidrofóbicas, iônicas, de Van der Waals, íon metálico e pontes de dissulfeto (FIG. 10). Figura 10 - Interações intermoleculares. Fonte: Forças intermoleculares, s.d. A estrutura terciária pode apresentar diferentes regiões ou domínios com características estruturais e funcionais definidas, os quais geralmente são sítios de interação ou de regulação. A combinação de vários segmentos, em arranjo secundário na estrutura terciária, é denominada de motivos, que são chamados de meandros, chave grega, combinações de segmentos hélice-alça, volta–hélice ou unidades β-α-β. Na estrutura quaternária, o arranjo espacial das proteínas oligoméricas é originado pela distribuição espacial de mais de uma cadeia polipeptídica ou subunidade Explore sites, livros ou documentários sobre a estrutura de proteínas. 144 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas que é estabilizada por ligações fracas entre os radicais dos aminoácidos de cadeia polipeptídica diferente. 2.2.2 Enovelamento das proteínas O processo de enovelamento é um processo complexo que ocorre logo após a síntese da cadeia polipeptídica. Além das possíveis interações entre os grupos funcionais dos aminoácidos e a interação com o meio aquoso, há participação de outras proteínas especializadas: as chaperonas e enzimas, tais como, as Cis-trans-prolil isomerases, enzimas que catalisam a conversão entre ligações cis e trans de resíduos de prolina, na procura da configuração mais adequada dessas ligações. Proteínas- disulfeto isomerases facilitam o arranjo ideal das ligações de disulfeto. O arranjo espacial da estrutura secundária, terciária e quaternária das proteínas é essencial na atividade biológica da proteína. Qualquer desarranjo parcial ou total dessas estruturas provoca a perda da função biológica ou a desnaturação protéica. Os agentes desnaturantes mais comuns são: o calor, detergentes, extremos ácidos ou básicos de pH, metais pesados e sustâncias químicas de alta toxicidade. 2.3 Carboidratos Os carboidratos, também conhecidos como glicídios ou sacarídeos, são as biomoléculas mais abundantes na natureza em relação à quantidade de massa produzida. São sintetizados, principalmente pelos vegetais a partir do CO2 atmosférico e pela energia química obtida durante a fotossíntese. Eles desempenham uma função energética como fonte e reserva de energia celular. O glicogênio é a fonte de reserva nos animais, o amido nos vegetais, ambos polímeros de glicose. Também têm função estrutural e de proteção, a celulose forma a parede celular de vegetais e a quitina o exoesqueleto de insetos e crustáceos. Já os glicoconjugados, carboidratos associados a proteínas e lipídios, exercem função estrutural e funcional, como lubrificantes de articulações, sítios de reconhecimento molecular e de interação entre moléculas e células. 2.3.1 Estrutura química e características físicas dos monossacarídeos Quimicamente são formados de subunidadesde poliidroxialdeídos ou poliidroxicetona contendo três a sete átomos de carbono, e um grupo aldeído no C1 ou um grupo cetona no C2, seguidos de esqueletos carbônicos hidratados. O esqueleto carbônico dos monossacarídeos é linear, sem ramificações tridimensionais e apresenta um ou mais centros quirais ou Pesquise o sobre a estrutura - função da hemoglobina. 145 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas carbono assimétrico, o qual possibilita a formação de isômeros. O número possível de estereoisômeros pode ser estimado utilizando a relação 2n, onde o número 2 representa as configurações dos isômeros ópticos D e L e “n” o número de centros quirais. Assim, a aldohexose, com quatro centros quirais, forma 16 configurações diferentes. No entanto, as configurações biologicamente ativas, sintetizadas pelos organismos vivos são as oito do tipo D. As estruturas químicas dos monossacarídeos são representadas de forma linear, projeção de Fisher, ou pela estrutura cíclica, projeção de Haworth. No meio aquoso, os açúcares de cinco, seis e sete carbonos formam estrutura cíclica, originada pela interação da carbonila do C1 com a hidroxila do C5, denominada de pirano. O rearranjo cíclico dessa aldohexose acarreta a formação de um novo centro quiral, denominado carbono anomérico, e os isômeros α-D-glicopiranose e β D-glicopiranose, como se pode ver na Figura 10. Anomêros que se diferenciam, pela posição da hidroxila em relação ao plano do anel, alfa na posição inferior e beta acima. Nas cetoses as formas anoméricas α e β, a hidroxila do C5 reage com a carbonila do C2, formando um anel furanosídico. As estruturas cíclicas por sua vez adotam as conformações de cadeira ou bote, sendo a conformação de cadeira a mais estável no meio aquoso. O H OH OH OH OH H H2COH H H Axis Figura 11 - β D - Glicopiranose. Uma das propriedades físicas mais relevantes na interação molecular é a estereoespecíficidade, a capacidade das biomoléculas de reconhecer a configuração e conformação. Os organismos vivos contêm uma variedade de açúcares derivados das modificações químicas e enzimáticas, os açúcares oxidados, fosforilados, acetilados, aminados, metilados e desoxi-açúcares. 2.3.2 Dissacarídeos Os monossacarídeos se combinam originando diversos tipos de açúcares, os quais se diferenciam pelo tipo de subunidade presente, tipos de ligação glicosídica e, consequentemente, pelas propriedades químicas e a função biológica. A ligação covalente que une as subunidades ou ligação glicosídica 146 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas origina-se pela condensação da hidroxila do C1 da primeira subunidade, com a hidroxila da segunda subunidade, a qual pode estar localizada no C1, C3, C4 ou C6, originando dissacarídeos como: sacarose, α D Glicose-β D frutose (α1-β2), lactose, β-D-Galactose-glicose β(1-4), trealose, αGlicose- glicose α (1-1). 