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DIREITO DO CONSUMIDOR 2017 2 AULA LUAAgrifada

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Direito do Consumidor
Aurisvaldo
Bibliografia:
Sergio Cavalieri Filho - Programa Direito do Consumidor - Ed Atlas (mais superficial)
 
Cláudia Lima Marques, Antônio Herman Benjamin, Leonardo - Manual de Direito do Consumidor - Ed EIT
Bruno Miragem - Curso de Direito do Consumidor - Ed RT (mais profundo)
*Leonardo de Medeiros Garcia - Direito do Consumidor, Código Comentado e Jurisprudência - Ed Saraiva//Juspodium (direito do consumidor com a jurisprudência do STJ)
Provas:
1 avaliação 27/09
2 avaliação 22/11
Duas questões (em regra)
Teóricas e práticas (caso para solucionar ou um julgado para avaliar se está correto)
Não cabe consulta
AULA 01 - 02/08
Introdução:
Direito do Consumidor é um ramo novo do Direito. Antes do CDC as relações de consumo eram reguladas pelo Direito Civil. 
Antigamente não havia legislação que exigia o prazo de validade nos produtos no CC.
Houve ao longo da história uma certa preocupação de defender o consumidor (na época não denominados assim).
O código de hamurabi protegia direitos que hoje estão no CDC.
No império romano havia o congelamento de preços, por exemplo.
Na IM havia um édito na França que punia com banho escaldante quem adiciona água ao leite e pedra a manteiga.
Essas obrigações pontuais não são fontes do direito do consumidor atual. A origem do direito do consumidor como é hoje está no fim do séc 19 e início do 20 nos EUA chamado de movimento consumerista que teve início na sociedade civil. Iniciativas que objetivavam premiar os bons fornecedores, com boas práticas. John Kennedy encaminhou uma série de propostas legislativas e enunciou os chamados direitos básicos do consumidor (déc 60 no séc 20). O marco do surgimento do consumidor está na déc 60 nos EUA. Posteriormente a preocupação de defender o consumidor migra para a Europa. Em 1888 chega no Brasil e reflete em 1990 com o CDC.
Porque só na segunda metade do século 20 surge no Brasil o CDC? O direito do consumidor é fruto do sistema de produção capitalista, em larga escala, é uma forma de compatibilizar o sistema de produção capitalista com a proteção do ser humano. Antes no Brasil a produção não era em larga escala, era individualizada. 
Consequências do capitalista: era da opulência, hoje as necessidades básicas da população está atendida, gerando a potencialização dos riscos. Os riscos hoje são “democratizados” (todos corremos riscos). Hoje os remédios, roupas são feitos não mais de forma individualizada por exemplo, ou seja se um remédio faz mal a população de uma forma geral sofrerá com as consequências. O risco dito aqui é tanto o pessoal como o econômico. O direito do consumidor aparece como mecanismo para proteger o consumidor nessa nova realidade. É mecanismo de compatibilização da proteção da pessoa humana em face da sociedade capitalista. 
O direito do consumidor não se originou nos romanos, eles tinham preocupações pontuais com esses sujeitos de direito, que hoje chamamos de consumidor, pois a realidade econômica daquele momento não demandava essa proteção, apenas no fim da segunda metade do século 20 que os Estados passaram a ter preocupação de estabelecer uma política pública de proteção do direito do consumidor, por isso o art. 5 a CF diz que o estado deve promover a defesa do consumidor. 
As indústrias farmacêuticas foram as primeiras a ter potencial de ocasionar lesão aos consumidores, aí apareceram as primeiras manifestações punindo as propagandas de medicamentos.
O ato de consumir envolve riscos, não dá para separar completamente de certo nível de riscos. Cláusulas abusivas sempre apareceram em contratos, e produtos que causem contaminação por exemplo.
É necessário proteger o consumidor em face dos riscos com a finalidade de diminuir os riscos. O direito do consumidor tem o objetivo de proteger o consumidor em face do sistema de produção capitalista, em larga escala.
O Brasil é um país desigual, onde tem aqueles que vivem à margem sem as necessidades básicas e a classe média opulente, afluente, que tem as necessidades básicas atendidas.
O direito do consumidor não é tão adequado para resolver as necessidades básicas daqueles que vivem à margem da sociedade, mas cabe sua utilização para prezar pela segurança alimentar. 
O vínculo do direito do consumidor e estágio de desenvolvimento econômico, sobretudo na classe média urbana, e a necessidade de compatibilizar o sistema de produção capitalista em larga escala com a proteção da dignidade da pessoa humana. 
JEMYMA - Aula 01 - 02/08/17
Introdução e breve evolução histórica:
Antes de 1990 não havia direito do consumidor no Brasil. As relações de consumo eram reguladas pelo direito civil. Não havia, por exemplo, legislação que impusesse prazo de validade aos alimentos, devendo os consumidores escolhe-los pelas suas características organolépticas.
Apesar de não haver ainda DC, houve ao longo da história certa preocupação em defender estes sujeitos de direitos, que hoje denominamos de consumidor. O código de Hamurabi já mencionava alguns preceitos que hoje integraria o CDC. Protegia p ex, o adquirente de edificações. Quem vendesse com defeito, deveria refazer, às suas expensas. O cirurgião que causasse a morte de um escravo, teria que dar em substituição outro escravo, ou se morte de um filho, um filho do cirurgião morreria. Código de Massur, na Índia também protegia.
No império romano havia proteção aos vícios redibitórios (É o defeito oculto da coisa recebida que a torna inapropriada ao fim a que se destina ou que lhe diminui o valor. O adquirente poderá rejeitar a coisa ou requerer o abatimento do preço, devendo o alienante restituir-lhe o objeto adquirido com perdas e danos, caso tenha ciência do vício, ou somente o valor recebido, se não tiver conhecimento do defeito. Os prazos para requerer a redibição ou abatimento do preço são de 30 (trinta) dias, se a coisa for móvel, ou um ano, se imóvel). Havia até congelamento de preços. Na idade média, havia o édito na França que punia com banho escaldante, aquele que adicionasse água ao leite e pedra à manteiga. Ao longo da história houve preocupação em defender o consumidor. Mas eram pontuais. Nada disso se refletiu no DC atual.
A origem do DC como concebemos hoje está no final do séc. XIX nos EUA. Movimento consumerista teve início na sociedade civil, em iniciativas que premiavam os consumidores. No séc. XX, déc. 60 o presidente John Kenedy enviou propostas ao legislativo com direitos básicos do consumidor. Posteriormente essa preocupação migra para a Europa, e se desenvolve mais. No Brasil só com a CF/88. Isso porque o DC é fruto do sistema capitalista, da produção de consumo em larga escala. É forma de compatibilizar este sistema com a proteção do ser humano. Antes, a sociedade não demandava o DC. A produção era individualizada.
O capitalismo tem 2 consequências: era da opulência, onde grande parte das necessidades básicas da população está sendo atendida; e a potencialização dos riscos. Por isso o DC surgiu. Os riscos hoje são democratizados; socializados. Todos corremos riscos da mesma forma. O mesmo medicamento que atinge uma pessoa na Chile, atinge no Brasil. Tanto riscos pessoais, quanto econômicos.
O DC surge como mecanismo de proteção do consumidor, para proteger a pessoa humana em face do sistema capitalista. Somente na segunda metade de sec. XX os estados passaram a se preocupar em estabelecer uma política pública de defesa do consumidor. O art. 5, XXXII, estabelece que o estado estabeleça na forma da lei política para defesa do consumidor. No ADCT há determinação da criação do CDC. Mas antes do CDC haviam normas protetivas desde o sec. XIX, que puniam aquele que fizesse p ex. publicidade enganosa de medicamentos; que anunciasse efeitos não comprováveis de medicamentos. Isso porque é uma indústria que tem potencialidade de ocasionar lesão aos consumidores. Mas eram manifestações pontuais. Se risco, a legislação tentava controla-los.
Obs.: o ato de consumir envolve riscos. Não dá para separar. Cláusulas abusivassempre ocorrerão. Produtos impróprios para consumo ocorrerão. Nunca teremos segurança plena de que não está contaminado ao consumir. Mas é necessário reduzir riscos ao mínimo.
O Brasil, sendo um país desigual, há aqueles que estão num nível de pré consumo, estando menos preocupados com segurança alimentar p ex., e mais preocupado com o acesso aos alimentos. Doutro lado, há uma classe média que demanda este direito. Assim há relação do DC com o estágio sócio-econômico que estamos, sobretudo a classe média urbana. Há necessidade de compatibilizar este modo de proteção de larga escala com a proteção da dignidade da pessoa humana.
