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BIOQUÍMICA APLICADA Daikelly Iglesias Braghirolli Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Caracterizar quimicamente uma reação de glicuronidação. Identificar as vias metabólicas com participação da reação de glicuronidação. Reconhecer a importância das reações de glicuronidação no meta- bolismo de fármacos e da bilirrubina. Introdução As reações de glicuronidação consistem na conjugação do cofator ácido glicurônico a moléculas endógenas, como a bilirrubina, ou exógenas, como fármacos ou outros xenobióticos. A conjugação com ácido gli- curônico aumenta a hidrofilicidade de tais moléculas, facilitando a sua excreção a partir do nosso organismo. Ainda, normalmente a glicuronida- ção reduz a atividade farmacológica dos fármacos. Assim, essas reações desempenham um importante papel no que se refere à destoxificação do organismo. Neste capítulo, você vai estudar as reações de glicuronidação e identificar a importância dessas reações para a excreção de substâncias químicas endógenas e exógenas do nosso organismo. Reações de glicuronidação As reações de glicuronidação são bastante importantes para a eliminação de compostos endógenos e exógenos. Elas são cruciais para a excreção de bilirru- binas e, também, para a excreção de vários xenobióticos do nosso organismo. As reações de glicuronidação se referem a reações em que o grupo ácido glicurônico é ligado covalentemente à molécula de um substrato. Essas reações são catalisadas pelas enzimas UDP-glicuronosiltransferases (UGTs), que apre- sentam como cofator a uridina difosfato UDP-ácido glicurônico. As reações de glicuronidação ocorrem por meio de um mecanismo de substituição nucleofílica de segunda ordem (SN2) (reação que ocorre em uma única etapa, em que o átomo de carbono que exibia hibridização sp3 passa a ter hibridização sp2). Na glicuronidação, as enzimas UGTs catalisam a transferência do ácido glicurônico (conjugação) do cofator UDP-ácido glicurônico à molécula do substrato. O ácido glicurônico é ligado a grupos nucleofílicos da molécula do substrato, tais como hidroxila (-OH), carboxila (-COOH), sulfurila (-SO2), carbonila (C = O) ou a aminas (-NH2), por meio da formação de uma ligação éter, éster ou amida. Ao final da reação, um ácido β-D-glicopiranosidurônico (ou glicuronídeo) é formado e o grupo UDP é liberado. Em razão do meca- nismo empregado na reação de glicuronidação, o átomo de carbono 1 do ácido glicurônico tem sua configuração invertida e, assim, o glicuronídeo apresenta uma configuração beta (SILVA, 2010; BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012; ROWLAND; MINERS; MACKENZIE, 2013). Observe a Figura 1 a seguir. Figura 1. Representação de uma reação de glicuronidação. Fonte: Brunton, Chabner e Knollmann (2012, p. 128). O ácido glicurônico apresenta uma característica bastante hidrofílica em razão, principalmente, do grupo carboxila presente em seu carbono 6. Dessa forma, os produtos derivados das reações de glicuronidação tornam-se mais solúveis em água e apresentam maior dificuldade em atravessar as membranas celulares, o que facilita a sua excreção. Os glicuronídeos são excretados prin- cipalmente na urina, como também podem ser secretados na bile (BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012). Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico2 Quando secretados na bile, os glicuronídeos chegam até o intestino, onde são excretados junto às fezes. Contudo, esses compostos podem acabar sofrendo a ação de enzimas bacterianas, como a β-glicuronidase. Essa enzima cliva o glicuronídeo, liberando o ácido glicurônico do composto. Em sua forma não conjugada, o composto pode acabar sendo novamente absorvido pelo epitélio intestinal, retornando ao fígado por meio dos ramos da veia porta, que com- põem a circulação entero-hepática. Esse mecanismo pode prolongar o tempo de permanência de um xenobiótico no organismo. À medida que é absorvido, o tempo de meia-vida (t1/2) do fármaco ou de outra molécula química exógena acaba sendo