2.3.3 Polissacarídeos Também denominados de glicanos, incluem os homopolissacarídeos, heteropolissacarídeos, glicosaminoglicanos e peptideoglicanos, entre outros. Polissacarídeos diferem entre si no tipo de subunidade que apresentam tipo de ligação glicosídica, comprimento das cadeias e tipo de ramificação. Não têm massa definida, como as proteínas, e a sequência de subunidades é definida pelas enzimas que catalisam a polimerização, que por sua vez depende da informação genética contida no DNA. Os homopolissacarídeos contêm um único tipo de subunidade monomérica. Dentro deles, temos amido e glicogênio, ambos polímeros de glicose com ligações glicosídicas α 1-4 e ramificações de α 1-6. O glicogênio, polímero de armazenamento de glicose, é encontrado principalmente no fígado e no tecido muscular, já o amido encontra-se em tubérculos, como batata, mandioca e sementes, como o grão de milho e de arroz. Os heteropolissacarídeos contêm dois ou mais tipos diferentes de subunidades com ligações glicosídicas de tipo β. São polímeros extracelulares que têm a função de dar suporte aos tecidos ou ao envoltório celular de bactérias. No tecido animal, a matriz extracelular é formada por vários tipos heteroplissacarídeos, os glicosaminoglicano constituídos de ácido glicourônico e N-acetilglicosamina e os proteoglicanos constituídos de heteropolimeros sulfatados associados a proteínas. 2.3.4 Glicoproteínas e glicolipídios São os únicos componentes celulares que contêm cadeias de oligossacarídeos com informação biológica. A informação biológica é determinada pela seqüência de monossacarídeos, tipo de ligação glicosídica e a forma conformacional da molécula no meio aquoso. As proteínas e os lipídios associados aos oligossacarídeos formam parte das membranas biológicas, desempenhando funções como reconhecimento e adesão celular, marcadores de tempo de vida e de localização, enovelamento da estrutura terciária de proteínas, determinação de grupos sangüíneos. 147 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas 2.4 Lipídios Os lipídios, diferentemente de outras biomoléculas, não apresentam uma subunidade básica, são definidos com base na solubilidade em solvente orgânico devido ao seu caráter hidrofóbico ou apolar. São altamente heterogêneos derivados dos ácidos graxos ou do isopreno. Os lipídios exercem importantes funções biológicas como: componentes de membranas biológicas, glicerofosfolipídios e esfingolipídios, sinalização biológica, vitaminas, hormonal, isolantes elétricos e térmicos. Constituem a principal reserva energética animal, armazenada principalmente em forma de triacilglicerois ou gorduras, no tecido adiposo. As características químicas e funcionais dos lipídios nos permitem entender as propriedades das membranas biológicas e os desajustes metabólicos observados na área biomédica, como arteriosclerose, xeroftalmia, osteoporose, formação de radicais livres e outras doenças degenerativas. 2.4.1 Ácidos graxos Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos com cadeias longas de hidrocarboneto, presentes nos lipídios como: triacilgliceróis, ceras, glicerofosfolipídios e esfingolipídios. Os ácidos graxos mais comuns são o ácido palmítico C16:0 e esteárico C18:0, com esqueleto carbônico contendo ligações covalentes simples saturadas. Já outros ácidos graxos como oléico C18:1 ∆9, linoléico C18:2 ∆9-12, linolênico C18:3 ∆9,12,15, e araquidônico C20:4 ∆ 4, 8,11,14 . Ácidos graxos insaturados ou com duplas ligações no esqueleto carbônico são denominados popularmente de ômega. Essa nomenclatura química considera a localização da dupla ligação a partir da última metila da cadeia carbônica. Ex. no ácido linoléico C18 ∆9-12, o carbono dezoito é o carbono ômega e a posição da insaturação a partir desse carbono é a sexta posição ou seja ômega 6. As cadeias carbônicas dos ácidos graxos saturados, altamente reduzidos são lineares, sem ramificações e adotam no meio aquoso, conformações flexíveis paralelas, estendidas, monocamadas ou esféricas, onde as carboxilas, cabeças polares, interagem com a água, e as caudas hidrofóbicas localizam-se no interior da molécula. A organização molecular dos ácidos graxos saturados com cadeias carbônicas paralelas é estabilizada por forças de Van der Waals. Confere aos triacigliceróis, com esse tipo de composição, um alto ponto de fusão, característica físico-química que diferencia as gorduras, de consistência sólida à temperatura ambiente, dos óleos, líquidos à temperatura ambiente. Pesquise sobre a natureza química das fibras e a sua importância na saúde. 148 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas 2.4.2 Triacilgliceróis Também denominados de triesteres e popularmente como gorduras ouóleos. Os triacilgliceróis apresentam em sua composição, uma molécula de glicerol ou propanotriol e três moléculas de ácido graxo. Molécula altamente hidrofóbica, insolúvel em água, originada pela condensação de cada hidroxila do glicerol com o grupo carboxílico do ácido graxo. A biossíntese de triacilgliceróis nos organismos vivos se realiza principalmente no fígado, no tecido adiposo e nas glândulas mamárias, tecidos onde se localizam as reservas de energia do organismo animal. Os triacilgliceróis diferem quanto à composição e às características dos ácidos graxos que o compõem, sendo estes, heterogêneos quanto aos tipos de ácidos graxos, número de átomos de carbono e número de insaturações. Os triacilgliceróis são denominados quimicamente de acordo com as posições dos resíduos de ácido graxo na molécula de glicerol. Assim um triacilglicerideo que contêm ácido palmítico no carbono 1, linoléico, no carbono 2 e esteárico, no carbono 3 é denominado quimicamente como: 1-palmitoil-2-linoleoil-3 estearoilglicerol. 