AULA 02 - 09/08
Fontes constitucionais do Direito do Consumidor
O art. 1 do CDC menciona as suas fontes constitucionais. Há vinculação muito forte com a CF.
Art. 1° O presente código estabelece normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem pública e interesse social, nos termos dos arts. 5°, inciso XXXII, 170, inciso V, da Constituição Federal e art. 48 de suas Disposições Transitórias.
Os artigos acima são as fontes constitucionais.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor;
Art. 5, XXXII (o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consumidor”): a defesa do consumidor está disposta no texto constitucional como direito fundamental. Os direitos fundamentais são instrumentos para assegurar a dignidade da pessoa humana. Deste inciso decorre o fato de que não há determinação para que se edite uma lei. Ou seja, a edição do CDC não exaure(encerra) a eficácia deste inciso. Na verdade, este inciso impõe ao Estado que mantenha política pública de defesa do consumidor.
Segundo o princípio da proibição do retrocesso, as conquistas sociais não podem retroceder. Este princípio seria princípio constitucional implícito. Por isso, os autores divergem sobre este princípio. Em se tratando de direito do consumidor, a proibição do retrocesso está expressa, pois qualquer medida de desproteção ao consumidor estaria violando a constituição. O que pode divergir é se determinada medida substitutiva de outra anterior é mais eficaz ou não no sentido de proteger o consumidor. O que não se pode é suprimir essa proteção, ou substituição por outra que não se atenda mais eficaz na defesa do consumidor. Ex. atual: lei dos planos de saúde, que vem mitigando a proteção ao consumidor. O mesmo quanto a cobrança pelas bagagens em voos. 
Este dispositivo eleva para o plano constitucional o princípio da vulnerabilidade do consumidor. Vulnerabilidade é o estado de fraqueza; fragilidade. É correlato à chamada hipossuficiência do empregado, mas está no plano econômico. No Direito do Consumidor tem mais amplitude, pois não é apenas no aspecto econômico. É neste aspecto, mas também em outros (informacional, técnico, jurídico). Este princípio é infraconstitucional expresso (art. 5, CDC). Consumidor é sujeito de direito mais frágil que fornecedor. É princípio constitucional implícito.
Última consequência do inciso XXXII, art 5, CF → O consumidor deve ser destinatário de grau máximo de tutela do ordenamento jurídico. Nenhum outro sujeito de direitos estando em situação igual ou mais privilegiado que o consumidor deve ser destinatário de proteção jurídica superior àquela destinada ao consumidor, e se isso ocorrer a proteção do consumidor deve ser estendida para alcançar o mesmo nível de proteção. 
O art. 927, p. único, CC, diz que aquele que exerce atividade de risco responde objetivamente. 
Já o art. 14, parágrafo 4, CDC diz que a responsabilidade do profissional liberal é subjetiva, ou seja, dependente da verificação de culpa. Vamos pensar na hipótese que um profissional liberal exerça atividade de risco, ele responderá objetiva ou subjetivamente? Suponha que em uma relação de consumo. É controverso até o que é profissional liberal. Supondo que professor, que dá aula de ultraleve (pilotagem de ultraleve), e é um profissional liberal, e ocorre um acidente, o ultraleve cai provocando lesões no aluno (João). Esse profissional liberal responderá objetiva ou subjetivamente? Alguns poderiam alegar que deveria ser subjetiva, de acordo com o princípio da especificidade, que como é uma relação de consumo tem que aplicar o CDC, mas a responsabilidade nesse caso deve ser OBJETIVA.
Se o professor de ultraleve está dando aula a quem não seja consumidor (Breno), portanto, não aplicaria o CDC, portanto, aplica o CC, onde a responsabilidade é OBJETIVA. 
Se a responsabilidade no caso de João fosse subjetiva, e no caso de Breno objetiva estaríamos, neste caso outorgando a quem não é consumidor, ou seja, a quem não é presumidamente vulnerável uma tutela jurídica maior do que aquela jurídica maior do que aquela aplicada a quem é consumidor. O que viola o princípio da igualdade, da igualdade substancial, o que seria contraditório. É por isso que ao reconhecer o estado de fragilidade do consumidor a CF implicitamente está também determinando que o consumidor goze do grau máximo de tutela jurídica do ordenamento jurídico. Se alguma proteção é outorgada a quem não é consumidor e está em situação semelhante, ou mais privilegiada que o consumidor, a tutela do consumidor deve ser ampliada. 
Obviamente que se concedo tutela a alguém que está em situação ainda mais débil que o consumidor, como a criança e o idoso, tutelas específicas a sujeitos mais vulneráveis, não se impõe a ampliação da tutela do consumidor, caso contrário a tutela do consumidor deve ser ampliada para alcançar o nível de tutela outorgada a esses sujeitos de direitos.
→ No DC, como regra a responsabilidade é objetiva. A exceção está na responsabilidade do profissional liberal, que é subjetiva. Este é sempre pessoa física, e é preciso que a prestação do serviço se dê de forma direta. No máximo com o auxílio de outrem. Ex.: dentista.
→ Mas há controvérsias sobre quem é profissional liberal. Alguns dizem que para ser profissional liberal precisa exercer atividade que dependa de formação superior, como o eletricista e pedreiro não seriam profissionais liberais. Mas, não há consenso.
 Segunda fonte constitucional do Direito do Consumidor → 
Art. 170, V “A ordem econômica (é o conjunto dos fatores que atuam na economia. É o sistema capitalista), fundada na valorização do trabalho humano, na livre iniciativa e na propriedade privada.
O sistema capitalista é voltado para o lucro, só que o art. 170, caput, CF, diz que a nossa ordem econômica tem por fim assegurar a todos a existência digna. Nesse sistema não se repele o lucro, o lucro é desejado, mas ele não pode ser o fim, o norte da ordem econômica, já que é vocacionada para assegurar a todos a existência digna conforme os ditames da justiça social. E conclui o artigo 170 que para atingir esses objetivos, devem ser observados alguns princípios. Dentre eles está a defesa do meio ambiente e a livre concorrência, mas entre esses princípios temos o do inciso V, que é a defesa do consumidor, ou seja, para que a ordem econômica de fato assegure a existência digna da pessoa, conforme os ditames da justiça social, é necessário que ela respeite o consumidor. 
Não só a defesa do consumidor é direito fundamental, mas também princípio norteador da ordem econômica. Esse princípio impõe aos agentes que atuam no mercado um dever negativo (pois a ordem econômica deve abster-se de atuar em prejuízo do consumidor - dano e vulneração do consumidor) e um dever positivo (a própria atuação da ordem econômica deve ser orientada no sentido de satisfazer, de causar benefício ao consumidor, atuando em prol dele).
Este princípio da defesa do consumidor, pode parecer abstrato, sem repercussão prática. Mas, há alguns anos nós vimos a repercussão prática dele com a edição da lei n 9294/96, que trata da publicidade de certos produtos (bebidas alcoólicas,fumo, medicamentos, armamento). 
Antes, havia publicidade exagerada de cigarros, com mensagens implícitas, inclusive relacionando o cigarro com masculinidade. Com a edição da lei n 9294/96, só é permitido fazer publicidade de cigarro nos locais que vendem cigarro, em mídia estática (cartaz), e a publicidade deve ser voltada para o interior do estabelecimento. Não se pode mais em nenhum outro meio. Esta restrição, quando editada a lei, se dizia que violava o princípio da livre iniciativa em função da ampla restrição, que praticamente proibia a publicidade. Mas, se dizia que de fato restringia a livre iniciativa, mas se realizava outro princípio, que é o princípio da defesa do consumidor. Com base neste princípio, que por vez realiza o princípio da dignidade humana no plano das relações de consumo, que se conseguiu manter a lei 9294/96. 
Então, é possível sim que essa lei tenha eficácia prática, embora frequentemente quando enfrentamos essas discussões, enfrenta-se o debate que se agita o princípio da livre iniciativa, como o preço diferenciado para homens e mulheres. Diz-se que o princípio do preço diferenciado para homens e mulheres viola o princípio da isonomia, e em alguns estados os preços diferenciados não viola o princípio da isonomia, e sim, realiza o princípio da livre iniciativa, pois a isonomia implica em tratar igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais. O PROCON não é a favor do princípio dos preços diferenciados.
