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Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 CORPOREIDADE, MOTRICIDADE HUMANA E CULTURA ESPORTIVA: PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS PARA PRÁTICAS EDUCATIVAS CORPOREITY, HUMAN MOTRICITY AND SPORT CULTURE: FUNDAMENTAL PRINCIPLES FOR EDUCATIONAL PRACTICES Wagner Wey Moreira Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM Marcus Vinícius Simões de Campos Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP Resumo Corporeidade, motricidade e fenômeno esportivo são temas que se entrelaçam e devem estar na pauta quando da formação profissional em cursos de Licenciatura, em especial junto às áreas de Educação e de Educação Física. Como o tema geral da presente publicação está centrado nas bases epistemológicas do corpo em movimento e possibilidades de aplicações pedagógicas, este texto procura associar corporeidade e motricidade ao ensino e aprendizagem do esporte no Ensino Fundamental, claro com a preocupação também de redimensionar o entendimento de esporte. Um aluno ao aprender o faz com seu corpo todo, explicitando isto através da motricidade e o saber e fazer no mundo esportivo demanda modificações de atitudes perante a vida, preservando valores, dentre outros, como ética, colaboração, participação e prazer. Nossa intenção é alertar professores e cursos de formação de professores para a importância do trato da corporeidade, da motricidade e do esporte junto aos alunos da educação formal. Palavras chave: Corporeidade. Motricidade. Esporte. Ensino Fundamental Abstract Corporeity, motricity and sports phenomenon are themes that are intertwined and should be on the focus when the professional qualification in undergraduate courses, especially in areas as Education and Physical Education. Once the general theme of this publication is centered on the epistemological bases of the body in movement and possibilities of pedagogical applications, this text seeks to associate corporeity and motricity for teaching and learning of sports in elementary school, with a concern to resize the understanding of sport. A student in learning does it with his whole body, explaining it through the motricity and knowing and doing in the sports world demands changes of attitudes towards life, preserving values, among others, such as ethics, collaboration, participation and pleasure. Our intention is to alert teachers and teacher qualification courses to the importance of dealing with corporeity, motricity and sport with the students of formal education. Key words: Corporeity. Motricity. Sport. Elementary School Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 A corporeidade não é fonte complementar de critérios educacionais, mas seu foco irradiante primeiro e principal. Sem uma filosofia do corpo, que perpassa tudo na Educação, qualquer teoria da mente, da inteligência, do ser humano global enfim, é de entrada, falaciosa. (Hugo Assmann) A ciência da motricidade humana, como ciência do homem, não pode também prescindir da filosofia, dado que não pode esconder nunca que é um verdadeiro projecto antropológico. O conhecimento (e a motricidade revela-o radicalmente) não é um puro exercício da razão, mas uma relação entre a razão e a vida, entre o corpo e o mundo. (Manuel Sérgio) O desporto fala-nos da entrega a causas e ideais, de normas e regras, de exigências e desafios, de sacrifício e disciplina, ou seja, de valores decadentes. E consegue que estas palavras encontrem correspondência nos atos: de talento, classe e inspiração, certamente; mas, acima de tudo, de esforço e transpiração. Sim, o desporto pode e deve ser o antídoto da grande ilusão dos nossos dias. E nisso residem a sua virtude e valia. (Jorge Olímpio Bento) Introdução Os três temas propostos neste escrito, quando analisados em separado, perfazem já extensa produção acadêmica, em especial nas áreas de Educação e da Educação Física. No entanto, quanto associados, este número de publicações torna-se bem restrito, daí a justificativa de nosso empreendimento neste momento. Também é importante lembrar que o foco central da publicação em tela, na qual está inserido o presente artigo, é Epistemologias do Corpo e Movimento em Práticas Educativas, razão da ideia de unificar os enfoques propostos destinados à reflexão de professores que militam no Ensino Fundamental, bem como aos cursos de Licenciatura em Pedagogia e Educação Física quando da construção de suas propostas curriculares. Estruturalmente o artigo está assim constituído: no primeiro momento