2.4.3 Glicerofosfolipídios Eles são o principal componente das membranas biológicas, constituídos de duas moléculas de ácidos graxos esterificados e uma molécula de glicerol fosfato, que está ligado a outro grupo polar, derivado de uma molécula de álcool, como etanolamina, colina, serina, glicerol, fosfatidilglicerol, radicais que dão a denominação química a cada um desses fosfolipídios, fosfatidilserina, fosfatidilcolina etc. São moléculas de natureza química anfipática, por conterem radicais hidrofílicos e hidrofóbicos. Os glicerofosfolipídios das membranas biológicas são hidrolisados pela ação de diferentes fosfolipases, as quais rompem as ligações éster ou fosfoéster liberando um ácido graxo da posição 1 ou 2, e o lisofosfolipídio correspondente. Os produtos de degradação, liberados pelas diferentes fosfolipases, o glicerolfosfato e o derivado álcool, como inositol têm a função de sinalizadores químicos intra e extracelulares. Por exemplo, o lisofosfatidico (1-acilglicerol-3-fosfato), produzido pela hidrolise de lipídios de membrana nas plaquetas sanguíneas ou nas células danificadas, estimula o crescimento celular durante o mecanismo de reparo celular. O 1-2 diacilglicerol, produto de hidrólise da fosfolipase C, exerce uma função sinalizadora intracelular que ativa a proteína quinase, enzima que catalisa a reação de fosforilação de enzimas reguladoras nas diferentes vias metabólicas. 149 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas 2.4.4 Esfingolipídios Eles são componentes das membranas biológicas derivados da esfingosina, um aminoálcool de cadeia carbônica longa, C18, com uma insaturação no C14 e de configuração trans. A esfingosina se combina por sua vez com um ácido graxo, o qual se une ao C2 por uma ligação amida, formando derivados denominados de ceramidas, molécula comum aos esfingofosfolipídios e esfingoglicolipídios. A esfingomielina ou esfingofosfolipídio é componente da bainha de mielina, membrana que reveste e isola eletricamente os axônios, das células nervosas. Dentro dos esfingoglilipídios temos também, os cerebrosídeos e gangliosídeos, glicolipídios que compõem as membranas biológicas no tecido nervoso, principalmente do cérebro. No entanto, também são encontrados em pequena proporção em outros tecidos onde desempenham funções de receptores hormonais ou sítios de reconhecimento e de diferenciação celular, modulando a atividade das proteínas quinases e fosfatases. 2.4.5 Esteroídes Eles são moléculas derivadas do ciclopentanoperidrofenantreno, um composto cíclico de quatro anéis fusionados ou núcleo esteróide. Razão pelo quais os lipídios derivados dessa estrutura cíclica são todos denominados de esteróides. Dentro desse grupo de lipídios temos: o colesterol, lipídio presente nas membranas biológicas o qual contém um agrupamento hidroxila no C3, uma cadeia alifática de sete carbonos no C17 e dois agrupamentos metil no C13 e C10. Lipídio de caráter anfílico que fornece a rigidez às membranas biológicas. O colesterol também pode ser encontrado na forma esterificada, com um ácido graxo no C3, ou éster de colesteril, acoplado as gorduras de origem animal. Nos mamíferos, o colesterol é precursor metabólico dos hormônios esteróides e da bílis. Incluem-se dentro dos esteróides, os glicocorticoides, como o cortisol, hormônio relacionado com o metabolismo de proteínas e carboidratos e outras funções como estresse e reações inflamatórias. As aldosteronas e os mineralocorticoides que regulam a excreção de sal e água pelos rins. Os androgênios como a testosterona e estrogênios. São hormônios sexuais masculinos e femininos, respectivamente. A vitamina D, ou colecalciferol, é sintetizada a partir do 7-deidroxicolecalciferol, por meio da ação fotolítica da luz UV, na epiderme dos animais. As formas inativas D2 e D3, são ativadas por hidroxilação. A primeira ativação, no C1, no fígado e a segunda no rim no C25, originando a forma ativa da vitamina D, o 1-25 diidroxicolecalciferol, molécula que tem a função hormonal de induzir a expressão gênica da proteína transportadora de 150 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas cálcio, promovendo assim a absorção intestinal do cálcio ingerido na dieta alimentícia. A deficiência da vitamina D ocasiona raquitismo em crianças. 2.4.6 Isoprenoides Eles são lipídios derivados do isopreno. Dentro desse grupo se encontram a vitamina A e E com propriedades antioxidantes e a vitamina K, que participa da coagulação sanguínea. 2.4.7 Eicosanoides Lipídios derivados do ácido araquidônico, ácido graxo poliinsaturado de 20 átomos de carbono e quatro duplas ligações, presente nos fosfolipídios das membranas biológicas, o qual é liberado pela ação da fosfolipase A2. O resíduo de ácido araquidônico, liberado ao citosol é precursor de síntese de diferentes tipos de eicosanóides, prostaglandinas, prostraciclinas, tromboxonas e leucotrienos, produzidos nos diferentes tecidos, associados aos processos inflamatórios, regulação da pressão arterial; coagulação sanguínea, surgimento da dor e febre. 2.5 Ácidos nucléicos e síntese de proteínas A informação genética de cada organismo vivo está codificada na seqüência de nucleotídeos dos ácidos nucléicos, DNA e RNA. O armazenamento e a expressão da mensagem genética contida no DNA definem e distinguem cada espécie e assegura a continuidade da informação nas gerações sucessivas. A capacidade das células vivas de preservar o material genético para a geração seguinte resulta da complementaridade estrutural entre as duas fitas poliméricas de DNA, que formam a dupla hélice dessa molécula. A habilidade de armazenar e transmitir a informação genética de uma geração para a próxima é uma condição fundamental para a vida. 2.5.1 Ácidos nucléicos Tanto DNA como RNA, estão constituídos de cadeias de nucleotídeos, ligados covalentemente por ligação fosfodiéster formada, entre o grupo 5’-hidroxila de uma unidade nucleotídica e o grupo 3’-hidroxila do nucleotídeo seguinte. Dessa forma, os esqueletos covalentes dos ácidos nucléicos estão formados de resíduos fosfatos e pentoses alternadas; sendo as bases nitrogenadas consideradas grupos laterais. As moléculas de DNA são as maiores macromoléculas presentes nas células, contudo estas são compactadas e condensadas nos cromossomos, presentes no núcleo das células de eucariontes. No genoma humano são 151 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas 23 cromossomos, 3 bilhões de pares de base com um comprimento em torno de 1m. Sendo que cada cromossomo está constituído de uma única molécula linear de DNA e proteína. O gene, a unidade fundamental da informação genética nos organismos vivos,é definido bioquimicamente como um segmento de DNA que