aumentado (LINARDI et al., 2016). O ácido glicurônico é um derivado da glicose, um monossacarídeo de seis átomos de carbono. Ele é formado a partir da oxidação do carbono 6 da molécula de glicose, pela enzima glicose-1-fosfato. Nessa reação, a hidroxila (-OH) ligada ao carbono 6 da molécula é substituída por um grupo ácido carboxílico (-COOH). No pH fisiológico, esse grupo ácido encontra-se ionizado e, por isso, esse composto é nomeado como glicuronato (NELSON; COX, 2014). A ligação do ácido glicurônico a moléculas lipofílicas as torna mais hidrofílicas, facilitando a sua excreção (PINTO, 2017). Glicuronosiltransferases As UGTs constituem uma superfamília de isoformas enzimáticas, que são divi- didas em quatro famílias principais: 1, 2, 3 e 8. Cerca de 22 isoformas já foram identifi cadas em seres humanos. Tais isoformas apresentam uma região de 29 aminoácidos bastante conservada. Acredita-se que essa região se trata do sítio de ligação com o UDP-ácido glicurônico (SANCHEZ-DOMINGUEZ et al., 2018; OUZZINE et al., 2014). Cada isoforma dessa família enzimática apresenta determinado grau de seletividade para certo substrato. Por exemplo, substratos com grupos ácidos carboxílicos normalmente são metabolizados pelas isoformas UGT1A3 e UGT1A8; fenóis, pelas isoformas UGT1A1, UGT1A6 e UGT1A8; aminas primárias, pelas isoformas UGT1A6, UGT1A8 e UGT1A4 (PINTO, 2017). As UGTs são localizadas na membrana do retículo endoplasmático celu- lar, em sua face luminal. Elas estão presentes em vários órgãos, como rins, pele, intestino, cérebro e, principalmente, fígado (ROWLAND; MINERS; MACKENZIE, 2013). 3Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico Mutações nos genes que codificam as UGTs podem ocasionar alterações bastante graves para o organismo. A redução da atividade de algumas isoformas dessa família pode acarretar redução da eliminação de xenobióticos e também de bilirrubinas (SANCHEZ-DOMINGUEZ et al., 2018). A importância da glicuronidação para a eliminação de xenobióticos Os xenobióticos são substâncias químicas estranhas, exógenas, ao nosso organismo. Os fármacos e os agentes tóxicos são exemplos de xenobióticos. A maior parte dos xenobióticos são lipofílicos, o que facilita a sua absorção em nosso organismo. Contudo, a natureza lipofílica dessas moléculas também difi culta a sua excreção. A maior parte dos fármacos e de outros xenobióticos são excretados pelo sistema renal, junto à urina. Essas moléculas são fi ltradas no glomérulo renal, contudo, em razão de sua característica lipofílica, são capazes de permear as membranas celulares dos túbulos renais, sendo reab- sorvidas (LINARDI et al., 2016; GOLAN et al., 2014). Para facilitar a sua excreção, os xenobióticos são submetidos às reações de biotransformação. A biotransformação compreende um conjunto de reações que ocasionam modificações na estrutura do xenobiótico, tornando-o mais hidrofílico. O processo de biotransformação, ou metabolismo, ocorre majo- ritariamente no fígado e é dividido em dois grupos de reações, as reações de fase I e reações de fase II (LINARDI et al., 2016). As reações de fase I, também chamadas reações não sintéticas ou reações catabólicas, consistem em pequenas modificações na estrutura do xenobió- tico, em que pequenos grupos hidrofílicos (como -OH, -COOH, -O-, -SH e -NH2) são expostos ou inseridos em sua molécula. As reações de fase I são representadas por reações de oxidação, redução, hidrólise, ciclização e des- ciclização. Grande parte das reações de fase I são catalisadas por enzimas da superfamília citocromo P450 (CYPs) (SILVA, 2010; BRUNTON; CHABNER; KNOLLMANN, 2012) Ao passarem pelas reações de fase I, os xenobióticos tornam-se mais hidrofílicose muitos conseguem ser eliminados sem alterações adicionais. Contudo, algumas moléculas ainda precisam sofrer mais modificações para que se tornem suficientemente hidrofílicas e possam ser excretadas. Tais moléculas são submetidas a um segundo grupo de reações, as reações de fase II, também chamadas reações biossintéticas ou reações de conjugação (GOLAN et al., 2014; LINARDI et al., 2016). Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico4 A fase II é formada por reações em que cofatores endógenos, bastante hi- drofílicos (glutationa, sulfato, acetato, alguns aminoácidos e ácido glicurônico), são conjugados à molécula do xenobiótico. As reações de fase II possibilitam o grande aumento de hidrossolubilidade dos xenobióticos, que podem ser eliminados pela urina ou pela bile. Ainda, as reações de fase II normalmente formam xenobióticos inativos (LINARDI et al., 2016). Dentre as reações de fase II, a reação de glicuronidação é uma das mais importantes. Os xenobióticos que apresentam grupos hidroxila, carboxila ou amina são facilmente ligados ao ácido glicurônico pelas UGTs (SILVA, 2010). Dentre as diferentes enzimas expressas no fígado, UGT1A1, 1A3, 1A4, 1A6, 1A9, 2B7 e 2B15 parecem ser as principais isoformas relacionadas à biotransformação hepática. As reações de oxidação, catalisadas pelas CYPs, e de glicuronidação, catalisadas pelas UGTs, são as reações majoritariamente mais importantes da biotransformação de fármacos. Estima-se que as duas famílias de enzimas são responsáveis pelo metabolismo de cerca de 90% dos fármacos prescritos (ROWLAND; MINERS; MACKENZIE, 2013). Veja o Quadro 1. Fonte: Adaptado de Rowland, Miners e Mackenzie (2013). UDP-glicuronosiltransferases Substratos UGT1A1 Carvedilol Etoposido Estradiol UGT1A4 Amitriptilina Lamotrigina Olanzapina UGT1A Paracetamol UGT2B7 Codeína Diclofenaco Morfina Naloxona Zidovudina UGT2B15 Lorazepam Quadro 1. Exemplos de xenobióticos biotransformados a partir das reações de glicuro- nidação 5Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico Interações medicamentosas envolvendo as UGTs As interações medicamentosas são caracterizadas pela alteração do efeito terapêutico de um fármaco por outro. As UGTs são alvos de algumas interações medicamentosas bastante importantes. Algumas drogas ocasionam o aumento da atividade dessas enzimas, sendo chamadas indutoras, e outras podem causar a redução da sua atividade, sendo chamadas de inibidoras. O antipsicótico ácido valproico, o antibiótico probenicida e o antifúngico fluconazol são fármacos que frequentemente ocasionam interações medicamen- tosas envolvendo isoformas de UGTs. O ácido valproico e a probenicida inibem a isoenzima UGT2B7, por exemplo. Em função disso, os fármacos metabolizados por essa enzima podem acabar ficando mais tempo na corrente sanguínea, pois não conseguem ser eliminados. O fluconazol também é um importante inibidor da UGT2B7, apresentando uma importante interação com a zidovudina. Em função disso, o uso de fluconazol em pacientes HIV positivos, sob o uso de zidovudina, deve ser monitorado a fim de se evitar o aumento de efeitos não desejáveis da zidovudina ou, até mesmo, o desenvolvimento de efeitos tóxicos por ela (ROWLAND; MINERS; MACKENZIE, 2013). O fenobarbital é um anticonvulsivante que também interfere na atividade de UGTs. Ele é um indutor da isoenzima UGT1A1. Dessa forma, fármacos metabolizados pela UGT1A1 podem ser eliminados mais rapidamente quando utilizados simultaneamente ao fenobarbital (ROWLAND; MINERS; MACKENZIE, 2013). A reação de glicuronidação torna as moléculas dos xenobióticos bastante hidrofílicas. Além disso, como vimos anteriormente, a conjugação da molécula do xenobiótico ao ácido glicurônico, normalmente, reduz a atividade farmacológica dela. Contudo, para alguns fármacos, a glicuronidação pode acarretar um aumento da sua atividade. Um exemplo disso é a glicuronidação da morfina. A morfina é um analgésico opioide bastante potente. Após entrar na corrente sanguínea, rapidamente ela consegue passar pela barreira hematoencefálica e alcançar o sistema nervoso central (SNC), no qual interage com receptores opioides e desencadeia seu efeito terapêutico. A morfina é biotransformada por meio de reações de glicuronidação, que podem gerar dois produtos: a morfina-3-β-glicuronato e a morfina-6-β-glicuronato. Esse último é um metabólito formado em menor quantidade, contudo, que apresenta uma maior atividade sobre o SNC. Ele é cerca de 100 vezes mais potente que a própria morfina no que se refere à interação com o receptor opioide µ (ROWLAND; MINERS; MACKENZIE, 2013; OUZZINE et al., 2014). Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico6 O papel da glicuronidação na eliminação das bilirrubinas e de outras substâncias endógenas As bilirrubinas são formadas a partir do metabolismo do grupamento heme, que está presente em diferentes proteínas, como a hemoglobina. As reações de glicuronidação também são bastante importantes para que as bilirrubinas sejam eliminadas. O grupamento ferro-porfirina, mais comumente chamado grupamento heme, está presente em diferentes proteínas que transportam ou catalisam reações com a participação do oxigênio. A hemoglobina presente nos eritrócitos representa a principal fonte de heme para a degradação. Os eritrócitos são degradados no sistema microssomal, principalmente, do fígado, do baço e da medula óssea. Nesse processo, o grupamento heme da hemoglobina é liberado e, então, degradado pela enzima hemeoxigenase. Nessa reação, o átomo de ferro e o monóxido de carbono são liberados e a estrutura orgânica do heme é convertida em biliverdina. A biliverdina é um derivado tetrapirrólico linear, isto é, apresenta uma estrutura molecular aberta. A biliverdina é reduzida à bilirrubina pela enzima biliverdina-redutase. A bilirrubina apresenta uma estrutura bastante hidrofóbica. Dessa forma, ela é transportada até o fígado e ligada à proteína albumina. Ao chegar no fígado, a bilirrubina é deslocada da albumina e transportada para o citosol dos hepa- tócitos, sendo ligada a proteínas chamadas ligandinas e sofrendo conjugação. No retículo endoplasmático liso, a bilirrubina é conjugada ao ácido glicurô- nico em uma reação catalisada pela isoenzima UGT1A1 (Figura 2), da família das glicuronosiltransferases. Essa reação ocorre em duas etapas. Inicialmente, um grupo ácido glicurônico é conjugado à molécula da bilirrubina, formando o complexo bilirrubina-monoglicuronato. Em seguida, esse composto é ligado a mais um ácido glicurônico, formando o diglicuronato de bilirrubina. O diglicuronato de bilirrubina apresenta maior hidrossolubilidade que o seu subs- trato, sendo a principal forma de excreção da bilirrubina do nosso organismo. A bilirrubina livre (não conjugada) dificilmente é excretada do organismo, em razão de sua grande lipossolubilidade (PINTO, 2017). Após sua formação, o diglicuronato de bilirrubina é transportado para os canalículos biliares, formando a bile. A bile é secretada no intestino del- gado, onde o diglicuronato de bilirrubina é convertido em outros derivados por enzimas bacterianas. O principal produto dessas reações é o urobilino- gênio, formado pela clivagem do diglicuronato de bilirrubina por enzimas β-glicuronidases. A maior parte do urobilinogênio é convertida, também por enzimas bacterianas, em estercobilina, que é excretada junto às fezes. Ainda, 7Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico uma pequena parte do urobilinogênio pode ser reabsorvida e, ao chegar no sangue, transportada até o sistema renal, sendo este convertido à urobilina, que é excretada na urina (NELSON; COX, 2014). Figura 2. Conjugação da bilirrubina (lipossolúvel) e formação do diglicuronídeode bilir- rubina (hidrossolúvel). Fonte: Adaptada de Voet e Voet (2013, p. 1057) e Rodwell et al. (2018, p. 331). A hiperbilirrubinemia, isto é, o aumento das bilirrubinas na corrente sanguínea, pode ter diferentes causas, dentre elas a alteração da atividade da enzima UGT1A1. Aprenda um pouco mais sobre esse quadro clínico, acessando o link a seguir. https://goo.gl/SLMX9L Eliminação de outras substâncias endógenas por glicuronidação Além de as reações de glicuronidação serem essenciais para a eliminação de bilirrubinas, elas também participam da eliminação de outras substâncias endógenas do nosso organismo, como ácidos graxos, hormônios esteroides e sais biliares. Hormônios esteroides são hormônios produzidos a partir da molécula de colesterol. Em