tecemos considerações sobre a importância do entendimento da abordagem da corporeidade e da motricidade enquanto conceitos/atitudes que proporcionam uma visão diferente do que Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 seja a educação escolar tradicional; no segundo, mostramos que o fenômeno esporte, quando inserido no contexto educacional, pode fomentar a vivência de valores imprescindíveis ao alcance da autonomia discente, valores esses escassos no momento de nossa história atual. Por acreditarmos na possibilidade do trabalho com esses três temas, bem como da importância dos mesmos para o ato educativo, redigimos o texto com as três epígrafes iniciais em que: corporeidade exige uma educação de corpo inteiro; motricidade é elemento fundamental para o respeito a uma proposta epistêmica de ciência que está a surgir, e ao movimento inerente a crianças e adolescentes quando em presença de educação formal e esporte (ou desporto aqui utilizado como sinônimo) como fio condutor de atitudes estruturadas e princípios necessários ao convívio social. Corporeidade e motricidade humana: mais que conceitos Corporeidade deveria ser algo muito simples de entendimento, porque, afinal de contas, todos somos corpos viventes que existencializam suas vidas na busca da superação, na relação com os outros e na busca do conhecimento das coisas e do mundo. Educar não teria essa missão? Possibilitar aos educandos que: estejam sempre caminhando para se conhecerem melhor e por isso mesmo possam buscar novos propósitos de vida galgando complexidades; interajam de forma adequada com outros seres humanos no processo de convivência social, aprendendo comportamentos éticos e respeitando diferenças e conheçam a cada dia mais e melhor as coisas e o mundo, caminhando sobre a história e construindo cultura (MOREIRA; SIMÕES, 2016). No entanto, Santin (2011, p.53) relata as dificuldades de se ater ao conceito, em especial quando insiste que “o importante é buscar o significado da corporeidade socializada.” O próprio autor revela as contradições entre conhecer o corpo e vivenciar o Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 corpo, mesmo porque a vivência corporal é espontânea e acontece independente das explicações científicas. Outro fator que leva a não atentarmos para o sentido de corporeidade, num primeiro momento, ainda segundo Santin (2011, p.53-54), deriva do fato de: [...] as funções vitais da corporeidade desenvolver-se de maneira espontânea, não há maior preocupação com elas, dando-se-lhes pouca atenção, a não ser no momento em que aparecem problemas ou disfunções. [...] É assim que o homem cresce, vivendo o corpo distraidamente. Sua atenção, desde muito cedo, é atraída, estimuladae dirigida para o desenvolvimento da inteligência. Pouco se sabe sobre a maneira de cultivar o corpo. Vivemos despercebidos do corpo, ou quando muito, percebemo-lo associado a padrões estéticos definidos pela mídia reinante. E quanto à ciência, em especial a medicina hoje, essa encara o corpo como uma decorrência dos princípios da química, o que propicia o entendimento de corpo como uma máquina com reações químicas. Daí a preocupação de Santin (2011, p.57): Pode-se aceitar que o universo seja uma grande máquina cujo funcionamento possa ser descrito pela linguagem matemática, mas que a dinâmica dos seres vivos e, de modo muito particular, os mistérios da vida humana possam ser tratados da mesma maneira, torna-se muito difícil de ser admitido, caso se queira preservar o fator humano. Regis de Morais (2011, p.75) é outro autor que demonstra a dificuldade do entendimento dos sentidos de corporeidade ao afirmar: “Ocorre, porém, que nossos corpos são, antes de tudo, o nosso primeiro e mais fundamental mistério. A cada dia somos convocados às alegrias da corporeidade e, ao mesmo tempo, à sua aterradora efemeridade.” Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Estas constatações já não implicariam num primeiro indicativo de que, mais que definições a respeito de corpo, professores no Ensino Fundamental não deveriam propiciar a vivência da corporeidade através da motricidade, esta mais que natural no corpo criança na fase de escolarização desse nível de ensino? Ao somarmos às preocupações anteriores aos alertas de Gallo e Zeppini (2016) quando demonstram que a visão dualista que imperou no transcorrer do tempo no ocidente, e hoje esta se aloca no “culto ao corpo” incitando homens e mulheres a realizarem cirurgias plásticas, a malhar em academias, apenas como, pequenos exemplos temos, um complicador para o