O art. 48, ADCT determina expressamente a edição de um código de defesa do consumidor.
Art. 48, ADCT (O Congresso Nacional editará, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborará código de defesa do consumidor.): trata-se da lei 8.078/90 (CDC), entrou em vigor em março de 1991. É lei ordinária. Entretanto, uma parte da doutrina diz que embora o CDC não seja formalmente complementar, é materialmente complementar. A nossa doutrina de direito constitucional não faz essa distinção (lei material e formalmente complementares), ou seja, quando a CF diz que certa matéria tem que ser por lei complementar, tem que ser formal e materialmente complementar. Ex. sistema financeiro nacional - lei complementar; normas gerais sobre tributação - lei complementar.
Entretanto, alguns autores importando a ideia que vem de outros países, diferem leis formal e materialmente complementares. Quando a CF determina que determinada matéria seja disciplinada por lei complementar, essa lei deve ser uma lei formal e materialmente complementar. Entretanto, quando a CF determina a edição de uma lei sem a exigência, todavia, de que a matéria seja disciplinada por lei complementar, essa lei não deixa de ser complementar, embora seja complementar apenas materialmente e não formalmente. Para essa parte da doutrina é isso que aconteceria com o CDC, ela não observou na sua tramitação os ritos das leis complementares, pois a CF não exigia que ela fosse lei complementar. Mas, ela é segundo essa doutrina MATERIALMENTE COMPLEMENTAR. Qual a repercussão prática disso?
A repercussão prática disso é que só uma outra lei da mesma natureza poderia derrogar as normas do CDC. Ou seja, outra lei que objetivasse disciplinar relações de consumo, pois aí teria a mesma natureza. Exemplo: O CC poderia derrogar norma do CDC? Dizem que não, pois não é lei vocacionada para disciplinar relações de consumo. Exemplo: medida provisória pode derrogar? A CF veda. Essa discussão é o que envolve hoje o plano de saúde. 
A jurisprudência não se debruçou sobre a discussão de o CDC ser norma materialmente complementar, portanto, só poderia ser derrogada por outra de mesma natureza, e não poderia por exemplo ser por medida provisória. Mas, é um posicionamento de muitos autores do Direito do Consumidor, principalmente Cláudia Lima Marques.
CURIOSIDADE → No regimento interno do congresso nacional existe um rito específico que diz respeito a tramitação nas comissões dos códigos, que tem uma tramitação mais rigorosa, que não diz respeito ao quorum, e sim, às comissões. E o CDC embora seja código, não obedeceu a essa tramitação regimental que se exige para códigos. Aí, quando tava para ser promulgado um deputado perguntou: “isso é um código mesmo?”, aí o presidente do congresso na época disse que a CF federal prevê Códigos (com “C” maiúsculo), e um código (com “c” minúsculo), e quando a CF fala do CDC fala com “c” minúsculo. O com “C” maiúsculo deve obedecer a tramitação mais rigorosa.
O art. 1º do CDC afirma ainda que as normas da lei 8078 são de ordem pública e interesse social. Normas de ordem pública são aquelas que tutelam interesses gerais da sociedade. Se contrapõem às normas de ordem privada. As normas de ordem privada são aquelas que tutelam os interesses de particulares. A defesa do consumidor interessa a sociedade como um todo. Como isso repercute//consequências:
1 - As normas do CDC são pronunciáveis de ofício, sem requerimento de quem quer que seja.
O art. 50, CC diz que a despersonalização da personalidade jurídica depende de requerimento da parte ou do MP quando lhe incumbir interferir no processo. E veio o CPC/15 e disse a mesma coisa quando fala do incidente de desconsideração da personalidade jurídica. Ocorre que o art. 28 do CDC, que trata da desconsideração não subordina a requerimento, mas também não diz que pode ser pronunciado de ofício, apenas é silente quanto o assunto. Em um litígio de consumo a desconsideração pode ser determinada de ofício ou não? É isso que se discute à luz da natureza das normas de proteção do consumidor, que são de ordem pública e interesse social, e que portanto podem ser pronunciadas de ofício. 
Não há jurisprudência do STJ sobre esse assunto. As discussões se limitam ao primeiro grau de jurisdição, que são majoritariamente a favor de ser de ofício.
Despersonalizar significa anular a personalidade, o que não ocorre na desconsideração. Nesta, não se anula a personalidade, ao contrário, esta resta mais protegida; não se trata de despersonalização (anulação definitiva da personalidade), mas de simples desconsideração, retirada momentânea de eficácia da personalidade. 
“Despersonalização, que traduz a própria extinção da personalidade jurídica, e o termo desconsideração, que se refere apenas ao seu superamento episódico, em função de fraude, abuso ou desvio de finalidade”. 
2 - Inderrogabilidade das normas de proteção do consumidor pela vontade das partes. É nula disposição contratual que viole/contrarie o sistema de proteção ao consumidor. Não importa que o consumidor tenha assinado o contrato. Se viola o sistema de proteção do consumidor, se viola a ordem pública, é nula. Mas é possível contrariar o CDC se for para benefício do consumidor. O que não admite derrogação é a proteção, outorgar maior proteção do que a que está em lei é compatível com o sistema. Ex.: prazo para correção dos vícios.
“Art. 18. Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com as indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
 § 1° Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:”
 § 2° Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do consumidor.
O art. 18, § 1º, CDC, diz que ocorrendo vício no produto, o fornecedor tem prazo de 30 dias para sanar/consertar o vício/produto e no mínimo de 7 dias. Mas pode ampliar (não mais de 180 dias) ou reduzir (não menos de 7 dias) o prazo, segundo o CDC. Mas, oprazo pode ser reduzido para menos de 7 dias, pois isso beneficia o consumidor. O que não pode é: com o afastamento da norma do CDC por disposição contratual mitigar a defesa do consumidor.
Na doutrina, há outras consequências minoritárias:
- Superioridade das normas de ordem pública. Doutrina majoritária diz que são normas de mesma hierarquia.
- Obrigatória intervenção do MP em toda relação de consumo. É ultrapassado.
- Retroatividade. Normas de ordem pública seriam retroativas. Mas o STF diz que não há distinção do ato jurídico perfeito entre normas de ordem pública e de ordem privada então não poderia retroagir.
Aula 03 - 16/08
Relação de consumo e seus elementos 
O CDC não foi editado para regular quaisquer relações jurídicas, foi editado para regular as relações de consumo. Ex. vendo meu automóvel para Isa. Esse contrato de compra e venda será regulado pelo Direito do Consumidor? Não, pois eu não sou fornecedor. Não é uma relação de consumo.
Em que consiste a relação de consumo? 
Embora o CDC seja vocacionado para regular as relações de consumo, não existe no código o conceito de relação de consumo, e sim, os elementos da relação.
Relação de consumo é um vínculo que se estabelece entre pessoas da qual decorrem direitos e deveres. É uma relação jurídica como outra qualquer, só que tem elementos específicos.
Os elementos das relações jurídicas: subjetivo (sujeito ativo e sujeito passivo), objetos (bens e prestações), fato propulsor da relação jurídica. O legislador do CDC partiu dessa noção.O fato propulsor, como regra, não interessa para caracterizar a relação de consumo. Para a relação de consumo interessa os sujeitos e objetos. Ocorre que há duas relações de consumo: a padrão, e por equiparação. Essa relação de consumo para a qual não interessa o fato propulsor, e sim, sujeitos e objetos, é a relação de consumo padrão.
Relação de consumo PADRÃO: vínculo entre um CONSUMIDOR (sujeito ativo) e um FORNECEDOR (sujeito passivo), que teria como objeto um PRODUTO E/OU SERVIÇO (bem jurídico ou uma prestação).
CONSUMIDOR (art. 2, caput, CDC): É o conceito de consumidor padrão, o do código. 
Art. 2° Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. 
Elemento subjetivo: aquelas pessoas que são ou podem ser consumidoras, não menciona o ente despersonalizado (ex. condomínio, massa falida, herança jacente), mas também pode ser por uma questão de equidade. O elemento subjetivo é amplo, qualquer pessoa pode ser consumidor. Mas, a jurisprudência do STJ impõe uma restrição: a PJ só será considerada consumidora se demonstrar a sua vulnerabilidade (reconhecimento do estado de fraqueza do consumidor) no caso concreto. A pessoa física tem a presunção de vulnerabilidade, mas a PJ terá que fazer prova da vulnerabilidade no caso concreto, seria uma vulnerabilidade locacional (comparar os sujeitos da relação de consumo). Se a PJ não for vulnerável não será considerada consumidora. Ex. Ford compra vidros temperados de empresa X, mas Ford não é vulnerável, assim, não é consumidora. Será uma relação regulada pelo Direito Civil, e não pelo CDC. 