codifica a informação requerida para a síntese de um produto biológico funcional, ou seja, genes são segmentos de DNA que codificam cadeias polipeptídicas e RNAs, a porção do cromossomo que determina ou afeta um único caráter ou fenótipo, propriedade visível, como a cor dos olhos. O RNA possui uma grande gama de funções. Os RNAs ribossômicos (rRNA) são componentes estruturais dos ribossomos. Os RNAs mensageiros (mRNA) são intermediários que transportam a informação genética de um ou de poucos genes até o ribossomo. Os RNAs transportadores ou de transferência (tRNA) são moléculas responsáveis por levar os aminoácidos (aa) até os ribossomos, traduzindo fielmente a informação presente no mRNA em uma seqüência específica de aminoácidos. O RNA, devido a sua natureza de fita simples, é uma molécula dinâmica, que fornece suporte estrutural e catalítico nos processos que decodificam a informação genética, durante a síntese de proteínas. O elo entre o DNA e as proteínas é o RNA. De acordo com o chamado dogma central da biologia molecular, formulado por Crick em 1958, o DNA dirige sua própria replicação e transcrição, formando um RNA de seqüências complementares. A sequência de bases no RNA é traduzida na seqüência correspondente de aminoácidos, formando as proteínas. 2.5.2 Nucleotídeos Os nucleotídeos, a subunidade dos ácidos nucléicos, possuem uma variedade de funções no metabolismo celular, como elos químicos essenciais na resposta das células aos hormônios, componentes estruturais de co-fatores enzimáticos e de intermediários metabólicos. O nucleotídeo de função metabólica, mais conhecida é a adenosina trifosfato (ATP), um nucleotídeo que contém adenina, ribose e um grupo trifosfato. O OH H OH H HH CH2P OO O- O- P OO O- O- P OO O- O- N HC N C C N C N CH CH2 Figura 12- O ATP, o nucleotídeo de adenina trifosfato. Pesquise sobre as funções do colesterol. Leia, resuma e apresente no ambiente virtual tudo o que você aprender sobre as vitaminas lipossolúveis e sua função. 152 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas O ATP é, normalmente e equivocadamente, classificado como molécula que armazena energia, contudo o termo preciso seria carregador ou transmissor de energia, pois todos os organismos o utilizam como carregador de energia, sugerindo que a função do ATP foi estabelecida nos primórdios da evolução. As moléculas que contêm nucleotídeos na sua estrutura, que se destacam pela sua universalidade são a flavina-adenina-dinucleotídeo (FAD+), a nicotinamina-adenina-dinucleotídeo (NAD+), sendo que estas duas moléculas participam nas reações de Óxido-redução, e a coenzima A (CoA), que possui uma função central no metabolismo. Os nucleotídeos, presentes no DNA e RNA, possuem três componentes: (1) uma base nitrogenada, (2) uma pentose, um açúcar de cinco carbonos, e (3) um fosfato. As bases nitrogenadas são moléculas derivadas da pirimidina e purina. Já às pentoses são de dois tipos, a 2’-desoxi-D-ribose, na molécula de DNA e D-ribose no RNA. Sendo que os dois tipos de pentoses estão na sua forma β-furanosídica. Tanto o DNA como RNA contêm duas bases purínicas, adenina (A) e guanina (G), e duas pirimidínicas, contudo uma delas é diferente para o DNA e para RNA. Para o DNA temos citosina (C) e timina (T), para o RNA temos uracila (U) e citosina (C), esta última é comum para as duas moléculas. Raramente a timina ocorre no RNA ou a uracila no DNA. 2.5.3 Estrutura do DNA Na determinação de estrutura helicoidal do DNA por James Watson e Francis Crick, em 1953, foi possível revelar que as duas cadeias polinucleotídicas formam uma dupla hélice. As duas fitas de DNA são antiparalelas, ou seja, possuem direções opostas, mas cada uma forma uma hélice para o lado direito. As bases ocupam o centro da hélice, e as cadeias de açúcar-fosfato estão dispostas na periferia, minimizando a repulsão entre os grupos fosfatos carregados. Cada base está ligada a uma base da fita oposta por meio de pontes de hidrogênio. Cada resíduo de adenina forma par com um resíduo de timina; e cada resíduo de guanina forma par com um resíduo de citosina. Processo denominado pareamento das bases complementares, o qual resulta na associação especifica das duas fitas da cadeia dupla. Ou seja, as duas fitas são distintas e complementares entre si. Na estrutura do DNA, com bases complementares, cada fita pode atuar como um molde para a síntese de sua fita complementar e, consequentemente, a informação hereditária está codificada na seqüência de bases em qualquer das duas fitas. Pesquise as funções do ATP nos sistema biológicos. Todos os organismos utilizam o ATP como um carregador de energia, isto sugere que a função do ATP foi estabelecida nos primórdios da evolução. Visualize a dupla hélice do DNA, disponível na internet. 153 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas 2.5.4 Síntese e replicação do DNA Os mecanismos de replicação em eucariontes e em procariontes são bastante semelhantes, apesar de o sistema eucariótico ser mais complexo. No entanto, as propriedades fundamentais do processo de replicação do DNA e os mecanismos usados pelas enzimas são essencialmente idênticos em todos os organismos. A replicação do DNA é governada por um conjunto de regras fundamentais. Cada fita do DNA funciona como molde para a síntese de uma nova fita, produzindo duas novas moléculas, cada uma com uma fita nova e uma velha, sendo assim uma replicação semiconservativa. Para iniciar a replicação, as fitas molde são primeiramente separadas em uma região específica e desenroladas por uma helicase. O DNA é replicado por enzimas conhecidas como DNA- polimerases, utiliza o DNA de fita simples como molde para catalisar a síntese da fita complementar a partir de desoxinucleosídeos trifosfatados. Os nucleotídeos incorporados são selecionados pela sua habilidade em formar pares de bases com a fita molde para que assim possa formar uma dupla hélice. Quase todas as DNA-polimerases conhecidas podem adicionar nucleotídeos somente ao grupo livre 3’-OH de um polinucleotídeo pareado. Desta forma, uma nova fita de DNA é sempre