entendimento e a vivência da corporeidade. Daí a razão de levarmos em consideração, no trato da corporeidade, as sugestões de Merleau-Ponty (2011), quando indica que devemos mais descrever os acontecimentos, inclusive os relacionados à vivência corporal, do que explicar ou mesmo analisar os sentidos de corpo, considerando que todo o universo da ciência é construído sobre o mundo vivido. Viver corporalmente é uma realidade e, segundo o autor, o real deve ser descrito e não construído. Corporeidade é estar presente na facticidade da vida percebendo o mundo, ou melhor, dizendo nas palavras de Merleau-Ponty (2011, p. 14): “A evidência da percepção não é o pensamento adequado ou a evidência apodítica. O mundo não é aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo; eu estou aberto ao mundo, ele é inesgotável.” A argumentação até aqui desenvolvida revela a necessidade da educação para crianças, em especial no Ensino Fundamental, ser revista, dando maior lugar às experiências vividas pela corporeidade e menor importância à estruturação do pensamento, através do ensino de conceitos, sobre o mundo e as coisas. Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Perceber, viver, estar no mundo é mais importante do que descrever, analisar, conceituar mundo. Esta transformação no ato educativo só é possível mediante uma atitude ante a corporeidade e esta deve ser ensinada na escola. Mais ainda, conhecer e vivenciar a corporeidade exige como já afirmamos uma reformulação no trato com o assunto corpo na escola. Nóbrega (2010, p.66-67) alerta: “A compreensão de corpo não se reduz ao conhecimento anatômico, ao estado neural ou aos processos fisiológicos; abrange também o simbólico [...]. O corpo está para além da justaposição dos órgãos.” Moreira et al (2014, p. 194) indicam com clareza o porquê da importância do tema corporeidade ser passível de atenção de professores: Corporeidade não é um conceito que deve ser memorizado por professores e alunos. É isto sim, uma atitude que deve nortear os professores e os pesquisadores que trabalham com a aprendizagem do ser humano, a qual se dá no e pelo corpo, no e pelo movimento, na e pela motricidade, tanto no sentido coletivo quanto no individual. Os mesmos autores afirmam, de forma explícita, que corporeidade não pode ser compreendida como mero sinônimo de corpo físico, por estar ela vinculada às questões de ordem política, religiosa, econômica e social. Assim, ela apresenta, ao mesmo tempo, um sentido individual e outro coletivo em que o eu e o nós se fazem representar. Estas preocupações certamente devem fazer parte das reflexões a serem efetivadas junto aos docentes de cursos de formação de professores, nas Licenciaturas em geral e, em especial, nos Cursos de Pedagogia, Psicologia e Educação Física. O trato da corporeidade deve ser prioridade nos temas desenvolvidos nesses cursos. Voltando a lembrar que o presente dossiê propõe como tema central o estudo e a pesquisa sobre bases epistemológicas do corpo em movimento, podemos perguntar: Como e onde se cruzam as expressões corporeidade e motricidade? Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Como primeira informação importante podemos considerar que ambas (corporeidade e motricidade) têm a gênese nos estudos ligados à área da fenomenologia, em especial nos trabalhos de Maurice Merleau-Ponty. Este pensador e sua produção intelectual são as bases teóricas para o aparecimento da proposta da Ciência da Motricidade Humana formulada por Manuel Sérgio. Ao formular sua teoria, Sérgio (1996) destina grande espaço ao pensamento deste teórico, em especial considerando que ele propõe associar de forma segura os sentidos de essência e existência, resultando disto a necessidade da facticidade para o entendimento do homem e do mundo. Estas proposições também são encontradas nas formulações teóricas tanto na corporeidade quanto na motricidade. Assim como corporeidade não é sinônimo de corpo, motricidade não pode ser considerada apenas movimento. Outro ponto de intersecção dos dois temas (corporeidade e motricidade) é a abordagem fenomenológica de percepção, esta fundamental para se chegar à compreensão do eu, do outro e das coisas ou do mundo. Perceber é tornar existente o conhecimento para mim, não apenas conhecer através de uma definição abstrata. No entanto, no ensino formal aprendemos um sentido meramente objetivo do ato de perceber, como algo estático, definido e permanente. Contrariando estes pressupostos, Merleau- Ponty (2011, p.279) já afirmava: “O pensamento objetivo ignora o sujeito