Logo, na relação de CONSUMO, para ser CONSUMIDOR (suj. ativo) deverá haver a VULNERABILIDADE!
Consumidor é quem adquire ou utiliza, ou seja, não precisa ser contratante para ser consumidor, ainda que o indivíduo não seja ele o contratante, bastando que ele utilize ou adquira o serviço ele será o consumidor. Ex. o empregador contrata plano de saúde para o seu empregado e ele paga. O empregado não paga nada, tecnicamente teria uma estipulação em favor de terceiro. Aí, um dos empregados precisa de um atendimento médico, que é negado pela operadora de saúde. Esse empregado pode litigar diretamente com a operadora do plano de saúde com base no CDC? Sim, apesar de não ser contratante é usuário do serviço. Ex. João comprou uma lingerie para sua namorada, e ela se descostura no primeiro uso. A donatária (recebeu, mas não comprou) desse presente poderia litigar contra o fornecedor com base no CDC? Sim, pois embora não seja contratante/adquirente é a usuária do produto. 
Elemento anímico: consumidor é o destinatário final. O intermediário não é consumidor. Quem adquire o produto com ânimo de intermediação não é consumidor. Ex. sacoleira compra 200 calcinhas para revender, ela não é consumidora, porque não é destinatária final. Se as calcinhas vieram com defeito para ela, ela deve litigar com base no CC.
A intermediação que descaracteriza a condição de destinatário final é a intermediação lucrativa. Se não for lucrativa não descaracteriza a destinação final. Ex. João que comprou a lingerie para a namorada não perde a sua condição de consumidor. A intermediação desinteressada não descaracteriza a condição de destinatário final. Ex. Pai que contrata plano de saúde para o filho é consumidor. Ex. Empregador que contrata plano de saúde para o empregado é consumidor. Ex. A distribuição de amostra grátis não é uma intermediação desinteressada.
Três teorias que dividem o direito do consumidor: Discutem o conceito de destinação final.
1 - A teoria maximalista ou objetiva: FÁTICA 
Exige a destinação final fática. É exatamente o que falamos até agora de destinação. Destinação fática é adquirir para si, sem ânimo de intermediação lucrativa. 
2 - A teoria finalista ou subjetiva: ECONÔMICA 
*Gera injustiça porque exclui o pequeno empresário, que não seria consumidor.
Exige a destinação final econômica. A destinação final econômica pressupõe a destinação final fática, mas exige algo além. Para ser esse tipo de destinatário o indivíduo deve adquirir o produto para si, sem ser para intermediação com finalidade lucrativa, e também para tirar o bem do ciclo econômico, ou seja, quando não se pretende utilizá-lo no meio de produção, para produzir riqueza. Se é utilizado com finalidade econômica, na atividade profissional qualquer, 52:00. Ex. Se a Ford compra Robôs para ajudar na linha de montagem. Ao comprar os robôs em uma linha maximalista é consumidora, mas em uma ótica finalista não, pois adquiriu os bens com o objeto de produzir riqueza com eles.
O objetivo desta teoria é restringir, não aplicar o CDC em proveito daquele que não precisa. Logo se percebeu que essa teoria é capaz de produzir injustiças, Ex. o caso de um taxista. Eu e um taxista vamos comprar um automóvel. Para mim o automóvel não é meio de produção, já para o taxista é meio de produção, assim, em uma ótica finalista ele não seria consumidor. Ex. costureira comprando máquina de costura não é consumidora na ótica finalista. Ex. diarista entrou com uma ação pedindo indenização porque a Vivo interrompeu o serviço, e ela ficou sem trabalhar durante um tempo, pois as clientes não conseguiram contato com ela. Aí o juiz aplicou a teoria finalista, pois o telefone é um meio de produção. Ai, julgou que ela não é consumidora. Em razão dessas injustiças surgiu → 
3 - A teoria finalista mitigada/evoluída/aprofundada: ECONÔMICA OU FÁTICA + VULNERABILIDADE
Não se afasta da exigência de destinação final econômica, entretanto, se conforma com a destinação final fática quando aliada a destinação final fática houver vulnerabilidade de acordo com o princípio da equidade, da igualdade.
Na doutrina e jurisprudência as três teorias tiveram sua vez. 
O STJ foi inicialmente a 1, depois 2 e finalmente adotou a 3, que é a teoria que prepondera na atualidade.
*princípio da vulnerabilidade é diferente da hipossuficiência do empregado, e é aferida no caso concreto.
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AULA - 30/08
Relação de consumo padrão: consumidor, fornecedor, produto e/ou serviço
Relação de consumo por equiparação:
Conceito de consumidor: consumidor padrão (art.2, caput, CDC) e por equiparação
HOJE →
Consumidor por equiparação não precisa se adequar ao modelo do art. 2 caput, ele não precisa ter adquirido produto ou serviço algum. A primeira hipótese deleé o p. único do art. 2, que diz (Parágrafo único. Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que haja intervindo nas relações de consumo.). Essa comunidade de pessoas interveio na relação de consumo e a doutrina diz que não se trata realmente de um consumidor por equiparação, que é um consumidor padrão coletivo. Aí se fala de uma comunidade de pessoas que intervieram em uma relação de consumo, daí que a rigor não seria essa de fato uma hipótese de consumidor por equiparação, mas o legislador tratou como se fosse. O objetivo do dispositivo não é estabelecer hipótese de consumidor por equiparação, conforme a doutrina, mas é deixar claro que são destinatários da tutela tanto o consumidor individualmente considerado como o coletivamente considerado. Ex. pessoas que sofreram acidente da lancha em mar grande é uma coletividade de consumidores, que não são consumidores rigorosamente por equiparação; travaram a uma relação consumidora padrão. 
MAS SE CAIR NA PROVA DA OAB SERÁ CONSUMIDOR POR EQUIPARAÇÃO. As demais hipóteses dos arts. 17 e 29 são consumidores por equiparação.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento. - Os consumidores por equiparação não precisam adquirir produto ou serviço algum. A própria relação de consumo é por equiparação, não precisa ser a padrão (consumidor - fornecedor → produto e/ou serviço).
Esse artigo não fala somente das pessoas diretamente relacionadas ao acidente, mas sim todas aquelas que, de alguma forma, foram lesada, foram vítimas de um determinado acidente. 
Ex. compro automóvel novo e estou dirigindo nele, mas ele está com defeito no sistema de freio, aí o automóvel não freia, atropelo mendigo. Esse mendigo pode litigar contra a montadora com base no CDC? Sim, ele é consumidor por equiparação, vítima de um acidente de consumo. Base no art. 17, CDC.
Ex. passageiros são consumidores por equiparação, mas funcionários/empregados não.
Art. 29. Para os fins deste Capítulo e do seguinte, equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determináveis ou não, expostas às práticas nele previstas. - são consumidores todos expostos pelas práticas comerciais do CDC. Essas práticas abusivas são a oferta, publicidade, cobrança de dívidas, bancos de dados de consumo, as cláusulas contratuais abusivas e contratos de adesão. Ex. vem da “jurisprudência” dos juizados especiais: uma mulher foi furtada e levaram a bolsa dela com documentos, tudo. Esses documentos foram parar na mão de estelionatários e foram às casas bahia comprando coisas, e não pagaram, as casas bahia negativou a senhora, que sofreu problemas, e entrou com ação contra casas bahia para retirar o nome do SPC, entrando, nos juizados especiais do consumidor. As Casas Bahia contestou dizendo que não era consumidora, pois não utilizou serviços ou adquiriu produto que as Casas Bahia cobra dela (art.2, caput, CDC), mas ela é consumidora por equiparação (art.29, CDC) exposta a uma prática comercial chamada banco de dados de consumo. O juiz extinguiu a ação sem julgamento de mérito dizendo que de fato ele era incompetente, pois ela não é consumidora (errado). Ex. uma pessoa foi a um banco a fim de fazer empréstimo, o gerente disse que só daria se a pessoa contratasse um título de capitalização. E a pessoa não contratou nada. Entretanto, a pessoa pretende ingressar com ação contra banco. Poderá fazê-lo com base no CDC? Sim, nesse caso teríamos uma prática abusiva chamada venda casada. Basta que ela esteja exposta a uma prática abusiva para ser consumidora por equiparação (art. 29, CDC). Ex. MACRO mandava jornal de ofertas para a casa do cliente e colocaram lá TV com preço bom. Consumidor por equiparação pois foi exposto à publicidade (art.29, CDC).