sintetizada na direção 5’→3’, com a extremidade 3’ livre, sendo o local onde o DNA é alongado. A fita líder, ou contínua, é aquela em que a síntese prossegue na direção 5’→3’, na mesma direção do movimento da forquilha de replicação. A fita descontínua ou atrasada é aquela em que a síntese 5’→3’ prossegue na direção oposta à direção do movimento da forquilha. Posteriormente, os fragmentos são ligados de modo covalente pela enzima DNA-ligase. A alta fidelidade da replicação do DNA é alcançada pela regulação dos níveis de dNTP, nucleotídeos trifosfato; a necessidade de iniciadores de RNA; a correção de leitura 3’→5’ e o mecanismo de reparo do DNA. Contudo, a síntese de uma molécula de DNA pode apresentar falhas ou alterações hereditárias da informação genética. As mutações podem alterar as instruções para produção de componentes celulares. Estas podem ser causadas por fatores ambientais, como radiações ionizantes (UV), também conhecidos por agentes mutagênicos, sendo que muitos destes são carcinogênicos. 2.5.5 Síntese de proteínas A polimerização dos aminoácidos que origina a cadeia polipeptídica de proteína é catalisada pela enzima, peptídeo sintetase, que ocorre nos ribossomos, com a participação do RNA mensageiro e do RNA de transferência. Os aminoácidos ligados ao t-RNA se associam à fita m-RNA, segundo a informação armazenada na sequência de nucleotídeos, Procure saber qual é dogma central do fluxo da informação genética. Procuresaber sobre os agentes mutagênicos e suas implicações na saúde. 154 Bioquímica agrícola Unidade 2 Estrutura - química e função das biomoléculas onde a leitura da seqüência é feita na direção 5′ a 3′. E dessa forma é gerada a tradução da informação genética, na seqüência de aminoácidos, ou processo de decodificação do RNAm. A seqüência de nucleotídeos no DNA está relacionada com a seqüência de aminoácidos da proteína através do código genético. As quatro bases nitrogenadas com um código de três bases nucleotídicas produzem 64 códons para expressar os vinte aminoácidos e a finalização de síntese. Assim, o códon 5′-CAU-3′ codifica a histidina enquanto o 5′- AUG-3′ codifica a metionina. Para que ocorra a síntese da cadeia polipeptídica, o processo de tradução requer a presença de todos os aminoácidos a ser inserido na cadeia peptídica, o RNA mensageiro: o RNA de transferência, os ribossomos funcionais, a fonte de energia, as enzimas e os fatores protéicos de iniciação, elongação e terminação. Esses elementos se associam formando uma verdadeira linha de montagem de proteínas. O RNA de transferência apresenta um sítio de união do aminoácido específico que carrega no 3′-terminal, forma ativada. Também possui uma seqüência de três bases ou anticódon, o qual reconhece o códon específico no RNAm. Os ribossomos são complexos de proteínas e RNA ribossômico, constituídos de várias subunidades designadas pelos seus valores de sedimentação, as subunidades 80S, 60S, 40S, 28S e 16S. O ribossomo possui dois sítios de união para as moléculas de RNAt, os sítios A e P. No sítio A se une o aminoacil-RNAt e o sítio P é ocupado pelo peptidil-RNAt, que transporta a cadeia peptídica que está sendo sintetizada. A energia requerida para síntese é equivalente a clivagem de quatro ligações fosfoester, onde 2 ATP são gastos para união do aminoácido ao RNAt, reação catalisada pela aminoacil-RNAt-sintase e 2GTP para união do aminoacil-RNAt ao sítio A e a movimentação do ribossomo ou translocação. A síntese da proteína ocorre em três etapas: iniciação, elongação e terminação. Na etapa inicial ou iniciação, os componentes do sistema de tradução se associam, sendo esses as duas subunidades ribossômicas, o RNAm a ser traduzido, o aminoacil-RNAt, específico ao primeiro códon da mensagem, o GTP e os fatores de iniciação. Na etapa de elongação da cadeia polipeptídica, se adiciona um aminoácido à extremidade carboxílica da cadeia polipeptídica em formação, onde a formação da ligação peptídica é catalisada pela peptidiltransferase. Após a formação da ligação peptídica o ribossomo avança três nucleotídeos em direção 3′ do RNAm, translocação. O término da tradução ocorre quando um dos três códons de encerramento se localiza no sítio A, os quais são reconhecidos 155 Bioquímica agrícola Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético pelos fatores de liberação que causam a dissociação da cadeia peptídica do ribossomo. Após a liberação, as proteínas que orientam o enovelamento ligam-se à cadeia peptídica recém sintetizada originando a conformação nativa, crucial para atividade biológica. Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético Síntese: agora verremos as principais fases e vias metabólicas, o sistema termodinâmico dos organismos vivos, as fontes de energia nos organismos vivos, as interconversões de energia, os fatores que afetam o ritmo da bioenergética, oxidações biológicas e radicais livres, o ciclo do ácido cítrico, a cadeia de transporte de elétrons e fosforilação oxidativa. 3.1 Metabolismo, as principais fases e vias metabólicas O metabolismo se refere a conjunto de reações químicas pelos quais os organismos vivos degradam, sintetizam e transformam moléculas. Reações enzimáticas conduzidas conforme os princípios da termodinâmica e organizadas em duas grandes etapas o catabolismo e anabolismo (FIG. 13). Nutrientes ricos em energia Moléculas complexas Moléculas precursorasProdutos �nais pobres em energia Aminóacidos Monossacarideos Ácidos graxos Bases nitrogenadas Proteínas Carboídratos Lipídios Acídos Nucléicos Carboidratos Gorduras Proteínas Catabolismo Anabolismo Energia química ATP NADPH CO2 H2O NH3 Figura13 - As duas grandes fases do metabolismo, o catabolismo e anabolismo. Fonte: Champe; Harvey, 2005. O organismo animal depende de alimento para a obtenção de energia, o alimento é inicialmente digerido, absorvido e depois degradado por enzimas intracelulares para poder se tornar fonte de energia metabólica. O catabolismo inclui as reações de degradação e de oxidação dos carboidratos, lipídios e eventualmente das proteínas ingeridas durante 156 