da percepção.” Corporeidade e motricidade surgem num momento de crise científica, “crise de dimensões intelectuais, morais e espirituais; uma crise de escala e premência sem precedentes em toda a história da humanidade.” (CAPRA, 1997, p. 19). Elas se apresentam como possibilidade de superação da forma tradicional de se conceber ciência e educação, ou, mais precisamente, alterar nosso conceito de ciência na presença de um universo incerto. Mais uma vez recorremos a Sérgio (1996, p.131) quando se refere a essas mudanças: Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 - passamos de uma epistemologia do objeto observado a uma epistemologia do sujeito observador; - passamos de uma ciência da necessidade a uma ciência do jogo; - e porque tudo está em jogo, emergem o acaso e a contingência, a crise é evidente;[...] - e, como já disse atrás, em jogo e crise, fazer ciência é um acto poético. E por que associar corporeidade a motricidade? Por uma razão bem simples: é na motricidade que a corporeidade se explicita. Preocupando-nos agora com a motricidade, é oportuno lembrar que Sérgio (1996), ao formular a proposta para o Curso de Licenciatura da Faculdade de Motricidade Humana de Lisboa, elege alguns objetivos que dão a dimensão da atualidade da importância do sentido de motricidade aqui aludido: formar investigadores atentos a visão interdisciplinar de ciência; formar seres que ao investigar priorizem a associação do professor/investigador, destinando menor tempo ao sentido instrumental dos projetos político-pedagógicos, esforçando-se para concretizar, de forma crítica, a implantação e a permanente reflexão sobre a ciência da motricidade humana. Sergio (1996, p.101) enfatiza que motricidade, enquanto perspectiva de entendimento de ciência e mesmo enquanto ação profissional de professores e pesquisadores que atuam com condutas motoras, pressupõe, dentre outros fatores: Uma visão sistêmica do Homem (que o mesmo é dizer: em termos de relação e integração) [...] A existência de um ser não especializado e carenciado, aberto ao mundo, aos outros e à transcendência [...] E, porque aberto ao Mundo, aos outros e à transcendência, e deles carente, um ser práxico, procurando encontrar e produzir o que, na complexidade, lhe permite unidade e realização [...] E, porque ser práxico, com acesso a uma experiência englobante, agente e fautor de cultura, projecto originário de todo o sentido, memória do Mundo e ser axiotrópico (que persegue, apreende, cria e realiza valores). Não é ao nível do puramente animal, mas do intrinsecamente cultural, que o Homem conhece e se conhece, transforma e se transforma. Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Diz mais o autor que a motricidade é uma energia, bem como se manifesta em processos adaptativo, evolutivo e criativo “de um ser em que as práxias lúcidas, agonísticas, simbólicas e produtivas traduzem a vontade e as condições de o Homem se realizar como sujeito, ou seja, como autor responsável dos seus actos.” (SERGIO, 1996, p. 102). Por estas razões foi-nos apresentada, na segunda metade do século passado, a proposta da Ciência da Motricidade Humana a qual deveria ocupar um lugar de ciência que se preocupasse com: [...] o estudo da originalidade da dinâmica existencial do corpo, da intencionalidade dos gestos corpóreos e dos caminhos complexos que, levando o Homem-Todo à transcendência, não devem ser percorridos, hoje, por quem recuse a cidadania dos temas que, justamente por terem como protagonista o Homem-Todo, não podem ser amputados dos saberes centrados no corpo. (TROVÃO DO ROSÁRIO, 1996, p. 33). Os teóricos e pesquisadores que advogam a motricidade humana demonstram que esta supera os dualismos históricos, considerando estudar o ser humano em seu desenvolvimento e em sua plenitude através dos movimentos que pensa e executa na realização de seus gestos. Daí a razão de sua importância na escola, apoiando os processos educativos das crianças e adolescentes em desenvolvimento, tornando o mundo do adulto mais dinâmico e eivado de critérios éticos adequados. Sempre é oportuno lembrar que os movimentos corporais estão presentes no ser vivente, desde a realização de exercícios físicos até nas operações lógicas do pensamento. Aqui mais questionamentos se inserem: Estamos oportunizando a vivência da motricidade nas escolas do Ensino Fundamental? Aos alunos desse grau de escolarização é permitido o movimento para a chegada à autonomia, termo usual nas teorias que demandam a finalidade da ação educativa? Na formação de professores, em especial nos Cursos de Licenciatura, o tema tem recebido a devida atenção? Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 O mesmo Trovão do Rosário (1996, p. 60) ressalta a importância do conhecimento e do trabalho com a Ciência da Motricidade Humana na área educacional: Todas as formas e meios de educação devem ser utilizados criteriosamente de modo a poderem sérvio o Homem em qualquer período da sua vida; estas formas e estes meios, sempre que relacionados com o movimento corporal, devem ser estudados com rigor e com o mais elevado grau de exigência na sua área específica, ou seja, na Ciência da Motricidade Humana. Genú (2009, p.149) acrescenta um dado importante e muitas vezes esquecido no âmbito das preocupações com o ato educativo. Diz a autora que a motricidade humana “pressupõe a libertação do sujeito a partir do conhecimento de si e não somente para si. No entanto, a história da educação perpassa por diferentes tendências que nem sempre levaram e/ou levam ao conhecimento de si.” Daí é possível concluir que, dentre as várias possibilidades de abordagens científicas e de proposituras educacionais e pedagógicas, os cursos de formação de professores devem reservar lugar para a reflexão sobre os pressupostos da Ciência da Motricidade Humana e da corporeidade enquanto atitude existencial. Sempre nos apraz relacionar a reflexão epistemológica com o sentido de sua viabilização no interior do universo a que ela se destina, razão pela qual perguntamos: Quantos projetos políticos pedagógicos de cursos de graduação, em especial na formação de professores em Educação e em Educação Física, colocam os temas aqui abordados em discussão? Perguntamos isto não para obrigar que estes temas façam parte da doutrinação política dos cursos, mas sim, para fomentar discussões necessárias para o estabelecimento da visão de homem e de aluno que devemos ter. Também implementar estas análises não inviabiliza o trato com outras abordagens epistêmicas, desde que estejamos imbuídos do respeito ao pluralismo filosófico, nos afastando dos dogmatismos estéreis. Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Passemos agora ao fenômeno esportivo, este conhecimento muitas vezes trabalhado de forma inconsistente no interior da escola. Procurando a coerência na formulação desta reflexão, já podemos declarar que o esporte tem importância na formação de alunos do Ensino Fundamental se respeitar os sentidos de corporeidade e de motricidade explicitados anteriormente. Esporte: valores para educação de crianças e adolescentes via corporeidade e motricidade Vivenciar a corporeidade na explicitação da motricidade pode ser melhor assimilada se aproveitarmos de um fenômeno claramente motivacional para alunos na escola: o conhecimento e a prática de esportes. Também aqui é necessário falarmos de que esporte nos referimos. Não é o apresentado de maneira majoritária pelos meios de comunicação, os quais destacam apenas o alto rendimento e a performance técnica de atletas. Não é o da tradição mecanicista oferecida na escola, através das aulas de Educação Física, na qual o importante podia ser traduzido no número de repetições de um exercício. Não é o seguir de um modelo próximo do desempenho máximo de execução das atividades propostas, pois assim sendo a maioria dos alunos seriam dispensados dessa “reprovação” precoce. Vamos nos ater à complexidade do fenômeno esportivo e, em especial, a aplicação deste no interior da escola com os seus sentidos educativos, buscando o conhecimento e a vivência de valores para além do ato de executar um determinado exercício. Bento (2013) relaciona vários sentidospossíveis para e do esporte (ou desporto como indica o autor), todos eles passíveis de serem trabalhados na escola do Ensino Fundamental em conformidade com as preocupações levantadas anteriormente no trato da corporeidade e da motricidade. Deste autor temos a afirmação: Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 O desporto é um palco onde entra em cena a representação do corpo, das suas possibilidades e limites, do diálogo e relação com a nossa natureza interior e exterior, com a vida e o mundo. Quer se diga de crianças e jovens, de adultos e idosos, de carentes e deficientes, de rendimento ou recreação, o desporto é em todos os casos instrumento de concretização de uma filosofia do corpo e da vida. Constitui uma esperança para a necessidade de viver (BENTO, 2013, p.82). Percebe-se já aqui a íntima dependência entre corporeidade, motricidade e esporte, este vinculado em seu sentido complexo muito além de