FORNECEDOR: caput, art. 3, CDC (Art. 3° Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica, pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os entes despersonalizados, (elemento subjetivo. O gênero -toda pessoa- abrange as espécies, assim, o legislador foi redundante) que desenvolvem atividade de produção, montagem, criação, construção, transformação, importação, exportação, distribuição ou comercialização de produtos ou prestação de serviços.). 
Ex. pessoa física fornecedora - sacoleira.
Ex. pessoa jurídica fornecedora - SAI’S nos municípios.
Fornecedor seria definido pela atividade econômica desenvolvida? Não, pois no artigo há um rol que abrange qualquer atividade econômica. Se fala aqui, por exemplo, de produção (qualquer atividade primária); montagem (espécie de atividade industrial); transformação (outra espécie de atividade industrial que atinge matéria prima); criação (resulta na atividade de um bem intelectual); distribuição de produtos (comercialização, transportes). 
Qualquer pessoa e exercendo qualquer atividade econômica. Mas, aparece a pedra de toque :“que desenvolve atividade”, que a doutrina infere a HABITUALIDADE na prática//exercício de uma atividade econômica.
Ex. faculdade baiana de direito presta serviços educacionais, é fornecedora. Mas, a faculdade resolve vender computadores que tem para comprar novos e um aluno compra 1 deles, ela trava essa relação na condição de fornecedora? Não, pois ela não tem habitualidade no fornecimento de computadores.
Alguns autores (corrente doutrinária minoritária) exigem PROFISSIONALIDADE no exercício da atividade econômica, que é mais que habitualidade, exige que aquela seja a atividade econômica precípua daquela pessoa, se fosse secundária não haveria a caracterização do fornecedor. Ex. locadora de veículos (atv econ locação de veículos), mas como uma decorrência dessa atividade econômica ela precisa habitualmente vender automóveis, pois precisa renovar o acervo de automóveis. Ela não lucra com a compra e venda de automóveis, e sim, prestação do serviço de locação de veículos. Essa empresa é fornecedora quando vende os automóveis ou não? Vende de maneira habitual, mas não profissional. Na jurisprudência não há um reflexo quanto a isso. 
PRODUTO E SERVIÇO: 
O conceito de produto - é qualquer bem móvel, imóvel, material ou imaterial. É o conceito mais amplo. Diz o p. 1 do art. 3 (§ 1° Produto é qualquer bem, móvel ou imóvel, material ou imaterial.) que é qualquer bem. Qualquer bem pode ser produto? Não, há bens fora do comércio, insuscetíveis de relação de troca que assim não podem ser produto, como os direitos da personalidade (bens jurídicos). Não se exige para caracterizar produto de consumo que a relação jurídica seja onerosa, ainda que o fornecimento seja gratuito, há a caracterização da relação de consumo. Ex. fornecimento da amostra grátis caracteriza relação de consumo. 
Uma controvérsia (divergência na doutrina) que há é se o bem fornecido por filantropia caracteriza relação de consumo. Ex. restaurante que fornece comida gratuitamente a um orfanato. Há projeto de lei no CN excluindo esse fornecimento da relação de consumo.
Serviço: Art. 3, p. 2, CDC (§ 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.).
Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado quer dizer a atividade tem que ser fornecida a um público indeterminado, por isso a atividade fornecida no condomínio é para um número determinado de pessoas e por isso não é relação de consumo. Se furtam seu automóvel no edifício o condomínio responde com base no código civil, e não CDC, já que o serviço de segurança não é prestado no mercado. 
Mediante remuneração - Não se exigiu a remuneração para caracterizar o produto, mas sim, para o serviço. Remuneração implica necessariamente que a relação jurídica seja onerosa? STJ tem dito que não, concebendo a remuneração DIREITA (aquela que se refere imediatamente à atividade prestada, é a contraprestação mesmo. Ex. o que pagamos pelas aulas na Faculdade Baiana de Direito. Ex. estacionamento de Shopping), e INDIRETA (consiste em qualquer outra vantagem econômicaauferida pelo fornecedor, o fornecedor não cobra um valor por aquela atividade, mas aufere ganho por aquela atividade econômica. Ex. supermercado Hiper que não cobra pelo estacionamento, mas ao fornecê-lo aufere vantagem. Ex. embalagem de presente agregada ao produto que cliente compra em loja. Ex. lojas de cosméticos que às vezes prestam serviço de maquiagem para testar produtos (marketing).). A atividade prestada sem uma contraprestação imediata do consumidor, pode se dizer que ela seja prestada independentemente de qualquer remuneração? STJ diz que não, que há uma remuneração indireta!
Ex. gratuidade no transporte coletivo para idoso - ocorre acidente, que acidenta o idoso, o motorista responde com base no CDC. O transportador na hora que faz o valor da tarifa inclui a gratuidade sobre forma de custa que entra no cálculo da tarifa. Os pagantes estão pagando por elas mesmas e para subsidiar a gratuidade. Assim a gratuidade no transporte coletivo para idoso ocorre mediante remuneração indireta.
Fica de fora do conceito de serviço a atividade que é fornecida a título de filantropia. Seria o caso de Ivo Pitanguy (cirurgião plástico) que prestava cirurgias gratuitas para operar lábios leporinos. 
Inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista - A atividade fornecida pelo empregado ao empregador não caracteriza relação de consumo, mas sim uma relação trabalhista. Mas, o CDC quer excluir a relação de consumo em qualquer relação de vínculo empregatício. 
Existem empregadores que oferecem serviços aos empregados em relação da relação de emprego. Ex. plano de saúde prestada pelo próprio empregador, não contratava plano de saúde para o empregado. Esse tipo de serviço não é regulado pelo CDC. É diferente do empregado que compra comida no supermercado que trabalha, aí será relação de consumo.
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Aula 06/09/17 (FALTEI)
CASOS ESPECÍFICOS DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS.
Serviços bancários: é pacífico que caracterizam relação de consumo, tanto no STJ quanto no STF. O que importa é o destino do crédito. Se o mutuário adquire crédito para usar como capital de giro¹ ou investir em sua atividade econômica, não há relação jurídica de consumo. Mas o serviço bancário em tese não afasta relação de consumo. Como regra, caracteriza relação de consumo. Antes, a objeção era afirmar que quem toma crédito adquire dinheiro, e quem toma crédito, não é para destino final, e sim para utilizar de qualquer maneira. Haveria intermediação, e não destino final. Só que o dinheiro é juridicamente consumido. O outro argumento está na explicitude do art. 3, § 2° Serviço é qualquer atividade fornecida no mercado de consumo, mediante remuneração, inclusive as de natureza bancária, financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes das relações de caráter trabalhista.
¹ Capital de giro: é usado para financiar a continuidade das operações da empresa, seja para aquisições para o estoque ou para despesas operacionais.
Serviço público: hoje se entende que somente os serviços públicos tarifados perfazem relação de consumo. Os serviços públicos próprios (custeados por receita não vinculada) não podem ser de consumo, pois não há remuneração. Os impróprios (aqueles prestados às pessoas individualmente), com remuneração a título de taxas ou de tarifas. Se entende que as taxas não se submetem ao CDC, pois o STJ diz que nos casos destes, a relação jurídica é verticalizada, o estado atua com seu poder de império, impondo ao contribuinte pagamento de valor, pois um serviço foi colocado a sua disposição. O direito privado não poderia ser aplicado para regular estas relações jurídicas, e sim por normas de direito público. Remanescem apenas os serviços públicos tarifados. Ex.: energia, água, telefonia móvel, etc.
Serviços prestados pelos condomínios aos condôminos: não incide CDC< pois não é atividade fornecida no mercado. É na verdade um rateio de despesas. Além disso, é voltado para um grupo de pessoas específico, o que não ocorre na atividade de mercado. 
Serviços cartorários: não incide o CDC, pois a natureza jurídica é taxa, e entende o STJ que é expressão do poder do estado. A atividade judicante é a própria expressão de um dos poderes do estado, não tendo incidência do CDC.