Bioquímica agrícola Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético a alimentação, a degradação de moléculas de reservas, como glicogênio e acilgliceróis e a reciclagem dos constituintes celulares. Já anabolismo abrange a biossíntese de biomoléculas e macromoléculas, a partir de precursores simples, processo redutivo, o qual precisa do fornecimento de energia na forma de ATP ou NADPH. O primeiro estágio do metabolismo corresponde à degradação enzimática extracelular de moléculas complexas, durante a digestão dos alimentos. Por exemplo, a α-amilase degrada o amido, liberando as unidades de glicose. A pepsina, tripsina, quimiotripsina e elastase, degradam as proteínas ingeridas na dieta a peptídeos menores e aminoácidos. E as lípases produzidas pelo pâncreas e secretadas no intestino liberam os ácidos graxos a partir de acilglicerois obtidos na dieta alimentícia. Os monossacarídeos e aminoácidos, liberados pelas enzimas digestivas, ingressam nas células intestinais utilizando transportadores ativos e o sistema de co-transporte, como o sistema Na+-glicose. Os lipídios hidrofóbicos se difundem através da bicamada lipídica e reorganizam-se como lipoproteínas e são liberados na circulação linfática e sangüínea. Já os açúcares e aminoácidos são transportados pela veia porta ao fígado, o qual recebe a maioria dos nutrientes, cataboliza-os, armazena e os libera novamente na circulação sangüínea. O segundo estágio compreende a degradação de carboidratos, aminoácidos e lipídios e a conversão dessas moléculas simples, em acetil- Coenzima A. Já o terceiro estágio, inclui a oxidação de acetil CoA, no ciclo de ácido cítrico. A re-oxidação do NADH e FADH2 na membrana interna da mitocôndria e a síntese de ATP por fosforilação oxidativa e é responsável pela maior parte da síntese de ATP produzida nos sistemas biológicos. 3.2 O Sistema termodinâmico dos organismos vivos Os organismos vivos são considerados um sistema termodinâmico aberto, uma vez que trocam matéria e energia com o meio ambiente. São isotérmicos, já que as transformações energéticas ocorrem à temperatura constante. É um sistema em estado estacionário dinâmico, fora da condição de equilíbrio, onde os constituintes celulares são mantidos numa concentração definida. No entanto eles são continuamente degradados e sintetizados. 3.2.1 Leis da termodinâmica As transformações de matéria e energia nos organismos seguem as leis da termodinâmica. As células são capazes de interconverter energia química em eletromagnética, mecânica e osmótica. No músculo esquelético em movimento a energia química do ATP é convertida em energia mecânica durante a contração muscular. 157 Bioquímica agrícola Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético Num sistema termodinâmico, a energia total do sistema e aquela do meio permanecem constantes. A energia é transformada de uma forma em outra, cumprindo-se assim a primeira lei da termodinâmica. Na segunda lei da termodinâmica afirma-se: as reações que liberam energia em forma espontânea ocorrematé atingir a máxima entropia ou grau de desordem do sistema. Assim, novas mudanças energéticas no sistema só ocorrem, se o sistema recebe energia adicional de uma fonte externa. 3.2.2 Conceitos de energia livre, entalpia e entropia A energia livre de Gibbs(G) de uma reação química é a quantidade máxima de energia a ser utilizada ou convertida em trabalho à temperatura e pressão constantes. E a entropia (S) se refere ao grau de organização do sistema. Os organismos são sistemas altamente organizados em seus processos e reações químicas, em que a entropia é mínima. No entanto, para manter essa organização devem extrair energia do meio, proveniente dos alimentos, aumentando dessa forma a entropia do meio, ao retornar CO2 e água. A entalpia (H) se refere à energia calórica liberada durante as reações químicas. 3.3 Interconversões de energia, fatores que afetam o ritmo da bioenergética A bioenergética é a área da bioquímica que descreve a transferência e a utilização da energia nos sistemas biológicos. As transformações energéticas são gerenciadas pelos princípios da termodinâmica, e tem como principal preocupação, verificar os estados de energia inicial e final de uma reação química. A termodinâmica nos indica se é possível que um processo químico ocorra ou não, em uma direção determinada. Um dos conceitos da termodinâmica, utilizado nas transformações químicas, se refere à variação de energia livre (∆G) da reação química. Essa fornece uma medida da probabilidade energética ou da tendência da reação de liberar ou absorver energia, tendo um valor numérico negativo ∆G (-) ou positivo ∆G (+) respectivamente. Ao considerar a reação: A → B com valor negativo de ∆G (-), esta nos indica que o reagente libera a energia potencial espontaneamente e que a reação é de tipo exergônica. E a reação A ← B com valor positivo de ∆G (+), indica que o produto da reação A teve um ganho líquido de energia e, portanto, é do tipo endergônica. No caso em que os reagentes 158 Bioquímica agrícola Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético e produtos estejam em equilíbrio energético, a reação está em equilíbrio A ⇔ B e o ∆G =(0). A variação de energia livre indica o sentido de uma reação química, em que as reações de sentido contrario A → B e B → A têm valores numéricos iguais com signos opostos. 