mera prática esportiva de alto rendimento. No conhecimento e prática dos esportes podemos encontrar a “combinação perfeita de ética e estética, de técnica e tática, em que impulsos e sensações, o orgânico e o espiritual, o irracional e o racional, o corpo, a intimidade e a pessoa se fundem.” (BENTO, 2013, p. 87). Por esta razão a vivência do esporte pode ser considerada como uma oportunidade de viver com arte na busca de uma vida boa e feliz. O esporte, por ser patrimônio cultural é um espaço privilegiado para a formação humana. Nele o homem se movimenta, busca superações, quer no sentido individual quanto coletivo, caminha para alcançar autonomias as quais são, numa relação dialógica, dependentes de outros seres humanos. Estes fundamentos são pressupostos da corporeidade e da motricidade. São necessários estarem presentes na educação formal do Ensino Fundamental elementos da cultura esportiva que por muito tempo foram administrados de forma equivocada. (Re) significar, por exemplo, o sentido de competição é missão de professores deste nível de ensino. Um aluno jamais terá apreendido o significado de cooperar se, por outro lado, não vivenciar o que seja competir. Quem não sabe competir, não sabe cooperar. Competir e cooperar demandam aprendizagem da ética do jogo, do jogador e do competidor (BENTO, 2013). Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Advogar a presença do esporte na escola é propugnar por um ensino às crianças e aos adolescentes de elementos fundamentais para a vida diária como: colocar paixão e emoção em nossas ações, propiciando acúmulo de energias para conseguir atingir os objetivos almejados; exercitar a disciplina e a autodisciplina, elementos básicos para administrar o nosso tempo no dia a dia; habituar-se a interagir com os outros, com os colegas no convívio fraterno e com adversários com respeito e integridade; ser resistente e persistente para o enfrentamento das dificuldades da vida; assumir e ou compartilhar responsabilidades pelo sucesso ou pelo fracasso da empreitada do jogo; aprender a cultivar a imaginação, a criatividade, a alegria e o otimismo, elementos importantes para uma vida consciente e prazerosa. Jogar é viver uma corporeidade expressiva, conseguida pela exercitação da motricidade significativa. Entender o esporte dessa forma permite concordar integralmente com Bento (2013, p.104): Este desporto existe, por ser necessidade do homem e da sua aspiração a uma mais perfeita condição humana. Mesmo que não conste na ementa de prioridades políticas, o seu lugar é central na vida e na vontade de viver. Não pode o homem prescindir dele, já que não consegue sobreviver fora da sua destinação ética. Está aí, porque a escola e a família não chegam para fazer o Homem. Precisa, portanto, de voz para cumprir cabalmente a sua função, para chegar a todos os locais e a todas as pessoas. Para renovar a educação e encher de alegria os dias e noites de nossa vida, em todas as idades. O esporte é palco da diversidade, lugar de revelações, de descobertas, momento em que nos descobrimos outros suas singularidades, suas potencialidades e suas fraquezas, características essas intrínsecas ao humano. Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Saber pensar e agir, caminhar o sentido de ser e de ter, todas essas complementaridades podem ser vivenciadas no conhecimento e na prática esportiva. Exercitar o esporte no nosso dia a dia é assumir o conceito de corporeidade e movimentar- se no sentido da motricidade. Num momento em que a sociedade atual despreza valores considerados fundamentais para a vida em convivência, o esporte pode colaborar se ensinado devidamente na escola, para alterar esse quadro. Mais uma vez recorremos a Bento (2013, p. 114) no intuito de enaltecer a importância da presença do esporte na educação formal de crianças e adolescentes visando o alcance da verdadeira concepção de cidadania. Como a música, a arte, a literatura, a ciência, etc, enfim a pluralidade de formas de cumprir o desígnio de ascensão do homem, o desporto é mediador da condição humana, é um ato de civilização, de moral e de urbanidade. É parte de uma metafísica de referência para o sentido e a dignidade do viver, para dar sentido transitivo à vida de um ser finito e que finito se sabe. É domínio de aplicação de um código de objetivos, normas, valores, imanentes a um ser que nos transcende, para nos apresentar o horizonte e impor o dever da perfeição como ponto convergente de todos nós. Uma ilha da utopia convidando a navegar no rumo de uma descoberta, porque a vida é efêmera e transitória, eterna só a navegação e a sua causa. Vivemos dias de consciências caladas, de silêncio ante forças que nos parecem devastadoras de princípios e da moral. Há uma imobilidade generalizada passando a impressão de estarmos impotentes frente aos acontecimentos degradantes da natureza humana. Há que se reagir e, mais uma vez, questionamos: Não podem o conhecimento de corporeidade, motricidade e esporte, ministrado nas escolas do Ensino Fundamental auxiliar na luta para a superação do estado de coisas atuais? Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Acreditamos que sim, pois a aventura humana não pode dispensar da reflexão ética se quisermos sobreviver. E reagir é princípio intimamente associado à liberdade e a esta estamos condenados quando advogamos regimes democráticos. Mas, por outro lado, neste nosso escrito, podemos ser acusados de meramente teóricos buscando argumentos estritamente intelectivos. Para que isto não aconteça indicamos, não como modelos e sim como simples exemplos, o que pode ser feito para a efetivação da corporeidade, da motricidade e do sentido de esporte até aqui defendido. Dar ênfase a corporeidade na escola é permitir, entre outros fatores, que o aluno exercite sua motricidade e, com isto, possa estar melhor preparado para conviver com os outros, respeitar as diferenças e evidenciar atitudes de participação, cooperação, criatividade, prazer e sucesso. Imprimir a vivência do esporte na escola, em especial no Ensino Fundamental, pode ser feito da seguinte forma: para o primeiro ciclo desse grau de escolarização utilizar nas aulas vários momentos de festivais, em que a competição esteja subordinada ao sentido de festa, comformação de grupos e equipes mescladas de pessoas componentes de classes diferentes ao invés de criar equipes fixas; para os anos finais do Ensino Fundamental utilizar os jogos e as modalidades esportivas em campeonatos individuais, pois em todas as aulas os times são diferentes e a contagem aferida no final poderá revelar os que mais participaram e não necessariamente os alunos de melhor performance atlética. Também aplicar em aulas o estudo da Cultura Esportiva, revelando ícones dos esportes individuais e coletivos, mostrando a trajetória desses atletas, suas conquistas e suas dificuldades para chegar a um patamar de perfeição, o qual não é alvo a ser alcançado e sim elemento de incentivo para as possibilidades de transcender. Isto é ensino de legado esportivo. Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Como pode ser observado, nos preocupamos em mostrar pequenos exemplos do que pode ser alterado, em especial na ação da Educação Física escolar, respeitando as particularidades e os valores das diversas tradições educacionais brasileiras. Também voltamos a insistir que para alterar a forma de entender corporeidade, motricidade e esporte, estes temas/conteúdos/conhecimentos devem fazer parte do arcabouço de conhecimentos tratados na formação de professores em cursos de Licenciaturas, em especial juntos aos formandos de Pedagogia e Educação Física. Explicitada nossa argumentação, só podemos terminar este item que trata do esporte, apropriando-nos do “bom esporte” indicado por Bento (2013, p.275): Um bom desporto amarra-nos ao sentido da responsabilidade nas escolhas e posições, nos ditos e nos atos. Implica a prática da frontalidade e integridade nas relações interpessoais, respeitando a pluralidade de perspectivas e contextos, mas sem transigir na afirmação e defesa dos princípios, que o mesmo é dizer, sem cair nos braços do oportunismo, da cobardia e da sandice. Um bom desporto é aquele que se pauta por finalidades claras e, nessa conformidade, mobiliza uma vontade indomável e um esforço abnegado para perseguir objetivos que ficam à frente e acima de nós. Derramando beleza e emoção na rudeza e secura da vida. E bordejando de dignidade os trajetos que nos conduzem lenta e inexoravelmente para o nosso fim e destino. Considerações finais Propusemos-nos neste escrito a refletir sobre três temas fundamentais para a educação de crianças e adolescentes no Ensino Fundamental, temas esses que podem ser tratados por mais de uma disciplina curricular facilitando com isto o trabalho inter e transdisciplinar. Eles, associados, podem representar uma nova visão do ato educativo e constituir possibilidades para o ensino de valores como ética, responsabilidade, cooperação, harmonia, dentre outros. Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 Insistimos na necessidade dos mesmos serem tratados nas formações profissionais de Professores por se constituírem em um avanço na tematização sobre corpo, movimento e prática esportiva. Afinal, ser professor (a) é caminhar sabendo que se buscam utopias e que estas cada vez que tentamos nos aproximar dela ela se distancia na mesma medida. Assim, sabemos que a utilidade da utopia é exigir que caminhemos, dirigindo a corporeidade, por intermédio da motricidade, para a realização de nossos ideais educativos. Como iniciamos o artigo com epígrafes, também terminamos com a menção de uma, muito significativa para quem queira ser professor: A Igreja diz: o corpo é uma culpa. A Ciência diz: o corpo é uma máquina. A Publicidade diz: o corpo é um negócio. E o Corpo diz: eu sou uma festa. (Eduardo Galeano) Resta saber: estamos nós professores, sem abrir mão da importância e da seriedade do ato educativo, propiciando festa para os corpos dos alunos nas escolas do Ensino Fundamental? Corporeidade, motricidade e esporte podem colaborar para a vivência de corpos festivos presentes nas escolas o que certamente alteraria o quadro atual do espaço escola em nossa sociedade. Com esta reflexão procuramos cumprir nossa missão levantando argumentos para contribuir com o propósito da publicação centrada em afirmar “Epistemologias do Corpo e Movimento em Práticas Educativas”. Referências BENTO, Jorge Olímpio. Desporto: discurso e substância, Belo Horizonte: Instituto Casa da Educação Física / Campinas: Unicamp, 2013. Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação, São Paulo: Cultrix, 1997. GALLO, Silvio; ZEPPINI, Paola Sanfelice, “O que pode um corpo?”: perspectivas filosóficas para a corporeidade. In: MOREIRA, Wagner Wey; NISTA-PICCOLO, Vilma Leni (Orgs.). Educação física e esportes no século XXI, Campinas: Papirus, 2016, p. 107-131. GENÚ, Marta. Formação humana: superação e transformação em educação e desenvolvimento humano. In: GENU, Marta; SIMÕES, Regina; MOREIRA, Wagner Wey; OLIVEIRA, Ana Irene Alves. (Orgs) Motricidade Humana: uma metaciência? Belém: Editora UFPA, 2009, p.144-151. MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção, São Paulo: Martins Fontes, 2011. MOREIRA, Wagner Wey; GONÇALVES, Luiza Lana; GUIMARÃES, Alexandre Magno; GUIMARÃES, Simone Sendin Moreira; SIMÕES, Regina. Educação integral na escola de tempo integral: fenomenologia, complexidade e corporeidade, In: SIMÕES, Regina; BARBOSA, Juliana Bertucci; MOREIRA, Wagner Wey (Orgs. Escola em tempo integral: linguagens e expressões, Uberaba: UFTM, 2014, p. 181-204. MOREIRA, Wagner Wey; SIMÕES, Regina. Educação Física, esporte e corporeidade: associação indispensável. In: MOREIRA, Wagner Wey; NISTA-PÍCOLLO, Vilma Leni (Orgs.). Educação Física e esportes no século XXI, Campinas: Papirus, 2016, p.133- 149. NÓBREGA, Terezinha Petrucia. Uma fenomenologia do corpo. São Paulo: Livraria da Física, 2010. REGIS DE MORAIS, João Francisco. Consciência corporal e dimensionamento do futuro. In: MOREIRA, Wagner Wey (Org.) Educação Física e esporte no século XXI. Campinas: Papirus, 2011, p.71-87. SANTIN, Silvino. Perspectivas na visão da corporeidade. In: MOREIRA, Wagner Wey (Org) Educação Física e esportes: perspectivas para o século XXI, 17 ed. Campinas: Papirus, 2011, p.51-69. Revista COCAR, Belém, Edição Especial N.4 p. 212 a 230 – Jul./Dez. 2017 Programa de Pós-graduação Educação em Educação da UEPA http://páginas.uepa.br/seer/index.php/cocar ISSN: 2237-0315 SÉRGIO, Manoel. Epistemologia da motricidade humana. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana, 1996. TROVÃO DO ROSÁRIO, Alberto. A motricidade humana e a educação. In: SERGIO, Manoel (Org.) O sentido e a acção, Lisboa: Instituto Piaget, 1996, p.31-60. Sobre os autores Wagner Wey Moreira Doutor em Psicologia da Educação e Livre Docente pela Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP/SP Docente do Departamento de Ciências do Esporte e do Programa de Mestrado em Educação da Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM/MG. Bolsista de Produtividade em Pesquisa em Educação / CNPq. Líder do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Corporeidade e Pedagogia do Movimento – NUCORPO. Email- weymoreira@uol.com.br Marcus Vinícius Simões de Campos Mestre em Educação pela Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM/MG Doutorando na Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP/SP. Membro do Grupo de Pesquisa em Filosofia e Estética do Movimento – GPFEM.Email – camposmvs@gmail.com Recebido em: Aceito para publicação em:
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