Serviço advocatício: já se entendeu que sofria incidência do CDC. Hoje, a relação entre advogado e seu cliente não sofre incidência do CDC. Fundamenta-se o STJ em 3 argumentos: a atividade do advogado não é fornecida no mercado. Para que a atividade seja fornecida no mercado, seria necessária a publicidade da atividade; a advocacia é um múnus/dever público, previsto na CF, estabelecendo que todos têm direito a defesa técnica; e a advocacia é regida por uma legislação própria (estatuto da ordem dos advogados).
Obs.: os demais profissionais liberais sofrem incidência do CDC. Ex.: médicos
Princípios do direito do consumidor
São aplicados para dirimir conflitos de consumo, independe de haver regra específica. O CDC é legislação predominantemente sintética, pois se utiliza mais frequentemente dos princípios que das regras. Há normas materiais, processuais e até penais. A principiologia permitiu que regulasse as relações jurídicas em poucos artigos, e há solução de conflitos com princípios.
No DC há implícitos e expressos.
a. Princípio da vulnerabilidade do consumidor:
Consiste no reconhecimento do estado de fragilidade do consumidor. É frágil em relação a sua contraparte. Não corresponde a hipossuficiência do empregado (que se revela sobre o aspecto econômico). No DC, a vulnerabilidade é multifacetada, pois há também hipossuficiência, só que relacionado ao aspecto processual (que é um dos requisitos para a inversão do ônus da prova).
A doutrina faz referência a três manifestações da vulnerabilidade: econômica, técnica e jurídica. Outros referem à fática e informacional e outras.
- Economicamente vulnerável, pois é menos aquinhoado economicamente. Isso é uma presunção do consumidor pessoa natural. As pessoas ricas se encaixam em vulnerabilidade, pois há outros requisitos. A pessoa natural não precisa fazer prova de sua vulnerabilidade. Há pensamento isolado sobre isso, dizendo que precisaria fazer prova. Só a pessoa jurídica deve fazer prova de vulnerabilidade, se quiser invocar para si a condição de consumidora.
- Vulnerabilidade técnica: o consumidor não detém conhecimentos técnicos específicos e aprofundados sobre produtos ou serviços que consome. Ex.: coca cola
- Vulnerabilidade jurídica: decorre dos contratos de adesão. O consumidor não consegue sequer estabelecer as bases da contratação, que são estabelecidas pelo fornecedor, que estará preparado para litigar. O consumidor comum não está preparado para litigar, nem mesmo os que têm conhecimento. O litígio transtorna nossa rotina, e o fornecedor litiga tanto, que há proximidade com o judiciário, além do custo ser mais barato para eles.
-> As três acima são as mais mencionadas.
- Vulnerabilidade fática: como regra, trava relação de consumo para satisfazer necessidades (biológica, psíquica ou social). Muitas dessas necessidades são implantadas nos consumidores pelos fornecedores.- Consumismo – imposição do consumo pelos fornecedores.
- Vulnerabilidade informacional: os consumidores, ainda que detenhamos informações técnicas, falta informações específicas. Ex.: de onde veio a água para cozinhar?
Obs.: alguns autores mencionam outros.
Reflexos da vulnerabilidade no DC: é a própria razão de ser do DC. Além disso, interage com outros princípios potencializado a incidência destes.
Hoje se fala em hipervulnerabilidade de alguns consumidores, e a incidência de certos princípios seria ainda mais aguda. Ex.: criança, idoso, doente. 
b. Princípio da boa-fé objetiva: expresso no CDC
Consiste num padrão de eticidade, que impõe às partes de um NJ atuação em padrão ético elevado. Impõeatuar na preservação não só de seus interesses, com também de sua contraparte. O seu contrário é a má-fé. É princípio geral do direito.
Não se pode dizer que a boa-fé no DC seja diferente. Tem o mesmo sentido que nos demais ramos do direito, e tem as mesmas funções:
- limitadora do exercício de direitos. Daí vem a proibição do tu quoque, do venire contra factum proprium.
- interpretativa-integrativa:
- criadora de deveres: são os deveres anexos. Ex.: confidencialidade (se contrata, e mesmo antes de contratar, é obrigado a manter confidencialidade); informação; cooperação; cuidado.
Peculiaridade no DC: interage com o princípio da vulnerabilidade, e se transforma em boa-fé potencializada. Não é diferente, mas é mais intensa, por essa interação. Ex.: dever de informação, no direito civil é possível em um contrato prestar informações numa língua estrangeira p ex. no CDC, o art. 31 diz que não pode, restringindo-se a língua portuguesa. Embora exigida de consumidor e fornecedor, para o fornecedor é mais intensa. Ainda mais quando o consumidor for hipervulnerável. Alguns dizem que mais que informação, deve haver o dever de aconselhamento. Ex.: médico em relação ao seu paciente na tomada de decisões.
c. Princípio da conservação dos contratos:
Só se pronuncia invalidade se não for possível manter os contratos. No CDC é potencializado pela relação com a vulnerabilidade. Ex.: vícios redibitórios, 01:00 onde no Direito civil há redibição ou estimação. No DC além destas duas, há a substituição do produto. No caso de publicidade, pode haver cumprimento forçado da obrigação. As cláusulas abusivas resultam em nulidade absoluta no direito civil. O juiz no DC deve manter o contrato, ainda que precise refazer a cláusula nula (art. 51, §2º, CDC). Só não mantém se impossível fazê-lo.
d. Princípio da transparência:
Alguns entendem que seria subprincípio da boa-fé.
Produz dois deveres expressos no art. 46 CDC. Impõe aos fornecedores o dever de informação contratual e redação clara dos contratos. O fornecedor tem dever de dar acesso prévio ao consumidor dos termos do contrato. Se não estiver, as cláusulas que impõem deveres ou restringem direitos, não obrigam o consumidor. O instrumento contratual deve permitir a compreensão de sentido e alcance. Deve evitar termos técnicos; ou quando necessários, devem ser esclarecidos ao consumidor (glossários). Se o consumidor não entender, não obriga. 
Ex.: segurador dizia que o sinistro não seria segurado se culpa grave do segurado. Não há consenso de culpa grave. A segurada não teve acesso ao contrato de seguro antes, e só recebeu depois a apólice, e não vincula, pois o leigo não tem como saber o que é culpa grave.
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AULA 11/09 (Reposição)
e. Princípio da efetiva prevenção de danos:
É a mesma coisa do Direito Ambiental. No Direito do Consumidor é adotado o princípio da prevenção e da efetiva prevenção de danos (precaução). O da prevenção atua sobre a certeza do risco. Já a precaução atua sobre a incerteza do risco. A prevenção certeza da insegurança; precaução é incerteza da insegurança. Na precaução o mesmo cuidado deve ter o mesmo cuidado, para proteger o consumidor.
f. Princípio da equidade (igualdade):
A igualdade aqui é material, é o outro lado do princípio da vulnerabilidade do consumidor. O tratamento protetivo é um reflexo prático da igualdade material. Igualdade material: tratar desigualmente os desiguais na medida das suas desigualdades.
g. Princípio da efetiva reparação de danos:
Todos os danos causados ao consumidor devem ser efetivamente reparados. O resguardo aos interesses do consumidor deve ser efeito. Esse princípio tem reflexos interpretativos importantes do Direito do Consumidor e nos próprios contratos → 
Art. 26, CDC - fala da decadência do direito de reclamar por vício. O P.1 diz causas que obstam-se a decadência (não se diz claramente se é interromper ou suspender, obs. no DC que não suspende ou interrompe, no D Consumidor cabe) .
Obstar equivale interromper que garante melhor a efetividade da reparação dos danos ao consumidor, pois resulta em interpretação benéfica. 
Interrupção - começa a contar o prazo do início cessada a causa obstativa. 
h. princípio da repressão eficiente dos abusos e da harmonização do mercado de consumo.
Devem ser interpretados em conjunto embora sejam dois princípios distintos. O da repressão: os abusos cometidos no mercado de consumo devem ser eficientemente reprimidos, se direciona a atuação dos órgãos adm de defesa do consumidor: MP, PROCON
Ex. Ação Civil Pública ou Ação Coletiva - onde milhões de consumidores lesados em poucos centavos
Essa repressão não pode ser tal que inviabilize o mercado. Deve harmonizar interesses entre consumidores e fornecedores. 
É bom para o fornecedor ter lucro, e para o consumidor que essa atividade seja bem sucedida, de boa qualidade. 
É preciso encontrar ponto de equilíbrio entre a proteção aos abusos, mas não ao ponto de inviabilizar a atividade econômica. A jurisprudência às vezes é chamada para dirimir conflitos entre proteger consumidor e viabilizar mercado, principalmente, em situações de ações coletivas. 