3.4 Fontes de energia nos organismos vivos, ATP como moeda energética As células obtêm a energia necessária para manutenção da atividade celular pela degradação e oxidação de carboidratos, proteínas e gorduras. Por exemplo, na degradação e oxidação da glicose até CO2 e H2O liberam-se aproximadamente 38 ATP, com uma variação de energia livre de -2870 kj mol-1. C6H12O6 + O2 → CO2 + H2O ∆G O'= -2870 kj mol-1 O ATP é o principal transportador de energia. No entanto outros compostos fosforilados e tioesteres carregam energia potencial na ligação fosfoester. A maior parte da variação de energia livre das reações químicas da degradação de nutrientes, convertida em compostos de alta energia, é utilizada para exercer as diferentes funções celulares, como síntese, transporte ativo, trabalho mecânico, e trabalho osmótico. O ATP é sintetizado principalmente através de dois processos enzimáticos, a fosforilação ao nível de substrato e fosforilação oxidativa. A síntese de ATP por fosforilação ao nível de substrato ocorre pela liberação energia livre de moléculas de alta energia, como o 1-3 bifosfoglicerato, com ∆G°=-49kjmol-1, fosfoenolpiruvato, com ∆G°=- 61kjmol-1 e a creatina-fosfato, com ∆G°= -43kjmol-1. Compostos com maior energia livre que a necessária para a síntese de ATP, ∆G°=+30,5kjmol-1. Na fosforilação oxidativa a síntese de ATP utiliza a energia liberada durante a re-oxidação das coenzimas NADH e FADH2, na cadeia transportadora de elétrons. A energia potencial liberada induz a saída e entrada de prótons da matriz da mitocôndria e a síntese de ATP pela formação de uma ligação fosfoester entre o ADP + Pi, reação catalisada pela ATP-sintase. 3.5 Enzimas, catálise enzimática e coenzimas, reações de hidrólise, oxidação, redução, fosforilação e condensação. A enorme quantidade de reações químicas que ocorrem nos organismos vivos é mediada por catalisadores biológicos: as enzimas, sem elas as reações químicas não seriam compatíveis com a vida. 159 Bioquímica agrícola Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético As enzimas são proteínas com atividade catalítica, elas aumentam a velocidade de uma reação química na ordem de milhares de vezes; aceleram a reação química diminuindo a energia livre de ativação ou barreira energética que separa o reagente do produto. A velocidade das reações enzimáticas depende da dimensão dessa barreira energética, ou energia necessária para que ocorra o alinhamento dos grupos químicos e o rearranjo espacial das ligações químicas durante a transformação do substrato ao produto. Sendo assim, a diminuição dessa barreira energética se traduz num aumento da velocidade enzimática e vice-versa. As enzimas são específicas, no reconhecimento do substrato e altamente eficientes na transformação química desse substrato em produto, características determinadas pelo arranjo estrutural e de cargas do centro catalítico da enzima, onde as interações entre o substrato e a enzima são tridimensionais e estereoespecíficas. O grau de especificidade das enzimas é extenso. Algumas enzimas são capazes de reconhecer e transformar mais de um substrato, variando a velocidade de transformação do substrato. Estudos por raios X indicam que o sítio de ligação do substrato nas enzimas não é totalmente preformado, há um ajuste induzido na enzima ao se ligar ao substrato. As mudanças conformacionais da enzima induzem à formação de um complexo de enzima-substrato, transitório (ES). Este favorece a transformação química do substrato em produto e a diminuição da energia de ativação da reação química, (FIG. 14). Figura 14 - Diagrama mostrando as mudanças de energia livre de ativação numa reação enzimática. Fonte: Nelson; Cox; Lehninger, 2005. Os grupos químicos que formam parte do sítio catalítico, como os grupos funcionais dos aminoácidos e cofatores, participam das reações químicas de transformação do substrato, mediante modificações químicas tipo ácido-base, formação de ligações covalentes transitórias ou interações íon metálico, eventos que favorecem a transformação química do substrato. Procure na internet exemplos de processos e vias metabólicas endergônicas. 160 Bioquímica agrícola Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético Os co-fatores podem ser íons metálicos ou moléculas orgânicas conhecidas como coenzimas, tais como NAD+, FAD+, TPP, PLP, moléculas sintetizadas pelo organismo animal a partir das vitaminas hidrossolúveis ingeridas na alimentação. As enzimas são denominadas trivialmente pela adição do sufixo ase ao nome do substrato da enzima ou a ação que descreve a catálise, assim as enzimas que degradam biomoléculas podem ser denominadas como lípases, proteases, glicosidases e as enzimas que catalisam reações de óxido redução como desidrogenasses e o substrato correspondente. No entanto, a União Internacional de Bioquímica e Biologia Molecular (IUBMB), adotaram na nomenclatura química ou nome sistemático. Assim, as enzimas são classificadas e denominadas segundo a natureza das reações químicas que elas catalisam. As enzimas são agrupadas em seis classes Oxidoredutases, Transferases, Hidrolases, Liases, Isomerases e Ligases. Cada enzima apresenta pelo menos dois nomes, o recomendado para o uso comum e o sistemático, com a classificação numérica. O nome sistemático é formadopelo nome do substrato da enzima seguido pela terminação – ase e o grupo de classificação que indica o tipo de reação química. A enzima que catalisa a hidrolise da ligação peptídica localizada no extremo carboxiterminal da cadeia polipeptídica, tem como nome recomendado carboxipeptidase A e como nome sistemático peptidil L-aminoácido hidrolase, com número de classificação, outorgado pela Comissão de Enzimas EC 3.4.17.1. O primeiro número indica a classe 3 Hidrolases, o segundo número indica subclasse 4 (peptídeo-hidrolases), o 17 designa a sub- subclasse metalo carboxipeptidase, dado que a enzima está ligada ao Zn+2 , elemento químico essencial na atividade catalítica da enzima. Nos organismos vivos a atividade das enzimas é regulada e coordenada por vários fatores: quantidade de enzima, determinada pela velocidade de síntese e de degradação da enzima, presença de moduladores ou reguladores enzimáticos que modificam a conformação e conseqüentemente a atividade da enzima, alem da concentração de substrato de íons e da temperatura do meio. A temperatura favorece a catálise sempre que se conserve a estrutura tridimensional biologicamente ativa dessa enzima. A velocidade com que uma enzima catalisa uma reação é diretamente proporcional a concentração do complexo enzima-substrato, o qual depende da concentração da enzima, do substrato e da afinidade da enzima para ligar-se ao substrato. O sistema pode ser uma reação química, uma célula, um organismo e o meio circundante, o solvente da reação, o liquido extracelular ou meio ambiente no qual o organismo vive. A primeira lei da termodinâmica afirma a energia total de um sistema e seu meio permanece constante. 