função disso, apresentam natureza lipofílica. Esses hormô- nios, incluindo os progestágenos, os estrogênios e os androgênios, podem ser Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico8 eliminados por meio da sua conjugação com o ácido glicurônico. A glicuro- nidação também é importante para a eliminação de ácidos biliares, como o ácido hiocólico e o ácido hiodesoxicólico. As reações de glicuronidação de hormônios esteroides e de ácidos biliares é realizada pelas famílias UGT1 e UGT2 (TUKEY; STRASSBURG, 2000). Alguns neurotransmissores do SNC também são conjugados ao ácido glicurônico para posterior eliminação. Os neurotransmissores dopamina e serotonina são metabolizados pela enzima monoamino oxidase (MAO). A dopamina é metabolizada pela MAO, originando o ácido 3,4-dihidro- fenilacético (DOPAC), que ainda pode ser metabolizado pela enzima catecol-O-metiltransferase (COMT), originando o ácido homovanílico. A serotonina, por sua vez, é metabolizada pelas enzimas MAO e aldeído desidrogenase, originando o ácido 5-hidroxi-indolacético. Uma pequena parcela da dopamina e da serotonina, bem como de seus metabólitos, tam- bém é biotransformada por reações de glicuronidação, que ocorrem tanto no SNC como em tecidos periféricos. A principal isoenzima relacionada à glicuronidação da dopamina é UGT1A10 e da serotonina é UGT1A6 (OUZZINE et al., 2014). Deficiências na atividade da isoenzima UGT1A1 podem ocasionar a redução da conjuga- ção da bilirrubina. As alterações da enzima UGT1A1 podem ser diagnosticadas por meio de estudos moleculares, em que é analisado o gene que codifica essa proteína. Ainda, a deficiência da UGT1A1 pode acarretar em outras alterações laboratoriais, envolvendo a dosagem das bilirrubinas. As dosagens sanguíneas de bilirrubina total, bilirrubina direta e bilirrubina indireta podem ser realizadas. A bilirrubina direta se refere à fração da bilirrubina conjugada e a bilirrubina indireta se refere à fração de bilirrubina livre (não conjugada). Enquanto isso, a dosagem de bilirrubina total representa a soma da bilirrubina direta e da bilirrubina indireta. Quando há redução da atividade da enzima UGT1A1, a bilirrubina indireta encontra-se aumentada. O aumento dessa bilirrubina também pode ocasionar o aumento da bilirrubina total. 9Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico BRUNTON, L. L.; CHABNER, B. A.; KNOLLMANN, B. C. As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman e Gilman. 12. ed. Porto Alegre: McGraw-Hill, 2012. GOLAN, D. E. et al. Princípios de farmacologia: a base fisiopatológica da farmacoterapia. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. LINARDI, A. et al. Farmacologia essencial. Rio de Janeiro; Guanabara Koogan, 2016. NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. OUZZINE, M. et al. The UDP-glucuronosyltransferases of the blood-brain barrier: their role in drug metabolism and detoxication. Frontiers in celullar neuroscience, v. 8, n. 349, Oct. 2014. PINTO, W. J. Bioquímica clínica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. RODWELL, V. W. et al. Bioquímica ilustrada de Harper (Lange). 30. ed. Porto Alegre: Penso, 2018. ROWLAND, A.; MINERS, J. O.; MACKENZIE, P. I. The UDP-glucuronosyltransferases: Their role in drug metabolism and detoxification. The International Journal of Biochemistry & Cell Biology, v. 45, n. 6, p. 1121-1132, 2013. SANCHEZ-DOMINGUEZ, C. et al. Uridine 5' diphospho glucronosyltrasferase: Its role in pharmacogenomics and human disease (Review). Experimental and Therapeutic Medicine, v. 16, n. 1, p. 3-11, May 2018. SILVA, P. Farmacologia. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010. TUKEY, R. H.; STRASSBURG, C. P. Human UDP-Glucuronosyltransferases: Metabolism, Expression, and Disease. Annual review of pharmacology and toxicology, v. 40, p. 581- 616, 2000. VOET, D.; VOET, J. G. Bioquímica. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013. Principais vias metabólicas e de conjugação com ácido glicurônico10 Conteúdo:
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