ALGUNS DIREITOS BÁSICOS DO CONSUMIDOR: ART. 6, V, VIII, CDC
1 ) Direito à revisão contratual
O art. 6, V, CDC diz que é direito básico do consumidor a modificação das cláusulas contratuais que estabelecem prestações desproporcionais e em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas. Esse dispositivo disciplina duas hipóteses de revisão por onerosidade excessiva concomitante com a formação do contrato (o negócio traz um defeito congênito, que vem da sua origem, já surge sem respeito a comutatividade, traz desequilíbrio, trazendo a uma das partes vantagem em relação a outra) e onerosidade excessiva superveniente (o contrato é equilibrado no seu nascimento, entretanto, um fato superveniente alheio à vontade das partes rompe o equilíbrio atribuindo vantagem excessiva a uma das partes).
Ex. Defeito Congênito: contrato bancário com juros exorbitantes.
ONEROSIDADE EXCESSIVA CONCOMITANTE A FORMAÇÃO DO CONTRATO é o que chamamos de lesão no art. 157, CC, o CDC não usa essa terminologia, mas é lesão também. Como a lesão tem disciplina nesses dois sistemas, vamos chamar a do direito civil de lesão civil, e a do consumidor de lesão de consumo. 
Direito Civil: as características gerais da lesão: vício de consentimento (circunstâncias que fazem com a vontade real seja discrepante com a declaração, essas circunstâncias são a premente necessidade de realizar o negócio ou a inexperiência quanto aquele negócio - são requisitos subjetivos). Assim, há a necessidade de requisitos objetivos (desigualdade das prestações) e um dos dois subjetivos. Consequência da lesão do Direito Civil: Anulabilidade do Negócio Jurídico.
 ex de inexperiência: não conhece mercado imobiliário de Salvador, só o do Rio de Janeiro, e compra apartamento muito acima do valor de mercado
Direito do Consumidor: a matéria está regulada no art. 6, V, primeira parte, CDC; art. 39, V; e art. 51, IV C/C p. 1 do art. 51, III. Todos esses dispositivos disciplinam a lesão da mesma forma, existe a repetição da disciplina da matéria, não há discrepância entre os dispositivos. A lesão de consumo não é um vício de consentimento, não se trata da deformação da declaração de vontade por um fato estranho que corrompeu, de fato a lesão de consumo não exige elemento subjetivo, exige exclusivamente elemento objetivo (desproporção entre as prestações), pois aqui se presume a vulnerabilidade do consumidor. Por isso enquanto no Direito Civil a lesão é vício de consentimento, no Direito do consumidor a lesão é um vício objetivo ou de apuração objetiva. Essa desproporção, assim, como no D Civil deve ser grave e apurada casuisticamente, ou seja, não existe tarifamento, mas no passado havia na vigência da lei 1.521/51 onde tarifava-se o lucro que acimade 20% seria lesionário. No direito do consumidor a consequência é a Nulabilidade (art. 151, caput, CDC), pois se as normas de proteção do consumidor são de ordem pública, a violação de normas de ordem pública condicionam à nulidade absoluta.
Art. 157, p. 1, CC - não se declara anulação se for reduzido proveito ou se a parte se dispor a fazer complementação. Parece que se submete à vontade das partes. Controverso doutrinariamente: O juiz pode fazer a revisão até mesmo contra a vontade das partes. No Direito do Consumidor isso não existe onde o art.6, V diz que o direito básico é a modificação, onde se amplia o poder do juiz para que modifique as cláusulas contratuais para que modifique ou faça a complementação do preço.
ONEROSIDADE EXCESSIVA SUPERVENIENTE A FORMAÇÃO DO CONTRATO: Nesse caso o contrato nasce equilibrado, e um fato posterior à formação do contrato rompe equilíbrio. Ex Até o ano de 1998 era comum contrato de leasing de automóvel, com vinculação das correções do leasing pela variação cambial, pois até 1998 adotávamos o sistema de câmbio fixo (O Banco Central fazia a cotação), e paridade cambial (1 dólar equivalia a 1 real). Só que esse sistema estava levando a quebra do país, exportadores não tinham estímulo, importadores importavam muito. Em 11 de janeiro de 1999 a política cambial mudou, adotamos o sistema de hoje: câmbio flutuante, quem determina a cotação do dólar é o mercado. E as pessoas que tinham o contrato de leasing vinculado à variação de câmbio, e a onerosidade virou excessiva superveniente por fato alheio à vontade das partes.
Art. 6, V, segunda parte, CDC.
Já no CC: art. 478, CC - Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar retroagirão à data da citação.
Direito Civil: Características, elementos exigíveis para a incidência do art. 478: que se trate da execução de um contrato de execução continuada ou diferida. Segunda característica: superveniência de um fato extraordinário e imprevisível. Terceira: extrema (o) onerosidade/prejuízo para uma das partes. Quarta: vantagem excessiva para uma das partes.
Direito do Consumidor: Exige que se trate da execução de um contrato de execução continuada ou diferida. Um contrato de execução instantânea não sofre a onerosidade excessiva superveniente.
O Direito do Consumidor não exige: superveniência de um fato extraordinário e imprevisível, o CC faz homenagem a teoria da imprevisão, o requisito essencial dessa teoria é exatamente esse. O CDC não adotou a teoria da imprevisão, e sim, teoria da quebra da base objetiva do negócio jurídico. Ambas as teorias surgiram pós 1 Guerra Mundial. 
A imprevisão do CC é a imprevisibilidade absoluta, que não pode ser previsto por ninguém. Há pouca coisa absolutamente imprevisível.
 Para o CDC o fato tem que ser superveniente e não pode ter sido previsto (embora pudesse ter sido previsto não foi), e vai saber das próprias bases do negócio jurídico.
Terceiro requisito que aparece no CC: onerosidade/prejuízo para uma das partes - há convergência entre direito civil e consumidor. No direito do consumidor a onerosidade/prejuízo tem que ser para o consumidor, se for para o fornecedor isso é risco do negócio, e não pode transferir para o consumidor.
Quarto requisito: vantagem excessiva para uma das partes - o CDC não exige, o CDC possibilita revisão mesmo que não haja vantagem para o fornecedor, e sim, ônus excessivo para o consumidor.
Consequência da onerosidade excessiva no 478, CC é a resolução do contrato, que significa a extinção. Mas, muitos autores admitem a revisão, como Cristiano Chaves. Embora haja essa discussão no Direito Civil, no Direito do Consumidor não tem essa discussão, pois o direito básico do consumidor é a revisão, e por exceção a resolução é possível caso não possa restabelecer a comutatividade, o equilíbrio.
Essa discussão foi enfrentada em 1999, antes de 1999 se discutia se o CDC tinha adotado a teoria da imprevisão ou a teoria da quebra da base. Alguns diziam que adotou a da imprevisão, só redigiu o dispositivo deficientemente. 
 Ex: No leasing, foi feita a revisão, o STJ dividiu o prejuízo, aplicou o princípio da harmonização do mercado a fim de proteger o consumidor e não inviabilizar a atividade.
AULA 13/09 -
2 ) A inversão do ônus da prova
Ope legis (por força da lei): determinada pelo legislador em algumas hipóteses. Não há margem de discricionariedade do legislador.
Art. 12, §3º, I e II: acidente de consumo decorrente do fato do produto. Resp objetiva, mas para que se verifique é necessário pressupostos: conduta, dano e nexo. É inversão do ônus relacionada à conduta do fornecedor que deve provar que não colocou o produto no mercado de consumo; provar que o defeito inexiste.
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
        I - que não colocou o produto no mercado;
        II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
        III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Presume que a alegação do consumidor é verdadeira, devendo o fornecedor provar o contrário.
Art. 14, §3º, I: acidente de consumo decorrente de fato do serviço. Só há inversão do ônus no tocante ao defeito, e não na conduta do fornecedor.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 3° O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
        I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
        II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
Art. 38: relacionado à publicidade. Quem deve provar que a publicidade é verdadeira é o fornecedor. A enganosidade é o fato constitutivo do direito do consumidor. Mas ocorrida a hipótese, está automaticamente invertido o ônus da prova.
 Art. 38. O ônus da prova da veracidade e correção da informação ou comunicação publicitária cabe a quem as patrocina.