161 Bioquímica agrícola Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético A atividade das enzimas reguladoras é modulada por meio de modificação covalente reversível, mediante a fosforilação do resíduo de serina dessa enzima. As enzimas alostéricas, com diferentes sítios de modulação e mais de uma cadeia polipeptídica, utilizam comumente a regulação por retro-alimentação, em que a enzima detecta o excesso de produto. A união do produto ao sítio de regulação modifica a estrutura terciária e quaternária da enzima e, consequentemente, a atividade da enzima. 3.5.1 Inibidores enzimáticos Eles são substâncias que modificam a atividade catalítica de uma enzima; evitam a união com o substrato ou a transformação do complexo ES, diminuindo a quantidade disponível de enzima para realizar a transformação enzimática. Os inibidores são utilizados para elucidar a natureza química e a conformação do sítio catalítico. Além de serem agentes quimioterapêuticos que inibem e controlam a atividade de uma determinada enzima. 3.6 Tipos de oxidações biológicas e radicais livres As reações químicas de óxido-redução envolvem sempre um agente doador de elétrons ou oxidante, o qual é reduzido quando ganha elétrons, e um agente redutor, oxidado quando perde elétrons. A (oxidado) + B(reduzido) → A (reduzido) + B(oxidado) Nos sistemas biológicos, a utilização do oxigênio da respiração ocorre principalmente na mitocôndria, durante a respiração celular. No entanto, ocorrem outras oxidações sem a participação de oxigênio, como as reações de óxido-redução catalisadas pela desidrogenasses. Nas reações de óxido-redução denominadas como oxidases, o oxigênio atua como receptor de hidrogênio formando H2O ou H2O2 Ex. Citocromo oxidases, na cadeia de transporte de elétrons e xantina desidrogenase, que converte as purinas em ácido úrico. Nas desidrogenasses, o receptor de elétrons é o NAD+ (Nicotina adenina dinucleotídeo), como aceitor de elétrons Ex. gliceraldeído-3 fosfato desidrogenase, enzima da via glicolítica. Nas hidroperoxidases o substrato oxidante é H2O2 neste grupo se inclui: a peroxidase presente nos leucócitos e plaquetas e a catalase nos eritrócitos, fígado e rins. H2O2 + AH2 → 2H2O + A Procure na internet, livros ou revistas exemplos de processos e vias metabólicas exergônicas e endergônicas. Pesquise as diferenças entre os catalisadores químicos e as enzimas. 162 Bioquímica agrícola Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético Nas oxigenases ocorre a transferência direta ou a incorporação de O2 no substrato. As monooxigenases atuam nos microssomos do fígado junto a citocromo P450 e citocromo b, utilizando como doadores de H2 o NADH ou NADPH, já as dioxigenases, catalisam reações relacionadas à síntese de esteróides e vitamina D. Os organismos animais caracterizam-se por serem aeróbicos não sobrevivem sem oxigênio, dependem do oxigênio para realizar a respiração celular. No entanto, o O2 se pode tornar tóxico devido à formação de radicais livres de oxigênio, molécula de oxigênio parcialmente reduzido, O2 -, produzido como subproduto do metabolismo oxidativo normal. Os radicais livres são átomos, moléculas ou íons que possuem um ou mais elétrons livres, não pareados no último orbital. São compostos instáveis, com alta capacidade reativa para captar elétrons de qualquer molécula próxima, tendo a característica de oxidante. Os radicais superóxidos produzem a peroxidação de lipídios, oxidação da cisterna e das bases púricas e pirimidínicas. Atuam como agentes mutagênicos provocando doenças degenerativas, envelhecimento e câncer. Segundo a origem podem ser endógenos, pois estimulam a produção de segundos mensageiros, moléculas mediadoras da comunicação intracelular induzida por receptores de membrana e de óxido nítrico. Este é envolvido no relaxamento da musculatura lisa, na inibição da adesão celular nas plaquetas, no combate de germes, pelos macrófagos e neutrófilos, no aumento da tradução de sinais a partir do receptor de membrana, na manutenção do equilíbrio redox e na ativação das fosfolipases. 3.7 Ciclo do ácido cítrico, cadeia de transporte de elétrons e fosforilação oxidativa 3.7.1 O ciclo do ácido cítrico Conhecido também como ciclo dos ácidos tricarboxílicos e ciclo de Krebs, desempenha várias funções dentro do metabolismo, sendo a principal a oxidação do acetil-CoA, a etapa final de oxidação do esqueleto carbônico, de carboidratos, lipídios e de alguns aminoácidos até a formação de CO2. A energia potencial liberada na oxidação do acetil-CoA é conservada na forma de 3NADH, um FADH2 e succinil-CoA um intermediário de alta energia que permite a síntese de uma molécula de GTP por fosforilação ao nível de substrato (FIG. 15). 163 Bioquímica agrícola Unidade 3 Organização e regulação do metabolismo energético O ciclo do ácido cítrico ocorre na matriz da mitocôndria. É uma via oxidativa aeróbica e exergônica, que consta de quatro reações de óxido-redução e uma reação de fosforilação ao nível de substrato, com a produção de GTP. O fluxo do ciclo do ácido cítrico é controlado pelas três primeiras enzimas reguladoras, alostéricas e irreversíveis: a citrato sintase, a isocitrato dessidrogenase e a α-cetoglutarato dessidrogenase. Enzimas que detectam os níveis de moduladores alostéricos, aumentando ou diminuindo sua atividade enzimática. Assim, níveis elevados de ADP (Adenosina difosfato) e Ca+2 no músculo aumentam a atividade da isocitrato dessidrogenase. E os níveis elevados de NADH e ATP inibem a atividade da citrato sintase e da α-cetoglutarato dessidrogenase (FIG. 16). Pesquise sobre a função biológicas das vitaminas hidrossolúveis Figura 15 - Ciclo do acido cítrico e os produtos formados. NADP Ácido Acóticon Ácido Coenzima A 2NADPH Ácido Plúvico 2CO ACO Ácido Ocalacético Ácido Citríco (Ca) NADP NAD NAD GDP FADH2 FAD GTP NADH2 NADH2 NADPH2 Ácido
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