2. Ope judicis: o legislador apenas enumera requisitos. Presente um dos, o juiz verifica no caso concreto. 	
Art. 6º, VIII: inversão do ônus da prova é uma das faces da facilitação ao consumidor na defesa de seus direitos.
Só pode ocorrer no processo civil! É óbvio.
“verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente”: Verossimilhante é a alegação provável. Não há provas, mas ao menos é provável. Pode decorrer de um início de prova ou da utilização das regras ordinárias das experiências. É o senso comum que o juiz conhece; ou hipossuficiência tem sentido probatório. Será o consumidor beneficiado, se verificar que ele tem dificuldade de produzir a prova no caso concreto. É um reflexo processual da vulnerabilidade. O consumidor desidioso não é hipossuficiente. Ex.: joga a quitação fora. O juiz, com base na hipossuficiência, não deve inverter o ônus da prova.
São requisitos alternativos. Há doutrina minoritária que diz que são cumulativos. Mas basta um dos requisitos.
MOMENTO PROCESSUAL DA INVERSÃO DO ONUS DA PROVA: antes do CPC era discussão forte, pois muitos afirmavam que poderia ocorrer na própria sentença como regra de julgamento ou no saneamento. Hoje, com o NCPC, é claro que a inversão do ônus da prova deve ocorrer no saneamento, mediante decisão interlocutória passível de agravo de instrumento.
AULA 20/09
Prevenção de danos
O objetivo maior do CDC é prevenir danos. Mas como, se o ato de consumo envolve riscos? O CDC fez isso classificando os riscos em três espécies (proposta por Antônio Benjamin), e dando tratamento distinto a elas.
Periculosidade inerente (art. 8º, CDC): é a periculosidade normal e previsível. São requisitos cumulativos.
“Os produtos e serviços colocadosno mercado de consumo não acarretarão riscos à saúde ou segurança dos consumidores, exceto os considerados normais e previsíveis em decorrência de sua natureza e fruição, obrigando-se os fornecedores, em qualquer hipótese, a dar as informações necessárias e adequadas a seu respeito”
Em que consiste a normalidade e previsibilidade? A normalidade é sempre que o benefício preponderar sobre o risco ocasionado pelo produto ou serviço. Ex.: talidomida já era conhecida como substância teratogênica, o risco é maior e prevalece. Já se fosse para o câncer, prevalecia o benefício.
A previsibilidade exige a informação do consumidor. A obrigação de informar incumbe ao fornecedor. Tratam-se de informações além do senso comum. Ex.: não precisa dizer que faca corta.
A consequência da periculosidade inerente é a total ausência de responsabilidade (nem penal, nem civil, nem administrativamente) para o fornecedor. Uma vez colocando no mercado de consumo o produto ou serviço, não será responsabilizado.
Exagerada (art. 10: O fornecedor não poderá colocar no mercado de consumo produto ou serviço que sabe ou deveria saber apresentar alto grau de nocividade ou periculosidade à saúde ou segurança.)
Proíbe a colocação no mercado de consumo de produto ou serviço com alto grau de periculosidade. Haverá alto grau quando o risco preponderar sobre o benefício. Faltando a normalidade, será periculosidade exagerada.
A consequência de ser o produto ou serviço portador de periculosidade de alto grau:
- Dever do fornecedor de não colocar no mercado;
- Uma vez colocado, o fornecedor deve retira-lo do mercado, e comunicar as autoridade e consumidores (recall). Havendo danos, responde civilmente (objetivamente) art. 12. 
Se houver elemento subjetivo, responde penalmente (é crime colocar produto impróprio para o consumo) -> Lei nº 8.137, art. 7º (doloso ou culposo), independente de dano (crime de perigo abstrato).
Adquirida (art. 12 e ss):
Decorre de anomalia do produto ou serviço (defeito), ou então de uma falha de informação. Isso não havendo previsibilidade.
Na inerente e na exagerada, o risco é inseparável do produto ou serviço. Não há como fornecer sem o grau de risco. A virtude do produto implica simultaneamente o risco. Já na adquirida por anomalia, existe defeito no processo produtivo, desde o momento da concepção que resulta nessa periculosidade. Mas não houvesse o defeito, o produto seria fornecido de forma segura. Essa anomalia pode até ser desde a concepção. Mas o projeto poderia ter sido feito da maneira correta.
Consequências: não há dever negativo (não colocar no mercado de consumo). Quando ocorre a periculosidade em razão da anomalia, verifica casuisticamente. É periculosidade de série? Se sim, deve comunicar às autoridades e consumidores, tomando as medidas para sanar (recall). Se houver dano independentemente de elemento objetivo, há responsabilidade civil. Se houver dolo ou culpa, há a responsabilidade penal.
 
Responsabilidade civil
O CDC inova, pois não disciplina diferentemente a responsabilidade contratual e extracontratual. Não dá tratamento distinto. Além disso, inova ao estabelecer como regra a responsabilidade objetiva. Mas há exceção (responsabilidade do profissional liberal). A razão de ser objetiva é que a prova da culpa é sempre difícil. No caso do consumidor a dificuldade é agudizada, pois além de ser vulnerável, não tem acesso à linha de produção. Além disso, muitas vezes não há elemento subjetivo. Mas mesmo quando não há elemento subjetivo, o CDC quis proteger o consumidor que sofre o dano. Quis o legislador impor solidariedade social em torno do consumo.
No passado, o risco econômico se concentrava a quem sofreu o dano. Mas percebeu-se que sendo objetiva a responsabilidade, o fornecedor internaliza o risco de indenizar, e transfire para o consumidor uma parcela do preço com o objetivo de provisionar o consumidor, para que este arque com as indenizações de quem sofrer prejuízo com a utilização do produto. Após fazer o cálculo do custo, introduz o custo no preço do produto. Os consumidores pagam pelo custo, que funciona como espécie de diluição do risco econômico, para não se concentrar em quem sofre o dano.
Apesar de o CDC não distinguir a responsabilidade contratual da extracontratual, há no CDC duas espécies de responsabilidade, apesar de seu critério não ser pela origem:
	
	RESPONSABILIDADE POR FATO ou por acidente de consumo ou por defeito (art. 12 a 17)
	RESPONSABILIDADE POR VÍCIO (art. 18 a 25)
	CAUSAS
	anomalia do produto ou serviço, ou 
uma falha de informação
	anomalia do produto ou serviço, ou
uma falha de informação
	DISTINÇÃO 
Consequências
	Ocorre um dano extrínseco ou externo.
Pode causar dano:
físico
psíquico e
patrimonial
	Ocorre dano intrínseco ou interno.
Pode causar dano:
impróprio (produto é inservível)
inadequado (redução da servibilidade. Não consegue retirar tudo que ele serviria)
redução do valor (depreciação precoce do bem)
disparidade com a oferta (informou algo que não correspondia as suas reais características)
As causas são as mesmas: ou anomalia do produto ou serviço, ou uma falha de informação. A distinção se faz pelas consequências. No acidente de consumo ocorre um dano extrínseco ou externo (dano a alguém). No vício ocorre dano intrínseco ou interno (dano no próprio produto/serviço).
Obs.: tanto produto quanto serviço.
DISTINÇÃO ENTRE FATO E VÍCIO: maioria da doutrina e STJ. Há autores que distinguem diferente. O CDC não faz distinção entre o que é fato ou o que é vício. A distinção acima é de Sergio Cavalieri, usada pela jurisprudência. Minoria diz que se o dano é exclusivamente patrimonial, é vício. Se extrapatrimonial, é fato.
Ex. (serviço): em SP, A vai ao estacionamento, e dizem que é 10 reais a hora na vaga descoberta e 20 reais na coberta. A escolhe a coberta, e na volta descobre que deixou na descoberta. Neste caso há vício (disparidade com a oferta). Mas, havendo chuva de granizo, há responsabilidade por fato (houve dano externo ao serviço, afetando a columidade patrimonial), além da do vício.
Sempre que se tratar de produto e houver fato, haverá um vício, mas não é sempre quando se trata de serviço. Quando se trata de produto, sempre.
Ex. (serviço): pintar casa, e contrata empresa. Mas o carro estava salpicado pelos resíduos. A responsabilidade é por fato (dano patrimonial), mas não tem vício.
Obs.: a distinção é importante para compreender a responsabilidade civil. Ex.: aqueles que respondem por vício, necessariamente não responderão por fato. Comerciante responde solidariamente por vício. Ex.: carro sem freio. Tanto concessionária e montadora respondem. Por atropelamento (dano externo), a concessionária não responde.

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